O documento discute a transição do mundo medieval para o mundo moderno na Europa Ocidental. Apresenta cinco rupturas principais: 1) na organização social e política com a contestação da autoridade do clero e da nobreza; 2) na organização econômica com o surgimento do capitalismo; 3) nas artes com o Renascimento e o Barroco; 4) na filosofia com o racionalismo e empirismo; 5) na religião com o humanismo imanentista substituindo a transcendência cristã.
2. Dois amores construíram duas cidades: a cidade terrestre procede do amor de si até ao desprezo de Deus; a cidade celeste procede do amor de Deus levado até ao desprezo de si...Santo Agostinho (A Cidade de Deus)
4. DIVISÃO DA HISTÓRIA A história é contínua, não tem sobressaltos A escolha das datas é arbitrária, mas delimita cenários históricos de certo modo homogêneos O nome dado ao período pode representar uma opção ideológica Cada civilização carece de uma divisão diferenciada O MUNDO MODERNO
6. Fatos que marcam o início da modernidade Queda de Constantinopla Guerra dos Cem Anos O MUNDO MODERNO
7. Eventos modernos que mudaram a história As grandes navegações A criação da imprensa O MUNDO MODERNO
8. Continuidade e ruptura Se, por um lado, as conquistas da modernidade nasceram de uma evolução da Idade Média; há, por outro lado, sinais de ruptura, de clivagem com o mundo antigo: na organização social e política na organização econômica nas artes na filosofia na religião O MUNDO MODERNO
10. Organização social e política A sociedade medieval se organizava sob a forma hierárquica: O MUNDO MODERNO
11. Organização social e política Os três “estados” possuíam hierarquização própria. A distribuição da autoridade refletia, ora a dignidade, ora a especialidade do indivíduo na sociedade, sendo possível transitar de um estado a outro. O clero: Papa, bispos, padres, religiosos, etc. A nobreza, com os títulos: condes, marqueses, etc. O povo: burguesia, camponeses e artesãos O MUNDO MODERNO
12. Organização social e política Na modernidade, a hierarquização passa a ser vista como algo a ser contestado. O processo será lento e se concentrará, nos primeiros “rounds”, na contestação da autoridade: primeiro do clero, depois da nobreza. O MUNDO MODERNO
23. Organização econômica Do mercantilismo ao capitalismo A formação de grandes somas de capital robustece a burguesia e tumultua o equilíbrio da hierarquização popular. Deturpação do valor moral da riqueza. Fenômeno da massificação. Desenraizamento. Perda da identidade com o cantão em favor dos estados nacionais. O MUNDO MODERNO
43. Na filosofia A idéia se impõe à realidade Na Renascença, uma releitura do legado filosófico clássico dá à luz um neoplatonismo que rebaixa o papel da realidade, colocando-a mercê da idéia. “Duvido, logo penso, logo existo” Não se conhece mais a coisa em si, mas o conhecimento da coisa. Com a realidade sendo determinada pelo sujeito, não pelo objeto, cada um poderá ter sua própria verdade. O MUNDO MODERNO
44. Na filosofia A partir dessa “ruptura cartesiana”, desenvolvem-se duas grandes correntes antagônicas: Racionalista – o conhecimento somente pelo intelecto, pela razão (Descartes, Spinoza, Leibniz...) Empirista – o conhecimento como fruto dos sentidos, da experiência que nos dá a aparência das coisas (Bacon, Hobbes, Locke...) Ambas partilham o subjetivismo e o fenomenismo: não se conhece as coisas, mas as impressões que as coisas imprimem no intelecto ou nos sentidos. O MUNDO MODERNO
46. Na religião “O grandioso edifício ideal da Idade Média, em que religião e civilização, teologia e filosofia, Igreja e Estado, clero e laicato, estavam harmonizados na transcendente unidade cristã, foi, de fato, destruído pelo humanismo imanentista, que constitui o espírito característico do pensamento moderno.” O MUNDO MODERNO
47. Na religião TRANSCENDÊNCIA CRISTÃ x HUMANISMO IMANENTISTA Transcendência dualista clássica - Deus e o mundo, separados entre si. Deus não conhece, não cria, não governa o mundo. Transcendência cristã – Deus distinto do mundo que criou, conhece e governa. Só se compreende o mundo a partir de um Deus que o transcenda. O MUNDO MODERNO
48. Na religião TRANSCENDÊNCIA CRISTÃ x HUMANISMO IMANENTISTA Humanismo imanentista - Deus engendrado no mundo. Desenvolvimento do panteísmo clássico. Deus passa a ser objeto da ciência ou do conhecimento natural e humano, renunciando-se à distinção entre o ser e o dever-ser. Não há uma causa lógica a ruptura, mas razões de ordem prática e moral: a prevalência dos cuidados mundanos em prejuízo aos espirituais. O homem assume o lugar antes confiado a Deus. O MUNDO MODERNO
49. Na religião A Reforma protestante e a Renascença partilham a mesma “volta ao passado”, o desprezo pela construção da Cristandade, a sociedade medieval. Afastam-se quanto à metafísica: a Renascença enaltece o homem e a natureza sem Deus; a Reforma aniquila ambos ante a divindade. O protestantismo, ao abolir a mediação da Igreja, abrirá o caminho ao deus da modernidade: o Estado. O MUNDO MODERNO
50. O homem no lugar de Deus As três revoluções – Pio XII A apostasia se alastra por meio ondas revolucionárias, que renegam sucessivamente a Igreja, o Filho do Homem e Deus. A Reforma renega a Igreja (apenas Cristo e o Pai) A Revolução Francesa renega o Cristo (apenas Deus) A Revolução Russa renega Deus (só o homem) O MUNDO MODERNO
51. A CIDADE DOS HOMENSO ARREMATE FINAL Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até hoje!