SlideShare a Scribd company logo
1 of 142
Download to read offline
GERALDO MEDEIROS DE
      AGUIAR

 GUIA DE ESTUDOS DE
    SOCIOLOGIA E
  CIÊNCIAS SOCIAIS




       Imagem fractal extraída do Google




             Recife, 2012
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.....04

I.      VISÃO PRÉVIA DAS RELAÇÕES HUMANAS E
        DA SOCIEDADE.....06

II.     VELHOS E NOVOS          PARADIGMAS      DAS
        CIÊNCIAS.....13
        OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES.....24
        O   QUE    VEM      A SER    MODELO      EM
        COMUNICAÇÃO?.....28

III. SINOPSE DAS PRINCIPAIS CIÊNCIAS SOCIAIS E
     FATOS HISTÓRICOS.....36
      SOCIOLOGIA.....36
      POLÍTICA.....38
      ECONOMIA POLÍTICA.....43
      ÉTICA.....49
      ANTROPOLOGIA.....50
      HISTÓRIA.....51
      PALEONTOLOGIA.....52
      BIOLOGIA.....52
      MITOLOGIA.....53
      FILOSOFIA.....53
      GEOGRAFIA.....54
      SALTOS QUALITATIVOS NO MODO DE PRODUÇÃO
      CAPITALISTA.....55
      FATOS QUE ABALARAM O SISTEMA MUNDO
      CAPITALISTA PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL.....55
      INVASÕES-INTERVENÇÕES DOS EUA NO PÓS 2ª GUERRA
      MUNDIAL.....56

IV. AS  EMOÇÕES            E    OS    SENTIMENTOS
    HUMANOS.....59

V.      A CONSCIÊNCIA E A AMANUALIDADE.....62

VI. ATRIBUTOS DA CONSCIÊNCIA INGÊNUA.....67



                                                   2
VII. A CONSCIÊNCIA CRÍTICA.....98

VIII. A DIVISÃO SOCIAL        DO TRABALHO,      A
      ORGANIZAÇÃO     DO      TRABALHO  E       O
      EMPREGO.....103

IX.   CULTURA E PLURALIDADE CULTURAL.....111

X.    A   EDUCAÇÃO        E    O     HUMANISMO
      CONCRETO.....116
A REPRESSÃO AO CAPITAL PRIVADO ESTRANGEIRO
ESPECULATIVO.....117
O     DESENVOLVIMENTO         SUSTENTÁVEL     PARA
HUMANIZAÇÃO E EXISTÊNCIA.....120
O MONOPÓLIO ESTATAL DOS FATORES ECONÔMICOS
BÁSICOS.....121
A DEFESA DA INDÚSTRIA NACIONAL AUTÊNTICA.....122
A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL.....122
A REFORMA AGRÁRIA.....124
AS    RELAÇÕES       INTERNACIONAIS    DE    PLENA
SOBERANIA.....127
A      EDUCAÇÃO           POPULAR     PARA       O
DESENVOLVIMENTO.....129
A CULTURA DO POVO.....129
A SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL COM AS NAÇÕES EM
LUTA PELA LIBERTAÇÃO.....130

XI.   DESENVOLVIMENTO   E   SUBDESENVOLVIMENTO
      (UMA DESCONSTRUÇÃO POR EDGAR MORIN).....135

BIBLIOGRAFIA...140

O AUTOR...141




                                                 3
APRESENTAÇÃO
            O presente Guia de Estudos sobre Sociologia e Ciências Sociais
tem o propósito de induzir o discente a meditar sobre uma visão sistêmica das
ciências humanas, sociais ou naturais aplicadas à realidade com vistas à
autonomia e a uma situação de bem estar do povo brasileiro. Para tanto, o
Autor condiciona seu ponto de vista ao Brasil e resgata importantes idéias
formuladas pelos docentes e pesquisadores do Instituto Superior de Estudos
Brasileiros – ISEB (extinto pela ditadura militar em abril de 1964), e, também,
da Escola Superior de Guerra-ESG contextualizadas para a realidade presente
do Brasil.
         O sentido da palavra crítica, utilizado no Guia, é aquele que vem do
grego kritikos, ou seja, ser capaz de: julgar, decidir, pensar, discernir ou ter a
faculdade de pensar e criar. Sob esse aspecto não cabe valorizá-la de crítica
negativa na medida em que é sempre positiva, isto é, vale como o exame de
um princípio ou idéia como fato de percepção com finalidade de produzir uma
apreciação lógica, epistemológica, estética e moral sobre o objeto de
investigação. Dessa forma, a crítica é o questionamento racional de todas as
convicções, crenças e dogmas, mesmo se legitimadas pelo censo comum, pela
tradição ou impostas por autoridades políticas e religiosas.
           A palavra crítica, aqui usada, não tem nada a ver com criticus do
latim cujo sentido é censurar, ou ser juiz de obras literárias que, em geral,
também, se confunde com censurae (ofício de censor) e censere (pesar,
avaliar, julgar ou ação de censurar) ambas as etimologias provenientes do
latim. Não cabe, portanto, no uso da palavra crítica, nenhum sentido de exercer
censura moral, política, estética, religiosa, etc. ou apontar defeito em algo ou
alguém, julgar desfavoravelmente, desaprovar, discordar, exprobrar,
repreender, condenar, rotular e fofocar.
            Já a palavra sistema, usada ao longo do trabalho, tem significado
de neutro, reunião, juntura cuja etimologia vem do latim systema, ou seja,
conjunto de regras e leis que fundamentam determinada ciência. Significa,
assim, conjunto de elementos, concretos ou abstratos intelectualmente
organizados. Entende-se, também, como conjunto percebido como hipóteses,
crenças, etc. de objetos, de reflexão, de convicção unida por um fundamento
teórico, ideológico, doutrinário ou de uma tese, fornecendo explicação para
uma grande quantidade de fatos. É teoria, quando especula com qualidade
econômica, moral, política de uma sociedade que condiciona, integra ou aliena
um indivíduo. É técnica, na medida em que é um meio de se fazer alguma
coisa de acordo com um plano, método, processo ou procedimento. Em outras
palavras significa conjunto de ações que visam um objetivo, planejamento e
plano.
           O Guia complementa, ainda, os “Textos sobre economia política e
desenvolvimento” escrito para a disciplina economia política, também,
lecionada pelo autor.
             O plano de trabalho compreende dez capítulos, a saber:

           O primeiro trata de uma visão prévia, das relações humanas e da
sociedade com o objetivo de situar o aluno não somente nas visões do mundo,
mas também, nas categorias que facilitam o entendimento do que vem a ser a
sociedade.


                                                                                4
O segundo apresenta uma sinopse das principais ciências
humanas ou sociais que conformam uma introdução a essas ciências.
             O terceiro capítulo busca explicar os velhos e novos paradigmas
das ciências, passando pelo pensar complexo e outros conceitos importantes
para a criação ou formação da base de conhecimento do estudante.
             As emoções e os sentimentos humanos fazem parte do quarto
capítulo que leva os discentes a melhor entender a consciência ingênua,
objeto do quinto capítulo, e a consciência crítica, contida no sexto.
            O sétimo capítulo diz respeito à divisão social do trabalho sua
organização e ao mundo sem empregos.
            O oitavo capítulo, objetiva levar o leitor, de forma sinótica, à
pluralidade cultural a partir de um ponto de vista endógeno a realidade
brasileira.
            O capítulo nono, revela a educação e o humanismo concreto a
partir das teorias políticas e das modalidades da consciência que têm em vista
o resgate de idéias do saudoso professor e filósofo, do ISEB, Álvaro Vieira
Pinto em seu livro “Consciência e realidade nacional”. Estas, agora, atualizada,
na visão do Autor, e revisitada para a realidade brasileira contemporânea.
            Finalmente, o capítulo dez trata de uma desconstrução do
pensador e cientista Edgar Morin sobre o desenvolvimento e
subdesenvolvimento.
              Acompanha, ainda, o Guia, a bibliografia básica utilizada e uma
sinopse do currículo do autor que fica muito agradecido em receber críticas
e sugestões no seu correio eletrônico (e-mail) gmaguiar@yahoo.com.br


NOTA. As anotações ou textos do Guia não foram submetidos à revisão
gramatical da língua portuguesa. A redação é a coloquial do autor
servindo de apostila para aulas.




                                                                              5
I. VISÃO PRÉVIA DAS RELAÇÕES HUMANAS E
               DA SOCIEDADE
       As gêneses do cosmo, da natureza viva e do mundo podem ser vista e
apreendida a partir de duas visões fundamentais:

          1. CRIACIONISTA. Essa forma corresponde à visão da Gênese
Bíblica segundo a qual tanto o cosmo quanto o mundo e a vida foram criados
por Deus a partir do nada. Segundo o criacionismo todos os seres vivos
tiveram criação independente e se mantêm biologicamente imutáveis. É a
doutrina das três grandes religiões monoteístas, isto é, o judaísmo, o
cristianismo e o islamismo cujo tronco comum e único está em Abraão. Dessa
forma todas as três grandes religiões monoteístas são abraâmicas cuja origem
está no Oriente Médio ou no Crescente Fértil (antiga Mesopotâmia), hoje,
conhecido como Iraque. Em tese são movidas pela fé e se contrapõem a visão
evolucionista e da ciência. Sua base filosófica está na metafísica e na ontologia
pela razão pura, pela causa incausada, pelo moto primus ou, ainda, pelo
design inteligente.

          2. EVOLUCIONISTA. É a teoria que explica e apreende a criação do
cosmo pelo “big bang”, e a vida pela teoria da evolução darwiniana (Charles
Darwin) e outras teorias cosmológicas não-bíblicas e muito menos sagradas.
Essa visão fundamenta-se na evolução das espécies ao longo do espaço-
tempo, ou seja, é autocriacionismo simbiótico, transformismo e mutação. Como
doutrina apreende toda cultura de uma sociedade como resultado de um
processo evolutivo. Do ponto de vista da filosofia significa o desenvolvimento
inevitável do real em direção ou ao sentido de estados ou situações mais
aperfeiçoadas. É o modelo explicativo para o incessante fluxo de
transformações e mudanças do cosmo, do mundo natural e da vida inclusive
espiritual quando na concepção evolucionista se aceita ou se admite a
reencarnação ou o yn e yang taoísta. É o ponto de vista adotado pela
epistemologia como filosofia das ciências. Sua concepção da natureza humana
é a de que o ente humano de fato muda no decurso histórico: ele se
desenvolve se transforma, é o produto da história; assim como ele é e faz
história. Ele é o seu próprio produto. Segundo os “Manuscritos econômicos e
filosóficos” de Marx, citado por Erich Fromm, “o conjunto daquilo que se
denomina história do mundo não passa de criação do ser humano pelo trabalho
humano e o aparecimento da natureza para o ente humano; por conseguinte,
ele tem a prova evidente e irrefutável de sua autocriação, de suas próprias
origens”.

        Nessa concepção a vida surge do acaso conforme explicam Oparine,
Batesson, Varela, Monod, Margulis e outros cientistas detentores ou não de
prêmios Nobel.

        Dentro dessa segunda visão do mundo, sem dúvida, derivam as
seguintes relações humanas básicas:




                                                                               6
a) Ser humano com ser humano que é necessária, imediata e
natural inclusive entre os gêneros humanos naquilo que é reprodutivo e
emocional nas diferentes culturas e sociedades humanas

         b) Ser humano com a natureza que se caracteriza no domínio ou do
controle da natureza para fins da sua subsistência onde utiliza não somente os
cinco sentidos ou emoções naturais, mas também, suas emoções secundárias
básicas, espirituais, supérfluas e de luxúrias.

       Essas relações, no processo civilizatório, consubstanciaram as
relações humanas que se compõem dos seguintes elementos:

           Proprietários dos meios de produção (P)

           Trabalhadores operários ou não (T)

           Meios de trabalho (MT)

            Relações preponderantes de propriedades (A)

           Relações de produção e de distribuição (B).

         As combinações dos elementos essenciais das relações humanas (A,
B, P, T) deram origem aos seguintes modos de produção (MP):

           Comunitário tribal

           Tributário asiático

           Antigo

           Camponês

           Artesanal

           Escravista

           Servil feudal

           Capitalista mercantil

           Latifundiário

           Escravista colonial

            Capitalista

           Associativo-cooperativo

           Estatal capitalista

           Estatal socialista



                                                                            7
Escravista concentracionário

           Capitalista imperialista

           Capitalista global ou neoimperialista.

        Para a apreensão das conexões da realidade e da sociedade a partir
da pedagogia/andragogia é imperativo que o discente tenha o entendimento
das categorias abaixo sumarizadas:

          Interdisciplinaridade. Categoria que estabelece relações e conexões
entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento. È o corte
transversal que se estabelece no processo de geração do conhecimento entre
a       unidisciplinaridade,        passando     pelas       conexões       da
pluridisciplinaridade/plusdisciplinaridade e pela multidisciplinaridade, dando
origem a transdisciplinaridade que é a essência do saber complexo.

          Unidisciplinaridade. É a categoria que aponta para uma disciplina,
ou seja, para a especialização de um único ramo de conhecimento. Representa
o corte vertical do saber e se configura com o pensar linear. Em termos de
figura pode-se aventar ser o todo conhecimento do nada na medida em que
qualquer especialização é apenas um nada do conhecimento existente na
humanidade. Em tese é conhecer quase tudo do nada.

         Pluridisciplinaridade/plusdisciplinaridade. São as categorias que
tratam de várias disciplinas ou ramos do conhecimento de forma fragmentadas
ou estanques, isto é, sem a junção ou ligação da multidisciplinaridade. Em
geral configuram-se com o pensar ou saber linear a partir dos paradigmas
cartesianos. Em geral são utilizadas pelo sistema formal de ensino seja ele
público ou privado.

          Multidisciplinaridade. É a categoria que envolve ou distribui-se por
várias disciplinas ou ramos do conhecimento de forma sobreposta uma com a
outra sem as devidas e necessárias conexões que leva o saber para a
transdisciplinaridade. A multidisciplinaridade representa o corte horizontal do
saber.

           Transdisciplinaridade.     Categoria    que     dá   plenitude     a
interdisciplinaridade e que vai além da multidisciplinaridade por conectar ou
envolver todas as categorias da complexidade do conhecimento, ou seja,
proceder a conexões de conexões em uma visão holística e sistêmica. A partir
do corte transversal da interdisciplinaridade imbricado ao corte horizontal da
muldisciplinaridade a transdisciplinaridade vai ao encontro dos diferentes
ramos do conhecimento que conformam o pensar complexo e pensar crítico.
Em termos de figura pode-se dizer que é o oposto da unidisciplinaridade, isto é,
conhecer quase nada da infinitude de todo o conhecimento humano.

        As categorias pedagógicas/andragógicas acima demandam que nas
relações humanas frente ao contrato social (estado e sociedade) seja relevante
para a compreensão das categorias que dão inteligibilidade a sociedade (S).




                                                                              8
A categoria de sociedade é vista nos melhores dicionários, como um
“conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço,
seguindo normas comuns e que são unidas pelo sentimento de consciência do
grupo ou corpo social” entre muitas outras conceituações específicas.
         A sociedade é objeto ou domínio de diferentes disciplinas ou ciências
humanas como são a: filosofia, antropologia, paleontologia, sociologia, história,
geografia, economia política, antropologia e muitas outras.
         Segundo Marx, contextualizado por Fossaert, “a sociedade é
constituída não de produtos, nem mesmo da produção, mas, isto sim, de
relações de produção, de dominação, de comunicação (ideologia)” e de classes
sociais antagônicas ou não. É a partir dessa complexidade da sociedade que, a
seguir, de forma muito sinótica, se pretende levar o leitor a contextualizar
aquelas categorias básicas para a apreensão e o entendimento do que vem a
ser a sociedade.

         Instância econômica– (IE). Grosso modo, a instância econômica é
a apreensão da sociedade em sua relação dual entre as forças produtivas
versus relações de produção correspondentes e presentes em todo e
qualquer modo de produção (MP). Este, por sua vez, é o conjunto das
práticas, relações e estruturas sociais de produção na complexidade da teia da
vida material dos humanos na rede da sociedade.
         Em cada modo de produção (segundo Fossaert) o valor
desenvolvimento (VD) abre possibilidades totalmente diferentes e articulações
para as novas formações econômicas (FE).
         Em tese, as lógicas do valor que conformam as diferentes formações
econômicas são:
             Lógica do valor de uso (VU) constituída dos tributos e do
comércio distante pelo capital mercantil e, também, pelo escambo em suas
diferentes formas, ou ainda por comunidades autugeridas que se guiam pelo
valor ou custos de produção da mercadoria
             Lógica do valor de troca (VT) se dá pela sujeição formal do
capital mercantil, pela formação de preço do valor da mercadoria na troca
mercantil, pela sujeição colonial, pela renda capitalista e pelo capital financeiro
de sujeição formal
             Lógica do valor desenvolvimento se processa através das
articulações de trocas no capitalismo de estado ou, ainda, planificadas no
socialismo de estado quando voltada para o outro e, principalmente, nas
articulações de trocas na economia social comunitária.

          Das lógicas do valor, acima citadas, derivam redes de valores com
respeito a impostos/despesas e a moeda/crédito.
          As formações econômicas mais conhecidas e estudadas por Fossaert
e Srour são: comunitária, tributária, tributário-mercantil, antiga, escravista,
servil, servil-mercantil, capitalista-mercantil, dominial-mercantil, dominial-
capitalista, capitalista, capitalista-monopolista, estatal-monopolista, mercantil
simples, colonial, dominial-estatal-capitalista, transição estatal-socialista,
estatal-socialista.
          Ainda, na instância econômica, a categoria de classe social (CS) é
identificada pela situação dos trabalhadores e dos proprietários em
determinado modo de produção e formação econômica em que figura com


                                                                                 9
vistas aos meios de trabalho e aos meios de produção. Vale salientar que no
próprio âmbito dos trabalhadores e dos proprietários existem e operam
estratificações que na linguagem sociológica são conhecidas como estratos
sociais ou categorias sociais. Existem situações em que indivíduos
configuram presença entre os proprietários e entre os trabalhadores como são
exemplos os artesãos, os minifundistas (capitalistas de si mesmo) e alguns
manufatureiros.
          Na instância econômica as classes sociais têm importância nas
transferências de uma classe ou de um estrato social a outro no processo de
produção de bens e serviços.

         Instância social–(IS). Confunde-se com a própria categoria de modo
de produção na medida em que nele são articuladas as representações da
sociedade como totalidade, ou seja, as relações das formações: econômica,
política e ideológica para o espaço e tempo das formações sociais (FS) no
sistema mundial. São naquelas instâncias que realmente se configura a teoria
das classes sociais, particularmente, da luta de classes que é objeto da
formação social caracterizada pelo modo de produção dominante ou
hegemônico em determinado tempo e espaço.
         Devido ao fato da instância social identificar-se, também, como modo
de produção é que se conformam os sistemas mundiais ou internacionais
inclusive do globalismo. O mundo e a sociedade são construções históricas.
Não se confundem com a natureza como ordem do real (N), com o planeta
terra e, mesmo ainda, com as concepções do mundo sejam elas evolucionista
ou criacionista. Conclui-se, pois, que a terra contempla vários mundos e várias
sociedades.
         Sistemas mundiais são, portanto, uma demarcação para aferir os
efeitos dos modos de produção e das seguintes formações que lhe
corresponde: econômica, social, política e ideológica. São as articulações entre
estados, povos, etnias e nações com as disfunções da revolução demográfica
induzida pelos modos de produção que levam a partilha do mundo entre
algumas potências que caracterizaram e caracterizam as seguintes formas no
sistema mundial: antigo, mercantilista, mercantilista-colonialista, imperialista em
construção, imperialista em crise, neoimperialista e, agora, sistema mundo do
capitalismo que se encontra em crise sistêmica e que tende a ser superado
por um outro modo de produção, ainda, não identificado ou caracterizado.

         Instância política–(IP). Esta trata do conjunto da sociedade na sua
relação consigo mesma em todo o processo da organização social. É a forma
principal de organização que a sociedade assume. Em geral sua organização
principal é o estado. Outrossim, existem organizações em clãs, tribos, nações e
etnias que normalmente estão representadas por um poder de estado.
         Os domínios do estado são defendidos pelos aparelhos de estado
(AE) concebidos como: forças armadas, judiciário, financeiro, econômico,
relações exteriores, administrações locais, etc.
         As grandes categorias de aparelhos de estado são: embrionários,
militares, burocrático-cartoriais, financeiros e panificadores.
         Nas formações sociais cuja formação econômica é dominada por
qualquer modo de produção pré-capitalista a dominação consiste no
recobrimento da propriedade pelo poder. Já nas formações sociais cuja


                                                                                10
formação econômica é capitalista a dominação se dá no livre jogo do valor de
troca devidamente monopolizado nas mercadorias.
         Fossaert e Srour em seus estudos apontam para os seguintes tipos
de estado: chefia comunitária, tributário, cidade-estado (antiguidade),
escravista, senhorio, principado, cidade-estado (medieval), aristocrático,
aristocrático-burguês, república burguesa, república camponesa, militar-
nacionalista, soviético e transnacional ora em formação pelos blocos de
integração como é exemplo a União Européia.
         Na instância política é muito significativa a conhecida sociedade civil
(SC) como conjunto de poderes organizados que, em geral, opõe-se ao estado
doando-lhe ou não legitimidade e inteligibilidade. Estado e sociedade civil
interpenetram-se e combatem-se dialeticamente de uma sociedade a outra em
busca de hegemonia. Toda e qualquer sociedade civil é caracterizada na
determinação dos tipos de hegemonia nos sistemas: econômico, político e
ideológico.
         Ainda, na instância política há que se apreender a formação política
(FP), isto é, o arranjo ou trama de poderes que se dão na sociedade para
estabelecer compatibilidade com um aparelho de estado. A formação política é
a relação que se dá entre o estado e a sociedade civil organizada da sociedade
como um todo. Para tanto, nas formações políticas as classes sociais estão
imbricadas a um jogo de determinações com posições variáveis nos aparelhos
de estado emanados da formação econômica institucionalizada em
organizações diversamente hierarquizadas.
         Nas formações políticas as classes sociais se apresentam de forma
dual e oposta, ou seja, uma dominante detentora do poder do estado e outra de
dominados que povoam os aparelhos de estado.
         Na sociedade o poder é a capacidade de determinadas classes
sociais disporem de aparelhos de estado para conduzir ou reprimir segundo
seus interesses as atividades dos entes humanos em sociedade. Com respeito
ao poder todo aparelho de estado se confunde com o aparelho social que é
um sistema organizado de pessoas e de meios materiais institucionalizados ou
não. Propriedade e poder são relações idênticas e se confundem na
sociedade e particularmente na instância política com vistas às classes sociais.
A propriedade fundamenta o poder que a sustenta.

          Instância ideológica/psicossocial–(II). Esta instância se verifica no
corte transversal do ente humano (EH) com a sociedade (EH/S). Todo ser
humano é um animal político salvo aqueles que são idiotas, na acepção
etimológica da palavra e não na acepção vulgar-preconceituosa. Os entes
humanos são dotados de conhecimento reflexivo, desejam, falam, pensam,
escrevem, comunicam-se, doam sentidos as coisas e a natureza, são
possuidores de polegar opositor, em cada uma das mãos, além de serem
bípedes com coluna vertical ereta e com tele-encéfalo altamente desenvolvido.
          As formações ideológicas-(FI) explicitam as relações ou vínculos que
unem toda vida ideológica ou psicossocial as constrições da economia e da
política. Está imbricada ao sistema de classes em que se reduzem todas as
estruturas sociais.
          De forma sumária as formações ideológicas apresentam-se na
tipologia como: teocráticas (religiosas), cidadãos, raciais, jurídicas, coloniais,
nazi-fascistas, comunistas, liberais, neoliberais, socialistas, etc.


                                                                               11
Consubstanciam naquilo que se identifica como aparelhos
ideológicos (AI), isto é, nas imbricações do real ao social e não existem como
tais, isto é, situam-se nas entranhas das formações econômicas e misturadas
no concreto das formações ideológicas. Materializam-se, em geral, em
aparelhos ideológicos de: estado, religiões (igrejas), escolas, publicidade,
imprensa (falada, escrita e televisa), artes, lazeres, ciências, assistenciais,
associações, clubes, partidos políticos, corporações e sindicatos. Suas
expressões categoriais explicitam-se em: embrionários, religiosos, escolares,
governados, públicos, de pertença, de clientela, de adesão, etc.
          Do ponto de vista das classes sociais a instância ideológica se projeta
na forma dual contraditória de reinantes ou dominantes e de mantenedores ou
dominados que não são intemporais.
          As instâncias, acima citadas, conformam o que se chama discurso
social e hegemonia inerente a qualquer sociedade e não servem de base a
linguagem e a superestrutura da sociedade. O discurso social fala da pátria ou
das próprias formas da integração/identificação da massa ou do povo de uma
dada sociedade. Ele elucida a formação das: tribos, clães, etnias, nações,
castas e as identificações das classes sociais. É de fato um sistema de valores
que leva a hegemonia, ou seja, a uma ideologia dominante.

         Sistemas mundiais. O conhecimento e a sociedade são construções
históricas. Não se confundem com o universo natural, com o planeta e menos
ainda, com as concepções do mundo. Daí assegurar-se que a terra na sua
biosfera contempla vários mundos e sociedades. O próprio conceito de
sistemas mundiais é, portanto, uma demarcação para aferir os efeitos dos
modos de produção e das seguintes formações: econômica, política, social e
ideológica.
         Os sistemas mundiais são as articulações intercontinentais ou
internacionais com as difusões da revolução demográfica induzidas pelos
modos de produção que levam a partilha do mundo entre algumas potências
que caracterizaram e caracterizam as seguintes formas no sistema mundial:
antigo, mercantilista, mercantilista-colonialista, imperialista-monopolista,
imperialista em crise, neo-imperialista ou sistema mundo do capitalismo que
tende a ser superado por outro modo de produção ainda não identificado.
         Historicamente, o sistema mundo do capitalismo tem seu inicio com a
Revolução Francesa (1789-1799), passando pelas Guerras Napoleônicas
(1848-1870 quando Napoleão sonha em transformar a economia mundo
capitalista no sistema mundo do capitalismo cujo contra ponto foi a criação dos
estados nacionais). Em seguida a Revolução Russa de 1917 abala-se os
alicerceis da formação do sistema e, no pós–guerra, vive-se a chamada Guerra
Fria (1949-1998) passando pela Revolução Mundial das Desilusões de 1968 a
partir da qual aquela tendência passa a consolidar-se para o que hoje se
chama de globalismo.




                                                                              12
II. VELHOS E NOVOS PARADIGMAS DAS
                    CIÊNCIAS
          O objetivo aqui é situar o ledor no paradigma cartesiano,
(reducionista, mecanicista e determinista) e seu processo de superação por um
novo paradigma que pode ser chamado de holístico, ecológico ou
sistêmico. Para tanto, em termos sinóticos, busca-se a historicidade da visão
do mundo pelos entes humanos e radical mudança do pensamento linear para
o pensar complexo.
          Grosso modo, pode afirmar-se que até os anos dos grandes
descobrimentos ou invasões (1492 a 1500) a visão do mundo era criacionista
orgânica, isto é, se vivenciava a natureza pela interdependência dos
fenômenos naturais e espirituais em termos de relações orgânicas, onde
prevalecia a subordinação das necessidades individuais às da comunidade. A
Igreja fundamentada na filosofia de Aristóteles e na Teologia de Tomás de
Aquino estabeleceu a estrutura conceitual do conhecimento durante toda a
chamada Idade Média. Aquela visão tinha por finalidade apenas o significado
das coisas e não exercia quaisquer predições ou controles dos fenômenos
naturais. Seu foco era as questões teístas voltadas para a alma humana e a
moral.
          Igualmente, em pleno cisma da Igreja Católica Apostólica Romana,
nasce e cresce o hedonista Francis Bacon ferrenho crítico de Aristóteles,
Platão, escolásticos e alquimistas e reformula, por completo, a indução
aristotélica dando a mesma uma grande amplitude e eficácia. Dessa maneira
Bacon, em contraponto ao “Organon” aristotélico, expõe em sua obra “Novum
organum” um novo método de investigação da natureza a partir das “Tábuas
da investigação” que bem caracteriza a sua teoria da indução e seu
empirismo.
          Em réplica a Platão, Bacon escreve a “Nova Atlântida” em cuja utopia
a ciência deixa de ser um exercício de gabinete ou atividade contemplativa
para se transformar em um cotidiano de árdua luta com a natureza.
          A partir desses escritos, Bacon redefine a visão orgânica do mundo,
colocando o conhecimento em um novo plano científico cuja divisa máxima foi
“saber é poder”. Este princípio lhe permitiu construir um vasto, eficaz e
virtuoso sistema de idéias para o seu método do empírico de buscar a verdade
mesmo violentando a natureza.
          Em pleno processo da acumulação primitiva do capital e do capitalismo
mercantil já em transição para o renascimento surge no, continente europeu,
um grande pensador, René Descartes (Cartesius), que revoluciona o mundo
do pensamento e da ciência com a criação do método cartesiano com base
na metafísica e na mecânica. Seu método leva a laicização do saber, isto é,
a universalização do conhecimento. Ao desenvolver o princípio da causalidade
Descartes, anuncia o advento de um mundo racional e positivo sobre o qual o
ente humano proclama seu reinado sobre as potencialidades da natureza. Na
tentativa de organizar o mundo em um domínio da natureza Descartes, tenta
integrá-la em um universo de máquinas que fundamenta a idéia cartesiana.
Dessa forma, Descartes desenvolve o tema da empresa inflectida na caça ao
lucro e a mecanização das relações humanas e da natureza fundamentando a
forma de pensar cartesiana. O seu “penso logo existo” remete o pensar


                                                                            13
filósofico a uma ordem natural inerente à progressão do conhecimento, agora,
alicerçado na matemática e na geometria cartesiana, ou seja, só se considera
verdadeiro o que for evidente e intuitível com clareza e precisão. Sua filosofia
racional proclama a universalidade do bom senso. A filosofia cartesiana se
explicita na máquina capaz de produzir todos os fenômenos do universo
inclusive o corpo humano.
          Sua magistral obra está explicita nos seus seguintes escritos:
        Discurso do método
        Meditações
        Objeções e respostas
        As paixões da alma
        Cartas.

          Ainda, no renascimento ou iluminismo surgem dois grandes sábios
Galileu Galilei e Kepler que conceberam a idéia de lei natural em toda sua
amplitude e profundidade, sem, entretanto, ser aplicada em outros fenômenos
além do movimento dos corpos em queda livre e as órbitas dos planetas.
          A partir de 1666 vem à luz à física e a mecânica celeste de Isaac
Newton que matematiza e experimenta um método para a ciência de forma a
unir e superar o empirismo de Francis Bacon e o racionalismo de René
Descartes. Isaac Newton (matemático, físico, filosofo e teólogo) desenvolveu o
método matemático das flexões com o cálculo diferencial e integral, criou
a teoria sobre a natureza da luz e as primeiras idéias sobre a gravitação
universal, enunciaram as leis e princípios da física com ênfase a
sistematização da mecânica de Galileu e astronomia de Kepler. Dessa forma
criou a metodologia da pesquisa científica da natureza, que consiste na
análise indutiva seguida da síntese. Foi ainda criador da teoria do tempo e
do espaço absolutos.
          Vale dizer que os pensadores aqui, sinteticamente, apresentados
foram os grandes formuladores dos paradigmas cartesianos (reducionista,
mecanicista e determinista) das ciências e que somente a partir dos meados
do século XX, começaram a serem superados com o desenvolvimento da
teoria da relatividade e da física quântica.
          Com os pensamentos de Darwin, Hegel, Marx, Engels, Freud,
Einstein, Heisenberg, Planck, Bohr, Chew, Rutenford, Broglie,
Schrodinger, Pauli, Dirac, Sartre, Bell, Habermas, Prigogine, Maturana,
Varela, Bateson, Monod, Margulis, Grof, Lovelock, Capra e outros, dá-se
o início da superação dos paradigmas cartesianos por um outro que pode ser
chamado de holístico, ecológico ou sistêmico que pode ser explícito pelos
critérios de:
         Mudança da parte para o todo - Tal critério, nesse novo paradigma,
        objetiva apreender as propriedades das partes a partir do todo. As
        partes são vistas como um padrão em um emaranhado de relações
        inseparáveis em forma de uma teia
         Mudança de estrutura para processo - No diagnóstico e prognóstico
        tentar-se-á apreender a realidade na dinâmica da teia, isto é, as
        estruturas serão vistas como manifestação de um processo subjacente e
        não a partir de estruturas fundamentais
         Mudança da objetividade real para um enfoque epistêmico, ou seja,
        a compreensão do processo de conhecimento na descrição dos


                                                                             14
fenômenos naturais. Dessa forma a objetividade do real passa a conter
      uma dependência do observador humano e do seu processo de
      conhecimento
       Mudança de construção para rede como metáfora do
      conhecimento. Com tal critério tenta-se fugir das chamadas leis e
      princípios fundamentais para uma metáfora em rede ou reticular. Na
      medida em que a realidade é percebida como uma rede de relações ou
      interfaces, passando as descrições a forma de uma rede interconexa
      dos fenômenos observados. Dessa maneira, o enfoque reticular ou em
      rede não suporta hierarquias ou alicerces
       Mudança de descrições verdadeiras para descrições aproximadas -
      É um critério de novo paradigma que não aceita a certeza absoluta e
      final. Reconhece que os conceitos, as teorias, as descobertas científicas
      e as inovações tecnológicas são limitados e aproximados. Entende que
      a própria realidade não pode ter uma compreensão completa, ou seja,
      sua apreensão depende da maior ou menor aderência do modelo ou
      enfoque que a apreende. O ente humano lida apenas com descrições
      limitadas e aproximadas da realidade.

         A partir dos novos paradigmas é importante compreender o novo
código da época da revolução pós-industrial, da informação ou do
conhecimento que se sustentam nas seguintes categorias:
         a) Interatividade que se constitui de vasta rede de aparelhos
eletrônicos interativos onde é deslocado o poder das redes de televisão para os
usuários na medida em que estes podem modificar as imagens com total
liberdade e, portanto, atenuar ou erradicar a passividade do telespectador. Está
imbricada ao desenvolvimento da telemática
         b) Mobilidade característica da comunicação em linha imediata de
qualquer lugar para qualquer parte do planeta ou situação de trânsito ou lugar
fixo. O imediatismo da comunicação móvel ou fixa, inserta nesta categoria,
permite a efetividade da conversão ou transferência de informação de um meio
para outro
         c) Conversibilidade ou conectividade que tem a capacidade de
transformar a mobilidade de um sistema de aparelho para outro
independentemente de uma marca ou país de origem. A conversibilidade é
também um elo fundamental da rede interativa e sua mobilidade;
         d) Ubiqüidade consiste na sistemática disseminação dos sistemas de
comunicação em rede pelo mundo e por todas as classes e estratos sociais
dos países hegemônicos e periféricos. Esta categoria é responsável, hoje, pela
divisão da população mundial em "inforrica e infopobre”, ou seja, de
inclusão/exclusão digital.
         e) Globalidade/mundialidade aponta para as ilações de troca onde se
explicitam os fenômenos políticos de mundialização versus fragmentação.
Também, dá-se o sócio-econômico de exclusão versus inclusão, ou a criação
de um sistema mundo onde, ainda, não se visualiza o novo rumo do existente
modo de produção capitalista ou de sua possível superação ou negação
histórica, por outro modo de produção que não se sabe qual é.

       No cenário de mudanças paradigmáticas e de globalização a
educação do futuro demanda uma reconceitualização e reencantamento dos


                                                                             15
discentes tão profundas que abalam os alicerces das questões orçamentário-
financeira, tamanho das classes nas organizações educacionais, formação,
salários do corpo docente, conflitos curriculares, avaliações e ementas insertas
nos planos pedagógicos e andragógicos. Como transformar a educação em um
sistema de alta opção em termos de compatibilizar o ensino desfocado e
desencontrado com a realidade evolvente e mutante é o cerne da questão
educacional em rede.
         Vislumbra-se a tendência de as empresas venderem conhecimentos,
com apoio das novas tecnologias da informação, com vistas a adequar o
ensino ou adaptar a educação às novas realidades indicando novos caminhos
que conduzem ao sucesso e orientam o ensino às demandas educacionais do
futuro.
         O código da revolução da informação e do conhecimento subverte o
velho código do industrialismo que foi consubstanciado nas seguintes
categorias: padronização; especialização; sincronização; concentração;
maximização e centralização.
         É nesse cenário de superação de um código por outro que a educação
se projeta combinando o aprendizado com trabalho, com a luta política, com
serviços comunal-associativos, com turismo e lazer, etc. Aponta para um total
ou completo reexame educacional tanto nos países cêntricos como nos
periféricos com vistas ao humanismo concreto como utopia a ser realizada.
         Edgar Morin em seu livro “Os sete saberes necessários à educação
do futuro" trata das seguintes questões, aqui, sinòticamente, apresentadas:

a) Aprender a ser, a fazer, a viver juntos e a conhecer (produzir conhecimento)
b) Visão transdisciplinar da educação como processo de construção do
conhecimento comum a todas as especialidades compreendendo
principalmente:
               As linguagens para superar as diferenças de conceito e enfoque
               sobre o mesmo objeto que as especialidades introduzem no
               processo do conhecimento
               O erro e a ilusão, isto é, fazer conhecer o que é conhecer ou,
               ainda, conhecimento do conhecimento para saber que sabe
               O erro e a ilusão que são diretamente condicionados por
               características cerebrais, mentais e culturais do conhecimento
               humano

c) Princípios do conhecimento pertinente a:
                Aprender problemas globais e neles inserir conhecimentos
                parciais e locais
                Saber que o conhecimento fragmentado impede a operação da
                interface entre as partes e a totalidade
                Ensinar métodos que permitam estabelecer as relações mútuas
                e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um
                mundo complexo


d) Identidade terrena com as percepções:
      Do destino planetário do ente humano (geneticamente modificado ou
      não)


                                                                             16
Das comunicações imediatas entre todos os países e continentes
      Do destino de vida e de morte compartilhado de forma planetária

e) Incertezas e inesperados nas percepções da vida e do mundo, ou seja:
               Preparar as mentes para esperar o inesperado para poder
               enfrentá-los
               Pensar estratégias que permitam enfrentar os imprevisto ou
               incertezas
               Ensinar a enfrentar as incertezas, isto é, "navegar em mares de
               incertezas em meio a arquipélagos de certezas"

f) Compreensão mútua entre os humanos para uma frente vital quanto a:
             Reforma das mentalidades para novas percepções da vida e do
             mundo
             Compreensão da necessidade de sair do estado bárbaro da
             incompreensão politizando os problemas concretos
             Estudo da incompreensão a partir de suas raízes, modalidades
             e efeitos para a erradicação do racismo, da xenofobia, do
             desprezo e da exclusão social

g) Ética e antropoética com vistas a perceber que o ser humano tem
necessariamente a condição de indivíduo-sociedade-espécie, isto é:
             Os humanos serem simultaneamente indivíduos, parte da
             sociedade e parte da espécie
             A humanidade ser vista e desenvolvida como comunidade
             planetária
             A consciência traduzir a vontade de realizar a cidadania terrena
             e planetária com vistas à antropolítica.

         O paradigma Cartesiano-Newtoniano. Uma Síntese. A tão
decantada civilização tecnológica está em crise. A técnica, o tecnicismo e a alta
tecnologia, associadas a uma forma de viver moderna, igualmente técnica, mas
cada vez mais estereotipada, pragmática e menos humana, está apontando
para a falácia de mais uma promessa: por nos meios de produção ou no
extremo desenvolvimento material a chave para a felicidade humana (hoje,
tudo isso tem separado cada vez mais os humanos dos humanos e os
humanos da natureza, e, também, o humano de si mesmo).
         Esse paradigma se caracteriza por idealizar uma realidade, ou melhor,
uma concepção/visão de mundo mecânica, determinista, material e composta,
ou seja, de máquina constituída por peças menores que se conectam de modo
preciso. Essa concepção de mundo teve um grande impacto não só na Física,
mas muito mais, pélas suas conseqüências filosóficas em: Biologia, Medicina,
Psicologia, Economia, Filosofia e Política. A extrema fragmentação das
especializações, a codificação da natureza, a ênfase no racionalismo, a fria
objetividade, o desvinculamento dos valores humanos superiores, a abordagem
mercantil competitiva na exploração da natureza, a ideologia do consumismo
desenfreado, as diversas explorações com fins de se obter qualquer vantagem
em cima de outros seres vivos, etc. Tudo isso têm na sociedade atual sua
fundamentação filosófica numa pretensa visão “científica”. Essa visão de um
universo mecanicista, reducionista e determinista numa concepção


                                                                              17
“neodarwinista” da supremacia de umas ditas classes sociais, políticas e
profissionais por sobre outras, é reedição aprimorada de um discurso fascista-
racista já usado pelos nazistas há algum tempo atrás. A custa de querer
disciplinar e embelezar o mundo o nazismo hitleriano cometeu atrocidades e
genocídios incalculáveis. O fascínio por uma estética de um mundo belo e
racialmente puro levou o nazi-fascismo buscar esse propósito mesmo que para
isso tivesse que destruir o próprio mundo em uma guerra moderna com
objetivos antigos.

         O paradigma Holístico. Um Sumário. O extremo sentimento de mal-
estar que muitas pessoas sentem diante dos complexos e trágicos problemas
da atualidade têm levado a uma busca de um diálogo entre os vários núcleos
do saber e da atividade humana. Por exemplo, a ONU, a OMS, a UNESCO, a
UNCTAD e a FAO, como grandes organizações internacionais, buscam uma
maneira conjunta de solucionarem muitos dos atuais problemas humanos, sem
falar nos movimentos de encontro interdisciplinares e a busca pela ação
cooperativa em todos os âmbitos, a medicina psicossomática e homeopática e
a abordagem holística em psicoterapia, etc. É a essa busca de um sentido de
conjunto, de conexões, de uma visão do TODO, que se dá o nome holismo.
         Desde que Descartes cristalizou, de modo definitivo, a idéia da divisão
da ciência em humana e exata (ou melhor, em “Res cogitans” e “Res extensa”,
o que viria a se refletir em nossa divisão em corpo e mente, etc.) tem-se visto
toda uma vasta gama de atitudes e comportamentos compatíveis com a idéia
dominante do universo como um sistema mecânico casualmente emergido de
um caldo de matéria de modo fortuito.
         O desagrado ao modelo cartesiano – e da sua conseqüente visão de
mundo – foi expresso de maneira clara por vários grandes cientistas em nosso
século, como Albert Einstein, Werner Heisenberg, Niels Bohr e tantos
outros.
         Enquanto, o mecanicismo cientifico vê e reduz o universo como uma
imensa máquina determinística, o holismo, sem negar as características
“mecânicas” que se apresentam na natureza, percebe o universo mais como
uma rede de conexões e de inter-relações dinâmicas e orgânicas mesmo que
em seus sentidos complementares hajam contradições não antagônicas.
         Sabe-se que a incrível dinâmica do mercado das tecnologias e dos
conhecimentos humanos impõe desafios. É preciso mudar sempre, estar
aberto às idéias novas sempre. É necessário rever constantemente os
conceitos e crenças, e estar atentos e prontos a reavaliar os conhecimentos
sempre abertos a aprender mais. Esse é o desafio. Não se pode confundir o
real com a cópia ou com o virtual.
         O fato é que em todas as partes do mundo, todos os dias, pessoas
reagem a propostas de mudanças que causam incertezas. Elas sempre são
traduzidas nos cérebros humanos como perigo. Todos os dias, ao redor do
globo, pessoas repelem novas idéias, empresas rejeitam boas soluções e
propostas, apenas porque não estão de acordo com as expectativas dos
conhecimentos anteriores das pessoas que tomam as decisões. Essas
pessoas têm, em suas mentes, padrões já desenvolvidos de como funciona o
mercado, ou a linha de produção, e assim, não conseguem enxergar nenhuma
solução ou proposta que não obedeçam a esses padrões, esses paradigmas.



                                                                             18
No dicionário, paradigma significa “padrão”, “modelo”. Paradigmas são
modelos que se concebe de como funciona ou é concebida alguma coisa. Está
presente em tudo na vida; em nossas atividades particulares, no trabalho, na
sociedade. Por exemplo. William Bridges, autor do best seller “Job shifting” (O
mundo sem empregos) diz que as empresas do futuro, mesmo as grandes, não
estarão baseadas em um conglomerado de empregos, mas sim em duas
redes: uma de pessoas interdependentes (não-empregados) e outra de
informações.
          Para ver através dos paradigmas, é preciso ter em mente ainda outro
conceito: os paradigmas cegam, não deixam ver soluções que fujam ao padrão
conhecido. Por isso, a solução costuma vir de gente de fora, de pessoas que
não estavam envolvidas com os padrões antigos. Às vezes, de pessoas não
especialistas. Por isso, ao apresentar-se uma proposta nova, afaste do
caminho aquelas pessoas que dizem “isto não funciona”. Elas vão atrapalhar
os que estão buscando novos paradigmas. Quando Henry Ford quis
desenvolver o motor V-8, teve como resposta dos especialistas de que não
funcionaria. Buscou, então, gente nova, engenheiros novos sem os velhos
paradigmas. Isto não significa que os conhecimentos dos mais experientes
devam ser desprezados. Mas também, que não se deve desprezar a visão dos
mais novos. Idêntico procedimento se deu com Thomas Edison não somente
no invento da lâmpada incandescente, mas no do telegrafo e outras invenções.
          Os cientistas gostam de pensar que contribuem para a marcha
constante do progresso. Cada nova descoberta corrige deficiências, traz
aperfeiçoamentos ao conhecimento e torna a verdade cada vez mais clara.
Eles voltam seus olhos para a história da ciência e observam um contínuo
desenvolvimento, convenientemente assinalado pelas grandes descobertas e
criações.
          Essa visão, entretanto, é ilusória, segundo o historiador de ciência
Thomas Kuhn, em seu livro “The struture of scientific revolutions” (1962). A
ciência não é uma transição suave do erro à verdade, é sim uma série de
crises ou revoluções, expressas como “mudanças de paradigmas”.
          Kuhn define “paradigma” como uma série de suposições, métodos e
problemas típicos, que determinam para uma comunidade científica quais são
as questões importantes, e qual a melhor maneira de respondê-las. Os estudos
de Kuhn revelaram duas coisas: que os paradigmas são persistentes e que um
derruba o outro de uma só tacada e não com pequenos golpes. O progresso
científico está mais para uma série de transformações revolucionárias do que
para um crescimento orgânico.
          As idéias fundamentais sobre paradigmas:
                 O hábito é o maior inimigo do novo
                 Novos modelos só são propostos nos “limites” da situação atual
                 O novo só acontece se houver “força” para superar os
                 obstáculos que virão
                 Só enxerga-se o novo afastando-se da regra e do
                 comportamento atual.

        Apresentam-se, a seguir, alguns princípios da “teoria da
complexidade” para enfatizar as mudanças ou a transposição de paradigmas.
Certamente, essa teoria ocupa cada vez mais espaços com a revolução do
conhecimento e da informação. Mais ainda, com a física quântica e gestação


                                                                            19
de novas fontes de energia (biomassa, eólica, solar) e da economia do
hidrogênio com vistas à substituição dos combustíveis fósseis, redistribuição
não somente do lucro, mas também, do poder entre os humanos que vivem no
planeta. A complexidade necessariamente supera o conhecimento
disciplinarizado.
          Fala-se, não mais dos processos de produção na organização da
empresa convencional, mecânica e complicada, do sistema mundo do
capitalismo, mas de uma empresa viva que se autorecria por ser capaz de
aprender e pensar. Isso se dá a partir das famílias que nela estão insertas,
portanto, de uma empresa ou organização tão complexa como a vida ou como
a sociedade humana.
          Para maior inteligibilidade de como funcionam essas visões da
complexidade ou apreensões em rede, nos processos sócio-econômicos e nas
organizações reticulares apresentam-se, sinoticamente, os princípios básicos
ou características da teoria da complexidade e o holismo com vistas à
contextualização e apreensão da ciência, particularmente, da economia
política.
          Dinâmica. Com a observação dos campos de forças contrárias
(impulsoras e restritivas) que pressupõem o devir e o fazer novo imbricados as
categorias de: atividade, criatividade, objetividade, historicidade e agilidade.
Compreende as chamadas “estruturas dissipativas” para a criatividade
possível. É o modo inovador do vir a ser. A dinâmica da ciência está no fato de
que enquanto mais paradigmática ela for, menos cientifica será.
          Não-linear. Esse princípio do pensar complexo embora aceite que
toda intervenção ou criação tecnológica seja linear, na medida em que faz
parte da realidade, igualmente, em se tratando de totalidades complexas, a
decomposição                                                                 das
partes desconstrói o todo e é impraticável a partir das partes reconstruírem o
todo. É preciso entender, também, que na parte de um organismo vivo está
contido o todo. A não-linearidade implica equilíbrio e desequilíbrio que,
geralmente, leva à substituição do velho pelo novo. Tudo está conectado.
          Reconstrutiva. Essa característica do pensar complexo doa sentido a
produzir-se algo para além de si mesmo. A luz pode ser vista como matéria e
onda dependendo do ponto de vista de quem a observam. Apenas na lógica
formal linear 2+2 são iguais a 4, haja vista que se leva em conta que o primeiro
2 são dois euros e, o segundo, são dois reais seus somatórios jamais serão 4.
Muito do que parece igual esconde incomensuráveis diferenças e vice-versa. A
reconstrutividade sinaliza sentidos de: autonomia; aprendizagem, reconstrução
e reformação. A vida não significa uma matéria nova, mas certamente, uma
nova modalidade de organização da matéria.
          Processo dialético evolutivo. O computador não aprende, logo, não
sabe errar. É máquina reversível, sofisticada, complicada, mas não complexa.
O cérebro humano possui habilidades reconstrutivas e seletivas que
ultrapassam todas as lógicas reversíveis. É, portanto, irreversível e complexo.
A vida não foi criada, ela mesma se reconstrói. É autocriativa. Dizia Heráclito
em 2000 a.C. que: “vive-se com a morte e morre-se com a vida”. Essa
assertiva aponta ou compõe o desafio dialético do conhecimento sobre o
cosmo e sobre a vida.
Irreversibilidade. Nada se repete. Qualquer depois é diferente do antes. É não
linearidade. É impossível voltar ao passado ou ir ao futuro permanecendo o


                                                                             20
mesmo. A irreversibilidade sinaliza o caráter evolutivo e histórico da natureza.
O tempo-espaço são dimensões irreversíveis. Toda e qualquer realidade está
muito além do que aparenta e que se pode verificar. O máximo que se pode
fazer é construir um modelo de aderência à realidade. Aquilo que aparece real
é muita das vezes virtual ou cópia. A natureza não doa sentido e não tem
sentido em si, apenas age ou reage por causa e efeito.
         Intensidade de fenômenos complexos. O que bem explicita esse
fato é o chamado efeito borboleta, ou seja, aquelas que esvoaçam em um
continente causam um ciclone em outro ou o, também conhecido efeito
dominó. Demanda relação de causa e efeito e ambivalência em sua
contextualização. Sabe-se, hoje, que o mundo da complexidade é o mundo das
incertezas. No caso do direito pode-se aventar que a justiça é cega, não por
ser injusta e imparcial, mas porque é voltada para o que se quer ver. Esse
mesmo fenômeno pode ter referência a mais valia e à alienação do trabalho.
         Ambigüidade/ambivalência          dos      fenômenos         complexos.
Ambigüidade refere-se à estrutura caótica, isto é, à ordem e à desordem.
Ambivalência diz respeito à processualidade dos fenômenos. É o eterno vir a
ser. Argumentar é questionar, é penetrar no campo de forças que constitui a
dinâmica. A ambivalência subentende a existência e a simultaneidade de idéias
com a mesma intensidade sobre algo ou coisa que se opõem mutuamente. Por
isso a ambivalência é a tendência do construtivo no destrutivo e vice-versa com
vistas à inovação e a criatividade. É o que se conhece como crise.
         Sob a alegação que a inteligência humana ser não-linear Pedro Demo,
em seu livro “Complexidade e aprendizagem”, cita de Hofstardter o seguinte
texto: “ninguém sabe por onde passa a linha divisória entre o comportamento
não inteligente e o comportamento inteligente; na verdade, admitir a existência
de uma linha divisória nítida é provavelmente uma tolice. Mas, certamente, são
capacidades essenciais para a inteligência:
              Responder a situações de maneira muito flexível
              Tirar vantagens de circunstâncias fortuitas
              Dar sentido a mensagens ambíguas ou contraditórias
              Reconhecer a importância relativa de elementos de uma situação
              Encontrar similaridades entre situações, apesar das diferenças
              que possam separá-las
              Encontrar diferenças entre situações, apesar das que possam
              uni-las
              Sintetizar novos conceitos, tomando conceitos anteriores e
              reordená-los de maneiras novas
              Formular idéias que constituem novidades”.

        Sobre o pensar complexo e sistêmico a aluna Mirella Ferraz, junto com
Aristófanes Júnior, contextualizou o tema resumindo-o nos seguintes
princípios:
       “Tudo está ligado a tudo
       O mundo natural é constituído de opostos ao mesmo tempo antagônicos
       e complementares
       Toda ação implica uma retro alimentação (feedback)
       Toda retro alimentação resulta em novas ações
       Vive-se em círculos sistêmicos e dinâmicos de retro alimentação e não
       em linhas estáticas de causa e efeito imediato


                                                                             21
Há que se ter responsabilidade em tudo que se influencia
      A retro alimentação pode surgir bem longe da ação inicial, em termos de
      tempo e espaço
      Todo sistema reage segundo a sua estrutura
      A estrutura de um sistema muda continuamente, mas não a sua
      organização
      Os resultados nem sempre são proporcionais aos esforços iniciais
      Os sistemas funcionam melhor por meio de suas ligações mais frágeis
      Uma parte só pode ser definida como tal em relação a um todo
      Nunca se pode fazer uma coisa isolada
      Não há fenômeno de causa única no mundo natural
      As propriedades emergentes de um sistema não são redutíveis aos seus
      componentes
      É impossível pensar num sistema sem pensar em seu ambiente ou
      contexto
      Os sistemas não podem ser reduzidos ao meio ambiente e vice-versa”.


       No final de suas apresentações, em sala de aula, foram enfáticos em
afirmar que, nas suas bases de conhecimento o pensar complexo mostrou que:
       “Pequenas ações podem levar a grandes resultados (efeitos: borboleta e
       dominó)
       Nem sempre se aprende pela experiência ou repetição
       O autoconhecimento se dar com ajuda do outro
       Soluções imediatistas podem provocar problemas ainda maiores do que
       aquele que se tenta resolver
       Toda ação produz efeitos colaterais
       Soluções óbvias em geral causam mais mal do que bem
       É possível pensar em termos de conexões, e não de eventos isolados
       O imediatismo e a inflexibilidade são os primeiros passos para o
       subdesenvolvimento, seja ele pessoal, cultural e grupal”.




                                                                          22
PARADIGMAS




23
OUTROS CONCEITOS SOCIOLÓGICOS IMPORTANTES

         Ainda, nessa visão prévia dos paradigmas nas ciências, para criação
de uma base de conhecimento, faz-se menção à conceitualização e
contextualização de termos usuais, no cotidiano das pessoas, e que muito
contribuem para uma consciência crítica da realidade brasileira.
         Brasileiro. Etimologicamente, contrabandista de pau-brasil tornou-se
o gentílico, no Brasil, por exclusão social, haja vista que, na língua portuguesa,
o sufixo “eiro” é um sufixo de atividade (pedra=pedreiro, ferro=ferreiro,
maconha=maconheiro, etc.) e não de gentílico. No caso concreto do Brasil o
gentílico devia ter sido brasilês, para os homens e, brasilesa, para as mulheres.
Igualmente, por falta de uma identidade para os cafuzos, curibócos,
mamelucos, caboclos, etc. (que deram origem ao povo brasileiro), os
portugueses de além mar, por discriminação social e, pejorativamente, os
apelidaram de brasileiros que, na época eram conhecidos os contrabandista do
pau brasil.
         Sociodiversidade. Etimologicamente, sócio é aquele que compartilha,
associa ou participa em conjunto de algo e, diversidade, é a qualidade do que
não é igual ou semelhante, ou seja, aquilo que é diferente ou distinto. A
sociodiversidade é a qualidade de mestiçagem de diferentes pessoas com
culturas, religiões, raças, estamentos sociais e etnias diversificadas e que
convivem de forma não antagônicas. O Brasil por ser detentor de um povo
novo, (Darcy Ribeiro) é uma das maiores e bem sucedidas nação em termos
de sociodiversidade (semelhante a Cuba) e tolerância social. Chega-se ao
extremo de, em um mesmo local, coexistirem e conviverem status sociais de
indigentes e lumpens com grandes burgueses ou status sociais de alta renda.
         Exclusão social. Fenômeno causado pelo metabolismo do capital no
sistema mundo capitalista, ora vigente e que exclui incomensurável número de
pessoas dos processos de trabalho e de produção e circulação dos bens e
serviços ofertados pelas empresas ou unidades de produção e de circulação de
mercadorias. Ela gera, também, em nível mundial, resistências com vistas ao
seu inverso, ou seja, a inclusão social e que batem de frente com as forças
motrizes do metabolismo do capital (lucro e poder) na expectativa de uma
antropolítica. Enquanto a inclusão social trata da ação de inserir, envolver ou
introduzir os entes humanos no sistema mundo do capitalismo, a exclusão
social, própria do metabolismo do capital, é a ação de descartar os seres
humanos dos processos de trabalho transformando-os em coisas. Priva-os de
ser do sistema e de sua cidadania. Embora, a exclusão social não signifique
pobreza vale lembrar que a maioria da população brasileira, está inserta em um
dos mais aberrantes e ignóbeis processos de pobreza. Nele apenas 15% são
do país e do mundo e os 85% restantes apenas estão no território sob o manto
da mais irracional e perversa concentração de renda, e da riqueza. O Brasil,
segundo dados da ONU, só perde em concentração de renda, no mundo, para
o mais miserável país do planeta, segundos dados de IDH da ONU que é Serra
Leoa no Continente da África. A exclusão social, no Brasil, tende, também,
para a exclusão digital, ou seja, no sistema tecnológico da informação, via
satélites, e da nanotecnologia sob a ótica da física subatômica. Esta, inclusive
muda a visão do mundo e do cosmo descartando o pensamento linear e a
visão criacionista da vida no planeta.



                                                                               24
Racismo e sexismo. Qualquer bom dicionário explicita que o racismo
configura um conjunto de teorias e crenças com vistas à discriminação entre as
raças e entre as etnias e o sexismo é a atitude de se discriminar pessoas com
fundamento no gênero, ou melhor, dizendo, na forma de comportamento sexual
de um ser humano. Do ponto de vista da economia política o racismo tem a
finalidade de manter as pessoas dentro do sistema econômico-social como
inferiores e que podem e devem ser explorados economicamente. Isso se dá
com os migrantes e imigrantes nos países cêntricos no processo incessante de
acumulação de capital e, por isso, são vistos como atrasados, baderneiros ou
bárbaros. Para tristeza dos antropolíticos os cientistas políticos e sociais vêm
transformando o racismo em uma questão básica de legislação formal em vez
de contextualizar as raízes dos privilégios, dele oriundos, que permeiam as
sociedades e que dizem respeitos a todas as suas instituições e organizações
inclusas nelas a do saber. Esquece-se que a luta contra o racismo é indivisível
e que deve ser extipardo em quaisquer das formas em que se apresente. O
sexismo é a maneira pela qual o sistema mundo capitalista discrimina o gênero
feminino nos processos de produção e, conseqüentemente, no processo
incessante de acumulação de capital onde as mulheres quase sempre têm
remuneração mais baixa que os homens para a mesma atividade. O racismo e
o sexismo são, sem dúvida, as formas pelas qual o neocolonialismo impera no
sistema mundo do capitalismo.
         Universalismo e particularismo. Não se pode deixar de trazer, para
contextualizações, os conceitos de universalismo e de particularismo sob o
ponto de vista das ciências sociais, em particular, da economia política. O
conceito mais amplo de universalismo é aquele que o apresenta como doutrina
ou crença que afirma que todos os humanos estão destinados a salvação
eterna em virtude da bondade divina. Outro é aquele inspirado pelo iluminismo
que só reconhecem como legado universal aquilo que é patrimônio de todos.
Já do ponto de vista de determinados segmentos das ciências sociais
universalismo é supostamente a visão que se tem de existirem leis, normas,
valores ou verdades que se aplicam indistintamente a pessoas, grupos ou
sistemas históricos no tempo e no espaço. Essa concepção é muito utilizada,
pelos defensores do sistema mundo capitalista para perpetuar o processo
incessante de acumulação de capital quando coloca como universal aqueles
valores que são criados ou observados, primeiramente, pelo centro
hegemônico do sistema de acumulação ou de potência imperial.
         De um ponto de vista da economia política e da sociologia os conceitos
acima citados levam a crença de existirem pelo menos três variedades de
universalismo, isto é: o religioso, o humanista-científico e o imperialista.
Daí os universalismos se prestarem para oprimir as pessoas que, em troca, se
refugiam em particularismo como bem explica Wallerstein. “Os
particularismos, por definição, negam os universalismos”. Daí existirem,
também, múltiplos particularismos, ou seja, “aqueles reinvidicados pelos atuais
derrotados nas corridas do universalismo”. Aqueles “dos grupos em declínios”
sejam eles: raça, classe social, etnia, língua e religião. Aqueles oriundos “dos
grupos persistentes situados no fundo da escala, independentemente de como
sejam definidos” sejam eles párias ou não do sistema mundo capitalista que
são “os negros, os ciganos, os harijan, os burakumin, os índios, os aborígines e
os pigmeus”. Aqueles formados por “esnobes esgotados que se orgulham da
sua elevada cultura” e mesmo pregam a vulgaridade das massas, ou melhor,


                                                                             25
traduzindo das pessoas comuns e, por fim, aqueles “constituídos pelas elites
dominantes”. Notável é que, segundo Wallerstein, tanto os universalismos
quanto os particularismos são governados pela lei aristotélica do terceiro
excluído e são, em geral, focos centrais das lutas políticas. Para tanto, vale
citar a assertiva de Wallerstein “universalismo e particularismo são definidos
como antinomia crítica que podemos usar para analisar toda ação social; todos
temos de escolher, de uma vez por toda, entre dar prioridade a um ou outro.
Isto tem sido útil, para os vencedores e nada útil para os derrotados”.
         Novos mapas geopolíticos da globalização/mundialização e da
integração Sul-americana. Sob esse prisma os Textos, de um modo geral,
remetem o leitor para o tema em epígrafe, chegando a contextualizar possíveis
cenários para o presente século. Discorre sobre o caos estrutural do sistema
mundo do capitalismo e sua possível ruptura ou substituição. Procura, ainda,
mostrar a inserção do Brasil no chamado mundo globalizado. Discutem-se as
grandes contradições do sistema mundo capitalista, em particular, aquela
existente entre o capital mudializado versus trabalho local e descartável..
          Com respeito à integração dos países da América do Sul, FIGUEROA,
de forma explícita leva o leitor a concluir, acreditar e ter esperança que a
integração dos países da América do Sul deve processar-se a partir do
social e não pelo econômico como se pretende no MERCOSUL ou
AMERCOSUL. Claro que o autor desta introdução concorda totalmente com as
teses do seu mestre e amigo e, por isso, contextualiza-as em sala de aula e em
conferências. Lamenta não ver os livros do mestre publicados em português e
divulgados nas universidades brasileiras.
         Políticas públicas. Como se sabe política vem do grego “polis” que
significa cidade, cidadania, cidadão, estado. Como ciência, trata do estado, do
poder e do governo em termos de regras, normas, leis e direito. Seu antônimo
é idiota que, também, vem do grego “idios” que significa único, singular,
privado. O termo tornou-se pejorativo e é remetido para pessoa que carece de
discernimento, imbecilizada ou, ainda, vaidosa e estúpida. A palavra apolítica,
confundida como antônimo é, em si, uma política de quem assim se julga, na
medida em que todo e qualquer ser humano é por natureza social, portanto,
político salvo os autistas e os esquizofrênicos. Estes por serem idiotas (na
acepção etimológica da palavra), vivem em mundos criados por suas mentes.
Nas formas como podem ser contextualizados os sentidos de políticas públicas
o leitor pode até não aceitar a prática da etimologia do termo público. Todo e
qualquer estado é capturado ou tomado por classes sociais, muitas das vezes,
antagônicas, e, portanto, carece da essência de público que remete ou
pertence ao povo, a uma coletividade. Como o estado é capturado por classes
patrimoniais e elitistas, como no Brasil, a essência do público se esvai e
transforma-se no seu oposto, isto é, no privado. As leis votadas pelo poder
legislativo (que, no Brasil, nada tem de participativo para ser representativo)
são interpretadas e julgadas pelo poder judiciário (no Brasil, onisciente,
onipotente e onipresente) doam sentido a privatização do estado pelos três
poderes, em particular, pelo executivo. O estado é, no Brasil, possuído por uma
irrisória minoria de plutocratas, burocratas, meritocratas e cleptocratas
(que em conjunto se dizem democratas) e que impõem à nação, como um
todo, as suas vontades. Na prática a moral ditada pela minoria elitista que
capturou e controla o estado, com seus respectivos poderes, doam sentido a
construção de um país nanico ou de uma nação para outras de excluídos e


                                                                            26
prostituídos, ou seja, possuídos por outros, em vez de um Brasil Grande de
Incluídos que configure uma nação para si e que faça jus a ter políticas
públicas que doem sentido a cidadania do seu povo.
         Terrorismo e violência. De um ponto de vista crítico das classes
sociais despossuídas e oprimidas, no sistema mundo do capitalismo, o
conceito de violência pode e deve ser contextualizado a partir da violência
instituída pelo estado nacional contra seu povo e que o obriga a praticar a
contra-violência ou criminalidade, hoje, sem controle, que se vive no Brasil e,
também, no mundo. O estado e o governo brasileiro praticam contra a
população do país uma violência de tal monta que obriga as massas
despossuídas e oprimidas (política, econômica e socialmente) viverem uma
autêntica guerra civil disfarçada, camuflada e mantida pelo próprio estado e
pelo governo. Vale esclarecer que, em nenhum momento, se deve confundir o
estado com o governo sob pena de não se entender a presente crise política.
Mesmo, as crises passadas onde os poderes das elites civis e militares
costumavam resolvê-las pelas armas impondo suas medíocres vontades às
massas. Esse fato se deu desde a invasão dos europeus no continente sul-
americano e, muito em particular, no território que, hoje, se chama Brasil. A
dominação, pela medíocre elite, já tem 500 anos onde se muda apenas a
forma. Quanto ao terrorismo que se vivencia, em nível mundial, também, pode
ser contextualizado a luz do conceito de contra-terrorismo na medida em que
a análise parta dos oprimidos e vencidos pelas ações unilaterais do terror de
estado praticado pelos Estados Unidos com ou sem apoio da Inglaterra, da
Itália, do Japão, do Canadá e da Austrália que conformam os países mais
beligerantes do mundo. Que falem os vietnamitas, coreanos, somalis, sérvios,
kosovares, bósnios, iraquianos, afeganes, palestinos e muitos outros povos
submetidos aos horrores do terrorismo de estado. Também, Israel com sua
política genocida contra os palestinos é um bom exemplo de terrorismo de
estado. Na América do Sul, a Colômbia, por ter 40% do seu território “como
terra de ninguém”, serve de cavalo de tróia para os interesses invasores dos
Estados Unidos na Amazônia, principalmente, a brasileira. O Paraguai facilita a
presença dos norte-americanos, na tríplice fronteira, com vistas a garantir para
os Estados Unidos, via ONU e Empresas Transnacionais à posse e controle
das maiores jazidas de águas doces subterrâneas do planeta que é o
conhecido aqüífero Guarani. Na prática, as ações terroristas ou as de contra-
terror, praticadas em todo o mundo, por distintos povos, são sem dúvida, um
contra-terrorismo ao terror de estado praticado pelos Estados Unidos e seus
sócios beligerantes do G7 e da OTAN contra a vontade dos povos por eles
oprimidos. Não se tem dúvida, que o fim do terrorismo de estado, também,
levará ao fim o terrorismo ou ações contra-terror praticadas por organizações
ocultas, sem cara e sem território, que usam inclusive seres humanos bombas
para seus fins.
         Meritocracia. Significa etimologicamente o predomínio numa
sociedade, na organização, no grupo no estado a ocupação daqueles que têm
mais méritos, isto é, os mais bem dotados, os mais trabalhadores, os mais
meritosos pessoalmente. Contrapõe-se ao conceito do homem medíocre, ou
seja, do homem médio. Na prática, os sistemas meritocrático,
institucionalizados nas sociedades, ajudam apenas a uns poucos (muitas das
vezes medíocres) obterem acesso a posições que não merecem. De um modo
geral, permite os muitos obterem status e posições na base “de quem indica”


                                                                             27
ou de outros atributos como nepotismo (nada meritório) sob o manto de terem
obtidos por mérito. É na prática, do sistema mundo do capitalismo, uma forma
para-facista de discriminação que leva ao racismo-sexismo acima conceituado.
        Para concluir, esta visão prévia dos paradigmas convém lembrar que o
sistema mundo capitalista passa pelos seguintes dilemas:

        a) Acumulação incessante de capital em declínio e sob ajustes de
baixar os custos de produção, descobrir novos produtos e encontrar novos
compradores
        b) Legitimação política em declínio cujos ajustes estão nas lutas de
classes, na participação política em eleições e na redistribuição de impostos
cada vez mais crescentes pelos estados nacionais
        c) Agenda cultural indefinida caracterizada por ajustes entre
individualismo versus hedonismo econômico, universalismos versus racismo-
sexismo e multiculturalismo versus transgressões das fronteiras culturais.

        Note-se que os dilemas supracitados se dão ou estão insertos nos
seguintes clivares do sistema mundo do capitalismo:

         a) TRÍADE onde a União Européia, os Estados Unidos e o Japão
buscam harmonizar suas contradições no âmbito dos conflitos de mais
competição e monopolização de mercado, dentro do sistema mundo do
capitalismo e entre os estados nacionais na busca do processo incessante de
acumulação de capital ou perseguição ao lucro e poder a custa de tudo e de
todos em desenfreado consumismo
         b) CONFLITO NORTE-SUL. No Norte além da tríade estão todos os
países desenvolvidos da OCDE sob a hegemonia do G7 e, no Sul, os países
tampões, os países entrepostos e os países espectros (no dizer de Rufin) além
das terras de ninguém do norte da África, da Colômbia e do Haiti. O Brasil, no
fórum da OMC, lidera o G20 em contra posição ao G7 e a OCDE. Desse
conflito fazem parte, também, as instituições internacionais opressoras dos
países pobres como são exemplos o FMI, o BIRD, a OMC e a própria ONU
cujo Conselho de Segurança é manipulado pelos Estados Unidos como país
hegemônico
         c) CONFLITO DAVOS-PORTO ALEGRE. De um lado está o Fórum
Econômico Mundial (FEM) formado pelos mais renomados capitalistas do
mundo e de representantes dos estados nacionais, criado em 1971 em Davos,
na Suíça. O FEM é conhecido popularmente como o “espírito de Davos”. Do
outro lado o Fórum Social Mundial (FSM), criado em 2001 na cidade de Porto
Alegre, no Brasil, e que em janeiro de 2010 estava em sua décima edição em
Porto Alegre.
         Saliente-se que o FSM reúne mais de 250.000 participantes na busca
de uma nova ordem mundial em um cenário de antropolítica. Em contraposição
ao FEM o FSM é conhecido como “o espírito de Porto Alegre

                O QUE VEM A SER MODELO EM COMUNICAÇÃO?

      A resposta a esta questão pode-se, grosso modo, afirmar-se que
modelo em comunicação, com vistas à publicidade e a propaganda, se
fundamenta em construção e reconstrução metodológica para investigação de


                                                                           28
propaganda e discursos: produzidos e em produção como explicitações de
interpretações metodológicas. Busca assemelhar-se ao discurso científico
entendido como uma “aventura cognitiva, ou seja, a narrativa da busca que
realiza o sujeito discursivo, de um objeto de valor, no caso, de certo saber”
(Greimais, citado por Lopes, Maria Immaculata in Pesquisa em
comunicação).
        Segundo, ainda, Lopes, os componentes do modelo metodológico têm
as seguintes instâncias da pesquisa: epistemológica, teórica, metódica e
técnica. Não obstante, o que vem a caracterizar um modelo em comunicação
são as atividades que objetivam:

         a) Nas instâncias metodológicas: vigilância epistemológica, quadros
de referência teórica, quadros de análise metódica e construção de dados da
técnica
         b) Nas operações metodológicas: ruptura epistemológica,
construção de objeto científico, formulação teórica do objeto, explicitação
conceitual, exposição, causação, observação, seleção e operacionalização.

         Os componentes sintagmáticos do modelo metodológico em
comunicação (relação entre unidades da língua que se encontra na cadeia da
fala e não podem se substituir mutuamente ou sucessão dos elementos de
uma mensagem) são expressos em:

        a) Fases metodológicas compreendendo: definição do objeto com
sua respectiva teorização, observação a partir de técnicas de investigação,
descrição com vistas as suas técnicas e métodos e interpretação
        b) Operações metodológicas com foco: no problema, no quadro
técnico de referências, nas hipóteses, nas amostragens, nas técnicas de
coleta, nas análises descritivas e interpretativas e, fora da interpretação, nas
conclusões e na bibliografia.

       Wolf, Mauro em seu livro “Teorias da comunicação” trata dos seguintes
modelos nas teorias comunicativas:

          a) Modelo comunicativo onde a transferência da informação
efetua-se da fonte do destinatário e que segundo Shannon, (citado por Wolf),
obedece ao seguinte esquema:




                                                                             29
c
      Fonte de                                                              Destinatário
    informação




    Mensagem                                                                  Mensagem

                                                       Sinal
                                Sinal
                 Transmissor                          Captado    Receptor



                                           Fonte de
                                            ruído

                   Esse modelo, nas palavras da dileta aluna Thalita Brayner de
        Barros, nos diz que: “uma fonte emissora, que é vista como detentora do poder
        de decisão, seleciona uma de entre um conjunto de mensagens que são
        formados por signos, essa mensagem é transmitida mediante a emissão de
        sinais ou estímulos físicos (ondas sonoras no ar, ondas de luz, impulsos
        eletrônicos ou toques), através de um canal eletrônico ou mecânico. Os sinais
        são recebidos por um mecanismo receptor, que também os decodifica ou
        decifra, isto é, reconstrói os signos a que correspondem os sinais. Assim, a
        mensagem é recebida pelo destinatário. Interferências físicas podem ocorrer
        durante a transmissão, chamadas genericamente de ‘ruídos’, que podem fazer
        com que a mensagem nem sempre se transmita fielmente. Distorção do som
        ou interferências numa linha telefônica são exemplos de ruído que ocorre
        dentro do canal, porém, o ruído pode ser qualquer coisa que torna o final
        pretendido mais difícil de decodificar com exatidão. A sobrecarga dos canais,
        também, conspira contra uma transmissão fiel. Em troca, a redundância e a
        repetição reforçam a fidelidade da transmissão”.

                  b) Modelo semiótico-informacional que tem um valor heurístico
        (arte de inventar, descobrir, criar fatos) muito relevante na comunicação na
        medida em que é indispensável englobar tanto na estratégia da análise quanto
        nos mecanismos comunicativos com vistas à determinação dos efeitos
        macrossociais. Esquematicamente, tem o seguinte diagrama:




                                                                                   30
Canal
   (Fonte)       Mensagem                   Mensagem                 Destinatário      Mensagem
   Emissor       emitida como               recebida                                   recebida
                 significante que           como                                       como
                 veicula certo              significante                               significado
                 significado

   Código                                                               Código




Sub-códigos                                                          Sub-códigos

                                                           Eco–Fabbri e outros, 1965


                Do ponto de vista da estudiosa aluna Keury Karoline “como a
       semiótica é voltada para o campo informacional essa teoria começou a
       desenvolver-se. Os fatores semânticos foram introduzidos através do conceito
       de código. Com isso, a questão da decodificação, a forma com que o público
       interpreta a mensagem através da comunicação de massa. O espaço entre a
       mensagem e o significado dessa mensagem que é atribuída pelo destinatário
       tornou-se mais complexo. Entrando tanto do ponto de vista semiótico quanto
       sociológico, justificando a interpretação feita pelo destinatário. Ou seja, o grau
       de compartilhamento das competências relativas aos vários níveis, que criam à
       significação da mensagem, leva a mediação entre o indivíduo e a comunicação
       de massa”.
                c) Modelo semiótico-textual apresenta um instrumento mais
       adequado para interpretação de problemas específicos da comunicação de
       massa. Sua relação comunicativa se dá no entorno do conjunto de práticas
       textuais, ou seja, na assimetria dos papéis do emissor e do receptor. Insere-se
       no paradigma saber-fazer versus saber-reconhecer na articulação entre
       emissor e receptor derivados do modelo semiótico-informacional acima
       esquematizado.
               No dizer de Keury, o modelo semiótico-textual preocupa-se com
       algumas características que são específicas da comunicação de massa, ou
       seja, “a mensagem passou a não ser o objeto principal de estudo, mas sim a
       relação comunicativa que é construída em torno de conjuntos de práticas
       textuais ... na dinâmica que existe entre o emissor e o destinatário, ou seja, liga
       a estrutura e expõe os percursos interpretativos que o receptor tem que
       atualizar. Não se preocupa só com a mensagem, mas com o entendimento da
       mesma por parte do destinatário”.

              A aplicada aluna Flávia Neuma, também em exercício em sala de aula,
       fez menção, de forma muito sinótica, aos seguintes modelos funcionalistas
       dos norte-americanos:

                         “Lasswell: apresenta funções de vigilância (informativa função


                                                                                         31
de alarme); de correlação das partes da sociedade
                 (integração) e transmissão de herança cultural (educativa)”.
                 “Wright: apresenta uma estrutura conceitual que prevê
                 funções e disfunções dos meios, sendo que essas funções
                 podem ser latentes ou manifestadas”.
                 “Lazarsfeld e Merton: apresenta outras funções como a
                 atribuição de status (estabilizar e dar coesão à hierarquia da
                 sociedade); a execução de normas sociais (normalização) e o
                 efeito ‘macrotizante’ (que seria uma disfunção)”.

        Note-se que para os funcionalistas, acima citados, o sistema social é
entendido como um organismo cujas partes desempenham funções de
integração e de manutenção dos sistemas aos quais os modelos aderem como
interpretação da realidade. Por isso ela adverte que “a natureza organísmica da
abordagem funcionalista toma como estrutura o organismo do ser vivo
composto de partes, e no qual cada parte cumpre seu papel e gera o todo,
tornando esse todo funcional ou não”. Conclui Flávia, que os modelos “têm
como centro de preocupação o equilíbrio da sociedade, na perspectiva do
funcionamento do sistema social no seu conjunto e de seus componentes”. Em
tese os funcionalistas em seus modelos lineares formulam as seguintes
perguntas: Quem? (comunicador) Diz o quê? (mensagem) Em que canal? A
quem? (audiência) Com que efeito?

       Thalita em sua pesquisa sobre modelos de comunicação, como
exercício da disciplina, discorreu sobre o modelo de Westley e Maclean da
seguinte maneira:

       “Esse é um modelo gerado especificamente para a comunicação
humana de massa de categoria mais ou menos mecanicista. O modelo de
Westley e Maclean funciona da forma seguinte: A e B são o comunicador e o
receptor; podem ser indivíduos, ou governo e o povo, X faz parte de seu
ambiente social e encontra-se mais próximo de A do que de B. C é a função
editorial-comunicativa, isto é, o processo de decidir o quê e como comunicar.
Um exemplo prático desse modelo é; vamos dizer que A é um repórter que
envia uma história a C, a redação do seu jornal. Os processos editoriais e de
publicação (que estão contidos em C) trabalham então essa história e
transmitem-na a B, o público. Neste modelo, B não tem qualquer experiência
direta ou imediata de X, visto que não existe uma relação direta com A, por
que antes da mensagem chegar a B ela passa por C.




     Segundo Westley e Maclean, os mass media aumentam o meio
ambiente social com que B precisa de se relacionar e fornecem, ao mesmo



                                                                            32
tempo, os meios atravéz dos quais essa relação ou orientação opera. Nesse
modelo A e C desempenham papéis dominantes e B está a serviço deles.
Embora a necessidade de informação e de orientação de B tenha aumentado
na sociedade de massa, os meios para satisfazer essa necessidade foram
restringidos, tendo o mass media como o único meio disponível. Dessa forma
B torna-se totalmente dependente dos mass media. Porém é importante
ressaltar que esse modelo não leva em conta a relação entre o mass media e
os outros meios que usamos para nos orientarmos ao nosso meio ambiente
social”.
         Esses tipos de modelos tratam de relacionar a parte física da
comunicação com os processos mentais das pessoas que se comunicam.
Neles existem um esforço no sentido da humanização dos modelos
mecanicistas.

Ainda, em sua pesquisa, a aluna Thalita, apresenta os modelos
psicológicos em comunicação tanto de Berlo como o de Hovland que se
reproduz na íntegra de como foi escrito e apresentado em aula.

        “O modelo de Berlo supõe que a comunicação é um processo e tem
uma estrutura cujos elementos estão relacionados em forma dinâmica e
influentes. Ele utiliza os elementos básicos de Shannon e Weaver (fonte,
mensagem, meios e receptor). Além dos ruídos que podem afetar a
fidelidade da mensagem, Berlo indica alguns fatores da fonte e no receptor
que também podem afetar a fidelidade. Esses fatores são:

        A experiência: referem à capacidade analítica da fonte saber seus
propósitos e a sua capacidade para codificar as mensagens expressando
sua intenção. Se destaca particularmente o domínio da linguagem, e a
habilidade verbal da fonte para falar e escrever bem. A fidelidade da
comunicação aumentará na medida em que a fonte possui as capacidades
comunicativas necessárias para codificar com exatidão suas mensagens e
expressar assim seus propósitos.

        As atitudes: a fidelidade da comunicação é afetada por três tipos de
atitudes que apresenta a fonte: a atitude em direção a si mesmo ou
autopercepção; a atitude em direção ao tema que trata ou mensagem, e a
atitude em direção ao receptor. Quanto mais positivas essas atitudes maiores
serão a fidelidade, desde que a fonte mostre confiança em si e valorize sua
mensagem que foi passada ao receptor. Ao perceber uma atitude positiva na
parte da fonte em direção a ele, tenderá a aceitar a mensagem enviada.

        O conhecimento: refere-se ao nível de conhecimento da fonte tanto a
respeito do tema da mensagem como no processo de comunicação. O
conhecimento do processo de comunicação afetaria a conduta da
comunicação de maneira que quanto maior o nível de conhecimento maio a
fidelidade

        O sistema sociocultural: refere-se à situação da fonte num contexto
cultural e social determinado. Esta posição condicionará os papéis que
desempenham suas expectativas, seus prestígios, etc. Tudo isso tem impacto
na forma em que a fonte comunica. Em termos gerais, a fidelidade da


                                                                         33
comunicação será maior se os contextos socioculturais da fonte e o receptor
são semelhantes”.

      Já o modelo de Hovland, segundo ela, “tem como intenção
organizar os elementos e variáveis de mudança de atitude produzida pela
comunicação social. No seu modelo, o comunicador tem como objetivo
mudar a atitude do receptor. Ele pode usar três fontes de troca:

        Poder: a força, o controle de recompensas e castigos. Isto causa
submissão mas só dura enquanto apresenta a força quando a mudança não
se internaliza.

      Atraente: ser bonito fisicamente, amável, parecido com quem quer
mudar os valores e as crenças, de modo que o receptor se identifique. E,
também, deve ser familiar. Isso resulta em um atrativo mas não se internaliza

       Credibilidade: quando vemos uma pessoa entendedora, que sabe
sobre ele e que fala a uma pessoa honesta. A confiança e a experiência
influenciam muito, também, o estado ou o prestígio. Isso causa internalização
em longo prazo.

Modelo de comunicação e mudança de atitude de Hovland




 Pelo seu trabalho pode-se deduzir que os efeitos na mudança de atitude de
uma pessoa dependem de diversas circunstâncias, relacionado às fontes que
emitem e sua credibilidade, com a natureza da mensagem e sua capacidade
comunicativa, ao mesmo tempo, com as características do receptor
(afinidade/ oposição com a fonte, nível de formação, etc). Por causa disso,
para conseguir que os estímulos alcancem a resposta da mudança de atitude,
o processo da comunicação persuasiva deve ter em mente as circunstâncias
dos atores e do cenário. Como as audiências não são semelhantes, a


                                                                          34
mensagem, sua definição retórica e complexidade, dependerão em cada caso,
do tipo de receptor e de seu ambiente, para que os efeitos da mudança de
atitude possam ser verificados.

        Para Hovland não há causalidade entre o que a mídia diz e o público
faz – há sim todo um contexto social, cultural, situacional e temporal”.




                                                                        35
III. SINOPSE DAS PRINCIPAIS CIÊNCIAS
                      SOCIAIS.
           Para maior e melhor inteligibilidade do que são ciências sociais vale
apenas refletir sobre o que é ciência e seus epítetos?
           Por ciência entende-se o conhecimento ou saber atento de um ou
mais ramos do conhecimento de forma contínua de suas leis, da reflexão e da
experiência insertas em um processo racional de descoberta, de criação, e de
técnica usado pelo ser humano para relacionar-se: consigo mesmo, com a
natureza e com o cosmo. Para tanto, sistematiza o conhecimento ou o saber
que se adquire via repetição, observação, identificação, pesquisa e
formulações lógicas, metódicas, técnicas e racionais. Por seu complexo
conceito, a ciência é dotada de grande epitetismo como por exemplos:
humanas, sociais, políticas, abstratas, concretas, puras, aplicadas, biológicas,
econômicas, exatas, morais, normativas, etc.
           No caso específico da conceituação das ciências sociais pode-se
dizer que são aquelas ciências humanas ou disciplinas, que tratam dos
aspectos do ser humano não somente como indivíduo, mas principalmente,
como: ser social (sociologia), político (pelo campo público e do poder), ético
(pelo campo privado), econômico (pela economia política e o processo de
produção), antropológico (pelo campo de ser humano), histórico (pela
evolução e pelas civilizações), paleontológico (pelas formas de vida
passadas), biológico (por ser vivo e animal), filosófico (por pensar a vida, a
razão de ser, a alienação e a consciência), ecológico (por ser da biosfera),
psicológico (pela mente e emoções), mitológico (pelos mitos, signos e
rituais), etc. Note-se, também, que todas as ciências sociais, as técnicas, e
todas as ações e atividades humanas científicas ou não, estão insertas na
trama da cultura.
           Feita essa introdução sobre o que é ciência, seus epítetos e ciências
sociais procede-se a seguir, de forma sinótica, a descrição do objeto das
principais ciências sociais e, em algumas delas, o que dizem seus principais
pensadores.

                                SOCIOLOGIA

         É a ciência que tem como objeto o estudo científico da organização e
do funcionamento das sociedades humanas e das leis fundamentais que regem
as relações sociais, as instituições, etc., assim como, a análise de
determinados comportamentos sociais.
         Os campos de interesse da sociologia resumem-se em:
      Análise sociológica da cultura e sociedade, assim como, da perspectiva
      sociológica e do método científico
      Unidades fundamentais da vida social tais como: atos e ralações sociais,
      personalidades do indivíduo, grupos quanto a castas, classes, etnias,
      raças e religiosidades, comunidades, associações organizações e
      populações
      Instituições sociais básicas, como por exemplos: família, parentesco,
      atividades políticas e econômicas, jurídicas, religiosas, educacionais,
      científicas, diversionais e estéticas


                                                                             36
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc
Guia de studos para sociologia e ciêc soc

More Related Content

What's hot

Materialismo Histórico-Dialético e Interdisciplinaredade
Materialismo Histórico-Dialético e InterdisciplinaredadeMaterialismo Histórico-Dialético e Interdisciplinaredade
Materialismo Histórico-Dialético e InterdisciplinaredadeEder Liborio
 
Correntes teórico metodológicas do Serviço Social
Correntes teórico metodológicas do Serviço SocialCorrentes teórico metodológicas do Serviço Social
Correntes teórico metodológicas do Serviço SocialCarol Alves
 
Aula ideologia 3 ano
Aula ideologia 3 anoAula ideologia 3 ano
Aula ideologia 3 anoOver Lane
 
Política marxista
Política marxistaPolítica marxista
Política marxistaVictor Said
 
Prefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl Marx
Prefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl MarxPrefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl Marx
Prefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl MarxAlexandre Protásio
 
Quadro resumo dos autores clássicos em sociologia
Quadro resumo dos autores clássicos em sociologiaQuadro resumo dos autores clássicos em sociologia
Quadro resumo dos autores clássicos em sociologiaRudi Lemos
 
Introduzindo a sociologia.ppt
Introduzindo a sociologia.pptIntroduzindo a sociologia.ppt
Introduzindo a sociologia.pptHellenOliveira68
 
O Que é Sociologia
O Que é SociologiaO Que é Sociologia
O Que é SociologiaJorge Miklos
 
Fichamento O Que é Sociologia
Fichamento   O Que é SociologiaFichamento   O Que é Sociologia
Fichamento O Que é SociologiaWladimir Crippa
 
M oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidade
M oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidadeM oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidade
M oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidadeGenivalda Cândido
 
Atividade de Filosofia - III bimestre
Atividade de Filosofia - III bimestre Atividade de Filosofia - III bimestre
Atividade de Filosofia - III bimestre Mary Alvarenga
 

What's hot (20)

Revisão de Filosofia
Revisão de FilosofiaRevisão de Filosofia
Revisão de Filosofia
 
Ideologia
IdeologiaIdeologia
Ideologia
 
Ideologias mundiais
Ideologias mundiaisIdeologias mundiais
Ideologias mundiais
 
ideologia_alema
ideologia_alemaideologia_alema
ideologia_alema
 
Materialismo Histórico-Dialético e Interdisciplinaredade
Materialismo Histórico-Dialético e InterdisciplinaredadeMaterialismo Histórico-Dialético e Interdisciplinaredade
Materialismo Histórico-Dialético e Interdisciplinaredade
 
Ideologia
IdeologiaIdeologia
Ideologia
 
Correntes teórico metodológicas do Serviço Social
Correntes teórico metodológicas do Serviço SocialCorrentes teórico metodológicas do Serviço Social
Correntes teórico metodológicas do Serviço Social
 
Aula ideologia 3 ano
Aula ideologia 3 anoAula ideologia 3 ano
Aula ideologia 3 ano
 
Política marxista
Política marxistaPolítica marxista
Política marxista
 
Prefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl Marx
Prefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl MarxPrefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl Marx
Prefacio da Contribuicao a Critica da Economia Politica de Karl Marx
 
Quadro resumo dos autores clássicos em sociologia
Quadro resumo dos autores clássicos em sociologiaQuadro resumo dos autores clássicos em sociologia
Quadro resumo dos autores clássicos em sociologia
 
Introduzindo a sociologia.ppt
Introduzindo a sociologia.pptIntroduzindo a sociologia.ppt
Introduzindo a sociologia.ppt
 
Met rp, minayo
Met rp, minayoMet rp, minayo
Met rp, minayo
 
Revisão de História
Revisão de HistóriaRevisão de História
Revisão de História
 
O Que é Sociologia
O Que é SociologiaO Que é Sociologia
O Que é Sociologia
 
Os classicos da_sociologia_durkheim
Os classicos da_sociologia_durkheimOs classicos da_sociologia_durkheim
Os classicos da_sociologia_durkheim
 
Fichamento O Que é Sociologia
Fichamento   O Que é SociologiaFichamento   O Que é Sociologia
Fichamento O Que é Sociologia
 
Sociologia Marx
Sociologia Marx Sociologia Marx
Sociologia Marx
 
M oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidade
M oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidadeM oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidade
M oda e formas de conhecimento, verdade, estética e identidade
 
Atividade de Filosofia - III bimestre
Atividade de Filosofia - III bimestre Atividade de Filosofia - III bimestre
Atividade de Filosofia - III bimestre
 

Viewers also liked

Apresentação Peter Berger cap. 4
Apresentação Peter Berger cap. 4 Apresentação Peter Berger cap. 4
Apresentação Peter Berger cap. 4 luciaguaranys
 
Apresentação Peter Berger cap. 5
Apresentação Peter Berger cap. 5 Apresentação Peter Berger cap. 5
Apresentação Peter Berger cap. 5 luciaguaranys
 
Mills, c. wright. a imaginação sociológica
Mills, c. wright. a imaginação sociológicaMills, c. wright. a imaginação sociológica
Mills, c. wright. a imaginação sociológicarafaelsrossi
 
Imaginação sociológica j markline
Imaginação sociológica  j marklineImaginação sociológica  j markline
Imaginação sociológica j marklineMarklin's lady
 
Regras do método sociológico
Regras do método sociológicoRegras do método sociológico
Regras do método sociológicoDavi Islabao
 
Imaginação Sociológica
Imaginação SociológicaImaginação Sociológica
Imaginação SociológicaDoug Caesar
 
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.Altair Moisés Aguilar
 
Guia de aprendizagem 1º ano 2015
Guia de aprendizagem 1º ano  2015Guia de aprendizagem 1º ano  2015
Guia de aprendizagem 1º ano 2015Eduardo Oliveira
 
Sociologia geral teorias-e_conceitos
Sociologia geral teorias-e_conceitosSociologia geral teorias-e_conceitos
Sociologia geral teorias-e_conceitosunisocionautas
 
Ciências sociais e ciências naturais
Ciências sociais e ciências naturaisCiências sociais e ciências naturais
Ciências sociais e ciências naturaisGuilherme Howes
 
1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedade
1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedade1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedade
1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedadehomago
 
Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Over Lane
 
O QUE É SOCIOLOGIA?
O QUE É SOCIOLOGIA?O QUE É SOCIOLOGIA?
O QUE É SOCIOLOGIA?guest6a86aa
 

Viewers also liked (15)

Apresentação Peter Berger cap. 4
Apresentação Peter Berger cap. 4 Apresentação Peter Berger cap. 4
Apresentação Peter Berger cap. 4
 
Apresentação Peter Berger cap. 5
Apresentação Peter Berger cap. 5 Apresentação Peter Berger cap. 5
Apresentação Peter Berger cap. 5
 
Mills, c. wright. a imaginação sociológica
Mills, c. wright. a imaginação sociológicaMills, c. wright. a imaginação sociológica
Mills, c. wright. a imaginação sociológica
 
Imaginação sociológica j markline
Imaginação sociológica  j marklineImaginação sociológica  j markline
Imaginação sociológica j markline
 
Regras do método sociológico
Regras do método sociológicoRegras do método sociológico
Regras do método sociológico
 
Imaginação Sociológica
Imaginação SociológicaImaginação Sociológica
Imaginação Sociológica
 
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - imaginacão sociologica -Prof.Altair Aguilar.
 
Guia de aprendizagem 1º ano 2015
Guia de aprendizagem 1º ano  2015Guia de aprendizagem 1º ano  2015
Guia de aprendizagem 1º ano 2015
 
Sociologia geral teorias-e_conceitos
Sociologia geral teorias-e_conceitosSociologia geral teorias-e_conceitos
Sociologia geral teorias-e_conceitos
 
Ciências sociais e ciências naturais
Ciências sociais e ciências naturaisCiências sociais e ciências naturais
Ciências sociais e ciências naturais
 
1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedade
1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedade1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedade
1 ano sociologia as relações entre indivíduo e sociedade
 
O que é Sociologia?
O que é Sociologia?O que é Sociologia?
O que é Sociologia?
 
Sociologia
SociologiaSociologia
Sociologia
 
Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Slide sociologia 1
Slide sociologia 1
 
O QUE É SOCIOLOGIA?
O QUE É SOCIOLOGIA?O QUE É SOCIOLOGIA?
O QUE É SOCIOLOGIA?
 

Similar to Guia de studos para sociologia e ciêc soc

COLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série IV nota de filosofia
COLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série   IV  nota de filosofiaCOLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série   IV  nota de filosofia
COLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série IV nota de filosofiaJorge Marcos Oliveira
 
Trabalho de filosofia ensino médio
Trabalho de filosofia ensino médioTrabalho de filosofia ensino médio
Trabalho de filosofia ensino médioWANDERSON JONER
 
Dilthey e os tipos de concepção do mundo
Dilthey e os tipos de concepção do mundoDilthey e os tipos de concepção do mundo
Dilthey e os tipos de concepção do mundoCarlos Alberto Monteiro
 
Ciência com consciência
 Ciência com consciência Ciência com consciência
Ciência com consciênciaMarlene Macario
 
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimento
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimentoFilosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimento
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimentoDiego Ventura
 
Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...
Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...
Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...Andrei Scheiner
 
Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)
Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)
Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)e neto
 
Texto sobre escola de frankfurt
Texto sobre escola de frankfurtTexto sobre escola de frankfurt
Texto sobre escola de frankfurtFrancilis Enes
 
2° etapa da atps
2° etapa da atps2° etapa da atps
2° etapa da atpsjessicacpc
 
Psicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-c
Psicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-cPsicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-c
Psicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-cmona-freitas
 
Psicologia uma nova introducao
Psicologia uma nova introducaoPsicologia uma nova introducao
Psicologia uma nova introducaoLu Cassita
 
apresentação inicial.pptx
apresentação inicial.pptxapresentação inicial.pptx
apresentação inicial.pptxIvandroPissolo4
 

Similar to Guia de studos para sociologia e ciêc soc (20)

COLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série IV nota de filosofia
COLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série   IV  nota de filosofiaCOLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série   IV  nota de filosofia
COLÉGIO OLAVO BILAC - 3ª série IV nota de filosofia
 
Trabalho de filosofia ensino médio
Trabalho de filosofia ensino médioTrabalho de filosofia ensino médio
Trabalho de filosofia ensino médio
 
Atividade diagnostica historia da filosofia 1
Atividade diagnostica historia da filosofia 1Atividade diagnostica historia da filosofia 1
Atividade diagnostica historia da filosofia 1
 
Dilthey Tipos de concepção de mundo
Dilthey Tipos de concepção de mundoDilthey Tipos de concepção de mundo
Dilthey Tipos de concepção de mundo
 
Dilthey e os tipos de concepção do mundo
Dilthey e os tipos de concepção do mundoDilthey e os tipos de concepção do mundo
Dilthey e os tipos de concepção do mundo
 
Ciência com consciência
 Ciência com consciência Ciência com consciência
Ciência com consciência
 
Em torno de um novo paradigma
Em torno de um novo paradigmaEm torno de um novo paradigma
Em torno de um novo paradigma
 
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimento
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimentoFilosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimento
Filosofia e o surgimento da epistemologia ou teoria do conhecimento
 
Avaliação
AvaliaçãoAvaliação
Avaliação
 
Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...
Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...
Percepção de Cultura: A manutenção do conceito evolucionista na sociedade bra...
 
Epistemologia de Stephen Toulmin
Epistemologia de Stephen ToulminEpistemologia de Stephen Toulmin
Epistemologia de Stephen Toulmin
 
Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)
Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)
Os Clássicos da Sociologia (Émile Durkheim)
 
Texto sobre escola de frankfurt
Texto sobre escola de frankfurtTexto sobre escola de frankfurt
Texto sobre escola de frankfurt
 
SOCIOLOGIA GERAL
SOCIOLOGIA GERALSOCIOLOGIA GERAL
SOCIOLOGIA GERAL
 
Cap 04 sociologia
Cap 04   sociologiaCap 04   sociologia
Cap 04 sociologia
 
2° etapa da atps
2° etapa da atps2° etapa da atps
2° etapa da atps
 
Psicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-c
Psicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-cPsicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-c
Psicologia uma-nova-introducao-figueiredo-l-c
 
Psicologia uma nova introducao
Psicologia uma nova introducaoPsicologia uma nova introducao
Psicologia uma nova introducao
 
Antropologia
AntropologiaAntropologia
Antropologia
 
apresentação inicial.pptx
apresentação inicial.pptxapresentação inicial.pptx
apresentação inicial.pptx
 

More from Geraldo Aguiar

Sectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICO
Sectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICOSectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICO
Sectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICOGeraldo Aguiar
 
Textos sobre economia e desenvolvimento
Textos sobre economia e desenvolvimentoTextos sobre economia e desenvolvimento
Textos sobre economia e desenvolvimentoGeraldo Aguiar
 
Planejamento estratégico
Planejamento estratégicoPlanejamento estratégico
Planejamento estratégicoGeraldo Aguiar
 
Organizações em Rede. Como são e como funcionam
Organizações em Rede. Como são e como funcionamOrganizações em Rede. Como são e como funcionam
Organizações em Rede. Como são e como funcionamGeraldo Aguiar
 
Política recursos humanos
Política recursos humanosPolítica recursos humanos
Política recursos humanosGeraldo Aguiar
 
Livro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo Aguiar
Livro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo AguiarLivro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo Aguiar
Livro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo AguiarGeraldo Aguiar
 

More from Geraldo Aguiar (6)

Sectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICO
Sectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICOSectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICO
Sectec - UM OLHAR SISTÊMICO-HOLÍSTICO E HISTÓRICO
 
Textos sobre economia e desenvolvimento
Textos sobre economia e desenvolvimentoTextos sobre economia e desenvolvimento
Textos sobre economia e desenvolvimento
 
Planejamento estratégico
Planejamento estratégicoPlanejamento estratégico
Planejamento estratégico
 
Organizações em Rede. Como são e como funcionam
Organizações em Rede. Como são e como funcionamOrganizações em Rede. Como são e como funcionam
Organizações em Rede. Como são e como funcionam
 
Política recursos humanos
Política recursos humanosPolítica recursos humanos
Política recursos humanos
 
Livro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo Aguiar
Livro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo AguiarLivro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo Aguiar
Livro Agenda 21 Caminhos e Desvios escrito por Geraldo Aguiar
 

Guia de studos para sociologia e ciêc soc

  • 1. GERALDO MEDEIROS DE AGUIAR GUIA DE ESTUDOS DE SOCIOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS Imagem fractal extraída do Google Recife, 2012
  • 2. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.....04 I. VISÃO PRÉVIA DAS RELAÇÕES HUMANAS E DA SOCIEDADE.....06 II. VELHOS E NOVOS PARADIGMAS DAS CIÊNCIAS.....13 OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES.....24 O QUE VEM A SER MODELO EM COMUNICAÇÃO?.....28 III. SINOPSE DAS PRINCIPAIS CIÊNCIAS SOCIAIS E FATOS HISTÓRICOS.....36 SOCIOLOGIA.....36 POLÍTICA.....38 ECONOMIA POLÍTICA.....43 ÉTICA.....49 ANTROPOLOGIA.....50 HISTÓRIA.....51 PALEONTOLOGIA.....52 BIOLOGIA.....52 MITOLOGIA.....53 FILOSOFIA.....53 GEOGRAFIA.....54 SALTOS QUALITATIVOS NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA.....55 FATOS QUE ABALARAM O SISTEMA MUNDO CAPITALISTA PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL.....55 INVASÕES-INTERVENÇÕES DOS EUA NO PÓS 2ª GUERRA MUNDIAL.....56 IV. AS EMOÇÕES E OS SENTIMENTOS HUMANOS.....59 V. A CONSCIÊNCIA E A AMANUALIDADE.....62 VI. ATRIBUTOS DA CONSCIÊNCIA INGÊNUA.....67 2
  • 3. VII. A CONSCIÊNCIA CRÍTICA.....98 VIII. A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO, A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E O EMPREGO.....103 IX. CULTURA E PLURALIDADE CULTURAL.....111 X. A EDUCAÇÃO E O HUMANISMO CONCRETO.....116 A REPRESSÃO AO CAPITAL PRIVADO ESTRANGEIRO ESPECULATIVO.....117 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA HUMANIZAÇÃO E EXISTÊNCIA.....120 O MONOPÓLIO ESTATAL DOS FATORES ECONÔMICOS BÁSICOS.....121 A DEFESA DA INDÚSTRIA NACIONAL AUTÊNTICA.....122 A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL.....122 A REFORMA AGRÁRIA.....124 AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE PLENA SOBERANIA.....127 A EDUCAÇÃO POPULAR PARA O DESENVOLVIMENTO.....129 A CULTURA DO POVO.....129 A SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL COM AS NAÇÕES EM LUTA PELA LIBERTAÇÃO.....130 XI. DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO (UMA DESCONSTRUÇÃO POR EDGAR MORIN).....135 BIBLIOGRAFIA...140 O AUTOR...141 3
  • 4. APRESENTAÇÃO O presente Guia de Estudos sobre Sociologia e Ciências Sociais tem o propósito de induzir o discente a meditar sobre uma visão sistêmica das ciências humanas, sociais ou naturais aplicadas à realidade com vistas à autonomia e a uma situação de bem estar do povo brasileiro. Para tanto, o Autor condiciona seu ponto de vista ao Brasil e resgata importantes idéias formuladas pelos docentes e pesquisadores do Instituto Superior de Estudos Brasileiros – ISEB (extinto pela ditadura militar em abril de 1964), e, também, da Escola Superior de Guerra-ESG contextualizadas para a realidade presente do Brasil. O sentido da palavra crítica, utilizado no Guia, é aquele que vem do grego kritikos, ou seja, ser capaz de: julgar, decidir, pensar, discernir ou ter a faculdade de pensar e criar. Sob esse aspecto não cabe valorizá-la de crítica negativa na medida em que é sempre positiva, isto é, vale como o exame de um princípio ou idéia como fato de percepção com finalidade de produzir uma apreciação lógica, epistemológica, estética e moral sobre o objeto de investigação. Dessa forma, a crítica é o questionamento racional de todas as convicções, crenças e dogmas, mesmo se legitimadas pelo censo comum, pela tradição ou impostas por autoridades políticas e religiosas. A palavra crítica, aqui usada, não tem nada a ver com criticus do latim cujo sentido é censurar, ou ser juiz de obras literárias que, em geral, também, se confunde com censurae (ofício de censor) e censere (pesar, avaliar, julgar ou ação de censurar) ambas as etimologias provenientes do latim. Não cabe, portanto, no uso da palavra crítica, nenhum sentido de exercer censura moral, política, estética, religiosa, etc. ou apontar defeito em algo ou alguém, julgar desfavoravelmente, desaprovar, discordar, exprobrar, repreender, condenar, rotular e fofocar. Já a palavra sistema, usada ao longo do trabalho, tem significado de neutro, reunião, juntura cuja etimologia vem do latim systema, ou seja, conjunto de regras e leis que fundamentam determinada ciência. Significa, assim, conjunto de elementos, concretos ou abstratos intelectualmente organizados. Entende-se, também, como conjunto percebido como hipóteses, crenças, etc. de objetos, de reflexão, de convicção unida por um fundamento teórico, ideológico, doutrinário ou de uma tese, fornecendo explicação para uma grande quantidade de fatos. É teoria, quando especula com qualidade econômica, moral, política de uma sociedade que condiciona, integra ou aliena um indivíduo. É técnica, na medida em que é um meio de se fazer alguma coisa de acordo com um plano, método, processo ou procedimento. Em outras palavras significa conjunto de ações que visam um objetivo, planejamento e plano. O Guia complementa, ainda, os “Textos sobre economia política e desenvolvimento” escrito para a disciplina economia política, também, lecionada pelo autor. O plano de trabalho compreende dez capítulos, a saber: O primeiro trata de uma visão prévia, das relações humanas e da sociedade com o objetivo de situar o aluno não somente nas visões do mundo, mas também, nas categorias que facilitam o entendimento do que vem a ser a sociedade. 4
  • 5. O segundo apresenta uma sinopse das principais ciências humanas ou sociais que conformam uma introdução a essas ciências. O terceiro capítulo busca explicar os velhos e novos paradigmas das ciências, passando pelo pensar complexo e outros conceitos importantes para a criação ou formação da base de conhecimento do estudante. As emoções e os sentimentos humanos fazem parte do quarto capítulo que leva os discentes a melhor entender a consciência ingênua, objeto do quinto capítulo, e a consciência crítica, contida no sexto. O sétimo capítulo diz respeito à divisão social do trabalho sua organização e ao mundo sem empregos. O oitavo capítulo, objetiva levar o leitor, de forma sinótica, à pluralidade cultural a partir de um ponto de vista endógeno a realidade brasileira. O capítulo nono, revela a educação e o humanismo concreto a partir das teorias políticas e das modalidades da consciência que têm em vista o resgate de idéias do saudoso professor e filósofo, do ISEB, Álvaro Vieira Pinto em seu livro “Consciência e realidade nacional”. Estas, agora, atualizada, na visão do Autor, e revisitada para a realidade brasileira contemporânea. Finalmente, o capítulo dez trata de uma desconstrução do pensador e cientista Edgar Morin sobre o desenvolvimento e subdesenvolvimento. Acompanha, ainda, o Guia, a bibliografia básica utilizada e uma sinopse do currículo do autor que fica muito agradecido em receber críticas e sugestões no seu correio eletrônico (e-mail) gmaguiar@yahoo.com.br NOTA. As anotações ou textos do Guia não foram submetidos à revisão gramatical da língua portuguesa. A redação é a coloquial do autor servindo de apostila para aulas. 5
  • 6. I. VISÃO PRÉVIA DAS RELAÇÕES HUMANAS E DA SOCIEDADE As gêneses do cosmo, da natureza viva e do mundo podem ser vista e apreendida a partir de duas visões fundamentais: 1. CRIACIONISTA. Essa forma corresponde à visão da Gênese Bíblica segundo a qual tanto o cosmo quanto o mundo e a vida foram criados por Deus a partir do nada. Segundo o criacionismo todos os seres vivos tiveram criação independente e se mantêm biologicamente imutáveis. É a doutrina das três grandes religiões monoteístas, isto é, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo cujo tronco comum e único está em Abraão. Dessa forma todas as três grandes religiões monoteístas são abraâmicas cuja origem está no Oriente Médio ou no Crescente Fértil (antiga Mesopotâmia), hoje, conhecido como Iraque. Em tese são movidas pela fé e se contrapõem a visão evolucionista e da ciência. Sua base filosófica está na metafísica e na ontologia pela razão pura, pela causa incausada, pelo moto primus ou, ainda, pelo design inteligente. 2. EVOLUCIONISTA. É a teoria que explica e apreende a criação do cosmo pelo “big bang”, e a vida pela teoria da evolução darwiniana (Charles Darwin) e outras teorias cosmológicas não-bíblicas e muito menos sagradas. Essa visão fundamenta-se na evolução das espécies ao longo do espaço- tempo, ou seja, é autocriacionismo simbiótico, transformismo e mutação. Como doutrina apreende toda cultura de uma sociedade como resultado de um processo evolutivo. Do ponto de vista da filosofia significa o desenvolvimento inevitável do real em direção ou ao sentido de estados ou situações mais aperfeiçoadas. É o modelo explicativo para o incessante fluxo de transformações e mudanças do cosmo, do mundo natural e da vida inclusive espiritual quando na concepção evolucionista se aceita ou se admite a reencarnação ou o yn e yang taoísta. É o ponto de vista adotado pela epistemologia como filosofia das ciências. Sua concepção da natureza humana é a de que o ente humano de fato muda no decurso histórico: ele se desenvolve se transforma, é o produto da história; assim como ele é e faz história. Ele é o seu próprio produto. Segundo os “Manuscritos econômicos e filosóficos” de Marx, citado por Erich Fromm, “o conjunto daquilo que se denomina história do mundo não passa de criação do ser humano pelo trabalho humano e o aparecimento da natureza para o ente humano; por conseguinte, ele tem a prova evidente e irrefutável de sua autocriação, de suas próprias origens”. Nessa concepção a vida surge do acaso conforme explicam Oparine, Batesson, Varela, Monod, Margulis e outros cientistas detentores ou não de prêmios Nobel. Dentro dessa segunda visão do mundo, sem dúvida, derivam as seguintes relações humanas básicas: 6
  • 7. a) Ser humano com ser humano que é necessária, imediata e natural inclusive entre os gêneros humanos naquilo que é reprodutivo e emocional nas diferentes culturas e sociedades humanas b) Ser humano com a natureza que se caracteriza no domínio ou do controle da natureza para fins da sua subsistência onde utiliza não somente os cinco sentidos ou emoções naturais, mas também, suas emoções secundárias básicas, espirituais, supérfluas e de luxúrias. Essas relações, no processo civilizatório, consubstanciaram as relações humanas que se compõem dos seguintes elementos: Proprietários dos meios de produção (P) Trabalhadores operários ou não (T) Meios de trabalho (MT) Relações preponderantes de propriedades (A) Relações de produção e de distribuição (B). As combinações dos elementos essenciais das relações humanas (A, B, P, T) deram origem aos seguintes modos de produção (MP): Comunitário tribal Tributário asiático Antigo Camponês Artesanal Escravista Servil feudal Capitalista mercantil Latifundiário Escravista colonial Capitalista Associativo-cooperativo Estatal capitalista Estatal socialista 7
  • 8. Escravista concentracionário Capitalista imperialista Capitalista global ou neoimperialista. Para a apreensão das conexões da realidade e da sociedade a partir da pedagogia/andragogia é imperativo que o discente tenha o entendimento das categorias abaixo sumarizadas: Interdisciplinaridade. Categoria que estabelece relações e conexões entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento. È o corte transversal que se estabelece no processo de geração do conhecimento entre a unidisciplinaridade, passando pelas conexões da pluridisciplinaridade/plusdisciplinaridade e pela multidisciplinaridade, dando origem a transdisciplinaridade que é a essência do saber complexo. Unidisciplinaridade. É a categoria que aponta para uma disciplina, ou seja, para a especialização de um único ramo de conhecimento. Representa o corte vertical do saber e se configura com o pensar linear. Em termos de figura pode-se aventar ser o todo conhecimento do nada na medida em que qualquer especialização é apenas um nada do conhecimento existente na humanidade. Em tese é conhecer quase tudo do nada. Pluridisciplinaridade/plusdisciplinaridade. São as categorias que tratam de várias disciplinas ou ramos do conhecimento de forma fragmentadas ou estanques, isto é, sem a junção ou ligação da multidisciplinaridade. Em geral configuram-se com o pensar ou saber linear a partir dos paradigmas cartesianos. Em geral são utilizadas pelo sistema formal de ensino seja ele público ou privado. Multidisciplinaridade. É a categoria que envolve ou distribui-se por várias disciplinas ou ramos do conhecimento de forma sobreposta uma com a outra sem as devidas e necessárias conexões que leva o saber para a transdisciplinaridade. A multidisciplinaridade representa o corte horizontal do saber. Transdisciplinaridade. Categoria que dá plenitude a interdisciplinaridade e que vai além da multidisciplinaridade por conectar ou envolver todas as categorias da complexidade do conhecimento, ou seja, proceder a conexões de conexões em uma visão holística e sistêmica. A partir do corte transversal da interdisciplinaridade imbricado ao corte horizontal da muldisciplinaridade a transdisciplinaridade vai ao encontro dos diferentes ramos do conhecimento que conformam o pensar complexo e pensar crítico. Em termos de figura pode-se dizer que é o oposto da unidisciplinaridade, isto é, conhecer quase nada da infinitude de todo o conhecimento humano. As categorias pedagógicas/andragógicas acima demandam que nas relações humanas frente ao contrato social (estado e sociedade) seja relevante para a compreensão das categorias que dão inteligibilidade a sociedade (S). 8
  • 9. A categoria de sociedade é vista nos melhores dicionários, como um “conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo ou corpo social” entre muitas outras conceituações específicas. A sociedade é objeto ou domínio de diferentes disciplinas ou ciências humanas como são a: filosofia, antropologia, paleontologia, sociologia, história, geografia, economia política, antropologia e muitas outras. Segundo Marx, contextualizado por Fossaert, “a sociedade é constituída não de produtos, nem mesmo da produção, mas, isto sim, de relações de produção, de dominação, de comunicação (ideologia)” e de classes sociais antagônicas ou não. É a partir dessa complexidade da sociedade que, a seguir, de forma muito sinótica, se pretende levar o leitor a contextualizar aquelas categorias básicas para a apreensão e o entendimento do que vem a ser a sociedade. Instância econômica– (IE). Grosso modo, a instância econômica é a apreensão da sociedade em sua relação dual entre as forças produtivas versus relações de produção correspondentes e presentes em todo e qualquer modo de produção (MP). Este, por sua vez, é o conjunto das práticas, relações e estruturas sociais de produção na complexidade da teia da vida material dos humanos na rede da sociedade. Em cada modo de produção (segundo Fossaert) o valor desenvolvimento (VD) abre possibilidades totalmente diferentes e articulações para as novas formações econômicas (FE). Em tese, as lógicas do valor que conformam as diferentes formações econômicas são: Lógica do valor de uso (VU) constituída dos tributos e do comércio distante pelo capital mercantil e, também, pelo escambo em suas diferentes formas, ou ainda por comunidades autugeridas que se guiam pelo valor ou custos de produção da mercadoria Lógica do valor de troca (VT) se dá pela sujeição formal do capital mercantil, pela formação de preço do valor da mercadoria na troca mercantil, pela sujeição colonial, pela renda capitalista e pelo capital financeiro de sujeição formal Lógica do valor desenvolvimento se processa através das articulações de trocas no capitalismo de estado ou, ainda, planificadas no socialismo de estado quando voltada para o outro e, principalmente, nas articulações de trocas na economia social comunitária. Das lógicas do valor, acima citadas, derivam redes de valores com respeito a impostos/despesas e a moeda/crédito. As formações econômicas mais conhecidas e estudadas por Fossaert e Srour são: comunitária, tributária, tributário-mercantil, antiga, escravista, servil, servil-mercantil, capitalista-mercantil, dominial-mercantil, dominial- capitalista, capitalista, capitalista-monopolista, estatal-monopolista, mercantil simples, colonial, dominial-estatal-capitalista, transição estatal-socialista, estatal-socialista. Ainda, na instância econômica, a categoria de classe social (CS) é identificada pela situação dos trabalhadores e dos proprietários em determinado modo de produção e formação econômica em que figura com 9
  • 10. vistas aos meios de trabalho e aos meios de produção. Vale salientar que no próprio âmbito dos trabalhadores e dos proprietários existem e operam estratificações que na linguagem sociológica são conhecidas como estratos sociais ou categorias sociais. Existem situações em que indivíduos configuram presença entre os proprietários e entre os trabalhadores como são exemplos os artesãos, os minifundistas (capitalistas de si mesmo) e alguns manufatureiros. Na instância econômica as classes sociais têm importância nas transferências de uma classe ou de um estrato social a outro no processo de produção de bens e serviços. Instância social–(IS). Confunde-se com a própria categoria de modo de produção na medida em que nele são articuladas as representações da sociedade como totalidade, ou seja, as relações das formações: econômica, política e ideológica para o espaço e tempo das formações sociais (FS) no sistema mundial. São naquelas instâncias que realmente se configura a teoria das classes sociais, particularmente, da luta de classes que é objeto da formação social caracterizada pelo modo de produção dominante ou hegemônico em determinado tempo e espaço. Devido ao fato da instância social identificar-se, também, como modo de produção é que se conformam os sistemas mundiais ou internacionais inclusive do globalismo. O mundo e a sociedade são construções históricas. Não se confundem com a natureza como ordem do real (N), com o planeta terra e, mesmo ainda, com as concepções do mundo sejam elas evolucionista ou criacionista. Conclui-se, pois, que a terra contempla vários mundos e várias sociedades. Sistemas mundiais são, portanto, uma demarcação para aferir os efeitos dos modos de produção e das seguintes formações que lhe corresponde: econômica, social, política e ideológica. São as articulações entre estados, povos, etnias e nações com as disfunções da revolução demográfica induzida pelos modos de produção que levam a partilha do mundo entre algumas potências que caracterizaram e caracterizam as seguintes formas no sistema mundial: antigo, mercantilista, mercantilista-colonialista, imperialista em construção, imperialista em crise, neoimperialista e, agora, sistema mundo do capitalismo que se encontra em crise sistêmica e que tende a ser superado por um outro modo de produção, ainda, não identificado ou caracterizado. Instância política–(IP). Esta trata do conjunto da sociedade na sua relação consigo mesma em todo o processo da organização social. É a forma principal de organização que a sociedade assume. Em geral sua organização principal é o estado. Outrossim, existem organizações em clãs, tribos, nações e etnias que normalmente estão representadas por um poder de estado. Os domínios do estado são defendidos pelos aparelhos de estado (AE) concebidos como: forças armadas, judiciário, financeiro, econômico, relações exteriores, administrações locais, etc. As grandes categorias de aparelhos de estado são: embrionários, militares, burocrático-cartoriais, financeiros e panificadores. Nas formações sociais cuja formação econômica é dominada por qualquer modo de produção pré-capitalista a dominação consiste no recobrimento da propriedade pelo poder. Já nas formações sociais cuja 10
  • 11. formação econômica é capitalista a dominação se dá no livre jogo do valor de troca devidamente monopolizado nas mercadorias. Fossaert e Srour em seus estudos apontam para os seguintes tipos de estado: chefia comunitária, tributário, cidade-estado (antiguidade), escravista, senhorio, principado, cidade-estado (medieval), aristocrático, aristocrático-burguês, república burguesa, república camponesa, militar- nacionalista, soviético e transnacional ora em formação pelos blocos de integração como é exemplo a União Européia. Na instância política é muito significativa a conhecida sociedade civil (SC) como conjunto de poderes organizados que, em geral, opõe-se ao estado doando-lhe ou não legitimidade e inteligibilidade. Estado e sociedade civil interpenetram-se e combatem-se dialeticamente de uma sociedade a outra em busca de hegemonia. Toda e qualquer sociedade civil é caracterizada na determinação dos tipos de hegemonia nos sistemas: econômico, político e ideológico. Ainda, na instância política há que se apreender a formação política (FP), isto é, o arranjo ou trama de poderes que se dão na sociedade para estabelecer compatibilidade com um aparelho de estado. A formação política é a relação que se dá entre o estado e a sociedade civil organizada da sociedade como um todo. Para tanto, nas formações políticas as classes sociais estão imbricadas a um jogo de determinações com posições variáveis nos aparelhos de estado emanados da formação econômica institucionalizada em organizações diversamente hierarquizadas. Nas formações políticas as classes sociais se apresentam de forma dual e oposta, ou seja, uma dominante detentora do poder do estado e outra de dominados que povoam os aparelhos de estado. Na sociedade o poder é a capacidade de determinadas classes sociais disporem de aparelhos de estado para conduzir ou reprimir segundo seus interesses as atividades dos entes humanos em sociedade. Com respeito ao poder todo aparelho de estado se confunde com o aparelho social que é um sistema organizado de pessoas e de meios materiais institucionalizados ou não. Propriedade e poder são relações idênticas e se confundem na sociedade e particularmente na instância política com vistas às classes sociais. A propriedade fundamenta o poder que a sustenta. Instância ideológica/psicossocial–(II). Esta instância se verifica no corte transversal do ente humano (EH) com a sociedade (EH/S). Todo ser humano é um animal político salvo aqueles que são idiotas, na acepção etimológica da palavra e não na acepção vulgar-preconceituosa. Os entes humanos são dotados de conhecimento reflexivo, desejam, falam, pensam, escrevem, comunicam-se, doam sentidos as coisas e a natureza, são possuidores de polegar opositor, em cada uma das mãos, além de serem bípedes com coluna vertical ereta e com tele-encéfalo altamente desenvolvido. As formações ideológicas-(FI) explicitam as relações ou vínculos que unem toda vida ideológica ou psicossocial as constrições da economia e da política. Está imbricada ao sistema de classes em que se reduzem todas as estruturas sociais. De forma sumária as formações ideológicas apresentam-se na tipologia como: teocráticas (religiosas), cidadãos, raciais, jurídicas, coloniais, nazi-fascistas, comunistas, liberais, neoliberais, socialistas, etc. 11
  • 12. Consubstanciam naquilo que se identifica como aparelhos ideológicos (AI), isto é, nas imbricações do real ao social e não existem como tais, isto é, situam-se nas entranhas das formações econômicas e misturadas no concreto das formações ideológicas. Materializam-se, em geral, em aparelhos ideológicos de: estado, religiões (igrejas), escolas, publicidade, imprensa (falada, escrita e televisa), artes, lazeres, ciências, assistenciais, associações, clubes, partidos políticos, corporações e sindicatos. Suas expressões categoriais explicitam-se em: embrionários, religiosos, escolares, governados, públicos, de pertença, de clientela, de adesão, etc. Do ponto de vista das classes sociais a instância ideológica se projeta na forma dual contraditória de reinantes ou dominantes e de mantenedores ou dominados que não são intemporais. As instâncias, acima citadas, conformam o que se chama discurso social e hegemonia inerente a qualquer sociedade e não servem de base a linguagem e a superestrutura da sociedade. O discurso social fala da pátria ou das próprias formas da integração/identificação da massa ou do povo de uma dada sociedade. Ele elucida a formação das: tribos, clães, etnias, nações, castas e as identificações das classes sociais. É de fato um sistema de valores que leva a hegemonia, ou seja, a uma ideologia dominante. Sistemas mundiais. O conhecimento e a sociedade são construções históricas. Não se confundem com o universo natural, com o planeta e menos ainda, com as concepções do mundo. Daí assegurar-se que a terra na sua biosfera contempla vários mundos e sociedades. O próprio conceito de sistemas mundiais é, portanto, uma demarcação para aferir os efeitos dos modos de produção e das seguintes formações: econômica, política, social e ideológica. Os sistemas mundiais são as articulações intercontinentais ou internacionais com as difusões da revolução demográfica induzidas pelos modos de produção que levam a partilha do mundo entre algumas potências que caracterizaram e caracterizam as seguintes formas no sistema mundial: antigo, mercantilista, mercantilista-colonialista, imperialista-monopolista, imperialista em crise, neo-imperialista ou sistema mundo do capitalismo que tende a ser superado por outro modo de produção ainda não identificado. Historicamente, o sistema mundo do capitalismo tem seu inicio com a Revolução Francesa (1789-1799), passando pelas Guerras Napoleônicas (1848-1870 quando Napoleão sonha em transformar a economia mundo capitalista no sistema mundo do capitalismo cujo contra ponto foi a criação dos estados nacionais). Em seguida a Revolução Russa de 1917 abala-se os alicerceis da formação do sistema e, no pós–guerra, vive-se a chamada Guerra Fria (1949-1998) passando pela Revolução Mundial das Desilusões de 1968 a partir da qual aquela tendência passa a consolidar-se para o que hoje se chama de globalismo. 12
  • 13. II. VELHOS E NOVOS PARADIGMAS DAS CIÊNCIAS O objetivo aqui é situar o ledor no paradigma cartesiano, (reducionista, mecanicista e determinista) e seu processo de superação por um novo paradigma que pode ser chamado de holístico, ecológico ou sistêmico. Para tanto, em termos sinóticos, busca-se a historicidade da visão do mundo pelos entes humanos e radical mudança do pensamento linear para o pensar complexo. Grosso modo, pode afirmar-se que até os anos dos grandes descobrimentos ou invasões (1492 a 1500) a visão do mundo era criacionista orgânica, isto é, se vivenciava a natureza pela interdependência dos fenômenos naturais e espirituais em termos de relações orgânicas, onde prevalecia a subordinação das necessidades individuais às da comunidade. A Igreja fundamentada na filosofia de Aristóteles e na Teologia de Tomás de Aquino estabeleceu a estrutura conceitual do conhecimento durante toda a chamada Idade Média. Aquela visão tinha por finalidade apenas o significado das coisas e não exercia quaisquer predições ou controles dos fenômenos naturais. Seu foco era as questões teístas voltadas para a alma humana e a moral. Igualmente, em pleno cisma da Igreja Católica Apostólica Romana, nasce e cresce o hedonista Francis Bacon ferrenho crítico de Aristóteles, Platão, escolásticos e alquimistas e reformula, por completo, a indução aristotélica dando a mesma uma grande amplitude e eficácia. Dessa maneira Bacon, em contraponto ao “Organon” aristotélico, expõe em sua obra “Novum organum” um novo método de investigação da natureza a partir das “Tábuas da investigação” que bem caracteriza a sua teoria da indução e seu empirismo. Em réplica a Platão, Bacon escreve a “Nova Atlântida” em cuja utopia a ciência deixa de ser um exercício de gabinete ou atividade contemplativa para se transformar em um cotidiano de árdua luta com a natureza. A partir desses escritos, Bacon redefine a visão orgânica do mundo, colocando o conhecimento em um novo plano científico cuja divisa máxima foi “saber é poder”. Este princípio lhe permitiu construir um vasto, eficaz e virtuoso sistema de idéias para o seu método do empírico de buscar a verdade mesmo violentando a natureza. Em pleno processo da acumulação primitiva do capital e do capitalismo mercantil já em transição para o renascimento surge no, continente europeu, um grande pensador, René Descartes (Cartesius), que revoluciona o mundo do pensamento e da ciência com a criação do método cartesiano com base na metafísica e na mecânica. Seu método leva a laicização do saber, isto é, a universalização do conhecimento. Ao desenvolver o princípio da causalidade Descartes, anuncia o advento de um mundo racional e positivo sobre o qual o ente humano proclama seu reinado sobre as potencialidades da natureza. Na tentativa de organizar o mundo em um domínio da natureza Descartes, tenta integrá-la em um universo de máquinas que fundamenta a idéia cartesiana. Dessa forma, Descartes desenvolve o tema da empresa inflectida na caça ao lucro e a mecanização das relações humanas e da natureza fundamentando a forma de pensar cartesiana. O seu “penso logo existo” remete o pensar 13
  • 14. filósofico a uma ordem natural inerente à progressão do conhecimento, agora, alicerçado na matemática e na geometria cartesiana, ou seja, só se considera verdadeiro o que for evidente e intuitível com clareza e precisão. Sua filosofia racional proclama a universalidade do bom senso. A filosofia cartesiana se explicita na máquina capaz de produzir todos os fenômenos do universo inclusive o corpo humano. Sua magistral obra está explicita nos seus seguintes escritos: Discurso do método Meditações Objeções e respostas As paixões da alma Cartas. Ainda, no renascimento ou iluminismo surgem dois grandes sábios Galileu Galilei e Kepler que conceberam a idéia de lei natural em toda sua amplitude e profundidade, sem, entretanto, ser aplicada em outros fenômenos além do movimento dos corpos em queda livre e as órbitas dos planetas. A partir de 1666 vem à luz à física e a mecânica celeste de Isaac Newton que matematiza e experimenta um método para a ciência de forma a unir e superar o empirismo de Francis Bacon e o racionalismo de René Descartes. Isaac Newton (matemático, físico, filosofo e teólogo) desenvolveu o método matemático das flexões com o cálculo diferencial e integral, criou a teoria sobre a natureza da luz e as primeiras idéias sobre a gravitação universal, enunciaram as leis e princípios da física com ênfase a sistematização da mecânica de Galileu e astronomia de Kepler. Dessa forma criou a metodologia da pesquisa científica da natureza, que consiste na análise indutiva seguida da síntese. Foi ainda criador da teoria do tempo e do espaço absolutos. Vale dizer que os pensadores aqui, sinteticamente, apresentados foram os grandes formuladores dos paradigmas cartesianos (reducionista, mecanicista e determinista) das ciências e que somente a partir dos meados do século XX, começaram a serem superados com o desenvolvimento da teoria da relatividade e da física quântica. Com os pensamentos de Darwin, Hegel, Marx, Engels, Freud, Einstein, Heisenberg, Planck, Bohr, Chew, Rutenford, Broglie, Schrodinger, Pauli, Dirac, Sartre, Bell, Habermas, Prigogine, Maturana, Varela, Bateson, Monod, Margulis, Grof, Lovelock, Capra e outros, dá-se o início da superação dos paradigmas cartesianos por um outro que pode ser chamado de holístico, ecológico ou sistêmico que pode ser explícito pelos critérios de: Mudança da parte para o todo - Tal critério, nesse novo paradigma, objetiva apreender as propriedades das partes a partir do todo. As partes são vistas como um padrão em um emaranhado de relações inseparáveis em forma de uma teia Mudança de estrutura para processo - No diagnóstico e prognóstico tentar-se-á apreender a realidade na dinâmica da teia, isto é, as estruturas serão vistas como manifestação de um processo subjacente e não a partir de estruturas fundamentais Mudança da objetividade real para um enfoque epistêmico, ou seja, a compreensão do processo de conhecimento na descrição dos 14
  • 15. fenômenos naturais. Dessa forma a objetividade do real passa a conter uma dependência do observador humano e do seu processo de conhecimento Mudança de construção para rede como metáfora do conhecimento. Com tal critério tenta-se fugir das chamadas leis e princípios fundamentais para uma metáfora em rede ou reticular. Na medida em que a realidade é percebida como uma rede de relações ou interfaces, passando as descrições a forma de uma rede interconexa dos fenômenos observados. Dessa maneira, o enfoque reticular ou em rede não suporta hierarquias ou alicerces Mudança de descrições verdadeiras para descrições aproximadas - É um critério de novo paradigma que não aceita a certeza absoluta e final. Reconhece que os conceitos, as teorias, as descobertas científicas e as inovações tecnológicas são limitados e aproximados. Entende que a própria realidade não pode ter uma compreensão completa, ou seja, sua apreensão depende da maior ou menor aderência do modelo ou enfoque que a apreende. O ente humano lida apenas com descrições limitadas e aproximadas da realidade. A partir dos novos paradigmas é importante compreender o novo código da época da revolução pós-industrial, da informação ou do conhecimento que se sustentam nas seguintes categorias: a) Interatividade que se constitui de vasta rede de aparelhos eletrônicos interativos onde é deslocado o poder das redes de televisão para os usuários na medida em que estes podem modificar as imagens com total liberdade e, portanto, atenuar ou erradicar a passividade do telespectador. Está imbricada ao desenvolvimento da telemática b) Mobilidade característica da comunicação em linha imediata de qualquer lugar para qualquer parte do planeta ou situação de trânsito ou lugar fixo. O imediatismo da comunicação móvel ou fixa, inserta nesta categoria, permite a efetividade da conversão ou transferência de informação de um meio para outro c) Conversibilidade ou conectividade que tem a capacidade de transformar a mobilidade de um sistema de aparelho para outro independentemente de uma marca ou país de origem. A conversibilidade é também um elo fundamental da rede interativa e sua mobilidade; d) Ubiqüidade consiste na sistemática disseminação dos sistemas de comunicação em rede pelo mundo e por todas as classes e estratos sociais dos países hegemônicos e periféricos. Esta categoria é responsável, hoje, pela divisão da população mundial em "inforrica e infopobre”, ou seja, de inclusão/exclusão digital. e) Globalidade/mundialidade aponta para as ilações de troca onde se explicitam os fenômenos políticos de mundialização versus fragmentação. Também, dá-se o sócio-econômico de exclusão versus inclusão, ou a criação de um sistema mundo onde, ainda, não se visualiza o novo rumo do existente modo de produção capitalista ou de sua possível superação ou negação histórica, por outro modo de produção que não se sabe qual é. No cenário de mudanças paradigmáticas e de globalização a educação do futuro demanda uma reconceitualização e reencantamento dos 15
  • 16. discentes tão profundas que abalam os alicerces das questões orçamentário- financeira, tamanho das classes nas organizações educacionais, formação, salários do corpo docente, conflitos curriculares, avaliações e ementas insertas nos planos pedagógicos e andragógicos. Como transformar a educação em um sistema de alta opção em termos de compatibilizar o ensino desfocado e desencontrado com a realidade evolvente e mutante é o cerne da questão educacional em rede. Vislumbra-se a tendência de as empresas venderem conhecimentos, com apoio das novas tecnologias da informação, com vistas a adequar o ensino ou adaptar a educação às novas realidades indicando novos caminhos que conduzem ao sucesso e orientam o ensino às demandas educacionais do futuro. O código da revolução da informação e do conhecimento subverte o velho código do industrialismo que foi consubstanciado nas seguintes categorias: padronização; especialização; sincronização; concentração; maximização e centralização. É nesse cenário de superação de um código por outro que a educação se projeta combinando o aprendizado com trabalho, com a luta política, com serviços comunal-associativos, com turismo e lazer, etc. Aponta para um total ou completo reexame educacional tanto nos países cêntricos como nos periféricos com vistas ao humanismo concreto como utopia a ser realizada. Edgar Morin em seu livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro" trata das seguintes questões, aqui, sinòticamente, apresentadas: a) Aprender a ser, a fazer, a viver juntos e a conhecer (produzir conhecimento) b) Visão transdisciplinar da educação como processo de construção do conhecimento comum a todas as especialidades compreendendo principalmente: As linguagens para superar as diferenças de conceito e enfoque sobre o mesmo objeto que as especialidades introduzem no processo do conhecimento O erro e a ilusão, isto é, fazer conhecer o que é conhecer ou, ainda, conhecimento do conhecimento para saber que sabe O erro e a ilusão que são diretamente condicionados por características cerebrais, mentais e culturais do conhecimento humano c) Princípios do conhecimento pertinente a: Aprender problemas globais e neles inserir conhecimentos parciais e locais Saber que o conhecimento fragmentado impede a operação da interface entre as partes e a totalidade Ensinar métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo d) Identidade terrena com as percepções: Do destino planetário do ente humano (geneticamente modificado ou não) 16
  • 17. Das comunicações imediatas entre todos os países e continentes Do destino de vida e de morte compartilhado de forma planetária e) Incertezas e inesperados nas percepções da vida e do mundo, ou seja: Preparar as mentes para esperar o inesperado para poder enfrentá-los Pensar estratégias que permitam enfrentar os imprevisto ou incertezas Ensinar a enfrentar as incertezas, isto é, "navegar em mares de incertezas em meio a arquipélagos de certezas" f) Compreensão mútua entre os humanos para uma frente vital quanto a: Reforma das mentalidades para novas percepções da vida e do mundo Compreensão da necessidade de sair do estado bárbaro da incompreensão politizando os problemas concretos Estudo da incompreensão a partir de suas raízes, modalidades e efeitos para a erradicação do racismo, da xenofobia, do desprezo e da exclusão social g) Ética e antropoética com vistas a perceber que o ser humano tem necessariamente a condição de indivíduo-sociedade-espécie, isto é: Os humanos serem simultaneamente indivíduos, parte da sociedade e parte da espécie A humanidade ser vista e desenvolvida como comunidade planetária A consciência traduzir a vontade de realizar a cidadania terrena e planetária com vistas à antropolítica. O paradigma Cartesiano-Newtoniano. Uma Síntese. A tão decantada civilização tecnológica está em crise. A técnica, o tecnicismo e a alta tecnologia, associadas a uma forma de viver moderna, igualmente técnica, mas cada vez mais estereotipada, pragmática e menos humana, está apontando para a falácia de mais uma promessa: por nos meios de produção ou no extremo desenvolvimento material a chave para a felicidade humana (hoje, tudo isso tem separado cada vez mais os humanos dos humanos e os humanos da natureza, e, também, o humano de si mesmo). Esse paradigma se caracteriza por idealizar uma realidade, ou melhor, uma concepção/visão de mundo mecânica, determinista, material e composta, ou seja, de máquina constituída por peças menores que se conectam de modo preciso. Essa concepção de mundo teve um grande impacto não só na Física, mas muito mais, pélas suas conseqüências filosóficas em: Biologia, Medicina, Psicologia, Economia, Filosofia e Política. A extrema fragmentação das especializações, a codificação da natureza, a ênfase no racionalismo, a fria objetividade, o desvinculamento dos valores humanos superiores, a abordagem mercantil competitiva na exploração da natureza, a ideologia do consumismo desenfreado, as diversas explorações com fins de se obter qualquer vantagem em cima de outros seres vivos, etc. Tudo isso têm na sociedade atual sua fundamentação filosófica numa pretensa visão “científica”. Essa visão de um universo mecanicista, reducionista e determinista numa concepção 17
  • 18. “neodarwinista” da supremacia de umas ditas classes sociais, políticas e profissionais por sobre outras, é reedição aprimorada de um discurso fascista- racista já usado pelos nazistas há algum tempo atrás. A custa de querer disciplinar e embelezar o mundo o nazismo hitleriano cometeu atrocidades e genocídios incalculáveis. O fascínio por uma estética de um mundo belo e racialmente puro levou o nazi-fascismo buscar esse propósito mesmo que para isso tivesse que destruir o próprio mundo em uma guerra moderna com objetivos antigos. O paradigma Holístico. Um Sumário. O extremo sentimento de mal- estar que muitas pessoas sentem diante dos complexos e trágicos problemas da atualidade têm levado a uma busca de um diálogo entre os vários núcleos do saber e da atividade humana. Por exemplo, a ONU, a OMS, a UNESCO, a UNCTAD e a FAO, como grandes organizações internacionais, buscam uma maneira conjunta de solucionarem muitos dos atuais problemas humanos, sem falar nos movimentos de encontro interdisciplinares e a busca pela ação cooperativa em todos os âmbitos, a medicina psicossomática e homeopática e a abordagem holística em psicoterapia, etc. É a essa busca de um sentido de conjunto, de conexões, de uma visão do TODO, que se dá o nome holismo. Desde que Descartes cristalizou, de modo definitivo, a idéia da divisão da ciência em humana e exata (ou melhor, em “Res cogitans” e “Res extensa”, o que viria a se refletir em nossa divisão em corpo e mente, etc.) tem-se visto toda uma vasta gama de atitudes e comportamentos compatíveis com a idéia dominante do universo como um sistema mecânico casualmente emergido de um caldo de matéria de modo fortuito. O desagrado ao modelo cartesiano – e da sua conseqüente visão de mundo – foi expresso de maneira clara por vários grandes cientistas em nosso século, como Albert Einstein, Werner Heisenberg, Niels Bohr e tantos outros. Enquanto, o mecanicismo cientifico vê e reduz o universo como uma imensa máquina determinística, o holismo, sem negar as características “mecânicas” que se apresentam na natureza, percebe o universo mais como uma rede de conexões e de inter-relações dinâmicas e orgânicas mesmo que em seus sentidos complementares hajam contradições não antagônicas. Sabe-se que a incrível dinâmica do mercado das tecnologias e dos conhecimentos humanos impõe desafios. É preciso mudar sempre, estar aberto às idéias novas sempre. É necessário rever constantemente os conceitos e crenças, e estar atentos e prontos a reavaliar os conhecimentos sempre abertos a aprender mais. Esse é o desafio. Não se pode confundir o real com a cópia ou com o virtual. O fato é que em todas as partes do mundo, todos os dias, pessoas reagem a propostas de mudanças que causam incertezas. Elas sempre são traduzidas nos cérebros humanos como perigo. Todos os dias, ao redor do globo, pessoas repelem novas idéias, empresas rejeitam boas soluções e propostas, apenas porque não estão de acordo com as expectativas dos conhecimentos anteriores das pessoas que tomam as decisões. Essas pessoas têm, em suas mentes, padrões já desenvolvidos de como funciona o mercado, ou a linha de produção, e assim, não conseguem enxergar nenhuma solução ou proposta que não obedeçam a esses padrões, esses paradigmas. 18
  • 19. No dicionário, paradigma significa “padrão”, “modelo”. Paradigmas são modelos que se concebe de como funciona ou é concebida alguma coisa. Está presente em tudo na vida; em nossas atividades particulares, no trabalho, na sociedade. Por exemplo. William Bridges, autor do best seller “Job shifting” (O mundo sem empregos) diz que as empresas do futuro, mesmo as grandes, não estarão baseadas em um conglomerado de empregos, mas sim em duas redes: uma de pessoas interdependentes (não-empregados) e outra de informações. Para ver através dos paradigmas, é preciso ter em mente ainda outro conceito: os paradigmas cegam, não deixam ver soluções que fujam ao padrão conhecido. Por isso, a solução costuma vir de gente de fora, de pessoas que não estavam envolvidas com os padrões antigos. Às vezes, de pessoas não especialistas. Por isso, ao apresentar-se uma proposta nova, afaste do caminho aquelas pessoas que dizem “isto não funciona”. Elas vão atrapalhar os que estão buscando novos paradigmas. Quando Henry Ford quis desenvolver o motor V-8, teve como resposta dos especialistas de que não funcionaria. Buscou, então, gente nova, engenheiros novos sem os velhos paradigmas. Isto não significa que os conhecimentos dos mais experientes devam ser desprezados. Mas também, que não se deve desprezar a visão dos mais novos. Idêntico procedimento se deu com Thomas Edison não somente no invento da lâmpada incandescente, mas no do telegrafo e outras invenções. Os cientistas gostam de pensar que contribuem para a marcha constante do progresso. Cada nova descoberta corrige deficiências, traz aperfeiçoamentos ao conhecimento e torna a verdade cada vez mais clara. Eles voltam seus olhos para a história da ciência e observam um contínuo desenvolvimento, convenientemente assinalado pelas grandes descobertas e criações. Essa visão, entretanto, é ilusória, segundo o historiador de ciência Thomas Kuhn, em seu livro “The struture of scientific revolutions” (1962). A ciência não é uma transição suave do erro à verdade, é sim uma série de crises ou revoluções, expressas como “mudanças de paradigmas”. Kuhn define “paradigma” como uma série de suposições, métodos e problemas típicos, que determinam para uma comunidade científica quais são as questões importantes, e qual a melhor maneira de respondê-las. Os estudos de Kuhn revelaram duas coisas: que os paradigmas são persistentes e que um derruba o outro de uma só tacada e não com pequenos golpes. O progresso científico está mais para uma série de transformações revolucionárias do que para um crescimento orgânico. As idéias fundamentais sobre paradigmas: O hábito é o maior inimigo do novo Novos modelos só são propostos nos “limites” da situação atual O novo só acontece se houver “força” para superar os obstáculos que virão Só enxerga-se o novo afastando-se da regra e do comportamento atual. Apresentam-se, a seguir, alguns princípios da “teoria da complexidade” para enfatizar as mudanças ou a transposição de paradigmas. Certamente, essa teoria ocupa cada vez mais espaços com a revolução do conhecimento e da informação. Mais ainda, com a física quântica e gestação 19
  • 20. de novas fontes de energia (biomassa, eólica, solar) e da economia do hidrogênio com vistas à substituição dos combustíveis fósseis, redistribuição não somente do lucro, mas também, do poder entre os humanos que vivem no planeta. A complexidade necessariamente supera o conhecimento disciplinarizado. Fala-se, não mais dos processos de produção na organização da empresa convencional, mecânica e complicada, do sistema mundo do capitalismo, mas de uma empresa viva que se autorecria por ser capaz de aprender e pensar. Isso se dá a partir das famílias que nela estão insertas, portanto, de uma empresa ou organização tão complexa como a vida ou como a sociedade humana. Para maior inteligibilidade de como funcionam essas visões da complexidade ou apreensões em rede, nos processos sócio-econômicos e nas organizações reticulares apresentam-se, sinoticamente, os princípios básicos ou características da teoria da complexidade e o holismo com vistas à contextualização e apreensão da ciência, particularmente, da economia política. Dinâmica. Com a observação dos campos de forças contrárias (impulsoras e restritivas) que pressupõem o devir e o fazer novo imbricados as categorias de: atividade, criatividade, objetividade, historicidade e agilidade. Compreende as chamadas “estruturas dissipativas” para a criatividade possível. É o modo inovador do vir a ser. A dinâmica da ciência está no fato de que enquanto mais paradigmática ela for, menos cientifica será. Não-linear. Esse princípio do pensar complexo embora aceite que toda intervenção ou criação tecnológica seja linear, na medida em que faz parte da realidade, igualmente, em se tratando de totalidades complexas, a decomposição das partes desconstrói o todo e é impraticável a partir das partes reconstruírem o todo. É preciso entender, também, que na parte de um organismo vivo está contido o todo. A não-linearidade implica equilíbrio e desequilíbrio que, geralmente, leva à substituição do velho pelo novo. Tudo está conectado. Reconstrutiva. Essa característica do pensar complexo doa sentido a produzir-se algo para além de si mesmo. A luz pode ser vista como matéria e onda dependendo do ponto de vista de quem a observam. Apenas na lógica formal linear 2+2 são iguais a 4, haja vista que se leva em conta que o primeiro 2 são dois euros e, o segundo, são dois reais seus somatórios jamais serão 4. Muito do que parece igual esconde incomensuráveis diferenças e vice-versa. A reconstrutividade sinaliza sentidos de: autonomia; aprendizagem, reconstrução e reformação. A vida não significa uma matéria nova, mas certamente, uma nova modalidade de organização da matéria. Processo dialético evolutivo. O computador não aprende, logo, não sabe errar. É máquina reversível, sofisticada, complicada, mas não complexa. O cérebro humano possui habilidades reconstrutivas e seletivas que ultrapassam todas as lógicas reversíveis. É, portanto, irreversível e complexo. A vida não foi criada, ela mesma se reconstrói. É autocriativa. Dizia Heráclito em 2000 a.C. que: “vive-se com a morte e morre-se com a vida”. Essa assertiva aponta ou compõe o desafio dialético do conhecimento sobre o cosmo e sobre a vida. Irreversibilidade. Nada se repete. Qualquer depois é diferente do antes. É não linearidade. É impossível voltar ao passado ou ir ao futuro permanecendo o 20
  • 21. mesmo. A irreversibilidade sinaliza o caráter evolutivo e histórico da natureza. O tempo-espaço são dimensões irreversíveis. Toda e qualquer realidade está muito além do que aparenta e que se pode verificar. O máximo que se pode fazer é construir um modelo de aderência à realidade. Aquilo que aparece real é muita das vezes virtual ou cópia. A natureza não doa sentido e não tem sentido em si, apenas age ou reage por causa e efeito. Intensidade de fenômenos complexos. O que bem explicita esse fato é o chamado efeito borboleta, ou seja, aquelas que esvoaçam em um continente causam um ciclone em outro ou o, também conhecido efeito dominó. Demanda relação de causa e efeito e ambivalência em sua contextualização. Sabe-se, hoje, que o mundo da complexidade é o mundo das incertezas. No caso do direito pode-se aventar que a justiça é cega, não por ser injusta e imparcial, mas porque é voltada para o que se quer ver. Esse mesmo fenômeno pode ter referência a mais valia e à alienação do trabalho. Ambigüidade/ambivalência dos fenômenos complexos. Ambigüidade refere-se à estrutura caótica, isto é, à ordem e à desordem. Ambivalência diz respeito à processualidade dos fenômenos. É o eterno vir a ser. Argumentar é questionar, é penetrar no campo de forças que constitui a dinâmica. A ambivalência subentende a existência e a simultaneidade de idéias com a mesma intensidade sobre algo ou coisa que se opõem mutuamente. Por isso a ambivalência é a tendência do construtivo no destrutivo e vice-versa com vistas à inovação e a criatividade. É o que se conhece como crise. Sob a alegação que a inteligência humana ser não-linear Pedro Demo, em seu livro “Complexidade e aprendizagem”, cita de Hofstardter o seguinte texto: “ninguém sabe por onde passa a linha divisória entre o comportamento não inteligente e o comportamento inteligente; na verdade, admitir a existência de uma linha divisória nítida é provavelmente uma tolice. Mas, certamente, são capacidades essenciais para a inteligência: Responder a situações de maneira muito flexível Tirar vantagens de circunstâncias fortuitas Dar sentido a mensagens ambíguas ou contraditórias Reconhecer a importância relativa de elementos de uma situação Encontrar similaridades entre situações, apesar das diferenças que possam separá-las Encontrar diferenças entre situações, apesar das que possam uni-las Sintetizar novos conceitos, tomando conceitos anteriores e reordená-los de maneiras novas Formular idéias que constituem novidades”. Sobre o pensar complexo e sistêmico a aluna Mirella Ferraz, junto com Aristófanes Júnior, contextualizou o tema resumindo-o nos seguintes princípios: “Tudo está ligado a tudo O mundo natural é constituído de opostos ao mesmo tempo antagônicos e complementares Toda ação implica uma retro alimentação (feedback) Toda retro alimentação resulta em novas ações Vive-se em círculos sistêmicos e dinâmicos de retro alimentação e não em linhas estáticas de causa e efeito imediato 21
  • 22. Há que se ter responsabilidade em tudo que se influencia A retro alimentação pode surgir bem longe da ação inicial, em termos de tempo e espaço Todo sistema reage segundo a sua estrutura A estrutura de um sistema muda continuamente, mas não a sua organização Os resultados nem sempre são proporcionais aos esforços iniciais Os sistemas funcionam melhor por meio de suas ligações mais frágeis Uma parte só pode ser definida como tal em relação a um todo Nunca se pode fazer uma coisa isolada Não há fenômeno de causa única no mundo natural As propriedades emergentes de um sistema não são redutíveis aos seus componentes É impossível pensar num sistema sem pensar em seu ambiente ou contexto Os sistemas não podem ser reduzidos ao meio ambiente e vice-versa”. No final de suas apresentações, em sala de aula, foram enfáticos em afirmar que, nas suas bases de conhecimento o pensar complexo mostrou que: “Pequenas ações podem levar a grandes resultados (efeitos: borboleta e dominó) Nem sempre se aprende pela experiência ou repetição O autoconhecimento se dar com ajuda do outro Soluções imediatistas podem provocar problemas ainda maiores do que aquele que se tenta resolver Toda ação produz efeitos colaterais Soluções óbvias em geral causam mais mal do que bem É possível pensar em termos de conexões, e não de eventos isolados O imediatismo e a inflexibilidade são os primeiros passos para o subdesenvolvimento, seja ele pessoal, cultural e grupal”. 22
  • 24. OUTROS CONCEITOS SOCIOLÓGICOS IMPORTANTES Ainda, nessa visão prévia dos paradigmas nas ciências, para criação de uma base de conhecimento, faz-se menção à conceitualização e contextualização de termos usuais, no cotidiano das pessoas, e que muito contribuem para uma consciência crítica da realidade brasileira. Brasileiro. Etimologicamente, contrabandista de pau-brasil tornou-se o gentílico, no Brasil, por exclusão social, haja vista que, na língua portuguesa, o sufixo “eiro” é um sufixo de atividade (pedra=pedreiro, ferro=ferreiro, maconha=maconheiro, etc.) e não de gentílico. No caso concreto do Brasil o gentílico devia ter sido brasilês, para os homens e, brasilesa, para as mulheres. Igualmente, por falta de uma identidade para os cafuzos, curibócos, mamelucos, caboclos, etc. (que deram origem ao povo brasileiro), os portugueses de além mar, por discriminação social e, pejorativamente, os apelidaram de brasileiros que, na época eram conhecidos os contrabandista do pau brasil. Sociodiversidade. Etimologicamente, sócio é aquele que compartilha, associa ou participa em conjunto de algo e, diversidade, é a qualidade do que não é igual ou semelhante, ou seja, aquilo que é diferente ou distinto. A sociodiversidade é a qualidade de mestiçagem de diferentes pessoas com culturas, religiões, raças, estamentos sociais e etnias diversificadas e que convivem de forma não antagônicas. O Brasil por ser detentor de um povo novo, (Darcy Ribeiro) é uma das maiores e bem sucedidas nação em termos de sociodiversidade (semelhante a Cuba) e tolerância social. Chega-se ao extremo de, em um mesmo local, coexistirem e conviverem status sociais de indigentes e lumpens com grandes burgueses ou status sociais de alta renda. Exclusão social. Fenômeno causado pelo metabolismo do capital no sistema mundo capitalista, ora vigente e que exclui incomensurável número de pessoas dos processos de trabalho e de produção e circulação dos bens e serviços ofertados pelas empresas ou unidades de produção e de circulação de mercadorias. Ela gera, também, em nível mundial, resistências com vistas ao seu inverso, ou seja, a inclusão social e que batem de frente com as forças motrizes do metabolismo do capital (lucro e poder) na expectativa de uma antropolítica. Enquanto a inclusão social trata da ação de inserir, envolver ou introduzir os entes humanos no sistema mundo do capitalismo, a exclusão social, própria do metabolismo do capital, é a ação de descartar os seres humanos dos processos de trabalho transformando-os em coisas. Priva-os de ser do sistema e de sua cidadania. Embora, a exclusão social não signifique pobreza vale lembrar que a maioria da população brasileira, está inserta em um dos mais aberrantes e ignóbeis processos de pobreza. Nele apenas 15% são do país e do mundo e os 85% restantes apenas estão no território sob o manto da mais irracional e perversa concentração de renda, e da riqueza. O Brasil, segundo dados da ONU, só perde em concentração de renda, no mundo, para o mais miserável país do planeta, segundos dados de IDH da ONU que é Serra Leoa no Continente da África. A exclusão social, no Brasil, tende, também, para a exclusão digital, ou seja, no sistema tecnológico da informação, via satélites, e da nanotecnologia sob a ótica da física subatômica. Esta, inclusive muda a visão do mundo e do cosmo descartando o pensamento linear e a visão criacionista da vida no planeta. 24
  • 25. Racismo e sexismo. Qualquer bom dicionário explicita que o racismo configura um conjunto de teorias e crenças com vistas à discriminação entre as raças e entre as etnias e o sexismo é a atitude de se discriminar pessoas com fundamento no gênero, ou melhor, dizendo, na forma de comportamento sexual de um ser humano. Do ponto de vista da economia política o racismo tem a finalidade de manter as pessoas dentro do sistema econômico-social como inferiores e que podem e devem ser explorados economicamente. Isso se dá com os migrantes e imigrantes nos países cêntricos no processo incessante de acumulação de capital e, por isso, são vistos como atrasados, baderneiros ou bárbaros. Para tristeza dos antropolíticos os cientistas políticos e sociais vêm transformando o racismo em uma questão básica de legislação formal em vez de contextualizar as raízes dos privilégios, dele oriundos, que permeiam as sociedades e que dizem respeitos a todas as suas instituições e organizações inclusas nelas a do saber. Esquece-se que a luta contra o racismo é indivisível e que deve ser extipardo em quaisquer das formas em que se apresente. O sexismo é a maneira pela qual o sistema mundo capitalista discrimina o gênero feminino nos processos de produção e, conseqüentemente, no processo incessante de acumulação de capital onde as mulheres quase sempre têm remuneração mais baixa que os homens para a mesma atividade. O racismo e o sexismo são, sem dúvida, as formas pelas qual o neocolonialismo impera no sistema mundo do capitalismo. Universalismo e particularismo. Não se pode deixar de trazer, para contextualizações, os conceitos de universalismo e de particularismo sob o ponto de vista das ciências sociais, em particular, da economia política. O conceito mais amplo de universalismo é aquele que o apresenta como doutrina ou crença que afirma que todos os humanos estão destinados a salvação eterna em virtude da bondade divina. Outro é aquele inspirado pelo iluminismo que só reconhecem como legado universal aquilo que é patrimônio de todos. Já do ponto de vista de determinados segmentos das ciências sociais universalismo é supostamente a visão que se tem de existirem leis, normas, valores ou verdades que se aplicam indistintamente a pessoas, grupos ou sistemas históricos no tempo e no espaço. Essa concepção é muito utilizada, pelos defensores do sistema mundo capitalista para perpetuar o processo incessante de acumulação de capital quando coloca como universal aqueles valores que são criados ou observados, primeiramente, pelo centro hegemônico do sistema de acumulação ou de potência imperial. De um ponto de vista da economia política e da sociologia os conceitos acima citados levam a crença de existirem pelo menos três variedades de universalismo, isto é: o religioso, o humanista-científico e o imperialista. Daí os universalismos se prestarem para oprimir as pessoas que, em troca, se refugiam em particularismo como bem explica Wallerstein. “Os particularismos, por definição, negam os universalismos”. Daí existirem, também, múltiplos particularismos, ou seja, “aqueles reinvidicados pelos atuais derrotados nas corridas do universalismo”. Aqueles “dos grupos em declínios” sejam eles: raça, classe social, etnia, língua e religião. Aqueles oriundos “dos grupos persistentes situados no fundo da escala, independentemente de como sejam definidos” sejam eles párias ou não do sistema mundo capitalista que são “os negros, os ciganos, os harijan, os burakumin, os índios, os aborígines e os pigmeus”. Aqueles formados por “esnobes esgotados que se orgulham da sua elevada cultura” e mesmo pregam a vulgaridade das massas, ou melhor, 25
  • 26. traduzindo das pessoas comuns e, por fim, aqueles “constituídos pelas elites dominantes”. Notável é que, segundo Wallerstein, tanto os universalismos quanto os particularismos são governados pela lei aristotélica do terceiro excluído e são, em geral, focos centrais das lutas políticas. Para tanto, vale citar a assertiva de Wallerstein “universalismo e particularismo são definidos como antinomia crítica que podemos usar para analisar toda ação social; todos temos de escolher, de uma vez por toda, entre dar prioridade a um ou outro. Isto tem sido útil, para os vencedores e nada útil para os derrotados”. Novos mapas geopolíticos da globalização/mundialização e da integração Sul-americana. Sob esse prisma os Textos, de um modo geral, remetem o leitor para o tema em epígrafe, chegando a contextualizar possíveis cenários para o presente século. Discorre sobre o caos estrutural do sistema mundo do capitalismo e sua possível ruptura ou substituição. Procura, ainda, mostrar a inserção do Brasil no chamado mundo globalizado. Discutem-se as grandes contradições do sistema mundo capitalista, em particular, aquela existente entre o capital mudializado versus trabalho local e descartável.. Com respeito à integração dos países da América do Sul, FIGUEROA, de forma explícita leva o leitor a concluir, acreditar e ter esperança que a integração dos países da América do Sul deve processar-se a partir do social e não pelo econômico como se pretende no MERCOSUL ou AMERCOSUL. Claro que o autor desta introdução concorda totalmente com as teses do seu mestre e amigo e, por isso, contextualiza-as em sala de aula e em conferências. Lamenta não ver os livros do mestre publicados em português e divulgados nas universidades brasileiras. Políticas públicas. Como se sabe política vem do grego “polis” que significa cidade, cidadania, cidadão, estado. Como ciência, trata do estado, do poder e do governo em termos de regras, normas, leis e direito. Seu antônimo é idiota que, também, vem do grego “idios” que significa único, singular, privado. O termo tornou-se pejorativo e é remetido para pessoa que carece de discernimento, imbecilizada ou, ainda, vaidosa e estúpida. A palavra apolítica, confundida como antônimo é, em si, uma política de quem assim se julga, na medida em que todo e qualquer ser humano é por natureza social, portanto, político salvo os autistas e os esquizofrênicos. Estes por serem idiotas (na acepção etimológica da palavra), vivem em mundos criados por suas mentes. Nas formas como podem ser contextualizados os sentidos de políticas públicas o leitor pode até não aceitar a prática da etimologia do termo público. Todo e qualquer estado é capturado ou tomado por classes sociais, muitas das vezes, antagônicas, e, portanto, carece da essência de público que remete ou pertence ao povo, a uma coletividade. Como o estado é capturado por classes patrimoniais e elitistas, como no Brasil, a essência do público se esvai e transforma-se no seu oposto, isto é, no privado. As leis votadas pelo poder legislativo (que, no Brasil, nada tem de participativo para ser representativo) são interpretadas e julgadas pelo poder judiciário (no Brasil, onisciente, onipotente e onipresente) doam sentido a privatização do estado pelos três poderes, em particular, pelo executivo. O estado é, no Brasil, possuído por uma irrisória minoria de plutocratas, burocratas, meritocratas e cleptocratas (que em conjunto se dizem democratas) e que impõem à nação, como um todo, as suas vontades. Na prática a moral ditada pela minoria elitista que capturou e controla o estado, com seus respectivos poderes, doam sentido a construção de um país nanico ou de uma nação para outras de excluídos e 26
  • 27. prostituídos, ou seja, possuídos por outros, em vez de um Brasil Grande de Incluídos que configure uma nação para si e que faça jus a ter políticas públicas que doem sentido a cidadania do seu povo. Terrorismo e violência. De um ponto de vista crítico das classes sociais despossuídas e oprimidas, no sistema mundo do capitalismo, o conceito de violência pode e deve ser contextualizado a partir da violência instituída pelo estado nacional contra seu povo e que o obriga a praticar a contra-violência ou criminalidade, hoje, sem controle, que se vive no Brasil e, também, no mundo. O estado e o governo brasileiro praticam contra a população do país uma violência de tal monta que obriga as massas despossuídas e oprimidas (política, econômica e socialmente) viverem uma autêntica guerra civil disfarçada, camuflada e mantida pelo próprio estado e pelo governo. Vale esclarecer que, em nenhum momento, se deve confundir o estado com o governo sob pena de não se entender a presente crise política. Mesmo, as crises passadas onde os poderes das elites civis e militares costumavam resolvê-las pelas armas impondo suas medíocres vontades às massas. Esse fato se deu desde a invasão dos europeus no continente sul- americano e, muito em particular, no território que, hoje, se chama Brasil. A dominação, pela medíocre elite, já tem 500 anos onde se muda apenas a forma. Quanto ao terrorismo que se vivencia, em nível mundial, também, pode ser contextualizado a luz do conceito de contra-terrorismo na medida em que a análise parta dos oprimidos e vencidos pelas ações unilaterais do terror de estado praticado pelos Estados Unidos com ou sem apoio da Inglaterra, da Itália, do Japão, do Canadá e da Austrália que conformam os países mais beligerantes do mundo. Que falem os vietnamitas, coreanos, somalis, sérvios, kosovares, bósnios, iraquianos, afeganes, palestinos e muitos outros povos submetidos aos horrores do terrorismo de estado. Também, Israel com sua política genocida contra os palestinos é um bom exemplo de terrorismo de estado. Na América do Sul, a Colômbia, por ter 40% do seu território “como terra de ninguém”, serve de cavalo de tróia para os interesses invasores dos Estados Unidos na Amazônia, principalmente, a brasileira. O Paraguai facilita a presença dos norte-americanos, na tríplice fronteira, com vistas a garantir para os Estados Unidos, via ONU e Empresas Transnacionais à posse e controle das maiores jazidas de águas doces subterrâneas do planeta que é o conhecido aqüífero Guarani. Na prática, as ações terroristas ou as de contra- terror, praticadas em todo o mundo, por distintos povos, são sem dúvida, um contra-terrorismo ao terror de estado praticado pelos Estados Unidos e seus sócios beligerantes do G7 e da OTAN contra a vontade dos povos por eles oprimidos. Não se tem dúvida, que o fim do terrorismo de estado, também, levará ao fim o terrorismo ou ações contra-terror praticadas por organizações ocultas, sem cara e sem território, que usam inclusive seres humanos bombas para seus fins. Meritocracia. Significa etimologicamente o predomínio numa sociedade, na organização, no grupo no estado a ocupação daqueles que têm mais méritos, isto é, os mais bem dotados, os mais trabalhadores, os mais meritosos pessoalmente. Contrapõe-se ao conceito do homem medíocre, ou seja, do homem médio. Na prática, os sistemas meritocrático, institucionalizados nas sociedades, ajudam apenas a uns poucos (muitas das vezes medíocres) obterem acesso a posições que não merecem. De um modo geral, permite os muitos obterem status e posições na base “de quem indica” 27
  • 28. ou de outros atributos como nepotismo (nada meritório) sob o manto de terem obtidos por mérito. É na prática, do sistema mundo do capitalismo, uma forma para-facista de discriminação que leva ao racismo-sexismo acima conceituado. Para concluir, esta visão prévia dos paradigmas convém lembrar que o sistema mundo capitalista passa pelos seguintes dilemas: a) Acumulação incessante de capital em declínio e sob ajustes de baixar os custos de produção, descobrir novos produtos e encontrar novos compradores b) Legitimação política em declínio cujos ajustes estão nas lutas de classes, na participação política em eleições e na redistribuição de impostos cada vez mais crescentes pelos estados nacionais c) Agenda cultural indefinida caracterizada por ajustes entre individualismo versus hedonismo econômico, universalismos versus racismo- sexismo e multiculturalismo versus transgressões das fronteiras culturais. Note-se que os dilemas supracitados se dão ou estão insertos nos seguintes clivares do sistema mundo do capitalismo: a) TRÍADE onde a União Européia, os Estados Unidos e o Japão buscam harmonizar suas contradições no âmbito dos conflitos de mais competição e monopolização de mercado, dentro do sistema mundo do capitalismo e entre os estados nacionais na busca do processo incessante de acumulação de capital ou perseguição ao lucro e poder a custa de tudo e de todos em desenfreado consumismo b) CONFLITO NORTE-SUL. No Norte além da tríade estão todos os países desenvolvidos da OCDE sob a hegemonia do G7 e, no Sul, os países tampões, os países entrepostos e os países espectros (no dizer de Rufin) além das terras de ninguém do norte da África, da Colômbia e do Haiti. O Brasil, no fórum da OMC, lidera o G20 em contra posição ao G7 e a OCDE. Desse conflito fazem parte, também, as instituições internacionais opressoras dos países pobres como são exemplos o FMI, o BIRD, a OMC e a própria ONU cujo Conselho de Segurança é manipulado pelos Estados Unidos como país hegemônico c) CONFLITO DAVOS-PORTO ALEGRE. De um lado está o Fórum Econômico Mundial (FEM) formado pelos mais renomados capitalistas do mundo e de representantes dos estados nacionais, criado em 1971 em Davos, na Suíça. O FEM é conhecido popularmente como o “espírito de Davos”. Do outro lado o Fórum Social Mundial (FSM), criado em 2001 na cidade de Porto Alegre, no Brasil, e que em janeiro de 2010 estava em sua décima edição em Porto Alegre. Saliente-se que o FSM reúne mais de 250.000 participantes na busca de uma nova ordem mundial em um cenário de antropolítica. Em contraposição ao FEM o FSM é conhecido como “o espírito de Porto Alegre O QUE VEM A SER MODELO EM COMUNICAÇÃO? A resposta a esta questão pode-se, grosso modo, afirmar-se que modelo em comunicação, com vistas à publicidade e a propaganda, se fundamenta em construção e reconstrução metodológica para investigação de 28
  • 29. propaganda e discursos: produzidos e em produção como explicitações de interpretações metodológicas. Busca assemelhar-se ao discurso científico entendido como uma “aventura cognitiva, ou seja, a narrativa da busca que realiza o sujeito discursivo, de um objeto de valor, no caso, de certo saber” (Greimais, citado por Lopes, Maria Immaculata in Pesquisa em comunicação). Segundo, ainda, Lopes, os componentes do modelo metodológico têm as seguintes instâncias da pesquisa: epistemológica, teórica, metódica e técnica. Não obstante, o que vem a caracterizar um modelo em comunicação são as atividades que objetivam: a) Nas instâncias metodológicas: vigilância epistemológica, quadros de referência teórica, quadros de análise metódica e construção de dados da técnica b) Nas operações metodológicas: ruptura epistemológica, construção de objeto científico, formulação teórica do objeto, explicitação conceitual, exposição, causação, observação, seleção e operacionalização. Os componentes sintagmáticos do modelo metodológico em comunicação (relação entre unidades da língua que se encontra na cadeia da fala e não podem se substituir mutuamente ou sucessão dos elementos de uma mensagem) são expressos em: a) Fases metodológicas compreendendo: definição do objeto com sua respectiva teorização, observação a partir de técnicas de investigação, descrição com vistas as suas técnicas e métodos e interpretação b) Operações metodológicas com foco: no problema, no quadro técnico de referências, nas hipóteses, nas amostragens, nas técnicas de coleta, nas análises descritivas e interpretativas e, fora da interpretação, nas conclusões e na bibliografia. Wolf, Mauro em seu livro “Teorias da comunicação” trata dos seguintes modelos nas teorias comunicativas: a) Modelo comunicativo onde a transferência da informação efetua-se da fonte do destinatário e que segundo Shannon, (citado por Wolf), obedece ao seguinte esquema: 29
  • 30. c Fonte de Destinatário informação Mensagem Mensagem Sinal Sinal Transmissor Captado Receptor Fonte de ruído Esse modelo, nas palavras da dileta aluna Thalita Brayner de Barros, nos diz que: “uma fonte emissora, que é vista como detentora do poder de decisão, seleciona uma de entre um conjunto de mensagens que são formados por signos, essa mensagem é transmitida mediante a emissão de sinais ou estímulos físicos (ondas sonoras no ar, ondas de luz, impulsos eletrônicos ou toques), através de um canal eletrônico ou mecânico. Os sinais são recebidos por um mecanismo receptor, que também os decodifica ou decifra, isto é, reconstrói os signos a que correspondem os sinais. Assim, a mensagem é recebida pelo destinatário. Interferências físicas podem ocorrer durante a transmissão, chamadas genericamente de ‘ruídos’, que podem fazer com que a mensagem nem sempre se transmita fielmente. Distorção do som ou interferências numa linha telefônica são exemplos de ruído que ocorre dentro do canal, porém, o ruído pode ser qualquer coisa que torna o final pretendido mais difícil de decodificar com exatidão. A sobrecarga dos canais, também, conspira contra uma transmissão fiel. Em troca, a redundância e a repetição reforçam a fidelidade da transmissão”. b) Modelo semiótico-informacional que tem um valor heurístico (arte de inventar, descobrir, criar fatos) muito relevante na comunicação na medida em que é indispensável englobar tanto na estratégia da análise quanto nos mecanismos comunicativos com vistas à determinação dos efeitos macrossociais. Esquematicamente, tem o seguinte diagrama: 30
  • 31. Canal (Fonte) Mensagem Mensagem Destinatário Mensagem Emissor emitida como recebida recebida significante que como como veicula certo significante significado significado Código Código Sub-códigos Sub-códigos Eco–Fabbri e outros, 1965 Do ponto de vista da estudiosa aluna Keury Karoline “como a semiótica é voltada para o campo informacional essa teoria começou a desenvolver-se. Os fatores semânticos foram introduzidos através do conceito de código. Com isso, a questão da decodificação, a forma com que o público interpreta a mensagem através da comunicação de massa. O espaço entre a mensagem e o significado dessa mensagem que é atribuída pelo destinatário tornou-se mais complexo. Entrando tanto do ponto de vista semiótico quanto sociológico, justificando a interpretação feita pelo destinatário. Ou seja, o grau de compartilhamento das competências relativas aos vários níveis, que criam à significação da mensagem, leva a mediação entre o indivíduo e a comunicação de massa”. c) Modelo semiótico-textual apresenta um instrumento mais adequado para interpretação de problemas específicos da comunicação de massa. Sua relação comunicativa se dá no entorno do conjunto de práticas textuais, ou seja, na assimetria dos papéis do emissor e do receptor. Insere-se no paradigma saber-fazer versus saber-reconhecer na articulação entre emissor e receptor derivados do modelo semiótico-informacional acima esquematizado. No dizer de Keury, o modelo semiótico-textual preocupa-se com algumas características que são específicas da comunicação de massa, ou seja, “a mensagem passou a não ser o objeto principal de estudo, mas sim a relação comunicativa que é construída em torno de conjuntos de práticas textuais ... na dinâmica que existe entre o emissor e o destinatário, ou seja, liga a estrutura e expõe os percursos interpretativos que o receptor tem que atualizar. Não se preocupa só com a mensagem, mas com o entendimento da mesma por parte do destinatário”. A aplicada aluna Flávia Neuma, também em exercício em sala de aula, fez menção, de forma muito sinótica, aos seguintes modelos funcionalistas dos norte-americanos: “Lasswell: apresenta funções de vigilância (informativa função 31
  • 32. de alarme); de correlação das partes da sociedade (integração) e transmissão de herança cultural (educativa)”. “Wright: apresenta uma estrutura conceitual que prevê funções e disfunções dos meios, sendo que essas funções podem ser latentes ou manifestadas”. “Lazarsfeld e Merton: apresenta outras funções como a atribuição de status (estabilizar e dar coesão à hierarquia da sociedade); a execução de normas sociais (normalização) e o efeito ‘macrotizante’ (que seria uma disfunção)”. Note-se que para os funcionalistas, acima citados, o sistema social é entendido como um organismo cujas partes desempenham funções de integração e de manutenção dos sistemas aos quais os modelos aderem como interpretação da realidade. Por isso ela adverte que “a natureza organísmica da abordagem funcionalista toma como estrutura o organismo do ser vivo composto de partes, e no qual cada parte cumpre seu papel e gera o todo, tornando esse todo funcional ou não”. Conclui Flávia, que os modelos “têm como centro de preocupação o equilíbrio da sociedade, na perspectiva do funcionamento do sistema social no seu conjunto e de seus componentes”. Em tese os funcionalistas em seus modelos lineares formulam as seguintes perguntas: Quem? (comunicador) Diz o quê? (mensagem) Em que canal? A quem? (audiência) Com que efeito? Thalita em sua pesquisa sobre modelos de comunicação, como exercício da disciplina, discorreu sobre o modelo de Westley e Maclean da seguinte maneira: “Esse é um modelo gerado especificamente para a comunicação humana de massa de categoria mais ou menos mecanicista. O modelo de Westley e Maclean funciona da forma seguinte: A e B são o comunicador e o receptor; podem ser indivíduos, ou governo e o povo, X faz parte de seu ambiente social e encontra-se mais próximo de A do que de B. C é a função editorial-comunicativa, isto é, o processo de decidir o quê e como comunicar. Um exemplo prático desse modelo é; vamos dizer que A é um repórter que envia uma história a C, a redação do seu jornal. Os processos editoriais e de publicação (que estão contidos em C) trabalham então essa história e transmitem-na a B, o público. Neste modelo, B não tem qualquer experiência direta ou imediata de X, visto que não existe uma relação direta com A, por que antes da mensagem chegar a B ela passa por C. Segundo Westley e Maclean, os mass media aumentam o meio ambiente social com que B precisa de se relacionar e fornecem, ao mesmo 32
  • 33. tempo, os meios atravéz dos quais essa relação ou orientação opera. Nesse modelo A e C desempenham papéis dominantes e B está a serviço deles. Embora a necessidade de informação e de orientação de B tenha aumentado na sociedade de massa, os meios para satisfazer essa necessidade foram restringidos, tendo o mass media como o único meio disponível. Dessa forma B torna-se totalmente dependente dos mass media. Porém é importante ressaltar que esse modelo não leva em conta a relação entre o mass media e os outros meios que usamos para nos orientarmos ao nosso meio ambiente social”. Esses tipos de modelos tratam de relacionar a parte física da comunicação com os processos mentais das pessoas que se comunicam. Neles existem um esforço no sentido da humanização dos modelos mecanicistas. Ainda, em sua pesquisa, a aluna Thalita, apresenta os modelos psicológicos em comunicação tanto de Berlo como o de Hovland que se reproduz na íntegra de como foi escrito e apresentado em aula. “O modelo de Berlo supõe que a comunicação é um processo e tem uma estrutura cujos elementos estão relacionados em forma dinâmica e influentes. Ele utiliza os elementos básicos de Shannon e Weaver (fonte, mensagem, meios e receptor). Além dos ruídos que podem afetar a fidelidade da mensagem, Berlo indica alguns fatores da fonte e no receptor que também podem afetar a fidelidade. Esses fatores são: A experiência: referem à capacidade analítica da fonte saber seus propósitos e a sua capacidade para codificar as mensagens expressando sua intenção. Se destaca particularmente o domínio da linguagem, e a habilidade verbal da fonte para falar e escrever bem. A fidelidade da comunicação aumentará na medida em que a fonte possui as capacidades comunicativas necessárias para codificar com exatidão suas mensagens e expressar assim seus propósitos. As atitudes: a fidelidade da comunicação é afetada por três tipos de atitudes que apresenta a fonte: a atitude em direção a si mesmo ou autopercepção; a atitude em direção ao tema que trata ou mensagem, e a atitude em direção ao receptor. Quanto mais positivas essas atitudes maiores serão a fidelidade, desde que a fonte mostre confiança em si e valorize sua mensagem que foi passada ao receptor. Ao perceber uma atitude positiva na parte da fonte em direção a ele, tenderá a aceitar a mensagem enviada. O conhecimento: refere-se ao nível de conhecimento da fonte tanto a respeito do tema da mensagem como no processo de comunicação. O conhecimento do processo de comunicação afetaria a conduta da comunicação de maneira que quanto maior o nível de conhecimento maio a fidelidade O sistema sociocultural: refere-se à situação da fonte num contexto cultural e social determinado. Esta posição condicionará os papéis que desempenham suas expectativas, seus prestígios, etc. Tudo isso tem impacto na forma em que a fonte comunica. Em termos gerais, a fidelidade da 33
  • 34. comunicação será maior se os contextos socioculturais da fonte e o receptor são semelhantes”. Já o modelo de Hovland, segundo ela, “tem como intenção organizar os elementos e variáveis de mudança de atitude produzida pela comunicação social. No seu modelo, o comunicador tem como objetivo mudar a atitude do receptor. Ele pode usar três fontes de troca: Poder: a força, o controle de recompensas e castigos. Isto causa submissão mas só dura enquanto apresenta a força quando a mudança não se internaliza. Atraente: ser bonito fisicamente, amável, parecido com quem quer mudar os valores e as crenças, de modo que o receptor se identifique. E, também, deve ser familiar. Isso resulta em um atrativo mas não se internaliza Credibilidade: quando vemos uma pessoa entendedora, que sabe sobre ele e que fala a uma pessoa honesta. A confiança e a experiência influenciam muito, também, o estado ou o prestígio. Isso causa internalização em longo prazo. Modelo de comunicação e mudança de atitude de Hovland Pelo seu trabalho pode-se deduzir que os efeitos na mudança de atitude de uma pessoa dependem de diversas circunstâncias, relacionado às fontes que emitem e sua credibilidade, com a natureza da mensagem e sua capacidade comunicativa, ao mesmo tempo, com as características do receptor (afinidade/ oposição com a fonte, nível de formação, etc). Por causa disso, para conseguir que os estímulos alcancem a resposta da mudança de atitude, o processo da comunicação persuasiva deve ter em mente as circunstâncias dos atores e do cenário. Como as audiências não são semelhantes, a 34
  • 35. mensagem, sua definição retórica e complexidade, dependerão em cada caso, do tipo de receptor e de seu ambiente, para que os efeitos da mudança de atitude possam ser verificados. Para Hovland não há causalidade entre o que a mídia diz e o público faz – há sim todo um contexto social, cultural, situacional e temporal”. 35
  • 36. III. SINOPSE DAS PRINCIPAIS CIÊNCIAS SOCIAIS. Para maior e melhor inteligibilidade do que são ciências sociais vale apenas refletir sobre o que é ciência e seus epítetos? Por ciência entende-se o conhecimento ou saber atento de um ou mais ramos do conhecimento de forma contínua de suas leis, da reflexão e da experiência insertas em um processo racional de descoberta, de criação, e de técnica usado pelo ser humano para relacionar-se: consigo mesmo, com a natureza e com o cosmo. Para tanto, sistematiza o conhecimento ou o saber que se adquire via repetição, observação, identificação, pesquisa e formulações lógicas, metódicas, técnicas e racionais. Por seu complexo conceito, a ciência é dotada de grande epitetismo como por exemplos: humanas, sociais, políticas, abstratas, concretas, puras, aplicadas, biológicas, econômicas, exatas, morais, normativas, etc. No caso específico da conceituação das ciências sociais pode-se dizer que são aquelas ciências humanas ou disciplinas, que tratam dos aspectos do ser humano não somente como indivíduo, mas principalmente, como: ser social (sociologia), político (pelo campo público e do poder), ético (pelo campo privado), econômico (pela economia política e o processo de produção), antropológico (pelo campo de ser humano), histórico (pela evolução e pelas civilizações), paleontológico (pelas formas de vida passadas), biológico (por ser vivo e animal), filosófico (por pensar a vida, a razão de ser, a alienação e a consciência), ecológico (por ser da biosfera), psicológico (pela mente e emoções), mitológico (pelos mitos, signos e rituais), etc. Note-se, também, que todas as ciências sociais, as técnicas, e todas as ações e atividades humanas científicas ou não, estão insertas na trama da cultura. Feita essa introdução sobre o que é ciência, seus epítetos e ciências sociais procede-se a seguir, de forma sinótica, a descrição do objeto das principais ciências sociais e, em algumas delas, o que dizem seus principais pensadores. SOCIOLOGIA É a ciência que tem como objeto o estudo científico da organização e do funcionamento das sociedades humanas e das leis fundamentais que regem as relações sociais, as instituições, etc., assim como, a análise de determinados comportamentos sociais. Os campos de interesse da sociologia resumem-se em: Análise sociológica da cultura e sociedade, assim como, da perspectiva sociológica e do método científico Unidades fundamentais da vida social tais como: atos e ralações sociais, personalidades do indivíduo, grupos quanto a castas, classes, etnias, raças e religiosidades, comunidades, associações organizações e populações Instituições sociais básicas, como por exemplos: família, parentesco, atividades políticas e econômicas, jurídicas, religiosas, educacionais, científicas, diversionais e estéticas 36