1. DEDICATED TO MAKING A DIFFERENCE
RUMO AO SUCESSO
Marketing e desenvolvimento sustentável
2. O que é o desenvolvimento sustentável?
Desenvolvimento sustentável significa coisas diferentes para pessoas
diferentes. Mas, no essencial, está relacionado com a opção de
responder às necessidades das pessoas de hoje sem comprometer a
capacidade de as gerações futuras responderem às suas próprias
necessidades. Como tal, o desenvolvimento sustentável envolve:
uma visão integrada dos resultados sociais, ambientais e económicos;
uma perspectiva de longo prazo, preocupada com os interesses e os direitos das gerações
futuras, bem como com os da população actual;
uma estratégia de acção inclusiva, que reconheça a necessidade de todas as pessoas se
envolverem nas decisões que afectam as suas vidas.
Integrar o desenvolvimento sustentável na sua empresa
O desenvolvimento sustentável não é apenas da responsabilidade de especialistas ambientais ou dos profissionais da
comunicação. Requer contribuições de todas as pessoas que ocupam cargos numa empresa.
Responsável Gestão da cadeia de Recursos humanos Marketing Finanças Corporate affairs
valor
Quais as respon- Gestão do risco Recrutamento de colabo- Reputação das marcas Reputação e responsabili- Reputação
sabilidades Responsabilidade pelo pro- radores, retenção e dades fiduciárias
duto motivação
Definição de competências
Gestores Gestores Corporate affairs Accionistas Gestores
Em relação a Administradores finan-
Fornecedores Colaboradores Conhecimento do mercado Colaboradores
quem ceiros
Organismos reguladores Comunidade empresarial Agências internacionais ONG
Gestores
ONG Instituições Organismos reguladores Consultores
Mercado
Concorrentes Organismos reguladores Concorrentes Concorrentes
Concorrentes
Clientes Comunidade empresarial
Investidores
Comunicação social Instituições
Partes interessadas
ONG Organismos reguladores
Organismos de avaliação
Organismos reguladores
Maior papel na estratégia Aprendizagem dos pares Inovação & Análise Funções empresariais da
Quais os meca-
Auditoria Formação e desenvolvi- Desenvolvimento Inquéritos aos investidores gestão das expectativas
nismos utilizados
Formação mento Partes interessadas Assembleias gerais anuais das partes interessadas
Normas/monitorização/ Criação de uma cultura nos Poder do conhecimento Prestação de contas Construção de relações
Conformidade colaboradores (feedback dos clientes,
Estabelecimento de Liderança diálogo, benchmarking)
relações de trabalho
Ligação inter-fun- Vendas Corporate affairs Relações Públicas Corporate affairs Todas as funções e
cional Marketing Marketing Marketing Marketing unidades
Corporate affairs Corporate affairs
Desenvolvimento de produto
Quais os resultados O desenvolvimento susten- Desenvolvimento de mais Atingir responsabilidades Construir uma identidade
Existência de uma cadeia
tável como ferramenta de produtos e serviços fiduciárias mais amplas corporativa empresarial
de valor responsável
marketing e aperfeiçoa-
integrada na gestão sustentáveis
mento do desempenho dos
estratégica colaboradores
Adaptado de Beyond Reporting: Creating business value and accountability, Engen, T and Di Piazza, S, 2005
Esta publicação foi elaborada por Mark Peirce do CPI e por Katherine Madden do WBCSD, com exemplos recolhidos por Danielle Capenter Sprungli, WBCSD, ilustrações
de David Lewis, edição de Dr Sophie Mills e citações de profissionais de RH retiradas de um relatório de pesquisa da Ashridge elaborado para o programa de Prestação de
Contas do WBCSD. As recomendações de Jake Reynolds e de Jon Hanks do CPI foram de incalculável valor ao longo do processo.
3. "Seria do interesse de
Esta publicação destina-se a gestores de marketing e a
todos que alguma da
responsáveis pelas áreas da comunicação, gestão de criatividade que abun-
da na indústria do
marca e desenvolvimento de novos produtos.
marketing fosse apli-
cada de modo mais
O manual não pretende fazer crer que exista um caminho
“Rumo ao sucesso” descreve três desafios funda-
fácil para os profissionais do marketing beneficiarem do
rigoroso à tarefa de
mentais que se colocam hoje aos profissionais do combinar inovação,
desafio do desenvolvimento sustentável. Pede-lhes, antes,
marketing - problemas práticos, identificados e
que avaliem como pode o desenvolvimento sustentável em termos de marke-
debatidos pelos próprios gestores de marketing:
ajudá-los a atingir os objectivos estratégicos do negócio e
que actuem de modo a criar valor a longo prazo. ting, com as preocu-
criar vantagens competitivas através da inovação
pações sociais e
das marcas (pág. 4-7)
Em resumo, como pode o desenvolvimento sustentável ambientais".
desenvolver confiança junto dos clientes, dos con-
contribuir para a sua carreira e para a sua empresa?
sumidores e da sociedade (pág. 8-11)
desenvolver oportunidades de mercado (pág. 12-15) STEVE HILTON E GILES
GIBBONS, GOOD BUSINESS
“Rumo ao sucesso” destaca uma variedade de caminhos
É dada ênfase à questão do desenvolvimento sustentável, através dos quais as empresas começam a responder
uma expressão que muitos profissionais já se habituaram a às oportunidades do desenvolvimento sustentável.
ouvir e a entender, como o compromisso das partes interes-
sadas e Responsabilidade Social Empresarial (RSE). Estes casos estão distribuídos ao longo do manual
e são complementados com um conjunto de
O desenvolvimento sustentável é um desafio para muitas informações nas págs. 18-19.
pessoas. Diz respeito a como podem os negócios contribuir
para os mais importantes desafios que hoje se colocam ao
mundo - desde as alterações climáticas e a biodiversidade,
até às condições de trabalho e à saúde nas zonas mais
pobres do Globo.
Os gestores de marketing têm lutado para concretizar estas
ideias em propostas comerciais viáveis, em estratégias de
marketing que criem vantagem competitiva e que desen-
volvam a confiança, e novas oportunidades comerciais. Além
disto, os profissionais do marketing são frequentemente alvo
de críticas por serem parte do problema, por promoverem
estilos de vida e o consumo de produtos insustentáveis.
“Rumo ao sucesso” não é um manual de A a Z
sobre marketing e desenvolvimento sustentável,
mas um ponto de partida para reflectir sobre
questões fulcrais para as empresas de hoje.
A publicação guia-o através de uma série de
questões - resumidas nas págs. 16-17 - que o
levam do amplo desafio do desenvolvimento sus-
tentável a algumas acções práticas.
3
4. Criar vantagem competitiva através
da inovação de marca
As empresas criam vantagem competitiva através da compreensão
das alterações na sociedade - desde as inovações tecnológicas, aos
perfis genéticos, passando pelas consequências de acontecimentos
como o 11 de Setembro.
Estas tendências constituem as bases da estratégia de marketing. A
emergência do desenvolvimento sustentável enquanto matéria de preocu-
pação pública e empresarial é uma dessas alterações no ambiente de mar-
keting. Nos últimos anos, centenas de empresas desenvolveram políticas
éticas ou declarações de missão e, segundo a sondagem Global Reporters,
de 2004, mais de 1500 empresas produziram relatórios sobre o seu desem-
penho social e ambiental.
Estas iniciativas parecem basear-se em realidades do mercado. Por exem-
plo, uma sondagem da Weber & Shandwick, que abrangeu 8000 consumi-
dores, em 2001, indicava que 80% dos norte-americanos com educação
superior e rendimentos altos, considerava a possibilidade de usar outras
marcas, sempre que uma empresa era retratada de forma negativa na
comunicação social em relação a questões de responsabilidade social.
Dados equivalentes foram reunidos nos países europeus, oscilando os
números entre os 75% na Alemanha, os 66% no Reino Unido e os 42%
em Itália.
Mas existe mesmo uma oportunidade para
os profissionais do marketing utilizarem o
desenvolvimento sustentável como uma
alavanca para a inovação das marcas, em
vez do greenwash representado na ilus-
tração abaixo? Os profissionais de marke-
ting insistem, correctamente, em que o
apelo aos valores da sustentabilidade não
servirá para ultrapassar a fraqueza funda-
mental da qualidade dos produtos.
Contudo, há provas de que, com produtos
de excelente qualidade, os aspectos sociais
e ambientais podem ser usados para mar-
4
car a diferença ou criar um nicho lucrativo.
5. Os valores da sustentabilidade podem ser um "O factor de maior
factor diferenciador de sucesso - uma parcela importância para as
chave das características funcionais e emo-
cionais de um produto ou serviço. empresas não são os
marca, e aprovou planos para a utilização de identi- produtos que fabricam
Muitos profissionais argumentam que a integração de ficações mais distintas nos modelos híbridos do ou a sua distribuição,
valores de sustentabilidade numa marca pode con- Highlander e do Lexus.
tribuir para o crescimento do mercado. Como mas um relaciona-
comentou um profissional, "desde que o desempenho, E, empresas nicho de fornecimento de café e de mento saudável com a
o preço e o local estejam correctos, a responsa- produtos orgânicos de comércio justo têm também
tribo global que parti-
bilidade empresarial pode tornar-se um factor de respondido às preocupações dos consumidores em
diferenciação, apesar de não ser possível ter um relação a condições de trabalho e à poluição quími- lha uma afinidade
preço premium." ca na cadeia alimentar. Nesse sentido, utilizam, fre- com as suas marcas...
quentemente, etiquetas ecológicas e sociais para
Várias importantes empresas desenvolveram as suas
Houve uma mudança
melhorarem a compreensão dos consumidores em
marcas com base nesta inovação. Entre os exemplos relação aos seus produtos. fundamental, na leal-
encontram-se The Body Shop ("contra os testes em dade do consumidor, e
animais"), Ben & Jerry's ("agricultura sustentável") e Contudo, nem todas as empresas optam por pro-
o Co-operative Bank ("finanças com ética"). mover as suas marcas, associando-as a uma posição
os proprietários das
ética e ambiental. A petrolífera BP lançou, em 2004, marcas terão, tam-
À semelhança destes, outros tentaram diferenciar uma campanha para o seu mais recente combustí- bém, de proceder a
produtos específicos com base no seu impacte social vel, o Ultimate, oferecendo "Mais Rendimento,
e ambiental. Por exemplo, a Toyota recorreu a depoi- Menos Poluição" e "Mais do seu carro, Menos mudanças fundamen-
mentos de celebridades para promover as creden- escape". Por seu lado, a concorrente Shell escolheu tais. Eles terão de
ciais ao nível ambiental do Prius, o carro híbrido da publicitar o seu novo combustível, Optimax, com
começar a viver real-
base na pura atracção do rendimento do motor,
focando-se menos na comunicação do impacte po- mente os valores das
sitivo do produto na economia de combustível e na suas marcas - não
diminuição das emissões.
apenas falar deles nas
mensagens publi-
citárias."
KEVIN ALLEN,
MCCANN-ERICKSON WORLD
GROUP, CAN SUSTAINABILITY
SELL?, UNEP, 2002
5
6. A oportunidade de diferenciação é, talvez,
mais significativa no sector business-to-busi-
ness.
Este tipo de empresas identifica cada vez mais opor-
tunidades em colocar os seus produtos e serviços no Ponderar as provas
contexto alargado do seu impacte social e ambiental,
bem como no seu custo e funcionalidade. Estes argumentos são uma mais-valia para si e para a
Como um profissional sugeriu, "Os clientes empre- sua empresa? As questões de desenvolvimento susten-
sariais estão mais interessados nestas questões do tável fazem realmente a diferença naquilo que os clientes
que os clientes particulares. O consumidor médio e os consumidores esperam dos seus produtos e
não se preocupa muito - muito menos do que serviços? E como usar estas questões para renovar ou
gostamos de admitir". impulsionar a sua marca?
Ao reflectir sobre estes assuntos, tenha em consideração
Outro profissional confirmou as bases do sector as seguintes questões e analise os exemplos da próxima
business-to-business, "O desafio consiste em saber página.
com que se preocupam os consumidores: por vezes,
é apenas com o preço e a distribuição, mas a fun- Os grupos de pressão e os governos preocupam-se
cionalidade pode incluir aspectos da sustentabili- com o consumo dos seus produtos (ou dos produ-
dade, como a redução dos desperdícios”. tos dos seus clientes), e com o impacte destes na
qualidade de vida das comunidades onde são pro-
duzidos e disponibilizados?
Qual a importância destas questões para os con-
sumidores e os clientes do seu sector?
O impacte social e ambiental dos seus produtos
ajudam ou prejudicam as suas acções de comuni-
cação - o desenvolvimento sustentável deve ser
uma característica chave do produto, ou é mais efi-
caz concentrar-se no desempenho e promover a
sustentabilidade através de meios mais subtis?
Os seus concorrentes investem no desenvolvimento
de novos produtos com atributos sociais e ambien-
tais positivos?
"Pela minha experiência, muito poucos consumidores
dizem "Quero produtos que ajudem o ambiente”. Mas
se escutarmos com atenção, podemos ouvi-los dizer
"Quero fazer mais com menos. Quero que a minha
vida seja mais simples. Não quero desperdiçar". Estas
palavras têm um forte efeito ao nível da eficiência
ecológica, e incentivam-nos a fornecer mais valor com
menos recursos."
JOE MALLOF, SC JOHNSON, USA, WALKING THE TALK
6
7. Estratégias de sucesso
A NatureWorks® PLA é uma família de embalagens e polímeros de fibra
feitos à base de matérias-primas não petrolíferas, e anualmente re-
nováveis, como o milho. Ao aplicar a sua tecnologia única ao processa-
mento dos açúcares naturais das plantas, a NatureWorks LLC, uma
subsidiária da Cargill, criou um material ambientalmente responsável
que chega ao consumidor através de embalagens alimentares, copos
plásticos, edredões, almofadas e cobertores.
Identificar oportunidades para os ESTUDO A estratégia da NatureWorks PLA está ligada ao mercado dos produtos
produtos DE CASO alimentares frescos e orgânicos, e das bebidas naturais, como o leite, o
sumo ou a água engarrafada. A NatureWorks PLA cria vantagens de mar-
keting para estes alimentos ao prolongar os seus benefícios naturais a
toda a gama de produtos oferecidos. No início, os mercados com maior
procura eram os da Ásia-Pacífico e da Europa, o que coincidia com o
interesse dos consumidores em comprarem produtos alimentares conve-
nientemente frescos e contribuírem para o ambiente.
Na 3M, as equipas de desenvolvimento de produtos novos e transfuncionais
utilizam a Gestão do Ciclo de Vida para responderem de forma sis-
temática às oportunidades e questões em matéria de ambiente, saúde e
segurança. O processo de Gestão de Ciclo de Vida da 3M centra-se no
amplo impacte dos produtos, desde o desenvolvimento e fabrico até à
sua eliminação, passando pela distribuição e utilização pelo consumidor.
No caso do desinfectante TB Quat da 3M, uma equipa multidisciplinar
Influenciar o desenvolvimento de constituída por representantes do marketing, do desenvolvimento e da
ESTUDO segurança de produto, trabalhou em conjunto para responder à necessi-
novos produtos DE CASO dade de detergentes desinfectantes prontos a usar e sem ácidos que
pudessem ser utilizados para limpar uma série de superfícies. Ao utilizar o
processo de Gestão do Ciclo de Vida da 3M, a equipa trabalhou em estrei-
ta colaboração com os clientes para desenvolver um novo produto de
limpeza que assegura tanto um nível adequado de desinfecção, como um
impacte ambiental mínimo. Esta estratégia multidisciplinar ajudou ao
sucesso, tanto da concepção do produto, como do seu marketing, ao inte-
grar os objectivos de ambos, nas fases iniciais de desenvolvimento.
A DaimlerChrysler está a utilizar fibra de coco para encher os encostos e
os apoios de cabeça dos assentos dos seus automóveis produzidos no
Brasil, com vista a reduzir o impacte ambiental dos veículos, ao mesmo
tempo que ajuda os brasileiros a reflorestarem a terra e a criarem opor-
tunidades económicas na região. A utilização de produtos de fibra natu-
ral projecta uma imagem pública positiva, retratando a empresa como
socialmente responsável. Isto ajuda, também, a empresa a reduzir os
custos de tratamento de resíduos, uma vez que a legislação local exige à
indústria automóvel que aumente a capacidade de reciclagem e de
ESTUDO biodegradabilidade dos veículos. Ao promover os encostos dos assentos,
Explorar o potencial das parcerias DE CASO a DaimlerChrysler enfatizou que as almofadas respeitam os mesmos
padrões de qualidade que os seus outros componentes, mantendo a sua
imagem enquanto fabricante de carros de luxo, de elevada qualidade.
A DaimlerChrysler trabalhou em estreita colaboração com o fornecedor
local POEMAtec, e envolveu o governo, o município, o Banco da
Amazónia e a empresa alemã DEG. Isto ajudou a POEMAtec a conseguir
termos de locação mais favoráveis a partilhar a sua investigação e o seu
desenvolvimento, e a garantir um mercado para os produtos da
POEMAtec, reduzindo, consequentemente, a sua exposição ao risco
7
8. Consolidar a confiança junto de
clientes, consumidores e sociedade
Reputação - o reconhecimento adquirido por uma organização na
sequência do seu desempenho - é a base do sucesso, a base na qual
uma empresa merece confiança no futuro.
Ainda a recuperar de uma imagem negativa, decorrente do caso Enron, as
empresas continuam a figurar entre as instituições em que a sociedade
menos confia. Alguns negócios são particularmente vulneráveis a campa-
nhas de grupos de pressão e a boicotes por parte dos consumidores.
Em virtude disto, muitos profissionais do marketing interrogam-se sobre
como minimizar o risco de críticas das partes interessadas e se o desen-
volvimento sustentável tem algum papel a desempenhar neste esforço.
Talvez de forma mais positiva, estes profissionais interrogam-se também,
sobre qual o papel que os objectivos das suas empresas e os progressos
em questões sociais e ambientais podem desempenhar no desenvolvi-
mento e na consolidação da confiança junto dos consumidores, dos clientes
e da sociedade em geral. Trata-se de “Walking the talk”, como demonstra
a ilustração.
Alguns profissionais do marketing estão, também, preocupados com o facto
de a reputação e a confiança poderem não ser suficientes para preservar as
suas marcas a longo prazo: os
padrões actuais de consumo não são
sustentáveis e, como tal, os clientes
e os consumidores devem ser educa-
dos de modo a proteger e a garantir
os recursos nos quais os negócios se
baseiam.
8
9. Os produtos com atributos sustentáveis só "As marcas dizem
serão atractivos se forem claramente consis- respeito a estilos de
tentes com os valores e as actividades da
empresa. vida, valores e noto-
Os profissionais do marketing têm um papel crítico riedade, mas, actual-
Muitas pessoas preocupam-se com o impacte social na construção da confiança. Estes profissionais
mente, as pessoas
e ambiental dos negócios. Um estudo da Fortune podem, nomeadamente, ajudar a criar acções de
sobre as 100 Empresas Mais Admiradas, por exemplo, comunicação inspiradoras que se baseiem, de forma querem saber mais
mostrou recentemente que a pontuação média honesta, nas capacidades da organização e nos sobre a organização
relativa à reputação das empresas que assumem recursos que esta pode, de modo realista, dedicar à
por trás da marca e
expressamente compromissos éticos, é cerca de melhoria do seu desempenho social e ambiental.
cinco por cento mais elevada do que de empresas esta tendência vai per-
que não assumem esse compromisso. durar".
Todavia, as pessoas confiam nas empresas quando MARKETING MANAGER,
acreditam que estas agem de acordo com os seus INQUÉRITO
valores. A credibilidade numa empresa vem da con- ASHRIDGE/WBCSD
fiança de que esta continuará a ter um comporta-
mento ético no futuro. Um negócio retirará poucos
benefícios ao nível da reputação, e provavelmente
até será prejudicado, se as pessoas virem a con-
tribuição da empresa como um "suborno" a curto
prazo que será retirado, assim que o objectivo ime-
diato for atingido.
9
10. Reputação e confiança poderão não ser sufi-
cientes para salvaguardar uma marca. Para
serem bem sucedidos, os profissionais do
marketing devem liderar o caminho em
direcção a um consumo mais sustentável.
Os mentores da política internacional estão a Ponderar as provas
prestar cada vez mais atenção a alguns dos maiores
desafios que se colocam à sociedade e ao ambiente. Quais as implicações destas questões para a sua empresa e a
Por exemplo, o primeiro-ministro britânico, Tony sua carreira? O desenvolvimento sustentável é importante
Blair, colocou a pobreza em África e as alterações em matéria de confiança no seu sector de actividade e, se
climáticas no topo da agenda do G8 para 2005. sim, como pode influenciar a sua equipa, bem como outras
funções, divisões ou regiões?
Estas questões são importantes para o sucesso a
longo prazo dos negócios. Em resumo, as empresas Ao reflectir sobre estes assuntos, tenha em consideração as
não podem operar de modo eficaz em sociedades e questões seguintes e analise os exemplos da próxima página.
economias, que não protejam nem apoiem a pro-
dução e o consumo dos seus produtos e serviços. O
comércio precisa de um acesso fiável às fontes de Qual o grau de correlação entre os impactes sociais
matéria-prima, a condições de trabalho seguras e ambientais dos seus produtos e a reputação da
para a produção, armazenamento e distribuição, a empresa?
mercados de consumidores atentos e a mecanis-
mos seguros de eliminação de resíduos. O modelo actual da sua empresa está ameaçado por
alterações na economia global e no ambiente ou
Há muito para os governos fazerem, mas se os con- não é praticamente afectado por estas?
sumidores não preferirem produtos mais susten-
táveis caberá, também, às empresas quebrar os As questões sociais e ambientais contam-se entre as
actuais padrões de consumo. E, frequentemente, o preocupações dos seus clientes e consumidores?
profissional do marketing será aquele que está em
melhor posição para criar esta ligação entre as Quais os modos mais eficazes de influenciar a
empresas e os consumidores. comunicação da sua empresa em relação ao desen-
volvimento sustentável?
"Sabemos que onde quer que as marcas vão, os
consumidores irão segui-las. Portanto, é claro que a
missão dos gestores de empresas, consultores de
marcas, consultores de RP e agências de publici-
dade deve ser encorajar e ajudar o público a asso-
ciar as marcas a princípios sustentáveis."
MIKE LONGHURST, MCCANN-ERICKSON
10
11. Estratégias de sucesso
Em Abril de 2003, o Novo Nordisk lançou a TakeAction!, uma iniciativa no
âmbito da qual os empregados se podiam oferecer como voluntários
para, durante três semanas, trabalharem numa clínica para diabéticos
num país em vias de desenvolvimento.
Os voluntários foram convidados a utilizar as suas competências para
ajudar a desenvolver os procedimentos e a experiência da clínica em
estreita colaboração com o pessoal local. O pessoal da clínica determina
Envolver os colaboradores em as qualificações específicas necessárias em determinado período e os
ESTUDO cargos são afixados, tanto na página de internet da TakeAction!, como na
programas comunitários DE CASO página interna de emprego do Novo Nordisk. Esta iniciativa contribui
para os objectivos do Novo Nordisk em matéria de desenvolvimento sus-
tentável, aumentando a consciencialização sobre a diabetes nos países
em vias de desenvolvimento; ajudando os funcionários a alargarem a
sua compreensão da diabetes num país em vias de desenvolvimento;
alargando a compreensão em relação às necessidades dos clientes;
apoiando a percepção do Novo Nordisk na liderança da luta contra a dia-
betes e desenvolvendo confiança entre empregados e parceiros, no país
em causa.
A elaboração de relatórios empresariais sobre matérias não financeiras
está a tornar-se uma prática corrente entre as grandes empresas, havendo
mais de 650 organizações que fazem este tipo de comunicação, de acordo
com as Directivas de Prestação de Contas sobre Sustentabilidade da Global
Reporting Initiative. Os relatórios sobre sustentabilidade permitem às ONG,
aos investidores, às empresas, aos governos, aos sindicatos e a outras
partes interessadas acompanhar o progresso das organizações na imple-
mentação de iniciativas de voluntariado e de outras práticas que apoiem o
Proferir afirmações credíveis ESTUDO desenvolvimento sustentável. Um quadro comum de elaboração de
DE CASO relatórios constitui a base para a referenciação, e um processo de identifi-
cação de oportunidades de melhorias na gestão interna.
A incorporação de uma declaração externa de verificação aumenta ainda
mais a credibilidade. Algumas empresas recorreram a ambientalistas ou
a especialistas em direitos humanos de renome para comentarem de
forma independente os seus relatórios, enquanto outras recorreram a
directrizes, como a Norma de Garantia AccountAbility AA1000, para con-
ferir confiança aos dados comunicados
A WMC, uma empresa de recursos naturais australianos, tem por objecti-
vo melhorar a sua credibilidade ao nível científico e ambiental, através
da formação de parcerias com instituições de pesquisa, departamentos
governamentais e grupos comunitários. O Arid Recovery Project demonstra
que as afirmações da WMC sobre as modernas actividades mineiras, não
só são compatíveis com a preservação, mas também podem ser
Explorar o potencial das parcerias ESTUDO facilitadoras em importantes projectos de conservação. Estudantes, ONG,
DE CASO grupos indígenas e o público em geral ficaram com esta ideia reforçada,
depois de visitarem a Arid Recovery Reserve, adjacente às actividades
mineiras. Estes três factores melhoraram a percepção pública da credibili-
dade ambiental da WMC, o que traz benefícios a longo prazo para a
empresa em termos de acesso e de licença para operar, e ainda é fonte
de orgulho para os colaboradores e accionistas
11
12. Desenvolver oportunidades de mercado
Muita da discussão sobre marketing e desenvolvimento sustentável
foca-se nos mercados desenvolvidos - ao nível do consumo entre as
populações mais ricas do mundo e da variação das suas preferências.
Este debate reflecte os perfis empresariais da maioria das grandes
empresas. Todavia, estas empresas enfrentam uma feroz concorrência
para crescerem nos países desenvolvidos, enquanto, em contraste, as
populações mais desfavorecidas do mundo representam um mercado
com um enorme potencial. Além disto, se a população mundial crescer de
acordo com as actuais previsões, mais de 90% da população viverá
naqueles que são actualmente os países em vias de desenvolvimento,
dentro de 30 anos.
Não é, portanto, surpreendente que os profissionais do marketing estejam
cada vez mais interessados nas oportunidades entre os mais pobres, o
que pode vir a ser uma resposta às suas necessidades básicas, conforme
a ilustração demonstra. Mas será isto, apenas um desejo ou existem
razões comerciais para que as empresas prestem atenção aos mercados
em vias de desenvolvimento?
12
13. Dois argumentos são frequentemente ouvidos. O primeiro As tendências globais estão a criar um ambi- "Há muitas formas positi-
sublinha as tendências globais que encorajam as empresas a ente favorável para que as empresas
vas de os negócios faze-
assumirem um compromisso com os pobres, e a pressionarem assumam compromissos com os pobres.
aqueles que ignoram o seu potencial contributo. rem a diferença na vida
As empresas estão sob um maior escrutínio do que dos pobres - não através
O segundo argumento sugere que um modelo empresarial alguma vez estiveram, sendo dada particular
robusto pode ser gerado através da aplicação de novos da filantropia, apesar de
atenção ao impacte dos produtos ao longo de todo
modos de trabalho nos mercados em vias de desenvolvi- o ciclo de vida. As novas tecnologias de comuni- esta ser também bas-
mento, nomeadamente uma estratégia de parcerias que cação transformaram a qualidade da informação e tante importante, mas
reforça de forma geral a associação da marca de uma facilitaram o rápido acesso, tanto a políticos como a
empresa a questões sociais e ambientais. consumidores.
através de iniciativas que
ajudem a construir novos
Mesmo que isto possa ser feito, os profissionais do marketing Esta audiência a nível mundial - a população com mercados".
devem ponderar as implicações da transferência dos actuais internet já ultrapassa os mil milhões - é exigente
estilos de vida dos consumidores nos países desenvolvidos. quanto às empresas, e é cada vez mais crítica do KOFI ANNAN, SECRETÁRIO-
Tal como se argumenta no relatório do Estado do Mundo impacte na sociedade e no ambiente. Por exemplo, GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS
apresentado pelo Worldwatch Institute: "Se os níveis de um relatório do grupo empresarial norte-americano
consumo (...) de que as populações mais ricas usufruem Conference Board sugeriu recentemente: "42% das
hoje, fossem alargados a metade dos perto de 9 mil pessoas acham que as empresas deveriam ser total
milhões de pessoas que se prevê que venham a existir no ou parcialmente responsáveis pela resolução de
mundo em 2050, o impacte no fornecimento de água, problemas sociais".
qualidade do ar, florestas, clima, diversidade biológica e
saúde humana seria muito grave." Os governos têm também enfatizado o potencial do
sector privado para atingir objectivos sociais impor-
tantes. A ONU, em particular, tem-se apoiado nas
empresas no sentido de contribuir para os
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, na sua
ambição de reduzir a pobreza e de melhorar os
padrões de vida.
Simultaneamente, muitas organizações sem fins
lucrativos estão preparadas e são capazes de ajudar
as empresas a funcionar nos países e nos bairros
pobres. Estas começam a aperceber-se de como
podem as empresas ajudar a atingir os seus objec-
tivos de melhorar os sistemas sanitários, o forneci-
mento de água, os cuidados de saúde, a habitação e
as oportunidades de negócio no mundo em vias de
desenvolvimento.
13
14. As empresas estão a desenvolver uma
variedade de modelos de negócio viáveis nas
comunidades pobres.
Não existe nenhum modelo para o trabalho nas Ponderar as provas
comunidades pobres.
Será que estes argumentos são uma mais-valia para a sua
Alguns profissionais do marketing identificaram empresa? Qual a importância da oportunidade de cresci-
oportunidades imediatas para alargar o alcance dos mento nos mercados desenvolvidos, e como se pode isto
seus produtos e serviços. Estas iniciativas incluem aplicar realmente?
estratégias inovadoras de embalagem e distribuição
que permitem a redução de preços para um nível Ao reflectir sobre estes assuntos, tenha em consideração as
suportável, ao mesmo tempo que mantêm os questões seguintes e analise os exemplos da próxima página.
valores fundamentais da marca.
A sua empresa está a ser pressionada para investir
Noutros casos, as empresas seguiram uma estraté- em países em vias de desenvolvimento?
gia de longo prazo, procurando ajudar as pessoas de
baixos rendimentos a terem uma vida mais segura. Qual a importância das comunidades mais pobres
As iniciativas empresariais podem criar mercados na direcção estratégica da empresa?
mais fiáveis através do enriquecimento das popu-
lações e do encorajamento do empreendedorismo, Existe um mercado potencial para os seus produtos
expandindo, assim, o tamanho dos mercados locais. e serviços nas comunidades pobres, e como é essa
O emprego gerador de rendimento é a base da oportunidade comparada com investimentos alter-
segurança e os projectos que resultam no acesso a nativos nos países desenvolvidos?
água potável, sistemas sanitários, habitação e cuida-
dos de saúde, podem ajudar as populações a man- Pode transformar a sua oferta de serviços, de modo
terem a sua saúde e a continuarem a trabalhar. a criar uma proposta comercial viável?
Esta estratégia pode ser atractiva para os profissionais Dispõe dos recursos e capacidades necessários no
do marketing. Ao operar nestes mercados, as local, e compreende quais as parcerias e os rela-
empresas podem ganhar a vantagem de serem as cionamentos que precisa de desenvolver?
primeiras, posicionando-se de forma a beneficiarem
de mais oportunidades comerciais, à medida que os Quais as implicações sociais e ambientais da expan-
países enriquecem. são das operações da sua empresa a países em vias
de desenvolvimento?
Além do desenvolvimento de fluxos de rendimento
futuro, o trabalho com as populações mais pobres,
pode igualmente contribuir para a consolidação da
ligação da marca a questões sociais e ambientais,
fornecendo os benefícios da reputação junto de
governos e de comunidades, e melhorando, no que
respeita ao recrutamento, à retenção e à motivação
dos colaboradores.
"As empresas precisam de atravessar um processo de
aprendizagem para se moverem pela pirâmide dos
mercados convencionais (11% dos maiores rendimen-
tos de suporte), e se adaptarem ao segmento de
mercado seguinte".
George Carpenter, Procter & Gamble
14
15. Estratégias de sucesso
O défice habitacional no México é de, aproximadamente, 4,2 milhões de
casas, havendo muitas pessoas que tentam solucionar o problema constru-
indo elas próprias as suas casas. A Holcim Apasco ajuda as pessoas a con-
struírem casas de cimento com uma qualidade aceitável e aumenta a
disponibilidade de materiais de construção a preços suportáveis nos seus
centros de distribuição Mi Casa. Nestes centros, construtores profissionais,
formados no âmbito do programa Mi Casa, fornecem aconselhamento sobre
Usar estratégias inovadoras para técnicas de construção adequadas aos aspirantes a construtores.
ESTUDO Simultaneamente, a Mi Casa fornece sacos de cimento a preços razoáveis e
responder às necessidades dos DE CASO disponibiliza aconselhamento sobre aspectos legais e oportunidades de
consumidores financiamento.
A Holcim acredita que a oportunidade de crescimento para o grupo se
baseia na sua entrada em mercados emergentes e em desenvolvimento,
nos quais a procura de cimento está a aumentar. Como o comércio de sacos
de cimento caracteriza muitos destes mercados, a empresa precisa de com-
preender quais são os meios mais rentáveis para tornar os seus produtos e
serviços relevantes e suportáveis para as comunidades que pretende servir.
Através de parcerias público-privadas, o programa i-community da HP visa
transformar as regiões em economias activas e auto-sustentáveis, nas
quais o acesso à tecnologia melhore constantemente a vida das popu-
lações através de um aumento das taxas de alfabetização, da criação de
rendimento, do fornecimento de acesso aos serviços governamentais, à
Desenvolver a empregabilidade na ESTUDO educação e aos cuidados de saúde, abrindo novos mercados.
sua base de clientes DE CASO O programa procura desenvolver liderança e capacidades em matéria de
tecnologias de informação no seio da comunidade, bem como estabelecer
um modelo de crescimento económico sustentável e que possa ser copia-
do. A iniciativa visa ajudar as populações mundiais a aceder às oportu-
nidades económicas e sociais da era digital, ao mesmo tempo que se con-
centra no desenvolvimento sustentável da comunidade e da HP.
A Procter & Gamble está a usar uma estratégia de rede para comercializar
o seu produto NutriStar, na Nicarágua. O NutriStar é uma bebida ener-
gizante com micronutrientes essenciais, incluindo iodo e ferro. Através da
adopção de um modelo comercial de colaboração - de acordo com o qual
a agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID)
encetou relações com importantes ministros nicaraguenses e líderes de
opinião, e agiu como garante da ciência e da própria empresa P&G - esta
posicionou a sua marca nos novos mercados e desenvolveu um novo pro-
duto comercial destinado a uma ampla base de consumidores.
A ABB fornece energia e tecnologias de automatização a clientes industriais
Explorar o potencial das parcerias ESTUDO e individuais. O programa Acesso à Electricidade da empresa, destina-
DE CASO do a promover o desenvolvimento económico, ambiental e social susten-
tável nas comunidades pobres, produziu os seus primeiros resultados con-
cretos na aldeia de Ngarambe, na orla do Parque Natural de Selous,
Tanzânia, com uma população de 1800 pessoas. A ABB e o WWF, o Fundo
Mundial para a Natureza, juntaram-se para garantir o desenvolvimento
sustentável da aldeia. Alterações e melhorias em áreas como o pequeno
comércio, a educação e os cuidados de saúde são já visíveis. O projecto
está a servir de modelo para mais e maiores projectos de acesso à electri-
cidade, cujo objectivo é minimizar a pobreza de outras regiões rurais ou
semi-urbanas da África e da Ásia.
15
16. Planear a mudança
O que significa desenvolvimento susten-
tável para os profissionais do marketing?
Como é que os desafios, os comentários e os exemplos apresentados nesta publicação contribuem para o desenvolvi-
mento e a implementação de um plano de marketing robusto, uma estratégia que reflicta as realidades comerciais,
mencionando o desafio prático de ser compreendido e aceite por todas as pessoas?
Várias questões sobressaem. A estratégia e as tácticas
adoptadas devem poder ser cumpridas pela equipa de
marketing dentro das restrições orçamentais, das com-
petências, da experiência e dos interesses das pessoas. O Ambiente de Marketing
Mas, mais do que isto, a estratégia de marketing deve
responder ao ambiente alargado no qual a empresa
opera:
reflectindo e inspirando as ambições da equipa de
marketing e de outros colaboradores;
•Competitividade
alinhando com a estratégia, valores e cultura da •Qualidade de vida
Governo
empresa;
•Emprego
ajudando a fornecer resultados sustentáveis para os •Desenvolvimento económico
•Justiça
investidores; •Protecção ambiental
•Biodiversidade
respondendo às necessidades dos clientes e dos Comunidades
consumidores e informando e educando as pessoas •Preço
sobre o impacte das suas práticas de consumo; •Funcionalidade
•Conveniência
identificando e respondendo às tendências sociais •Lealdade à marca
•Valores Consumidores
emergentes e explorando as oportunidades de
fornecimento de produtos, em colaboração com as •Gestão de risco
comunidades no seio das quais as empresas operam; •Inovação
•Pontos fortes da marca Investidores
respondendo às expectativas reguladoras e governa- •Oportunidades de crescimento
•Controlo de custos e accionistas •Visão
mentais e influenciando a agenda política. •Estratégia
•Posicionamento competitivo
Empresas •Gestão de prioridades
Terá as suas próprias prioridades na contribuição para o •Procedimentos de trabalho
seu plano de marketing - matérias que reflictam os
•Condições de pagamento
objectivos e as práticas de trabalho, característicos da sua Colaboradores •Reconhecimento pelos pares
empresa, e outros aspectos do seu mercado concorrencial •Orgulho na empresa
e regulador.
Marketing Mix
•Produto
Mas, para o ajudar a começar, o quadro ao lado destaca Você •Preço
alguns temas para cada um dos elementos do tradicional •Local
marketing mix: produto, preço, local e promoção. •Promoção
16
17. Empresa Investidores e Clientes Comunidades e
accionistas governos
Produto
Garantir que o processo de desenvolvimento de novos Os peritos técnicos identificam- Quais são as matérias
produtos está de acordo com os objectivos de desen- -se com o conhecimento sobre chave do desenvolvi-
volvimento sustentável da empresa. sustentabilidade da empresa? mento sustentável?
Compreender o interesse do consumidor em matérias Qual a dimensão do mercado? Os consumidores interes-
sustentáveis e o potencial do mercado para produtos e sam-se pelo desenvolvi-
serviços centrados na sustentabilidade. mento sustentável?
Compreender os impactes sociais e ambientais dos Dispõe de competências e Está a falar com todas as
seus produtos ao longo do respectivo ciclo de vida. estabelece procedimentos para pessoas certas?
efectuar uma análise ao ciclo
de vida dos seus produtos?
Existem as capacidades
Identificar oportunidades para gerar produtos em As comunidades estão
necessárias para assumir
parceria com organizações sem fins lucrativos ou com prontas e são capazes
compromissos e a empresa é
agências governamentais. de parcerias?
um parceiro credível?
Preço
Explorar a oportunidade de relacionar parte do preço dos seus Quais as questões (ou Qual a contribuição
produtos a uma causa social ou ambientalmente relevante parcerias) que atrairão os social ou ambiental que
(uma estratégia de marketing por uma causa). consumidores? daí advirá?
Identificar oportunidades de aumentar margens e/ou Qual o impacte esperado nas Quais os aspectos ambi-
Quais as poupanças que
melhorar a competitividade ao nível de preços, através margens? entais mais significa-
podem ser alcançadas?
da eficácia ambiental. tivos?
Identificar um preço premium que possa ser obtido pelos Durante quanto tempo se Quanto estão os con-
atributos sustentáveis dos seus produtos. pode manter um produto sumidores dispostos a
premium? pagar?
Contabilizar o total dos custos sociais e ambientais dos Qual o impacte esperado nos Quanto estão os con-
Existem sistemas contabilísticos
seus produtos, no preço. lucros de exploração? sumidores dispostos a
que permitam medir custos
pagar?
alargados e a longo prazo?
Local
Atrair clientes através de novos canais de distribuição Quais os custos de implemen- Os clientes comprarão
(por exemplo, internet) que minimizem os impactes tação e as poupanças a longo através dos novos canais?
sociais e ambientais. prazo, dos novos canais?
Identificar mercados nos quais os seus produtos pro- Qual o investimento requeri- Quais as necessidades
Desenvolveu-se um modelo
movam a inclusão social e a regeneração económica. do e o retorno esperado? específicas no que respei-
comercial para servir as
ta a serviços nas comu-
comunidades mais pobres?
nidades mais pobres?
Promoção
Trabalhar de perto com as diversas partes interessadas Compreende as expectati- Está a falar com as pes-
para compreender as percepções e as expectativas dos vas do cliente no que diz soas certas?
seus negócios, na sociedade. respeito ao seu marketing?
Enfatizar os atributos sustentáveis dos seus produtos Qual a dimensão do mercado? Os clientes estão interes-
através de promoções. sados na sustentabilidade?
Examinar a força das afirmações respeitantes aos Quais as implicações finan- Os clientes são sensíveis Os seus produtos correm
Os sistemas de monitoriza-
atributos sociais e ambientais dos seus produtos. ceiras em caso de danos na a acreditações sociais e o risco de sofrer críticas
ção e certificação estão a
reputação? ambientais? da comunicação social?
funcionar correctamente?
Assegurar que os materiais de marketing estão em linha Quais as implicações finan- Os seus produtos correm
As suas agências de comunicação
com o desempenho social e ambiental da sua empresa. ceiras em caso de danos na o risco de sofrer críticas
estão conscientes dos seus compro-
reputação? da comunicação social?
missos quanto à sustentabilidade?
Desenvolver procedimentos de controlo adequados Os procedimentos de controlo Quais as implicações finan- Os seus produtos correm
para identificar e informar os consumidores de pos- estão a funcionar correcta- ceiras da retirada de um pro- o risco de sofrer críticas
mente de forma a permitirem
síveis riscos dos produtos. avaliar riscos dos produtos? duto? da comunicação social?
17
18. Orientação para a gestão do desen-
volvimento sustentável
À medida que o assunto do desenvolvimento sustentável entra na
comunicação comercial, a responsabilidade para gerir questões sociais
e ambientais passa lentamente de uma superficialidade empresarial
para uma importante função do negócio.
Os especialistas em desenvolvimento sustentável (e aqueles com
posições ou responsabilidades equivalentes) já não são apenas respon-
sáveis pela gestão de iniciativas filantrópicas, programas de envolvimento
com as comunidades ou estudos de impacte ambiental.
Em vez disto, em empresas líderes, espera-se que estes gestores ajam
como agentes da mudança: que desenvolvam estruturas, sistemas, for-
mas de trabalho e valores pessoais capazes de apoiar os objectivos de
desenvolvimento sustentável da organização; e que encoragem outros na
empresa a agir como factores de mudança entusiásticos.
Esta publicação (e outras da série) não apresenta claramente, uma
solução completa. Este é o primeiro passo para desenvolver um estudo
de caso, para especialistas na função. Contudo, estas publicações
fornecem uma série de questões capazes de desencadear conversas na
sua empresa e influenciar a sua estratégia futura.
Como a publicação foi preparada
Esta publicação foi desenvolvida para fornecer materiais de apoio ao Gostaríamos de agradecer a todos os que contribuíram com as suas ideias e
Seminário de Executivos Seniores do BEP e como parte do programa do comentários, em particular aos que partilharam a sua experiência nas sessões de
WBCSD, o qual fornece ferramentas e práticas para ajudar empresas a imple- consulta e entrevistas. Se estiver interessado em saber mais sobre estas empresas
mentarem iniciativas de desenvolvimento sustentável nas suas operações. líderes e em como elas estão a incluir o desenvolvimento sustentável na sua
estratégia, por favor, contacte o CPI, o WBCSD, ou os seguintes membros do
Os temas escolhidos para este manual foram seleccionados pelos próprios programa de Desenvolvimento de Competências do WBCSD.
gestores de desenvolvimento sustentável, identificados como os importantes
encorajadores ou bloqueadores de mudanças num seminário ministrado no Karin Ireton: KIreton@angloamerican.co.za
CPI.
Dawn Rittenhouse: dawn.g.rittenhouse@usa.dupont.com
A publicação foi desenvolvida a partir de uma série de entrevistas, conferên- David Russell: darussell@dow.com
cias e pesquisas em empresas, incluindo um relatório Ashridge preparado
Mark Wade: mark.wade@shell.com
para o programa de Responsabilidade e Prestação de Contas do WBCSD. A
publicação foi revista por empresas membros do WBCSD, parceiros do CPI,
A publicação é lançada em nome do BEP, do CPI e do WBCSD. Embora, a
e ex-alunos e núcleo da faculdade do BEP.
exposição se baseie na experiência de cada organização, os pontos de vista
.
expressos não reflectem necessariamente os de todos os membros da empresa,
parceiros ou associados.
18
19. Como utilizar o manual como uma componente de programas de desenvolvi-
Tendo em conta a discussão com as nossas redes e membros, mento dos colaboradores. A publicação pode ser uti-
esperamos que esta publicação seja utilizada de diversas for- lizada como material de leitura de preparação ou para
mas e esperamos poder ouvir falar da sua experiência: utilização posterior em programas de sensibilização dos
colaboradores em desenvolvimento sustentável na
como uma ferramenta para despertar consciências e
função do marketing. Em alternativa, elementos específi-
aprofundar a compreensão das questões do desen-
cos da publicação podem ser utilizados como uma fonte
volvimento sustentável na função do marketing. A
para parte dos programas de formação.
publicação pode ser directamente distribuída aos
gestores executivos, apenas como uma simples ferra- como um recurso para planeamento estratégico. A
menta para despertar a consciência. publicação pode ser utilizada por líderes comerciais (com
ou sem apoio directo de profissionais de desenvolvimen-
como um recurso para construir pontes entre os
to sustentável), para informar sobre o processo de desen-
especialistas do desenvolvimento sustentável e a
volvimento estratégico, dentro da função do marketing.
função do marketing. A publicação pode fornecer a
base para um diálogo com a função do marketing, para
discutir questões e oportunidades, para promover o Uma variedade de outros materiais pode ser utilizada simul-
desenvolvimento sustentável. taneamente com a publicação. O diagrama em baixo salienta
apenas alguns dos materiais de ensino e programas disponíveis
como uma fonte de materiais de formação para as
do BEP do CPI e do WBCSD, entre outros, que possam ajudar
,
empresas. Esta publicação pode fornecer as informações de
em cada fase do processo de mudança organizacional.
apoio para materiais de formação, à medida das empresas.
(Uma reprodução razoável do material incluído na publi- O diagrama também indica algumas das empresas com exper-
cação é aceite por todas as partes, mas a fonte do documen- iência recente na implementação de programas de desenvolvi-
to deve ser referida em todos os casos). mento sustentável.
Recursos de desenvolvimento sustentável
Programas de aprendizagem
Ferramentas e materiais
Programas de especialistas
• Projectos sectoriais do WBCSD,
Sistemas de gestão como por exemplo de minas, de sil-
Walking the Talk: o estudo de • Pacto Mundial vicultura, de cimento
O Diploma Avançado em
caso para o desenvolvimento www.globalcompact.org www.wbcsd Negócios Sustentáveis da
sustentável inclui casos práti- Universidade de Cambridge é
• Global Reporting Iniciative • Pós-graduação com parcerias
cos e entrevistas pessoais um programa prático de negó-
www.globalreporting.org entre sectores
com líderes industriais; faz • www.cpi.cam.ac.uk/pccp cios que foca a implemen-
com que a solução para os • Linhas de orientação SIGMA tação do princípios do desen-
www.projectsigma.com Incorporar o • Programas de liderança persona-
problemas ambientais e volvimento sustentável em
• Protocolo sobre o Efeito de Estufa lizados, avaliações de ensino e labo-
sociais seja essencial para o desenvolvi- ratórios de ensino formas que permitem às
crescimento futuro. www.ghgprotocol.org empresas manterem-se ino-
mento susten- www.cpi.cam.acReino Unido
vadoras e competitivas,
tável na orga- enquanto movem as suas
nização Redes de ensino organizações em direcção a
• Diploma Avançado em práticas comerciais com
O estudo de caso Negócios Sustentáveis responsabilidade social.
• Walking the Talk www.cpi.cam. ac.uk/slns
zvzvzv. zvbcsd. org • Seminários para Executivos de
• Conversas com Descrentes Aprofundar o conheci- Topo do BEP
www.conversations-with-disbelievers.net www.cpi.cam.ac.uk/bep
mento e compreensão
• Estudos de caso da biblioteca do WBCSD • Programa de Desenvolvimento de
zvzczc.zclxsii.org zceb ais< > idy.htm do desenvolvimento sus- Competências do WBCSD, por
• Sustentabilidade no mercado tentável exemplo, aprendendo e partilhando
Uma série de edições de e young managers team Chronos, as sessões de
www.wbcsd.org
fundo do Programa www.wbcsd.org e-learning do CPI e do
Ambiente e Gestão Príncipe WBCSD, tornam o desen-
de Gales (BEP) fornece volvimento sustentável
Os factos e os números Começar
dados essenciais sobre o relevante e significativo
estado e tendências dos • Edições de fundo • Chronos para os colaboradores que
www.cpi.cam.ac.uk/bep zvzvzv. sdchronos. org
mercados globais de capi- Despertar consciência e interesse no desen- trabalham todos os dias,
tais humanos, sociais, • Os Mercados de amanhã • Edições práticas equipando-os com as com-
• zvzvzv.zvri.org volvimento sustentável www.wbcsd.org
industriais e financeiros e a petências e conhecimentos
resposta das empresas, www.cpi.cam.ac.uk que necessitam para obter
governos e sociedades civis. • Módulos de aprendizagem do resultados e prioridades de
WBCSD negócios.
www.wbcsd.org
Experiência empresarial e profissional
Alcan, Alcoa, Anglo American, Ashridge, Caterpillar, CIPD, Dupont, EDF, ERM, DTT, Finnforest
Corporation, Heidrick e Struggles, Heineken International, Hoffman La Roche, IMD, Interface,
KPMG, Norsk Hydro, Novo Nordisk, Shell, Sony, STMicroelectronics, Stora Enso Oyj, SC
Johnson, Severn Trent, Statoil, Swiss Re, Syngenta, Vodacom.
19
20. Edição Portuguesa com o patrocínio de:
O World Business Council for Sustainable Development
O World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) é uma coligação de 175 empresas internacionais unidas por um compromisso partilhado para com o
desenvolvimento sustentável através de três pilares: crescimento económico, equilíbrio ecológico e progresso social. Os nossos membros são oriundos de mais de 30
países e 20 grandes sectores industriais. Também beneficiamos de uma Rede Global de mais de 50 conselhos empresariais nacionais e regionais e organizações de par-
ceiros.
A nossa missão é fornecer liderança empresarial como catalisador para a mudança rumo ao desenvolvimento sustentável. É também apoiar a licença empresarial para
operar, inovar e crescer num mundo cada vez mais moldado pelas questões do desenvolvimento sustentável.
Os nossos objectivos incluem:
Liderança empresarial - ser líder na promoção empresarial do desenvolvimento sustentável.
Política de desenvolvimento - participar na política de desenvolvimento para criar as condições estruturais ideais para negócios para fazer uma contribuição efectiva ao
desenvolvimento sustentável.
O Business Case - desenvolver e promover o business case para o desenvolvimento sustentável.
Melhores práticas - mostrar a contribuição empresarial para o desenvolvimento sustentável e partilhar as melhores práticas entre os membros.
Alcance global - contribuir para um futuro sustentável nas nações em desenvolvimento e aquelas que se encontram em transição.
www.wbcsd.org
HRH The Prince of Wales’s Business & the Environment Programme
The Prince of Wales’s Business & the Environment Programme (BEP) que é gerido pelo Programa para a Indústria da Universidade de Cambridge, foi criado em 1994 pelo
Príncipe de Gales.
O Programa ajuda executivos de topo a explorar o business case para o desenvolvimento sustentável e a integrar os princípios da sustentabilidade nas suas organizações.
As empresas líderes e os representantes do sector público das ONG participam num dos Seminários que ocorrem todos os anos em Cambridge, Nova Iorque, Salzburgo,
e Cidade do Cabo. O Programa já introduziu no debate da sustentabilidade mais de 1000 executivos de mais de 400 organizações em mais de 30 países. Tornam-se
assim membros de uma rede activa e influente de ex-membros.
O Programa é inteiramente financiado pela ABN Amro, BP, Cisco, Ford Motor Company, International Finance Corporation, RWE Thames Water, Shell International, Unilever
e Vodafone.
Os parceiros regionais na Europa são a BAA, Barclays, Enviros Group e National Grid Transco; na África do Sul são a Anglo American, Barloworld, Engen Petroleum,
Banco de Desenvolvimento da África do Sul e SC Johnson.
www.cpi.cam.ac.uk/bep
O Programa para a Indústria da Universidade de Cambridge
O Programa para a Indústria da Universidade de Cambridge (CPI) fornece programas de desenvolvimento de liderança e serviços de ensino para pessoas experientes e
grandes organizações em todo o mundo. O seu objectivo é desenvolver as capacidades das empresas, governos e sociedades civis para responderem aos desafios
societários contemporâneos.
A competência do CPI reside na compreensão de como as pessoas aprendem e no desenvolvimento de processos de aprendizagem que podem modificar indivíduos e
organizações de forma a mover a sociedade em direcção à sustentabilidade. Os seus programas têm a contribuição de círculos académicos, políticos e profissionais inter-
nacionais e as suas redes de ex-alunos activos constituem um veículo para o debate e desenvolvimento contínuo. O CPI colabora com académicos e outros parceiros e o
seu trabalho é sustentado como relevante através de pesquisa aplicada.
O trabalho do CPI suporta a missão da Universidade de Cambridge, a qual é contribuir para a sociedade através da busca pela educação, ensino e pesquisa aos mais
altos níveis de excelência internacionais.
www.cpi.cam.ac.uk
BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável
O BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável é uma associação sem fins lucrativos, criada em Outubro de 2001 pela iniciativa das
empresas Sonae, Cimpor e Soporcel, associadas ao WBCSD – World Business Council for Sustainable Development, em conjunto com mais 33 empresas de primeira
linha da economia nacional. Actualmente a organização conta com 75 membros, representando cerca de 20 áreas de negócio.
A missão
A missão principal do BCSD Portugal é fazer com que a liderança empresarial seja catalisadora de uma mudança rumo ao desenvolvimento sustentável e promover nas
empresas a ecoeficiência, a inovação e a responsabilidade social.
Os objectivos
• Divulgação e promoção do desenvolvimento sustentável
• Disponibilização de serviços e ferramentas de implementação aos membros
• Acompanhamento das políticas públicas
• Promoção da divulgação das boas práticas das empresas membro
Para comentários ou mais informações:
info@bcsdportugal.org
A publicação está disponível em:
www.bcsdportugal.org