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RESUMOS DO XIV ENCONTRO NACIONAL
DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU, V
ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
FILOSOFIA DA UFU E DO III ENCONTRO DE
PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
ISSN 2358-615X Novembro de 2020
Volume 14 – número 14 IFILO - UFU
ISSN 2358-615X
Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU,
V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro
de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio
Volume 14 – número 14
Novembro de 2020
IFILO – UFU
Organizadores:
Marcos César Seneda
Arthur Falco de Lima
Cristiano Rodrigues Peixoto
Fernando Tadeu Mondi Galine
Henrique Florentino Faria Custódio
Revisores:
André Luis Lindquist Figueredo
Ariadne Fernandes Lacerda
Leticia Palazzo Rodrigues
Lucca Fernandes Barroso
Maryane Stella Pinto
Raphael Souza Borges Junior
XIV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU, V
ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UFU E DO III ENCONTRO DE
PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
O Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) é um evento regular de pesquisa, que visa a fortalecer a inserção regional e nacional da
comunidade filosófica representada pelos grupos e núcleos de pesquisa agregados ao Instituto de
Filosofia (IFILO). O propósito do evento é a intensificação da integração dos estudantes – da
graduação e da pós-graduação – e dos docentes e discentes do Ensino Médio com a comunidade
filosófica nacional. Ao mesmo tempo, o evento pretende atuar decisivamente como fonte de
incentivo para que os estudantes apresentem seus primeiros trabalhos e adquiram, por esse meio,
um pouco da prática da produção de pesquisa especializada. Acentua nossa satisfação, ao organizá-
lo anualmente, o fato de o evento ter se ampliado e se tornado uma mostra significativa do
diversificado e consistente trabalho de pesquisa dos estudantes.
Conquanto sejam grandes os impactos da pandemia na organização de eventos, devendo-se,
à primeira vista, esperar uma queda no número de participações, não foi, no entanto, isso que
aconteceu. Por um lado, é preciso justificar que o evento, inicialmente programado para o início de
junho, foi transferido para o final de novembro. Grande foi o aprendizado para viabilizar um evento
desse porte, com três mesas simultâneas e em alguns momentos quatro; com realização em uma
plataforma e transmissão em outra; com todos os procedimentos realizados remotamente. Por outro
lado, intensos têm sido os ataques à área de filosofia nos últimos dois anos. Portanto, é digno de
menção a resiliência da comunidade filosófica. A falta de verbas, a desvalorização da atividade
científica e principalmente do trabalho teórico que ela abriga, os golpes recebidos pela área, todas
essas coisas não impediram que os trabalhos de pesquisa avançassem com dificuldade, mas não se
detivessem em face dos obstáculos que ainda estão sendo postos à nossa frente. Uma grande mostra
de investigação científica expressa não somente que temos sobrevivido em condições impróprias de
diversos pontos de vista, mas sobretudo o quanto temos conseguido levá-la a cabo da melhor
maneira possível, avançando em terreno degradado, tornando edificantes as relações de trabalho, e
oferecendo à sociedade um retorno notável numa época de ataques irracionais à ciência enquanto
prática e instituição.
No evento realizado em 2019 houve um envolvimento expressivo da comunidade filosófica
nacional, com a aprovação de 149 resumos enviados por pesquisadores de diversas universidades
brasileiras. Neste ano, nós teremos a décima quarta edição do evento, realização que confirma o
compromisso dos estudantes e do corpo docente do Instituto de Filosofia da UFU com a pesquisa e
disseminação do saber filosófico. Será realizado também, concomitantemente com o XIV Encontro
Nacional de Pesquisa em Filosofia, o V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU, encontro
esse que recebeu contribuições significativas de pesquisadores de diversas universidades brasileiras
nas quatro edições anteriores. Espantosamente, cresce o número ano a ano dos graduandos,
mestrandos e doutorandos que, mesmo nas edições presenciais, vêm até a UFU para apresentar e
discutir os seus trabalhos de pesquisa. Sejam sempre bem-vindos! Além disso, realizaremos também
o III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, com participação de nove alunos
oriundos de duas escolas da cidade. É imensa a nossa satisfação em receber esses alunos no interior
do evento de pesquisa, juntamente com os professores orientadores do Ensino Médio. Esperamos,
com essa experiência, incentivar a pesquisa no Ensino Médio, vindo a ampliar e consolidar a
presença desses alunos nos próximos eventos.
A conferência de abertura dos eventos será proferida pelo Prof. Dr. Castor Bartolomé Ruiz
(UNISINOS), que falará sobre o seguinte tema: “A democracia amedrontada. Os novos sofistas das
democracias espetaculares”. Essa conferência ocorrerá na segunda-feira, 23 de novembro de 2020,
às 19h. Já a conferência de encerramento dos eventos será proferida pela Profa. Dra. Ana Maria
Said (UFU), que falará sobre o seguinte tema: “Sobre crise, guerra de posição e organização política
no mundo atual”. Essa conferência ocorrerá na sexta-feira, 27 de novembro de 2020, também às 19h.
Seguindo os protocolos de segurança sanitária para o enfrentamento à pandemia de Covid-
19, tanto as apresentações de trabalhos como as conferências de abertura e de encerramento dos
eventos serão realizadas em salas online, de maneira remota.
O presente caderno apresenta o resultado de duas significativas mostras da pesquisa
acadêmica nacional, às quais se soma o trabalho de pesquisa de estudantes do Ensino Médio, e
pretende ser um incentivo para a produção de conhecimento filosófico e um veículo para a sua
divulgação.
Desejamos à comunidade de pesquisa um bom evento, e no próximo ano esperamos todos e
todas vocês de braços abertos, para que a UFU possa continuar sua missão de lutar pelo
desenvolvimento nacional e de promover a ciência, com toda a sua força plural, em território
brasileiro!
ISSN 2358-615X
Comissão Técnico-Científica:
Ana Gabriela Colantoni (UFU / UFG)
Anselmo Tadeu Ferreira (UFU)
Débora de Sá Ribeiro Aymoré (UFPR)
Diego de Souza Avendano (UNIFESP)
Dirceu Fernando Ferreira (IFTM)
Fábio Baltazar do Nascimento Júnior (UFU)
Fernando Martins Mendonça (UFU)
Fillipa Carneiro Silveira (UFU)
Franco Nero Antunes Soares (IFRS)
Igor Silva Alves (UFU)
Lucas Nogueira Borges (HU - Berlin / UFU)
Luiz Carlos Santos da Silva (UFU)
Marcio Tadeu Girotti (FAMEESP)
Marcos César Seneda (UFU)
Maurício Fernando Pitta (UFU)
Natália Amorim do Carmo (UFU)
Paulo Irineu Barreto Fernandes (IFTM)
Suellen Caroline Teixeira (UFU)
Vinícius França Freitas (UFMG)
Comissão Técnica - Ensino Médio
Luís Gustavo Guadalupe Silveira (IFMT)
Paulo Irineu Barreto Fernandes (IFMT)
Raphael Souza Borges Junior (Colégio Dom Bosco Uberlândia)
Periodicidade: Anual
INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU)
Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125
Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica
Uberlândia - MG - CEP 38408-100
Telefone: (55) 34 3239-4185
http://www.ifilo.ufu.br/
Sumário
III ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
Ana Júlia Fernandes Oliveira.................................................................................................13
Isadora do Nascimento Lemos...............................................................................................13
Pedro Karlos Alves Correa.....................................................................................................13
Victor Hugo de Souza Medrado.............................................................................................13
Anna Luísa Pereira Fonseca...................................................................................................14
Kauanne Rodrigues Flores Mendes........................................................................................14
Lara Ribeiro Silva ..................................................................................................................15
Marcelo Ferreira de Oliveira..................................................................................................16
Vinícius Oliveira Magalhães ..................................................................................................17
XIV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU
Adrian Castro Azevedo ..........................................................................................................19
Alexandre Pavani da Silva .....................................................................................................20
Ana Cássia Nogueira Pedrossian............................................................................................21
André Luis Lindquist Figueredo ............................................................................................22
Antonio Matheus Sardinha Santos.........................................................................................23
Ariadne Fernandes Lacerda....................................................................................................24
Arthur Lopes Campos Cordeiro.............................................................................................25
Belchior Alves da Silva..........................................................................................................26
Caroline Santos da Silva ........................................................................................................27
Dean Tarik Silva Araújo.........................................................................................................28
Deiver Vinícius de Melo ........................................................................................................29
Diogo Carrerette Santana .......................................................................................................30
Edivaldo Borges dos Santos Júnior........................................................................................31
Eduardo Pereira Monteiro......................................................................................................32
Enézio Alves Vieira................................................................................................................33
Fábio Luciano Silvério da Silva.............................................................................................34
Fabrício Rodrigues Pizelli .....................................................................................................35
Felipe Eleutério .....................................................................................................................36
Flávio Rocha de Deus ............................................................................................................37
Frank Wyllys Cabral Lira.......................................................................................................38
Gabriela Antoniello de Oliveira .............................................................................................39
Gabrielle Fernandes Martins..................................................................................................40
Ian Abrahão ............................................................................................................................41
José Roberto Nogueira de Sousa Carvalho ............................................................................42
Karênina Milosevic ................................................................................................................43
Laís Oliveira Rios...................................................................................................................44
Lara Cristina Radis Pinto de Carvalho Saenger.....................................................................45
Letícia Palazzo Rodrigues......................................................................................................46
Lorena Moreira Pinto .............................................................................................................47
Lucas Fonseca dos Santos......................................................................................................48
Lucas Hernandes de Almeida.................................................................................................49
Lucca Fernandes Barroso.......................................................................................................50
Luiz Felipe de Andrade Santos...............................................................................................51
Marcos Vinicius Oliveira Santana..........................................................................................52
Mariana Dias Pinheiro Santos................................................................................................53
Marina Barbosa Sá .................................................................................................................54
Mateus Henriques Patrício .....................................................................................................55
Mateus Rodrigues dos Santos ................................................................................................56
Matheus Guimarães de Barro.................................................................................................57
Muryel De Zoppa Menezes....................................................................................................58
Paloma de Souza Xavier ........................................................................................................59
Pedro Guilherme Pommer Grassi Kannenberg ......................................................................60
Pedro Lemgruber Nascimento................................................................................................61
Rafael Ferreira Martins ..........................................................................................................62
Raphael Souza Borges Junior.................................................................................................63
Renato Costa Leandro ............................................................................................................64
Rinaiana Maria Silva Batista..................................................................................................65
Rodrigo César Floriano ..........................................................................................................66
Rodrigo do Prado Zago ..........................................................................................................67
Wallace Guilherme Soares de Brito .......................................................................................68
Wemerson Garcia Ferreira Junior...........................................................................................69
William Francisco de Sousa...................................................................................................70
V ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UFU
Alexandre Henrique dos Reis.................................................................................................72
Alexandre Neves Sapper ........................................................................................................73
Arlison Frank Lisboa Alves....................................................................................................74
Arthur Alves Almeida Soares de Melo...................................................................................75
Arthur Falco de Lima .............................................................................................................76
Augusto Bach.........................................................................................................................77
Bárbara Raffaelle Carvalho Santos ........................................................................................78
Bianca Kelly de Souza ...........................................................................................................79
Bias Busquet Guimarães ........................................................................................................80
Brayan Lucas Arantes da Rocha Caires .................................................................................81
Breno Bertoldo Dalla Zen ......................................................................................................82
Bruna Beatriz Lemes Carneiro...............................................................................................83
Bruno dos Santos Queiroz......................................................................................................84
Bruno Pereira Rodrigues ........................................................................................................85
Cristiano Rodrigues Peixoto ..................................................................................................86
Daniel Peluso Guilhermino....................................................................................................87
Dayana Ferreira de Sousa.......................................................................................................88
Douglas de Melo Ferreira Torquato .......................................................................................89
Edson Sa dos Reis ..................................................................................................................90
Eduardo Leite Neto ................................................................................................................91
Emely Eleen Sbaraini Verona.................................................................................................92
Fernando Honorato de Oliveira..............................................................................................93
Francisco Alvarenga Junnior Neto.........................................................................................94
Gabriel Henrique Dietrich......................................................................................................95
Gabriel Rodrigues da Silva ....................................................................................................96
Gabriel Sandino de Castro......................................................................................................97
Geso Batista de Souza Júnior.................................................................................................98
Guilherme Teixeira Martins Schettini ....................................................................................99
Gustavo de Lima Falqueiro..................................................................................................100
Henia Laura de Freitas Duarte .............................................................................................101
Henrique Florentino Faria Custódio.....................................................................................102
Israel Fabiano Pereira de Souza ...........................................................................................103
Jaireilson Silva de Sousa......................................................................................................104
Jean Caiaffo Caldas..............................................................................................................105
Jean Rodrigues Siqueira.......................................................................................................106
Jessica Holanda Lemos ........................................................................................................107
João Batista Freire................................................................................................................108
Jocinei Godói Lima..............................................................................................................109
Jonathan Almeida de Souza..................................................................................................110
Jorge Luís de Oliveira Gomes.............................................................................................. 111
José Carlos Souza Ferreira...................................................................................................112
José Henrique Fonseca Franco.............................................................................................113
José Roberto Silva Andrade .................................................................................................114
Leonardo Camargo da Silva.................................................................................................115
Letícia Rodrigues da Silva Santos........................................................................................116
Luan Miguel Araújo .............................................................................................................117
Luana Talita da Cruz ............................................................................................................118
Lucas Oliveira de Lacerda....................................................................................................119
Lucymara Da Silva Santos...................................................................................................120
Luís Gustavo Guadalupe Silveira.........................................................................................121
Marcelo de Oliveira..............................................................................................................122
Marcelo Lopes Rosa.............................................................................................................123
Marcelo Rosa Vieira.............................................................................................................124
Marcos Machado..................................................................................................................125
Maryane Stella Pinto............................................................................................................126
Matheus de Oliveira Cenachi...............................................................................................127
Matheus Maciel Paiva ..........................................................................................................128
Menissa Nayara Nascimento Silva.......................................................................................129
Milene Dayana Paes Lobato.................................................................................................130
Natanailtom de Santana Morador.........................................................................................131
Otávio Souza e Rocha Dias Maciel......................................................................................132
Oziel da Rocha .....................................................................................................................133
Pablo Henrique Santos Figueiredo.......................................................................................134
Paulo Irineu Barreto Fernandes............................................................................................135
Pedro Damasceno Uchôas....................................................................................................136
Pedro Falcão Pricladnitzky...................................................................................................137
Philippe Vieira Torres dos Santos ........................................................................................138
Priscila Aragão Zaninetti......................................................................................................139
Públio Dezopa Parreira.........................................................................................................140
Ray Renan Silva Santos .......................................................................................................141
Rodrigo de Abreu Oliveira...................................................................................................142
Rodrygo Rocha Macedo.......................................................................................................143
Rudinei Cogo Moor..............................................................................................................144
Samuel Iauany Martins Silva ...............................................................................................145
Sara Gonçalves Rabelo.........................................................................................................146
Suellen Caroline Teixeira .....................................................................................................147
Thaís Ribeiro Vasques..........................................................................................................148
Thiago Barbosa Vieira..........................................................................................................149
Thiago Lemos Possas...........................................................................................................150
Tomaz Martins da Silva Filho ..............................................................................................151
Uiley dos Reis Medeiro de Brito..........................................................................................152
Ulisses Cauê Boa Ventura Fabian ........................................................................................153
Vitória Mércia Gonçalves dos Santos ..................................................................................154
Viviane Veloso Pereira Rodegheri........................................................................................155
Wagner Barbosa de Barros...................................................................................................156
Wagner Honorato Dutra .......................................................................................................157
Walace Alexsander A. Cruz..................................................................................................158
Wender Santos......................................................................................................................159
Yasmim Sócrates do Nascimento.........................................................................................160
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
12
III ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
13
Análise filosófica dos filmes Blade Runner e Ela
Ana Júlia Fernandes Oliveira (IFTM)
Isadora do Nascimento Lemos (IFTM)
Pedro Karlos Alves Correa (UMA)
Victor Hugo de Souza Medrado (IFTM)
Orientador: Gustavo Guadalupe Silveira
Dentre as diferentes aproximações possíveis dos universos do Cinema e da Filosofia, nos
interessa particularmente o exercício da reflexão filosófica a partir de obras cinematográficas.
Acreditamos que todo filme, na medida em que representa visões de mundo e experiências humanas,
pode ser objeto de análise filosófica. A experiência cinematográfica pode ser lida filosoficamente,
serve de porta de entrada para pesquisas mais aprofundadas e promove uma aproximação entre a
audiência investigadora e problemas tradicionalmente filosóficos. O recorte que iremos explorar
aqui é o da ficção científica cinematográfica e as questões que dela podemos extrair. Problemas
como a natureza da atividade de pensar, a relação entre corpo e alma, a definição de ser humano, os
limites éticos da tecnologia, entre outros, são explorados nessas obras. Apresentaremos as análises
de dois filmes: BladeRunner: o caçador de androides de 1982 suscita reflexões acerca do conceito
de humanidade, da importância da mortalidade na definição do que é ser humano, da interface entre
memória, consciência e identidade e da importância que o reconhecimento de outros seres humanos
tem para a identificação de algo como humano ou não. Questões que foram abordadas por
pensadores como Descartes, Locke, Sócrates, Heráclito e Hobbes. O filme de 2013 Ela apresenta
em seu enredo situações que provocam reflexões sobre a solidão, as relações afetivas virtuais e reais,
a natureza da Inteligência Artificial e os benefícios e malefícios de seu uso pelas pessoas. O que por
sua vez nos remete aos pensamentos de Turing, Searle, Ryle, Levy etc.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
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Inteligência artificial ou inteligência aumentada? Uma questão para a filosofia da mente
Anna Luísa Pereira Fonseca (IFTM)
Kauanne Rodrigues Flores Mendes (IFTM)
Orientador: Paulo Irineu Barreto Fernandes
Frente às pesquisas levantadas, está provado que a Inteligência Artificial não é capaz de
resolver todos os problemas atualmente. Diante dos ataques cibernéticos que acontecem, há
discussões sobre como resolvê-los. Com os avanços da tecnologia, procuram-se formas de
desenvolver mecanismos cada vez mais eficazes. Pesquisadores defendem que o termo IA não
condiz com a realidade. Ele implica que as empresas que aderem a essa tecnologia estão
substituindo os seres humanos por máquinas, sendo uma suposição equivocada. Brevemente, a
nossa própria inteligência natural potencializada poderia ser artificial, sendo necessário adequar-se
outro nome, como talvez, Inteligência Aumentada. As empresas devem adotar essa tecnologia até
2030, de acordo com a consultoria Gartner e gerando US$ 2,9 trilhões de valor global de
comercialização/negócios, sendo um total de 6,2 bilhões de horas de produtividade até 2021. Apesar
de a Inteligência Artificial querer automatizar os processos de uma empresa, ela não interpreta os
dados de uma maneira totalmente segura, sendo possível enganá-la. Um exemplo é o deepfake,
tecnologia que usa a IA para criar vídeos falsos. Esses acontecimentos se dão pelo fato do
mecanismo da IA ter alguns pontos cegos. A Inteligência Aumentada tem como objetivo reduzir
erros de um projeto, por ser eficiente com a automação, com um toque humano, administrar os
riscos que uma decisão totalmente automatizada pode atrair. A inteligência emocional dos seres
humanos é uma competência difícil de ensinar às máquinas, envolvendo intuição, empatia e
julgamento moral. Esses traços compõem os aspectos qualitativos da interação humana. Este é um
tema a ser discutido na Filosofia, sobretudo na Filosofia da Mente, que é um dos ramos que tenta
entender/desvendar a mente humana e a “mente” das máquinas. Desde o avanço tecnológico, as
pessoas mais adequadas para resolver/responder esses fatos eram e são os filósofos, pois agem
diante da razão.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
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Um retorno à caverna: das redes sociais ao mito de Platão
Lara Ribeiro Silva (Colégio Dom Bosco Uberlândia)
Orientador: Raphael Souza Borges Junior
Em “A República”, principal obra de Platão, é retratada uma história chamada de “Alegoria
da Caverna”. Nessa alegoria, ele explica um modo de conhecer, que seria o mais adequado para se
pensar em um governante capaz de fazer política com sabedoria e justiça. Na figura de Sócrates, ele
pede para que Glauco imagine uma caverna onde os prisioneiros vivessem desde criança com as
mãos amarradas e só pudessem visualizar as sombras que são projetadas na parede. As sombras são
ocasionadas por uma fogueira, em que homens passam ante a fogueira, fazem gestos e passam
objetos, formando sombras que representam todo o conhecimento que os prisioneiros tinham do
mundo. Quando um dos prisioneiros foi liberto, ele anda pela caverna e vê a realidade que
acreditava ser a totalidade do mundo. Ao encontrar a saída da caverna, ele se assusta com o mundo
de fora, com a luz solar, que ofusca a sua visão. Ele percebe, então, a infinidade do mundo e da
natureza. Aquelas sombras, que ele acreditava ser a realidade, são, na verdade, cópias imperfeitas de
uma parcela da realidade. Nosso objetivo é relacionar essa alegoria com o uso continuo das redes
sociais. Elas fazem com que os usuários desenvolvam em sua mente um mundo completamente
diferente da realidade, o mundo virtual, que atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia, se
tornou um vício.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
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O encontro consigo mesmo
Marcelo Ferreira de Oliveira (Colégio Dom Bosco Uberlândia)
Orientador: Raphael Souza Borges Junior
Na antiga Grécia, nasceu um dos pensadores mais importantes de todos os tempos, Sócrates.
O ponto central das ideias dele está contido na célebre frase: “Conhece-te a ti mesmo”. Através da
maiêutica, ele levava seus discípulos a se dedicarem à tarefa de se conhecer a si próprios, pois é
nesse conhecimento que reside o segredo da felicidade. O conhecimento de si torna o homem capaz
de melhor compreender seus semelhantes e a natureza, erguendo assim uma ponte de paz entre ele e
o mundo que o cerca. A atenção voltada para o corpo pode funcionar como ponto de partida para
este encontro. Nosso propósito é exercitar a “Geografia do eu”. Este instrumento foi criado pelo
psicólogo norte-americano Gerald Weinstein. Trata-se e explorar a geografia do próprio corpo.
Então, pretendemos responder as seguintes perguntas: 1) Se seu corpo fosse um país, que lugar seria
mais agradável para se viver? 2) Onde está situada a região militar do seu corpo? Quais forças ela
possui? Estas forças já puderam entrar em guerra contra algo? 3) Se seu corpo fosse uma grande
cidade, quais os lugares que você apresentaria aos visitantes como atrações turísticas? 4) Qual seria
o símbolo, a bandeira do seu corpo? 5) Quem governa o seu corpo? 5) Onde fica a capital
econômica do seu corpo? 6) Qual sentimento seu corpo mais importa do exterior? 7) Onde se situa a
região mais pobre do seu corpo? Assim, o objetivo deste questionário é nos levar a pensar e refletir
e gostar do nosso corpo físico e espiritual.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
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Dilemas estéticos sob perspectiva da IA: uma reflexão acerca da capacidade criativa
das máquinas
Vinícius Oliveira Magalhães (IFTM)
Orientador: Paulo Irineu Barreto Fernandes
Este trabalho tem por finalidade promover uma reflexão acerca da capacidade artística das
máquinas, se justapondo à pesquisa da filosofia da mente. Diante disso, se uma obra de arte foi
produzida a partir de um sistema puramente lógico, isento de sentimentos e de autoconsciência, a
sua originalidade pode ser questionada. Nesse caso, se entendermos a expressão como o poder de
exteriorizar uma interioridade, a atribuição artística ao objeto seria equivocada, pois, segundo o
filósofo John Searle (1990), a “inteligência” envolvida é sintética, isto é, não dispõe de um
conteúdo. Em contrapartida, as obras produzidas por robôs apresentam uma beleza comparável a
concebida por humanos, assim o valor de uma composição real é contrariada. Se, em autores como
Jerry Fodor, o funcionamento da mente seria análogo ao funcionamento de um computador caso
produzisse uma obra, em Platão, essa ideia revelaria a cópia (mimesis) do que o homem já havia
tentado copiar do mundo ideal, ou seja, a máquina não pensaria como a mente, somente a
reproduziria por meio de padrões percebidos. Ademais, a relação entre software e hardware invoca
uma reflexão semelhante a do vínculo entre corpo e pensamento, logo, evocar filósofos que
discutem os conceitos de empirismo e racionalismo nos ajuda a entender as relações entre a
experiência de um robô a partir de um objeto do mundo e a relação imediata entre as suas ideias,
respectivamente, a fim de engendrar uma criatividade que servirá de mediadora entre o percebido
por sensores e o “pensado” pelas redes neurais. Dado o exposto, cabe aos estudos de filosofia da
mente e estética entender e intender a atribuição do estatuto de arte a um objeto oriundo de uma
máquina, conduzindo-nos a reflexão de que o homem, ao procurar desenvolver um pensamento
artificial, também evidencia sua vontade de explorar a sua capacidade criativa.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
18
XIV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
19
O que falamos e por que fazemos: a relação entre o logos e a política no pensamento
protagórico
Adrian Castro Azevedo (UFPA)
Partindo das inferências feitas por Barbara Cassin, na obra O Efeito Sofístico, acerca do
pensamento político de Protágoras de Abdera, a comunicação pretende elucidar a maneira como
este enxergou a relação entre o discurso (logos) e a política de seu tempo, com a finalidade de
colocar à luz da investigação a maneira como lidamos com a justiça e a política em nossa sociedade.
Através da análise do mito de Prometeu exposto no diálogo platônico Protágoras (320 b- 328 d),
que nos traz Protágoras retratando o surgimento do aidos e da dike — comumente traduzidos como
“pudor” e “justiça” — dentre os homens, busca-se fazer compreender o papel destes dois conceitos
na teoria política deste filósofo sofista para, posteriormente, na demonstração do axioma do
homem-medida, khremata, comentado tanto na obra de Cassin quanto no artigo The Sophistic
Moviment, de Rachel Barney, sugerir que a política, em determinados aspectos, é mais uma questão
de logos que uma questão moralista. Desse modo, ao argumentar que a obediência às leis, se
justificada apenas pelo aidos, não exige caráter moral ao sujeito, fazendo com que a areté política
protagórica apoiada no logos se faça fundamental, almeja-se fomentar a discussão sobre o exercício
da justiça na vida política, com as inquietações: o que dizemos ser o justo? Por que o fazemos?
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
20
O subjetivismo de Immanuel Kant na caracterização das representações de espaço e de tempo
como intuições puras
Alexandre Pavani da Silva (UFU)
Orientador: Marcos César Seneda
O objetivo principal será analisar o subjetivismo de Immanuel Kant ao caracterizar o espaço
e o tempo como formas da sensibilidade, intuições puras, na Estética Transcendental de sua obra
Crítica da Razão Pura. A forma subjetiva como Kant caracteriza o espaço e o tempo na Estética
Transcendental evidencia a central e indispensável participação destes conceitos na explicação do
evento de aquisição de conhecimento pela experiência, concebida sob a ótica do idealismo
transcendental. Diante disso, analisaremos de que forma o filósofo prussiano tece sua argumentação
a fim de chegar à asserção de que o espaço e o tempo dizem respeito à natureza de nossa
sensibilidade, existindo na mente a priori, independentemente dos objetos dados pela sensação,
como formas da sensibilidade. Com efeito, a postura argumentativa fenomenalista adotada por
Immanuel Kant nos primeiros parágrafos da Estética transcendental nos apresenta um aparente
paradoxo em relação à existência objetiva dos objetos em si. A princípio o filósofo aponta que a
matéria dos fenômenos é tudo aquilo que nos fenômenos corresponde às sensações, estabelecendo
os termos de uma aparente tripla distinção entre a sensação subjetiva, o fenômeno e o objeto em si
mesmo. No entanto, ao afirmar em seguida que a matéria de todas as aparições, ou fenômenos, é
dada a posteriori, estabelece que esta distinção se daria, na verdade, entre a sensação subjetiva e o
fenômeno. Isso pode ser compreendido como uma caracterização subjetivista dos fenômenos, então
entendidos como modificações do sujeito, de um estado do sujeito. Sendo assim, analisaremos de
que forma estas duas tendências argumentativas se correlacionam, a fim de proporcionar uma via de
acesso à assertiva que orienta toda a Estética Transcendental – de que as representações de espaço e
de tempo são intuições puras.
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UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
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A liberdade como fundamento ontológico do ser na doutrina de Sartre
Ana Cássia Nogueira Pedrossian
O que é o homem? A história da filosofia tratou de responder de diversas maneiras;
entretanto, todas convergiam para o determinismo como fundamento ontológico do ser. No século
XX, Jean Paul Sartre se opôs à tradição filosófica e inaugurou uma nova concepção para o homem.
Assim, o objetivo da pesquisa é analisar esse novo olhar sobre o homem sob a ótica existencialista
de Sartre. A pesquisa se guiou pela análise da obra O Ser e o Nada e utilizamos a premissa a que o
filósofo recorreu para fundamentar sua teoria, que é: “a existência precede a essência”. Ateísta,
Sartre não pressupõe a existência de Deus ou qualquer outro ente criador; deste modo, para ele o
homem primeiro existe e só depois constrói sua essência, não havendo, portanto, uma essência
abstrata que precederia sua existência. Assim, se o homem não foi idealizado previamente, se não
foi projetado, não haveria coerência em sustentar a ideia de uma essência anterior à sua existência.
É assim que Sartre afirma que o homem é nada antes de existir, ele só poderá ser qualquer coisa a
partir de sua existência no mundo; por isso a razão da célebre frase de que o homem está condenado
à liberdade. Isso porque ele não escolheu estar no mundo, contudo será o único responsável por sua
existência a partir das escolhas que fizer durante sua vida. Percebemos então que a corrente
existencialista transforma o homem como protagonista de sua história – onde não poderá se utilizar
de subterfúgios para atribuir a outrem a responsabilidade de sua vida –, contrapondo-se deste modo
à tradição filosófica que buscou estabelecer uma essência metafísica que determinaria o homem,
bem como o materialismo e o inconsciente que retira do homem a liberdade e a responsabilidade de
sua vida.
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Racionalidade e valor: tentativas de preservar a transitividade da relação “melhor que”
André Luis Lindquist Figueredo (UFU/CNPq)
Apresentarei três tentativas de solucionar a inconsistência entre 4 visões expressas pelo
exemplo From Torture to Mosquito Bites, como exposto por Temkin em Rethinking The Good. As
quatro visões são: (1) Para qualquer experiência desprazerosa ou “negativa”, não importando qual a
intensidade ou a duração dessa experiência, seria melhor ter essa experiência do que uma que fosse
um “pouco” menos intensa, mas duas vezes (ou três, ou cinco) mais duradoura; (2) Há, ou pode
haver, um espectro de experiências desprazerosas ou “negativas” variando em intensidade de, por
exemplo, formas extremas de tortura para o leve desconforto de uma picada de mosquito, tal que
alguém possa mover-se, do extremo severo desse espectro ao seu extremo brando, em uma série
finita de passos, em que cada passo envolve a transformação de uma experiência negativa para outra
que seja apenas um “pouco” menos intensa do que a precedente; (3) O leve desconforto de uma
picada de mosquito em alguém seria melhor que dois anos de uma tortura excruciante, não
importando quão duradoura a vida de alguém fosse nem quão duradouro o desconforto da picada de
mosquito fosse; (4)“Melhor que, todas as coisas consideradas” é uma relação transitiva. Então, para
qualquer três alternativas A, B e C, que envolvam experiências desprazerosas, de durações e
intensidades variadas, se, considerando todas as coisas, A é melhor que B, e B é melhor C, então A é
melhor que C. As três tentativas que apresentarei possuem em comum o objetivo de preservar a
visão (4); são elas: a tentativa de John Broome, em seu livro Weighing Lives, pela falsidade da (3); a
tentativa de Toby Handfield, em seu artigo Rational Choice and the Transitivity of Betterness, pela
falsidade da (1); a tentativa de Christopher Knapp, em seu artigo Trading Quality for Quantity,
também pela falsidade da (1).
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Filosofia, Direito e as pessoas em situação de rua durante a pandemia
Antonio Matheus Sardinha Santos (Faculdade Ideal- Faci Wyden)
Orientadora: Sandra Suely Moreira Lurine Guimarães
Este trabalho aborda, de forma filosófica e à luz do pensamento agambeniano, como é
possível em um Estado de Direito existirem formas de vida expostas a violações de direitos
fundamentais, como as das pessoas em situação de rua. Ainda, discute como o Estado utiliza o
poder sobre a vida como política, ressaltando que a situação indigna em que essas pessoas se
encontram é o cerne da sustentação de um estado de exceção – conceito preconizado pelo filósofo
político Giorgio Agamben – a elas imputado pelo ente soberano. Desse modo, esses seres são tidos
como vidas matáveis nessa exceção, que é implementada através de algumas medidas estatais.
Ressalta-se que essa categorização das pessoas em situação de rua como “vidas matáveis” acontece
com o único intuito de exterminá-las impunemente. Tal contexto de exceção, sobretudo, é
potencializado durante a pandemia, em que o Estado premeditadamente e falaciosamente empilha,
confina e aglomera a população existente nas ruas em lugares absolutamente impróprios, a exemplo
dos estádios de futebol. Pretende-se, ainda, expor os elementos que criaram, sustentam e reafirmam
a relação simbiótica entre a exceção estatal agambeniana e as pessoas em situação de rua no Brasil.
Para fundamentar e desenvolver este trabalho, utilizou-se metodologicamente de pesquisa
bibliográfica, baseada em autores que dedicaram boa parte de suas produções a problemáticas
sociais concernentes ao tema – a exemplo, política, filosofia e politização da vida. Além disso,
recorreu-se a dados atuais sobre o assunto, de modo a possibilitar uma compreensão fática da
dimensão do problema, seu agravamento e deturpação durante a pandemia do Covid-19. Destaca-se
que, na pandemia, pessoas em situação de rua foram retiradas deste meio e confinadas em estádios
de futebol e abrigos; porém, medidas contra a contaminação não se materializaram. Portanto,
questiona-se: a intenção do Estado é protegê-las do vírus ou apenas se valer da situação para
acelerar o processo de morte desses indivíduos?
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A construção e demonização das bruxas na concretização do capitalismo
Ariadne Fernandes Lacerda (UFU)
A presente comunicação tem como objetivo explicar qual a relação entre a construção e a
consequente demonização das bruxas na época medieval com a posição das mulheres na transição
política do feudalismo para o capitalismo e como a caça às bruxas se caracteriza como um evento
crucial para a concretização do capitalismo. A partir da abordagem de Silvia Federici em Calibã e a
Bruxa, pretende-se explicar a acumulação primitiva a partir do ponto de vista da modificação da
posição social das mulheres e da produção da força de trabalho. Federici relaciona três fenômenos
ausentes em Marx, fundamentais para a acumulação capitalista: o desenvolvimento de uma nova
divisão sexual do trabalho; a construção de uma nova ordem patriarcal, baseada na exclusão das
mulheres do trabalho assalariado e em sua subordinação aos homens; a mecanização do corpo
proletário e sua transformação, no caso das mulheres, em uma máquina de produção de novos
trabalhadores. O movimento antifeudal apresenta o primeiro indício de um movimento de mulheres
contra o padrão patriarcal pré-estabelecido ao desafiar as normas sexuais dominantes e estabelecer
relações mais igualitárias entre mulheres e homens. Por um lado, a monetização do trabalho
possibilitou que as mulheres conquistassem maior autonomia na sociedade e uma presença mais
ativa na vida social; por outro, a proletarização começou a construir classes ao transformar
diferenças de rendimentos de trabalhos em diferenças de pagamento, o que reduziu o acesso das
mulheres à renda e à propriedade. Dessa forma, a população empobrecida foi responsável pela
aparição de movimentos, entre eles a heresia popular, perseguida pela igreja. Sendo assim, é
possível analisar de que forma a autonomia das mulheres - e a maior liberdade sexual –
estigmatizou o feminino como diabólico e consumou a transição da perseguição católica à heresia
para a perseguição às mulheres, definidas como “bruxas”.
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A.E. Taylor, John Burnet e o problema socrático
Arthur Lopes Campos Cordeiro (UFMG)
Orientadora: Karine Salgado
Sócrates nada escreveu. Portanto, tudo o que sabemos acerca dele chega a nós através dos
escritos de seus discípulos (Platão e Xenofonte sendo os testemunhos mais relevantes), de um de
seus contemporâneos (Aristófanes) ou por meio de testemunhos indiretos (sendo o de Aristóteles o
principal destes). Entretanto, em muitos pontos, esses testemunhos são – nas palavras de Reale –
“profundamente discordantes e, nalguns casos, até mesmo radicalmente opostos”. O Problema
Socrático, portanto, pode ser resumido nas questões que surgem ao analisarmos todos esses
divergentes testemunhos: quem foi Sócrates? E o que ele ensinou? Inúmeros autores escreveram
acerca desse problema discutido até hoje. Dentre eles, dois eruditos do início do século passado –
A.E. Taylor e John Burnet (compondo a chamada “Escola Escocesa”) – se destacam por sua
diferente resposta ao Problema. Os dois autores rejeitam a autoridade de Aristóteles, consideram
Aristófanes uma importante fonte (o que não era comum em sua época), desconsideram grande
parte do testemunho de Xenofonte (aceitam apenas “as admissões incidentais”) e veem Platão como
um “historiador fiel” da vida e do pensamento socrático. Com isso em mente, não deve nos
surpreender o fato de a reconstrução de Sócrates feita pela Escola Escocesa nos apresentar um
distinto Sócrates: o criador da Teoria das Ideias, um pensador que se interessa por temas metafísicos
(não apenas éticos), etc. Hoje, não há nenhum autor que adote a posição de Taylor e Burnet: grandes
estudiosos, como David Ross e Gregory Vlastos, apresentaram críticas contundentes às suas
afirmações. Contudo, isso não significa que o estudo da posição da Escola Escocesa será irrelevante.
Nosso trabalho pretende, ao expor as visões da Escola (bem como as críticas merecidas, diga-se de
passagem), demonstrar certas contribuições (algumas periféricas, outras centrais) aos Estudos
Socráticos decorrentes da resposta de Taylor e Burnet ao Problema Socrático.
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A formação de classes sociais na SN de Vico
Belchior Alves da Silva (UFU)
Orientador: Sertório de Amorim e Silva Neto
Esse ensaio filosófico é centrado na SN de Giambattista Vico, especificamente na leitura das
dignidades (axiomas, princípios) a partir da 63 até a 96, com a intenção de analisar e colocar em
discussão a formação das classes sociais segundo o autor e como isso se deu tomando como
balizadores na formação das classes as 3 dignidades ou princípios que Vico destaca e distingue
como sendo as religiões, os casamentos e os sepultamentos. Vico constrói a sua SN fundamentada
em bases sólidas através de leituras e pesquisas exaustivas em diversos autores antigos e modernos,
apresenta de forma magistral como se deu a formação dos diversos povos espalhados pela Terra e
fala também da existência de um liame, que o autor denominou de "Natureza Comum das Nações",
provando com o seu trabalho que as diversas nações existentes no mundo, de um modo geral e
ressalvadas as particularidades de cada povo, passaram pelos 3 estágios necessários para a sua
construção e formação social. Para Vico, o ser humano é movido inicialmente pela necessidade,
sendo essa faculdade que inicialmente promoveu a aproximação dos indivíduos em decorrência do
desamparo no qual viviam perdidos nas selvas, ainda como feras, bestas humanas, incapazes ainda
de um raciocínio adequado. Somente após satisfeita suas necessidades podem os humanos
perseguirem outros objetivos, tais como as utilidades e o lazer, desvelando assim as formas dos
relacionamentos e comportamentos e a formação e diferenciação das classes sociais – que é o
propósito dessa discussão.
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Sociedade precária em erosão democrática: uma análise da desdemocratização
neoliberal no ocidente
Caroline Santos da Silva (UNICAP)
A racionalidade neoliberal avança sobre indivíduos e instituições. Sobrepõe princípios
empreendedoristas sobre princípios democráticos tanto na vida pública quanto na social. A
dominação da política pelo capital, a superação da racionalidade democrática pela racionalidade
neoliberal, a juridificação da política, a erosão da soberania do Estado-Nação, assim como o
descolamento do poder soberano em relação aos Estados Nacionais, são situações cruciais para a
desdemocratização do Ocidente atual (BROWN, 2018). Vive-se a ilusão da democracia. Há um
sentimento comunitário fragilizado pelo individualismo neoliberal, que incentiva a competitividade
através do indivíduo empreendedor de si mesmo que deve isolar-se dos demais para alcançar a
prosperidade. Há um culto à violência, espécie de fascismo diluído em discursos e práticas sociais
maniqueístas, racistas, machistas, homofóbicas, essencialmente opressoras, em resistência
colonialista a um avançar emancipatório em direitos humanos contra-hegemônicos. Há a
ressurreição de um Estado-Nação em sua versão paranoica, através da qual emerge uma
comunidade nacional que é o avesso do comum – apenas a figura alargada de um individualismo,
em expressão básica do medo como afeto político central (SAFATLE, 2018). O presente trabalho se
propõe a investigar a erosão democrática promovida pela racionalidade neoliberal no Ocidente, em
especial no que diz respeito ao sentido de comunidade. O estudo é de caráter exploratório, em
método de abordagem dedutivo, desenvolvendo-se a partir de revisão de literatura, além de dados
obtidos em pesquisas correlatas ao tema. Em seu desenvolvimento, reconhece a expansão da forma
neoliberal de razão e de valoração, assim como que o ataque do neoliberalismo à democracia tem,
em todo lugar, infletido lei, cultura política e subjetividade política (BROWN, 2019).
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Tempo e Diversidade Modal em Herman Dooyeweerd
Dean Tarik Silva Araújo (UFU)
Este trabalho visa examinar alguns componentes significativos da Filosofia da Ideia de Lei
do filósofo holandês Herman Dooyeweerd – a saber, a sua ideia de tempo e a relação deste com a
diversidade dos aspectos modais da experiência humana. Em um primeiro momento, observaremos
como o tempo não pode ser definido em um conceito, pois, segundo o autor, sempre que tentamos
defini-lo, acabamos por fazer uma descrição de um dos aspectos modais do tempo. Contudo,
segundo ele, podemos considerar e descrever como ele se manifesta. Após isso, analisaremos como
o autor desenvolve uma crítica à noção que estabelece um dualismo entre tempo e espaço,
porquanto compreende que o tempo se manifesta acima e atravessa transversalmente todas as
modalidades, enquanto o espaço se limita à terceira esfera modal da experiência. Depois,
consideraremos como o tempo se revela na realidade enquanto ordem de sucessão, simultaneidade e
duração. E por fim, investigaremos as conexões que Dooyeweerd faz com cada um dos 15 aspectos
modais da realidade, notadamente, os aspectos aritmético (quantitativo), espacial, cinemático, físico,
biótico (biológico), sensorial (sensitivo), lógico (analítico), histórico (formativo), linguístico
(simbólico), social, econômico, estético, jurídico, ético e pístico (fiduciário). Dessa forma,
Dooyeweerd nos fornece as bases para pensarmos o tempo em cada uma das disciplinas que se
debruçam analiticamente sobre os diversos aspectos da realidade.
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Quine, Carnap e a pergunta ontológica
Deiver Vinícius de Melo (UFSJ/PET-Filosofia)
Orientador: Rogério A. Picoli
Coorientador: Rodrigo A. S. Gouvea
Quando se fala na pergunta pelo que existe, dois nomes surgem com bastante expressão
dentro da filosofia analítica: Rudolf Carnap e Willard van Orman Quine. O primeiro é normalmente
apresentado como um deflacionista ontológico, que afirma que tal pergunta é desprovida de
qualquer conteúdo cognitivo, ou seja, não tem sentido e, consequentemente, não tem resposta. Já o
segundo é visto como alguém que se posiciona a favor da validade dessa pergunta e,
frequentemente, sua posição é usada para justificar o fato de o questionamento ontológico perdurar
até hoje dentro da filosofia. De acordo com Carnap, a ontologia não passa de um conjunto de
pseudoquestões e de pseudoafirmações que nos enganam; de acordo com Quine, ela está
diretamente relacionada àquilo que nossas melhores teorias científicas afirmam que existe. Nesta
comunicação, pretendo demonstrar que, apesar de chegarem a soluções antagônicas sobre o estatuto
da ontologia na filosofia contemporânea, Quine e Carnap não se encontram em posições tão
antagônicas entre si quanto a narrativa popularmente difundida afirma. Além disso, veremos que as
críticas que Quine dirige a Carnap falham em acertar algum ponto crucial dos argumentos deste, ao
mesmo tempo em que, a despeito das críticas de Carnap à ontologia, esta continua existindo dentro
da filosofia contemporânea, aplicando-se a diversos questionamentos dentro de áreas como a
metaética e a filosofia da mente.
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A relação entre ciência positiva e totalitarismo em "o conceito de esclarecimento"
Diogo Carrerette Santana (UFES)
É latente a certas tendências filosóficas do século passado que investigam as causas da crise
civilizatória, em que a humanidade se viu envolvida, a intermitência do progresso irrefreável como
força motriz de formas de soberania que o Iluminismo acreditava ter superado. Fato é que elas
retornaram (no momento histórico do texto) em sua forma totalitária, não em movimento contrário
ao processo de esclarecimento, mas, precisamente, de seu nexo interno, o que compele a
compreensão que a razão moderna é, senão sua fonte primária, um elemento integrante do
totalitarismo. Portanto, cabe questionar: qual seria a natureza de sua ligação? A teoria crítica da
sociedade se vê compelida a admitir que o esclarecimento tem contribuições inegáveis não apenas
com relação às formas de dominação social, mas também com o esfacelamento de uma autêntica
perspectiva social emancipatória, humanista. O texto de Adorno e Horkheimer de 1944 é um
começo interessante para entender certos elementos de crise, a começar pelo definhamento do
ideário revolucionário à medida que este aparece como acirramento desse mesmo processo. A partir
desse horizonte, o que significa fazer filosofia quando o ideal do esclarecimento e todo o arquétipo
de racionalidade moderna (isto é, o ponto-de-vista com que contemplamos a realidade em sua
possibilidade de transformação) se vê justamente como parte da problemática, ao invés do
encaminhamento de sua resolução histórica?
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A teoria descritivista da referência dos nomes próprios
Edivaldo Borges dos Santos Júnior (UFPI)
Essa comunicação tem por objetivo explicitar a teoria descritivista da referência dos nomes
próprios a partir de sua gênese, com Frege e Russell, até Wittgenstein (o segundo, de Investigações
Filosóficas) e Searle, que a desenvolveram, e eventualmente elencar dificuldades encaradas pela
teoria. De acordo com Frege, a todo nome corresponde um sentido que é o modo de apresentação
do objeto referido pelo nome. Assim, podemos identificar o objeto referido por um nome próprio
através de um ou mais sentidos que lhe são característicos. Por exemplo, com “Aristóteles”
referimos Aristóteles, o homem/indivíduo nascido em Estagira, e fazemos isso através de descrições
(sentido) como “o autor da Metafísica”, “o professor de Alexandre, o Grande”, etc. Segundo Russell,
todo nome próprio é uma descrição definida camuflada ou abreviada, mas isso não significa que
dele emerge algum tipo de entidade semântica como o sentido fregeano. O que acontece é que os
nomes próprios podem ser substituídos salva veritate por expressões denotativas e o objeto da
referência é aquilo que unicamente satisfaz a referência. Dessa forma, o nome “Aristóteles” contém
em si a descrição “o aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande” e o referente é aquilo que
unicamente corresponde à descrição. No mais, o segundo Wittgenstein e John Searle sugerem que a
um nome próprio corresponde um feixe (conjunto) de descrições e o objeto da referência é aquilo
que satisfaz, se não todas, então a maior parte das descrições.
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“Você demorou, não vai entrar na aula de Filosofia!”: reflexão sobre o impacto do
ensino de Filosofia na EJA no centro de Manaus
Eduardo Pereira Monteiro (UFAM)
Orientadora: Ivanete Pereira
A presente pesquisa trata de relatos de abordagem em perspectiva de estagiário, conforme
requerido na matéria de Estágio Curricular Supervisionado I - IHF060, da Universidade Federal do
Amazonas (UFAM). A matéria tem como objetivo introduzir os discentes às primeiras impressões
da docência, viabilizando um vislumbre da profissão a partir da vivência do discente em sala de
aula primeiro como observador imparcial, que irá captar como uma câmera fotográfica as formas
estruturais, as metodologias de ensino e o comportamento do público alvo, ou seja, os estudantes de
ensino médio que recebem o conteúdo ministrado em sala. O segundo momento, ou, por assim dizer,
o segundo objetivo da pesquisa, é propiciar como um prelúdio para que os discentes-estagiários
possam traçar novas perspectivas de ensino; estas, por sua vez, são baseadas na pergunta primeira
que gira em todo do presente trabalho: O que e como eu faria diferente?. Busca-se, assim,
desenvolver o senso crítico dos discentes enquanto futuros ministrantes do conteúdo filosófico. A
pesquisa é dividida em três grandes momentos, com 8 tópicos no geral. Primeiro a introdução;
segundo, terceiro e quarto tópico abordam de forma ampla e descritiva a vivência na escola, a
dimensão pedagógica e outros pormenores, como a forma de didática usada em sala e a recepção
dos alunos diante dos conteúdos ministrados. A quinta parte se trata de uma descrição sobre o que é
o ensino de filosofia no ensino médio e a relação entre ensino superior e ensino médio frente à
filosofia. A sexta parte diz respeito às considerações finais deste trabalho e, na sequência, a sétima e
a oitava parte são as referências e anexos.
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A angústia em Martin Heidegger
Enézio Alves Vieira (UFU)
Este breve resumo tem como escopo discorrer sobre o tema da angústia em Martin
Heidegger. Tema este que é de total pertinência à área filosófica. Além disso, a tese que
defenderemos é que a angústia é de suma importância para a vida do Dasein – palavra alemã que
pode ser traduzida como ser-aí, estar-aí, realidade e realidade humana. Contudo, durante o texto
usaremos a palavra Dasein e não suas possíveis traduções. Não obstante, essa angústia tratada por
Heidegger não é a angústia diante de determinados entes, mas algo que assemelha-se a uma
quietude. Diante disso, pode surgir o seguinte questionamento: qual seria a relevância da angústia
para a vida do Dasein? Heidegger mostra que a angústia é a disposição fundamental que coloca o
Dasein perante o nada. Consequentemente surge outra questão: o que “é” o nada? Esta questão
carrega um erro, pois qualquer resposta viria na forma de: o nada é X ou o nada é Y. Contudo, o
nada não pode ser definido como algo; o nada seria o oposto disso, ou seja, um não-ente. Além
disso, outro argumento que corrobora a nossa tese é que as outras tonalidades afetivas não colocam
o Dasein diante do nada; outras afetividades como a alegria ou o tédio apenas colocam o Dasein
diante da totalidade do ente e não em face do nada, e isso reforça a importância da angústia como
sendo o fio condutor para alcançar o nada. Sendo assim, o nada concede a transcendência, ou seja, o
nada proporciona uma relação com o ente e, portanto, uma relação do Dasein consigo mesmo. Logo,
sem a angústia, e por conseguinte sem o nada, seria impossível ao Dasein relacionar-se consigo e
com outras entidades.
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Uma defesa fenomenológica do realismo moderado segundo Stanislavs Ladusãns
Fábio Luciano Silvério da Silva (UFAL)
Este trabalho visa analisar o processo gnosiológico natural humano a partir da perspectiva
do Dr. Stanislavs Ladusãns, iniciando-se com a questão de se há valor real no conhecimento
intelectivo, um problema essencial que perpassa a Filosofia desde o seu nascimento e que se
intensifica a partir da modernidade até os dias presentes. Da sua resolução, enfatiza o autor,
dependem todas as demais atividades humanas, consistindo ele, assim, num problema de primeira
ordem. Para isso, Ladusãns investiga passo a passo este processo, que começa na percepção
sensível e culmina não somente no abstração que permite a ideia geral, mas na consciência segura
de que se conheceu, o que faz romper certa tendência solipsista da modernidade, devolvendo à
inteligência a sua objetividade. O fator primordial para que este movimento cognoscitivo se dê é
uma espécie de apetite instintivo do intelecto, reflexo epistemológico da busca vital por satisfação
que é inerente à pessoa humana, que adota como critério de assentimento a evidência objetiva.
Também são analisadas outras vertentes gnosiológicas, às quais se pretende aporéticas por
pressuporem, no mesmo ato de negação da perspectiva realista, o próprio realismo que se renega. O
problema é analisado, de um modo fenomenológico e crítico, em todos os seus meandros, motivo
pelo qual, sem se isolar numa só tradição ou num só aspecto do aparato cognoscitivo - o que
corresponderia antes a uma defesa ideológica -, o Dr. Ladusãns batizou seu método de “Gnosiologia
pluridimensional”.
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A consciência perceptiva em O imaginário: Sartre contra o idealismo
Fabrício Rodrigues Pizelli (Unesp/FAPESP - 2018/07346-3)
Orientador: Paulo César Rodrigues
Objetiva-se nessa comunicação apresentar o estatuto da consciência perceptiva na obra O
imaginário, de Jean-Paul Sartre, no intuito de ressaltar alguns aspectos que colaboram para a
rejeição do idealismo na fenomenologia sartriana. Visto isso, Sartre considera a consciência
perceptiva como um modo de relação com o objeto transcendental. Desse modo, a consciência, ao
perceber um objeto, conserva-se uma realidade em-si, inerente ao objeto, totalmente acessível a
qualquer consciência que o intenciona. Nesse aspecto, uma vez que a intencionalidade expulsa os
conteúdos da consciência, de modo a constituí-los no mundo, a noção de consciência perceptiva na
fenomenologia sartriana não detém todo o significado da realidade do objeto, impedindo que a
certeza dos objetos transcendentes se encontre na subjetividade do sujeito que percebe. Com efeito,
a consciência perceptiva se distingue da consciência imaginante, pois a primeira exige um processo
mais lento na relação com a coisa no mundo, pois a apreensão de um objeto espaço temporal se dá
por perfis. Em outras palavras, o objeto não se dá de uma vez na percepção. Portanto, pelo fato do
objeto independer a consciência para existir, de modo que o seu estatuto ontológico ocorre por uma
relação mútua entre a consciência perceptiva e o mundo externo ao sujeito, a postura sartriana frente
ao idealismo se torna mais efetiva, pois a consciência não se constitui apenas como atividade de
ação no mundo, mas também é passiva e receptiva para uma realidade diferente dela.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
36
Arraigando o externalismo da pessoalidade nos dias de hoje: contrastes entre perspectivas
contemporâneas sobre o reconhecimento interpessoal
Felipe Eleutério (Unesp/FAPESP - IC 18/06147-7)
Orientadora: Mariana C. Broens
O objetivo deste trabalho é analisar filosoficamente a concepção externalista de pessoa
(Leclerc, 2003). Mais especificamente, visamos discutir até que ponto poderíamos alavancar a
compreensão externalista sobre a dinâmica de reconhecimento interpessoal a partir de três
perspectivas contrastantes; são elas: i) de primeira pessoa (Baker, 2000), ii) de terceira pessoa
(Dennett, 1976) e iii) de segunda pessoa (Gomila, 2001; Liñán e Pérez-Jiménez, 2017). Leclerc
(2003) argumenta que uma concepção de pessoa é externalista se a posse ou atribuição de
pessoalidade a uma entidade pressupõe a existência de outra coisa distinta a esta entidade (objetos,
contextos, lugares, demais agentes). A pessoalidade, nesse viés, seria considerada no contexto da
variedade de relações que os agentes estabelecem entre si, segundo entendemos. Desse modo,
identificamos pelo menos três perspectivas sobre o reconhecimento de que alguém é uma pessoa
para aprofundar o referido externalismo; em algumas delas, uma atribuição mental bem sucedida e
correspondida é indicativo de que se reconheceu e foi reconhecido como pessoa. De acordo com o
externalismo de primeira pessoa, ser uma pessoa depende da instanciação de uma perspectiva
incorporada de primeira pessoa em um sentido forte e da capacidade de atribuir pessoalidade a
outrem, simulando a mentalidade alheia ao interagir com outras pessoas utilizando-se de uma
linguagem natural compartilhada (Baker, 2000). No caso da vertente de terceira pessoa, ser uma
pessoa requer poder atribuir conceitos psicológicos em terceira pessoa e ser passível de tal
atribuição por outrem que pode utilizar uma linguagem natural (Dennett, 1976; Pérez, 2013). Por
fim, no que diz respeito à perspectiva de segunda pessoa, ela consiste na capacidade de perceber
emoções diretamente e de considerar o outro como “um dos nossos” (Gomila, 2001; Liñán e Pérez-
Jiménez, 2017).
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
37
A oposta Fundamentação Moral em Bentham e Kant
Flávio Rocha de Deus (UNEB)
O presente trabalho possui três objetivos: apresentar o princípio moral da utilidade do
filósofo inglês Jeremy Bentham, expor a fundamentação metafísica dos costumes do filósofo
alemão Immanuel Kant e explicar como ambos divergem com relação às suas respectivas
concepções de fundamentações morais. Para tal, tomaremos como base A Fundamentação da
metafísica dos costumes (1785) de Kant e O princípio da moral e da legislação (1789) de Bentham.
N’A Fundamentação, encontramos as concepções do filósofo alemão sobre os conceitos
fundamentais para o estudo de sua ética: a boa vontade, o dever por dever e conforme o dever, o
imperativo categórico e a autonomia. O objetivo de Kant foi formular uma ética metódica, universal,
a priori, livre de qualquer fundamentação empírica e que tenha como finalidade o cumprimento do
dever por amor ao próprio dever. Já em Bentham a dor e o prazer são fundamentos soberanos e que
devem pautar as nossas decisões. Visando isto, o mesmo cunhará o princípio da utilidade que
orienta nossas escolhas às ações que levem ao aumento da felicidade do indivíduo a qual o interesse
está em jogo. Para o mesmo, a aplicação desse método se faz relevante pois, entende ele, é inútil
falar dos interesses da comunidade se não detivermos uma compreensão e satisfação dos interesses
dos indivíduos. O escopo deste trabalho se encontra na oposta fundamentação moral de ambos os
filósofos, pois enquanto para Kant o fundamento da moral é metafísico e não reconhece a
moralidade da ação pela utilidade, mas pela intenção da boa vontade em estar de acordo com o
princípio do imperativo categórico, para Bentham, o fundamento moral deve basear-se sempre em
contextos práticos e se encontra na execução de um cálculo utilitário que leva em consideração os
critérios quantitativos de prazer, pessoas, tempo e danos futuros.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
38
Quem deve ensinar filosofia no ensino médio?
Frank Wyllys Cabral Lira (UFAM)
Um dos problemas centrais do ensino de filosofia para o ensino médio se refere a quem irá
ensinar filosofia. Porém, dado a sua amplitude, este acaba se desdobrando em questões menores.
Caso alguém vise bem responder esse problema central, algumas dessas questões deveriam ser de
seu pleno conhecimento. Por exemplo: qual deve ser o nível de conhecimento filosófico do
ensinante? O conhecimento filosófico do ensinante deve ser superior ao estudante? Qual deve ser o
domínio pedagógico do ensinante? Qual deve ser a formação do ensinante? O ensinante é também
um filósofo? Etc. O que aqui objetivo é defender uma lista de condições que devem ser levadas em
conta ao responder o problema central. Portanto, além de perpassar pelas questões menores
exemplificadas neste resumo, manifestando algum posicionamento perante cada uma delas, a
referida defesa fará uso de argumentos que destacam o caráter principalmente epistêmico requerido
pelo problema central, pondo em evidência certos tópicos da epistemologia social – ênfase para as
noções de dependência epistêmica, testemunho e testemunho especializado, assim como o de
especialista. Por conseguinte, tal lista de condições que um ensinante em filosofia para o ensino
médio deve atender não somente acarretaria em uma maior elucidação para as respostas ao
problema central, mas também traria progresso para a investigação sobre o ensino da filosofia.
Além disso, direta ou indiretamente, essa lista pode levantar pontos que serviriam de objeção tanto
ao ensino domiciliar (homeschooling) – os pais do adolescente não atenderiam as mínimas
condições para ensinar filosofia para seus filhos – quanto para uma pessoa com notório saber vir a
ser um professor de filosofia do ensino médio – a ele faltaria uma profunda e longa experiência
prática.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
39
Revolta, pensamento e animalidade: princípios elementares do anarquismo em Mikhail
Bakunin
Gabriela Antoniello de Oliveira (UFU)
Orientador: José Benedito de Almeira Jr.
Esse trabalho possui o objetivo de apresentar a investigação em torno da filosofia política do
anarquismo, mais especificamente os princípios do anarquismo (ou socialismo libertário) do
filósofo russo Mikhail Bakunin. A teoria bakuniana nos apresenta três importantes conceitos
filosóficos: a revolta, o pensamento e a animalidade. São esses os princípios elementares do
desenvolvimento humano que emancipam a humanidade e, nessa mesma perspectiva, são os passos
principais e indispensáveis para revolução política anarquista, que deve ser pautada nos direitos
naturais, estes: a justiça, a liberdade e a igualdade. Segundo Bakunin, a implicação de qualquer
sistema de leis ou acordos políticos dos quais vemos em vigência são desejos dos governantes e
soberanos, e não propriamente do povo; por essa razão, esse último deve assumir a posição de
agente ativo, e não agente passivo – pois essa condição coloca-o apenas como instrumento político
–, assim como também deve se libertar das leis políticas que aniquilam a razão e propagam
absurdos como escravidão e opressão. A necessidade e naturalidade do erro consta no primeiro
passo do desenvolvimento humano, que é a negação do erro, presente na animalidade, característica
de irracionalidade e ignorância. Ao reconhecerem sua animalidade e sua baixeza, os homens
evoluem para a humanidade, saem do erro e reconhecem a necessidade do pensamento verdadeiro,
dirigido pela razão. Desse modo, a humanidade e o pensamento verdadeiro e real levam ao
inevitável: a revolta. Esse último passo é inevitável quando o pensamento não é mais influenciado e
alienado. Assim, a revolta, o pensamento e a animalidade norteiam o que é dos humanos por direito
natural, com o propósito de alcançar a verdadeira revolução pela emancipação e pela razão, o que
ocasiona espaço para o espírito coletivo que anseia pela liberdade e se transforma pelo senso de
justiça e empatia social.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
40
A relação entre a noção de valor e o desvelamento da literatura em Sartre
Gabrielle Fernandes Martins (UFU)
Orientador: Igor Silva Alves
Em seu ensaio Que é a literatura?, Sartre apresenta uma característica própria da prosa: o
desvelamento, isto é, a capacidade de tornar possível, por meio da ficção, que o leitor reconheça
suas próprias condutas, mas também as contradições que perpassam a realidade humana. Se antes
era possível ignorar determinadas ações ou situações, agora já não é. A postura do indivíduo deixa
de ser irrefletida, ele passa a ter consciência de sua liberdade e responsabilidade enquanto ser no
mundo. O escritor dá à sociedade uma consciência infeliz, pois fornece uma imagem que torna
possível enxergar aquilo que busca aperfeiçoar ou modificar, torna evidente e faz o espectador
reconhecer que ele está constantemente se formando e que seu ser sempre apresentará uma falta –
uma vez que sua realidade surge como uma totalidade que ela não é. O objetivo principal deste
trabalho é propor uma relação entre essa característica da prosa e a noção sartriana de valor,
analisando de que modo o desvelamento da prosa aproxima-se do que é atribuído ao ser do Valor na
obra O ser e o Nada. Ainda que o filósofo não tenha apontado de maneira evidente tal relação, é
possível traçá-la a partir da análise das obras mencionadas. Para estabelecer tal relação, é necessário
compreender melhor o que é esse desvelamento da prosa e de que modo o escritor fornece ao leitor
o reconhecimento de sua condição. Pretende-se, então, explicar o que o filósofo compreende por ser
do valor e como esse conceito, assim como o desvelamento, está relacionado com a noção de
totalidade.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
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Deleuze e Guattari: uma estética sem aisthesis?
Ian Abrahão (UFU)
Orientador: Humberto Guido
Resgatado no séc. XVIII por Baumgarten, o termo clássico aisthesis se refere à capacidade
sensível e receptiva do sujeito, sendo ele fundamental para a criação da filosofia crítica de Kant –
um grande marco para dicotomia de sujeito/objeto. Compreendendo a si mesmos como pós-
kantianos (Mil Platôs, p. 10, Editora 34), os filósofos Deleuze e Guattari, em sua esquizoanálise,
criam uma nova sistemática para tal dicotomia. Em um primeiro momento, na obra Capitalismo e
Esquizofrenia, a das máquinas desejantes ("seres" que se acoplam uns nos outros na produção
desejante do inconsciente imanente) e, em seu segundo movimento, a dos agenciamentos
maquínicos (uma espécie de segunda elaboração do conceito anterior, que já não pensa em relações
de vizinhança entre "seres", mas leva em consideração multiplicidades do real em seus sentidos
enunciativos e geográficos). Dito isso, o presente trabalho busca investigar como, a partir da
epistemologia da obra inicial dos autores, eles chegam ao conceito de "seres de sensação" (o objeto
artístico), constituídos por perceptos – que "não mais são sensações, são independentes do estado
daqueles que o experimentam"(O que é Filosofia?, Editora 34, p. 193) – e afectos – que "não são
mais sentimentos e afecções, transbordam a força daqueles que são atravessados por eles" (Idem; p.
194); formando assim uma objetividade radical, em que o sujeito é apenas um "porto" em que
multiplicidades de devires passam, assim constituindo o objeto artístico. Deste modo, põe-se a
interrogação: seria essa uma teoria estética desprovida de aisthesis, uma vez que a sensação (na
objetividade do objeto artístico), diferentemente do sensível (capacidade receptiva do sujeito), se
encontra no próprio objeto? Ou, elaborando de outra forma: teria Kant – e posteriormente a
fenomenologia – esgotado o problema do sujeito enquanto passividade, de modo que seria
importante elaborar um pensamento sobre a arte em outros termos?
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
42
A doença sagrada e os transtornos do pensamento em seu contexto no V-IV século a.C.
José Roberto Nogueira de Sousa Carvalho (UnB/ PIBIC - FUB)
Orientador: Silvio Marino
O trabalho tem como escopo mostrar a diferença de abordagem entre os textos filosóficos e
textos médicos sobre a “doença sagrada” e o funcionamento do pensamento humano. Observa-se,
portanto, no horizonte teórico do Corpus Hippocraticum, dos fragmentos de Diógenes de Apolônia,
e no Timeu, de Platão, a descrição da mente humana de diferentes formas; havendo, ademais,
diferenças na construção de tais discursos e, além disto, nas suas conclusões, sendo possível
identificar o elemento diferencial entre o discurso filosófico e médico. No trabalho, revelam-se
influências mútuas entre os campos da Medicina e da Filosofia, além de críticas possíveis aos
variados interlocutores; contudo, o ponto central se define com base nas teorias tecidas visando à
explicação da origem do pensamento. Nota-se, logo, com a leitura dos tratados hipocráticos
analisados (Da doença sagrada, Ares, águas, lugares e Dos ventos) que, não obstante a influência
de teorias advindas dos pensadores pré-socráticos, os autores dos tratados hipocráticos definiram
uma fisiopatologia como forma de descrever a mente e seu lugar, ou seja, uma descrição do mal
funcionamento da consciência humana. Diante disto, observa-se, em Platão, especificamente no
diálogo intitulado de Timeu, que o que se pode observar no campo da Filosofia, ao contrário do que
se pode constatar nos tratados médicos, é uma fisiologia da mente humana, ou seja, no pensamento
filosófico, a descrição da consciência se dá ao se constituir sua fisiologia, e não uma fisiopatologia.
Em outras palavras, o discurso filosófico descreve a percepção do pensamento a partir de uma
fisiologia deste, tendo em vista o bom funcionamento do corpo, enquanto, por sua vez, o discurso
médico faz uso descreve o ato de percepção do pensamento a partir do mal funcionamento do corpo,
tendo por foco, portanto, as doenças que acometem o homem.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
43
Capitalismo: uma perceptiva ética e moral
Karênina Milosevic (UFU)
O capitalismo é um sistema político-econômico embasado no lucro, caracterizado pela
liberdade irrestrita de possuir bens privados, monopólio dos meios de produção e tendo como
alicerce o acúmulo de capital e a competitividade do mercado. Este trabalho tem por objetivo
debater o capitalismo a partir de três pontos: funcionalista, moral e ético. Demonstra-se, pela crítica
funcionalista, que o sistema capitalista a longo prazo é autodestrutivo, enquanto sistema social-
econômico, evidenciando, inclusive, suas interferências psíquicas. Traz-se o seguinte
questionamento: qual a finalidade do capitalismo enquanto sistema econômico? No âmbito moral, o
capitalismo é um sistema fracassado, pois baseia-se na exploração, na desigualdade e na alienação,
leva certa parcela da sociedade à degradação, sendo essa obrigada a vender sua mão de obra por um
valor irrisório. As consequências morais deste sistema serão tratadas de forma argumentativa.
Diferencia-se a crítica ética da moral, pois esse último ponto tem o intuito de destacar os malefícios
cotidianos; acrescentará ao debate as mudanças que o capitalismo trouxe a partir da sua evolução e
desenvolvimento: a falta de conexão com a natureza e conosco mesmos e a liquidez nos
relacionamentos sociais. Por fim, demonstra-se a alienação das pessoas em relação a elas mesmas e
quais são as consequências éticas dessa alienação, como por exemplo as relações de dominação
socioeconômicas e outras estruturas imbricadas nesse sistema desigual. Dessa forma, o propósito é
problematizar a estrutura de uma sociedade capitalista, analisando, primordialmente, questões éticas
e morais e, sobretudo, analisar se há justificativa para o sofrimento da maior parte da população –
aquela que vive em condições de pobreza.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
44
O argumento dos casos marginais na ética animal de Christine M. Korsgaard
Laís Oliveira Rios (UFU)
O objetivo do trabalho é analisar o papel desempenhado pelo argumento dos casos marginais
na construção da proposta de ética animal formulada pela filósofa americana Christine Marion
Korsgaard. A filósofa utiliza da ética de Immanuel Kant como base para tal empreendimento que foi
construído ao longo de anos e exposto em diversos artigos concatenados na obra Fellow Creatures –
Our Obligations to the Other Animals. Para a realização deste trabalho, o ponto de partida será a
exposição, aprofundamento e investigação dos usos dados ao argumento dos casos marginais ao
longo da história. Popularmente formulado por Peter Singer, este argumento parte da inconsistência
da consideração que apenas os humanos possuem status moral por estes serem dotados de
racionalidade. A inconsistência se dá pois todos os seres humanos possuem status moral, mesmo
aqueles que não possuam racionalidade, como os bebês, os senis e os mentalmente incapacitados,
enquanto os animais não humanos, que muitas vezes superam os humanos em capacidades mentais,
ficam à margem dessa comunidade moral exclusivamente humana. Tal formulação de moralidade é
atribuída à Immanuel Kant; logo, o próximo passo será a exposição de alguns pontos da ética
kantiana, principalmente no que diz respeito à consideração dada aos animais não humanos pelo
filósofo e à ideia de se atribuir aos seres humanos a consideração de que estes são fins em si
mesmos por possuírem racionalidade para atribuir leis morais a si mesmos e aos seus semelhantes
no que o filósofo considera como Reino dos Fins. Finalmente, após a compreensão dos argumentos
propostos por Peter Singer e Immanuel Kant, será analisada a proposta de Christine M. Korsgaard e
se esta pode ser considerada como aplicável à ética animal e se é consistente com a moralidade
proposta por Immanuel Kant.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
45
Feminismo-ciborgue: a quebra de uma fronteira entre a velha dominação e a nova rede de
relações sociais
Lara Cristina Radis Pinto de Carvalho Saenger (UnB)
Orientador: Hilan Bensusan
O presente ensaio tem como objetivo explicitar a ideia de Donna Haraway sobre feminismo-
ciborgue como uma alternativa feminista e futurista da sociedade. Apresentar-se-á o conceito de
realidade social com o objetivo de explorar a dualidade homem/mulher na sociedade ocidental, em
que ocorre a quebra de fronteira através do ciborgue – determinante da política, definindo uma
espécie de revolução das relações sociais através, não do renascimento, mas da cura das dilaceradas.
Abordar-se-á, também, o conjunto da mulher-ciborgue –“eu” pessoal e coletivo que não existe por
suas semelhanças, mas pela negação de matrizes identitárias naturais. Abriremos, então, a seguinte
questão: O que é o natural e o sobrenatural ou artificial? O que os define? O ciborgue representa,
então, a busca por uma identidade não-unitária e mudanças fundamentais nas relações de gênero,
raça e classe e das velhas dominações hierárquicas para as novas redes de informática da dominação.
Ele mostra a transgressão de fronteiras (natural/artificial) que, em certo momento, se encontram na
mesma categoria – o natural se torna artificial e o artificial se torna natural –, colocando a
possibilidade de a identidade global não ser definida pelo gênero, raça ou qualquer traço corporal
construído. A família orgânica se desmantela, as relações sociais se redefinem.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
46
A formulação da tese determinista no problema da compatibilidade
Letícia Palazzo Rodrigues (UFU/CNPq)
Orientador: Leonardo Ferreira Almada
Filósofos têm discutido se há compatibilidade entre as duas seguintes teses: i. ao menos em
certas situações, pessoas têm a liberdade necessária para serem moralmente responsáveis por suas
ações e ii. o determinismo – grosseiramente, a tese geral de que apenas um futuro é fisicamente
possível a cada momento – é verdadeiro. Esse é o ‘problema da compatibilidade’, para o qual é
crucial especificar o conteúdo da tese determinista por razões que ultrapassam a dependência das
hipóteses compatibilistas ou incompatibilistas desse conteúdo. Podemos supor que, caso essa tese
seja sabidamente falsa, dado o conhecimento científico disponível, então o próprio problema tem
seu interesse filosófico reduzido. A dificuldade de que pretendo tratar emerge de autores
importantes no debate diferirem notoriamente nas formulações do determinismo. Peter Van Inwagen
define-o como implicação lógica entre proposições que expressam estados do mundo e leis da
natureza. O autor argumenta que, se a ciência mostra algo sobre a tese, mostra sua falsidade. Mais
recentemente, Carolina Sartorio chamou a atenção para a importância de utilizar termos
explicitamente causais na definição. Ela evita a noção de proposição – com a qual o
comprometimento parece trazer mais custos do que ganhos. Sartorio também afirma que, embora o
determinismo seja uma aproximação de uma imagem do mundo naturalista e amplamente
sustentada, trata-se de uma aproximação adequada para investigação filosófica relevante. Já
Gilberto Gomes afirma que o determinismo certamente não é implicado pela ciência atual e, mesmo
redefinindo-o como um tipo de tese probabilística e local, denomina-se ‘compatibilista’. Meu
objetivo será, considerando trabalhos dos filósofos citados, sugerir traços de uma formulação do
determinismo que não expanda inadequadamente o uso do conceito e, ao mesmo tempo, preserve o
interesse filosófico do problema da compatibilidade. Entre esses traços, assumir que o determinismo
implica materialmente a causação universal e manter certo grau de generalidade.
∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da
UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙
47
A fragilidade da verdade fatual e fenômeno das notícias falsas
Lorena Moreira Pinto (UFMA)
Objetiva-se abordar o tema da verdade em Hannah Arendt (1906 – 1975) a partir do seu
escrito Verdade e política em Entre o passado e o futuro (1961), relacionando ao problema das
notícias falsas. Tendo em vista o objetivo central, considera-se necessário contextualizar o texto
base, em seguida, apresentar as distinções que a autora estabelece entre verdade fatual, verdade
racional e opinião, bem como incorporar essas distinções dentro do problema que a autora relata
sobre o novo conflito entre verdade e política. O capítulo Verdade e política foi escrito em resposta
às controvérsias do caso Eichmann, como uma forma de criticar as “imagens” criadas acerca de seu
livro sobre o caso. A situação que Arendt enfrentou após o evento repercutiu em uma reflexão sobre
a fragilidade a verdade no domínio dos assuntos políticos. Se aquela tensão entre a verdade e
política se fez presente desde Platão, em uma contraposição dos modos de vida do filósofo e do
cidadão, hoje ela ganha novos moldes ao ser defrontada com a sociedade de massas e seus meios de
comunicação. O que está em jogo nessa nova configuração é a sobrevivência da verdade fatual, que
diferentemente da verdade racional, depende do testemunho. Mesmo contestada, a verdade racional
pode ser redescoberta, ao contrário ocorre com a verdade fatual: o cenário que Arendt observa
aponta justamente para uma tentativa de grupos em ocultar e monopolizar a história através da
criação de “imagens”, conforme seus interesses políticos. Isso dentro do contexto da pandemia se
faz evidente: podemos observar o impacto que o artifício das notícias falsas vem exercendo sobre a
sociedade brasileira. Nesse sentido, o trabalho busca uma reposta a partir da perspectiva de autora
Arendt sobre esse novo fenômeno: sua articulação com a política, seu impacto sobre a construção
da verdade histórica e suas possibilidades.
Caderno de resumos XIV
Caderno de resumos XIV
Caderno de resumos XIV
Caderno de resumos XIV
Caderno de resumos XIV
Caderno de resumos XIV
Caderno de resumos XIV
Caderno de resumos XIV
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  • 1. RESUMOS DO XIV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU, V ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UFU E DO III ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO ISSN 2358-615X Novembro de 2020 Volume 14 – número 14 IFILO - UFU
  • 2. ISSN 2358-615X Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio Volume 14 – número 14 Novembro de 2020 IFILO – UFU Organizadores: Marcos César Seneda Arthur Falco de Lima Cristiano Rodrigues Peixoto Fernando Tadeu Mondi Galine Henrique Florentino Faria Custódio Revisores: André Luis Lindquist Figueredo Ariadne Fernandes Lacerda Leticia Palazzo Rodrigues Lucca Fernandes Barroso Maryane Stella Pinto Raphael Souza Borges Junior
  • 3. XIV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU, V ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UFU E DO III ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO O Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é um evento regular de pesquisa, que visa a fortalecer a inserção regional e nacional da comunidade filosófica representada pelos grupos e núcleos de pesquisa agregados ao Instituto de Filosofia (IFILO). O propósito do evento é a intensificação da integração dos estudantes – da graduação e da pós-graduação – e dos docentes e discentes do Ensino Médio com a comunidade filosófica nacional. Ao mesmo tempo, o evento pretende atuar decisivamente como fonte de incentivo para que os estudantes apresentem seus primeiros trabalhos e adquiram, por esse meio, um pouco da prática da produção de pesquisa especializada. Acentua nossa satisfação, ao organizá- lo anualmente, o fato de o evento ter se ampliado e se tornado uma mostra significativa do diversificado e consistente trabalho de pesquisa dos estudantes. Conquanto sejam grandes os impactos da pandemia na organização de eventos, devendo-se, à primeira vista, esperar uma queda no número de participações, não foi, no entanto, isso que aconteceu. Por um lado, é preciso justificar que o evento, inicialmente programado para o início de junho, foi transferido para o final de novembro. Grande foi o aprendizado para viabilizar um evento desse porte, com três mesas simultâneas e em alguns momentos quatro; com realização em uma plataforma e transmissão em outra; com todos os procedimentos realizados remotamente. Por outro lado, intensos têm sido os ataques à área de filosofia nos últimos dois anos. Portanto, é digno de menção a resiliência da comunidade filosófica. A falta de verbas, a desvalorização da atividade científica e principalmente do trabalho teórico que ela abriga, os golpes recebidos pela área, todas essas coisas não impediram que os trabalhos de pesquisa avançassem com dificuldade, mas não se detivessem em face dos obstáculos que ainda estão sendo postos à nossa frente. Uma grande mostra de investigação científica expressa não somente que temos sobrevivido em condições impróprias de diversos pontos de vista, mas sobretudo o quanto temos conseguido levá-la a cabo da melhor maneira possível, avançando em terreno degradado, tornando edificantes as relações de trabalho, e oferecendo à sociedade um retorno notável numa época de ataques irracionais à ciência enquanto prática e instituição. No evento realizado em 2019 houve um envolvimento expressivo da comunidade filosófica nacional, com a aprovação de 149 resumos enviados por pesquisadores de diversas universidades
  • 4. brasileiras. Neste ano, nós teremos a décima quarta edição do evento, realização que confirma o compromisso dos estudantes e do corpo docente do Instituto de Filosofia da UFU com a pesquisa e disseminação do saber filosófico. Será realizado também, concomitantemente com o XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia, o V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU, encontro esse que recebeu contribuições significativas de pesquisadores de diversas universidades brasileiras nas quatro edições anteriores. Espantosamente, cresce o número ano a ano dos graduandos, mestrandos e doutorandos que, mesmo nas edições presenciais, vêm até a UFU para apresentar e discutir os seus trabalhos de pesquisa. Sejam sempre bem-vindos! Além disso, realizaremos também o III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, com participação de nove alunos oriundos de duas escolas da cidade. É imensa a nossa satisfação em receber esses alunos no interior do evento de pesquisa, juntamente com os professores orientadores do Ensino Médio. Esperamos, com essa experiência, incentivar a pesquisa no Ensino Médio, vindo a ampliar e consolidar a presença desses alunos nos próximos eventos. A conferência de abertura dos eventos será proferida pelo Prof. Dr. Castor Bartolomé Ruiz (UNISINOS), que falará sobre o seguinte tema: “A democracia amedrontada. Os novos sofistas das democracias espetaculares”. Essa conferência ocorrerá na segunda-feira, 23 de novembro de 2020, às 19h. Já a conferência de encerramento dos eventos será proferida pela Profa. Dra. Ana Maria Said (UFU), que falará sobre o seguinte tema: “Sobre crise, guerra de posição e organização política no mundo atual”. Essa conferência ocorrerá na sexta-feira, 27 de novembro de 2020, também às 19h. Seguindo os protocolos de segurança sanitária para o enfrentamento à pandemia de Covid- 19, tanto as apresentações de trabalhos como as conferências de abertura e de encerramento dos eventos serão realizadas em salas online, de maneira remota. O presente caderno apresenta o resultado de duas significativas mostras da pesquisa acadêmica nacional, às quais se soma o trabalho de pesquisa de estudantes do Ensino Médio, e pretende ser um incentivo para a produção de conhecimento filosófico e um veículo para a sua divulgação. Desejamos à comunidade de pesquisa um bom evento, e no próximo ano esperamos todos e todas vocês de braços abertos, para que a UFU possa continuar sua missão de lutar pelo desenvolvimento nacional e de promover a ciência, com toda a sua força plural, em território brasileiro!
  • 5. ISSN 2358-615X Comissão Técnico-Científica: Ana Gabriela Colantoni (UFU / UFG) Anselmo Tadeu Ferreira (UFU) Débora de Sá Ribeiro Aymoré (UFPR) Diego de Souza Avendano (UNIFESP) Dirceu Fernando Ferreira (IFTM) Fábio Baltazar do Nascimento Júnior (UFU) Fernando Martins Mendonça (UFU) Fillipa Carneiro Silveira (UFU) Franco Nero Antunes Soares (IFRS) Igor Silva Alves (UFU) Lucas Nogueira Borges (HU - Berlin / UFU) Luiz Carlos Santos da Silva (UFU) Marcio Tadeu Girotti (FAMEESP) Marcos César Seneda (UFU) Maurício Fernando Pitta (UFU) Natália Amorim do Carmo (UFU) Paulo Irineu Barreto Fernandes (IFTM) Suellen Caroline Teixeira (UFU) Vinícius França Freitas (UFMG) Comissão Técnica - Ensino Médio Luís Gustavo Guadalupe Silveira (IFMT) Paulo Irineu Barreto Fernandes (IFMT) Raphael Souza Borges Junior (Colégio Dom Bosco Uberlândia)
  • 6. Periodicidade: Anual INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU) Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125 Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica Uberlândia - MG - CEP 38408-100 Telefone: (55) 34 3239-4185 http://www.ifilo.ufu.br/
  • 7. Sumário III ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO Ana Júlia Fernandes Oliveira.................................................................................................13 Isadora do Nascimento Lemos...............................................................................................13 Pedro Karlos Alves Correa.....................................................................................................13 Victor Hugo de Souza Medrado.............................................................................................13 Anna Luísa Pereira Fonseca...................................................................................................14 Kauanne Rodrigues Flores Mendes........................................................................................14 Lara Ribeiro Silva ..................................................................................................................15 Marcelo Ferreira de Oliveira..................................................................................................16 Vinícius Oliveira Magalhães ..................................................................................................17 XIV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU Adrian Castro Azevedo ..........................................................................................................19 Alexandre Pavani da Silva .....................................................................................................20 Ana Cássia Nogueira Pedrossian............................................................................................21 André Luis Lindquist Figueredo ............................................................................................22 Antonio Matheus Sardinha Santos.........................................................................................23 Ariadne Fernandes Lacerda....................................................................................................24 Arthur Lopes Campos Cordeiro.............................................................................................25 Belchior Alves da Silva..........................................................................................................26 Caroline Santos da Silva ........................................................................................................27 Dean Tarik Silva Araújo.........................................................................................................28 Deiver Vinícius de Melo ........................................................................................................29 Diogo Carrerette Santana .......................................................................................................30 Edivaldo Borges dos Santos Júnior........................................................................................31 Eduardo Pereira Monteiro......................................................................................................32 Enézio Alves Vieira................................................................................................................33 Fábio Luciano Silvério da Silva.............................................................................................34 Fabrício Rodrigues Pizelli .....................................................................................................35
  • 8. Felipe Eleutério .....................................................................................................................36 Flávio Rocha de Deus ............................................................................................................37 Frank Wyllys Cabral Lira.......................................................................................................38 Gabriela Antoniello de Oliveira .............................................................................................39 Gabrielle Fernandes Martins..................................................................................................40 Ian Abrahão ............................................................................................................................41 José Roberto Nogueira de Sousa Carvalho ............................................................................42 Karênina Milosevic ................................................................................................................43 Laís Oliveira Rios...................................................................................................................44 Lara Cristina Radis Pinto de Carvalho Saenger.....................................................................45 Letícia Palazzo Rodrigues......................................................................................................46 Lorena Moreira Pinto .............................................................................................................47 Lucas Fonseca dos Santos......................................................................................................48 Lucas Hernandes de Almeida.................................................................................................49 Lucca Fernandes Barroso.......................................................................................................50 Luiz Felipe de Andrade Santos...............................................................................................51 Marcos Vinicius Oliveira Santana..........................................................................................52 Mariana Dias Pinheiro Santos................................................................................................53 Marina Barbosa Sá .................................................................................................................54 Mateus Henriques Patrício .....................................................................................................55 Mateus Rodrigues dos Santos ................................................................................................56 Matheus Guimarães de Barro.................................................................................................57 Muryel De Zoppa Menezes....................................................................................................58 Paloma de Souza Xavier ........................................................................................................59 Pedro Guilherme Pommer Grassi Kannenberg ......................................................................60 Pedro Lemgruber Nascimento................................................................................................61 Rafael Ferreira Martins ..........................................................................................................62 Raphael Souza Borges Junior.................................................................................................63 Renato Costa Leandro ............................................................................................................64 Rinaiana Maria Silva Batista..................................................................................................65 Rodrigo César Floriano ..........................................................................................................66 Rodrigo do Prado Zago ..........................................................................................................67
  • 9. Wallace Guilherme Soares de Brito .......................................................................................68 Wemerson Garcia Ferreira Junior...........................................................................................69 William Francisco de Sousa...................................................................................................70 V ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UFU Alexandre Henrique dos Reis.................................................................................................72 Alexandre Neves Sapper ........................................................................................................73 Arlison Frank Lisboa Alves....................................................................................................74 Arthur Alves Almeida Soares de Melo...................................................................................75 Arthur Falco de Lima .............................................................................................................76 Augusto Bach.........................................................................................................................77 Bárbara Raffaelle Carvalho Santos ........................................................................................78 Bianca Kelly de Souza ...........................................................................................................79 Bias Busquet Guimarães ........................................................................................................80 Brayan Lucas Arantes da Rocha Caires .................................................................................81 Breno Bertoldo Dalla Zen ......................................................................................................82 Bruna Beatriz Lemes Carneiro...............................................................................................83 Bruno dos Santos Queiroz......................................................................................................84 Bruno Pereira Rodrigues ........................................................................................................85 Cristiano Rodrigues Peixoto ..................................................................................................86 Daniel Peluso Guilhermino....................................................................................................87 Dayana Ferreira de Sousa.......................................................................................................88 Douglas de Melo Ferreira Torquato .......................................................................................89 Edson Sa dos Reis ..................................................................................................................90 Eduardo Leite Neto ................................................................................................................91 Emely Eleen Sbaraini Verona.................................................................................................92 Fernando Honorato de Oliveira..............................................................................................93 Francisco Alvarenga Junnior Neto.........................................................................................94 Gabriel Henrique Dietrich......................................................................................................95 Gabriel Rodrigues da Silva ....................................................................................................96 Gabriel Sandino de Castro......................................................................................................97
  • 10. Geso Batista de Souza Júnior.................................................................................................98 Guilherme Teixeira Martins Schettini ....................................................................................99 Gustavo de Lima Falqueiro..................................................................................................100 Henia Laura de Freitas Duarte .............................................................................................101 Henrique Florentino Faria Custódio.....................................................................................102 Israel Fabiano Pereira de Souza ...........................................................................................103 Jaireilson Silva de Sousa......................................................................................................104 Jean Caiaffo Caldas..............................................................................................................105 Jean Rodrigues Siqueira.......................................................................................................106 Jessica Holanda Lemos ........................................................................................................107 João Batista Freire................................................................................................................108 Jocinei Godói Lima..............................................................................................................109 Jonathan Almeida de Souza..................................................................................................110 Jorge Luís de Oliveira Gomes.............................................................................................. 111 José Carlos Souza Ferreira...................................................................................................112 José Henrique Fonseca Franco.............................................................................................113 José Roberto Silva Andrade .................................................................................................114 Leonardo Camargo da Silva.................................................................................................115 Letícia Rodrigues da Silva Santos........................................................................................116 Luan Miguel Araújo .............................................................................................................117 Luana Talita da Cruz ............................................................................................................118 Lucas Oliveira de Lacerda....................................................................................................119 Lucymara Da Silva Santos...................................................................................................120 Luís Gustavo Guadalupe Silveira.........................................................................................121 Marcelo de Oliveira..............................................................................................................122 Marcelo Lopes Rosa.............................................................................................................123 Marcelo Rosa Vieira.............................................................................................................124 Marcos Machado..................................................................................................................125 Maryane Stella Pinto............................................................................................................126 Matheus de Oliveira Cenachi...............................................................................................127 Matheus Maciel Paiva ..........................................................................................................128 Menissa Nayara Nascimento Silva.......................................................................................129
  • 11. Milene Dayana Paes Lobato.................................................................................................130 Natanailtom de Santana Morador.........................................................................................131 Otávio Souza e Rocha Dias Maciel......................................................................................132 Oziel da Rocha .....................................................................................................................133 Pablo Henrique Santos Figueiredo.......................................................................................134 Paulo Irineu Barreto Fernandes............................................................................................135 Pedro Damasceno Uchôas....................................................................................................136 Pedro Falcão Pricladnitzky...................................................................................................137 Philippe Vieira Torres dos Santos ........................................................................................138 Priscila Aragão Zaninetti......................................................................................................139 Públio Dezopa Parreira.........................................................................................................140 Ray Renan Silva Santos .......................................................................................................141 Rodrigo de Abreu Oliveira...................................................................................................142 Rodrygo Rocha Macedo.......................................................................................................143 Rudinei Cogo Moor..............................................................................................................144 Samuel Iauany Martins Silva ...............................................................................................145 Sara Gonçalves Rabelo.........................................................................................................146 Suellen Caroline Teixeira .....................................................................................................147 Thaís Ribeiro Vasques..........................................................................................................148 Thiago Barbosa Vieira..........................................................................................................149 Thiago Lemos Possas...........................................................................................................150 Tomaz Martins da Silva Filho ..............................................................................................151 Uiley dos Reis Medeiro de Brito..........................................................................................152 Ulisses Cauê Boa Ventura Fabian ........................................................................................153 Vitória Mércia Gonçalves dos Santos ..................................................................................154 Viviane Veloso Pereira Rodegheri........................................................................................155 Wagner Barbosa de Barros...................................................................................................156 Wagner Honorato Dutra .......................................................................................................157 Walace Alexsander A. Cruz..................................................................................................158 Wender Santos......................................................................................................................159 Yasmim Sócrates do Nascimento.........................................................................................160
  • 12. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 12 III ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
  • 13. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 13 Análise filosófica dos filmes Blade Runner e Ela Ana Júlia Fernandes Oliveira (IFTM) Isadora do Nascimento Lemos (IFTM) Pedro Karlos Alves Correa (UMA) Victor Hugo de Souza Medrado (IFTM) Orientador: Gustavo Guadalupe Silveira Dentre as diferentes aproximações possíveis dos universos do Cinema e da Filosofia, nos interessa particularmente o exercício da reflexão filosófica a partir de obras cinematográficas. Acreditamos que todo filme, na medida em que representa visões de mundo e experiências humanas, pode ser objeto de análise filosófica. A experiência cinematográfica pode ser lida filosoficamente, serve de porta de entrada para pesquisas mais aprofundadas e promove uma aproximação entre a audiência investigadora e problemas tradicionalmente filosóficos. O recorte que iremos explorar aqui é o da ficção científica cinematográfica e as questões que dela podemos extrair. Problemas como a natureza da atividade de pensar, a relação entre corpo e alma, a definição de ser humano, os limites éticos da tecnologia, entre outros, são explorados nessas obras. Apresentaremos as análises de dois filmes: BladeRunner: o caçador de androides de 1982 suscita reflexões acerca do conceito de humanidade, da importância da mortalidade na definição do que é ser humano, da interface entre memória, consciência e identidade e da importância que o reconhecimento de outros seres humanos tem para a identificação de algo como humano ou não. Questões que foram abordadas por pensadores como Descartes, Locke, Sócrates, Heráclito e Hobbes. O filme de 2013 Ela apresenta em seu enredo situações que provocam reflexões sobre a solidão, as relações afetivas virtuais e reais, a natureza da Inteligência Artificial e os benefícios e malefícios de seu uso pelas pessoas. O que por sua vez nos remete aos pensamentos de Turing, Searle, Ryle, Levy etc.
  • 14. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 14 Inteligência artificial ou inteligência aumentada? Uma questão para a filosofia da mente Anna Luísa Pereira Fonseca (IFTM) Kauanne Rodrigues Flores Mendes (IFTM) Orientador: Paulo Irineu Barreto Fernandes Frente às pesquisas levantadas, está provado que a Inteligência Artificial não é capaz de resolver todos os problemas atualmente. Diante dos ataques cibernéticos que acontecem, há discussões sobre como resolvê-los. Com os avanços da tecnologia, procuram-se formas de desenvolver mecanismos cada vez mais eficazes. Pesquisadores defendem que o termo IA não condiz com a realidade. Ele implica que as empresas que aderem a essa tecnologia estão substituindo os seres humanos por máquinas, sendo uma suposição equivocada. Brevemente, a nossa própria inteligência natural potencializada poderia ser artificial, sendo necessário adequar-se outro nome, como talvez, Inteligência Aumentada. As empresas devem adotar essa tecnologia até 2030, de acordo com a consultoria Gartner e gerando US$ 2,9 trilhões de valor global de comercialização/negócios, sendo um total de 6,2 bilhões de horas de produtividade até 2021. Apesar de a Inteligência Artificial querer automatizar os processos de uma empresa, ela não interpreta os dados de uma maneira totalmente segura, sendo possível enganá-la. Um exemplo é o deepfake, tecnologia que usa a IA para criar vídeos falsos. Esses acontecimentos se dão pelo fato do mecanismo da IA ter alguns pontos cegos. A Inteligência Aumentada tem como objetivo reduzir erros de um projeto, por ser eficiente com a automação, com um toque humano, administrar os riscos que uma decisão totalmente automatizada pode atrair. A inteligência emocional dos seres humanos é uma competência difícil de ensinar às máquinas, envolvendo intuição, empatia e julgamento moral. Esses traços compõem os aspectos qualitativos da interação humana. Este é um tema a ser discutido na Filosofia, sobretudo na Filosofia da Mente, que é um dos ramos que tenta entender/desvendar a mente humana e a “mente” das máquinas. Desde o avanço tecnológico, as pessoas mais adequadas para resolver/responder esses fatos eram e são os filósofos, pois agem diante da razão.
  • 15. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 15 Um retorno à caverna: das redes sociais ao mito de Platão Lara Ribeiro Silva (Colégio Dom Bosco Uberlândia) Orientador: Raphael Souza Borges Junior Em “A República”, principal obra de Platão, é retratada uma história chamada de “Alegoria da Caverna”. Nessa alegoria, ele explica um modo de conhecer, que seria o mais adequado para se pensar em um governante capaz de fazer política com sabedoria e justiça. Na figura de Sócrates, ele pede para que Glauco imagine uma caverna onde os prisioneiros vivessem desde criança com as mãos amarradas e só pudessem visualizar as sombras que são projetadas na parede. As sombras são ocasionadas por uma fogueira, em que homens passam ante a fogueira, fazem gestos e passam objetos, formando sombras que representam todo o conhecimento que os prisioneiros tinham do mundo. Quando um dos prisioneiros foi liberto, ele anda pela caverna e vê a realidade que acreditava ser a totalidade do mundo. Ao encontrar a saída da caverna, ele se assusta com o mundo de fora, com a luz solar, que ofusca a sua visão. Ele percebe, então, a infinidade do mundo e da natureza. Aquelas sombras, que ele acreditava ser a realidade, são, na verdade, cópias imperfeitas de uma parcela da realidade. Nosso objetivo é relacionar essa alegoria com o uso continuo das redes sociais. Elas fazem com que os usuários desenvolvam em sua mente um mundo completamente diferente da realidade, o mundo virtual, que atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia, se tornou um vício.
  • 16. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 16 O encontro consigo mesmo Marcelo Ferreira de Oliveira (Colégio Dom Bosco Uberlândia) Orientador: Raphael Souza Borges Junior Na antiga Grécia, nasceu um dos pensadores mais importantes de todos os tempos, Sócrates. O ponto central das ideias dele está contido na célebre frase: “Conhece-te a ti mesmo”. Através da maiêutica, ele levava seus discípulos a se dedicarem à tarefa de se conhecer a si próprios, pois é nesse conhecimento que reside o segredo da felicidade. O conhecimento de si torna o homem capaz de melhor compreender seus semelhantes e a natureza, erguendo assim uma ponte de paz entre ele e o mundo que o cerca. A atenção voltada para o corpo pode funcionar como ponto de partida para este encontro. Nosso propósito é exercitar a “Geografia do eu”. Este instrumento foi criado pelo psicólogo norte-americano Gerald Weinstein. Trata-se e explorar a geografia do próprio corpo. Então, pretendemos responder as seguintes perguntas: 1) Se seu corpo fosse um país, que lugar seria mais agradável para se viver? 2) Onde está situada a região militar do seu corpo? Quais forças ela possui? Estas forças já puderam entrar em guerra contra algo? 3) Se seu corpo fosse uma grande cidade, quais os lugares que você apresentaria aos visitantes como atrações turísticas? 4) Qual seria o símbolo, a bandeira do seu corpo? 5) Quem governa o seu corpo? 5) Onde fica a capital econômica do seu corpo? 6) Qual sentimento seu corpo mais importa do exterior? 7) Onde se situa a região mais pobre do seu corpo? Assim, o objetivo deste questionário é nos levar a pensar e refletir e gostar do nosso corpo físico e espiritual.
  • 17. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 17 Dilemas estéticos sob perspectiva da IA: uma reflexão acerca da capacidade criativa das máquinas Vinícius Oliveira Magalhães (IFTM) Orientador: Paulo Irineu Barreto Fernandes Este trabalho tem por finalidade promover uma reflexão acerca da capacidade artística das máquinas, se justapondo à pesquisa da filosofia da mente. Diante disso, se uma obra de arte foi produzida a partir de um sistema puramente lógico, isento de sentimentos e de autoconsciência, a sua originalidade pode ser questionada. Nesse caso, se entendermos a expressão como o poder de exteriorizar uma interioridade, a atribuição artística ao objeto seria equivocada, pois, segundo o filósofo John Searle (1990), a “inteligência” envolvida é sintética, isto é, não dispõe de um conteúdo. Em contrapartida, as obras produzidas por robôs apresentam uma beleza comparável a concebida por humanos, assim o valor de uma composição real é contrariada. Se, em autores como Jerry Fodor, o funcionamento da mente seria análogo ao funcionamento de um computador caso produzisse uma obra, em Platão, essa ideia revelaria a cópia (mimesis) do que o homem já havia tentado copiar do mundo ideal, ou seja, a máquina não pensaria como a mente, somente a reproduziria por meio de padrões percebidos. Ademais, a relação entre software e hardware invoca uma reflexão semelhante a do vínculo entre corpo e pensamento, logo, evocar filósofos que discutem os conceitos de empirismo e racionalismo nos ajuda a entender as relações entre a experiência de um robô a partir de um objeto do mundo e a relação imediata entre as suas ideias, respectivamente, a fim de engendrar uma criatividade que servirá de mediadora entre o percebido por sensores e o “pensado” pelas redes neurais. Dado o exposto, cabe aos estudos de filosofia da mente e estética entender e intender a atribuição do estatuto de arte a um objeto oriundo de uma máquina, conduzindo-nos a reflexão de que o homem, ao procurar desenvolver um pensamento artificial, também evidencia sua vontade de explorar a sua capacidade criativa.
  • 18. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 18 XIV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU
  • 19. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 19 O que falamos e por que fazemos: a relação entre o logos e a política no pensamento protagórico Adrian Castro Azevedo (UFPA) Partindo das inferências feitas por Barbara Cassin, na obra O Efeito Sofístico, acerca do pensamento político de Protágoras de Abdera, a comunicação pretende elucidar a maneira como este enxergou a relação entre o discurso (logos) e a política de seu tempo, com a finalidade de colocar à luz da investigação a maneira como lidamos com a justiça e a política em nossa sociedade. Através da análise do mito de Prometeu exposto no diálogo platônico Protágoras (320 b- 328 d), que nos traz Protágoras retratando o surgimento do aidos e da dike — comumente traduzidos como “pudor” e “justiça” — dentre os homens, busca-se fazer compreender o papel destes dois conceitos na teoria política deste filósofo sofista para, posteriormente, na demonstração do axioma do homem-medida, khremata, comentado tanto na obra de Cassin quanto no artigo The Sophistic Moviment, de Rachel Barney, sugerir que a política, em determinados aspectos, é mais uma questão de logos que uma questão moralista. Desse modo, ao argumentar que a obediência às leis, se justificada apenas pelo aidos, não exige caráter moral ao sujeito, fazendo com que a areté política protagórica apoiada no logos se faça fundamental, almeja-se fomentar a discussão sobre o exercício da justiça na vida política, com as inquietações: o que dizemos ser o justo? Por que o fazemos?
  • 20. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 20 O subjetivismo de Immanuel Kant na caracterização das representações de espaço e de tempo como intuições puras Alexandre Pavani da Silva (UFU) Orientador: Marcos César Seneda O objetivo principal será analisar o subjetivismo de Immanuel Kant ao caracterizar o espaço e o tempo como formas da sensibilidade, intuições puras, na Estética Transcendental de sua obra Crítica da Razão Pura. A forma subjetiva como Kant caracteriza o espaço e o tempo na Estética Transcendental evidencia a central e indispensável participação destes conceitos na explicação do evento de aquisição de conhecimento pela experiência, concebida sob a ótica do idealismo transcendental. Diante disso, analisaremos de que forma o filósofo prussiano tece sua argumentação a fim de chegar à asserção de que o espaço e o tempo dizem respeito à natureza de nossa sensibilidade, existindo na mente a priori, independentemente dos objetos dados pela sensação, como formas da sensibilidade. Com efeito, a postura argumentativa fenomenalista adotada por Immanuel Kant nos primeiros parágrafos da Estética transcendental nos apresenta um aparente paradoxo em relação à existência objetiva dos objetos em si. A princípio o filósofo aponta que a matéria dos fenômenos é tudo aquilo que nos fenômenos corresponde às sensações, estabelecendo os termos de uma aparente tripla distinção entre a sensação subjetiva, o fenômeno e o objeto em si mesmo. No entanto, ao afirmar em seguida que a matéria de todas as aparições, ou fenômenos, é dada a posteriori, estabelece que esta distinção se daria, na verdade, entre a sensação subjetiva e o fenômeno. Isso pode ser compreendido como uma caracterização subjetivista dos fenômenos, então entendidos como modificações do sujeito, de um estado do sujeito. Sendo assim, analisaremos de que forma estas duas tendências argumentativas se correlacionam, a fim de proporcionar uma via de acesso à assertiva que orienta toda a Estética Transcendental – de que as representações de espaço e de tempo são intuições puras.
  • 21. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 21 A liberdade como fundamento ontológico do ser na doutrina de Sartre Ana Cássia Nogueira Pedrossian O que é o homem? A história da filosofia tratou de responder de diversas maneiras; entretanto, todas convergiam para o determinismo como fundamento ontológico do ser. No século XX, Jean Paul Sartre se opôs à tradição filosófica e inaugurou uma nova concepção para o homem. Assim, o objetivo da pesquisa é analisar esse novo olhar sobre o homem sob a ótica existencialista de Sartre. A pesquisa se guiou pela análise da obra O Ser e o Nada e utilizamos a premissa a que o filósofo recorreu para fundamentar sua teoria, que é: “a existência precede a essência”. Ateísta, Sartre não pressupõe a existência de Deus ou qualquer outro ente criador; deste modo, para ele o homem primeiro existe e só depois constrói sua essência, não havendo, portanto, uma essência abstrata que precederia sua existência. Assim, se o homem não foi idealizado previamente, se não foi projetado, não haveria coerência em sustentar a ideia de uma essência anterior à sua existência. É assim que Sartre afirma que o homem é nada antes de existir, ele só poderá ser qualquer coisa a partir de sua existência no mundo; por isso a razão da célebre frase de que o homem está condenado à liberdade. Isso porque ele não escolheu estar no mundo, contudo será o único responsável por sua existência a partir das escolhas que fizer durante sua vida. Percebemos então que a corrente existencialista transforma o homem como protagonista de sua história – onde não poderá se utilizar de subterfúgios para atribuir a outrem a responsabilidade de sua vida –, contrapondo-se deste modo à tradição filosófica que buscou estabelecer uma essência metafísica que determinaria o homem, bem como o materialismo e o inconsciente que retira do homem a liberdade e a responsabilidade de sua vida.
  • 22. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 22 Racionalidade e valor: tentativas de preservar a transitividade da relação “melhor que” André Luis Lindquist Figueredo (UFU/CNPq) Apresentarei três tentativas de solucionar a inconsistência entre 4 visões expressas pelo exemplo From Torture to Mosquito Bites, como exposto por Temkin em Rethinking The Good. As quatro visões são: (1) Para qualquer experiência desprazerosa ou “negativa”, não importando qual a intensidade ou a duração dessa experiência, seria melhor ter essa experiência do que uma que fosse um “pouco” menos intensa, mas duas vezes (ou três, ou cinco) mais duradoura; (2) Há, ou pode haver, um espectro de experiências desprazerosas ou “negativas” variando em intensidade de, por exemplo, formas extremas de tortura para o leve desconforto de uma picada de mosquito, tal que alguém possa mover-se, do extremo severo desse espectro ao seu extremo brando, em uma série finita de passos, em que cada passo envolve a transformação de uma experiência negativa para outra que seja apenas um “pouco” menos intensa do que a precedente; (3) O leve desconforto de uma picada de mosquito em alguém seria melhor que dois anos de uma tortura excruciante, não importando quão duradoura a vida de alguém fosse nem quão duradouro o desconforto da picada de mosquito fosse; (4)“Melhor que, todas as coisas consideradas” é uma relação transitiva. Então, para qualquer três alternativas A, B e C, que envolvam experiências desprazerosas, de durações e intensidades variadas, se, considerando todas as coisas, A é melhor que B, e B é melhor C, então A é melhor que C. As três tentativas que apresentarei possuem em comum o objetivo de preservar a visão (4); são elas: a tentativa de John Broome, em seu livro Weighing Lives, pela falsidade da (3); a tentativa de Toby Handfield, em seu artigo Rational Choice and the Transitivity of Betterness, pela falsidade da (1); a tentativa de Christopher Knapp, em seu artigo Trading Quality for Quantity, também pela falsidade da (1).
  • 23. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 23 Filosofia, Direito e as pessoas em situação de rua durante a pandemia Antonio Matheus Sardinha Santos (Faculdade Ideal- Faci Wyden) Orientadora: Sandra Suely Moreira Lurine Guimarães Este trabalho aborda, de forma filosófica e à luz do pensamento agambeniano, como é possível em um Estado de Direito existirem formas de vida expostas a violações de direitos fundamentais, como as das pessoas em situação de rua. Ainda, discute como o Estado utiliza o poder sobre a vida como política, ressaltando que a situação indigna em que essas pessoas se encontram é o cerne da sustentação de um estado de exceção – conceito preconizado pelo filósofo político Giorgio Agamben – a elas imputado pelo ente soberano. Desse modo, esses seres são tidos como vidas matáveis nessa exceção, que é implementada através de algumas medidas estatais. Ressalta-se que essa categorização das pessoas em situação de rua como “vidas matáveis” acontece com o único intuito de exterminá-las impunemente. Tal contexto de exceção, sobretudo, é potencializado durante a pandemia, em que o Estado premeditadamente e falaciosamente empilha, confina e aglomera a população existente nas ruas em lugares absolutamente impróprios, a exemplo dos estádios de futebol. Pretende-se, ainda, expor os elementos que criaram, sustentam e reafirmam a relação simbiótica entre a exceção estatal agambeniana e as pessoas em situação de rua no Brasil. Para fundamentar e desenvolver este trabalho, utilizou-se metodologicamente de pesquisa bibliográfica, baseada em autores que dedicaram boa parte de suas produções a problemáticas sociais concernentes ao tema – a exemplo, política, filosofia e politização da vida. Além disso, recorreu-se a dados atuais sobre o assunto, de modo a possibilitar uma compreensão fática da dimensão do problema, seu agravamento e deturpação durante a pandemia do Covid-19. Destaca-se que, na pandemia, pessoas em situação de rua foram retiradas deste meio e confinadas em estádios de futebol e abrigos; porém, medidas contra a contaminação não se materializaram. Portanto, questiona-se: a intenção do Estado é protegê-las do vírus ou apenas se valer da situação para acelerar o processo de morte desses indivíduos?
  • 24. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 24 A construção e demonização das bruxas na concretização do capitalismo Ariadne Fernandes Lacerda (UFU) A presente comunicação tem como objetivo explicar qual a relação entre a construção e a consequente demonização das bruxas na época medieval com a posição das mulheres na transição política do feudalismo para o capitalismo e como a caça às bruxas se caracteriza como um evento crucial para a concretização do capitalismo. A partir da abordagem de Silvia Federici em Calibã e a Bruxa, pretende-se explicar a acumulação primitiva a partir do ponto de vista da modificação da posição social das mulheres e da produção da força de trabalho. Federici relaciona três fenômenos ausentes em Marx, fundamentais para a acumulação capitalista: o desenvolvimento de uma nova divisão sexual do trabalho; a construção de uma nova ordem patriarcal, baseada na exclusão das mulheres do trabalho assalariado e em sua subordinação aos homens; a mecanização do corpo proletário e sua transformação, no caso das mulheres, em uma máquina de produção de novos trabalhadores. O movimento antifeudal apresenta o primeiro indício de um movimento de mulheres contra o padrão patriarcal pré-estabelecido ao desafiar as normas sexuais dominantes e estabelecer relações mais igualitárias entre mulheres e homens. Por um lado, a monetização do trabalho possibilitou que as mulheres conquistassem maior autonomia na sociedade e uma presença mais ativa na vida social; por outro, a proletarização começou a construir classes ao transformar diferenças de rendimentos de trabalhos em diferenças de pagamento, o que reduziu o acesso das mulheres à renda e à propriedade. Dessa forma, a população empobrecida foi responsável pela aparição de movimentos, entre eles a heresia popular, perseguida pela igreja. Sendo assim, é possível analisar de que forma a autonomia das mulheres - e a maior liberdade sexual – estigmatizou o feminino como diabólico e consumou a transição da perseguição católica à heresia para a perseguição às mulheres, definidas como “bruxas”.
  • 25. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 25 A.E. Taylor, John Burnet e o problema socrático Arthur Lopes Campos Cordeiro (UFMG) Orientadora: Karine Salgado Sócrates nada escreveu. Portanto, tudo o que sabemos acerca dele chega a nós através dos escritos de seus discípulos (Platão e Xenofonte sendo os testemunhos mais relevantes), de um de seus contemporâneos (Aristófanes) ou por meio de testemunhos indiretos (sendo o de Aristóteles o principal destes). Entretanto, em muitos pontos, esses testemunhos são – nas palavras de Reale – “profundamente discordantes e, nalguns casos, até mesmo radicalmente opostos”. O Problema Socrático, portanto, pode ser resumido nas questões que surgem ao analisarmos todos esses divergentes testemunhos: quem foi Sócrates? E o que ele ensinou? Inúmeros autores escreveram acerca desse problema discutido até hoje. Dentre eles, dois eruditos do início do século passado – A.E. Taylor e John Burnet (compondo a chamada “Escola Escocesa”) – se destacam por sua diferente resposta ao Problema. Os dois autores rejeitam a autoridade de Aristóteles, consideram Aristófanes uma importante fonte (o que não era comum em sua época), desconsideram grande parte do testemunho de Xenofonte (aceitam apenas “as admissões incidentais”) e veem Platão como um “historiador fiel” da vida e do pensamento socrático. Com isso em mente, não deve nos surpreender o fato de a reconstrução de Sócrates feita pela Escola Escocesa nos apresentar um distinto Sócrates: o criador da Teoria das Ideias, um pensador que se interessa por temas metafísicos (não apenas éticos), etc. Hoje, não há nenhum autor que adote a posição de Taylor e Burnet: grandes estudiosos, como David Ross e Gregory Vlastos, apresentaram críticas contundentes às suas afirmações. Contudo, isso não significa que o estudo da posição da Escola Escocesa será irrelevante. Nosso trabalho pretende, ao expor as visões da Escola (bem como as críticas merecidas, diga-se de passagem), demonstrar certas contribuições (algumas periféricas, outras centrais) aos Estudos Socráticos decorrentes da resposta de Taylor e Burnet ao Problema Socrático.
  • 26. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 26 A formação de classes sociais na SN de Vico Belchior Alves da Silva (UFU) Orientador: Sertório de Amorim e Silva Neto Esse ensaio filosófico é centrado na SN de Giambattista Vico, especificamente na leitura das dignidades (axiomas, princípios) a partir da 63 até a 96, com a intenção de analisar e colocar em discussão a formação das classes sociais segundo o autor e como isso se deu tomando como balizadores na formação das classes as 3 dignidades ou princípios que Vico destaca e distingue como sendo as religiões, os casamentos e os sepultamentos. Vico constrói a sua SN fundamentada em bases sólidas através de leituras e pesquisas exaustivas em diversos autores antigos e modernos, apresenta de forma magistral como se deu a formação dos diversos povos espalhados pela Terra e fala também da existência de um liame, que o autor denominou de "Natureza Comum das Nações", provando com o seu trabalho que as diversas nações existentes no mundo, de um modo geral e ressalvadas as particularidades de cada povo, passaram pelos 3 estágios necessários para a sua construção e formação social. Para Vico, o ser humano é movido inicialmente pela necessidade, sendo essa faculdade que inicialmente promoveu a aproximação dos indivíduos em decorrência do desamparo no qual viviam perdidos nas selvas, ainda como feras, bestas humanas, incapazes ainda de um raciocínio adequado. Somente após satisfeita suas necessidades podem os humanos perseguirem outros objetivos, tais como as utilidades e o lazer, desvelando assim as formas dos relacionamentos e comportamentos e a formação e diferenciação das classes sociais – que é o propósito dessa discussão.
  • 27. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 27 Sociedade precária em erosão democrática: uma análise da desdemocratização neoliberal no ocidente Caroline Santos da Silva (UNICAP) A racionalidade neoliberal avança sobre indivíduos e instituições. Sobrepõe princípios empreendedoristas sobre princípios democráticos tanto na vida pública quanto na social. A dominação da política pelo capital, a superação da racionalidade democrática pela racionalidade neoliberal, a juridificação da política, a erosão da soberania do Estado-Nação, assim como o descolamento do poder soberano em relação aos Estados Nacionais, são situações cruciais para a desdemocratização do Ocidente atual (BROWN, 2018). Vive-se a ilusão da democracia. Há um sentimento comunitário fragilizado pelo individualismo neoliberal, que incentiva a competitividade através do indivíduo empreendedor de si mesmo que deve isolar-se dos demais para alcançar a prosperidade. Há um culto à violência, espécie de fascismo diluído em discursos e práticas sociais maniqueístas, racistas, machistas, homofóbicas, essencialmente opressoras, em resistência colonialista a um avançar emancipatório em direitos humanos contra-hegemônicos. Há a ressurreição de um Estado-Nação em sua versão paranoica, através da qual emerge uma comunidade nacional que é o avesso do comum – apenas a figura alargada de um individualismo, em expressão básica do medo como afeto político central (SAFATLE, 2018). O presente trabalho se propõe a investigar a erosão democrática promovida pela racionalidade neoliberal no Ocidente, em especial no que diz respeito ao sentido de comunidade. O estudo é de caráter exploratório, em método de abordagem dedutivo, desenvolvendo-se a partir de revisão de literatura, além de dados obtidos em pesquisas correlatas ao tema. Em seu desenvolvimento, reconhece a expansão da forma neoliberal de razão e de valoração, assim como que o ataque do neoliberalismo à democracia tem, em todo lugar, infletido lei, cultura política e subjetividade política (BROWN, 2019).
  • 28. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 28 Tempo e Diversidade Modal em Herman Dooyeweerd Dean Tarik Silva Araújo (UFU) Este trabalho visa examinar alguns componentes significativos da Filosofia da Ideia de Lei do filósofo holandês Herman Dooyeweerd – a saber, a sua ideia de tempo e a relação deste com a diversidade dos aspectos modais da experiência humana. Em um primeiro momento, observaremos como o tempo não pode ser definido em um conceito, pois, segundo o autor, sempre que tentamos defini-lo, acabamos por fazer uma descrição de um dos aspectos modais do tempo. Contudo, segundo ele, podemos considerar e descrever como ele se manifesta. Após isso, analisaremos como o autor desenvolve uma crítica à noção que estabelece um dualismo entre tempo e espaço, porquanto compreende que o tempo se manifesta acima e atravessa transversalmente todas as modalidades, enquanto o espaço se limita à terceira esfera modal da experiência. Depois, consideraremos como o tempo se revela na realidade enquanto ordem de sucessão, simultaneidade e duração. E por fim, investigaremos as conexões que Dooyeweerd faz com cada um dos 15 aspectos modais da realidade, notadamente, os aspectos aritmético (quantitativo), espacial, cinemático, físico, biótico (biológico), sensorial (sensitivo), lógico (analítico), histórico (formativo), linguístico (simbólico), social, econômico, estético, jurídico, ético e pístico (fiduciário). Dessa forma, Dooyeweerd nos fornece as bases para pensarmos o tempo em cada uma das disciplinas que se debruçam analiticamente sobre os diversos aspectos da realidade.
  • 29. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 29 Quine, Carnap e a pergunta ontológica Deiver Vinícius de Melo (UFSJ/PET-Filosofia) Orientador: Rogério A. Picoli Coorientador: Rodrigo A. S. Gouvea Quando se fala na pergunta pelo que existe, dois nomes surgem com bastante expressão dentro da filosofia analítica: Rudolf Carnap e Willard van Orman Quine. O primeiro é normalmente apresentado como um deflacionista ontológico, que afirma que tal pergunta é desprovida de qualquer conteúdo cognitivo, ou seja, não tem sentido e, consequentemente, não tem resposta. Já o segundo é visto como alguém que se posiciona a favor da validade dessa pergunta e, frequentemente, sua posição é usada para justificar o fato de o questionamento ontológico perdurar até hoje dentro da filosofia. De acordo com Carnap, a ontologia não passa de um conjunto de pseudoquestões e de pseudoafirmações que nos enganam; de acordo com Quine, ela está diretamente relacionada àquilo que nossas melhores teorias científicas afirmam que existe. Nesta comunicação, pretendo demonstrar que, apesar de chegarem a soluções antagônicas sobre o estatuto da ontologia na filosofia contemporânea, Quine e Carnap não se encontram em posições tão antagônicas entre si quanto a narrativa popularmente difundida afirma. Além disso, veremos que as críticas que Quine dirige a Carnap falham em acertar algum ponto crucial dos argumentos deste, ao mesmo tempo em que, a despeito das críticas de Carnap à ontologia, esta continua existindo dentro da filosofia contemporânea, aplicando-se a diversos questionamentos dentro de áreas como a metaética e a filosofia da mente.
  • 30. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 30 A relação entre ciência positiva e totalitarismo em "o conceito de esclarecimento" Diogo Carrerette Santana (UFES) É latente a certas tendências filosóficas do século passado que investigam as causas da crise civilizatória, em que a humanidade se viu envolvida, a intermitência do progresso irrefreável como força motriz de formas de soberania que o Iluminismo acreditava ter superado. Fato é que elas retornaram (no momento histórico do texto) em sua forma totalitária, não em movimento contrário ao processo de esclarecimento, mas, precisamente, de seu nexo interno, o que compele a compreensão que a razão moderna é, senão sua fonte primária, um elemento integrante do totalitarismo. Portanto, cabe questionar: qual seria a natureza de sua ligação? A teoria crítica da sociedade se vê compelida a admitir que o esclarecimento tem contribuições inegáveis não apenas com relação às formas de dominação social, mas também com o esfacelamento de uma autêntica perspectiva social emancipatória, humanista. O texto de Adorno e Horkheimer de 1944 é um começo interessante para entender certos elementos de crise, a começar pelo definhamento do ideário revolucionário à medida que este aparece como acirramento desse mesmo processo. A partir desse horizonte, o que significa fazer filosofia quando o ideal do esclarecimento e todo o arquétipo de racionalidade moderna (isto é, o ponto-de-vista com que contemplamos a realidade em sua possibilidade de transformação) se vê justamente como parte da problemática, ao invés do encaminhamento de sua resolução histórica?
  • 31. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 31 A teoria descritivista da referência dos nomes próprios Edivaldo Borges dos Santos Júnior (UFPI) Essa comunicação tem por objetivo explicitar a teoria descritivista da referência dos nomes próprios a partir de sua gênese, com Frege e Russell, até Wittgenstein (o segundo, de Investigações Filosóficas) e Searle, que a desenvolveram, e eventualmente elencar dificuldades encaradas pela teoria. De acordo com Frege, a todo nome corresponde um sentido que é o modo de apresentação do objeto referido pelo nome. Assim, podemos identificar o objeto referido por um nome próprio através de um ou mais sentidos que lhe são característicos. Por exemplo, com “Aristóteles” referimos Aristóteles, o homem/indivíduo nascido em Estagira, e fazemos isso através de descrições (sentido) como “o autor da Metafísica”, “o professor de Alexandre, o Grande”, etc. Segundo Russell, todo nome próprio é uma descrição definida camuflada ou abreviada, mas isso não significa que dele emerge algum tipo de entidade semântica como o sentido fregeano. O que acontece é que os nomes próprios podem ser substituídos salva veritate por expressões denotativas e o objeto da referência é aquilo que unicamente satisfaz a referência. Dessa forma, o nome “Aristóteles” contém em si a descrição “o aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande” e o referente é aquilo que unicamente corresponde à descrição. No mais, o segundo Wittgenstein e John Searle sugerem que a um nome próprio corresponde um feixe (conjunto) de descrições e o objeto da referência é aquilo que satisfaz, se não todas, então a maior parte das descrições.
  • 32. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 32 “Você demorou, não vai entrar na aula de Filosofia!”: reflexão sobre o impacto do ensino de Filosofia na EJA no centro de Manaus Eduardo Pereira Monteiro (UFAM) Orientadora: Ivanete Pereira A presente pesquisa trata de relatos de abordagem em perspectiva de estagiário, conforme requerido na matéria de Estágio Curricular Supervisionado I - IHF060, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A matéria tem como objetivo introduzir os discentes às primeiras impressões da docência, viabilizando um vislumbre da profissão a partir da vivência do discente em sala de aula primeiro como observador imparcial, que irá captar como uma câmera fotográfica as formas estruturais, as metodologias de ensino e o comportamento do público alvo, ou seja, os estudantes de ensino médio que recebem o conteúdo ministrado em sala. O segundo momento, ou, por assim dizer, o segundo objetivo da pesquisa, é propiciar como um prelúdio para que os discentes-estagiários possam traçar novas perspectivas de ensino; estas, por sua vez, são baseadas na pergunta primeira que gira em todo do presente trabalho: O que e como eu faria diferente?. Busca-se, assim, desenvolver o senso crítico dos discentes enquanto futuros ministrantes do conteúdo filosófico. A pesquisa é dividida em três grandes momentos, com 8 tópicos no geral. Primeiro a introdução; segundo, terceiro e quarto tópico abordam de forma ampla e descritiva a vivência na escola, a dimensão pedagógica e outros pormenores, como a forma de didática usada em sala e a recepção dos alunos diante dos conteúdos ministrados. A quinta parte se trata de uma descrição sobre o que é o ensino de filosofia no ensino médio e a relação entre ensino superior e ensino médio frente à filosofia. A sexta parte diz respeito às considerações finais deste trabalho e, na sequência, a sétima e a oitava parte são as referências e anexos.
  • 33. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 33 A angústia em Martin Heidegger Enézio Alves Vieira (UFU) Este breve resumo tem como escopo discorrer sobre o tema da angústia em Martin Heidegger. Tema este que é de total pertinência à área filosófica. Além disso, a tese que defenderemos é que a angústia é de suma importância para a vida do Dasein – palavra alemã que pode ser traduzida como ser-aí, estar-aí, realidade e realidade humana. Contudo, durante o texto usaremos a palavra Dasein e não suas possíveis traduções. Não obstante, essa angústia tratada por Heidegger não é a angústia diante de determinados entes, mas algo que assemelha-se a uma quietude. Diante disso, pode surgir o seguinte questionamento: qual seria a relevância da angústia para a vida do Dasein? Heidegger mostra que a angústia é a disposição fundamental que coloca o Dasein perante o nada. Consequentemente surge outra questão: o que “é” o nada? Esta questão carrega um erro, pois qualquer resposta viria na forma de: o nada é X ou o nada é Y. Contudo, o nada não pode ser definido como algo; o nada seria o oposto disso, ou seja, um não-ente. Além disso, outro argumento que corrobora a nossa tese é que as outras tonalidades afetivas não colocam o Dasein diante do nada; outras afetividades como a alegria ou o tédio apenas colocam o Dasein diante da totalidade do ente e não em face do nada, e isso reforça a importância da angústia como sendo o fio condutor para alcançar o nada. Sendo assim, o nada concede a transcendência, ou seja, o nada proporciona uma relação com o ente e, portanto, uma relação do Dasein consigo mesmo. Logo, sem a angústia, e por conseguinte sem o nada, seria impossível ao Dasein relacionar-se consigo e com outras entidades.
  • 34. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 34 Uma defesa fenomenológica do realismo moderado segundo Stanislavs Ladusãns Fábio Luciano Silvério da Silva (UFAL) Este trabalho visa analisar o processo gnosiológico natural humano a partir da perspectiva do Dr. Stanislavs Ladusãns, iniciando-se com a questão de se há valor real no conhecimento intelectivo, um problema essencial que perpassa a Filosofia desde o seu nascimento e que se intensifica a partir da modernidade até os dias presentes. Da sua resolução, enfatiza o autor, dependem todas as demais atividades humanas, consistindo ele, assim, num problema de primeira ordem. Para isso, Ladusãns investiga passo a passo este processo, que começa na percepção sensível e culmina não somente no abstração que permite a ideia geral, mas na consciência segura de que se conheceu, o que faz romper certa tendência solipsista da modernidade, devolvendo à inteligência a sua objetividade. O fator primordial para que este movimento cognoscitivo se dê é uma espécie de apetite instintivo do intelecto, reflexo epistemológico da busca vital por satisfação que é inerente à pessoa humana, que adota como critério de assentimento a evidência objetiva. Também são analisadas outras vertentes gnosiológicas, às quais se pretende aporéticas por pressuporem, no mesmo ato de negação da perspectiva realista, o próprio realismo que se renega. O problema é analisado, de um modo fenomenológico e crítico, em todos os seus meandros, motivo pelo qual, sem se isolar numa só tradição ou num só aspecto do aparato cognoscitivo - o que corresponderia antes a uma defesa ideológica -, o Dr. Ladusãns batizou seu método de “Gnosiologia pluridimensional”.
  • 35. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 35 A consciência perceptiva em O imaginário: Sartre contra o idealismo Fabrício Rodrigues Pizelli (Unesp/FAPESP - 2018/07346-3) Orientador: Paulo César Rodrigues Objetiva-se nessa comunicação apresentar o estatuto da consciência perceptiva na obra O imaginário, de Jean-Paul Sartre, no intuito de ressaltar alguns aspectos que colaboram para a rejeição do idealismo na fenomenologia sartriana. Visto isso, Sartre considera a consciência perceptiva como um modo de relação com o objeto transcendental. Desse modo, a consciência, ao perceber um objeto, conserva-se uma realidade em-si, inerente ao objeto, totalmente acessível a qualquer consciência que o intenciona. Nesse aspecto, uma vez que a intencionalidade expulsa os conteúdos da consciência, de modo a constituí-los no mundo, a noção de consciência perceptiva na fenomenologia sartriana não detém todo o significado da realidade do objeto, impedindo que a certeza dos objetos transcendentes se encontre na subjetividade do sujeito que percebe. Com efeito, a consciência perceptiva se distingue da consciência imaginante, pois a primeira exige um processo mais lento na relação com a coisa no mundo, pois a apreensão de um objeto espaço temporal se dá por perfis. Em outras palavras, o objeto não se dá de uma vez na percepção. Portanto, pelo fato do objeto independer a consciência para existir, de modo que o seu estatuto ontológico ocorre por uma relação mútua entre a consciência perceptiva e o mundo externo ao sujeito, a postura sartriana frente ao idealismo se torna mais efetiva, pois a consciência não se constitui apenas como atividade de ação no mundo, mas também é passiva e receptiva para uma realidade diferente dela.
  • 36. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 36 Arraigando o externalismo da pessoalidade nos dias de hoje: contrastes entre perspectivas contemporâneas sobre o reconhecimento interpessoal Felipe Eleutério (Unesp/FAPESP - IC 18/06147-7) Orientadora: Mariana C. Broens O objetivo deste trabalho é analisar filosoficamente a concepção externalista de pessoa (Leclerc, 2003). Mais especificamente, visamos discutir até que ponto poderíamos alavancar a compreensão externalista sobre a dinâmica de reconhecimento interpessoal a partir de três perspectivas contrastantes; são elas: i) de primeira pessoa (Baker, 2000), ii) de terceira pessoa (Dennett, 1976) e iii) de segunda pessoa (Gomila, 2001; Liñán e Pérez-Jiménez, 2017). Leclerc (2003) argumenta que uma concepção de pessoa é externalista se a posse ou atribuição de pessoalidade a uma entidade pressupõe a existência de outra coisa distinta a esta entidade (objetos, contextos, lugares, demais agentes). A pessoalidade, nesse viés, seria considerada no contexto da variedade de relações que os agentes estabelecem entre si, segundo entendemos. Desse modo, identificamos pelo menos três perspectivas sobre o reconhecimento de que alguém é uma pessoa para aprofundar o referido externalismo; em algumas delas, uma atribuição mental bem sucedida e correspondida é indicativo de que se reconheceu e foi reconhecido como pessoa. De acordo com o externalismo de primeira pessoa, ser uma pessoa depende da instanciação de uma perspectiva incorporada de primeira pessoa em um sentido forte e da capacidade de atribuir pessoalidade a outrem, simulando a mentalidade alheia ao interagir com outras pessoas utilizando-se de uma linguagem natural compartilhada (Baker, 2000). No caso da vertente de terceira pessoa, ser uma pessoa requer poder atribuir conceitos psicológicos em terceira pessoa e ser passível de tal atribuição por outrem que pode utilizar uma linguagem natural (Dennett, 1976; Pérez, 2013). Por fim, no que diz respeito à perspectiva de segunda pessoa, ela consiste na capacidade de perceber emoções diretamente e de considerar o outro como “um dos nossos” (Gomila, 2001; Liñán e Pérez- Jiménez, 2017).
  • 37. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 37 A oposta Fundamentação Moral em Bentham e Kant Flávio Rocha de Deus (UNEB) O presente trabalho possui três objetivos: apresentar o princípio moral da utilidade do filósofo inglês Jeremy Bentham, expor a fundamentação metafísica dos costumes do filósofo alemão Immanuel Kant e explicar como ambos divergem com relação às suas respectivas concepções de fundamentações morais. Para tal, tomaremos como base A Fundamentação da metafísica dos costumes (1785) de Kant e O princípio da moral e da legislação (1789) de Bentham. N’A Fundamentação, encontramos as concepções do filósofo alemão sobre os conceitos fundamentais para o estudo de sua ética: a boa vontade, o dever por dever e conforme o dever, o imperativo categórico e a autonomia. O objetivo de Kant foi formular uma ética metódica, universal, a priori, livre de qualquer fundamentação empírica e que tenha como finalidade o cumprimento do dever por amor ao próprio dever. Já em Bentham a dor e o prazer são fundamentos soberanos e que devem pautar as nossas decisões. Visando isto, o mesmo cunhará o princípio da utilidade que orienta nossas escolhas às ações que levem ao aumento da felicidade do indivíduo a qual o interesse está em jogo. Para o mesmo, a aplicação desse método se faz relevante pois, entende ele, é inútil falar dos interesses da comunidade se não detivermos uma compreensão e satisfação dos interesses dos indivíduos. O escopo deste trabalho se encontra na oposta fundamentação moral de ambos os filósofos, pois enquanto para Kant o fundamento da moral é metafísico e não reconhece a moralidade da ação pela utilidade, mas pela intenção da boa vontade em estar de acordo com o princípio do imperativo categórico, para Bentham, o fundamento moral deve basear-se sempre em contextos práticos e se encontra na execução de um cálculo utilitário que leva em consideração os critérios quantitativos de prazer, pessoas, tempo e danos futuros.
  • 38. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 38 Quem deve ensinar filosofia no ensino médio? Frank Wyllys Cabral Lira (UFAM) Um dos problemas centrais do ensino de filosofia para o ensino médio se refere a quem irá ensinar filosofia. Porém, dado a sua amplitude, este acaba se desdobrando em questões menores. Caso alguém vise bem responder esse problema central, algumas dessas questões deveriam ser de seu pleno conhecimento. Por exemplo: qual deve ser o nível de conhecimento filosófico do ensinante? O conhecimento filosófico do ensinante deve ser superior ao estudante? Qual deve ser o domínio pedagógico do ensinante? Qual deve ser a formação do ensinante? O ensinante é também um filósofo? Etc. O que aqui objetivo é defender uma lista de condições que devem ser levadas em conta ao responder o problema central. Portanto, além de perpassar pelas questões menores exemplificadas neste resumo, manifestando algum posicionamento perante cada uma delas, a referida defesa fará uso de argumentos que destacam o caráter principalmente epistêmico requerido pelo problema central, pondo em evidência certos tópicos da epistemologia social – ênfase para as noções de dependência epistêmica, testemunho e testemunho especializado, assim como o de especialista. Por conseguinte, tal lista de condições que um ensinante em filosofia para o ensino médio deve atender não somente acarretaria em uma maior elucidação para as respostas ao problema central, mas também traria progresso para a investigação sobre o ensino da filosofia. Além disso, direta ou indiretamente, essa lista pode levantar pontos que serviriam de objeção tanto ao ensino domiciliar (homeschooling) – os pais do adolescente não atenderiam as mínimas condições para ensinar filosofia para seus filhos – quanto para uma pessoa com notório saber vir a ser um professor de filosofia do ensino médio – a ele faltaria uma profunda e longa experiência prática.
  • 39. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 39 Revolta, pensamento e animalidade: princípios elementares do anarquismo em Mikhail Bakunin Gabriela Antoniello de Oliveira (UFU) Orientador: José Benedito de Almeira Jr. Esse trabalho possui o objetivo de apresentar a investigação em torno da filosofia política do anarquismo, mais especificamente os princípios do anarquismo (ou socialismo libertário) do filósofo russo Mikhail Bakunin. A teoria bakuniana nos apresenta três importantes conceitos filosóficos: a revolta, o pensamento e a animalidade. São esses os princípios elementares do desenvolvimento humano que emancipam a humanidade e, nessa mesma perspectiva, são os passos principais e indispensáveis para revolução política anarquista, que deve ser pautada nos direitos naturais, estes: a justiça, a liberdade e a igualdade. Segundo Bakunin, a implicação de qualquer sistema de leis ou acordos políticos dos quais vemos em vigência são desejos dos governantes e soberanos, e não propriamente do povo; por essa razão, esse último deve assumir a posição de agente ativo, e não agente passivo – pois essa condição coloca-o apenas como instrumento político –, assim como também deve se libertar das leis políticas que aniquilam a razão e propagam absurdos como escravidão e opressão. A necessidade e naturalidade do erro consta no primeiro passo do desenvolvimento humano, que é a negação do erro, presente na animalidade, característica de irracionalidade e ignorância. Ao reconhecerem sua animalidade e sua baixeza, os homens evoluem para a humanidade, saem do erro e reconhecem a necessidade do pensamento verdadeiro, dirigido pela razão. Desse modo, a humanidade e o pensamento verdadeiro e real levam ao inevitável: a revolta. Esse último passo é inevitável quando o pensamento não é mais influenciado e alienado. Assim, a revolta, o pensamento e a animalidade norteiam o que é dos humanos por direito natural, com o propósito de alcançar a verdadeira revolução pela emancipação e pela razão, o que ocasiona espaço para o espírito coletivo que anseia pela liberdade e se transforma pelo senso de justiça e empatia social.
  • 40. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 40 A relação entre a noção de valor e o desvelamento da literatura em Sartre Gabrielle Fernandes Martins (UFU) Orientador: Igor Silva Alves Em seu ensaio Que é a literatura?, Sartre apresenta uma característica própria da prosa: o desvelamento, isto é, a capacidade de tornar possível, por meio da ficção, que o leitor reconheça suas próprias condutas, mas também as contradições que perpassam a realidade humana. Se antes era possível ignorar determinadas ações ou situações, agora já não é. A postura do indivíduo deixa de ser irrefletida, ele passa a ter consciência de sua liberdade e responsabilidade enquanto ser no mundo. O escritor dá à sociedade uma consciência infeliz, pois fornece uma imagem que torna possível enxergar aquilo que busca aperfeiçoar ou modificar, torna evidente e faz o espectador reconhecer que ele está constantemente se formando e que seu ser sempre apresentará uma falta – uma vez que sua realidade surge como uma totalidade que ela não é. O objetivo principal deste trabalho é propor uma relação entre essa característica da prosa e a noção sartriana de valor, analisando de que modo o desvelamento da prosa aproxima-se do que é atribuído ao ser do Valor na obra O ser e o Nada. Ainda que o filósofo não tenha apontado de maneira evidente tal relação, é possível traçá-la a partir da análise das obras mencionadas. Para estabelecer tal relação, é necessário compreender melhor o que é esse desvelamento da prosa e de que modo o escritor fornece ao leitor o reconhecimento de sua condição. Pretende-se, então, explicar o que o filósofo compreende por ser do valor e como esse conceito, assim como o desvelamento, está relacionado com a noção de totalidade.
  • 41. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 41 Deleuze e Guattari: uma estética sem aisthesis? Ian Abrahão (UFU) Orientador: Humberto Guido Resgatado no séc. XVIII por Baumgarten, o termo clássico aisthesis se refere à capacidade sensível e receptiva do sujeito, sendo ele fundamental para a criação da filosofia crítica de Kant – um grande marco para dicotomia de sujeito/objeto. Compreendendo a si mesmos como pós- kantianos (Mil Platôs, p. 10, Editora 34), os filósofos Deleuze e Guattari, em sua esquizoanálise, criam uma nova sistemática para tal dicotomia. Em um primeiro momento, na obra Capitalismo e Esquizofrenia, a das máquinas desejantes ("seres" que se acoplam uns nos outros na produção desejante do inconsciente imanente) e, em seu segundo movimento, a dos agenciamentos maquínicos (uma espécie de segunda elaboração do conceito anterior, que já não pensa em relações de vizinhança entre "seres", mas leva em consideração multiplicidades do real em seus sentidos enunciativos e geográficos). Dito isso, o presente trabalho busca investigar como, a partir da epistemologia da obra inicial dos autores, eles chegam ao conceito de "seres de sensação" (o objeto artístico), constituídos por perceptos – que "não mais são sensações, são independentes do estado daqueles que o experimentam"(O que é Filosofia?, Editora 34, p. 193) – e afectos – que "não são mais sentimentos e afecções, transbordam a força daqueles que são atravessados por eles" (Idem; p. 194); formando assim uma objetividade radical, em que o sujeito é apenas um "porto" em que multiplicidades de devires passam, assim constituindo o objeto artístico. Deste modo, põe-se a interrogação: seria essa uma teoria estética desprovida de aisthesis, uma vez que a sensação (na objetividade do objeto artístico), diferentemente do sensível (capacidade receptiva do sujeito), se encontra no próprio objeto? Ou, elaborando de outra forma: teria Kant – e posteriormente a fenomenologia – esgotado o problema do sujeito enquanto passividade, de modo que seria importante elaborar um pensamento sobre a arte em outros termos?
  • 42. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 42 A doença sagrada e os transtornos do pensamento em seu contexto no V-IV século a.C. José Roberto Nogueira de Sousa Carvalho (UnB/ PIBIC - FUB) Orientador: Silvio Marino O trabalho tem como escopo mostrar a diferença de abordagem entre os textos filosóficos e textos médicos sobre a “doença sagrada” e o funcionamento do pensamento humano. Observa-se, portanto, no horizonte teórico do Corpus Hippocraticum, dos fragmentos de Diógenes de Apolônia, e no Timeu, de Platão, a descrição da mente humana de diferentes formas; havendo, ademais, diferenças na construção de tais discursos e, além disto, nas suas conclusões, sendo possível identificar o elemento diferencial entre o discurso filosófico e médico. No trabalho, revelam-se influências mútuas entre os campos da Medicina e da Filosofia, além de críticas possíveis aos variados interlocutores; contudo, o ponto central se define com base nas teorias tecidas visando à explicação da origem do pensamento. Nota-se, logo, com a leitura dos tratados hipocráticos analisados (Da doença sagrada, Ares, águas, lugares e Dos ventos) que, não obstante a influência de teorias advindas dos pensadores pré-socráticos, os autores dos tratados hipocráticos definiram uma fisiopatologia como forma de descrever a mente e seu lugar, ou seja, uma descrição do mal funcionamento da consciência humana. Diante disto, observa-se, em Platão, especificamente no diálogo intitulado de Timeu, que o que se pode observar no campo da Filosofia, ao contrário do que se pode constatar nos tratados médicos, é uma fisiologia da mente humana, ou seja, no pensamento filosófico, a descrição da consciência se dá ao se constituir sua fisiologia, e não uma fisiopatologia. Em outras palavras, o discurso filosófico descreve a percepção do pensamento a partir de uma fisiologia deste, tendo em vista o bom funcionamento do corpo, enquanto, por sua vez, o discurso médico faz uso descreve o ato de percepção do pensamento a partir do mal funcionamento do corpo, tendo por foco, portanto, as doenças que acometem o homem.
  • 43. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 43 Capitalismo: uma perceptiva ética e moral Karênina Milosevic (UFU) O capitalismo é um sistema político-econômico embasado no lucro, caracterizado pela liberdade irrestrita de possuir bens privados, monopólio dos meios de produção e tendo como alicerce o acúmulo de capital e a competitividade do mercado. Este trabalho tem por objetivo debater o capitalismo a partir de três pontos: funcionalista, moral e ético. Demonstra-se, pela crítica funcionalista, que o sistema capitalista a longo prazo é autodestrutivo, enquanto sistema social- econômico, evidenciando, inclusive, suas interferências psíquicas. Traz-se o seguinte questionamento: qual a finalidade do capitalismo enquanto sistema econômico? No âmbito moral, o capitalismo é um sistema fracassado, pois baseia-se na exploração, na desigualdade e na alienação, leva certa parcela da sociedade à degradação, sendo essa obrigada a vender sua mão de obra por um valor irrisório. As consequências morais deste sistema serão tratadas de forma argumentativa. Diferencia-se a crítica ética da moral, pois esse último ponto tem o intuito de destacar os malefícios cotidianos; acrescentará ao debate as mudanças que o capitalismo trouxe a partir da sua evolução e desenvolvimento: a falta de conexão com a natureza e conosco mesmos e a liquidez nos relacionamentos sociais. Por fim, demonstra-se a alienação das pessoas em relação a elas mesmas e quais são as consequências éticas dessa alienação, como por exemplo as relações de dominação socioeconômicas e outras estruturas imbricadas nesse sistema desigual. Dessa forma, o propósito é problematizar a estrutura de uma sociedade capitalista, analisando, primordialmente, questões éticas e morais e, sobretudo, analisar se há justificativa para o sofrimento da maior parte da população – aquela que vive em condições de pobreza.
  • 44. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 44 O argumento dos casos marginais na ética animal de Christine M. Korsgaard Laís Oliveira Rios (UFU) O objetivo do trabalho é analisar o papel desempenhado pelo argumento dos casos marginais na construção da proposta de ética animal formulada pela filósofa americana Christine Marion Korsgaard. A filósofa utiliza da ética de Immanuel Kant como base para tal empreendimento que foi construído ao longo de anos e exposto em diversos artigos concatenados na obra Fellow Creatures – Our Obligations to the Other Animals. Para a realização deste trabalho, o ponto de partida será a exposição, aprofundamento e investigação dos usos dados ao argumento dos casos marginais ao longo da história. Popularmente formulado por Peter Singer, este argumento parte da inconsistência da consideração que apenas os humanos possuem status moral por estes serem dotados de racionalidade. A inconsistência se dá pois todos os seres humanos possuem status moral, mesmo aqueles que não possuam racionalidade, como os bebês, os senis e os mentalmente incapacitados, enquanto os animais não humanos, que muitas vezes superam os humanos em capacidades mentais, ficam à margem dessa comunidade moral exclusivamente humana. Tal formulação de moralidade é atribuída à Immanuel Kant; logo, o próximo passo será a exposição de alguns pontos da ética kantiana, principalmente no que diz respeito à consideração dada aos animais não humanos pelo filósofo e à ideia de se atribuir aos seres humanos a consideração de que estes são fins em si mesmos por possuírem racionalidade para atribuir leis morais a si mesmos e aos seus semelhantes no que o filósofo considera como Reino dos Fins. Finalmente, após a compreensão dos argumentos propostos por Peter Singer e Immanuel Kant, será analisada a proposta de Christine M. Korsgaard e se esta pode ser considerada como aplicável à ética animal e se é consistente com a moralidade proposta por Immanuel Kant.
  • 45. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 45 Feminismo-ciborgue: a quebra de uma fronteira entre a velha dominação e a nova rede de relações sociais Lara Cristina Radis Pinto de Carvalho Saenger (UnB) Orientador: Hilan Bensusan O presente ensaio tem como objetivo explicitar a ideia de Donna Haraway sobre feminismo- ciborgue como uma alternativa feminista e futurista da sociedade. Apresentar-se-á o conceito de realidade social com o objetivo de explorar a dualidade homem/mulher na sociedade ocidental, em que ocorre a quebra de fronteira através do ciborgue – determinante da política, definindo uma espécie de revolução das relações sociais através, não do renascimento, mas da cura das dilaceradas. Abordar-se-á, também, o conjunto da mulher-ciborgue –“eu” pessoal e coletivo que não existe por suas semelhanças, mas pela negação de matrizes identitárias naturais. Abriremos, então, a seguinte questão: O que é o natural e o sobrenatural ou artificial? O que os define? O ciborgue representa, então, a busca por uma identidade não-unitária e mudanças fundamentais nas relações de gênero, raça e classe e das velhas dominações hierárquicas para as novas redes de informática da dominação. Ele mostra a transgressão de fronteiras (natural/artificial) que, em certo momento, se encontram na mesma categoria – o natural se torna artificial e o artificial se torna natural –, colocando a possibilidade de a identidade global não ser definida pelo gênero, raça ou qualquer traço corporal construído. A família orgânica se desmantela, as relações sociais se redefinem.
  • 46. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 46 A formulação da tese determinista no problema da compatibilidade Letícia Palazzo Rodrigues (UFU/CNPq) Orientador: Leonardo Ferreira Almada Filósofos têm discutido se há compatibilidade entre as duas seguintes teses: i. ao menos em certas situações, pessoas têm a liberdade necessária para serem moralmente responsáveis por suas ações e ii. o determinismo – grosseiramente, a tese geral de que apenas um futuro é fisicamente possível a cada momento – é verdadeiro. Esse é o ‘problema da compatibilidade’, para o qual é crucial especificar o conteúdo da tese determinista por razões que ultrapassam a dependência das hipóteses compatibilistas ou incompatibilistas desse conteúdo. Podemos supor que, caso essa tese seja sabidamente falsa, dado o conhecimento científico disponível, então o próprio problema tem seu interesse filosófico reduzido. A dificuldade de que pretendo tratar emerge de autores importantes no debate diferirem notoriamente nas formulações do determinismo. Peter Van Inwagen define-o como implicação lógica entre proposições que expressam estados do mundo e leis da natureza. O autor argumenta que, se a ciência mostra algo sobre a tese, mostra sua falsidade. Mais recentemente, Carolina Sartorio chamou a atenção para a importância de utilizar termos explicitamente causais na definição. Ela evita a noção de proposição – com a qual o comprometimento parece trazer mais custos do que ganhos. Sartorio também afirma que, embora o determinismo seja uma aproximação de uma imagem do mundo naturalista e amplamente sustentada, trata-se de uma aproximação adequada para investigação filosófica relevante. Já Gilberto Gomes afirma que o determinismo certamente não é implicado pela ciência atual e, mesmo redefinindo-o como um tipo de tese probabilística e local, denomina-se ‘compatibilista’. Meu objetivo será, considerando trabalhos dos filósofos citados, sugerir traços de uma formulação do determinismo que não expanda inadequadamente o uso do conceito e, ao mesmo tempo, preserve o interesse filosófico do problema da compatibilidade. Entre esses traços, assumir que o determinismo implica materialmente a causação universal e manter certo grau de generalidade.
  • 47. ∙ Resumos do XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU, V Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e do III Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio, V. 14, n. 14, nov. 2020. ISSN 2358-615X ∙ 47 A fragilidade da verdade fatual e fenômeno das notícias falsas Lorena Moreira Pinto (UFMA) Objetiva-se abordar o tema da verdade em Hannah Arendt (1906 – 1975) a partir do seu escrito Verdade e política em Entre o passado e o futuro (1961), relacionando ao problema das notícias falsas. Tendo em vista o objetivo central, considera-se necessário contextualizar o texto base, em seguida, apresentar as distinções que a autora estabelece entre verdade fatual, verdade racional e opinião, bem como incorporar essas distinções dentro do problema que a autora relata sobre o novo conflito entre verdade e política. O capítulo Verdade e política foi escrito em resposta às controvérsias do caso Eichmann, como uma forma de criticar as “imagens” criadas acerca de seu livro sobre o caso. A situação que Arendt enfrentou após o evento repercutiu em uma reflexão sobre a fragilidade a verdade no domínio dos assuntos políticos. Se aquela tensão entre a verdade e política se fez presente desde Platão, em uma contraposição dos modos de vida do filósofo e do cidadão, hoje ela ganha novos moldes ao ser defrontada com a sociedade de massas e seus meios de comunicação. O que está em jogo nessa nova configuração é a sobrevivência da verdade fatual, que diferentemente da verdade racional, depende do testemunho. Mesmo contestada, a verdade racional pode ser redescoberta, ao contrário ocorre com a verdade fatual: o cenário que Arendt observa aponta justamente para uma tentativa de grupos em ocultar e monopolizar a história através da criação de “imagens”, conforme seus interesses políticos. Isso dentro do contexto da pandemia se faz evidente: podemos observar o impacto que o artifício das notícias falsas vem exercendo sobre a sociedade brasileira. Nesse sentido, o trabalho busca uma reposta a partir da perspectiva de autora Arendt sobre esse novo fenômeno: sua articulação com a política, seu impacto sobre a construção da verdade histórica e suas possibilidades.