NESTE TEXTO FAÇO UMA BREVE DISCUSSÃO CRITICA SOBRE O LIVRO "OS SENTIDOS DO TEXTO" DE MÔNICA CAVALCANTI MAGALHÃES. ESSA RESENHA CRÍTICA FOI COMPONENTE AVALIATIVO DA DISCIPLINA DE PRODUÇÃO TEXTUAL NO PROGRAMA DE MESTRADO PROFLETRAS.
1. UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
CAMPUS GARANHUNS
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS - PROFLETRAS
EMERSON CAVALCANTI DE REZENDE1
RESENHA: OS SENTIDOS DO TEXTO - Cap. 1
(Mônica Magalhães Cavalcante)
GARANHUNS/PE / 2015
1
E-mail: ecrezende2@gmail.com - Universidade de Pernambuco / UPE - Profletras
2. EMERSON CAVALCANTI DE REZENDE
RESENHA: OS SENTIDOS DO TEXTO - Cap. 1
(Mônica Magalhães Cavalcante)
Trabalho realizado em cumprimento de
parte da avaliação da disciplina Texto e
Ensino da Profª Drª. Maria Clara Catanho.
3. A obra, Os sentidos do texto, de autoria de Mônica Magalhães
Cavalcante, publicada pela editora paulista Contexto em 2013, apresenta 174
páginas que mesclam, de forma leve e responsável, teoria e prática para o
professor. Lançado como parte da coleção Linguagem e Ensino, o livro tem,
claramente, como público-alvo o professor do ensino médio, já que, em diversos
boxes e mesmo no texto central, dirige-se ao docente, sugerindo-lhe abordagens e
atividades para executar ao final de cada capítulo em Faça com seus alunos.
Não é por acaso que “Os sentidos do texto”, de Cavalcante, discorre
sobre diversos conceitos relativos ao texto como: contexto; coerência; gêneros
discursivos; sequências textuais; tópico discursivo; referenciação e compreensão;
expressões referenciais e suas funções; intertextualidade. Estes conceitos são
apresentados nos capítulos, ao longo da obra. Considerando Cavalcante (2013) que
os textos:
constituem uma unidade de linguagem dotada de sentido e porque
cumprem um propósito comunicativo direcionado a certo público,
numa situação específica de uso, dentro de uma determinada época,
em uma dada cultura em que se situam os participantes desta
comunicação. (MAGALHÃES, 2013, p.17)
A autora, propõe atividades que podem transformar a sala de aula em um
espaço de discussão, prática e reflexão sobre os textos que circulam em nossa
sociedade. Ao todo, são 7 capítulos, sendo uma Apresentação, em que a autora
expõe a perspectiva teórica centrada na compreensão e na produção de textos em
gêneros variados.
No capítulo resenhado: 1. Texto, contexto e coerência, Cavalcante,
discute alguns conceitos acerca das concepções de textos, defendidas pela
Linguística Textual. No subtítulo 1: Concepções de texto, a autora faz uso de dois
exemplos dos gêneros: notícia (verbal) que relata a decisão de realizar o Enem uma
CAVALCANTE, Mônica M. Texto, contexto e coerência. In: ______. Os sentidos
do texto - 1. Ed. São Paulo: Contexto, 2013. p. 15-42.
Emerson Cavalcanti de Rezende*
ecrezende2@gmail.com
*Mestrando do Programa de Mestrado Profissional Profletras da Universidade de Pernambuco -
Campus Garanhuns. Professor do NEAD do curso de Letras a e pesquisador do Núcleo de Literatura e
Direitos Humanos.
4. vez ao ano, e um anúncio publicitário (verbal e não-verbal) do Fedex Express
tomados como exemplos de textos. Deste modo, a Cavalcante parte do princípio de
que "o texto permeia toda nossa atividade comunicativa" (2013: 17-18) afirmando-se
nas ideias defendidas por Marcuschi (2008) e Beaugrande (1997). E, resalta, que
segundo Koch (2002) o texto varia conforme o sentido de língua e de sujeito,
apresentando três concepções de texto: Artefato lógico do pensamento - onde o
leitor capta as intenções e representação mental do produtor; Decodificação das
ideias - o texto transmite informações a um interlocutor passivo; Processo de
interação - o texto é evento e os sujeitos são agentes sociais.
A autora, afirma, nas ideias de Koch (2002) e Costa Val (1999), que a
atividade interativa textual não está presente apenas no cotexto ou na organização,
mas também no conhecimento de mundo do sujeito: práticas comunicativas, cultura
e história. Exemplificando com o gênero charge "aniversário de Brasília", e conclui
que: "o texto é um evento comunicativo em que estão presentes os elementos
linguísticos, visuais e sonoros, os fatores cognitivos e vários aspectos. É também um
evento de interação locutor e interlocutor, os quais se encontram em um diálogo
constante" (2013, 20).
No subtítulo 2: Tipos de conhecimentos e contextos e 2.1. Tipos de
contexto, a autora discute sobre as estratégias sociocognitivas e como os
conhecimentos são armazenados em nossa memória. Esses conhecimentos podem
ser de natureza linguística, enciclopédica ou interacional. E traz alguns exemplos: a)
gênero piada para o conhecimento linguístico - ambiguidade - que vem comprovar a
relevância de se conhecer a língua e suas particularidades para atribuir sentido ao
texto; b) o gênero poema para o conhecimento enciclopédico - paródia - "Oração à
Natureza" que estabelece uma ligação direta com a "Oração do Pai Nosso"; c)
gênero notícia - conhecimento interacional - informa as pessoas sobre os fatos do
cotidiano por meio do rádio, TV, jornais e internet. Cavalcante, apresenta um último
exemplo do gênero crônica, "Brasília! Capital do Desvio Federal" onde foram
necessários os três tipos de conhecimentos para a interpretação do texto. A autora
define que cotexto são os elementos linguísticos presentes na superfície do texto,
enquanto contexto é "tudo aquilo que, de alguma forma, contribui para ou determina
a construção de sentido" (KOCH; ELIAS, 2006: 59 apud CAVALCANTE, 2013: 27).
5. No subtítulo 3. Coerência textual, Cavalcante, afirma que se "alguém
produz um texto, em qualquer modalidade, tem a intenção de se fazer entender, ou
seja, de ser coerente para com seus possíveis destinatários [...] porém, que alguns
trechos ou aspectos podem apresentar problemas de incoerência apenas local"
(2013: 28). E, dá início à discussão, tendo como exemplo o gênero canção "Oito
anos" de Dunga e Paula Toller, onde apesar de o texto apresentar partes
desconexas e ou desarticuladas, o texto como um todo, pode ser inferido aos
questionamentos feitos por uma criança curiosa. Atribuindo, desta maneira, unidade
de coerência ao todo do texto, sob os pontos de vista: pragmático, semântico-
conceitual e aspecto formal.
Retomando, o que diz respeito ao contexto e aos conhecimentos
(linguísticos, cognitivos, interacionais) seria necessário, para analise textual, não só
sua tessitura, mas o processo (re)construção dos sentidos na produção desse texto.
Assim, a noção de coerência perpassa a unidade semântica que está presente no
cotexto, uma vez que a partir das inferências, antecipações e levantamento das
hipóteses em dada situação comunicativa o leitor dará sentido ao texto que se lê.
Cavalcante, exemplifica esta noção de coerência com o gênero piada, que deixam
lacunas, intencionalmente, no texto, para quebrar expectativas que serão
preenchidas pelos conhecimentos de mundo do leitor, e conclui que "a coerência é
um princípio de interpretabilidade" (2013: 32).
E fazendo um adendo, Cavalcante questiona: Há textos incoerentes?
Esse questionamento, gera um antagonismo entre os linguistas. De um lado, alguns
defendam que há o não texto (sem sentido algum) como Beaugrander e Dressler
(1981) e Marcuschi (1983). De outro lado, os que afirmam que não existam textos
incoerentes, e, o que poderá ocorrer é uma inadequação à situação comunicativa, o
caso de Charolles ([1978] 1988).
Cavalcante, no subtítulo 4. Os fatores de textualidade resalta a avaliação
e intervenção do professor de língua portuguesa no que diz respeito à coerência
textual, e apresenta algumas ferramentas de avaliação: continuidade (retomadas de
ideias e elementos no decorrer do texto), progressão (adesão de novas informações
e conceitos aos elementos textuais), não contradição (respeitar os princípios lógicos
elementares no texto), articulação (que as ideias tenham a ver umas com as outras)
6. todas formuladas por Charolles (1988) e no Brasil disseminadas por Costa Val
(1999). A autora termina o subtítulo com o exemplo de avaliação do texto "O
pensamento positivo faz milagre" analisando as quebras locais de coerência no
texto. E encerra o capítulo Texto, contexto e coerência com três atividades no Faça
com seus alunos.
“Texto, contexto e coerência” é uma ferramenta certamente orientadora e
interessante para o professor de língua portuguesa em conexão com os jovens
deste milênio, conectados e interativos. O capítulo dá sugestões de produção e
avaliação de textos, fáceis de aproveitar, além de abertas a outras possibilidades
que o professor tenha em sua sala de aula. O ponto fundamental deste capítulo é,
nos ajudar a atuar orientados por uma compreensão plural de texto, contexto,
cotexto, coerência enquanto práticas de leitura e escrita.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CAVALCANTE, Mônica M. Texto, contexto e coerência. In: ______. Os sentidos
do texto - 1. Ed. São Paulo: Contexto, 2013. p. 15-42.