1) O documento aplica a teoria do caos para analisar a economia, política e sociedade brasileira, sugerindo que o país está se aproximando de um ponto de bifurcação que pode levar ao colapso ou a uma nova estrutura.
2) A adoção de políticas de "feedback" negativo em vez de "feedback" positivo dificulta o Brasil em superar a crise atual.
3) Vários fatores como a corrupção, ineficiência do estado e modelo econômico neoliberal em declínio aprofundam
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Brasil Caos
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BRASIL RUMO AO COLAPSO ECONÔMICO, POLÍTICO E SOCIAL
(ANÁLISE SOB A ÓTICA DA TEORIA DO CAOS)
Fernando Alcoforado*
As turbulências que veem ocorrendo em vários países do mundo ao longo da história
demonstram que eles são constituídos por sistemas políticos, econômicos e sociais
caóticos, imprevisíveis e sensíveis às condições iniciais se caracterizando pela
incapacidade de prever seus estágios futuros porque uma pequena mudança nas
condições iniciais do sistema pode ocasionar grandes implicações em seu
comportamento futuro. Pode-se afirmar que cada país e o sistema-mundo operam de
acordo com a Teoria do Caos que é uma das leis mais importantes do Universo presente
na essência de quase tudo o que nos cerca. Segundo a Teoria do Caos ou a Ciência da
Complexidade, o caos é uma "mistura" de desordem e ordem que nascem de novas
estruturas, chamadas estruturas "dissipativas".
A Teoria do Caos sugere que o Universo tem um ciclo de ordem, desordem, ordem, e
assim sucessivamente. De modo que uma leva a outra e assim por diante, talvez
indefinidamente. Uma das principais implicações da Teoria do Caos tem a ver com o
“feedback” (retorno) gerado em situações caóticas. Enquanto sistemas fechados têm um
“feedback” negativo, sistemas abertos evoluem caoticamente pelo feedback positivo. O
“feedback” negativo tende a corrigir um desvio, levando o sistema ao seu estado
original. Tais processos se opõem à mudança, uma vez que sempre olham para trás para
voltar a um estado anterior. Por outro lado, o “feedback” positivo promove a mudança,
a formação de novas estruturas, mais sofisticadas, mais adaptáveis, mais sutis,
inovadoras. Na medida em que implica a criação de uma nova estrutura, os processos
são irreversíveis, ao contrário do “feedback” negativo, que tendendo para o estado
original, é reversível.
No “feedback” negativo procuramos corrigir os desvios para retornar ao caminho
original. No “feedback” positivo, pequenas mudanças podem induzir a grandes
mudanças que levam a novas metas desconhecidas, talvez melhor, embora não
possamos prever exatamente onde é que chegaremos. Enquanto a ciência clássica
centrada na estabilidade, no determinismo, enfatiza o processo de “feedback” negativo
que tende a reduzir a mudança, retornando o sistema à sua posição de equilíbrio, o
“feedback” positivo promove a mudança e a instabilidade. Exemplo: a inovação
tecnológica cria um novo negócio e a presença deste, por sua vez, estimula a geração de
mais inovações.
Os fatos da vida demonstram que a evolução requer instabilidade para que pequenos
eventos sejam ampliados que só é possível em uma situação de não equilíbrio. A
evolução requer a instabilidade, a irreversibilidade e a possibilidade de dar sentido a
pequenos eventos para que uma mudança estrutural ocorra. Uma vez que o processo
resulta na criação de uma estrutura complexa, a estrutura de dissipação, um novo ciclo
de desequilíbrio ocorre e o caos recomeça onde ocorrem novas instabilidades ou
flutuações (Figura 1). Para Prigogine (químico russo, Nobel de Química de 1977 pelos
seus estudos em termodinâmica de processos irreversíveis com a formulação da teoria
das estruturas dissipativas), todos os sistemas contêm subsistemas constantemente
flutuantes. Às vezes, uma única variação em um deles pode ser tão poderosa como
resultado de um “feedback” positivo, que quebra toda a organização existente. Nesse
momento, chamado momento singular ou ponto de bifurcação, é inerentemente
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impossível saber para onde vai evoluir o sistema (estado de improbabilidade):
desintegrar-se em caos ou saltar para um novo nível de organização superior e
diferenciado ie , uma nova estrutura dissipativa.
Figura 1- Sistemas dinâmicos
Fonte: Ervin Laszlo. O Ponto do Caos. São Paulo: Editora Cultrix, 200.
A Figura 1 mostra que um sistema dinâmico como o sistema econômico do Brasil
quando está sujeito a “flutuações” é levado a um ponto de bifurcação a partir do qual o
sistema alcança uma nova estabilidade dinâmica (avanço revolucionário ou para outro
patamar mais avançado) ou entra em colapso, segundo Ervin Laszlo (O Ponto do Caos.
São Paulo: Editora Cultrix, 200). No ponto bifurcação o sistema tem que ser
reestruturado ou entrará em colapso. Esta é a situação vivida pela economia do Brasil,
que enfrenta uma crise profunda. Para enfrentar a crise, o governo Dilma Rousseff
adota um “feedback” negativo procurando corrigir os desvios para retornar ao caminho
original quando deveria adotar o “feedback” positivo com a promoção de mudanças, a
formação de novas estruturas, mais sofisticadas, mais adaptáveis, mais sutis e
inovadoras para superar a crise atual e retomar o desenvolvimento do País em novas
bases.
A Teoria do Caos ou a Ciência da Complexidade apresenta uma perspectiva interessante
do ponto de vista de sua aplicação à economia principalmente na explicação de
fenômenos que parecem ter um comportamento disruptivo. Por trás da aparente
desordem na economia, há uma dinâmica que pode ser explicada através de técnicas
matemáticas e estatísticas apropriadas, típicas desta teoria. Em sistemas dinâmicos,
como a economia, que mudam constantemente ao longo do tempo, pequenas alterações
em um determinado momento, pode ser a causa de grandes mudanças no futuro. A crise
mundial que eclodiu em 2008 nos Estados Unidos produziu várias consequências que se
manifestam até hoje. Considerando que a economia capitalista é um sistema
dinâmico, não linear e complexo, a dificuldade de planejar e antecipar problemas, exige
a consideração das perspectivas de desenvolvimento de longo prazo. Significa que é
preciso planejar a economia reconhecendo que o caos e a complexidade estão presentes
e que deve lidar com este cenário da melhor maneira possível. Uma das grandes
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dificuldades de o Brasil superar a crise que devasta o País reside no fato de adotar o
modelo neoliberal que rejeita o planejamento governamental.
O Brasil, como organização econômica, social e política, está em desintegração. Os
sinais de desintegração são evidentes em todas as partes do País. O modelo econômico
neoliberal em vigor mostra claros sinais de esgotamento porque apresenta declínio no
crescimento econômico com tendência à estagflação, aumento das taxas de inflação,
elevadíssima carga tributária, endividamento crescente, precariedade da infraestrutura
de transporte e energia, falência dos serviços públicos de educação e saúde,
desindustrialização, gargalo logístico e queda vertiginosa na balança comercial. Além
disso, todo o sistema político e administrativo do País está contaminado pela corrupção
e a máquina administrativa do Estado é ineficiente e ineficaz. Todos estes sinais tendem
a aprofundar a crise econômica brasileira alimentando a emergência de colapso do
sistema econômico, político e social nacional.
O caos e a complexidade do ambiente de negócios no Brasil fazem com que os
governos, as empresas e as pessoas sintam a sensação de estarem sendo arrastadas por
um furacão que permeia toda a vida política, econômica e social. Isto quer dizer que,
para compreender e gerir um sistema econômico e social complexo devemos pensar de
forma complexa e agir utilizando conceitos e práticas, no mínimo, comparáveis à
complexidade desse sistema. Esta não é a prática dos gestores da economia brasileira
que ainda utiliza métodos obsoletos de administração do sistema econômico. As
ciências econômicas clássicas que, no passado, nos ofereceram uma série de métodos
para entender a realidade e construir modelos econômicos e organizacionais já não
atendem as necessidades da era contemporânea. Não devemos continuar adotando
modelos econômicos e organizacionais em que tudo a eles relacionados seja tratado de
forma isolada e desconectada do todo.
* Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.