1. Guerra do Paraguai
Im
agem coletada de:
http://www.achetudoeregiao.com.br/atr/Guerra_do_paraguai.htm
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional
ocorrido na América do Sul. Estendeu-se de dezembro de 1864 a
março de 1870. É também chamada Guerra da Tríplice Aliança
(Guerra de la Triple Alianza) na Argentina e Uruguai e de Guerra
Grande, no Paraguai.
O conflito iniciou-se quando o governo imperial brasileiro, com a
concordância da Confederação Argentina, após um ultimato, interveio
militarmente no Uruguai, a fim de consolidar sua posição hegemônica
na região e impor um governo uruguaio quot;coloradoquot; transigente com
os fortes interesses dos criadores rio-grandenses no norte daquele
país. A reação militar do Paraguai a essa intervenção gerou o
desencadeamento da guerra.
O Paraguai, que antes da guerra atravessava uma fase marcada por
grandes investimentos econômicos em áreas específicas, encontrava-
se, então, sob a presidência de Francisco Solano López, que reagiu à
interferência brasileira no Uruguai declarando guerra ao Brasil, já que
a deposição do governo uruguaio autonomista quot;blancoquot; significava a
hegemonia brasileira e argentina plena sobre o Prata, pondo fim nos
2. fatos à autonomia nacional paraguaia, com o condicionamento da sua
saída ao mar, através do rio Paraná.
Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais
de cinco anos de lutas durante os quais o Brasil enviou em torno de
200 mil homens à guerra. Cerca de 50 mil não voltaram — alguns
autores asseveram que as mortes no caso do Brasil podem ter
alcançado 60 mil se forem incluídos civis, principalmente nas então
províncias do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. Argentina e
Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas — mais de 50%
de suas tropas faleceram durante a guerra — apesar de, em números
absolutos, serem menos significativas. Já as perdas humanas sofridas
pelo Paraguai, são calculadas até em 300 mil pessoas, entre civis e
militares, mortos em decorrência dos combates, das epidemias que
se alastraram durante a guerra e da fome. Esses números são porém
considerados excessivos, considerando-se que a população do país na
época não chegaria possivelmente ao meio milhão de habitantes.
A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai,
tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido
ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez
anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no caso do Brasil
até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% de seu
território para o Brasil e Argentina. Após a Guerra, por décadas, o
Paraguai manteve-se sob a hegemonia brasileira.
Foi o último de quatro conflitos armados internacionais que o Brasil
lutou pela supremacia sul-americana. Tendo o primeiro sido a Guerra
da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prata, e o terceiro a Questão
Uruguaiana. Juntas, integram o conjunto das Questões Platinas, na
História das Relações Internacionais do Brasil.
Historiogragia sobre a Guerra do Paraguai
A Historiografia da Guerra do Paraguai sofreu mudanças profundas
desde o desencadeamento do conflito. Durante e após a guerra, a
historiografia dos países envolvidos limitou-se a explicar suas causas
como devida apenas à ambição expansionista e desmedida de Solano
López. A partir dos anos 1960, uma segunda corrente historiográfica,
mais comprometida com a luta ideológica contemporânea desta
década entre o capitalismo e o comunismo, e direita e esquerda,
apresentou a versão de que o conflito bélico teria sido motivado pelos
interesses do Império Britânico que buscava a qualquer custo impedir
a ascensão de uma nação latino-americana poderosa militar e
econômicamente. A partir dos anos 1980, novos estudos propuseram
razões diferentes, revelando que as causas se deveram aos processos
de construção dos Estados nacionais dos países envolvidos.
3. Este verbete tomará como base os estudos mais recentes a respeito
da Guerra do Paraguai realizados por historiadores profissionais, mas
também apresentará em determinados pontos, para efeito de
comparação, as alegações das outras duas correntes historiográficas
anteriores e ultrapassadas (tradicional e revisionista).
Guerra do Paraguai
Compilação de imagens da Guerra do
Paraguai.
Data 1864-1870
Local América do Sul
Desfecho
Intervenientes
Paraguai Império do Brasil
Argentina
Uruguai
Principais líderes
Francisco Solano D. Pedro II
López Duque de Caxias
Marquês do Herval
Conde d'Eu
Bartolomé Mitre
Venancio Flores
Forças
150 mil 200 mil
paraguaios brasileiros,
30 mil argentinos,
5.583 uruguaios,
4. Total:
235.583 soldados
Vítimas
Cerca de 300.000 50 mil brasileiros
mortos entre 18 mil argentinos
militares e civis. 3.120 uruguaios
Causas da Guerra
Após o término da Guerra do Prata em 1852 com a vitória dos aliados
(unitaristas argentinos, colorados uruguaios e Império do Brasil)
sobre os federalistas argentinos e blancos uruguaios liderados por
Juan Manoel Rosas, a região do Prata foi pacificada. Contudo, não
tardou para que logo os rivalidades se acirrassem entre a Argentina,
Brasil, Uruguai e Paraguai graças aos desentendimentos quanto às
fronteiras entre os países, a liberdade de navegação dos rios platinos,
as disputas pelo poder por parte das facções locais (federalistas e
unitaristas na Argentina, e blancos e colorados no Uruguai) e
rivalidades históricas de mais de três séculos. O historiador Francisco
Doratioto conclui:
quot;A Guerra do Paraguai foi fruto das contradições platinas, tendo como
razão última a consolidação dos Estados nacionais na região. Essas
contradições se cristalizaram em torno da Guerra Civil uruguaia,
iniciada com o apoio do governo argentino aos sublevados, na qual o
Brasil interveio e o Paraguai também. Contudo, isso não significa que
o conflito fosse a única saída para o difícil quadro regional. A guerra
era umas das opções possíveis, que acabou por se concretizar, uma
vez que interessava a todos os Estados envolvidos. Seus
governantes, tendo por bases informações parciais ou falsas do
contexto platino e do inimigo em potencial, anteviram um conflito
rápido, no qual seus objetivos seriam alcançados com o menor custo
possível. Aqui não há ‘bandidos’ ou ‘mocinhos’, como quer o
revisionismo infantil, mas sim interesses. A guerra era vista por
diferentes ópticas: para Solano López era a oportunidade de colocar
seu país como potência regional e ter acesso ao mar pelo porto de
Montevidéu, graças a aliança com os blancos uruguaios e os
federalistas argentinos, representados por Urquiza; para Bartolomeu
Mitre era a forma de consolidar o Estado centralizado argentino,
eliminando os apoios externos aos federalistas, proporcionando pelos
blancos e por Solano López; para os blancos, o apoio militar
paraguaio contra argentinos e brasileiros viabilizaria impedir que seus
dois vizinhos continuassem a intervir no Uruguai; para o Império, a
guerra contra o Paraguai não era esperada, nem desejada, mas,
iniciada, pensou-se que a vitória brasileira seria rápida e poria fim ao
5. litígio fronteiriço entre os dois países e às ameaças à livre navegação,
e permitira depor Solano López.quot;
quot;Dos erros de análise dos homens de Estado envolvidos nesses
acontecimentos, o que maior conseqüência teve foi o de Solano
López, pois seu país viu-se arrasado materialmente no final da
guerra. E, recorde-se, foi ele o agressor, ao iniciar a guerra contra o
Brasil e, em seguida, com a Argentina.quot;
A Guerra (1864 – 1870)
Em represália à intervenção no Uruguai, no dia 11 de Novembro de
1864, Francisco Solano López ordenou que fosse apreendido o navio
brasileiro Marquês de Olinda. No dia seguinte, o navio a vapor
paraguaio Tacuari apresou o navio brasileiro, que subia o rio Paraguai
rumo à então Província de Mato Grosso, levando a bordo o coronel
Frederico Carneiro de Campos, recém-nomeado presidente daquela
província e o médico Antônio Antunes da Luz, entre outros. A
tripulação e passageiros foi feita prisioneira e enviada à prisão, onde
todos, sem exceção, sucumbiram à fome e aos maus tratos.
Francisco Solano López, ditador do Paraguai.
6. Sem perda de tempo, as relações com o Brasil foram rompidas e já
no mês de dezembro o sul de Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul,
foi invadido, antes mesmo de qualquer declaração formal de guerra
ao Brasil, que só foi feita no dia 13 de Dezembro. Três meses mais
tarde, em 18 de Março de 1865, López declarou guerra à Argentina,
que exigia neutralidade no conflito e não permitira que os exércitos
paraguaios atravessassem seu território para combater no Uruguai e
invadir o sul do Brasil. Quando as notícias dos acontecimentos
começavam a chegar a Dom Pedro II e seu ministério no Rio de
Janeiro, capital do Império, em março de 1865 as tropas de Solano
López penetraram em Corrientes (Argentina), visando o Rio Grande
do Sul e o Uruguai, onde esperavam encontrar apoio dos blancos. O
Uruguai, já então governado por Venâncio Flores, instalado pelo
Governo Imperial brasileiro, solidarizou-se com o Brasil e a Argentina.
Primeira Fase: Ofensiva Paraguaia (1864 –
1865)
Invasão das Províncias do Mato Grosso, Corrientes e
Rio Grande do Sul
Durante a primeira fase da guerra (1864-1865) a iniciativa esteve
com os paraguaios. Os exércitos de López definiram as três frentes
de batalha iniciais invadindo Mato Grosso, em dezembro de 1864, e,
nos primeiros meses de 1865, o Rio Grande do Sul e a província
argentina de Corrientes. Atacando, quase ao mesmo tempo, no norte
(Mato Grosso) e no sul (Rio Grande e Corrientes), os paraguaios
estabeleceram dois teatros de operações.
A invasão de Mato Grosso foi feita ao mesmo tempo por dois corpos
de tropas paraguaias. A província achava-se quase desguarnecida
militarmente, e a superioridade numérica dos invasores permitiu-lhes
realizar uma campanha rápida e bem-sucedida.
Um destacamento de cinco mil homens, transportados em dez navios
e comandados pelo coronel Vicente Barros, subiu o rio Paraguai e
atacou o Forte de Nova Coimbra. A guarnição de 155 homens resistiu
durante três dias, sob o comando do tenente-coronel Hermenegildo
de Albuquerque Porto Carrero, depois barão de Forte de Coimbra.
Quando as munições se esgotaram, os defensores abandonaram a
fortaleza e se retiraram, rio acima, a bordo da canhoneira Anhambaí,
em direção a Corumbá. Depois de ocupar o forte já vazio, os
paraguaios avançaram rumo ao norte, tomando, em janeiro de 1865,
as cidades de Albuquerque e de Corumbá.
7. A segunda coluna paraguaia, comandada pelo coronel Francisco
Isidoro Resquin e integrada por quatro mil homens, penetrou, por
terra, em uma região mais ao sul de Mato Grosso, e logo enviou um
destacamento para atacar a colônia militar fronteiriça de Dourados. O
cerco, dirigido pelo major Martín Urbieta; encontrou brava resistência
por parte do tenente Antônio João Ribeiro, atualmente patrono do
Quadro Auxiliar de Oficiais, e de seus 16 companheiros, que
morreram sem se render (29 de dezembro de 1864). Os invasores
prosseguiram até Nioaque e Miranda, derrotando as tropas do coronel
José Dias da Silva. Enviaram em seguida um destacamento até
Coxim, tomada em abril de 1865.
As forças paraguaias, apesar das vitórias obtidas, não continuaram
sua marcha até Cuiabá, a capital da província, onde o ataque
inclusive era esperado — João Manuel Leverger havia fortificado o
acampamento de Melgaço para proteger Cuiabá. O principal objetivo
da invasão de Mato Grosso foi distrair a atenção do governo brasileiro
para o norte do Paraguai, quando a decisão da guerra se daria no sul
(região mais próxima do estuário do Prata). É o que se chama de
uma manobra diversionista, destinada a iludir o inimigo.
A invasão de Corrientes e do Rio Grande do Sul foi a segunda etapa
da ofensiva paraguaia. Para levar apoio aos blancos, no Uruguai, as
forças paraguaias tinham que atravessar território argentino. Em
março de 1865, López pediu ao governo argentino autorização para
que o exército comandado pelo general Venceslau Robles, com cerca
de 25 mil homens, atravessasse a província de Corrientes. O
presidente Bartolomeu Mitre, aliado do Brasil na intervenção no
Uruguai, negou-lhe a permissão. Em resposta a esta negativa, no dia
18 de março de 1865, o Paraguai declarou guerra à Argentina.
Uma esquadra paraguaia, descendo o rio Paraná, aprisionou navios
argentinos no porto de Corrientes. Em seguida, as tropas do general
Robles tomaram a cidade. Ao invadir Corrientes, López pensava obter
o apoio do poderoso caudilho argentino Justo José de Urquiza,
governador das províncias de Corrientes e Entre Ríos, chefe
federalista hostil a Mitre e ao governo de Buenos Aires. No entanto, a
atitude ambígua assumida por Urquiza manteve estacionadas as
tropas paraguaias, que avançaram posteriormente cerca de 200 km
em direção ao sul, mas terminaram por perder a ofensiva.
Em ação conjugada com as forças de Robles, uma tropa de dez mil
homens sob as ordens do tenente-coronel Antônio de la Cruz
Estigarribia cruzou a fronteira argentina ao sul de Encarnación, em
maio de 1865, dirigindo-se para o Rio Grande do Sul. Atravessou-o
no rio Uruguai na altura da vila de São Borja e a tomou em 12 de
8. junho. Uruguaiana, mais ao sul, foi tomada em 5 de agosto sem
apresentar qualquer resistência significativa ao avanço paraguaio.
A Primeira Reação Brasileira
Oficial de cavalaria brasileiro (a esq.) e soldado paraguaio aprisionado (a dir.),
entre 1865 e 1868. As vestimentas dos militares paraguaios eram precárias e
praticamente todos andavam descalços.
A primeira reação brasileira foi enviar uma expedição para combater
os invasores em Mato Grosso. A coluna de 2.780 homens
comandados pelo coronel Manuel Pedro Drago saiu de Uberaba, em
Minas Gerais, em abril de 1865, e só chegou a Coxim em dezembro
do mesmo ano, após uma difícil marcha de mais de dois mil
quilômetros através de quatro províncias do Império. Mas encontrou
Coxim já abandonada pelo inimigo. O mesmo aconteceu em Miranda,
onde chegou em setembro de 1866. Em janeiro de 1867, o coronel
Carlos de Morais Camisão assumiu o comando da coluna, reduzida a
1.680 homens, e decidiu invadir o território paraguaio, onde penetrou
até Laguna, em abril. Perseguida pela cavalaria inimiga, a coluna foi
9. obrigada a recuar, ação que ficou conhecida como a retirada da
Laguna.
Apesar dos esforços da coluna do coronel Camisão e da resistência
organizada pelo presidente da província, que conseguiu libertar
Corumbá em junho de 1867, a região invadida permaneceu sob o
controle dos paraguaios. Só em abril de 1868 é que os invasores se
retiraram, transferindo as tropas para o principal teatro de
operações, no sul do Paraguai.
O Tratado da Tríplece Aliança
No dia 1°. de maio de 1865, o Brasil, a Argentina e o Uruguai
assinaram, em Buenos Aires, o Tratado da Tríplice Aliança, contra o
Paraguai.
As forças militares da Tríplice Aliança eram, no início da guerra,
francamente inferiores às do Paraguai, que contava com mais de 60
mil homens e uma esquadra de 23 vapores e cinco navios
apropriados à navegação fluvial. Sua artilharia possuía cerca de 400
canhões.
As tropas reunidas do Brasil, da Argentina e do Uruguai, prontas a
entrar em ação, não chegavam a 1/3 das paraguaias. A Argentina
dispunha de aproximadamente 8 mil soldados e de uma esquadra de
quatro vapores e uma goleta. O Uruguai entrou na guerra com menos
de três mil homens e nenhuma unidade naval. Dos 18 mil soldados
com que o Brasil podia contar, apenas 8 mil já se encontravam nas
guarnições do sul. A vantagem dos brasileiros estava em sua marinha
de guerra: 42 navios com 239 bocas de fogo e cerca de quatro mil
homens bem treinados na tripulação. E grande parte da esquadra já
se encontrava na bacia do Prata, onde havia atuado, sob o comando
do Marquês de Tamandaré, na intervenção contra Aguirre.
Na verdade, o Brasil achava-se despreparado para entrar em uma
guerra. Apesar de sua imensidão territorial e densidade populacional,
o Brasil tinha um exército mal-organizado e muito pequeno. E, na
verdade, tal situação era reflexo da organização escravista da
sociedade, que, marginalizando a população livre não proprietária,
dificultava a formação de um exército com senso de responsabilidade,
disciplina e patriotismo. Além disso, o serviço militar era visto como
um castigo sempre a ser evitado e o recrutamento era arbitrário e
violento. As tropas utilizadas até então nas intervenções feitas no
Prata eram constituídas basicamente pelos contingentes armados de
chefes políticos gaúchos e por alguns efetivos da Guarda Nacional.
Um reforço era, portanto, necessário. A infantaria brasileira que lutou
na Guerra do Paraguai não era formada de soldados profissionais,
10. mas pelos chamados Voluntários da Pátria, cidadãos que se
apresentavam para lutar. Muitos eram escravos enviados por
fazendeiros e negros alforriados. A cavalaria era formada pela Guarda
Nacional do Rio Grande do Sul.
Segundo o Tratado da Tríplice Aliança, o comando supremo das
tropas aliadas caberia a Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina. E
foi assim na primeira fase da guerra.
Uniformes da Guerra
12. Oficial e
soldado do Império do Brasil, uniformes da Guerra do Paraguai. Desenhos de
Hendrik Jacobus Vinkhuijzen publicados pela primeira vez em 1867 (imagem
coletada de: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Guerra_do_Paraguai_-
_Oficial_e_Soldado.JPG
Soldados dos “Voluntários da Pátria” do Império do Brasil, uniformes da Guerra do
Paraguai. Desenhos de Hendrik Jacobus Vinkhuijzen publicados pela primeira vez
em 1867 (imagem coletada de:
http://nistovocepodeconfiar.blogspot.com/2008/11/fotos-da-guerra-do-
paraguai.html
13. Tenente Pio Corrêa Rocha, morto pouco tempo após o envio desta fotografia aos
familiares que viviam no interior da província de São Paulo, Janeiro de 1866
(imagem coletada de: http://nistovocepodeconfiar.blogspot.com/2008/11/fotos-da-
guerra-do-paraguai.html).
Oficiais
Brasileiros posando para fotografia de correspondente de guerra em 1868 (imagem
coletada de: http://nistovocepodeconfiar.blogspot.com/2008/11/fotos-da-guerra-
do-paraguai.html).
14. A Batalha do Riachuelo
Litografia representando a batalha naval de Riachuelo em 11 de junho de 1865
(imagem coletada de:
http://www.naval.com.br/historia/geopolitica_poder_naval/geopolitica.htm).
Foi no setor naval que o Brasil, mais bem preparado, infligiu, logo no
primeiro ano de guerra, uma pesada derrota aos paraguaios na
batalha do Riachuelo.
Na bacia do rio da Prata as comunicações eram feitas pelos rios;
quase não havia estradas. Quem controlasse os rios ganharia a
guerra. Todas as fortalezas paraguaias tinham sido construídas nas
margens do baixo curso (parte do rio perto de sua foz) do rio
Paraguai.
Em 11 de junho de 1865, no rio Paraná, travou-se a Batalha Naval do
Riachuelo, na qual a esquadra comandada pelo chefe-de-divisão
Francisco Manuel Barroso da Silva derrotou a esquadra paraguaia,
comandada por Pedro Inacio Meza, cortando as comunicações com o
tenente-coronel paraguaio Antonio de la Cruz Estigarribia, que estava
atacando o Rio Grande do Sul. A vitória do Riachuelo teve notável
influência nos rumos da guerra: impediu a invasão da província
argentina de Entre Ríos, destruiu o poderio naval paraguaio
(tornando-se impossível a permanência dos paraguaios em território
argentino) e cortou a marcha, até então triunfante, de López. Ela
praticamente decidiu a guerra em favor da Tríplice Aliança, que
passou a controlar, a partir de então, os rios da bacia platina até a
entrada do Paraguai. Desse momento até a derrota final, o Paraguai
teve de recorrer à guerra defensiva.
15. Quase ao mesmo tempo, as tropas imperiais repeliam o Exército
paraguaio que invadira o Rio Grande do Sul. Os paraguaios, sob o
comando do tenente-coronel Estigarribia, haviam atravessado o rio
Uruguai e ocupado sucessivamente, de junho a agosto, as povoações
de São Borja, Itaqui e Uruguaiana. Outra coluna (3.200 homens),
que, sob as ordens do major Pedro Duarte, pretendia chegar ao
Uruguai, foi detida por Flores, em 17 de agosto, na batalha de Jataí,
na margem direita do rio Uruguai.
Segunda Fase: Contra-Ataque Aliado (1865 –
1866)
Rendição de uruguaiana e o Recuo das Tropas
Paraguaias
Em 16 de julho, o Exército Brasileiro chegou à fronteira do Rio
Grande do Sul e logo depois cercou Uruguaiana. A tropa recebeu
reforços e enviou pelo menos três intimações de rendição a
Estigarribia. Em 11 de setembro Dom Pedro II chegou ao local do
cerco, onde já estavam os presidentes argentino Bartolomé Mitre e
uruguaio Venancio Flores, além de diversos líderes militares, como o
Almirante Tamandaré. As forças aliadas do cerco contavam então
com 17346 combatentes, sendo 12393 brasileiros, 3802 argentinos e
1220 uruguais, além de 54 canhões. A rendição veio em 16 de
setembro quando Estigarribia aceitou entrou em acordo em relação
as condições exigidas.
Marechal Osório, Marquês do Herval.
16. Encerrava-se com esse episódio a primeira fase da guerra, em que
Solano López lançara sua grande ofensiva nas operações de invasão
da Argentina e do Brasil. No início de outubro, as tropas paraguaias
de ocupação em Corrientes receberam de López ordem para retornar
a suas bases em Humaitá. Nessa altura, as tropas aliadas estavam-se
reunindo sob o comando de Mitre no acampamento de Concórdia, na
província argentina de Entre Ríos, com o marechal-de-campo Manuel
Luís Osório à frente das tropas brasileiras. Parte destas deslocou-se
para Uruguaiana, onde foi reforçar o cerco a esta cidade pelo exército
brasileiro no Rio Grande do Sul, comandado pelo tenente-general
Manuel Marques de Sousa, barão e depois Conde de Porto Alegre. Os
paraguaios renderam-se no dia 18 de Setembro de 1865.
Imperador Pedro II, em Uruguaiana na província do Rio Grande do Sul, 1865
(imagem coletada de: http://nistovocepodeconfiar.blogspot.com/2008/11/fotos-da-
guerra-do-paraguai.html
Nos meses seguintes, as tropas aliadas, com Mitre como
comandante-em-chefe, libertavam os últimos redutos paraguaios em
território argentino, as cidades de Corrientes e São Cosme, na
confluência dos rios Paraná e Paraguai, no final de 1865. No fim do
ano de 1865, a ofensiva era da Tríplice Aliança. Seus exércitos já
contavam mais de 50 mil homens e se preparavam para invadir o
Paraguai.
17. A Invasão do Paraguai
Fortalecidos, com um efetivo de cinqüenta mil homens, os aliados
lançaram-se à ofensiva. A invasão do Paraguai iniciou-se subindo o
curso do rio Paraguai, a partir do Passo da Pátria. Sob o comando do
general Manuel Luís Osório, e com o auxílio da esquadra imperial,
transpuseram o rio Paraná, em 16 de abril de 1866, e conquistaram
posição em território inimigo, em Passo da Pátria, uma semana
depois. De abril de 1866 a julho de 1868, as operações militares
concentraram-se na confluência dos rios Paraguai e Paraná, onde
estavam os principais pontos fortificados dos paraguaios. Durante
mais de dois anos o avanço dos invasores foi bloqueado naquela
região, apesar das primeiras vitórias da Tríplice Aliança.
A primeira posição a ser tomada foi a Fortaleza de Itapiru. Após a
batalha do Passo da Pátria e a do Estero Bellaco (2 de Maio), as
forças aliadas acamparam nos pântanos de Tuiuti, em 20 de maio,
onde sofreram um ataque paraguaio quatro dias depois. A primeira
batalha de Tuiuti, a maior batalha campal da história da América do
Sul e uma das mais importantes e sangrentas do conflito, foi vencida
pelos aliados em 24 de Maio de 1866 e deixou um saldo de 10.000
mortos.
Por motivos de saúde, em julho de 1866 Osório passou o comando do
1°Corpo de Exército brasileiro ao general Polidoro da Fonseca
Quintanilha Jordão. Na mesma época, chegava ao teatro de
operações o 2°Corpo de Exército, trazido do Rio Grande do Sul pelo
barão de Porto Alegre (10.000 homens).
O caminho para Humaitá não fora desimpedido. O comandante Mitre
aproveitou as reservas de dez mil homens trazidos pelo barão de
Porto Alegre e decidiu atacar as baterias do Forte de Curuzú e do
Forte de Curupaiti, que guarneciam a direita da posição de Humaitá,
às margens do rio Paraguai. Atacada de surpresa, a bateria de
Curuzu foi conquistada em 3 de setembro pelo barão de Porto Alegre.
Não se obteve, porém, o mesmo êxito em Curupaiti, que resistiu ao
ataque de 20 mil argentinos e brasileiros, guiados por Mitre e Porto
Alegre, com apoio da esquadra do almirante Tamandaré. Em 22 de
setembro, os aliados foram dizimados pelo inimigo: cinco mil homens
morreram em poucas horas. Este ataque fracassado criou uma crise
de comando e deteve o avanço dos aliados.
Nessa fase da guerra, destacaram-se muitos militares brasileiros.
Entre eles, os heróis de Tuiuti: o general José Luís Mena Barreto, o
brigadeiro Antônio de Sampaio, patrono da arma de infantaria do
Exército brasileiro, o tenente-coronel Emílio Luís Mallet, patrono da
artilharia e o próprio Osório, patrono da cavalaria, além do tenente-
18. coronel João Carlos de Vilagrã Cabrita, patrono da arma de
engenharia, morto em Itapiru.
Terceira Fase: Estagnação (1866 – 1868)
O Comando de Caxias
No segundo período da guerra (1866-1869), os desentendimentos
entre Osório (comandante das forças brasileiras) e o presidente
argentino, que se opunha às perseguições aos paraguaios, levou o
governo brasileiro a substituí-lo. Designado em 10 de outubro de
1866 para o comando das forças brasileiras, o marechal Luís Alves de
Lima e Silva, marquês e, posteriormente, Duque de Caxias, chegou
ao Paraguai em novembro, encontrando o exército praticamente
paralisado. Os contingentes argentinos e uruguaios vinham sendo
retirados aos poucos do exército dos aliados, assolado por epidemias.
Desentendimentos entre Venâncio Flores (Uruguai) e Mitre
(Argentina) e problemas internos fizeram ambos se retirarem do
combate e voltarem a seus países, deixando o Brasil praticamente
sozinho. Tamandaré foi substituído no comando da esquadra pelo
almirante Joaquim José Inácio, futuro visconde de Inhaúma.
Paralelamente, Osório organizava um 3.°Corpo de exército no Rio
Grande do Sul (cinco mil homens). Na ausência de Mitre, Caxias
assumiu o comando geral e providenciou a reestruturação do
exército.
Entre novembro de 1866 e julho de 1867, Caxias organizou um corpo
de saúde (para dar assistência aos inúmeros feridos e combater a
epidemia de cólera-morbo) e um sistema de abastecimento das
tropas. Conseguiu também que a esquadra imperial, que se ressentia
do comando de Mitre, colaborasse nas manobras contra Humaitá.
Nesse período, as operações militares limitaram-se a escaramuças
com os paraguaios e a bombardeios da esquadra contra Curupaiti.
López aproveitava a desorganização do inimigo para reforçar suas
fortificações em Humaitá.
Apesar dos esforços de Caxias, os aliados só reiniciaram a ofensiva
em 22 de julho de 1867. A marcha de flanco pela ala esquerda das
fortificações paraguaias constituía a base tática de Caxias:
ultrapassar o reduto fortificado paraguaio, cortar as ligações entre
Assunção e Humaitá e submeter esta última a um cerco. Com este
fim, Caxias iniciou a marcha em direção a Tuiu-Cuê. Em 1º de agosto
Mitre retornou ao comando e insistia no ataque pela ala direita, que
já se mostrara desastroso em Curupaiti. Embora a manobra de
Caxias tenha sido bem-sucedida, o tempo decorrido possibilitou a
López fortificar-se também nessa região e fechar de vez o chamado
Quadrilátero.
19. Marechal Luís Alves de Lima e Silva, O Duque de caxias (imagem coletada de:
http://www.fab.mil.br/portal/acontecefab/mostra_conversapol.php?id=99
Quarta Fase: Os Aliados Retomam a Ofensiva
(1868 – 1869)
Tomada de Humaitá
Mitre deu ordens para que a esquadra imperial forçasse a passagem
em Curupaiti e Humaitá. Em 15 de agosto, duas divisões de cinco
encouraçados ultrapassaram, sem perdas, Curupaiti, mas foram
obrigadas a deter-se frente aos poderosos canhões da fortaleza de
Humaitá. O fato causou novas dissensões no alto comando aliado.
Mitre desejava que a esquadra prosseguisse. Os brasileiros,
entretanto, consideravam imprudente e inútil prosseguir, enquanto
não se concatenassem ataques terrestres para envolver o
Quadrilátero, que se iniciaram, finalmente, em 18 de agosto.
A partir de Tuiu-Cuê, os aliados rumaram para o norte e tomaram
São Solano, Vila do Pilar e Tayi, às margens do rio Paraguai, onde
completaram o cerco da fortaleza por terra e cortaram as
comunicações fluviais entre Humaitá e Assunção. Em 3 de novembro
de 1867, como reação, López atacou a retaguarda da posição aliada
de Tuiuti. Nessa segunda batalha de Tuiuti, López esteve próximo da
20. vitória, mas, graças ao reforço trazido pelo general Porto Alegre, os
brasileiros venceram.
Passagem de Humaitá: episódio da guerra do Paraguai ocorrido em 1868, em que a
esquadra brasileira forçou a travessia da posição fortificada, sob bombardeio
inimigo. O quadro mostra o momento em que o Couraçado Bahia transpunha as
amarras, seguido pelo terceiro par, o Tamandaré e Pará.
Em janeiro de 1868, com o afastamento definitivo de Mitre, que
retornou à Argentina, Caxias voltou a assumir o comando geral dos
aliados. Em 19 de fevereiro a esquadra imperial, capitão-de-mar-e-
guerra Delfim Carlos de Carvalho, depois barão da Passagem, forçou
a passagem de Humaitá. Apesar os navios encouraçados terem
ultrapassado a fortaleza, chegando a bombardear Assunção, só em
25 de julho de 1868 Humaitá, totalmente cercada, caiu após um
demorado cerco.
Dezembrada
Solano López deixara Humaitá, com parte de suas tropas, em março,
indo se instalar em San Fernando. Ali descobriu que alguns
funcionários de seu governo e seu irmão Benigno tramavam derrubá-
lo. Formado um conselho de guerra para julgar os implicados,
centenas foram executados, no que ficou conhecido como o massacre
de San Fernando.
Efetuada a ocupação de Humaitá, as forças aliadas comandadas por
Caxias marcharam 200 km até Palmas, fronteiriça às novas
fortificações inimigas (30 de setembro). Situadas ao longo do arroio
Piquissiri, essas fortificações barravam o caminho para Assunção,
apoiadas nas Fortificações de Lomas Valentinas. Ali, López havia
21. concentrado 18 mil paraguaios em uma linha fortificada que
explorava habilmente os acidentes do terreno e se apoiava nos fortes
de Angostura e Itá-Ibaté. Renunciando ao combate frontal, o
comandante brasileiro idealizou, então, a mais brilhante e ousada
operação do conflito: a manobra do Piquissiri. Em 23 dias fez
construir uma estrada de 11 km através do Chaco pantanoso que se
estendia pela margem direita do rio Paraguai, enquanto forças
brasileiras e argentinas encarregavam-se de diversões frente à linha
do Piquissiri. Executou-se então a manobra: três corpos do Exército
brasileiro, com 23.000 homens, foram transportados pela esquadra
imperial de Humaitá para a margem direita do rio, percorreram a
estrada do Chaco em direção ao nordeste, reembarcaram em frente
ao porto de Villeta, e desceram em terra no porto de Santo Antônio e
Ipané, novamente na margem esquerda, vinte quilômetros à
retaguarda das linhas fortificadas paraguaias do Piquissiri. López foi
inteiramente surpreendido por esse movimento, tamanha era sua
confiança na impossibilidade de grandes contingentes atravessarem o
Chaco.
Na noite de 5 de dezembro, as tropas brasileiras encontravam-se em
terra e, em vez de avançar para a capital, já desocupada pela
população e bombardeada pela esquadra, iniciaram no dia seguinte o
movimento para o sul, conhecido como a quot;dezembradaquot;. A
dezembrada constituiu-se de uma série de vitórias obtidas por Caxias
em dezembro de 1868. No mesmo dia, o general Bernardino
Caballero tentou barrar-lhes a passagem na ponte sobre o arroio
Itororó. Na tomada da ponte de Itororó, Caxias, aos 65 anos de
idade, partiu a galope em direção ao inimigo, com espada em punho,
exclamando: quot;sigam-me os que forem brasileiros!quot;; não foi morto por
sorte. Vencida a batalha de Itororó, o Exército brasileiro prosseguiu
na marcha e aniquilou na localidade de Avaí, em 11 de dezembro, as
duas divisões de Caballero. Em 21 de dezembro, tendo recebido o
necessário abastecimento por Villeta, os brasileiros atacaram o
Piquissiri pela retaguarda e, após seis dias de combates contínuos,
conquistaram a posição de Lomas Valentinas, com o que obrigou a
guarnição de Angostura a render-se em 30 de dezembro. As batalhas
da Dezembrada exibiram espantosas mortandades dos dois lados,
bem como tentativas de recuo das tropas brasileiras, impedidas
graças à presença de Caxias na linha de frente. López, acompanhado
apenas de alguns contingentes, fugiu para o norte, na direção da
cordilheira.
Após destruir o exército paraguaio em Lomas Valentinas, Caxias
acreditava que a guerra tinha acabado. Não se preocupou em
organizar e chefiar a perseguição de López, pois parecia que o ditador
fugia para se asilar em outro país e não, como se viu depois, para
improvisar um exército e continuar a resistir no interior.
22. No dia 24 de Dezembro os três novos comandantes da Tríplice
Aliança (Caxias, o argentino Gelly y Obes e o uruguaio Enrique
Castro) enviaram uma intimação a Solano López para que se
rendesse. Mas López recusou-se a ceder e, acompanhado apenas de
alguns contingentes, fugiu para o norte, na direção da cordilheira,
chegando a Cerro León.
O comandante-em-chefe brasileiro se dirigiu para Asunción, evacuada
pelos paraguaios e ocupada em 1° de Janeiro de 1869 por tropas
imperiais comandadas pelo coronel Hermes Ernesto da Fonseca, pai
do futuro Marechal Hermes da Fonseca. No dia 5, Caxias entrou na
cidade com o restante do exército e 13 dias depois, por motivo de
saúde, deixou o comando e regressou ao Brasil. A partida de Caxias e
de seus principais chefes militares fez crescer entre as tropas o
desânimo, com a multiplicação dos pedidos de dispensa dos oficiais e
voluntários.
Quinta Fase: Caça a Solano López (1869 –
1870)
Fim da Guerra: O Comando do Conde d’Eu
No terceiro período da guerra (1869-1870), o genro do imperador
Dom Pedro II, Luís Filipe Gastão de Orléans, conde d'Eu, foi nomeado
para dirigir a fase final das operações militares no Paraguai, pois
buscava-se, além da derrota total do Paraguai, o fortalecimento do
Império Brasileiro. O marido da princesa Isabel era um dos poucos
membros da família imperial com experiência militar, já que na
década de 1850 participara, como oficial subalterno, da campanha
espanhola na Guerra do Marrocos. A indicação de um membro da
família imperial pretendia diminuir as dificuldades operacionais das
forças brasileiras, problema agravado pelos muitos anos de
campanha, pela insatisfação dos veteranos e pelos conflitos, políticos
e pessoais, que se alastravam entre os oficiais mais experientes. Em
agosto de 1869, a Tríplice Aliança instalou em Assunção um governo
provisório encabeçado pelo paraguaio Cirilo Antonio Rivarola.
Solano López, prosseguindo na resistência, refez um pequeno
exército de 12.000 homens e 36 canhões na região montanhosa de
Ascurra-Caacupê-Peribebuí, aldeia que transformou em sua capital. À
frente de 21 mil homens, o conde d'Eu chefiou a campanha contra a
resistência paraguaia, a chamada Campanha das Cordilheiras, que se
prolongou por mais de um ano, desdobrando-se em vários focos.
O Exército brasileiro flanqueou as posições inimigas de Ascurra e
venceu a batalha de Peribebuí (12 de agosto), onde López transferira
23. a capital. Após a batalha de Peribuí, o Conde d'Eu parece ter-se
exasperado com a obstinação paraguaia em continuar a luta, nada
fazendo para evitar a degola de prisioneiros capturados durante e
depois dos combates. Na batalha seguinte, Campo Grande ou Nhu-
Guaçu (16 de agosto), as forças brasileiras se defrontaram com um
exército formado, em sua maioria, por crianças e idosos, recrutados a
força pelo ditador paraguaio. A derrota paraguaia encerrou o ciclo de
batalhas da guerra. Os passos seguintes consistiram na mera caçada
a López, que abandonou Ascurra e, seguido por menos de trezentos
homens, embrenhou-se nas matas, marchando sempre para o norte.
Dois destacamentos foram enviados em perseguição ao presidente
paraguaio, que se internara nas matas do norte do país acompanhado
de 200 homens. No dia 1.° de março de 1870, as tropas do general
José Antônio Correia da Câmara (1824-1893), o visconde de Pelotas,
surpreenderam o último acampamento paraguaio em Cerro Corá,
onde Solano López foi ferido a lança, pelo cabo Chico Diabo, e depois
baleado nas barrancas do arroio Aquidabanigui após recusar-se à
rendição. Suas últimas palavras foram: quot;Morro com minha pátriaquot;.
Em 20 de junho de 1870, Brasil e Paraguai assinaram um acordo
preliminar de paz. Assim chegou ao fim o mais sangrento conflito
internacional das Américas, a guerra do Paraguai.
Coronel Joca Tavares (terceiro sentado, da esquerda para a direita) e seus
auxiliares imediatos, incluíndo Francisco Lacerda, mais conhecido como quot;Chico
Diaboquot; (terceiro em pé, da esquerda para a direita).
24. Consequências
Mortalidade
O Paraguai sofreu grande redução em sua população. A guerra
acentuou um desequilíbrio entre a quantidade de homens. Algumas
fontes citam que 90% da população paraguaia teria perecido ao final
da Guerra. Estimativas contemporâneas, contudo, fixam o percentual
de perdas de vidas entre 15% e 20% da população.
Cadáveres paraguaios após a Batalha de Boquerón, julho de 1866 (Bate & Co. W.,
albumen print, 11 x 18 cm, 1866; Museo Mitre, Buenos Aires).
Dos cerca de 160 mil brasileiros que combateram na Guerra do
Paraguai as melhores estimativas apontam cerca de 50 mil óbitos e
outros mil inválidos. Outros ainda estimam que o número total de
combatentes pode ter chegado a 400 mil, com 60 mil mortos em
combate ou por doenças.
As forças uruguaias contaram com quase 5600 homens, dos quais
pouco mais de 3100 morreram durante a guerra devido às batalhas
ou por doenças.
25. Já a Argentina perdeu cerca de 18 mil combatentes dentre os quase
30 mil envolvidos. Outros 12 mil civis morreram devido
principalmente a doenças.
O estado de desnutrição das crianças-soldados aprisionadas pelo exército brasileiro
ao final da Guerra do Paraguai
Fato é que a Guerra do Paraguai não se diferenciou dos demais
conflitos ocorridos durante o século XIX. As altas taxas de
mortalidade não foram decorrentes somente por conta dos encontros
armados. Doenças decorrentes da má alimentação e péssimas
condições de higiene parecem ter sido a causa da maior parte das
mortes. Entre os brasileiros, pelo menos metade das mortes tiveram
como causa doenças típicas de situações de guerra do século XIX. A
principal causa mortis durante a guerra parece ter sido o cólera.
Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai
http://indoafundo.com