O documento descreve o projeto de gerenciamento de recursos hídricos no Espaço Natura Cajamar, que inclui a captação de água subterrânea, tratamento na Estação de Tratamento de Água, distribuição, tratamento de esgoto na Estação de Tratamento de Efluentes e reuso da água, visando a sustentabilidade.
1. 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Título do Projeto: O Ciclo da Água no Espaço Natura Cajamar
Nome da Empresa: Natura Cosméticos S/A
CNPJ da Empresa: 71.673.990/0001-77
Categoria em que o Projeto concorre: Meio Ambiente
Número de empregados: 3.486
Porte da empresa: Grande porte
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2. 2. RESUMO DO PROJETO
Desde que foi fundada, a Natura é conduzida por crenças e valores
expressos por meio de produtos, serviços e comportamento
empresarial, que buscam promover a melhor relação da pessoa
consigo mesma, com a natureza e com o todo que a cerca. Em todas
as suas práticas, a empresa reafirma seu comprometimento com a
ética e a transparência. A responsabilidade de promover o
bem-estar e de aprofundar os relacionamentos está presente no
contato que a empresa mantém com seus públicos, bem como na
interação com as comunidades onde atua e, mais amplamente, com
o meio ambiente.
A Natura possui várias ações voltadas para a conservação e a
utilização responsável dos recursos hídricos em todo o processo
produtivo e nas suas instalações. Comprometida com o modelo de
sustentabilidade, a empresa procura manter controle sobre suas
atividades, produtos e serviços para minimizar os possíveis impactos
ambientais gerados por eles.
Uma das ferramentas utilizadas com esse objetivo é o Sistema de
Gerenciamento Ambiental Natura, Sigan, que tem por base a NBR
ISO 14001 (a companhia obteve a certificação NBR ISO 14001 em
maio de 2004). O monitoramento realizado pelo Sigan, em 2004,
permitiu, entre outras iniciativas, identificar pontos falhos no
consumo de água e promover o uso mais eficiente desse recurso,
em um ano em que a produção cresceu 28%.
Por não existir rede de abastecimento público, a água utilizada no
Espaço Natura Cajamar provém de um poço artesiano local. Sua
extração respeita os critérios de regeneração do lençol freático ao
qual o poço se comunica, observando-se a vazão máxima e mínima
determinada durante a fase de perfuração e de testes. Todo o ciclo
de captação, tratamento, distribuição e reaproveitamento da água é
gerenciado de forma a garantir seu uso sustentável.
Um sistema instalado no poço artesiano mede o tempo de reposição
do lençol freático e só retira mais água quando todo o líquido já foi
reposto pela natureza, evitando seu esgotamento. Para tornar cada
vez menor a necessidade de extrair água do poço e reduzir o
consumo de maneira geral, o aumento da taxa de reutilização da
água é meta permanente.
Na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) – considerada uma
das mais modernas do mundo –, toda a água usada nas instalações
do Espaço Natura é tratada antes de ser devolvida ao meio
ambiente, com qualidade acima dos padrões exigidos pela legislação
ambiental estadual e federal.
Trata-se de um ciclo sustentado de uso e reuso da água, baseado
em tecnologias de ponta e conceitos de consumo responsável, que
busca consolidar um padrão de excelência nas relações da Natura
com o meio ambiente e auxiliar a companhia a tornar-se referência
2
3. entre as empresas brasileiras que adotam uma gestão socialmente
responsável.
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4. 3. DESCRIÇÃO DO PROJETO
Propósitos
Cabe à humanidade assumir a responsabilidade pelo uso criterioso e
pela valorização da água e pelo cuidado no tratamento dos assuntos,
projetos, serviços e produtos relacionados a ela. Para isso, é
importante a disseminação de informação a respeito do tema e a
adoção de tecnologias mais adequadas. Hoje, existem alternativas
para grande parte dos problemas ligados à água, tanto no ambiente
doméstico quanto nos âmbitos empresarial e governamental. Entre
elas, destacam-se os processos de tratamento e de reuso. As
modernas estações de tratamento de água e esgoto, por exemplo,
já conseguem devolver a água com qualidade para suas fontes de
origem, além de permitir sua reutilização para outros fins que não o
consumo humano.
Somente 0,3% da água no planeta está disponível para o consumo
humano. Seu uso indiscriminado, ao longo da história da
humanidade, vem colocando sob ameaça o futuro da própria vida na
Terra. Segundo dados apresentados durante a Conferência das
Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
realizada em 2002, mais de 2 bilhões de pessoas já enfrentam
problemas de escassez de água. Até 2025, esse número deve saltar
para 4 bilhões, o equivalente a 50% da população mundial prevista.
O Brasil é privilegiado, pois possui uma das maiores reservas de
água doce do mundo – estima-se que o país concentre quase 12%
das águas superficiais da Terra, aquelas de fácil acesso para o
consumo. Grande parte dessa reserva, mais de 80%, concentra-se
na região da Amazônia, uma área de baixíssima densidade
populacional. Nosso regime pluvial alimenta um dos maiores
conjuntos hidrográficos do mundo, composto de 55 mil quilômetros
de rios capazes de movimentar mais de 5 mil quilômetros cúbicos de
água por ano. Essas águas tornam única nossa biodiversidade e
garantem o sustento dos povos indígenas e populações tradicionais
que vivem às suas margens.
O Brasil também possui um enorme estoque de águas subterrâneas.
Segundo estimativas, essa reserva teria aproximadamente 11 mil
quilômetros cúbicos. O governo tem pouco controle e poucos dados
sobre a quantidade de poços abertos e de água extraída deles.
Acredita-se que existam 300 mil poços já perfurados no país e que
novos 10 mil sejam abertos ao ano. Empresas de serviços e
indústrias são as que mais se utilizam dessa forma de obtenção de
recursos hídricos.
Por causa da aparente fartura, por mais de 500 anos os recursos
hídricos no Brasil foram tratados como inesgotáveis. Atualmente,
sabe-se que a água é um recurso finito, mas o país enfrenta sérios
problemas de gestão de suas reservas hídricas, que incluem a falta
de planejamento para sua correta utilização e manutenção. Diante
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5. dessa ameaça, governos e empresas começam a questionar os
atuais padrões de consumo da água, que estão profundamente
relacionados ao modelo de desenvolvimento econômico adotado no
país.
É nesse panorama, e com grande consciência sobre o valor desse
recurso, que o gerenciamento da água no Espaço Natura Cajamar
insere-se como prática de caráter coletivo, colocando a atividade
empresarial como agenciadora de um novo modelo de
desenvolvimento econômico a ser implantado e seguido: o modelo
da sustentabilidade.
Objetivos
Com os processos e práticas adotados no gerenciamento dos
recursos hídricos do Espaço Natura Cajamar, é nosso propósito
demonstrar a materialização que a Natura vem fazendo do seu
compromisso com o desenvolvimento sustentável, contribuindo, no
âmbito de suas atividades, para a minimização de uma das maiores
ameaças ao futuro da vida em nosso planeta: a escassez da água.
O município de Cajamar, na Grande São Paulo, onde se localiza o
Espaço Natura, é totalmente abastecido por águas subterrâneas. É
dessa fonte natural que a Natura retira a água para suas
instalações. Um sistema instalado no poço artesiano, no local, só
retira mais água quando todo o líquido já foi reposto pela natureza,
evitando seu esgotamento. Para tornar cada vez menor a
necessidade de extrair água do poço e reduzir o consumo de
maneira geral, o aumento da taxa de reutilização da água é meta
permanente, assim como o tratamento dos efluentes que retronam à
natureza.
Considerado o maior centro de pesquisa e desenvolvimento de
produtos cosméticos da América Latina, o Espaço Natura possui 81,5
mil m2 de área construída em um terreno de 643 mil m2 de
topografia curvilínea, com pequenos morros e desníveis. Está
localizado à margem da Rodovia Anhangüera, é repleto de eucaliptos
e, em seu interior, corre o rio Juquery, margeado por uma pequena
ferrovia.
O fato de a cidade de Cajamar ser declarada Área de Proteção
Ambiental (APA) pela Lei Estadual Nº 4.055, de 04/06/84, favoreceu
o objetivo da Natura de demonstrar que é possível praticar ações
sustentáveis em áreas ambientalmente protegidas.
Coerência com o negócio da empresa
A Natura possui várias ações voltadas para a conservação e a
utilização responsável dos recursos hídricos em todo o processo
produtivo e nas suas instalações. Comprometida com o modelo de
sustentabilidade, a empresa procura manter controle sobre suas
atividades, produtos e serviços para minimizar os possíveis impactos
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6. ambientais gerados por eles.
Desde que começou a ser planejado, o Espaço Natura Cajamar já
previa a utilização de fontes subterrâneas para suprir o seu
abastecimento de água. Foi uma opção que veio ao encontro dos
objetivos da empresa de economizar o recurso e de não competir
com a comunidade de Cajamar pela utilização de água tratada via
companhias de saneamento.
A Natura assume que uma empresa ambientalmente responsável
deve gerenciar suas atividades de maneira a identificar os impactos
sobre o meio ambiente, buscando minimizar aqueles que são
negativos e amplificar os positivos. Deve, portanto, agir para a
manutenção e melhoria das condições ambientais, minimizando
ações próprias potencialmente agressivas ao meio ambiente e
disseminando para outras empresas as práticas e conhecimentos
adquiridos na experiência da gestão ambiental.
Ao assumir a política de meio ambiente como parte do seu
compromisso com o desenvolvimento sustentável, a Natura visa
também à ecoeficiência ao longo de sua cadeia de geração de valor;
e, ao buscar a ecoeficiência, favorece a valorização da
biodiversidade e de sua responsabilidade social.
Uma das ferramentas utilizadas com esse objetivo é o Sistema de
Gerenciamento Ambiental Natura, Sigan, que tem por base a NBR
ISO 14001 (a companhia obteve a certificação NBR ISO 14001 em
maio de 2004). O monitoramento realizado pelo Sigan, em 2004,
permitiu, entre outras iniciativas, identificar pontos falhos no
consumo de água e promover o uso mais eficiente desse recurso,
em um ano em que a produção cresceu 28%.
Planejamento
Em outubro de 2004, a Natura concluiu a instalação de todos os
hidrômetros para monitoramento do consumo nos edifícios do
Espaço Natura, na produção, em lavagens e excedentes. Com o
monitoramento aperfeiçoado, no ano passado, o consumo de água
por unidade vendida teve uma redução de quase 50% em relação a
2002. Depreende-se desse dado que, quanto maior for o controle,
menores são as perdas e o consumo. O controle com monitoramento
permite que as anomalias sejam detectadas rapidamente e, dessa
forma, são tomadas providências para corrigi-las o mais breve
possível. Desse modo, o desperdício, se acontece, dura pouco
tempo. A meta para 2005 é reduzir em mais 1% o consumo relativo
de água.
Com este projeto, a Natura materializa suas intenções de minimizar
os impactos ambientais de suas atividades e de contribuir para a
busca da sustentabilidade no uso desse recurso fundamental para a
vida. Além disso, a empresa utiliza seus recursos hídricos sob a
perspectiva permanente da economia e da eficiência de seus
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7. processos.
As etapas que compõem o ciclo hídrico no Espaço Natura são:
Captação de água subterrânea;
Tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA);
Distribuição no Espaço Natura;
Tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE);
Tratamento Preliminar do Efluente Industrial;
Tratamento dos Efluentes Orgânicos;
Reaproveitamento da água.
Execução
Em abril de 1996, a cidade de Cajamar, à margem da Rodovia
Anhangüera, foi escolhida para a construção da nova unidade
Natura. Em fevereiro de 2000 terminou-se a construção da Estação
de Tratamento de Efluentes (ETE), que, em abril, começou a tratar
os efluentes industriais e orgânicos. Em maio de 2001 foi inaugurado
o Espaço Natura Cajamar e, em 2002, criado o Comitê da
Sustentabilidade. Em maio de 2004 foi implantada a NBR ISO 14001
e criado o Sistema de Gerenciamento Ambiental Natura (Sigan). As
obras de expansão da ETE tiveram início em agosto de 2004 e, em
outubro, foi concluída a instalação de todos os hidrômetros para
monitoramento do consumo de água.
Toda a água utilizada no Espaço Natura é captada de um poço
artesiano, a 132 metros de profundidade, por meio de uma bomba
localizada a 35 metros da superfície. A retirada de água do solo
atende aos regulamentos da outorga obtida pela empresa do
Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
(DAEE), que permite uma captação de 20 metros cúbicos/hora, em
20 horas de operação. Para cumprir rigorosamente a legislação e
garantir a recuperação natural do lençol freático, evitando danos ao
meio ambiente, a bomba de captação desse poço está regulada para
retirar exatamente 20 m3/hora e para operar apenas por 20 horas.
Em seguida, o lençol fica em repouso por 4 horas para recuperar sua
capacidade de vazão.
A água bruta captada nas fontes subterrâneas pelo poço artesiano é
direcionada à Estação de Tratamento de Água (ETA) da Natura.
Nessa estação, a água adquire condições de potabilidade após
passar por diversas etapas de tratamento. A água potável abastece
as fábricas, os restaurantes e as torneiras do Espaço Natura.
As águas e efluentes provenientes da limpeza dos equipamentos de
produção e dos pisos das fábricas são mandados para a ETE por
meio de tubulação própria. Estes efluentes chegam com alta
concentração de elementos inorgânicos utilizados na fabricação dos
produtos Natura. Após processo de filtragem, os materiais sólidos
são destinados aos aterros industriais, e os líquidos enviados a um
tanque intermediário. Os efluentes são bombeados para o tanque de
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8. equalização, onde se inicia o pré-tratamento, e deste seguem para o
tanque de reação, onde recebem a adição de produtos químicos.
Durante todo o processo de reação, a água fica em constante
agitação para melhor dissolver os reagentes. Neste processo,
formam-se flocos que decantam até a obtenção do lodo industrial. A
água da superfície do tanque é mandada para um tanque
intermediário e, a seguir, bombeada para o tanque bioreator, no
qual sua carga tóxica é removida. O material depositado no fundo é
bombeado para o tanque de lodo industrial, no qual se colhe uma
amostra para análise de pH e consistência. O lodo industrial é
agitado, tratado, decantado e enviado para o filtro prensa. O
material prensado, conhecido por torta de lodo industrial, é
acondicionado em caçamba para ser enviado ao aterro industrial. A
água resultante desse processo é mandada para o bioreator.
As águas e efluentes originados da cozinha e dos equipamentos
sanitários são destinados à ETE também por meio de um sistema
independente de tubulação. Na ETE, os efluentes orgânicos passam
por processos de retenção de partículas sólidas. O fluxo segue para
o tanque sanitário, de onde a água é bombeada para o bioreator e
misturada à água pré-tratada dos efluentes industriais. Ali, acontece
o processo de biodigestão aeróbica dos elementos orgânicos, por
meio de constante agitação, para manter o nível de oxigênio na
água e a atividade das bactérias aeróbicas. Nesta etapa, é feita uma
avaliação para determinar os níveis de nitrogênio, fósforo e outras
substâncias. Estando em condições adequadas, a água do bioreator
é mandada para o sistema de ultrafiltração de membrana. No filtro,
a água pura é separada dos elementos orgânicos dissolvidos. A
massa orgânica do bioreator é constantemente monitorada e,
quando sua concentração é muito alta, o produto do processo de
retrolavagem é desviado para o tanque de lodo biológico, onde é
colhida uma amostra do lodo para determinar a quantidade de
reagentes químicos que deve ser adicionada. Após sua estabilização,
o lodo biológico é mandado para o filtro de prensa. A água
excedente do processo de prensagem retorna ao bioreator. A torta
do lodo biológico é acondicionada em caçamba para ser enviada a
uma empresa de reciclagem, que a transforma em um adubo
orgânico.
Após os processos de tratamento na ETE, a água recebe cloro e é
bombeada para células específicas da caixa d’água, onde fica
disponível para uso nos vasos sanitários, no combate a incêndios, na
limpeza de piso de rodagem e na rega dos jardins do Espaço Natura.
O excedente é devolvido à natureza, mas antes serve de meio de
vida para os peixes do lago da ETE, para comprovar que a água
pode ser despejada no rio Juquery.
Investimentos
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9. Em 2000, a Natura investiu 3 milhões de dólares na implantação da
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) no Espaço Natura
Cajamar. Além de estar integrada com a mata nativa que circunda
todo o Espaço Natura, a estação da Natura é a única da América do
Sul dotada de uma tecnologia canadense de ultrafiltração, que utiliza
membranas para tratamento de efluentes industriais e domésticos.
Com esses recursos, ela foi inaugurada com capacidade para tratar
230 mil litros de água por dia e uma quantidade de esgoto (resíduos
químicos e orgânicos) equivalente ao produzido por uma cidade de
45 mil habitantes. Hoje, com a instalação de uma nova membrana, a
produção diária está em 253 mil litros, o que corresponde a um
aumento de 10% de sua capacidade original.
A utilização dessa tecnologia, combinada com um sistema de coleta
de esgoto sanitário a vácuo, possibilitou uma redução de 5 vezes em
sua área construída em relação às estações de tratamento
convencionais. Além disso, se a Natura tivesse que mandar os
efluentes domésticos e industriais para serem tratados fora (na
Sabesp, por exemplo), além do impacto ambiental resultante da
necessidade de transportar todo este efluente e dos riscos
associados a essa operação, teria um custo direto 5 vezes superior
ao dispendido na operação atual.
O sistema usa apenas 2 litros de água por acionamento, permitindo
uma economia de até 18 litros na limpeza de cada vaso sanitário em
comparação com sistemas convencionais (válvula de pressão). No
total, existem 660 vasos sanitários no Espaço Natura Cajamar.
Toda a água do sistema de coleta de esgoto a vácuo é proveniente
da ETE, ou seja, é reutilizada. Isso evita o uso nos vasos sanitários
da água potável proveniente do poço artesiano, que é destinada
para fins mais nobres.
Público Beneficiado
Os benefícios atingem todas os públicos ou partes interessadas
(stakeholders) que se relacionam com a Natura, desde o colaborador
interno até a comunidade de entorno.
No caso do ciclo da água, suas ações fazem com que a água que sai
da Estação de Tratamento de Efluentes da Natura tenha alto nível de
pureza e, além de boa parte dela ser reutilizada na própria empresa,
o restante é devolvido ao rio Juquery, contribuindo para sua
oxigenação e para a diluição de poluentes. Ainda pensando na
revitalização do rio, a empresa participa do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê, representando a indústria de cosméticos.
Avaliação
A legislação estadual permite que a devolução da água ao meio
ambiente contenha até 60 mg/litro de DBO ou que se pratique 80%
de remoção de DBO nos processos de tratamento, enquanto a
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10. federal permite uma devolução de até 10 mg/litro. (DBO, Demanda
Bioquímica de Oxigênio, é a unidade de medida da quantidade de
oxigênio necessária para que a flora biológica faça a degradação
natural da poluição.)
A Natura busca estar abaixo dos limites estabelecidos por lei. Dessa
forma, a ETE devolve ao meio ambiente a água com qualidade acima
dos padrões exigidos tanto pela legislação ambiental estadual quanto
pela federal, efetuando mensalmente todas as análises
comprobatórias de atendimento às normas. As análises realizadas
durante o ano de 2004 mostram que os efluentes tratados na Natura
comportam, em média, em torno de 5 mg/litro de DBO ou realizam
99,9% de eficiência na remoção de DBO.
O resultado é que a água excedente, não reutilizada em suas
instalações e despejada no rio Juquery, é devolvida à natureza com
qualidades físico-químicas e biológicas bem superiores àquelas que o
próprio rio apresenta. Para se ter uma idéia, a média anual de DBO
do Rio Juquery chega a 60 mg/litro, ou seja, bem acima do que a
que a Natura devolve com seus efluentes.
Benefícios
Com seu processo de gerenciamento dos recursos hídricos, a Natura
obtém vários ganhos de economia, eficiência e sustentabilidade:
Em 2004, a empresa conseguiu uma redução de 23% no
consumo de água por unidade vendida em relação a 2003.
O reciclo de água tratada e as operações caça-vazamentos
permitiram resultados significativos. Mesmo com o crescimento
significativo de 28% de itens produzidos em 2004, houve uma
expansão sustentada do consumo de água.
A reutilização da água aumentou de 29%, em 2003, para
39,5%, em 2004. Em janeiro e fevereiro de 2005, o volume de
reuso já superou este índice e alcançou a média de 50%.
Em 2004, foram implementadas ações para aumentar o reuso
de água tratada, como a criação de novos pontos para rega, que
deixou de utilizar água potável.
A ETE está em obras de expansão de sua capacidade física para
atender ao crescimento da Natura. Hoje, a capacidade de
tratamento é de 253 m3/dia. Ela será ampliada para 340 m3/dia, o
que deve suprir a demanda da empresa até 2008.
Em 2004, foram tratados 40.245 m³ de esgoto oriundo dos
efluentes sanitários na ETE, contra 41.735 m³ em 2003 (3,5% a
menos), embora o número de colaboradores no site tenha
aumentado no mesmo período. Isso representa um crescimento
sustentado com economia de água.
Em 2004, foram enviados à ETE 35.336 m³ de efluentes
industriais contra 27.941 m³ em 2003 (20,9% a mais), o que reflete
o significativo aumento da produção da empresa.
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11. No total, o volume tratado dos efluentes sanitários e industriais
em 2004 foi de 73.500 m3, contra 69.677 m3 em 2003, o que
justifica a necessidade de ampliação da capacidade da ETE.
O sistema de coleta a vácuo representa grande economia para
a Natura, já que utiliza apenas 2 litros de água/descarga, contra 20
litros/descarga do sistema convencional. Ao utilizar 2 litros de água
por descarga, são tratados 220 m3 de esgoto/dia na ETE; usando 20
litros de água/descarga, seriam tratados 1.200 m3/dia.
A devolução de água e efluentes à natureza, que a Natura
realiza em seu ciclo hídrico no Espaço Natura, obedece à Lei
Estadual 997/76, artigos 12 e 18, ao Decreto Lei 8.468/76 e à
Resolução 20/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama),
de acordo com o licenciamento ambiental concedido pela Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).
Compartilhamento dos resultados
A gestão responsável da água é recorrente nas discussões da Natura
com seus diversos públicos de relacionamento e tem sido assunto
abordado em seus vários veículos de comunicação, para públicos
internos e externos.
Além dos benefícios práticos que traz ao ciclo da água no Espaço
Natura, a ETE também exerce um papel fundamental no programa
de Educação Ambiental, sendo constantemente visitada por escolas,
faculdades, órgãos públicos etc. Em 2004, por exemplo, recebeu
aproximadamente 450 visitantes.
Por meio do Sistema de Gestão, todos os indicadores do uso de água
pela empresa se integram à estrutura da GRI, Global Report
Initiative, tendo seus objetivos e metas reportados no seu Relatório
Anual.
Com o fechamento do ciclo da água, que retorna à natureza em
condições de qualidade satisfatórias, a Natura materializa as suas
intenções de minimizar os impactos ambientais de suas atividades e
de contribuir para a busca da sustentabilidade no uso deste recurso
fundamental para a vida. Além disso, a empresa utiliza seus
recursos hídricos sob a perspectiva permanente da economia e da
eficiência de seus processos.
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