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      SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC
           UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
 PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
     CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO




                  JOSÉ ANTONIO KLAES ROIG




BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE:

              DO TECNOLÓGICO AO EDUCACIONAL




                      RIO GRANDE, 2010
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                  JOSÉ ANTONIO KLAES ROIG




BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE:

              DO TECNOLÓGICO AO EDUCACIONAL




                     Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada
                     em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande,
                     como requisito para a obtenção do Título de Especialista em
                     Mídias na Educação.
                     Orientadora: Profª.Msc. Margareth Cozzensa da Silva




                       RIO GRANDE, 2010
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                         JOSÉ ANTONIO KLAES ROIG




  BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE:

                    DO TECNOLÓGICO AO EDUCACIONAL




                            Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada
                            em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande,
                            como requisito para a obtenção do Título de Especialista em
                            Mídias na Educação.
                            Orientadora: Profª. Msc. Margareth Cozzensa da Silva




Rio Grande, RS _____/_____/2010.   Nota: ________



                      Profª. Msc. MARGARETH COZZENSA
                                    Orientadora




                        Coordenação da Pós-Graduação


                               Rio Grande, 2010
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AGRADECIMENTOS




        À família, que me incentivou a fazer esta pós-
        graduação.

        À   orientadora,    Profª.   Msc.     Margareth
        Cozzensa da Silva, que guiou esta pesquisa e
        todo o trabalho.

        Aos nossos professores e tutores, pelos
        subsídios e dedicação, e aos colegas pela
        caminhada    e     aprendizagem     solidária       e
        compartilhada.
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EPÍGRAFE




     (...) Criamos a época da velocidade, mas nos
     sentimos enclausurados dentro dela. A
     máquina, que produz abundância, tem-nos
     deixado em penúria. Nossos conhecimentos
     fizeram-nos    céticos;   nossa   inteligência,
     empedernidos     e   cruéis.   Pensamos    em
     demasia e sentimos muito pouco. Mais do que
     máquinas, precisamos de humanidade. Mais
     do que inteligência, precisamos de afeição e
     doçura. Sem essas virtudes, a vida será de
     violência, e tudo será perdido.

     CHARLES       CHAPLIN,     fragmento de O
     Último Discurso, no filme O Grande Ditador
     (EUA, 1940).
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                               RESUMO




O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo comprovar as
possibilidades de uso de weblogs (blogs) na educação, dentro de
ambientes virtuais de aprendizagem em rede, bem como do espaço
convencional, a partir das observações feitas durante Projeto de
Aprendizagem com alunos da 4ª série do ensino fundamental. Além disso,
pretende-se analisar a postura de parte do aluno durante o processo
inclusivo, seja educacional, tecnológico e social. A experiência,
sustentada pelo referencial teórico construtivista, da Aprendizagem
Significativa e da Flexibilidade Cognitiva, proporcionou a participação
efetiva dos alunos, levando em conta o conhecimento prévio de cada um,
que através do uso paralelo dos multimeios e do ambiente convencional,
interagiram colaborativamente, mediados pelo cursista e pela professora
parceira. Ao ser diversificado o ambiente educativo (em quatro locais
distintos: laboratório, sala de aula, biblioteca e saída de campo), foi
possível obter, ao final do processo inclusivo, a aprendizagem
significativa, tanto para os educandos como para os educadores, como
também demonstrar para outros educadores, que as mídias, em geral, e o
blog, em especial, podem ser mais uma ferramenta de inclusão
tecnológica, pedagógica e social, além de um pequeno espaço de
interação, que simula um ambiente de EaD.


Palavras-chave: Blog. Inclusão. Tecnologia.     Educação.   Educação   a
distância. Educação Especial. Aprendizagem.
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                                                            SUMÁRIO




1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................08
2. OBJETIVOS .................................................................................................................10
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................. 10
2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................. 10
3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.............................................................................. 11
4. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 14
5. METODOLOGIA: DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA .......................... 21
6. RESULTADO E DISCUSSÃO ................................................................................... 26
6.1 O sentido das TICs na Educação e o significado destas no espaço escolar ................. 26
6.1.1 Como aliar tecnologia e educação ......................................................................                     30
6.2. Blog (diário virtual) na educação: da reprodução à produção de conteúdo próprio
(Educomunicação) ............................................................................................................ 36
6.3 Blog (diário virtual) como ambiente de aprendizagem em rede ................................. 40
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 46
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 53
APÊNDICES E ANEXOS ................................................................................................ 56
Lista de blogs educacionais .............................................................................................. 57
Relato da professora parceria ........................................................................................... 58
Imagens do uso de blogs como ambiente de aprendizagem em rede ............................... 60
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                                       1. INTRODUÇÃO




       Esta monografia é constituída por uma pesquisa sobre o uso da informática na educação,
via construção e manutenção de blogs (diários virtuais), como ferramentas de inclusão digital,
social e, acima de tudo, educacional, centrada nas atividades de um projeto de aprendizagem
(PA) com alunos regulares e portadores de necessidades educativas especiais (PNEE's) da área de
deficiência mental (DM).
       A pesquisa, que resultou neste trabalho, foi motivada pela necessidade, dentro do curso de
Pós-Graduação Latu Sensu Especialização em Mídias na Educação (IFRS/FURG - 2009/2010),
de estabelecer uma prática pedagógica a partir das disciplinas teóricas abordadas no ano de 2009;
bem como estabelecer um aplicativo teórico à prática escolar que incidiu dessa atividade, que
poderá servir como paradigma para futuros projetos nessa área, aliada à tecnologia ao ensino
regular e à educação especial.
       No segundo semestre de 2009 foi elaborado, com base nas disciplinas do curso, um
projeto de aprendizagem com alunos da turma de 4ª série do ensino regular da rede pública
estadual (turmas 41 e 42, em dois turnos), com o acompanhamento da professora responsável.
       Foi sugerido aos alunos, com idade entre 10 e 15 anos (mais uma aluna DM de 23 anos),
divididos em dois grupos, turmas 41 (turno da tarde) e 42 (turno manhã), que pesquisassem sobre
a História do Rio Grande do Sul, cujo conteúdo pertence à disciplina de História, e para melhor
desenvolvimento desse tema, foram utilizados espaços diferenciados de aprendizagem (sala de
aula, laboratório de informática, biblioteca escolar e saídas de campo), com a publicação de parte
desse material em um blog, diário virtual.
       Com esta monografia busco meios e propostas para comprovar que a informática pode ser
uma aliada no processo de ensino-aprendizagem, como instrumento de inclusão educacional,
digital e social, e que o blog, em específico, pode ser um ambiente de aprendizagem em rede,
dentro da escola e fora dela, pelas possibilidades de interação que o mesmo permite, além do
espaço tradicional de ensino-aprendizagem.
       Portanto, espera-se, ao final deste trabalho, propor uma visão peculiar sobre a
aprendizagem em ambientes diferenciados, quando utilizados os multimeios e o trabalho
9



compartilhado, detalhando como ocorre a passagem da informação para o conhecimento,
efetivando a flexibilidade cognitiva e a aprendizagem significativa.
       A metodologia utilizada reuniu as propostas de autores, como D. P. Ausubel, Carl Rogers,
artigos, textos e livros disponibilizados pelos professores orientadores; livros, textos e revistas
pesquisadas pelo cursista, que tratam da educação, da tecnologia e da educação especial.
       Nesse estudo e em sua prática, buscou-se utilizar alguns conceitos do Construtivismo,
como a Flexibilidade Cognitiva (FC) e a Aprendizagem Significativa (AS). Desse modo, o
trabalho está organizado em três capítulos:
       No primeiro, de maneira expositiva, será mostrado o desenvolvimento da pesquisa no que
tange a aspectos em que foram planejadas as atividades, com o enfoque educacional.
       No segundo, será exposta a análise dos aspectos onde evidentemente ocorreu a inclusão
digital, através da prática compartilhada, através dos conceitos construtivistas.
       No terceiro, será demonstrado, de forma propositiva, como promover a inclusão social de
alunos regulares e PNEE’s, a partir do uso da tecnologia no ambiente escolar: os desafios de
execução, assim como a diferenciação entre prática pedagógica em sala regular e a efetuada no
laboratório de informática.
       Por fim, encontram-se as considerações finais, com base na pesquisa efetuada e prática
desenvolvida durante esse processo de aprendizagem compartilhada, e os anexos, compostos
pelas anotações feitas durante esta prática, indicações alguns blogs educacionais, depoimento da
professora parceira e breve tutorial do uso do blog como ambiente de aprendizagem em rede, a
partir da configuração e permissão de autoria e leitura do mesmo, entre professores e alunos .
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                                          2. OBJETIVOS



    2.1 Objetivo Geral


       Comprovar a possibilidade de o weblog (blog) tornar-se um instrumento de aprendizagem
em rede, que simule um ambiente de educação a distância, a partir dos mecanismos de permissão
de autoria e leitura do diário virtual.



    2.2 Objetivos Específicos


       - Mostrar as possibilidades tecnológicas do blog;
       - Pesquisar blogs educacionais e seus conteúdos disponibilizados na rede;
       - Demonstrar, com duas turmas do ensino fundamental, as possibilidades de tornar o blog
em um ambiente de EaD, a partir do uso das permissões de autoria e de leitura, entre professores
e alunos;
       - Divulgar blogs educacionais que compartilham a informação em rede;
       - Refletir sobre a prática convencional em sala de aula e o fazer pedagógico em
laboratório de informática.
    - Analisar a postura do aluno durante o processo inclusivo.
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                             3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO




       Este trabalho é decorrente do PA desenvolvido em 2009 com duas turmas (41 e 42) de 4ª
série do ensino fundamental de escola estadual do Município do Rio Grande, no Estado do Rio
Grande do Sul, contando com o apoio da professora parceira e regente da referida turma, que já
desenvolve desde 2007 parceria com este cursista em outros projetos e atividades, junto ao
Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), sob a esfera estadual.
       A escolha, por parte deste cursista, da professora parceira decorre desta experiência
anterior, que envolve parceria em projeto de informática com outras turmas de 4ª série, como o
uso de Histórias em Quadrinhos, etc., entre a escola estadual, onde a referida professora está
lotada e o NTE, onde o cursista desenvolve as atividades de técnico em informática e
multiplicador de informática educativa, núcleo, implantado em escola estadual, que tem entre as
atribuições principais a capacitação de professores da rede pública estadual com o uso dos
multimeios aliados à educação, mantendo paralelamente projeto de inclusão digital e social com
alunos da Educação Especial da instituição.
       Diante da necessidade de pôr em prática a teoria utilizada na Especialização em Mídias
na Educação (IFRS/FURG-2009/2010), foi elaborado o PA com alunos regulares e portadores de
necessidades educativas especiais incluídos na mesma, entre eles cegos, cadeirantes e deficientes
mentais educáveis, doravante denominados de PNEE’s.
       A escolha desta turma específica deveu-se justamente a sua especificidade, e pelo fato do
cursista e da professora parceira, desenvolverem há três anos projetos colaborativos, envolvendo
tecnologia, educação e educação especial, que tem obtidos resultados acima dos esperados,
quando utilizada a proposta de PA, como desenvolvido nesta especialização, com sólido amparo
teórico. Houve também a possibilidade da utilização de novas ferramentas de interação, como
blog, câmera digital, telefone celular, Orkut e msn para trocas.
       Durante o desenvolvimento desta experiência, diversas ideias foram se aglutinando e
dando fundamentação à atividade, sendo coletadas e reunidas no blog, para posterior análise e
discussão neste trabalho monográfico. Utilizando o construtivismo, deixamos o projeto em
aberto, flexibilizando sua estrutura e também sua execução, pois surgiam imprevistos como
tempo chuvoso, falta dos alunos, atividades diversas... que alteravam o planejamento prévio.
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Mesmo assim, foi possível buscar unidade na diversidade, ou seja, respeitar as limitações e
especificidades não apenas da turma, mas de cada aluno, por ser um grupo heterogêneo, alguns
com conhecimento e acesso à informática em geral e outros totalmente leigos, mas que
interagiram em grupos, onde o acompanhamento pelo método clínico piagetiano, antes das
atividades propriamente ditas, permitiu aos educadores adequar atividades ao interesse dos
alunos. Mas é de se louvar a disposição da turma em querer aprender e participar coletivamente,
o que contribuiu significativamente para essa atividade, que ao final, obteve significado não
somente para os alunos, mas para os educadores participantes desta experiência.
         Assim sendo, além da prática escolar, a experiência em questão proporcionou a discussão
pelo cursista, com apoio da professora parceria, sobre a inclusão em sentido amplo, e os desafios
e paradoxos da tecnologia e da educação num mundo globalizado não apenas política e
economicamente, mas principalmente do ponto de vista tecnológico. Das anotações surgiram
indagações, e destas, em pesquisa posterior para a elaboração deste trabalho monográfico, foi
possível aliar o suporte teórico às constatações da prática escolar. Dentre elas: a inclusão deve
atuar nas esferas educacional, tecnológica e social, mas de que forma? Como motivar o aluno,
motivando primeiramente ao educador? É possível utilizar tecnologia aliada à educação sem
banalizar o uso do computador? O blog pode mesmo tornar-se um pequeno ambiente de educação
a distância? De que forma? Enfim, ideias, indagações que foram encontrando respostas no
transcorrer da metodologia da pesquisa, e que se evidenciaram no transcorrer da escrita deste
texto.
         A presente pesquisa, portanto, justifica-se pela necessidade de divulgar aos educadores as
possibilidades da tecnologia em geral, e das TICs, em especial, serem incorporadas ao ambiente
escolar, via Mídias na Educação, de forma pedagógica (pesquisa, produção de conteúdo e de
conhecimento) e não apenas lúdica, como passatempo e diversão.
         A relevância da pesquisa decorre da observação de que certos blogs educacionais já atuam
de forma direta ou indireta como ambientes de EAD, e que tal recurso é pouco utilizado pelos
educadores para refletir sobre sua prática escolar, bem como ambiente virtual de aprendizagem
presencial, na escola, e de EAD, por professores e alunos, via internet.
         Tal trabalho é fundamental para estabelecer as novas conexões tecnológicas (do ponto de
vista do uso eficiente e significante das mídias na educação) e pedagógicas (mudando os
paradigmas do ensino tradicional para a aprendizagem colaborativa).
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       Cabe ao educador do futuro tornar-se o mediador da informação que gera conhecimento a
ambos, pois o jovem domina os recursos tecnológicos antes mesmo de adentrar aos bancos
escolares, mas tem uma visão meramente lúdica de seu uso, enquanto que o professor vê na
máquina um provável concorrente.
       As máquinas precisam de usuários, ainda não funcionam sozinhas, e cabe ao professor dar
um uso significante pelo aluno. Mais do que robotizar as pessoas, precisamos humanizar as
máquinas e mostrar as possibilidades de uso compartilhado e colaborativo entre professores e
alunos é um dos caminhos para tal.
       As TICs e as Mídias são meios de atingir um objetivo e não finalidade da educação em si.
Até pelo fato de que se pode educar se o uso da tecnologia, mais comumente associada aos meios
eletrônicos – embora giz e quadro negro sejam também formas tecnológicas. Mas é improvável,
pelo menos ainda, de que uma máquina venha a educar um ser humano.
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                                      4. REFERENCIAL TEÓRICO




     CONSTRUTIVISMO: A FLEXIBILIDADE COGNITIVA E A APRENDIZAGEM
                   SIGNIFICATIVA EM AMBIENTE ESCOLAR INCLUSIVO




        Foram utilizados como referenciais teóricos deste trabalho, alguns conceitos do
Construtivismo, como a Flexibilidade Cognitiva e a Aprendizagem Significativa, a partir de
teóricos como D. P. Ausubel 1, Carl Rogers 2, , Paulo Freire e Piaget, entre outros, para amparar a
prática escolar desenvolvida através de PA com as turmas de 4ª. série do ensino fundamental,
possuindo alunos PNEEs, alguns com múltiplas necessidades. Como pesquisado por este cursista,
quanto ao trabalho desenvolvido por Carl Rogers (1998): “O rogerianismo na educação, aparece
como um movimento complexo que implica uma filosofia da educação, uma teoria da
aprendizagem, uma prática baseada em pesquisas, uma tecnologia educacional e uma ação
política”. Todos esses itens foram essenciais para a execução da prática escolar, proporcionando
de fato a flexibilidade cognitiva e a aprendizagem significativa - conceitos estes que serão
abordados adiante -, a partir da percepção de que o aluno interage num laboratório de informática
de forma diversa que em uma sala de aula convencional, em função dos multimeios e das
imagens, símbolos e signos que a informática proporciona, evidentemente, se utilizada pelo
1
  David Paul Ausubel, grande psicólogo da educação nasceu nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, em 1918,
filho de família judia, imigrantes da Europa Central, crescendo insatisfeito com a educação que recebera. Após
formação acadêmica em território canadense, resolveu dedicar-se à educação no intuito de buscar melhorias ao
verdadeiro aprendizado. Totalmente contra a aprendizagem puramente mecânica, torna-se um representante do
cognitivismo, e propõe uma aprendizagem que tenha uma estrutura cognitivista, de modo a intensificar a
aprendizagem como processo de armazenamento de informações, ao agrupar-se no âmbito mental do indivíduo, seja
manipulada e utilizada adequadamente no futuro, através da organização e integração dos conteúdos apreendidos
significativamente. Segundo Ausubel, a aprendizagem significativa no processo de ensino necessita fazer algum
sentido para o aluno e, nesse processo, a informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já
existentes na estrutura do aluno.
2
  Carl Ranson Rogers, nasceu em oito de janeiro de 1902, em Ilinois, Estados Unidos. Aos doze anos, foi morar com
sua família em uma fazenda e, desde então, passou a interessar-se pelas ciências naturais e pela agricultura.Graduou-
se na Universidade de Wisconsin em Ciências Físicas e Biológicas; formou-se em História e Psicologia e, ainda,
estudou em um seminário protestante. Em 1928, concluiu seu mestrado e, em 1931, obteve o título de doutor na área
de Psicologia. Rogers foi professor em diversas universidades: Ohio, Chicago e Wisconsin, liderando grupos no
estudo e no tratamento da esquizofrenia.É conhecido mundialmente como o pai da 'Terapia Centrada na Pessoa'. Esta
forma de terapia também é chamada de 'terceira força': é contra o behaviorismo e tem forte base humanista. Roger
afirma que o homem apela à vida por meio de auto-realização, ou seja, o organismo tem como motivo básico a sua
auto-motivação. Uma de suas obras mais importantes é o livro 'Tornar-se pessoa'. Ele reúne os mais significativos
estudos rogerianos.
1



professor com um sentido educacional, acima do meramente lúdico. Há que se ter sensibilização
e motivação do aluno, a partir do conhecimento de causa e auto-avaliação do educador. Percebe-
se que não raras vezes o discurso educacional e suas teorias têm avançado muito, embora a
prática escolar ainda se repita ad nauseaum, ora pelo desconhecimento, ora pelo
descomprometimento de alguns educadores com a qualidade do processo ensino-aprendizagem;
ora pela falta de tempo ou recursos financeiros para capacitação continuada, ora pelo desinteresse
de se qualificar, alegando estar em final de carreira ou, por falta da auto-avaliação, julgando-se
auto-suficiente, sem a necessidade de qualificação adicional. Seja em educação como em
tecnologia a atualização é necessária, deve ser permanente e continuada.
       Percebe-se que os objetivos são atingidos quando a informática integrada ao projeto de
aprendizagem é utilizada como meio (ferramenta) em que a educação é o fim (a finalidade
principal). Entende-se por filosofia da educação dotar o aluno de espírito crítico e emancipador,
libertário, e não vincular um currículo escolar a cursos e conteúdos que visem apenas à
capacitação do aluno para o mercado de trabalho. Como diz o cientista político Emir Sader
(2006): “No Brasil existem projetos de governo, mas não de Nação”. 3 As ações políticas, quando
direcionadas à educação nem sempre visam à emancipação do alunado, e sim a sua dependência
de programas de governo, que a cada governo mudam a sigla e/ou objetivo.
       Com base nestas indagações e constatações, o trabalho de pesquisa deste TCC ocorreu em
função da questão norteadora e título deste: “Blog como ambiente de EaD”. O que é um blog?
Como um blog pode ser utilizado na educação? De que forma um weblog pode comparar-se,
dadas as devidas proporções, a um ambiente de EaD?
       Cabe, antes de mais nada, definir os referenciais teóricos adotados, inicialmente, tratando
da aprendizagem significativa, que é um meio de possibilitar um processo educacional inclusivo,
utilizando-se as palavra do próprio Carl Rogers (1998):

                         Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma
                         acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no
                         comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e
                         personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de
                         conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência.


       Durante o PA, observou-se que, com o uso desta teoria, ocorreu a mudança na postura dos
alunos, sejam eles regulares ou PNEEs; que, em sala de aula, apesar da estimulação do professor,
3
 Palestra proferida por Emir Sader, Seminário Internacional de Gestão Democrática da Educação e Pedagogias
Participativas, promovido pelo MEC, Brasília, 2006.
1



são mais dispersos, e que no laboratório de informática mudam o comportamento, interagindo
tanto com a máquina, como com os colegas e educadores, o que será melhor evidenciado mais
adiante.
        Ainda, segundo Rogers (1998), a Aprendizagem Significativa possui diversas implicações
no domínio da educação, dentre elas: “(...) que a aprendizagem seja significativa pela percepção
da problemática e da busca pelos meios prover um ensino compartilhado; da autenticidade do
professor frente aos desafios promovendo a interação mútua professor-aluno e o grupo entre si;
que o educador precisa aceitar e compreender seu alunado, para assim poder mediar o
conhecimento”.
        Se o professor deve ser o facilitador desta aprendizagem, deve também mediar o
conhecimento, utilizando uma metodologia adequada. Primeiramente, os educadores envolvidos
no PA utilizam o método clínico de Piaget, que significa uma sondagem preliminar do
conhecimento prévio do aluno e de suas áreas de interesse, atuando como um suporte para
aplicação dos referenciais teóricos a seguir. A aprendizagem significativa possui sua metodologia
própria, calcada em situações que estimulem o aluno à interação, sem ser um estudo dirigido,
tampouco um método estruturante, em que o professor interfere de forma indireta, tanto no
                                                                                                4
campo afetivo como cognitivo do educando. Ou seja, conforme Zacharias                               (2007), Rogers
pressupõe que “o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir
delas, o aluno se autodirija, propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores
atuantes na construção do conhecimento”.
        De outra forma, pode-se dizer que seja unir o conhecimento formal à cultura popular que
o aluno já traz para a escola, fruto das influências do meio em que vive, cada vez mais
influenciado pelos meios de comunicação de massa – dentre eles, o principal que é a televisão –
que adentram à vida do estudante antes mesmo de seu ingresso na escola. Fechar os olhos para
esta realidade é virar às costas para um cotidiano já consolidado, onde cabe ao professor
desmistificar fatos, provocar o espírito crítico do alunado e promover a cidadania, através de uma
proposta educacional que seja ao mesmo tempo participativa e emancipadora. É um grande
desafio ao educador, que pressupõe em certo domínio tanto da teoria como da prática. Apesar das
críticas a teoria rogeriana 5, cabe dizer que somente com certa dose de idealismo e voluntarismo
4
  ZACHARIAS, Vera Lúcia Câmara. Carl Rogers. Centro de Referência Educacional: Consultoria e Assessoria em
Educação. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/carl.html>. Acesso em: 23 jul. 2007
5
  A grande crítica à teoria de Rogers é feita pela utopia que ela implica, sua teoria é idealista, da corrente também
denominada de romântica, irrealizável para seus críticos. Porém, na obra rogeriana são notáveis os seguintes
1



é possível superar essa lógica excludente, tanto do ponto de vista educacional como social.
Embora público e notório, cada vez mais nas escolas e nos educadores depositam competências
além das educacionais. Problemática gerada no seio familiar, não cabe ao sistema educacional
resolver. Afinal, usando as palavras de Carl Rogers: “A escola evita a promoção de atividades
significantes”. Paradoxalmente, ora preocupada mais com aspectos formais do que estruturais,
ora preocupada em disciplinar do que conciliar. Contraditoriamente, a própria avaliação escolar,
quando feita sem critérios de significância, poderá ser um grande fator de exclusão escolar.
        Assim sendo, há a necessidade de que a escola revise seus conteúdos e práticas, fazendo
sua auto-avaliação. Quando uma turma inteira reprova, normalmente culpa-se aquele grupo de
alunos, sem cogitar que os critérios de ensino e avaliação do professor podem estar equivocados.
Todo excesso e rigor pode ter um significado disciplinador para o professor, mas que para aquela
turma será um fator desmotivador. Algumas vezes o professor em sala de aula julga que é a turma
deve se adaptar a sua forma de ensinar, e não o contrário. Nesse caso específico o ensino perde
sua significação que é de aprendizagem, e passa a ser apenas a memorização do que o educador
diz ser certo ou errado, falso ou verdadeiro. Se nem a física quântica pode ainda precisar os
enigmas do universo, como pode um professor, por mais capaz que seja, determinar regras tão
rígidas para seu pequeno universo que é a sala de aula? O que é então aprendizagem
significativa? O que é buscar significado para a própria educação?
        Como diz Rogers (1998): “A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o
novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado
para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio”. D’outra forma, torna-se um processo
repetitivo e mecânico.
        Falar em conhecimento mecânico e repetitivo também é paradoxal, em pleno século XXI,
diante da revolução que a informática (informação automática) proporciona a cada dia. Para
grande parte dos professores que pararam no tempo - que não se atualizam nem sentem
necessidade de voltar a aprender -, o aluno ideal é aquele robotizado, que não pergunta, não
contesta, não exige um diálogo significante. O professor é o centro daquele pequeno sistema
solar/escolar, onde não existem planetas e sim apenas satélites, orbitando ao seu redor. Aquele
aluno indagador, não raras vezes, é tido pelo educador como alguém que está a testar seus


aspectos: o desejo de mudança, a intenção de realização de algo concreto e a preparação da opinião pública para as
mudanças possíveis.
1



conhecimentos, e uma “influência negativa” ao restante da turma. Nesse contexto, a
aprendizagem significativa jamais ocorrerá.
        Foi o psicólogo D. P. Ausubel, nos anos 1960, o primeiro a pensar sobre a aprendizagem
escolar em um contexto fora da escola.
        Nesse contexto, outras condições são destacadas por D. P. Ausubel para que ocorra a AS:
“a disposição do aluno em aprender e o conteúdo escolar significativo”.            6
                                                                                       Nos dois pólos em
questão, cabe ao professor estimular o interesse do alunado a partir da elaboração de um
conteúdo que seja atrativo, aliando a informática e os multimeios como ferramentas deste
processo.
        Analisadas as condições, há que se examinar os tipos de aprendizagem, definidas por
Ausubel, que ocorrem no processo educacional, referindo-se às aprendizagens significativa e
memorística. A primeira, como o próprio nome indica, causa significado em forma de associação
de ideias ao conhecimento prévio do aluno; e a outra, apenas retém dados na memória do mesmo,
por causa da repetição continuada.
        Situações práticas demonstram que a estimulação e a motivação do aluno pelo professor é
o diferencial entre um ensino significante - em que educador media o processo de aprendizagem -
e um processo mecanicista, em que o professor detém o conhecimento e espera que o aluno atinja
os objetivos que este, em sua avaliação, julga necessários serem atingidos, como um estudo
dirigido, sem que ocorra de fato um diálogo entre o educador e o educando, entre a informação e
o conhecimento que esta gera, quando se utiliza a proposta de projeto de aprendizagem, em que
este conhecimento é construído entre ambos.
        Paradoxalmente, na educação, por mais que seja libertário o discurso, a prática evidencia
certo conservadorismo, uma mecânica repetitiva, que pouco avança dentro da sala de aula, desde
a disposição dos alunos em fila defronte ao professor, como a utilização linear do livro didático, o
uso da biblioteca escolar como depósito de livros ou local de castigo para alunos ditos
“indisciplinados”, e, por final, o laboratório de informática, onde o mecanicismo de atividades
sem conteúdo pedagógico e apenas lúdico, em nada acrescenta a prática pedagógica significante
para o alunado.
        A reaprendizagem deveria ser a palavra-chave no processo de ensino-aprendizagem entre
todos os agentes e sujeitos, avaliando e reavaliando posturas, conteúdos, projetos e competências.
6
 Teoria de Ausubel. Disponível em: <http://www.xr.pro.br/Monografias/AUSUBEL.html>. Acesso em: 23 jul.
2007, p.3.
1



        Aliado ao conceito da Aprendizagem Significativa, dentro da proposta Construtivista
deste PA, utilizou-se também o conceito da Flexibilidade Cognitiva, como um complemento as
atividades teóricas e práticas do mesmo. Assim sendo, cabe discorrer sobre esse outro conceito,
que igualmente, como o anterior, foi concebido por pesquisadores, fora do ambiente escolar, e
posteriormente utilizado como suporte educacional. E que, por experiência empírica e prática,
deste cursista, quando utilizada no referido projeto, a partir de observações de outros PAs,
inclusive com turmas da Educação Especial, da mesma escola, encontrou amplo reflexo e
eficiência, diante de uma atividade que envolveu certa complexidade.
        Dentro de um PA, há a necessidade de se administrar o tempo, os recursos humanos
envolvidos, e a disposição dos alunos em participar de atividade fora de seu contexto educativo
tradicional. Mas, nesse caso específico, com o advento da informática como um meio, uma
ferramenta de inclusão educacional e digital, com alunos em boa parte sem ter outro contato com
os multimeios, que não em atividades desse porte, faz-se necessário promover também a inclusão
social. E, consequentemente, a utilização de uma proposta diversa da tradicional. E nesse
contexto, o modelo de FC propõe, entre outras coisas, que “(...) para que os estudantes
desenvolvam esta flexibilidade cognitiva é preciso que os ambientes de aprendizagem repliquem
esta complexidade e permitam a abordagem multidimensional a estudos de casos realistas”; 7 o
que pode-se dizer: “promover a interdisciplinariedade e a intertextualidade de práticas, visto que
(...) o computador, devido à sua flexibilidade de representações é adequado à construção de tais
ambientes de aprendizagem”. 8
        De fato, diante da complexidade da educação atual, e da educação especial, em específico
- em um processo inclusivo que necessita de força legal impositiva e não apenas anseio social de
plena realização -, a informática e o computador, se bem utilizados, podem propor essa
flexibilidade na transformação do próprio processo de ensino; que, feito através de projetos de
aprendizagem, num laboratório de informática, poderão replicar esses procedimentos, tanto em
classe regular como especial, afinal, a máquina deve ser encarada como ferramenta de apoio ao
educador.




7
  Teoria de Ausubel. Disponível em: <http://www.xr.pro.br/Monografias/AUSUBEL.html>. Acesso em: 23 jul.
2007, p.5
8
  Idem. p.5.
2



           Portanto, a construção do conhecimento ocorre de forma mais ampla, quando o aluno
além de sujeito passa a ser encarado também como agente do próprio processo de ensino-
aprendizagem, em que o educador atua mais como mediador do que detentor do conhecimento.


                          Para os construtivistas, o conhecimento não é transmissível de um professor para um
                          aluno, mas construído por este a partir de suas próprias experiências e conhecimentos
                          prévios. Na origem epistemológica do construtivismo está a síntese kantiana do
                          conhecimento. De acordo com Kant, nem o empirismo primário de Locke e nem o
                          nacionalismo puro de Descartes traduzem a relação sujeito-objeto, mas uma síntese
                          destas duas formas de conhecer. Se nem a subjetividade e nem a objetividade
                          isoladamente dão conta do fenômeno do conhecimento, o pós-kantismo propõe a
                          intersubjetividade, verdades consensuais negociadas entre sujeitos sobre o que é o real.
                          Esta percepção deve muito à noção de “jogos de linguagem” de Wittgenstein. 9


           Se a educação é baseada a partir da teoria à prática, com base na linguagem - e o uso
dessa linguagem poderá ser libertário ou conservador -, a comparação que Wittegenstein faz com
o xadrez é mais do que apropriada para a própria educação, em vista de que todos os atores
envolvidos no processo educacional representam um papel, e seus movimentos desencadeiam
repercussões pró ou contra alguém ou contra si mesmos. A aprendizagem, sob este ponto de vista
é um jogo, que de lúdico deverá também tornar-se pedagógico e significante para todos os
envolvidos neste xadrez paradoxal que tornou-se a própria educação, em busca de uma
significação.
           Assim sendo, o referencial teórico que moveu este PA, cujo tema é o “Blog como
ambiente de EaD”, traz o enfoque construtivista, amparado nos conceitos acima destacados, que
deram suporte ao desenvolvimento da experiência, em quatro tipos diferenciados de ambiente
escolar (sala de aula da turma, laboratório de informática, biblioteca escolar e saídas de campo
com alunos). Das observações feitas, o tema inclusão foi o mote que conecta vários ângulos de
abordagem, não apenas focado no aluno, mas também no professor, no gestor e na comunidade
escolar, sob os aspectos educacionais, tecnológico e social, respectivamente, como será analisado
adiante.




                5. METODOLOGIA: O DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA



9
    Ibidem. p.2-3.
2



       O PA, com a 4ª série de Escola Estadual de Ensino Fundamental, no município do Rio
Grande - RS, teve uma professora parceria, já com experiência no uso da informática com alunos
do ensino regular e turmas inclusivas; parceria deste cursistas, via NTE - Núcleo de Tecnologia
Educacional - Rio Grande, da 18ª CRE - Coordenadoria Regional de Educação. O NTE está
vinculado ao CATE - Central de Apoio Tecnológico ao Educando, que pertence ao Setor
Pedagógico da Secretaria Estadual da Educação do Estado do Rio Grande do Sul.
       Como metodologia, utilizamos a PA que previu um encontro presencial de três (03) horas
a cada semana, nos meses de agosto a outubro de 2009, totalizando 36 horas, e atividades a
distância, de pesquisa e produção de conteúdos, em que os educadores atuaram como mediadores
(tutores). Foram duas turmas de 4ª série, primeiramente em encontros presenciais em turno
inverso ao que estudavam na escola. Posteriormente, optou-se por fazer os encontros no próprio
turno de estudo, pela dificuldade dos alunos se deslocarem de casa para a escola, fora do horário
normal de estudo, por conta de falta de tempo e recursos financeiros, entre outras questões.
       A divisão em dois grupos deveu-se, primeiro ao fato de que eram turmas em turnos
diversos. Portanto, 28 alunos da turma 42, estudando pela manhã e 26 alunos da turma 41,
estudando à tarde, que participaram das atividades propostas pela regente de classe e o cursista
em quatro ambientes diferenciados: a própria sala de aula, o laboratório de informática da escola
e do NTE, a biblioteca escolar e as saídas de campo para verem in loco aspectos históricos
abordados nos demais ambientes de aprendizagem, seja de forma digital ou impressa.
       O recorte espacial e cronológico do presente trabalho monográfico restringe-se ao período
que antecedeu a criação e finalização dos blogs (diários virtuais das referidas turmas) de
agosto/2009 a novembro/2009, durante doze (12) encontros presenciais, totalizando trinta e seis
(36) horas/aula, realizadas nos quatro ambientes distintos, acima citados. No laboratório da escola
foram utilizadas 10 máquinas, com sistema operacional Linux Educacional 3.0 e internet ADSL.
No NTE, foram utilizados 15 (quinze) computadores, com sistema operacional Linux e Windows,
com conexão de internet ADSL.
       Na fase final do projeto, todo o material pesquisado pelos alunos, seja em sala de aula, na
biblioteca escolar, na internet e no passeio, com o uso de máquina fotográfica, desenhos, dentre
outros, foi colocado em pastas das duas turmas, para posterior classificação e criação de ambiente
virtual chamado blog para que cada turma interagisse uma com a outra, sob orientação do cursista
e da professora parceira. O nome dos blogs foi escolha, via enquete virtual, nos citados blogs,
2



feita pelos próprios alunos, e as imagens também que servem de banner, fotografias capturadas a
partir das saídas de campo.
           A turma 41, turno da tarde, escolheu o nome do blog de Do Barão Para o Mundo
(http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/ ) e a turma 42, turno da manhã, escolheu o título de
Chimarrão no Barão (http://chimarraonobarao.blogspot.com).
           Diante desse contexto informatizado, desenvolveu-se a presente experiência, com o apoio
da professora responsável pela 4ª série, bem como da direção da escola e a coordenação do NTE.
           No que tange aos aspectos em que foram planejadas as atividades do PA, cabe a seguir
detalhar a experiência e os desafios do uso de blogs na educação e como possível e aparente
ambiente virtual de educação a distância, a partir da própria escola. Analisar o fazer pedagógico
na sala de aula e no laboratório de informática; e nos demais ambientes utilizados.
           Cabe assim, analisar a aprendizagem em diferenciados espaços:
           Atividades em sala: Durante o segundo semestre/2009, a professora parceira desenvolveu
o conteúdo da disciplina de História, cujo tema foi a História do Rio Grande do Sul, aspectos
históricos, políticos e culturais. Na sala de aula, foi elaborado a cada conteúdo abordado, um
cartaz com a Linha do Tempo, produzido em colaboração entre a professora e seus alunos. Foram
também utilizados alguns livros didáticos, com textos e ilustrações, como História Ilustrada do
Rio Grande do Sul e Os Farrapos, dentre outros. 10
           Atividades no laboratório de informática: Foram utilizados os laboratórios da escola e do
NTE. No primeiro encontro (NTE), mostrado o objetivo do PA e solicitada a colaboração dos
alunos. O aluno F. (turma 41), que possui deficiência visual, por exemplo, definiu o que para ele
                                                                                                      11
era educação a distancia: “é a educação fora do ambiente ou do lugar onde estamos.”                        Nesses
encontros presenciais, os educadores utilizando-se do referencial teórico da Aprendizagem
significativa e da Flexibilidade cognitiva, estabeleceram essa parceria também com os alunos, em
que aqueles que já conheciam as ferramentas (microcomputador e internet) auxiliassem aos
colegas que não tinham tal conhecimento. As trocas foram ocorrendo ao natural. Pesquisando em
duplas, e muitas vezes em trios, já que aquele que descobria algo, socializava com os colegas ao
lado, e até na fileira detrás. A flexibilidade não foi apenas cognitiva mas espacial, pois não havia
limitação quanto ao lugar que deveria ficar, poderiam transitar livremente do local, interagindo


10
     Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/livros-utilizados-em-sala-de-aula.html
11
     Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/video-sobre-objetivo-do-blog-turma-41.html
2



uns com os outros. Na turma 42, havia o aluno V., cadeirante, que também interagiu com os
demais.
        Atividades na biblioteca escolar: A professora e o cursista, por algumas vezes, aliado à
pesquisa feita em sites de busca, como Google, também trouxeram os alunos das duas turmas,
cada um em seu turno, para a biblioteca escolar, para que os educandos pudessem também fazer
pesquisas em livros didáticos, de literatura revistas, jornais e até histórias em quadrinhos. Os
educadores frisaram a necessidade de sempre referenciar a pesquisa, divulgando no trabalho a
fonte e a autoria da mesma, para não incorrer em plágio. Frisaram também que os alunos usassem
o Control+C e Control+V, quando na internet, mas que, abaixo disso, colocassem com as suas
palavras o que achavam de tal assunto e também informando ao leitor de quem era as imagens e
outros textos copiados. Afinal, como pós-graduandos, todos também, de certa forma, usando ou
não as TICs, o copiar e colar de citações é feito, desde que referenciado. O problema em si não é
o copiar, mas o apenas copiar, não mencionar origem e nada contribuir além da cópia.
        Atividades de saídas de campo: Durante o PA, diversas saídas de campo com as turmas,
ora juntas, ora em turnos inversos, ou até mesmo no próprio turno, foram efetuadas, com a
participação da professora regente e do cursista. Foram momentos enriquecedores,
principalmente para o cursista, que como especialista em História do Rio Grande do Sul:
sociedade, política e cultura (FURG-2006), pode também, além de pesquisador e executor de um
PA, ser um educador em sentido amplo, podendo dar verdadeiras aulas ao ar livre, nos mais
                                                         12
variados espaços. Na Bibliotheca Rio-Grandense             , em Rio Grande-RS, os alunos puderam
visitar os seis andares, transitar pelas diversas salas de exposição e conhecer o acervo de uma das
maiores bibliotecas do estado, e uma das mais antigas. Tiveram acesso a livros raros, puderam
fazer anotações, tirar fotos, entrevistar os funcionários. Os alunos mais agitados no espaço
convencional foram os mais atentos naquele ambiente diferenciado, enquanto os mais
concentrados no ambiente regular, continuaram como tal e em alguns casos, até dispersos. Na
                                       13
visitação a Charqueada São João          , em Pelotas, as duas turmas em questão, foram também
acompanhados por turmas da Educação Especial, de turmas de 7ª e 8ª série, além de outros
professores e até pais de alunos. Lá, os professores puderam dar aulas ao ar livre, e ainda receber
aulas do guia do local, que contou aspectos históricos e curiosos da charqueada, onde se curtia ao

12
  Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/momentos-de-interacao-estudo-e-inclusao.html
13
  Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/contando-do-meu-passeio-ao-museu-e.html (depoimento
de aluna, com ilustração).
2



sol a carne salgada para tornar-se o charque, uma das riquezas do Rio Grande do Sul, e um dos
motivos da Revolução Farroupilha, quando de sua maior taxação e incentivos a importação do
                                                        14
charque uruguaio. Na visita ao Jornal Agora                  , os alunos e educadores, recepcionados pelo
próprio proprietário, puderam conhecer todo o processo de criação e elaboração de uma edição de
jornal, desde a redação até a área de impressão do mesmo. Como o blog é um diário ou jornal
virtual, os alunos se interessaram em saber o que faz o repórter, o fotógrafo, o editor, o redator, o
revisor, etc, entrevistando os funcionários do jornal. Na visita ao Memorial Militar Silva Paes
15
     , Museu do 6º GAC (Exército Brasileiro), foi possível ver a réplica do Forte Jesus Maria José,
erguido pelo Brigadeiro José da Silva Paes, fundador do Município do Rio Grande, em 1737.
Viram também trajes militares de época, armamentos e cenas de uma linha do tempo, da
fundação até os dias atuais. Por fim, ocorreu em 28/11/2009, a 2ª Mostra Cultural da Escola
Barão 16, onde os alunos, em sua sala de aula, puderam mostrar aos visitantes (pais, outros alunos
e a comunidade em geral), um pouco de seu trabalho sobre a História do Rio Grande do Sul.
          Atividades no blog: Através dos encontros presenciais no laboratório de informática da
escola, e também do NTE, os alunos foram convidados a postar material no ambiente virtual de
aprendizagem criado para cada turma (blog); entretanto, diante da idade dos mesmos, os
educadores perceberam que esses alunos não teriam a devida maturidade para coordenar
atividades complexas de produção de material. Foi então que, em comum acordo, professora e
cursista resolveram que os alunos atuassem de forma clássica, como tutores, publicando material
e mediando a visitação dos blogs, mediante acesso restrito aos integrantes das duas turmas, mas
posteriormente, como isso também era complexo para aqueles que não dominam os multimeios,
nem tinham acesso aos mesmos, optou-se por disponibilizar-se o acesso livre a todos, inclusive
pais e comunidade em geral. Foi, então, proposto aos alunos algumas atividades que poderiam ser
feitas em dias diversos, nos laboratórios da escola e NTE, ou no computador de casa, de amigos
e vizinhos ou de lan houses, dentre elas: que eles comentassem uma postagem no próprio blog,
depois no blog da outra turma; que participassem da enquete para escolha da imagem para
ilustrar os blogs, frutos das saídas de campo (e, curiosamente, sem conhecimento uma da outra,
ambas as turmas escolheram a mesma imagem, todos reunidos em torno do Monumento a Silva
Paes, fundador da cidade). Na atividade 4, em tese, a distância, propôs-se que os alunos

14
   Vide: http://chimarraonobarao.blogspot.com/2009/11/visita-ao-jornal-agora-de-rio-grande-rs.html
15
   Vide: http://chimarraonobarao.blogspot.com/2009/11/fotos-da-visita-ao-memorial-militar.html
16
   Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/2-mostra-cultural-da-escola-e-mostra.html
2



visitassem alguns blogs sugeridos e outros por eles mesmo pesquisados, cuja temática fosse a
história e a cultura gaúchas. Foram assim, quatro atividades sem um grau de complexidade maior,
para fomentar o interesse na busca e incentivo à opinião. Os resultados foram satisfatórios,
podendo-se perceber através de depoimentos dos próprios alunos, publicados no blog. 17
        Dessa forma, o processo de organização do PA aconteceu através de reuniões deste
cursista e professora regente e parceria, em dias que antecediam as atividades propostas. Tanto no
ambiente tradicional, como no ambiente virtual, foi incentivada a participação coletiva dos
alunos, e toda a produção e contribuição dos mesmos encontram-se registradas nos blogs acima
citados, respeitando a especificidade das turmas de 4ª série com alunos PNEEs incluídos e a
relativa complexidade para eles da construção de uma minipágina chamada blog. Em anexo,
encontra-se depoimento da professora parceria sobre o PA, e que também serviram de base para
este TCC.
        Esse estudo está, portanto, organizado em três capítulos: primeiramente, mostrando o
desenvolvimento da pesquisa, com o enfoque educacional. No segundo capítulo, encontra-se a
análise dos aspectos onde ocorreu a inclusão digital. E, no terceiro, fica demonstrado como
promover a inclusão social de PNEE’s, a partir do uso da tecnologia no ambiente escolar, como a
diferenciação entre prática pedagógica em sala regular e a efetuada no laboratório de informática.
Nas considerações finais, apontam-se propostas de inclusão educacional, tecnológica e social, a
partir das reflexões do PA.




                                  6. RESULTADO E DISCUSSÃO:


6.1 O SENTIDO DAS MÍDIAS NA EDUCAÇÃO E O SIGNIFICADO DESTAS NO
ESPAÇO ESCOLAR INCLUSIVO
17
  Vide: http://chimarraonobarao.blogspot.com/2009/11/alguns-trechos-de-depoimentos-dos.html (depoimentos de
alguns dos alunos).
2




                          A criança hoje fica confusa ao entrar num ambiente que remonta ao século 19 que
                          caracteriza a estrutura educacional onde a informação é escassa, porém ordeiramente
                          enfileirada em seus fragmentos, com os assuntos classificados em padrões e agendas.
                          (Marshall McLuhan, 1967).




       Diante do que foi apurado, durante o desenvolvimento desta experiência, através de PA,
cabe refletir e pensar as mídias no ambiente de ensino-aprendizagem e repensar a própria
arquitetura escolar; enquanto espaço físico e espaço virtual, e como neles acontece a
aprendizagem.
       Mas, antes disso, é preciso, primeiramente, definir que o que se entende por TICs são
todos os multimeios que compõem as Tecnologias da Comunicação e da Informação, que
comumente são associados aos meios eletrônicos (computador, celular, TV, internet, etc). Porém,
por TICs também podemos considerar coisas mais prosaicas como giz e quadro negro, livro,
rádio, jornal, revista e todo tipo de tecnologia que informa e comunica algo a alguém. Diante dos
meios eletrônicos, principalmente a internet, ou a rede mundial de computadores, que aproxima
pessoas, mundo afora, nunca se falou e se enviou tantos e-mails (mensagens de correio
eletrônico), mas paradoxalmente, nunca se falou tão pouco, à medida que as mensagens às vezes
são repassadas numa corrente infinita – produção de terceiros - sem sequer um encaminhamento,
uma mensagem simples, como um “Olá, como vai?” Há uma certa impessoalidade nessas
remessas de dados, sem uma maior afetividade entre o remetente e seu destinatário.
       Também faz-se necessário conceituar o termo “mídia” e “mídias na educação”. O
primeiro, indica os meios de informação e de comunicação, promovendo a integração entre um
emissor e um receptor, como a TV, o rádio, o videocassete etc. No segundo caso, é a utilização
desses recursos com um enfoque educacional, não somente como caráter reprodutor de material
já pronto, mas que permite também a adaptação, criação e recriação de material próprio, a partir
da intervenção do educador em seu meio: a escola, a turma, o aluno e a própria comunidade.
       Dessa situação surge um novo desafio ao educador:


                     A primeira questão crucial pode ser assim formulada: como poderá a escola contribuir
                     para que todas as nossas crianças se tornem utilizadoras (usuárias) criativas e críticas
                     destas novas ferramentas e não meras consumidoras de representações novas de velhos
                     clichês?
2


                     A esta questão acrescenta-se outra ainda mais crucial e urgente: como pode a escola
                     pública assegurar a inclusão de todos na sociedade do conhecimento e não contribuir para
                     a exclusão de futuros 'ciberanalfabetos'? (BELLONI, 2005, p.8)


       Nesse contexto, cabe ao educador mediar essa informação dispersa e proporcionar ao
alunado uma forma de gerar conhecimento, e que esse conhecimento através de atividades
integradoras de maquinários e usuários, possam gerar conhecimento e significação mútuo a todos
os envolvidos em determinada comunidade aprendente. O que torna mais atual o pensamento
freireano, analisado hoje sob o enfoque tecnológico e não apenas educacional, quando escreveu
no livro Pedagogia do Oprimido (1987), que “(…) ninguém educa ninguém, como tampouco
ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Em um contexto tecnológico educacional, cabe ao educador assumir para si essa responsabilidade
de mediatizar e mediar o mundo escolar, dando sentido ao maquinário pelo jovem usuário, o
aluno. Entretanto, mais que o equipamento, o espaço também deve ser mediatizado, pois espaços
diferenciados de educação requerem formas diferenciadas de educar.
       Diante da cada vez maior inserção da tecnologia no cotidiano social e da necessidade da
educação e dos educadores se incluírem nesse processo, considera-se que as Mídias possuem um
papel fundamental nesse intercâmbio entre professores e alunos, em vista de que o jovem domina
melhor os multimeios que o adulto, mas não tem a devida compreensão de como tais
equipamentos e recursos tecnológicos podem servir ao ensino e à aprendizagem.
       Cabe ao educador, conectado com o seu tempo, mediar esse fusão entre o tecnológico e o
pedagógico, dando significação as TICs e as mídias no ambiente escolar. Afinal, para Paulo
Freire, em Pedagogia da Autonomia (1987): “Educar é ter a consciência do inacabamento” e que
“a leitura de mundo antecede a da palavra”. Em um mundo dominado pela imagem antes da
palavra, nada como promover a convergência entre tecnologia e educação em um espaço virtual
e colaborativo, espaço esse que, conforme Ausubel, deve “replicar o mundo do jovem”.
       Para o uso adequado de espaços diferenciados de interação com o aluno (sala de aula,
laboratório de informática, biblioteca escolar e saídas de campo), faz-se necessário planejamento
prévio, uma orientação às atividades propostas, e certa flexibilização de posturas e práticas
educacionais, com base no construtivismo, em que o aluno é estimulado a buscar soluções para as
próprias indagações, quando amparadas em conteúdos curriculares e a mediação do educador.
       Neste contexto, há que se buscar na complexidade a unidade sem confundir diversidade
com adversidade, comumente associadas por aqueles que temem o que desconhecem. As mídias
2



no ambiente escolar provocam certos receios nos educadores sem formação para lidar com essa
nova realidade. Àqueles que já se incluíram neste processo e integraram as tecnologias e os
multimeios em geral à sua prática pedagógica, já não temem tais ferramentas, que antes eram
vistas como recursos tecnológicos e agora mostram possibilidades educacionais.
       De fato, ao iniciar o referido PA, tivemos que lidar com múltiplas realidades sociais e
educacionais nas duas turmas em questão, lidando também com alunos regulares e incluídos,
PNEE's.


                       A inclusão proporciona também que os professores abandonem os métodos tradicionais
                       de educação. Necessita-se de um engajamento entre todos os setores da escola, para que
                       juntos solucionem as maiores dificuldades enfrentadas, através de debates, avaliação
                       continuada e proposição de idéias a serem implantadas conforme a receptividade,
                       ouvindo-se as partes envolvidas. Dentre essas proposições poderiam sugerir a
                       possibilidade de quem fossem disponibilizados a todos os setores da escola e aos
                       interessados da comunidade, informações sobre o processo inclusivo e a forma de
                       participação, pois este não deve ficar restrito à equipe diretiva e ao professor em sala de
                       aula. (BRASIL ROIG e FREITAS, 2005, p.20).


       O cursista e a professora parceira precisaram adaptar a ideia inicial de tornar o blog em
ambiente de Educação a distância, para um ambiente de aprendizagem em rede, em função da
realidade social e educacional do alunado. Além do fato de serem alunos muito jovens, que
careciam de maturidade adequada para a produção de conteúdo, e sim a mediação do mesmo,
pelo cursista e a professoras parceira, atuando como tutores.
       Foi preciso trabalhar com uma proposta não tão ampla, mas mais restrita à realidade em
questão, pois alguns alunos possuíam computador e internet em casa, outros, sequer tinham
mexido num mouse e teclado. Mas ambos os grupos, durante o desenvolvimento do projeto,
acabaram interagindo. Para que uma inclusão seja eficiente é necessária a superação de algumas
dificuldades enfrentadas, como:


                       (...) as escolas não recebem auxílio financeiro para se garantir o mínimo necessário para
                       a manutenção de uma educação de qualidade. Não há investimentos satisfatórios na
                       qualificação de professores. Algumas escolas não possuem infra-estrutura adequada; o
                       transporte escolar em muitos lugares é precário (...) Muitas vezes a própria avaliação
                       curricular é uma forma indireta de exclusão, quando remete o aluno à reprovação e a
                       conseguinte evasão escolar (BRASIL ROIG e FREITAS, 2005, p.31-32).


       Dentro de uma perspectiva integradora, pode-se concordar plenamente com os autores a
respeito de que
2




                       (...) A escola não está preparada para aceitar o diverso, tanto do ponto de vista do aluno,
                       como da diversidade de opinião de professores, funcionários e pais. A maioria prefere
                       trabalhar com o chamado aluno-modelo, aquele que não dá nem traz problemas. O
                       aluno-problema, como é rotulado, em raras oportunidades têm investigada as causas da
                       rebeldia e indisciplina, muitas vezes de ordem econômica, social e/ou familiar. (BRASIL
                       ROIG e FREITAS, 2005, p. 32)


       Assim sendo, a inclusão, seja de alunos regulares e/ou PNEE’s em espaços informatizados
é plenamente realizável se o educador conhecer as limitações de seus alunos e reconhecer às
próprias, estabelecendo de antemão parcerias com a comunidade escolar, através de planejamento
que envolva todos os segmentos representativos da escola, como apoiadores e conhecedores deste
projeto e processo. A prática nesta experiência, mais que um PA é um processo contínuo de
aprendizagem sobre a própria inclusão, em sentido amplo, que pressupõe não ter respostas
prontas e sim perguntas a serem respondidas durante o planejamento, a execução e sua análise. É
um processo paradoxal e necessário, pois a informática e a educação precisam reavaliar o papel
de cada uma em um ambiente escolar que se propõe emancipador.
       Da mesma forma, o espaço de aprendizagem diferenciado requer também uma postura
diferenciada do educador. Em sala de aula, o método expositivo, com alunos enfileirados, cada
um na sua carteira e cadeira não é o modelo ideal de atuação num laboratório de informática,
onde os alunos precisam interagir com a máquina e o grupo. Num laboratório de informática
percebe-se que essa interação, se flexibilizada essa postura expositiva, por uma mediadora,
permitindo que os alunos levantem e sentem um do lado de outro, muitas vezes dois ou três por
máquina, favorece a própria aprendizagem em rede, no sentido de rede lógica (informática),
como rede social tanto no mundo virtual como no real), pois aproxima aqueles que conhecem os
multimeios daqueles que estão aprendendo a sua manipulação. Nesse convívio amplo, a
aprendizagem ocorre de forma também ampla, pois as descobertas são de ambos.
       Já a atuação do educador, dentro de uma biblioteca escolar, deve ser a de estimular a
pesquisa de outras fontes de informação, que não apenas a virtual, favorecendo que o alunado
folheie os livros, veja as figuras, anote dados e autoria dos mesmos, dando vida a um espaço
comumente associado a mero depósito de livros, por alguns.
       Por fim, no espaço mais amplo de interação, que é a saída de campo, cabe ao educador dar
sentido a essa atividade, para que não se configure mero passeio ou atividade lúdica, mas que seja
um espaço a mais para proporcionar uma interação entre o social e o educacional, ainda mais que
3



a atual geração é muito visual, vinculada a imagens, e um conteúdo já visto em sala de aula e
visitado in loco poderá favorecer ainda mais a aprendizagem. As saídas de campo (ao jornal
Agora, à Bibliotheca Rio-Grandense, ao Museu Militar e a Charqueada São João), durante o
projeto, proporcionaram aos alunos o que a aula expositiva, a pesquisa virtual e o manuseio do
livros fundamentaram. Espaços diferenciados requerem formas diferenciadas de interação.




6.1.1 COMO ALIAR TECNOLOGIA, MÍDIAS E EDUCAÇÃO




       A informação, o conhecimento e a aprendizagem são formas, se integradas e divulgadas
adequadamente, via escola, uma boa ferramenta de convergência social, através da socialização
dos meios digitais e educacionais, e o blog, por ser uma mídia de fácil acesso, criação e
utilização, pode ser um desses meios de divulgação da prática escolar.
       De acordo com Bordoni (2002),


                      (...) Sabemos que em todas as instâncias nas quais educadores reúnem-se para discutir
                      sobre educação, parece haver um consenso de que a educação básica deveria visar
                      fundamentalmente a preparação para o exercício da cidadania, cabendo a escola formar o
                      aluno em conhecimentos, habilidades, valores, atitudes, formas de pensar e atuar na
                      sociedade através de uma aprendizagem significativa. Isto implica em uma análise dos
                      instrumentos e processos presentes nas instituições educacionais.


       O que encontra reflexo em Dowbor (2006): “(...) quando não se entende a nossa realidade,
como se faz planejamento? Sobre qual realidade planejar?” E, na sua opinião: “A compreensão
dos problemas locais inseridos na análise curricular, reconstruindo-o”. O que significa a
sociedade constituída, através de seus conselhos municipais, tutelares, escolares e outros,
assumir, de fato, para si, uma responsabilidade consultiva, deliberativa e fiscalizadora. E não
meramente referendadora dos gestores escolares e/ou públicos. “Aprender a aprender” seu papel
social, sem delegar a terceiros o que é de sua competência.

                      A meu ver, discutir avaliação e aprendizagem, envolve muito mais de que discutir
                      “formas de avaliação” ou “metodologias”. Envolve questões fundamentais de ordem
3


                      ética; Por que sou professor/ supervisor/ diretor? Qual o sentido, para mim mesmo,
                      daquilo que ensino? Qual a utilidade para a sociedade? Que tipo de aluno/cidadão quero
                      ajudar a formar? Será que toda boa avaliação não deve começar por uma auto-avaliação
                      do educador? O que estamos avaliando, afinal? O nosso aluno ou o nosso trabalho (que é
                      também do aluno)? (BORDONI, 2002).


       Dessa forma, o educador, seja em sala de aula regular, inclusiva ou em projeto de
aprendizagem, deve considerar a avaliação do alunado paralela à sua própria auto-avaliação,
comparando se as propostas iniciais do planejamento escolar em suas mais variadas atividades
fora alcançado no transcorrer do processo de ensino-aprendizagem, se houve interação da turma e
apreensão do conhecimento, se houve interesse dos alunos em ampliar seu horizonte, interagindo
com o colega, enfim, uma série de itens observados interna e externamente pelo professor. O
educador deve avaliar o seu entorno, mas também o seu interior, como se a atividade foi
prazerosa para ambos os lados ou ainda se o aprendiz contribuiu para descobertas mútuas, ainda
mais quando de trata do uso da tecnologia na educação.
       Com a utilização da aprendizagem significativa e da flexibilidade cognitiva, dois pilares
do construtivismo, nota-se que o aluno atua motivado por uma prática diversa da tradicional, pois
é convidado a ser agente e não apenas sujeito do processo de aprendizagem. A escola foi
constituída em seus primórdios como estabelecimento instrucional calcado na disciplina, ainda
que autoritária para os padrões modernos, e não raras vezes, ainda não se desvencilhou dessa
trágica herança. O chamado aluno-problema é indesejado por muitas escolas e professores, que
preferem, paradoxalmente, o aluno “robotizado”, muito antes do advento da informática
educativa. E com a escola atua diante desse tipo de aluno?

                      A resposta que a escola dá a isso é, por vezes, acentuar procedimentos repressivos, impor
                      recursos disciplinares ou atribuir os problemas a fatores externos tais como desequilíbrio
                      familiar, imaturidade do aluno, ou os incontáveis problemas de aprendizagem. Isto ocorre
                      muitas vezes por falta de conhecimento pedagógico dos diretores das instituições
                      escolares que estão mais preocupados com a empresa do que com o processo, ou pela falta
                      de atualização dos profissionais da escola (professores acomodados no saber específico e
                      fragmentado, supervisores ritualistas, voltados para procedimentos, falta de equipe) e
                      também porque sendo muito dinâmico, o ambiente escolar acaba sendo levado pelo
                      urgente, esquecendo o importante (apagar o incêndio em vez de descobrir o foco do fogo).
                      A teoria é conhecida por muitos, colocá-la em prática é o mais difícil. (BORDONI, 2002).


       Diante da frase final da citação acima, pensando em educação, como não se recordar dos
versos do cantor e compositor mineiro Beto Guedes: “(...) a lição sabemos de cor, só nos resta
3



aprender (...)”?     18
                          Mas, aprender de que jeito, quando envolve não apenas questões disciplinares,
mas de desconhecimento ou receio de tratar da educação inclusiva?

                               (...) Uma aprendizagem significativa está relacionada a possibilidade dos alunos
                               aprenderem por múltiplos caminhos e formas de inteligência, permitindo aos estudantes
                               usar diversos meios e modos de expressão. De fato, se analisarmos os princípios da
                               aprendizagem significativa já não parece ter lugar a concepção dominante de inteligência
                               única, que possa ser quantificada e que sirva como padrão de comparação entre pessoas
                               diferentes, para apontar suas desigualdades. (BORDONI, 2002).


           A escola que se propõe moderna, precisa não só ser flexível, maleável quanto as suas
normas e condutas, seja com o professor, pais, funcionários e/ou alunos. Mais que isso, deve ser
centrada na figura do aluno, pois é em função deste que são constituídos imóveis, móveis,
utensílios, recursos humanos, financeiros e tudo mais que compõe o ambiente escolar.
Entrementes, não raras vezes, do currículo ao horário escolar, do projeto político-pedagógico ou
regimento escolar a figura central passa a ser o professor. Aparente inversão do caráter social da
educação. Para o professor a escola é profissão, ainda que possa também ser vocação, mesmo que
não seja tal postura obrigatória. Porém, para o aluno a escola é ou deveria ser um local de
formação,        instrução,     conhecimento        e   aprendizagem        coletiva,    solidária,    colaborativa,
emancipadora e libertária.
           A educação moderna não pode ser pensada como ato de induzimento ao acerto, no estilo
questionário de perguntas prévias para respostas fixas. Educar é incentivar o diálogo, e não
apenas um monólogo expositivo de um professor diante de um alunado enfileirado. Não há uma
verdade absoluta. Cada qual, seja professor ou aluno, traz em si verdades e informações que
podem, na troca de experiências, convergirem para o senso comum e o bom senso. Nesse
contexto a interdisciplinaridade pode ser um grande aliado de ambos, pois, como evidenciado
neste PA, a aprendizagem pode ser tão eficiente numa biblioteca, na sala de aula ou em um
passeio ao redor da escola, mostrando elementos teóricos através da visão prática, como também
em um laboratório de informática. A máquina é ferramenta que prescinde de usuários, que
podem ser o professor e sua turma, que aprenderão em conjunto, ora amparado o primeiro em
suporte teórico, ora feita a descoberta pelos segundos de forma empírica.
            Educar é um ato social e socializante. De acordo com Rezende & Cola (2004), algumas
teorias, hoje, adotadas por educadores tiveram sua origem fora da escola, sem que seu objetivo

18
     Versos da canção Sol de Primavera (1980).
3



principal fosse a adoção das mesmas em ambientes escolares, como a Teoria da Flexibilidade
Cognitiva (TFC).
       É necessário reafirmar que diante da complexidade que é a inclusão de PNEE’s e da
tecnologia educacional, seja em ambientes educacionais inclusivos ou não, pode-se usar a
flexibilidade cognitiva para a obtenção de uma aprendizagem significativa, ainda mais quando
ocorre baixo rendimento, seja em decorrência da distração ou desinteresse do aluno pelo método
tradicional de ensinar ou não.
       Não apenas o computador pode promover a FC e a AS. Conforme reiterado no transcorrer
deste texto, outros ambientes convencionais dentro de uma escola, se flexibilizado o seu uso pela
criatividade e habilidade do educador podem atingir os mesmos objetivos que o artefato
tecnológico de última geração. A internet, conectada ao computador tem socializado de forma
mais abrangente a informação e o conhecimento do que qualquer outro meio de comunicação,
ainda que proporcionalmente a outros meios (rádio, TV e jornal), seu acesso ainda esteja restrito.
Contudo, algumas escolas públicas, principalmente em cidades do interior do país já contam com
telecentros, abertos não apenas aos alunos e professores, mas a comunidade escolar e a população
em geral, atuando como locais de inclusão digital e social. Nesse convívio a linguagem linear vai
cedendo cada vez mais espaço para a hipertextualidade, que é uma linguagem derivada da
informática e da internet, que conduz a um labirinto de possibilidades de leitura e compreensão
de um texto. Troca-se a postura da verdade absoluta dos fatos pela verdade de cada região.
       Integrar os conteúdos curriculares pela interdisciplinaridade requer sintonia fina entre
corpo docente e equipe diretiva, em sentido amplo, e entre professores parceiros quando fundem
conteúdos e competências nem um mesmo projeto de aprendizagem, como foi o caso deste PA,
em que amparou-se na trajetória profissional da professora, parceira em outros projetos de
aprendizagem, aliada a experiência deste cursista com a tecnologia educacional. Ambos
dependeram um do outro para desenvolver plenamente o projeto comum, que aliava as séries
inicias do ensino fundamental, como alunos PNEEs incluídos, à tecnologia educacional, área
comum a um e outro, respectivamente. Além do construtivismo, optou-se por uma abordagem
interdisciplinar no transcorrer do PA, como forma de explorar conteúdos e dinamizar
competências.

                        A interdisciplinaridade é considerada por Santomé (1998) como uma proposta acima de
                        tudo progressista e desafiadora já que o avanço do conhecimento sempre teve estreita
                        relação com novos questionamentos e reformulação de antigos conceitos em novas
3


                        perspectivas. Além disso, o estudo interdisciplinar pode levar especialistas de uma
                        determinada área do conhecimento a se sensibilizarem por questões nunca levantadas
                        nos seus domínios e a se sentirem desafiados a rever seus conceitos sobre antigas
                        questões à luz de novos conhecimentos adquiridos no intercâmbio com outras
                        disciplinas. (REZENDE e COLA, 2004, p.5).


       Ainda, segundo Rezende & Cola (2004), pode-se perceber, atualmente, que “(...) a
demanda pelo interdisciplinar não é meramente acadêmica ou um privilégio científico, mas,
acima de tudo, uma demanda social”. Há professores que optam pela simplificação das práticas
escolares, utilizando o livro didático como bengala, como disse Monlevade (2006), assessor
parlamentar do Senado para a área da educação. O próprio computador pode ser a bengala da
nova geração se optarem por atividades mais lúdicas e simples, do que pedagógicas e mais
complexas.
       O educador moderno deve buscar a complexidade para suas ações e de seus alunos, já que
de simples a vida, dentro e fora da escola, nada tem. Para o professor, complexo é utilizar as
novas tecnologias, coisa simples para o jovem, que considera complexas certas disciplinas, que
para o adulto já não o é. Desse diálogo complexo entre a teoria e a prática, pode ocorrer a
simplificação para o choque de gerações e o paradoxo motivado pela a inclusão das tecnologias
no dia-a-dia da sociedade antecipando a capacitação do professor, se o educador abandonar esta
postura de Magister Dixt – o mestre disse!
       Se o professor desconhece a realidade de sua turma de ensino regular, desconhecerá ainda
mais a necessidade do aluno PNEE integrado em turma inclusiva. Se o professor desconhece a
realidade social de seu alunado, e credita atos de indisciplina apenas a um caráter agressivo deste,
sem avaliar outros aspectos, não apenas sócio-econômicos, afetivos, familiares, poderá virar as
costas para a sua própria prática escolar equivocada, sem a devida auto-avaliação. Em algumas
escolas proibi-se o boné (quase a segunda pele do aluno do sexo masculino), considerando
desrespeito, noutras é proibido o uso de celular, e em algumas universidades, até o acesso ao blog
não é permitido. Diante de tal complexidade,

                        Contextualizar, segundo Morin (2004) implica situar todo acontecimento, informação ou
                        conhecimento em relação de inseparabilidade com seu meio ambiente – cultural, social,
                        econômico, político e natural, além de incitar a percepção de como este o modifica ou
                        explica de outra maneira. Este tipo de pensamento, torna-se um pensamento do
                        complexo pois procura as relações e inter-retro-ações entre cada fenômeno e seu
                        contexto, as relações de reciprocidade todo/partes: como uma modificação local
                        repercute sobre o todo e como uma modificação de todo repercute sobre as partes.
                        (REZENDE e COLA)
3




       Conhecer a complexidade de seu alunado, eis o grande desafio do educador, que só
poderá conseguir amparo às suas atividades se ampará-las num suporte teórico consistente, que
no caso em questão obteve êxito com as propostas construtivistas, já amplamente destacadas.
       Se o professor não conhece de fato a própria turma, se não busca alternativas ou não são
oferecidas a ele, não há como se falar em processo de aprendizagem, se o próprio agente deste
processo também não é aprendiz, não no sentido de subordinação a alguém superior – o Magister
Dixt -, mas ao sentido emancipador. Só se superam desafios que se busca aprender e apreender
soluções efetivas e executáveis para tratar temas que envolvam certa complexidade. Não há
manual, por melhor escrito que esteja, capaz por si só de resolver todas as questões crucias que
envolvem a educação, se o professor não se integrar ao processo de socialização do
conhecimento, participando como mediador e também, quanto a questão tecnológica, como
aprendiz, já que o alunado pode contribuir como aluno-monitor, como antes citado, nessa
inclusão em sentido amplo, em que todos de uma forma ou de outra acabam sendo agentes e
sujeitos sociais. Parafraseando Paulo Freire: “Ninguém aprende sozinho, todos aprendem em
comunhão”. Por mais paradoxal que seja a realidade das escolas brasileiras relativas tanto à
educação como a integração da tecnologia na prática escolar, há diversas e desconhecidas
propostas inovadoras de professores unindo a simplicidade e eficiência à praticidade. Saber
divulgar tais experiências como propostas da escola e dos gestores e não apenas de professores
isolados, é o grande desafio tecnológico, educacional e social.
       Dessa forma, o blog como um ambiente de aprendizagem em rede, que tanto pode ser
aberto e sem restrições de acesso, ou restrito apenas ao professor e seus alunos, mediante convite
enviado para uma conta de e-mail de cada um para leitura e co-autoria, pode ser um espaço
virtual que simula, replica essa complexidade de um ambiente de EaD, onde é possível professor
e alunos interagirem dentro de uma proposta de flexibilixar o próprio espaço escolar, além do
convencional.
       Neste PA, o que se colocou em prática foi tornar o blog em um espaço de aprendizagem
em rede, em sentido amplo, disponível o acesso aos alunos, para visitação e comentário, tanto no
laboratório de informática da escola como noutro local (lan house, casa, etc), como ampliar esse
sentido de rede, para o termo rede social, incorporando outras formas de interação, como MSN,
orkut, sms, além das postagens nos blogs, complementando o que fora tratado nos espaços
3



físicos, como sala de aula, biblioteca, laboratório de informática e saídas de campo, com a sua
divulgação no ambiente virtual, tanto aos próprios alunos envolvidos, como a comunidade
escolar (demais alunos e professores da escola, além de pais e visitantes diversos).
           O próprio título dos blogs evidenciou esse sentido dado pelos alunos, de levar adiante o
que queriam mostrar. “Do Barão para o Mundo” e “Chimarrão no Barão”, demonstram esse
interesse das duas turmas de tratar do particular, mostrando ao universal. Além do sentido
tecnológico e educacional, um sentido social, de mostrar ao mundo o que eles pesquisaram.




6.2 BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) NA EDUCAÇÃO: DA REPRODUÇÃO À PRODUÇÃO
DE CONTEÚDO PRÓPRIO (EDUCOMUNICAÇÃO)




           De acordo com a Wikipedia, a enciclopédia livre e colaborativa, a partir da contribuição
de milhares de pessoas mundo afora:


                              O termo "weblog" foi criado por Jorn Barger[2] em 17 de dezembro de 1997. A
                              abreviação "blog", por sua vez, foi criada por Peter Merholz, que, de brincadeira,
                              desmembrou a palavra weblog para formar a frase we blog ("nós blogamos") na barra
                              lateral de seu blog Peterme.com, em abril ou maio de 1999. Pouco depois, Evan
                              Williams do Pyra Labs usou "blog" tanto como substantivo quanto verbo ("to blog" ou
                              "blogar", significando "editar ou postar em um weblog"), aplicando a palavra "blogger"
                              em conjunção com o serviço Blogger, da Pyra Labs, o que levou à popularização dos
                              termos. 19


           Inicialmente, o blog foi utilizado por adolescentes, como diário virtual, para reflexões
amorosas, escrever poemas, ilustrados por imagens, etc. Posteriormente, a ferramenta foi sendo
usada por jornalistas, criando suas páginas virtuais, até que os educadores se apropriaram do
recursos como forma de divulgação de ideias, atividades e projetos educacionais próprios ou de
escolas.
           O blog é um grande recurso de mídia, apesar de ser uma pequena página, de fácil criação
e manuseio, que permite que seu autor o utilize informalmente para publicar desde textos e
imagens, até vídeos e outros recursos, e está organizado de forma cronológica inversa (as
19
     Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog. Acesso em 22 jun. 2010.
3



primeiras postagens ficam abaixo, e as mais recentes, em destaque, no alto da página). Um blog
pode ser individual ou coletivo (colaborativo), através do uso das permissões de leitura ampla ou
restrita a um grupo, ou de co-autoria, também através de convite enviado pelo seu criador e
administrador principal. Existem diversas ferramentas de criação de blogs, dentre elas o Blogger
(https://www.blogger.com) e o Wordpress (http://wordpress.org).
       Manter um blog é tão simples como enviar uma mensagem de correio eletrônico, com a
diferença que tal mensagem é destinada a alguém específico e a postagem em um blog é enviada
para o mundo virtual.
       Um blog educacional é aquele, portanto, que é utilizado por um educador, de forma
individual ou colaborativa, para divulgar suas atividades no ambiente escolar, suas reflexões e
estabelecer um portal de trocas de experiências com outros educadores. Alguns blogueiros
educacionais são mais conhecidos além de sua aldeia, graças ao blog, e inclusive reconhecidos e
premiados por esse trabalho online. Dessa forma, o blog, de mero diário ou jornal virtual, passou
a ser também um ambiente de aprendizagem em rede, podendo ser inclusive, conforme a ser
demonstrado no tópico a seguir, em um ambiente de EaD, por poder simular de forma mais
limitada um portal educacional de formação continuada.
       Todos reconhecem o poder da comunicação na sociedade moderna, que influencia
comportamentos, corações e mentes. O blog, nesse contexto, é um filão ainda a ser melhor
explorado pela educação, principalmente por ser enquadrar perfeitamente no conceito de
educomunicação, que permite ampliar a rede de aprendizagem, além do espaço físico e
convencional da sala de aula e da própria escola.

       O conceito de Educomunicação indica “a junção da educação e da comunicação e firma-
se como um novo campo de intervenção, em que se busca ressignificar os movimentos
comunicativos no âmbito da educação”. Na década de 1970, Francisco Gutierrez, “adepto as
concepções de Paulo Freire, afirmava que era preciso preparar a pessoa para a vida, com a sua
afetividade, percepções, sentidos, crítica e criatividade” (pessoa inteira). O estudioso apontava a
necessidade de aproveitar os meios comunicacionais para auto-expressão dos indivíduos. Assim,
para Gutierrez (1978, p. 39),

                        A educação será, portanto, um reagir (responder) criativamente do educando. Em outras
                        palavras, é desenvolver uma capacidade de reagir frente aos outros e ao mundo que nos
                        rodeia. É conseguir que o homem seja capaz, durante toda a sua vida, de interrogar-se e
                        encontrar respostas adequadas para transformar a realidade. Em resumo, que não sejam
                        homens expectadores, mas sim recriadores do mundo.
3




           Dentro desse conceito de educomunicação, amplia-se a questão do professor como
                                                                                          20
mediador do conhecimento, ou como Pier Cesare Rivoltela (2007)                                 , denomina de “mídia
educação”: “a troca da abordagem tradicional - baseada na fala do professor à frente da sala de
aula - pelo uso de mídias que favoreçam o trabalho em grupo mais ativo, dinâmico e criativo em
todas as disciplinas"; pois, para ele, "Os professores não são formados para lidar com elas
(mídias)"; e, muitas vezes, "As experiências, geralmente, são voltadas para o conhecimento
técnico dos meios de comunicação, não o crítico". 21

           Para o pensador e educador italiano, os jovens se relacionam com as tecnologias de uma
forma bem diversa da que a utilizada pelo adulto, e nisso há uma nítida a questão de distribuição
espacial, no mundo virtual:

                                 "Uma das maiores características desse público é o que chamamos de uma disposição
                                 multitarefa. Ele responde às mensagens do celular, ouve música no iPod, vê TV e
                                 fala com os amigos no Messenger - tudo ao mesmo tempo. (...) Fazer tudo isso
                                 simultaneamente é uma característica típica das novas gerações. Por um lado, isso
                                 lhes confere uma elaboração cognitiva muito rápida. Por outro, acaba deixando-os na
                                 superficialidade, pois não dá tempo de se aprofundar nos assuntos". (RIVOLTELLA,
                                 2007) 22



           A tecnologia por si só não faz sua prática melhor nem pior, se a metodologia não replicar
as transformações da sociedade, do mundo ao redor.

           E como a escola se relaciona com esse aluno multifuncional e multifocal? - na opinião de
Rivoltella (2007):

                              A melhor forma de levar o tema mídia para a sala de aula é como um tema transversal.
                              Alguns pesquisadores defendem a criação de uma disciplina específica, mas já está
                              provado que isso não funciona. Se apenas um professor responde pelo conhecimento da
                              tecnologia e da mídia (como ocorre em muitas escolas que têm salas de informática), os
                              outros tendem a se desinteressar pelo assunto. E, para ser eficaz, esse trabalho precisa ser
                              realizado em equipe.

20
  Filósofo e especialista italiano em Mídia e Educação da Universidade Católica de Milão, diz que a tecnologia e seu
conteúdo devem fazer parte do dia-a-dia escolar. Rivoltella, visita com freqüência o Brasil, orientando pesquisas
sobre a relação entre jovens e internet do Grupo de Pesquisa Educação e Mídia da PUC-RJ, onde também dá aulas
sobre Mídia e Educação, e acompanha pesquisas de mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina.
21
     Entrevista à Revista Nova Escola (www.novaescola.org.br), edição nº 200, março/2007, páginas 15 a 18.
22
     Entrevista à Revista Nova Escola (www.novaescola.org.br), edição nº 200, março/2007, páginas 15 a 18.
3




       Diante disso, algumas considerações de Rivoltella, promovem profunda reflexão sobre as
TICs no ambiente escolar, principalmente ao referir-se ao universal com seus reflexos no
particular. Segundo ele:

                           pesquisa de 2006 revelou que 18% dos professores italianos só usam a internet para
                           fazer pesquisas. Eles também não debatem com os alunos os problemas culturais
                           ligados às novas tecnologias - ou porque não entendem que isso interessa a eles, ou
                           porque não se consideram preparados para isso. Na escola, a tecnologia ainda é vista
                           como um perigo, não como uma aliada.



       Apesar disso, "(...) Os computadores e os celulares deixaram de ser apenas ferramentas
de recepção. Hoje, são também de produção. Uma criança pode tirar fotos ou fazer vídeos com
um celular e publicá-los na internet. Qualquer um pode editar e produzir conteúdo (...)."

       Sendo assim, eis o perfil do educador do século XXI, a partir das indagações e
constatações do próprio Rivoltella: "O mídia-educador é o profissional que tem competências
pedagógicas para preservar os valores e a ética necessários na produção audiovisual
direcionada ao público infanto-juvenil. (...)"

       E perguntado sobre como atuar numa escola sem TV, DVD, computador, disse: "É
possível desenvolver bons trabalhos usando meios como a escrita e a fotografia. Até as rádios
comunitárias, que são muito comuns no Brasil, podem ser bem aproveitadas em sala de aula".

       Com base nisso, o professor ao apropriar-se de ferramentas como o blog, passa
invariavelmente a ser um mídia-educador, por utilizar o mesmo em sua prática escolar e ao
compartilhar esse conteúdo produzido, via ciberespaço, também proporcionar uma aprendizagem
em rede, não somente com seu alunado, mas com os demais colegas e a comunidade escolar e
além disso, podendo, com sua prática, influenciar outros formadores, mundo afora, que terão um
referencial extra para reproduzir, adaptar ou influenciar na própria produção de conteúdo
educacional. Diversos educadores têm influenciado e sido influenciados por essa nova forma de
reproduzir e produzir conteúdo educacional, via blog (vide lista de alguns blogueiros
educacionais no anexo). Uma nova perspectiva de interação entre professores e alunos se mostra
com o uso dessa ferramenta virtual.
4




6.3 BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE




       Hoje, falar em modernidade, tanto em tecnologia como em educação, é discorrer sobre a
importância de um laboratório de informática na escola, mesmo que de fato as práticas escolares
sejam as mesmas, pois convive-se com o paradoxo de o aluno dominar os meios tecnológicos
melhor do que o professor. O jovem utiliza as mídias, informalmente, sem um compromisso
educacional. O professor, quando usa as mídias, às vezes, é no sentido recreativo, nem sempre
pedagógico.
       Desse choque de gerações há também um conflito de práticas escolares, ora tradicionais,
ora travestidas de modernas, quando utilizado o microcomputador e as mídias, mas de forma
mais lúdica do que pedagógica. Mas há inúmeras possibilidades da tecnologia e das mídias serem
usadas no ambiente escolar. Infelizmente, nem todas são de conhecimento de gestores e
educadores, em sentido amplo, salvo casos pontuais. Então convive-se com o paradoxo tecno-
educacional; ou seja, o jovem se alfabetiza em tecnologia e no uso das mídias, em geral, antes
mesmo de ingressar na escola, enquanto o professor conservador recusa-se a incluir essas
ferramentas em suas práticas, mesmo quando oferecidos cursos de capacitação pelo gestor
público. Carece de uma desmistificação da máquina, que jamais irá substituir o professor, até
pelo fato que, até que a inteligência artificial abandone de vez a literatura e a cinematografia de
ficção científica, máquinas sempre precisarão de seres humanos para sua manipulação e
programação. Mas então, o que é informática usada com sentido educacional?


                       A informática educativa trouxe consigo a possibilidade de utilização prática de ideias em
                       situações inimagináveis poucas décadas atrás. Trinta anos atrás o primeiro contato de
                       estudantes de ciência, regra geral, se dava através de aulas expositivas onde o professor
                       discorria sobre determinado tema e utilizava apenas recursos estáticos, seja o giz e
                       quadro-negro ou retro-projetor. Se o assunto considerado exigisse uma análise da
                       evolução temporal de parâmetros observáveis de um sistema, ou se todo o sistema
                       evoluísse com o tempo, cada um dos alunos necessariamente deveria ter a capacidade de
                       construir um modelo mental capaz de criar essa evolução temporal. (TAVARES, 2006,
                       p.1-2)


       Apesar do computador, da informática e das mídias terem mudado algumas formas de
prática escolar, falta ainda ser incorporada à informática educativa não como uma disciplina
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Blog na educação: inclusão, aprendizagem e tecnologia

  • 1. 1 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO JOSÉ ANTONIO KLAES ROIG BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE: DO TECNOLÓGICO AO EDUCACIONAL RIO GRANDE, 2010
  • 2. 2 JOSÉ ANTONIO KLAES ROIG BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE: DO TECNOLÓGICO AO EDUCACIONAL Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito para a obtenção do Título de Especialista em Mídias na Educação. Orientadora: Profª.Msc. Margareth Cozzensa da Silva RIO GRANDE, 2010
  • 3. 3 JOSÉ ANTONIO KLAES ROIG BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE: DO TECNOLÓGICO AO EDUCACIONAL Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito para a obtenção do Título de Especialista em Mídias na Educação. Orientadora: Profª. Msc. Margareth Cozzensa da Silva Rio Grande, RS _____/_____/2010. Nota: ________ Profª. Msc. MARGARETH COZZENSA Orientadora Coordenação da Pós-Graduação Rio Grande, 2010
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS À família, que me incentivou a fazer esta pós- graduação. À orientadora, Profª. Msc. Margareth Cozzensa da Silva, que guiou esta pesquisa e todo o trabalho. Aos nossos professores e tutores, pelos subsídios e dedicação, e aos colegas pela caminhada e aprendizagem solidária e compartilhada.
  • 5. 5 EPÍGRAFE (...) Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos muito pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência, e tudo será perdido. CHARLES CHAPLIN, fragmento de O Último Discurso, no filme O Grande Ditador (EUA, 1940).
  • 6. 6 RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo comprovar as possibilidades de uso de weblogs (blogs) na educação, dentro de ambientes virtuais de aprendizagem em rede, bem como do espaço convencional, a partir das observações feitas durante Projeto de Aprendizagem com alunos da 4ª série do ensino fundamental. Além disso, pretende-se analisar a postura de parte do aluno durante o processo inclusivo, seja educacional, tecnológico e social. A experiência, sustentada pelo referencial teórico construtivista, da Aprendizagem Significativa e da Flexibilidade Cognitiva, proporcionou a participação efetiva dos alunos, levando em conta o conhecimento prévio de cada um, que através do uso paralelo dos multimeios e do ambiente convencional, interagiram colaborativamente, mediados pelo cursista e pela professora parceira. Ao ser diversificado o ambiente educativo (em quatro locais distintos: laboratório, sala de aula, biblioteca e saída de campo), foi possível obter, ao final do processo inclusivo, a aprendizagem significativa, tanto para os educandos como para os educadores, como também demonstrar para outros educadores, que as mídias, em geral, e o blog, em especial, podem ser mais uma ferramenta de inclusão tecnológica, pedagógica e social, além de um pequeno espaço de interação, que simula um ambiente de EaD. Palavras-chave: Blog. Inclusão. Tecnologia. Educação. Educação a distância. Educação Especial. Aprendizagem.
  • 7. 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................08 2. OBJETIVOS .................................................................................................................10 2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................. 10 2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................. 10 3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.............................................................................. 11 4. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 14 5. METODOLOGIA: DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA .......................... 21 6. RESULTADO E DISCUSSÃO ................................................................................... 26 6.1 O sentido das TICs na Educação e o significado destas no espaço escolar ................. 26 6.1.1 Como aliar tecnologia e educação ...................................................................... 30 6.2. Blog (diário virtual) na educação: da reprodução à produção de conteúdo próprio (Educomunicação) ............................................................................................................ 36 6.3 Blog (diário virtual) como ambiente de aprendizagem em rede ................................. 40 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 46 8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 53 APÊNDICES E ANEXOS ................................................................................................ 56 Lista de blogs educacionais .............................................................................................. 57 Relato da professora parceria ........................................................................................... 58 Imagens do uso de blogs como ambiente de aprendizagem em rede ............................... 60
  • 8. 8 1. INTRODUÇÃO Esta monografia é constituída por uma pesquisa sobre o uso da informática na educação, via construção e manutenção de blogs (diários virtuais), como ferramentas de inclusão digital, social e, acima de tudo, educacional, centrada nas atividades de um projeto de aprendizagem (PA) com alunos regulares e portadores de necessidades educativas especiais (PNEE's) da área de deficiência mental (DM). A pesquisa, que resultou neste trabalho, foi motivada pela necessidade, dentro do curso de Pós-Graduação Latu Sensu Especialização em Mídias na Educação (IFRS/FURG - 2009/2010), de estabelecer uma prática pedagógica a partir das disciplinas teóricas abordadas no ano de 2009; bem como estabelecer um aplicativo teórico à prática escolar que incidiu dessa atividade, que poderá servir como paradigma para futuros projetos nessa área, aliada à tecnologia ao ensino regular e à educação especial. No segundo semestre de 2009 foi elaborado, com base nas disciplinas do curso, um projeto de aprendizagem com alunos da turma de 4ª série do ensino regular da rede pública estadual (turmas 41 e 42, em dois turnos), com o acompanhamento da professora responsável. Foi sugerido aos alunos, com idade entre 10 e 15 anos (mais uma aluna DM de 23 anos), divididos em dois grupos, turmas 41 (turno da tarde) e 42 (turno manhã), que pesquisassem sobre a História do Rio Grande do Sul, cujo conteúdo pertence à disciplina de História, e para melhor desenvolvimento desse tema, foram utilizados espaços diferenciados de aprendizagem (sala de aula, laboratório de informática, biblioteca escolar e saídas de campo), com a publicação de parte desse material em um blog, diário virtual. Com esta monografia busco meios e propostas para comprovar que a informática pode ser uma aliada no processo de ensino-aprendizagem, como instrumento de inclusão educacional, digital e social, e que o blog, em específico, pode ser um ambiente de aprendizagem em rede, dentro da escola e fora dela, pelas possibilidades de interação que o mesmo permite, além do espaço tradicional de ensino-aprendizagem. Portanto, espera-se, ao final deste trabalho, propor uma visão peculiar sobre a aprendizagem em ambientes diferenciados, quando utilizados os multimeios e o trabalho
  • 9. 9 compartilhado, detalhando como ocorre a passagem da informação para o conhecimento, efetivando a flexibilidade cognitiva e a aprendizagem significativa. A metodologia utilizada reuniu as propostas de autores, como D. P. Ausubel, Carl Rogers, artigos, textos e livros disponibilizados pelos professores orientadores; livros, textos e revistas pesquisadas pelo cursista, que tratam da educação, da tecnologia e da educação especial. Nesse estudo e em sua prática, buscou-se utilizar alguns conceitos do Construtivismo, como a Flexibilidade Cognitiva (FC) e a Aprendizagem Significativa (AS). Desse modo, o trabalho está organizado em três capítulos: No primeiro, de maneira expositiva, será mostrado o desenvolvimento da pesquisa no que tange a aspectos em que foram planejadas as atividades, com o enfoque educacional. No segundo, será exposta a análise dos aspectos onde evidentemente ocorreu a inclusão digital, através da prática compartilhada, através dos conceitos construtivistas. No terceiro, será demonstrado, de forma propositiva, como promover a inclusão social de alunos regulares e PNEE’s, a partir do uso da tecnologia no ambiente escolar: os desafios de execução, assim como a diferenciação entre prática pedagógica em sala regular e a efetuada no laboratório de informática. Por fim, encontram-se as considerações finais, com base na pesquisa efetuada e prática desenvolvida durante esse processo de aprendizagem compartilhada, e os anexos, compostos pelas anotações feitas durante esta prática, indicações alguns blogs educacionais, depoimento da professora parceira e breve tutorial do uso do blog como ambiente de aprendizagem em rede, a partir da configuração e permissão de autoria e leitura do mesmo, entre professores e alunos .
  • 10. 1 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Comprovar a possibilidade de o weblog (blog) tornar-se um instrumento de aprendizagem em rede, que simule um ambiente de educação a distância, a partir dos mecanismos de permissão de autoria e leitura do diário virtual. 2.2 Objetivos Específicos - Mostrar as possibilidades tecnológicas do blog; - Pesquisar blogs educacionais e seus conteúdos disponibilizados na rede; - Demonstrar, com duas turmas do ensino fundamental, as possibilidades de tornar o blog em um ambiente de EaD, a partir do uso das permissões de autoria e de leitura, entre professores e alunos; - Divulgar blogs educacionais que compartilham a informação em rede; - Refletir sobre a prática convencional em sala de aula e o fazer pedagógico em laboratório de informática. - Analisar a postura do aluno durante o processo inclusivo.
  • 11. 1 3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO Este trabalho é decorrente do PA desenvolvido em 2009 com duas turmas (41 e 42) de 4ª série do ensino fundamental de escola estadual do Município do Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul, contando com o apoio da professora parceira e regente da referida turma, que já desenvolve desde 2007 parceria com este cursista em outros projetos e atividades, junto ao Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), sob a esfera estadual. A escolha, por parte deste cursista, da professora parceira decorre desta experiência anterior, que envolve parceria em projeto de informática com outras turmas de 4ª série, como o uso de Histórias em Quadrinhos, etc., entre a escola estadual, onde a referida professora está lotada e o NTE, onde o cursista desenvolve as atividades de técnico em informática e multiplicador de informática educativa, núcleo, implantado em escola estadual, que tem entre as atribuições principais a capacitação de professores da rede pública estadual com o uso dos multimeios aliados à educação, mantendo paralelamente projeto de inclusão digital e social com alunos da Educação Especial da instituição. Diante da necessidade de pôr em prática a teoria utilizada na Especialização em Mídias na Educação (IFRS/FURG-2009/2010), foi elaborado o PA com alunos regulares e portadores de necessidades educativas especiais incluídos na mesma, entre eles cegos, cadeirantes e deficientes mentais educáveis, doravante denominados de PNEE’s. A escolha desta turma específica deveu-se justamente a sua especificidade, e pelo fato do cursista e da professora parceira, desenvolverem há três anos projetos colaborativos, envolvendo tecnologia, educação e educação especial, que tem obtidos resultados acima dos esperados, quando utilizada a proposta de PA, como desenvolvido nesta especialização, com sólido amparo teórico. Houve também a possibilidade da utilização de novas ferramentas de interação, como blog, câmera digital, telefone celular, Orkut e msn para trocas. Durante o desenvolvimento desta experiência, diversas ideias foram se aglutinando e dando fundamentação à atividade, sendo coletadas e reunidas no blog, para posterior análise e discussão neste trabalho monográfico. Utilizando o construtivismo, deixamos o projeto em aberto, flexibilizando sua estrutura e também sua execução, pois surgiam imprevistos como tempo chuvoso, falta dos alunos, atividades diversas... que alteravam o planejamento prévio.
  • 12. 1 Mesmo assim, foi possível buscar unidade na diversidade, ou seja, respeitar as limitações e especificidades não apenas da turma, mas de cada aluno, por ser um grupo heterogêneo, alguns com conhecimento e acesso à informática em geral e outros totalmente leigos, mas que interagiram em grupos, onde o acompanhamento pelo método clínico piagetiano, antes das atividades propriamente ditas, permitiu aos educadores adequar atividades ao interesse dos alunos. Mas é de se louvar a disposição da turma em querer aprender e participar coletivamente, o que contribuiu significativamente para essa atividade, que ao final, obteve significado não somente para os alunos, mas para os educadores participantes desta experiência. Assim sendo, além da prática escolar, a experiência em questão proporcionou a discussão pelo cursista, com apoio da professora parceria, sobre a inclusão em sentido amplo, e os desafios e paradoxos da tecnologia e da educação num mundo globalizado não apenas política e economicamente, mas principalmente do ponto de vista tecnológico. Das anotações surgiram indagações, e destas, em pesquisa posterior para a elaboração deste trabalho monográfico, foi possível aliar o suporte teórico às constatações da prática escolar. Dentre elas: a inclusão deve atuar nas esferas educacional, tecnológica e social, mas de que forma? Como motivar o aluno, motivando primeiramente ao educador? É possível utilizar tecnologia aliada à educação sem banalizar o uso do computador? O blog pode mesmo tornar-se um pequeno ambiente de educação a distância? De que forma? Enfim, ideias, indagações que foram encontrando respostas no transcorrer da metodologia da pesquisa, e que se evidenciaram no transcorrer da escrita deste texto. A presente pesquisa, portanto, justifica-se pela necessidade de divulgar aos educadores as possibilidades da tecnologia em geral, e das TICs, em especial, serem incorporadas ao ambiente escolar, via Mídias na Educação, de forma pedagógica (pesquisa, produção de conteúdo e de conhecimento) e não apenas lúdica, como passatempo e diversão. A relevância da pesquisa decorre da observação de que certos blogs educacionais já atuam de forma direta ou indireta como ambientes de EAD, e que tal recurso é pouco utilizado pelos educadores para refletir sobre sua prática escolar, bem como ambiente virtual de aprendizagem presencial, na escola, e de EAD, por professores e alunos, via internet. Tal trabalho é fundamental para estabelecer as novas conexões tecnológicas (do ponto de vista do uso eficiente e significante das mídias na educação) e pedagógicas (mudando os paradigmas do ensino tradicional para a aprendizagem colaborativa).
  • 13. 1 Cabe ao educador do futuro tornar-se o mediador da informação que gera conhecimento a ambos, pois o jovem domina os recursos tecnológicos antes mesmo de adentrar aos bancos escolares, mas tem uma visão meramente lúdica de seu uso, enquanto que o professor vê na máquina um provável concorrente. As máquinas precisam de usuários, ainda não funcionam sozinhas, e cabe ao professor dar um uso significante pelo aluno. Mais do que robotizar as pessoas, precisamos humanizar as máquinas e mostrar as possibilidades de uso compartilhado e colaborativo entre professores e alunos é um dos caminhos para tal. As TICs e as Mídias são meios de atingir um objetivo e não finalidade da educação em si. Até pelo fato de que se pode educar se o uso da tecnologia, mais comumente associada aos meios eletrônicos – embora giz e quadro negro sejam também formas tecnológicas. Mas é improvável, pelo menos ainda, de que uma máquina venha a educar um ser humano.
  • 14. 1 4. REFERENCIAL TEÓRICO CONSTRUTIVISMO: A FLEXIBILIDADE COGNITIVA E A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM AMBIENTE ESCOLAR INCLUSIVO Foram utilizados como referenciais teóricos deste trabalho, alguns conceitos do Construtivismo, como a Flexibilidade Cognitiva e a Aprendizagem Significativa, a partir de teóricos como D. P. Ausubel 1, Carl Rogers 2, , Paulo Freire e Piaget, entre outros, para amparar a prática escolar desenvolvida através de PA com as turmas de 4ª. série do ensino fundamental, possuindo alunos PNEEs, alguns com múltiplas necessidades. Como pesquisado por este cursista, quanto ao trabalho desenvolvido por Carl Rogers (1998): “O rogerianismo na educação, aparece como um movimento complexo que implica uma filosofia da educação, uma teoria da aprendizagem, uma prática baseada em pesquisas, uma tecnologia educacional e uma ação política”. Todos esses itens foram essenciais para a execução da prática escolar, proporcionando de fato a flexibilidade cognitiva e a aprendizagem significativa - conceitos estes que serão abordados adiante -, a partir da percepção de que o aluno interage num laboratório de informática de forma diversa que em uma sala de aula convencional, em função dos multimeios e das imagens, símbolos e signos que a informática proporciona, evidentemente, se utilizada pelo 1 David Paul Ausubel, grande psicólogo da educação nasceu nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, em 1918, filho de família judia, imigrantes da Europa Central, crescendo insatisfeito com a educação que recebera. Após formação acadêmica em território canadense, resolveu dedicar-se à educação no intuito de buscar melhorias ao verdadeiro aprendizado. Totalmente contra a aprendizagem puramente mecânica, torna-se um representante do cognitivismo, e propõe uma aprendizagem que tenha uma estrutura cognitivista, de modo a intensificar a aprendizagem como processo de armazenamento de informações, ao agrupar-se no âmbito mental do indivíduo, seja manipulada e utilizada adequadamente no futuro, através da organização e integração dos conteúdos apreendidos significativamente. Segundo Ausubel, a aprendizagem significativa no processo de ensino necessita fazer algum sentido para o aluno e, nesse processo, a informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do aluno. 2 Carl Ranson Rogers, nasceu em oito de janeiro de 1902, em Ilinois, Estados Unidos. Aos doze anos, foi morar com sua família em uma fazenda e, desde então, passou a interessar-se pelas ciências naturais e pela agricultura.Graduou- se na Universidade de Wisconsin em Ciências Físicas e Biológicas; formou-se em História e Psicologia e, ainda, estudou em um seminário protestante. Em 1928, concluiu seu mestrado e, em 1931, obteve o título de doutor na área de Psicologia. Rogers foi professor em diversas universidades: Ohio, Chicago e Wisconsin, liderando grupos no estudo e no tratamento da esquizofrenia.É conhecido mundialmente como o pai da 'Terapia Centrada na Pessoa'. Esta forma de terapia também é chamada de 'terceira força': é contra o behaviorismo e tem forte base humanista. Roger afirma que o homem apela à vida por meio de auto-realização, ou seja, o organismo tem como motivo básico a sua auto-motivação. Uma de suas obras mais importantes é o livro 'Tornar-se pessoa'. Ele reúne os mais significativos estudos rogerianos.
  • 15. 1 professor com um sentido educacional, acima do meramente lúdico. Há que se ter sensibilização e motivação do aluno, a partir do conhecimento de causa e auto-avaliação do educador. Percebe- se que não raras vezes o discurso educacional e suas teorias têm avançado muito, embora a prática escolar ainda se repita ad nauseaum, ora pelo desconhecimento, ora pelo descomprometimento de alguns educadores com a qualidade do processo ensino-aprendizagem; ora pela falta de tempo ou recursos financeiros para capacitação continuada, ora pelo desinteresse de se qualificar, alegando estar em final de carreira ou, por falta da auto-avaliação, julgando-se auto-suficiente, sem a necessidade de qualificação adicional. Seja em educação como em tecnologia a atualização é necessária, deve ser permanente e continuada. Percebe-se que os objetivos são atingidos quando a informática integrada ao projeto de aprendizagem é utilizada como meio (ferramenta) em que a educação é o fim (a finalidade principal). Entende-se por filosofia da educação dotar o aluno de espírito crítico e emancipador, libertário, e não vincular um currículo escolar a cursos e conteúdos que visem apenas à capacitação do aluno para o mercado de trabalho. Como diz o cientista político Emir Sader (2006): “No Brasil existem projetos de governo, mas não de Nação”. 3 As ações políticas, quando direcionadas à educação nem sempre visam à emancipação do alunado, e sim a sua dependência de programas de governo, que a cada governo mudam a sigla e/ou objetivo. Com base nestas indagações e constatações, o trabalho de pesquisa deste TCC ocorreu em função da questão norteadora e título deste: “Blog como ambiente de EaD”. O que é um blog? Como um blog pode ser utilizado na educação? De que forma um weblog pode comparar-se, dadas as devidas proporções, a um ambiente de EaD? Cabe, antes de mais nada, definir os referenciais teóricos adotados, inicialmente, tratando da aprendizagem significativa, que é um meio de possibilitar um processo educacional inclusivo, utilizando-se as palavra do próprio Carl Rogers (1998): Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência. Durante o PA, observou-se que, com o uso desta teoria, ocorreu a mudança na postura dos alunos, sejam eles regulares ou PNEEs; que, em sala de aula, apesar da estimulação do professor, 3 Palestra proferida por Emir Sader, Seminário Internacional de Gestão Democrática da Educação e Pedagogias Participativas, promovido pelo MEC, Brasília, 2006.
  • 16. 1 são mais dispersos, e que no laboratório de informática mudam o comportamento, interagindo tanto com a máquina, como com os colegas e educadores, o que será melhor evidenciado mais adiante. Ainda, segundo Rogers (1998), a Aprendizagem Significativa possui diversas implicações no domínio da educação, dentre elas: “(...) que a aprendizagem seja significativa pela percepção da problemática e da busca pelos meios prover um ensino compartilhado; da autenticidade do professor frente aos desafios promovendo a interação mútua professor-aluno e o grupo entre si; que o educador precisa aceitar e compreender seu alunado, para assim poder mediar o conhecimento”. Se o professor deve ser o facilitador desta aprendizagem, deve também mediar o conhecimento, utilizando uma metodologia adequada. Primeiramente, os educadores envolvidos no PA utilizam o método clínico de Piaget, que significa uma sondagem preliminar do conhecimento prévio do aluno e de suas áreas de interesse, atuando como um suporte para aplicação dos referenciais teóricos a seguir. A aprendizagem significativa possui sua metodologia própria, calcada em situações que estimulem o aluno à interação, sem ser um estudo dirigido, tampouco um método estruturante, em que o professor interfere de forma indireta, tanto no 4 campo afetivo como cognitivo do educando. Ou seja, conforme Zacharias (2007), Rogers pressupõe que “o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se autodirija, propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na construção do conhecimento”. De outra forma, pode-se dizer que seja unir o conhecimento formal à cultura popular que o aluno já traz para a escola, fruto das influências do meio em que vive, cada vez mais influenciado pelos meios de comunicação de massa – dentre eles, o principal que é a televisão – que adentram à vida do estudante antes mesmo de seu ingresso na escola. Fechar os olhos para esta realidade é virar às costas para um cotidiano já consolidado, onde cabe ao professor desmistificar fatos, provocar o espírito crítico do alunado e promover a cidadania, através de uma proposta educacional que seja ao mesmo tempo participativa e emancipadora. É um grande desafio ao educador, que pressupõe em certo domínio tanto da teoria como da prática. Apesar das críticas a teoria rogeriana 5, cabe dizer que somente com certa dose de idealismo e voluntarismo 4 ZACHARIAS, Vera Lúcia Câmara. Carl Rogers. Centro de Referência Educacional: Consultoria e Assessoria em Educação. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/carl.html>. Acesso em: 23 jul. 2007 5 A grande crítica à teoria de Rogers é feita pela utopia que ela implica, sua teoria é idealista, da corrente também denominada de romântica, irrealizável para seus críticos. Porém, na obra rogeriana são notáveis os seguintes
  • 17. 1 é possível superar essa lógica excludente, tanto do ponto de vista educacional como social. Embora público e notório, cada vez mais nas escolas e nos educadores depositam competências além das educacionais. Problemática gerada no seio familiar, não cabe ao sistema educacional resolver. Afinal, usando as palavras de Carl Rogers: “A escola evita a promoção de atividades significantes”. Paradoxalmente, ora preocupada mais com aspectos formais do que estruturais, ora preocupada em disciplinar do que conciliar. Contraditoriamente, a própria avaliação escolar, quando feita sem critérios de significância, poderá ser um grande fator de exclusão escolar. Assim sendo, há a necessidade de que a escola revise seus conteúdos e práticas, fazendo sua auto-avaliação. Quando uma turma inteira reprova, normalmente culpa-se aquele grupo de alunos, sem cogitar que os critérios de ensino e avaliação do professor podem estar equivocados. Todo excesso e rigor pode ter um significado disciplinador para o professor, mas que para aquela turma será um fator desmotivador. Algumas vezes o professor em sala de aula julga que é a turma deve se adaptar a sua forma de ensinar, e não o contrário. Nesse caso específico o ensino perde sua significação que é de aprendizagem, e passa a ser apenas a memorização do que o educador diz ser certo ou errado, falso ou verdadeiro. Se nem a física quântica pode ainda precisar os enigmas do universo, como pode um professor, por mais capaz que seja, determinar regras tão rígidas para seu pequeno universo que é a sala de aula? O que é então aprendizagem significativa? O que é buscar significado para a própria educação? Como diz Rogers (1998): “A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio”. D’outra forma, torna-se um processo repetitivo e mecânico. Falar em conhecimento mecânico e repetitivo também é paradoxal, em pleno século XXI, diante da revolução que a informática (informação automática) proporciona a cada dia. Para grande parte dos professores que pararam no tempo - que não se atualizam nem sentem necessidade de voltar a aprender -, o aluno ideal é aquele robotizado, que não pergunta, não contesta, não exige um diálogo significante. O professor é o centro daquele pequeno sistema solar/escolar, onde não existem planetas e sim apenas satélites, orbitando ao seu redor. Aquele aluno indagador, não raras vezes, é tido pelo educador como alguém que está a testar seus aspectos: o desejo de mudança, a intenção de realização de algo concreto e a preparação da opinião pública para as mudanças possíveis.
  • 18. 1 conhecimentos, e uma “influência negativa” ao restante da turma. Nesse contexto, a aprendizagem significativa jamais ocorrerá. Foi o psicólogo D. P. Ausubel, nos anos 1960, o primeiro a pensar sobre a aprendizagem escolar em um contexto fora da escola. Nesse contexto, outras condições são destacadas por D. P. Ausubel para que ocorra a AS: “a disposição do aluno em aprender e o conteúdo escolar significativo”. 6 Nos dois pólos em questão, cabe ao professor estimular o interesse do alunado a partir da elaboração de um conteúdo que seja atrativo, aliando a informática e os multimeios como ferramentas deste processo. Analisadas as condições, há que se examinar os tipos de aprendizagem, definidas por Ausubel, que ocorrem no processo educacional, referindo-se às aprendizagens significativa e memorística. A primeira, como o próprio nome indica, causa significado em forma de associação de ideias ao conhecimento prévio do aluno; e a outra, apenas retém dados na memória do mesmo, por causa da repetição continuada. Situações práticas demonstram que a estimulação e a motivação do aluno pelo professor é o diferencial entre um ensino significante - em que educador media o processo de aprendizagem - e um processo mecanicista, em que o professor detém o conhecimento e espera que o aluno atinja os objetivos que este, em sua avaliação, julga necessários serem atingidos, como um estudo dirigido, sem que ocorra de fato um diálogo entre o educador e o educando, entre a informação e o conhecimento que esta gera, quando se utiliza a proposta de projeto de aprendizagem, em que este conhecimento é construído entre ambos. Paradoxalmente, na educação, por mais que seja libertário o discurso, a prática evidencia certo conservadorismo, uma mecânica repetitiva, que pouco avança dentro da sala de aula, desde a disposição dos alunos em fila defronte ao professor, como a utilização linear do livro didático, o uso da biblioteca escolar como depósito de livros ou local de castigo para alunos ditos “indisciplinados”, e, por final, o laboratório de informática, onde o mecanicismo de atividades sem conteúdo pedagógico e apenas lúdico, em nada acrescenta a prática pedagógica significante para o alunado. A reaprendizagem deveria ser a palavra-chave no processo de ensino-aprendizagem entre todos os agentes e sujeitos, avaliando e reavaliando posturas, conteúdos, projetos e competências. 6 Teoria de Ausubel. Disponível em: <http://www.xr.pro.br/Monografias/AUSUBEL.html>. Acesso em: 23 jul. 2007, p.3.
  • 19. 1 Aliado ao conceito da Aprendizagem Significativa, dentro da proposta Construtivista deste PA, utilizou-se também o conceito da Flexibilidade Cognitiva, como um complemento as atividades teóricas e práticas do mesmo. Assim sendo, cabe discorrer sobre esse outro conceito, que igualmente, como o anterior, foi concebido por pesquisadores, fora do ambiente escolar, e posteriormente utilizado como suporte educacional. E que, por experiência empírica e prática, deste cursista, quando utilizada no referido projeto, a partir de observações de outros PAs, inclusive com turmas da Educação Especial, da mesma escola, encontrou amplo reflexo e eficiência, diante de uma atividade que envolveu certa complexidade. Dentro de um PA, há a necessidade de se administrar o tempo, os recursos humanos envolvidos, e a disposição dos alunos em participar de atividade fora de seu contexto educativo tradicional. Mas, nesse caso específico, com o advento da informática como um meio, uma ferramenta de inclusão educacional e digital, com alunos em boa parte sem ter outro contato com os multimeios, que não em atividades desse porte, faz-se necessário promover também a inclusão social. E, consequentemente, a utilização de uma proposta diversa da tradicional. E nesse contexto, o modelo de FC propõe, entre outras coisas, que “(...) para que os estudantes desenvolvam esta flexibilidade cognitiva é preciso que os ambientes de aprendizagem repliquem esta complexidade e permitam a abordagem multidimensional a estudos de casos realistas”; 7 o que pode-se dizer: “promover a interdisciplinariedade e a intertextualidade de práticas, visto que (...) o computador, devido à sua flexibilidade de representações é adequado à construção de tais ambientes de aprendizagem”. 8 De fato, diante da complexidade da educação atual, e da educação especial, em específico - em um processo inclusivo que necessita de força legal impositiva e não apenas anseio social de plena realização -, a informática e o computador, se bem utilizados, podem propor essa flexibilidade na transformação do próprio processo de ensino; que, feito através de projetos de aprendizagem, num laboratório de informática, poderão replicar esses procedimentos, tanto em classe regular como especial, afinal, a máquina deve ser encarada como ferramenta de apoio ao educador. 7 Teoria de Ausubel. Disponível em: <http://www.xr.pro.br/Monografias/AUSUBEL.html>. Acesso em: 23 jul. 2007, p.5 8 Idem. p.5.
  • 20. 2 Portanto, a construção do conhecimento ocorre de forma mais ampla, quando o aluno além de sujeito passa a ser encarado também como agente do próprio processo de ensino- aprendizagem, em que o educador atua mais como mediador do que detentor do conhecimento. Para os construtivistas, o conhecimento não é transmissível de um professor para um aluno, mas construído por este a partir de suas próprias experiências e conhecimentos prévios. Na origem epistemológica do construtivismo está a síntese kantiana do conhecimento. De acordo com Kant, nem o empirismo primário de Locke e nem o nacionalismo puro de Descartes traduzem a relação sujeito-objeto, mas uma síntese destas duas formas de conhecer. Se nem a subjetividade e nem a objetividade isoladamente dão conta do fenômeno do conhecimento, o pós-kantismo propõe a intersubjetividade, verdades consensuais negociadas entre sujeitos sobre o que é o real. Esta percepção deve muito à noção de “jogos de linguagem” de Wittgenstein. 9 Se a educação é baseada a partir da teoria à prática, com base na linguagem - e o uso dessa linguagem poderá ser libertário ou conservador -, a comparação que Wittegenstein faz com o xadrez é mais do que apropriada para a própria educação, em vista de que todos os atores envolvidos no processo educacional representam um papel, e seus movimentos desencadeiam repercussões pró ou contra alguém ou contra si mesmos. A aprendizagem, sob este ponto de vista é um jogo, que de lúdico deverá também tornar-se pedagógico e significante para todos os envolvidos neste xadrez paradoxal que tornou-se a própria educação, em busca de uma significação. Assim sendo, o referencial teórico que moveu este PA, cujo tema é o “Blog como ambiente de EaD”, traz o enfoque construtivista, amparado nos conceitos acima destacados, que deram suporte ao desenvolvimento da experiência, em quatro tipos diferenciados de ambiente escolar (sala de aula da turma, laboratório de informática, biblioteca escolar e saídas de campo com alunos). Das observações feitas, o tema inclusão foi o mote que conecta vários ângulos de abordagem, não apenas focado no aluno, mas também no professor, no gestor e na comunidade escolar, sob os aspectos educacionais, tecnológico e social, respectivamente, como será analisado adiante. 5. METODOLOGIA: O DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA 9 Ibidem. p.2-3.
  • 21. 2 O PA, com a 4ª série de Escola Estadual de Ensino Fundamental, no município do Rio Grande - RS, teve uma professora parceria, já com experiência no uso da informática com alunos do ensino regular e turmas inclusivas; parceria deste cursistas, via NTE - Núcleo de Tecnologia Educacional - Rio Grande, da 18ª CRE - Coordenadoria Regional de Educação. O NTE está vinculado ao CATE - Central de Apoio Tecnológico ao Educando, que pertence ao Setor Pedagógico da Secretaria Estadual da Educação do Estado do Rio Grande do Sul. Como metodologia, utilizamos a PA que previu um encontro presencial de três (03) horas a cada semana, nos meses de agosto a outubro de 2009, totalizando 36 horas, e atividades a distância, de pesquisa e produção de conteúdos, em que os educadores atuaram como mediadores (tutores). Foram duas turmas de 4ª série, primeiramente em encontros presenciais em turno inverso ao que estudavam na escola. Posteriormente, optou-se por fazer os encontros no próprio turno de estudo, pela dificuldade dos alunos se deslocarem de casa para a escola, fora do horário normal de estudo, por conta de falta de tempo e recursos financeiros, entre outras questões. A divisão em dois grupos deveu-se, primeiro ao fato de que eram turmas em turnos diversos. Portanto, 28 alunos da turma 42, estudando pela manhã e 26 alunos da turma 41, estudando à tarde, que participaram das atividades propostas pela regente de classe e o cursista em quatro ambientes diferenciados: a própria sala de aula, o laboratório de informática da escola e do NTE, a biblioteca escolar e as saídas de campo para verem in loco aspectos históricos abordados nos demais ambientes de aprendizagem, seja de forma digital ou impressa. O recorte espacial e cronológico do presente trabalho monográfico restringe-se ao período que antecedeu a criação e finalização dos blogs (diários virtuais das referidas turmas) de agosto/2009 a novembro/2009, durante doze (12) encontros presenciais, totalizando trinta e seis (36) horas/aula, realizadas nos quatro ambientes distintos, acima citados. No laboratório da escola foram utilizadas 10 máquinas, com sistema operacional Linux Educacional 3.0 e internet ADSL. No NTE, foram utilizados 15 (quinze) computadores, com sistema operacional Linux e Windows, com conexão de internet ADSL. Na fase final do projeto, todo o material pesquisado pelos alunos, seja em sala de aula, na biblioteca escolar, na internet e no passeio, com o uso de máquina fotográfica, desenhos, dentre outros, foi colocado em pastas das duas turmas, para posterior classificação e criação de ambiente virtual chamado blog para que cada turma interagisse uma com a outra, sob orientação do cursista e da professora parceira. O nome dos blogs foi escolha, via enquete virtual, nos citados blogs,
  • 22. 2 feita pelos próprios alunos, e as imagens também que servem de banner, fotografias capturadas a partir das saídas de campo. A turma 41, turno da tarde, escolheu o nome do blog de Do Barão Para o Mundo (http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/ ) e a turma 42, turno da manhã, escolheu o título de Chimarrão no Barão (http://chimarraonobarao.blogspot.com). Diante desse contexto informatizado, desenvolveu-se a presente experiência, com o apoio da professora responsável pela 4ª série, bem como da direção da escola e a coordenação do NTE. No que tange aos aspectos em que foram planejadas as atividades do PA, cabe a seguir detalhar a experiência e os desafios do uso de blogs na educação e como possível e aparente ambiente virtual de educação a distância, a partir da própria escola. Analisar o fazer pedagógico na sala de aula e no laboratório de informática; e nos demais ambientes utilizados. Cabe assim, analisar a aprendizagem em diferenciados espaços: Atividades em sala: Durante o segundo semestre/2009, a professora parceira desenvolveu o conteúdo da disciplina de História, cujo tema foi a História do Rio Grande do Sul, aspectos históricos, políticos e culturais. Na sala de aula, foi elaborado a cada conteúdo abordado, um cartaz com a Linha do Tempo, produzido em colaboração entre a professora e seus alunos. Foram também utilizados alguns livros didáticos, com textos e ilustrações, como História Ilustrada do Rio Grande do Sul e Os Farrapos, dentre outros. 10 Atividades no laboratório de informática: Foram utilizados os laboratórios da escola e do NTE. No primeiro encontro (NTE), mostrado o objetivo do PA e solicitada a colaboração dos alunos. O aluno F. (turma 41), que possui deficiência visual, por exemplo, definiu o que para ele 11 era educação a distancia: “é a educação fora do ambiente ou do lugar onde estamos.” Nesses encontros presenciais, os educadores utilizando-se do referencial teórico da Aprendizagem significativa e da Flexibilidade cognitiva, estabeleceram essa parceria também com os alunos, em que aqueles que já conheciam as ferramentas (microcomputador e internet) auxiliassem aos colegas que não tinham tal conhecimento. As trocas foram ocorrendo ao natural. Pesquisando em duplas, e muitas vezes em trios, já que aquele que descobria algo, socializava com os colegas ao lado, e até na fileira detrás. A flexibilidade não foi apenas cognitiva mas espacial, pois não havia limitação quanto ao lugar que deveria ficar, poderiam transitar livremente do local, interagindo 10 Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/livros-utilizados-em-sala-de-aula.html 11 Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/video-sobre-objetivo-do-blog-turma-41.html
  • 23. 2 uns com os outros. Na turma 42, havia o aluno V., cadeirante, que também interagiu com os demais. Atividades na biblioteca escolar: A professora e o cursista, por algumas vezes, aliado à pesquisa feita em sites de busca, como Google, também trouxeram os alunos das duas turmas, cada um em seu turno, para a biblioteca escolar, para que os educandos pudessem também fazer pesquisas em livros didáticos, de literatura revistas, jornais e até histórias em quadrinhos. Os educadores frisaram a necessidade de sempre referenciar a pesquisa, divulgando no trabalho a fonte e a autoria da mesma, para não incorrer em plágio. Frisaram também que os alunos usassem o Control+C e Control+V, quando na internet, mas que, abaixo disso, colocassem com as suas palavras o que achavam de tal assunto e também informando ao leitor de quem era as imagens e outros textos copiados. Afinal, como pós-graduandos, todos também, de certa forma, usando ou não as TICs, o copiar e colar de citações é feito, desde que referenciado. O problema em si não é o copiar, mas o apenas copiar, não mencionar origem e nada contribuir além da cópia. Atividades de saídas de campo: Durante o PA, diversas saídas de campo com as turmas, ora juntas, ora em turnos inversos, ou até mesmo no próprio turno, foram efetuadas, com a participação da professora regente e do cursista. Foram momentos enriquecedores, principalmente para o cursista, que como especialista em História do Rio Grande do Sul: sociedade, política e cultura (FURG-2006), pode também, além de pesquisador e executor de um PA, ser um educador em sentido amplo, podendo dar verdadeiras aulas ao ar livre, nos mais 12 variados espaços. Na Bibliotheca Rio-Grandense , em Rio Grande-RS, os alunos puderam visitar os seis andares, transitar pelas diversas salas de exposição e conhecer o acervo de uma das maiores bibliotecas do estado, e uma das mais antigas. Tiveram acesso a livros raros, puderam fazer anotações, tirar fotos, entrevistar os funcionários. Os alunos mais agitados no espaço convencional foram os mais atentos naquele ambiente diferenciado, enquanto os mais concentrados no ambiente regular, continuaram como tal e em alguns casos, até dispersos. Na 13 visitação a Charqueada São João , em Pelotas, as duas turmas em questão, foram também acompanhados por turmas da Educação Especial, de turmas de 7ª e 8ª série, além de outros professores e até pais de alunos. Lá, os professores puderam dar aulas ao ar livre, e ainda receber aulas do guia do local, que contou aspectos históricos e curiosos da charqueada, onde se curtia ao 12 Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/momentos-de-interacao-estudo-e-inclusao.html 13 Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/contando-do-meu-passeio-ao-museu-e.html (depoimento de aluna, com ilustração).
  • 24. 2 sol a carne salgada para tornar-se o charque, uma das riquezas do Rio Grande do Sul, e um dos motivos da Revolução Farroupilha, quando de sua maior taxação e incentivos a importação do 14 charque uruguaio. Na visita ao Jornal Agora , os alunos e educadores, recepcionados pelo próprio proprietário, puderam conhecer todo o processo de criação e elaboração de uma edição de jornal, desde a redação até a área de impressão do mesmo. Como o blog é um diário ou jornal virtual, os alunos se interessaram em saber o que faz o repórter, o fotógrafo, o editor, o redator, o revisor, etc, entrevistando os funcionários do jornal. Na visita ao Memorial Militar Silva Paes 15 , Museu do 6º GAC (Exército Brasileiro), foi possível ver a réplica do Forte Jesus Maria José, erguido pelo Brigadeiro José da Silva Paes, fundador do Município do Rio Grande, em 1737. Viram também trajes militares de época, armamentos e cenas de uma linha do tempo, da fundação até os dias atuais. Por fim, ocorreu em 28/11/2009, a 2ª Mostra Cultural da Escola Barão 16, onde os alunos, em sua sala de aula, puderam mostrar aos visitantes (pais, outros alunos e a comunidade em geral), um pouco de seu trabalho sobre a História do Rio Grande do Sul. Atividades no blog: Através dos encontros presenciais no laboratório de informática da escola, e também do NTE, os alunos foram convidados a postar material no ambiente virtual de aprendizagem criado para cada turma (blog); entretanto, diante da idade dos mesmos, os educadores perceberam que esses alunos não teriam a devida maturidade para coordenar atividades complexas de produção de material. Foi então que, em comum acordo, professora e cursista resolveram que os alunos atuassem de forma clássica, como tutores, publicando material e mediando a visitação dos blogs, mediante acesso restrito aos integrantes das duas turmas, mas posteriormente, como isso também era complexo para aqueles que não dominam os multimeios, nem tinham acesso aos mesmos, optou-se por disponibilizar-se o acesso livre a todos, inclusive pais e comunidade em geral. Foi, então, proposto aos alunos algumas atividades que poderiam ser feitas em dias diversos, nos laboratórios da escola e NTE, ou no computador de casa, de amigos e vizinhos ou de lan houses, dentre elas: que eles comentassem uma postagem no próprio blog, depois no blog da outra turma; que participassem da enquete para escolha da imagem para ilustrar os blogs, frutos das saídas de campo (e, curiosamente, sem conhecimento uma da outra, ambas as turmas escolheram a mesma imagem, todos reunidos em torno do Monumento a Silva Paes, fundador da cidade). Na atividade 4, em tese, a distância, propôs-se que os alunos 14 Vide: http://chimarraonobarao.blogspot.com/2009/11/visita-ao-jornal-agora-de-rio-grande-rs.html 15 Vide: http://chimarraonobarao.blogspot.com/2009/11/fotos-da-visita-ao-memorial-militar.html 16 Vide: http://dobaraoparaomundo.blogspot.com/2009/11/2-mostra-cultural-da-escola-e-mostra.html
  • 25. 2 visitassem alguns blogs sugeridos e outros por eles mesmo pesquisados, cuja temática fosse a história e a cultura gaúchas. Foram assim, quatro atividades sem um grau de complexidade maior, para fomentar o interesse na busca e incentivo à opinião. Os resultados foram satisfatórios, podendo-se perceber através de depoimentos dos próprios alunos, publicados no blog. 17 Dessa forma, o processo de organização do PA aconteceu através de reuniões deste cursista e professora regente e parceria, em dias que antecediam as atividades propostas. Tanto no ambiente tradicional, como no ambiente virtual, foi incentivada a participação coletiva dos alunos, e toda a produção e contribuição dos mesmos encontram-se registradas nos blogs acima citados, respeitando a especificidade das turmas de 4ª série com alunos PNEEs incluídos e a relativa complexidade para eles da construção de uma minipágina chamada blog. Em anexo, encontra-se depoimento da professora parceria sobre o PA, e que também serviram de base para este TCC. Esse estudo está, portanto, organizado em três capítulos: primeiramente, mostrando o desenvolvimento da pesquisa, com o enfoque educacional. No segundo capítulo, encontra-se a análise dos aspectos onde ocorreu a inclusão digital. E, no terceiro, fica demonstrado como promover a inclusão social de PNEE’s, a partir do uso da tecnologia no ambiente escolar, como a diferenciação entre prática pedagógica em sala regular e a efetuada no laboratório de informática. Nas considerações finais, apontam-se propostas de inclusão educacional, tecnológica e social, a partir das reflexões do PA. 6. RESULTADO E DISCUSSÃO: 6.1 O SENTIDO DAS MÍDIAS NA EDUCAÇÃO E O SIGNIFICADO DESTAS NO ESPAÇO ESCOLAR INCLUSIVO 17 Vide: http://chimarraonobarao.blogspot.com/2009/11/alguns-trechos-de-depoimentos-dos.html (depoimentos de alguns dos alunos).
  • 26. 2 A criança hoje fica confusa ao entrar num ambiente que remonta ao século 19 que caracteriza a estrutura educacional onde a informação é escassa, porém ordeiramente enfileirada em seus fragmentos, com os assuntos classificados em padrões e agendas. (Marshall McLuhan, 1967). Diante do que foi apurado, durante o desenvolvimento desta experiência, através de PA, cabe refletir e pensar as mídias no ambiente de ensino-aprendizagem e repensar a própria arquitetura escolar; enquanto espaço físico e espaço virtual, e como neles acontece a aprendizagem. Mas, antes disso, é preciso, primeiramente, definir que o que se entende por TICs são todos os multimeios que compõem as Tecnologias da Comunicação e da Informação, que comumente são associados aos meios eletrônicos (computador, celular, TV, internet, etc). Porém, por TICs também podemos considerar coisas mais prosaicas como giz e quadro negro, livro, rádio, jornal, revista e todo tipo de tecnologia que informa e comunica algo a alguém. Diante dos meios eletrônicos, principalmente a internet, ou a rede mundial de computadores, que aproxima pessoas, mundo afora, nunca se falou e se enviou tantos e-mails (mensagens de correio eletrônico), mas paradoxalmente, nunca se falou tão pouco, à medida que as mensagens às vezes são repassadas numa corrente infinita – produção de terceiros - sem sequer um encaminhamento, uma mensagem simples, como um “Olá, como vai?” Há uma certa impessoalidade nessas remessas de dados, sem uma maior afetividade entre o remetente e seu destinatário. Também faz-se necessário conceituar o termo “mídia” e “mídias na educação”. O primeiro, indica os meios de informação e de comunicação, promovendo a integração entre um emissor e um receptor, como a TV, o rádio, o videocassete etc. No segundo caso, é a utilização desses recursos com um enfoque educacional, não somente como caráter reprodutor de material já pronto, mas que permite também a adaptação, criação e recriação de material próprio, a partir da intervenção do educador em seu meio: a escola, a turma, o aluno e a própria comunidade. Dessa situação surge um novo desafio ao educador: A primeira questão crucial pode ser assim formulada: como poderá a escola contribuir para que todas as nossas crianças se tornem utilizadoras (usuárias) criativas e críticas destas novas ferramentas e não meras consumidoras de representações novas de velhos clichês?
  • 27. 2 A esta questão acrescenta-se outra ainda mais crucial e urgente: como pode a escola pública assegurar a inclusão de todos na sociedade do conhecimento e não contribuir para a exclusão de futuros 'ciberanalfabetos'? (BELLONI, 2005, p.8) Nesse contexto, cabe ao educador mediar essa informação dispersa e proporcionar ao alunado uma forma de gerar conhecimento, e que esse conhecimento através de atividades integradoras de maquinários e usuários, possam gerar conhecimento e significação mútuo a todos os envolvidos em determinada comunidade aprendente. O que torna mais atual o pensamento freireano, analisado hoje sob o enfoque tecnológico e não apenas educacional, quando escreveu no livro Pedagogia do Oprimido (1987), que “(…) ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Em um contexto tecnológico educacional, cabe ao educador assumir para si essa responsabilidade de mediatizar e mediar o mundo escolar, dando sentido ao maquinário pelo jovem usuário, o aluno. Entretanto, mais que o equipamento, o espaço também deve ser mediatizado, pois espaços diferenciados de educação requerem formas diferenciadas de educar. Diante da cada vez maior inserção da tecnologia no cotidiano social e da necessidade da educação e dos educadores se incluírem nesse processo, considera-se que as Mídias possuem um papel fundamental nesse intercâmbio entre professores e alunos, em vista de que o jovem domina melhor os multimeios que o adulto, mas não tem a devida compreensão de como tais equipamentos e recursos tecnológicos podem servir ao ensino e à aprendizagem. Cabe ao educador, conectado com o seu tempo, mediar esse fusão entre o tecnológico e o pedagógico, dando significação as TICs e as mídias no ambiente escolar. Afinal, para Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia (1987): “Educar é ter a consciência do inacabamento” e que “a leitura de mundo antecede a da palavra”. Em um mundo dominado pela imagem antes da palavra, nada como promover a convergência entre tecnologia e educação em um espaço virtual e colaborativo, espaço esse que, conforme Ausubel, deve “replicar o mundo do jovem”. Para o uso adequado de espaços diferenciados de interação com o aluno (sala de aula, laboratório de informática, biblioteca escolar e saídas de campo), faz-se necessário planejamento prévio, uma orientação às atividades propostas, e certa flexibilização de posturas e práticas educacionais, com base no construtivismo, em que o aluno é estimulado a buscar soluções para as próprias indagações, quando amparadas em conteúdos curriculares e a mediação do educador. Neste contexto, há que se buscar na complexidade a unidade sem confundir diversidade com adversidade, comumente associadas por aqueles que temem o que desconhecem. As mídias
  • 28. 2 no ambiente escolar provocam certos receios nos educadores sem formação para lidar com essa nova realidade. Àqueles que já se incluíram neste processo e integraram as tecnologias e os multimeios em geral à sua prática pedagógica, já não temem tais ferramentas, que antes eram vistas como recursos tecnológicos e agora mostram possibilidades educacionais. De fato, ao iniciar o referido PA, tivemos que lidar com múltiplas realidades sociais e educacionais nas duas turmas em questão, lidando também com alunos regulares e incluídos, PNEE's. A inclusão proporciona também que os professores abandonem os métodos tradicionais de educação. Necessita-se de um engajamento entre todos os setores da escola, para que juntos solucionem as maiores dificuldades enfrentadas, através de debates, avaliação continuada e proposição de idéias a serem implantadas conforme a receptividade, ouvindo-se as partes envolvidas. Dentre essas proposições poderiam sugerir a possibilidade de quem fossem disponibilizados a todos os setores da escola e aos interessados da comunidade, informações sobre o processo inclusivo e a forma de participação, pois este não deve ficar restrito à equipe diretiva e ao professor em sala de aula. (BRASIL ROIG e FREITAS, 2005, p.20). O cursista e a professora parceira precisaram adaptar a ideia inicial de tornar o blog em ambiente de Educação a distância, para um ambiente de aprendizagem em rede, em função da realidade social e educacional do alunado. Além do fato de serem alunos muito jovens, que careciam de maturidade adequada para a produção de conteúdo, e sim a mediação do mesmo, pelo cursista e a professoras parceira, atuando como tutores. Foi preciso trabalhar com uma proposta não tão ampla, mas mais restrita à realidade em questão, pois alguns alunos possuíam computador e internet em casa, outros, sequer tinham mexido num mouse e teclado. Mas ambos os grupos, durante o desenvolvimento do projeto, acabaram interagindo. Para que uma inclusão seja eficiente é necessária a superação de algumas dificuldades enfrentadas, como: (...) as escolas não recebem auxílio financeiro para se garantir o mínimo necessário para a manutenção de uma educação de qualidade. Não há investimentos satisfatórios na qualificação de professores. Algumas escolas não possuem infra-estrutura adequada; o transporte escolar em muitos lugares é precário (...) Muitas vezes a própria avaliação curricular é uma forma indireta de exclusão, quando remete o aluno à reprovação e a conseguinte evasão escolar (BRASIL ROIG e FREITAS, 2005, p.31-32). Dentro de uma perspectiva integradora, pode-se concordar plenamente com os autores a respeito de que
  • 29. 2 (...) A escola não está preparada para aceitar o diverso, tanto do ponto de vista do aluno, como da diversidade de opinião de professores, funcionários e pais. A maioria prefere trabalhar com o chamado aluno-modelo, aquele que não dá nem traz problemas. O aluno-problema, como é rotulado, em raras oportunidades têm investigada as causas da rebeldia e indisciplina, muitas vezes de ordem econômica, social e/ou familiar. (BRASIL ROIG e FREITAS, 2005, p. 32) Assim sendo, a inclusão, seja de alunos regulares e/ou PNEE’s em espaços informatizados é plenamente realizável se o educador conhecer as limitações de seus alunos e reconhecer às próprias, estabelecendo de antemão parcerias com a comunidade escolar, através de planejamento que envolva todos os segmentos representativos da escola, como apoiadores e conhecedores deste projeto e processo. A prática nesta experiência, mais que um PA é um processo contínuo de aprendizagem sobre a própria inclusão, em sentido amplo, que pressupõe não ter respostas prontas e sim perguntas a serem respondidas durante o planejamento, a execução e sua análise. É um processo paradoxal e necessário, pois a informática e a educação precisam reavaliar o papel de cada uma em um ambiente escolar que se propõe emancipador. Da mesma forma, o espaço de aprendizagem diferenciado requer também uma postura diferenciada do educador. Em sala de aula, o método expositivo, com alunos enfileirados, cada um na sua carteira e cadeira não é o modelo ideal de atuação num laboratório de informática, onde os alunos precisam interagir com a máquina e o grupo. Num laboratório de informática percebe-se que essa interação, se flexibilizada essa postura expositiva, por uma mediadora, permitindo que os alunos levantem e sentem um do lado de outro, muitas vezes dois ou três por máquina, favorece a própria aprendizagem em rede, no sentido de rede lógica (informática), como rede social tanto no mundo virtual como no real), pois aproxima aqueles que conhecem os multimeios daqueles que estão aprendendo a sua manipulação. Nesse convívio amplo, a aprendizagem ocorre de forma também ampla, pois as descobertas são de ambos. Já a atuação do educador, dentro de uma biblioteca escolar, deve ser a de estimular a pesquisa de outras fontes de informação, que não apenas a virtual, favorecendo que o alunado folheie os livros, veja as figuras, anote dados e autoria dos mesmos, dando vida a um espaço comumente associado a mero depósito de livros, por alguns. Por fim, no espaço mais amplo de interação, que é a saída de campo, cabe ao educador dar sentido a essa atividade, para que não se configure mero passeio ou atividade lúdica, mas que seja um espaço a mais para proporcionar uma interação entre o social e o educacional, ainda mais que
  • 30. 3 a atual geração é muito visual, vinculada a imagens, e um conteúdo já visto em sala de aula e visitado in loco poderá favorecer ainda mais a aprendizagem. As saídas de campo (ao jornal Agora, à Bibliotheca Rio-Grandense, ao Museu Militar e a Charqueada São João), durante o projeto, proporcionaram aos alunos o que a aula expositiva, a pesquisa virtual e o manuseio do livros fundamentaram. Espaços diferenciados requerem formas diferenciadas de interação. 6.1.1 COMO ALIAR TECNOLOGIA, MÍDIAS E EDUCAÇÃO A informação, o conhecimento e a aprendizagem são formas, se integradas e divulgadas adequadamente, via escola, uma boa ferramenta de convergência social, através da socialização dos meios digitais e educacionais, e o blog, por ser uma mídia de fácil acesso, criação e utilização, pode ser um desses meios de divulgação da prática escolar. De acordo com Bordoni (2002), (...) Sabemos que em todas as instâncias nas quais educadores reúnem-se para discutir sobre educação, parece haver um consenso de que a educação básica deveria visar fundamentalmente a preparação para o exercício da cidadania, cabendo a escola formar o aluno em conhecimentos, habilidades, valores, atitudes, formas de pensar e atuar na sociedade através de uma aprendizagem significativa. Isto implica em uma análise dos instrumentos e processos presentes nas instituições educacionais. O que encontra reflexo em Dowbor (2006): “(...) quando não se entende a nossa realidade, como se faz planejamento? Sobre qual realidade planejar?” E, na sua opinião: “A compreensão dos problemas locais inseridos na análise curricular, reconstruindo-o”. O que significa a sociedade constituída, através de seus conselhos municipais, tutelares, escolares e outros, assumir, de fato, para si, uma responsabilidade consultiva, deliberativa e fiscalizadora. E não meramente referendadora dos gestores escolares e/ou públicos. “Aprender a aprender” seu papel social, sem delegar a terceiros o que é de sua competência. A meu ver, discutir avaliação e aprendizagem, envolve muito mais de que discutir “formas de avaliação” ou “metodologias”. Envolve questões fundamentais de ordem
  • 31. 3 ética; Por que sou professor/ supervisor/ diretor? Qual o sentido, para mim mesmo, daquilo que ensino? Qual a utilidade para a sociedade? Que tipo de aluno/cidadão quero ajudar a formar? Será que toda boa avaliação não deve começar por uma auto-avaliação do educador? O que estamos avaliando, afinal? O nosso aluno ou o nosso trabalho (que é também do aluno)? (BORDONI, 2002). Dessa forma, o educador, seja em sala de aula regular, inclusiva ou em projeto de aprendizagem, deve considerar a avaliação do alunado paralela à sua própria auto-avaliação, comparando se as propostas iniciais do planejamento escolar em suas mais variadas atividades fora alcançado no transcorrer do processo de ensino-aprendizagem, se houve interação da turma e apreensão do conhecimento, se houve interesse dos alunos em ampliar seu horizonte, interagindo com o colega, enfim, uma série de itens observados interna e externamente pelo professor. O educador deve avaliar o seu entorno, mas também o seu interior, como se a atividade foi prazerosa para ambos os lados ou ainda se o aprendiz contribuiu para descobertas mútuas, ainda mais quando de trata do uso da tecnologia na educação. Com a utilização da aprendizagem significativa e da flexibilidade cognitiva, dois pilares do construtivismo, nota-se que o aluno atua motivado por uma prática diversa da tradicional, pois é convidado a ser agente e não apenas sujeito do processo de aprendizagem. A escola foi constituída em seus primórdios como estabelecimento instrucional calcado na disciplina, ainda que autoritária para os padrões modernos, e não raras vezes, ainda não se desvencilhou dessa trágica herança. O chamado aluno-problema é indesejado por muitas escolas e professores, que preferem, paradoxalmente, o aluno “robotizado”, muito antes do advento da informática educativa. E com a escola atua diante desse tipo de aluno? A resposta que a escola dá a isso é, por vezes, acentuar procedimentos repressivos, impor recursos disciplinares ou atribuir os problemas a fatores externos tais como desequilíbrio familiar, imaturidade do aluno, ou os incontáveis problemas de aprendizagem. Isto ocorre muitas vezes por falta de conhecimento pedagógico dos diretores das instituições escolares que estão mais preocupados com a empresa do que com o processo, ou pela falta de atualização dos profissionais da escola (professores acomodados no saber específico e fragmentado, supervisores ritualistas, voltados para procedimentos, falta de equipe) e também porque sendo muito dinâmico, o ambiente escolar acaba sendo levado pelo urgente, esquecendo o importante (apagar o incêndio em vez de descobrir o foco do fogo). A teoria é conhecida por muitos, colocá-la em prática é o mais difícil. (BORDONI, 2002). Diante da frase final da citação acima, pensando em educação, como não se recordar dos versos do cantor e compositor mineiro Beto Guedes: “(...) a lição sabemos de cor, só nos resta
  • 32. 3 aprender (...)”? 18 Mas, aprender de que jeito, quando envolve não apenas questões disciplinares, mas de desconhecimento ou receio de tratar da educação inclusiva? (...) Uma aprendizagem significativa está relacionada a possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos e formas de inteligência, permitindo aos estudantes usar diversos meios e modos de expressão. De fato, se analisarmos os princípios da aprendizagem significativa já não parece ter lugar a concepção dominante de inteligência única, que possa ser quantificada e que sirva como padrão de comparação entre pessoas diferentes, para apontar suas desigualdades. (BORDONI, 2002). A escola que se propõe moderna, precisa não só ser flexível, maleável quanto as suas normas e condutas, seja com o professor, pais, funcionários e/ou alunos. Mais que isso, deve ser centrada na figura do aluno, pois é em função deste que são constituídos imóveis, móveis, utensílios, recursos humanos, financeiros e tudo mais que compõe o ambiente escolar. Entrementes, não raras vezes, do currículo ao horário escolar, do projeto político-pedagógico ou regimento escolar a figura central passa a ser o professor. Aparente inversão do caráter social da educação. Para o professor a escola é profissão, ainda que possa também ser vocação, mesmo que não seja tal postura obrigatória. Porém, para o aluno a escola é ou deveria ser um local de formação, instrução, conhecimento e aprendizagem coletiva, solidária, colaborativa, emancipadora e libertária. A educação moderna não pode ser pensada como ato de induzimento ao acerto, no estilo questionário de perguntas prévias para respostas fixas. Educar é incentivar o diálogo, e não apenas um monólogo expositivo de um professor diante de um alunado enfileirado. Não há uma verdade absoluta. Cada qual, seja professor ou aluno, traz em si verdades e informações que podem, na troca de experiências, convergirem para o senso comum e o bom senso. Nesse contexto a interdisciplinaridade pode ser um grande aliado de ambos, pois, como evidenciado neste PA, a aprendizagem pode ser tão eficiente numa biblioteca, na sala de aula ou em um passeio ao redor da escola, mostrando elementos teóricos através da visão prática, como também em um laboratório de informática. A máquina é ferramenta que prescinde de usuários, que podem ser o professor e sua turma, que aprenderão em conjunto, ora amparado o primeiro em suporte teórico, ora feita a descoberta pelos segundos de forma empírica. Educar é um ato social e socializante. De acordo com Rezende & Cola (2004), algumas teorias, hoje, adotadas por educadores tiveram sua origem fora da escola, sem que seu objetivo 18 Versos da canção Sol de Primavera (1980).
  • 33. 3 principal fosse a adoção das mesmas em ambientes escolares, como a Teoria da Flexibilidade Cognitiva (TFC). É necessário reafirmar que diante da complexidade que é a inclusão de PNEE’s e da tecnologia educacional, seja em ambientes educacionais inclusivos ou não, pode-se usar a flexibilidade cognitiva para a obtenção de uma aprendizagem significativa, ainda mais quando ocorre baixo rendimento, seja em decorrência da distração ou desinteresse do aluno pelo método tradicional de ensinar ou não. Não apenas o computador pode promover a FC e a AS. Conforme reiterado no transcorrer deste texto, outros ambientes convencionais dentro de uma escola, se flexibilizado o seu uso pela criatividade e habilidade do educador podem atingir os mesmos objetivos que o artefato tecnológico de última geração. A internet, conectada ao computador tem socializado de forma mais abrangente a informação e o conhecimento do que qualquer outro meio de comunicação, ainda que proporcionalmente a outros meios (rádio, TV e jornal), seu acesso ainda esteja restrito. Contudo, algumas escolas públicas, principalmente em cidades do interior do país já contam com telecentros, abertos não apenas aos alunos e professores, mas a comunidade escolar e a população em geral, atuando como locais de inclusão digital e social. Nesse convívio a linguagem linear vai cedendo cada vez mais espaço para a hipertextualidade, que é uma linguagem derivada da informática e da internet, que conduz a um labirinto de possibilidades de leitura e compreensão de um texto. Troca-se a postura da verdade absoluta dos fatos pela verdade de cada região. Integrar os conteúdos curriculares pela interdisciplinaridade requer sintonia fina entre corpo docente e equipe diretiva, em sentido amplo, e entre professores parceiros quando fundem conteúdos e competências nem um mesmo projeto de aprendizagem, como foi o caso deste PA, em que amparou-se na trajetória profissional da professora, parceira em outros projetos de aprendizagem, aliada a experiência deste cursista com a tecnologia educacional. Ambos dependeram um do outro para desenvolver plenamente o projeto comum, que aliava as séries inicias do ensino fundamental, como alunos PNEEs incluídos, à tecnologia educacional, área comum a um e outro, respectivamente. Além do construtivismo, optou-se por uma abordagem interdisciplinar no transcorrer do PA, como forma de explorar conteúdos e dinamizar competências. A interdisciplinaridade é considerada por Santomé (1998) como uma proposta acima de tudo progressista e desafiadora já que o avanço do conhecimento sempre teve estreita relação com novos questionamentos e reformulação de antigos conceitos em novas
  • 34. 3 perspectivas. Além disso, o estudo interdisciplinar pode levar especialistas de uma determinada área do conhecimento a se sensibilizarem por questões nunca levantadas nos seus domínios e a se sentirem desafiados a rever seus conceitos sobre antigas questões à luz de novos conhecimentos adquiridos no intercâmbio com outras disciplinas. (REZENDE e COLA, 2004, p.5). Ainda, segundo Rezende & Cola (2004), pode-se perceber, atualmente, que “(...) a demanda pelo interdisciplinar não é meramente acadêmica ou um privilégio científico, mas, acima de tudo, uma demanda social”. Há professores que optam pela simplificação das práticas escolares, utilizando o livro didático como bengala, como disse Monlevade (2006), assessor parlamentar do Senado para a área da educação. O próprio computador pode ser a bengala da nova geração se optarem por atividades mais lúdicas e simples, do que pedagógicas e mais complexas. O educador moderno deve buscar a complexidade para suas ações e de seus alunos, já que de simples a vida, dentro e fora da escola, nada tem. Para o professor, complexo é utilizar as novas tecnologias, coisa simples para o jovem, que considera complexas certas disciplinas, que para o adulto já não o é. Desse diálogo complexo entre a teoria e a prática, pode ocorrer a simplificação para o choque de gerações e o paradoxo motivado pela a inclusão das tecnologias no dia-a-dia da sociedade antecipando a capacitação do professor, se o educador abandonar esta postura de Magister Dixt – o mestre disse! Se o professor desconhece a realidade de sua turma de ensino regular, desconhecerá ainda mais a necessidade do aluno PNEE integrado em turma inclusiva. Se o professor desconhece a realidade social de seu alunado, e credita atos de indisciplina apenas a um caráter agressivo deste, sem avaliar outros aspectos, não apenas sócio-econômicos, afetivos, familiares, poderá virar as costas para a sua própria prática escolar equivocada, sem a devida auto-avaliação. Em algumas escolas proibi-se o boné (quase a segunda pele do aluno do sexo masculino), considerando desrespeito, noutras é proibido o uso de celular, e em algumas universidades, até o acesso ao blog não é permitido. Diante de tal complexidade, Contextualizar, segundo Morin (2004) implica situar todo acontecimento, informação ou conhecimento em relação de inseparabilidade com seu meio ambiente – cultural, social, econômico, político e natural, além de incitar a percepção de como este o modifica ou explica de outra maneira. Este tipo de pensamento, torna-se um pensamento do complexo pois procura as relações e inter-retro-ações entre cada fenômeno e seu contexto, as relações de reciprocidade todo/partes: como uma modificação local repercute sobre o todo e como uma modificação de todo repercute sobre as partes. (REZENDE e COLA)
  • 35. 3 Conhecer a complexidade de seu alunado, eis o grande desafio do educador, que só poderá conseguir amparo às suas atividades se ampará-las num suporte teórico consistente, que no caso em questão obteve êxito com as propostas construtivistas, já amplamente destacadas. Se o professor não conhece de fato a própria turma, se não busca alternativas ou não são oferecidas a ele, não há como se falar em processo de aprendizagem, se o próprio agente deste processo também não é aprendiz, não no sentido de subordinação a alguém superior – o Magister Dixt -, mas ao sentido emancipador. Só se superam desafios que se busca aprender e apreender soluções efetivas e executáveis para tratar temas que envolvam certa complexidade. Não há manual, por melhor escrito que esteja, capaz por si só de resolver todas as questões crucias que envolvem a educação, se o professor não se integrar ao processo de socialização do conhecimento, participando como mediador e também, quanto a questão tecnológica, como aprendiz, já que o alunado pode contribuir como aluno-monitor, como antes citado, nessa inclusão em sentido amplo, em que todos de uma forma ou de outra acabam sendo agentes e sujeitos sociais. Parafraseando Paulo Freire: “Ninguém aprende sozinho, todos aprendem em comunhão”. Por mais paradoxal que seja a realidade das escolas brasileiras relativas tanto à educação como a integração da tecnologia na prática escolar, há diversas e desconhecidas propostas inovadoras de professores unindo a simplicidade e eficiência à praticidade. Saber divulgar tais experiências como propostas da escola e dos gestores e não apenas de professores isolados, é o grande desafio tecnológico, educacional e social. Dessa forma, o blog como um ambiente de aprendizagem em rede, que tanto pode ser aberto e sem restrições de acesso, ou restrito apenas ao professor e seus alunos, mediante convite enviado para uma conta de e-mail de cada um para leitura e co-autoria, pode ser um espaço virtual que simula, replica essa complexidade de um ambiente de EaD, onde é possível professor e alunos interagirem dentro de uma proposta de flexibilixar o próprio espaço escolar, além do convencional. Neste PA, o que se colocou em prática foi tornar o blog em um espaço de aprendizagem em rede, em sentido amplo, disponível o acesso aos alunos, para visitação e comentário, tanto no laboratório de informática da escola como noutro local (lan house, casa, etc), como ampliar esse sentido de rede, para o termo rede social, incorporando outras formas de interação, como MSN, orkut, sms, além das postagens nos blogs, complementando o que fora tratado nos espaços
  • 36. 3 físicos, como sala de aula, biblioteca, laboratório de informática e saídas de campo, com a sua divulgação no ambiente virtual, tanto aos próprios alunos envolvidos, como a comunidade escolar (demais alunos e professores da escola, além de pais e visitantes diversos). O próprio título dos blogs evidenciou esse sentido dado pelos alunos, de levar adiante o que queriam mostrar. “Do Barão para o Mundo” e “Chimarrão no Barão”, demonstram esse interesse das duas turmas de tratar do particular, mostrando ao universal. Além do sentido tecnológico e educacional, um sentido social, de mostrar ao mundo o que eles pesquisaram. 6.2 BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) NA EDUCAÇÃO: DA REPRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE CONTEÚDO PRÓPRIO (EDUCOMUNICAÇÃO) De acordo com a Wikipedia, a enciclopédia livre e colaborativa, a partir da contribuição de milhares de pessoas mundo afora: O termo "weblog" foi criado por Jorn Barger[2] em 17 de dezembro de 1997. A abreviação "blog", por sua vez, foi criada por Peter Merholz, que, de brincadeira, desmembrou a palavra weblog para formar a frase we blog ("nós blogamos") na barra lateral de seu blog Peterme.com, em abril ou maio de 1999. Pouco depois, Evan Williams do Pyra Labs usou "blog" tanto como substantivo quanto verbo ("to blog" ou "blogar", significando "editar ou postar em um weblog"), aplicando a palavra "blogger" em conjunção com o serviço Blogger, da Pyra Labs, o que levou à popularização dos termos. 19 Inicialmente, o blog foi utilizado por adolescentes, como diário virtual, para reflexões amorosas, escrever poemas, ilustrados por imagens, etc. Posteriormente, a ferramenta foi sendo usada por jornalistas, criando suas páginas virtuais, até que os educadores se apropriaram do recursos como forma de divulgação de ideias, atividades e projetos educacionais próprios ou de escolas. O blog é um grande recurso de mídia, apesar de ser uma pequena página, de fácil criação e manuseio, que permite que seu autor o utilize informalmente para publicar desde textos e imagens, até vídeos e outros recursos, e está organizado de forma cronológica inversa (as 19 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog. Acesso em 22 jun. 2010.
  • 37. 3 primeiras postagens ficam abaixo, e as mais recentes, em destaque, no alto da página). Um blog pode ser individual ou coletivo (colaborativo), através do uso das permissões de leitura ampla ou restrita a um grupo, ou de co-autoria, também através de convite enviado pelo seu criador e administrador principal. Existem diversas ferramentas de criação de blogs, dentre elas o Blogger (https://www.blogger.com) e o Wordpress (http://wordpress.org). Manter um blog é tão simples como enviar uma mensagem de correio eletrônico, com a diferença que tal mensagem é destinada a alguém específico e a postagem em um blog é enviada para o mundo virtual. Um blog educacional é aquele, portanto, que é utilizado por um educador, de forma individual ou colaborativa, para divulgar suas atividades no ambiente escolar, suas reflexões e estabelecer um portal de trocas de experiências com outros educadores. Alguns blogueiros educacionais são mais conhecidos além de sua aldeia, graças ao blog, e inclusive reconhecidos e premiados por esse trabalho online. Dessa forma, o blog, de mero diário ou jornal virtual, passou a ser também um ambiente de aprendizagem em rede, podendo ser inclusive, conforme a ser demonstrado no tópico a seguir, em um ambiente de EaD, por poder simular de forma mais limitada um portal educacional de formação continuada. Todos reconhecem o poder da comunicação na sociedade moderna, que influencia comportamentos, corações e mentes. O blog, nesse contexto, é um filão ainda a ser melhor explorado pela educação, principalmente por ser enquadrar perfeitamente no conceito de educomunicação, que permite ampliar a rede de aprendizagem, além do espaço físico e convencional da sala de aula e da própria escola. O conceito de Educomunicação indica “a junção da educação e da comunicação e firma- se como um novo campo de intervenção, em que se busca ressignificar os movimentos comunicativos no âmbito da educação”. Na década de 1970, Francisco Gutierrez, “adepto as concepções de Paulo Freire, afirmava que era preciso preparar a pessoa para a vida, com a sua afetividade, percepções, sentidos, crítica e criatividade” (pessoa inteira). O estudioso apontava a necessidade de aproveitar os meios comunicacionais para auto-expressão dos indivíduos. Assim, para Gutierrez (1978, p. 39), A educação será, portanto, um reagir (responder) criativamente do educando. Em outras palavras, é desenvolver uma capacidade de reagir frente aos outros e ao mundo que nos rodeia. É conseguir que o homem seja capaz, durante toda a sua vida, de interrogar-se e encontrar respostas adequadas para transformar a realidade. Em resumo, que não sejam homens expectadores, mas sim recriadores do mundo.
  • 38. 3 Dentro desse conceito de educomunicação, amplia-se a questão do professor como 20 mediador do conhecimento, ou como Pier Cesare Rivoltela (2007) , denomina de “mídia educação”: “a troca da abordagem tradicional - baseada na fala do professor à frente da sala de aula - pelo uso de mídias que favoreçam o trabalho em grupo mais ativo, dinâmico e criativo em todas as disciplinas"; pois, para ele, "Os professores não são formados para lidar com elas (mídias)"; e, muitas vezes, "As experiências, geralmente, são voltadas para o conhecimento técnico dos meios de comunicação, não o crítico". 21 Para o pensador e educador italiano, os jovens se relacionam com as tecnologias de uma forma bem diversa da que a utilizada pelo adulto, e nisso há uma nítida a questão de distribuição espacial, no mundo virtual: "Uma das maiores características desse público é o que chamamos de uma disposição multitarefa. Ele responde às mensagens do celular, ouve música no iPod, vê TV e fala com os amigos no Messenger - tudo ao mesmo tempo. (...) Fazer tudo isso simultaneamente é uma característica típica das novas gerações. Por um lado, isso lhes confere uma elaboração cognitiva muito rápida. Por outro, acaba deixando-os na superficialidade, pois não dá tempo de se aprofundar nos assuntos". (RIVOLTELLA, 2007) 22 A tecnologia por si só não faz sua prática melhor nem pior, se a metodologia não replicar as transformações da sociedade, do mundo ao redor. E como a escola se relaciona com esse aluno multifuncional e multifocal? - na opinião de Rivoltella (2007): A melhor forma de levar o tema mídia para a sala de aula é como um tema transversal. Alguns pesquisadores defendem a criação de uma disciplina específica, mas já está provado que isso não funciona. Se apenas um professor responde pelo conhecimento da tecnologia e da mídia (como ocorre em muitas escolas que têm salas de informática), os outros tendem a se desinteressar pelo assunto. E, para ser eficaz, esse trabalho precisa ser realizado em equipe. 20 Filósofo e especialista italiano em Mídia e Educação da Universidade Católica de Milão, diz que a tecnologia e seu conteúdo devem fazer parte do dia-a-dia escolar. Rivoltella, visita com freqüência o Brasil, orientando pesquisas sobre a relação entre jovens e internet do Grupo de Pesquisa Educação e Mídia da PUC-RJ, onde também dá aulas sobre Mídia e Educação, e acompanha pesquisas de mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina. 21 Entrevista à Revista Nova Escola (www.novaescola.org.br), edição nº 200, março/2007, páginas 15 a 18. 22 Entrevista à Revista Nova Escola (www.novaescola.org.br), edição nº 200, março/2007, páginas 15 a 18.
  • 39. 3 Diante disso, algumas considerações de Rivoltella, promovem profunda reflexão sobre as TICs no ambiente escolar, principalmente ao referir-se ao universal com seus reflexos no particular. Segundo ele: pesquisa de 2006 revelou que 18% dos professores italianos só usam a internet para fazer pesquisas. Eles também não debatem com os alunos os problemas culturais ligados às novas tecnologias - ou porque não entendem que isso interessa a eles, ou porque não se consideram preparados para isso. Na escola, a tecnologia ainda é vista como um perigo, não como uma aliada. Apesar disso, "(...) Os computadores e os celulares deixaram de ser apenas ferramentas de recepção. Hoje, são também de produção. Uma criança pode tirar fotos ou fazer vídeos com um celular e publicá-los na internet. Qualquer um pode editar e produzir conteúdo (...)." Sendo assim, eis o perfil do educador do século XXI, a partir das indagações e constatações do próprio Rivoltella: "O mídia-educador é o profissional que tem competências pedagógicas para preservar os valores e a ética necessários na produção audiovisual direcionada ao público infanto-juvenil. (...)" E perguntado sobre como atuar numa escola sem TV, DVD, computador, disse: "É possível desenvolver bons trabalhos usando meios como a escrita e a fotografia. Até as rádios comunitárias, que são muito comuns no Brasil, podem ser bem aproveitadas em sala de aula". Com base nisso, o professor ao apropriar-se de ferramentas como o blog, passa invariavelmente a ser um mídia-educador, por utilizar o mesmo em sua prática escolar e ao compartilhar esse conteúdo produzido, via ciberespaço, também proporcionar uma aprendizagem em rede, não somente com seu alunado, mas com os demais colegas e a comunidade escolar e além disso, podendo, com sua prática, influenciar outros formadores, mundo afora, que terão um referencial extra para reproduzir, adaptar ou influenciar na própria produção de conteúdo educacional. Diversos educadores têm influenciado e sido influenciados por essa nova forma de reproduzir e produzir conteúdo educacional, via blog (vide lista de alguns blogueiros educacionais no anexo). Uma nova perspectiva de interação entre professores e alunos se mostra com o uso dessa ferramenta virtual.
  • 40. 4 6.3 BLOG (DIÁRIO VIRTUAL) COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM REDE Hoje, falar em modernidade, tanto em tecnologia como em educação, é discorrer sobre a importância de um laboratório de informática na escola, mesmo que de fato as práticas escolares sejam as mesmas, pois convive-se com o paradoxo de o aluno dominar os meios tecnológicos melhor do que o professor. O jovem utiliza as mídias, informalmente, sem um compromisso educacional. O professor, quando usa as mídias, às vezes, é no sentido recreativo, nem sempre pedagógico. Desse choque de gerações há também um conflito de práticas escolares, ora tradicionais, ora travestidas de modernas, quando utilizado o microcomputador e as mídias, mas de forma mais lúdica do que pedagógica. Mas há inúmeras possibilidades da tecnologia e das mídias serem usadas no ambiente escolar. Infelizmente, nem todas são de conhecimento de gestores e educadores, em sentido amplo, salvo casos pontuais. Então convive-se com o paradoxo tecno- educacional; ou seja, o jovem se alfabetiza em tecnologia e no uso das mídias, em geral, antes mesmo de ingressar na escola, enquanto o professor conservador recusa-se a incluir essas ferramentas em suas práticas, mesmo quando oferecidos cursos de capacitação pelo gestor público. Carece de uma desmistificação da máquina, que jamais irá substituir o professor, até pelo fato que, até que a inteligência artificial abandone de vez a literatura e a cinematografia de ficção científica, máquinas sempre precisarão de seres humanos para sua manipulação e programação. Mas então, o que é informática usada com sentido educacional? A informática educativa trouxe consigo a possibilidade de utilização prática de ideias em situações inimagináveis poucas décadas atrás. Trinta anos atrás o primeiro contato de estudantes de ciência, regra geral, se dava através de aulas expositivas onde o professor discorria sobre determinado tema e utilizava apenas recursos estáticos, seja o giz e quadro-negro ou retro-projetor. Se o assunto considerado exigisse uma análise da evolução temporal de parâmetros observáveis de um sistema, ou se todo o sistema evoluísse com o tempo, cada um dos alunos necessariamente deveria ter a capacidade de construir um modelo mental capaz de criar essa evolução temporal. (TAVARES, 2006, p.1-2) Apesar do computador, da informática e das mídias terem mudado algumas formas de prática escolar, falta ainda ser incorporada à informática educativa não como uma disciplina