QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
Relatório Final de Estágio - Planos de Aula sobre África
1. Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia
Departamento de História
Relatório Final de
Estágio
Aluno: Douglas César de Almeida
2. Relatório Final de Estágio
I Identificação
Aluno: Douglas César de Almeida
Escola: Escola Municipal Dalísia Doles
Endereço:
Série/Ano/Turma/Grau: 7 º Série A do Ensino Fundamental
Número de Alunos Matriculados
Número de Alunos Frequentes
Professora da Turma: Divina
Titúlação da Professora
II Desenvolvimento
Antes de iniciarmos a exposição das experiências desenvolvidas durante o
estágio da licenciatura de História, gostaria de prestar meus agradecimentos
aos vários professores que colaboraram de modo fundamental para a execução
desse trabalho. Ao professor Alysson do Departamento de História da UFG,
pelo apoio, pela dedicação e pelo fornecimento de materiais didáticos para a
elaboração dos planos de aula. A Professora Patrícia do CEPAE prestamos
nossos agradecimentos pelo fornecimento de livros didáticos especializados no
tema proposto para as aulas. A Professora Sônia do Departamento de História
que foi a nossa voz em alguns momentos difíceis e conflituosos com os
orientadores de estágio do CEPAE, além do apoio moral e intelectual, pois foi
de grande valia seu conhecimento como professora experiente e também pelo
fornecimento de materiais didáticos. E a Professora Suely do Dalísia Doles
também deixamos aqui por escrito o agradecimento pelo material didático
fornecido.
Iniciar esse trabalho relativo ao estágio realizado ao longo desse ano letivo
com agradecimentos acima, é extremamente pertinente e relevante. Uma das
dificuldades iniciais para a elaboração de material didático e confecção dos
planos de aula refere-se à seleção de bibliografia especializado sobre o tema:
livros didáticos, paradidáticos, científicos, acadêmicos ou artigos de revistas,
3. etc. O problema é quando o tema é novo, ou em outras palavras, um tema
complexo como o da História da África. Bibliografia especializada sobre o
tema existe sim, mas pelo desleixo historiográfico, se tornou uma raridade
encontrar fontes, e materiais que trabalhem com o tema. Portanto foi preciso
muito tempo para a seleção de matérias didáticos atualizados, e lógico
interessantes, com o objetivo de ajudar na metodologia. Para ensinar crianças
e adolescentes é preciso muito mais do que domínio teórico de um tema. É
preciso de didática, do lúdico, de recursos audiovisuais e etc., para despertar
o interesse e facilitar o processo de aprendizagem. Outro aspecto relevante é
o desconhecimento que existe de história africana pelos alunos, reflexo da
atitude da academia, em desprezar esse campo historiográfico. Alia-se ao
preconceito que confesso, acreditava acontecer em apenas casos isolados,
mas que, se tornou explicito durante minhas aulas. Mudar comportamentos eu
como profissional da educação não creio que tenho esse poder. Mas fazê-los
re-pensar sobre suas atitudes, isso acredito que posso.
Outro problema apontado durante o estágio, que considero irrelevante, foi o
fato da seleção da escola. Nesse ano tive a oportunidade de passar por três
escolas, a saber: a Escola Estadual Waldemar Mundin, o Centro de Estudos
Aplicados à Educação (CEPAE) e a Escola Municipal Dalísia Doles. Comecei o
estágio no Waldemar Mundin, por cerca de um mês, mas fui remanejado para
o CEPAE. Durante a primeira parte do estágio, ou o primeiro período, estava
vinculado ao CEPAE, e inclusive fui o único aluno que teve a oportunidade de
escolher o tema das aulas. Entre Grécia e África, escolhi os africanos. Ao
longo desse primeiro momento foram desenvolvidas no CEPAE as atividades
relacionadas com a observação das aulas, a aula “quebra-gelo”, rebatizada de
aula “quebra-cara”, e a confecção dos planos de aula. Devido ao excesso de
atividades desenvolvidas e a falta de material para a confecção dos planos de
aula, o plano de aula final elaborado ficou com a falta da avaliação (questões
dissertativas ou de múltipla escolha, documentos), etc. De qualquer modo,
durante as férias acadêmicas foi possível concluir os planos de aula, mas fui
impedido de assumir a regência devido a problemas interpessoais com a
orientadora Dailza do CEPAE. Fui novamente remanejado para a Escola Dalísia
Doles, onde pude assumir a regência, mas é lógico claro, e tive que refazer os
4. planos de aula. Comparando as três escolas em termos de estrutura física,
percebe-se maior integridade do CEPAE e do Dalisia Doles. O Waldemar
Mundim possui condições muito precárias, mas é importante ressaltar que a
escola se encontra em reformas.
A observação das aulas foi uma das primeiras atividades do estágio. Apesar de
tudo considero pessoalmente desnecessário assistir aulas, observando a
professora em sala. É importante ressaltar que todos nós estagiários já
passamos anos e anos assistindo aulas, e a nossa experiência como alunos é
suficiente para que possamos entender o que é uma sala de aula. A confecção
de planos de aula também foi conflitante, pois, mesmo com “boas intenções”
não tínhamos muitas escolhas a não ser seguir o que manda a orientadora de
estágio.
Na aula quebra gelo foi trabalhado o tema da escravidão na sociedade greco-
romana. Na prática as diretrizes da aula foram esboçadas pela professora
orientadora, e cabia ao estagiário a aplicação da aula, que consistia na
explicação do tema e da atividade. Apesar do tempo de aula ser muito curto,
cerca de cinqüenta minutos, foi possível concluir o planejamento. A correção
das atividades também foi produtiva. Verifica-se nos alunos do CEPAE, em
geral, interesse, alto nível de abstração, e ótima escrita. A maioria dos alunos
conseguiu responder às atividades propostas de modo satisfatório.
Por outro lado, a confecção dos planos de aula não foi em nenhum momento
fácil, como a aula quebra gelo, ou observação das aulas. Foi pelo contrário,
conflituoso, já que esbarravam nas opiniões e desejos da própria orientadora.
Seria necessária a confecção de sete aulas, e teoricamente teríamos a
liberdade de escolha das temáticas abordadas (já que a aula é nossa, ao
contrário da aula quebra gelo). A partir do conhecimento pessoal que possuía
sobre História da África, foram pensados os planos de aula assim distribuídos:
1ª Aula: O Continente Africano como um todo: as divisões regionais
(geográficas) e a divisões culturais (históricas). Apresentar “as Áfricas”
aos alunos, como a África Negra e África Branca em que o Saara atua
como separação de duas unidades distintas, mas interelacionadas. E
também as regiões do continente: África do Norte, África Ocidental,
África Oriental, África Meridional e a África Central. Na prática
5. utilizaria uma terceira divisão, para facilitar a compreensão da história
dos povos africanos, relacionando com as grandes bacias hidrográficas
(que são vetores essenciais nas trocas comerciais e culturais) e com as
regiões culturais: África Nilótica, África Nigerina, África do Norte ou
Magreb, África Ocidental, África da Costa Oriental e África Central e
Meridional. A partir da segunda aula seriam trabalhadas estas regiões
específicas.
2ª Aula: África Nilótica: O vale do rio Nilo, os Reinos Cristãos da Núbia
e da Etiópia. Estes reinos são uma continuidade do Egito Faraônico,
além de serem cristãos.
3ª Aula: África Nigerina: Os vales dos rios Níger e Senegal: os Reinos de
Gana, Mali e Songai. A presença do islamismo nessa região, assim
como, a continuidade desses reinos.
4ª Aula: África do Norte: os povos berberes, tuaregues e os mouros.
São povos de culturas muito ricas e estiveram cerca de cinco séculos na
Península Ibérica. Utilizaria também referências de como a cultura
berbere está presente na cultura portuguesa e brasileira, através dos
estudos do folclorista Câmara Cascudo.
5ª Aula: África Ocidental: os povos da Guiné: Iorubas, Fon, Daomé e
Bini. Foi dos portos de escravos da região que vieram importantes
contingentes populacionais para o Brasil, ajudando na formação do
povo brasileiro. Seriam trabalhados também com os Retornados,
escravos africanos que habitavam o Brasil no século XIX e retornaram
para a África e hoje são comunidades com costumes brasileiros em
países como Benin, Nigéria, etc.
6ª Aula: África da Costa Oriental: as cidades-Estado Suáiles e a
interação com os povos da Arábia, Pérsia, Índia e China. Para elucidar a
chegada dos portugueses e demais europeus na África utilizaria como
fonte histórica trechos de Os Lusíadas de Camões.
7ª Aula: África Central e Meridional: os Reinos do Congo e de
Monomotapa. Também se faria uma ponte com a África Lusófona atual
(Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, etc.).
6. Esse plano de aula foi vetado e por isso não pude dar continuidade à
elaboração deste. O objetivo era excluir alguns estereótipos relegados a
África: “o continente negro”, a “escravidão” e “afropessimismo”; e mostrar a
interação entre a África, o Brasil e também de certo modo Portugal,
direcionando as trocas culturais no Atlântico Sul.
Por ordem da orientadora era necessário produzir um plano de aula dividido
por eixos temáticos. Seria por exemplo comparar a religião de um povo com a
de outro povo da África, e assim por diante. Um dos problemas é a
comparação. Quando se compara a economia, a escravidão, ou a religião dos
gregos com os romanos, ou até mesmo com os egípcios, é fácil, já que existe
vasta bibliografia sobre estes povos. Agora comparar a religião em vários
pontos da África, quando há pouca bibliografia sobre o tema, já é muito
complexo. Pessoalmente acho que quando se compara dois reinos, países ou
povos, sempre há a criação de hierarquias. As pessoas sempre pensam qual é
o melhor e o pior. No entanto o plano de aula foi assim esboçado:
1ª Aula – Discussão sobre África: a representação do continente através
da cartografia
2ª Aula – Os Impérios, Reinos e Chefias da África Medieval (V-XVI)
3ª Aula – Religião: Cristianismo na África
4ª Aula – Religião: Islamismo na África
5ª Aula – Religião: Religião Tradicional dos Iorubas
6ª Aula – A Escravidão e os Quilombos na África
7ª Aula – As Culturas Africanas: interpretação do mundo, cosmogonia,
práticas culturais, etc.
Foi a partir da elaboração dos planos de aula que surgiram algumas
discordâncias com a orientadora de estágio. Não concordei em nenhum
momento com a proposta de eixos temáticos, que prejudicaram o andamento
do trabalho. A diversidade das organizações políticas africanas foram
relegadas a uma única aula, o que significava a apenas contextualizar esses
reinos de maneira rápida. A orientadora insistiu muito veemente para que
fosse comparado o cristianismo e o islamismo na África, e pela falta de
tempo, já que estava muito próximo da entrega dos planos de aula finais, não
foi possível modificar. A sétima aula em que os alunos apresentariam
7. trabalhos sobre os povos africanos específicos com suas organizações
particulares foi também vetada. Na realidade de acordo com a proposta
pedagógica do CEPAE é lícito que as aulas não se resumam a aulas expositivas
tradicionais, sendo necessária também a apresentação de trabalhos, cartazes,
etc. Era uma oportunidade dos alunos pesquisarem por si próprios a riqueza
étnica existente no continente, com povos brilhantes e pouco conhecidos no
Brasil, como os tuaregues, os dogons, os zulus, os mandingas, os uolofs, os
fulanis, etc.
Mesmo com o plano de aula finalizado e aprovado, fui remanejado para outra
escola, no caso, o Dalísia Doles. A professora Divina elogiou muito os planos
de aula, e me indicou o que ela gostaria que fosse reaproveitado. A sala de
aula original do CEPAE era o 1º Ano do Ensino Médio, e no Dalísia Doles passou
para a 7ª Série do Ensino Fundamental (ou 8ª). A professora estava
ministrando o conteúdo de História do Brasil Imperial, e achou pertinente
trabalhar com a África e a escravidão no período. Ela ressaltou a necessidade
de se trabalhar a religião dos escravos africanos, o que foi mantido no plano.
Assim foram refeitos os planos de aula, com a diminuição da carga horária
para seis aulas:
1ª Aula: O Continente Africano
2ª Aula: Os Impérios, Reinos e Chefias da África Medieval (V-XVI)
3ª Aula: A Escravidão na África
4ª Aula: A Religião dos Escravos Africanos
5ª Aula: A Escravidão no Brasil
6ª Aula: A Abolição
Com os planos de aula em mão fui imediatamente colocado em sala, onde
realizei a regência. As aulas foram de certo modo não-lineares, devido a
feriados e eventos, passei algumas semanas para a conclusão destas. Com a
falta de tempo, a professora Divina solicitou que desse apenas as quatro aulas
iniciais, para que o segundo estagiário pudesse assumir a sala de aula, já
praticamente no inicio de novembro.
Um outro aspecto que deve ser observado é a ausência da máquina de Xerox
no colégio Dalísia Doles, em contraparte do CEPAE. Isso significava que teria
que tirar do próprio bolso, os recursos financeiros para a aplicação das aulas.
8. Não que fosse obrigatório, mas optei pelo investimento, com objetivo de
facilitar na aplicação da aula e divulgar a história africana.
1ª Aula: O Continente Africano – Divisão Regional e Divisão Cultural /
Socioeconômica
A primeira aula foi sem dúvida a que enfrentei o maior número de
dificuldades. Primeiro seria explicado a aula e depois utilizaria transparências
mostrando mapas com as divisões do continente, e se sobrasse tempo, os
alunos preencheriam um mapa mudo da África com o nome dos países. O
primeiro contato que tive com os alunos foi difícil, não no sentido de dominar
a sala de aula, mas pela questão de considerar o conhecimento prévio dos
alunos. Perguntei: “O que vocês sabem sobre a África”. As respostas ouvidas
foram preconceituosas e discriminatórias, como: “o continente azul”, “de
onde vieram os pretos”, entre outros. Expliquei para os alunos que esses
preconceitos nascem justamente porque desconhecem do continente
africano. Utilizei como recursos didáticos, mapas e as transparências. Os
mapas foram eficientes, o mesmo, não acontecendo com as transparências.
Elas se mostraram foscas e com péssima visibilidade, o que de certo modo,
desestimulou os alunos. Passado esse momento, verifiquei que a aula estava
“dada”, e ainda havia muito tempo! Fiquei confuso, e tentei não transparecer
esse sentimento, e falei que iria passar algo no quadro, o que desagradou os
alunos. Então falei para os discentes resolverem as atividades. No geral a
primeira aula foi bastante simples, limitando-se mais a trabalhar com mapas
da África e com as divisões do continente. Foi utilizado material também de
apoio xerografado, mas não foram trabalhados nenhuma questão sobre este. É
importante ressaltar que essa primeira aula foi assim planejada de acordo
com o desejo da professora do Dalísia Doles. O nível de aprendizagem foi
satisfatório, pois nas aulas subseqüentes mostraram dominar o conteúdo com
perguntas orais. Em geral todos os alunos presentes na aula fizeram a
avaliação, que no caso era escrever o nome dos países em um mapa mudo da
África. A aula focalizou muito o aspecto relativo às duas Áfricas: África Branca
e África Negra. Ao final da aula estava nervoso e insatisfeito com essa
primeira aula. Os comentários da professora da turma foram relacionados ao
9. problema do retroprojetor, que não mais seria utilizado (tinha planos de
utilizar nas outras aulas). A professora do estágio disse que eu possuo carisma,
o que ajuda a controlar uma sala de aula, mas deixou claro que era preciso
que eu me esforçasse, para uma aula melhor.
2ª Aula: Panorama da História da África
A segunda aula, ao contrário da primeira, foi boa. Só não foi excelente devido
a dois fatores: a falta de recursos didáticos (ausência de mapas históricos, o
não uso do retroprojetor, etc.) e a falta de participação dos alunos. O único
recurso utilizado foi o material xerografado e o quadro. A parca participação
dos alunos acredito que seja relacionada ao desconhecimento quase total dos
reinos da África Antiga. Com toda certeza, se o interesse fosse maior,
houvesem mais perguntas, a aula poderia ter tomado rumos mais complexos.
No entanto não houve nenhum problema, a aula seguiu normalmente:
inicialmente escrevi no quadro um resumo das idéias a serem trabalhadas, em
seguida a exposição do tema, e finalizando com a avaliação. Dos trinta alunos
matriculados na sala apenas três entregaram a avaliação, que consistia em
quatro perguntas dissertativas. Muitos justificaram o fato de não terem
resolvido as questões, porque acharam difícil o tema. De fato uma aula
apenas para tantos povos africanos é insuficiente para um aprendizado de
qualidade. As três crianças que fizeram a atividade, todas tiveram resultados
satisfatórios, mas que talvez não seja possível generalizar para toda à sala.
3ª Aula: Escravidão e Quilombos na África
Aula também muito boa, o destaque fica por conta da ampliação do tema e da
intervenção da professora da turma durante à aula. Após a explicação ela
pediu para que fosse feita à leitura do texto para ajudar na fixação do
conteúdo, o que acabou comprometendo a avaliação da aula. Na aula foram
retratados personalidades africanas e brasileiras relacionadas à luta contra a
escravidão: Aqualtune, Ganga Zumba, Jinga e Zumbi. Pode-se perceber o
desconhecimento geral sobre os personagens retratados, devido ao fato dos
alunos ficarem muito silenciosos. A aula foi expositiva por excelência. Gastou-
se uma hora trabalhando com o tema proposto, a escravidão. A aula focalizou
10. também as guerras dos Jagas contra o Reino do Congo onde surgiram “duas
personagens” femininas, já citadas anteriormente, Aqualtune e Jinga.
Aqualtune é uma princesa do Congo que se tornou escrava e foi transportada
para o Brasil, e é avó de Zumbi. Jinga a rainha de Matamba, reino próximo ao
Congo, durante a fundação de Luanda, guerreou contra os portugueses e
impediu a penetração destes para o interior de Angola. Necessariamente estas
histórias não estavam no plano de aula e foram incoporadas com o objetivo de
que não sobrasse tempo para os alunos. Não foi possível avaliação, e muito
menos à retomada do tema na aula seguinte, devido aos feriados e recessos
que ocorreram na escola, e o trabalho de outros estagiários.
4ª Aula: A Religiosidade dos Escravos Africanos
A aula também foi muito boa, onde foi possível seguir totalmente o plano de
aula. A avaliação foi agora “forçada” pela professora da turma, já que valia
“nota”, ou seja, cerca de um ponto e meio. Apesar de tudo, muitos alunos
não fizeram. O tema sobre a religiosidade africana é muito complicado, pois
ela é extremamente dotada de preconceitos. Na prática deveria ser
trabalhada com mais profundidade, com o objetivo de mudar a concepção
negativa das religiões africanas e afro-brasileiras. Em relação à avaliação
pode-se notar cola generalizada, os alunos copiam errado do quadro e
também dos colegas. Abaixo relaciono os resultados da correção de cada
questão:
1) Os alunos conseguiram identificar os orixás com a cultura negra
africana, com o candomblé. Porém em relação aos vodus não
aconteceu o mesmo. Os vodus ainda são associados a fetiches, aos
“bonecos vodus” e aos zumbis; há ainda associação com bruxaria.
2) Conseguiram identificar no texto o que são os calundus, porém alguns
copiaram de forma incompleta ou deixaram mal-feitos.
3) Em geral todos sabem que há uma associação do culto aos orixás com
bruxaria, mas no entanto não explicaram o porquê. É devido a
perseguição católica às religiões pagãs.
4) Grande parte escolheu um orixá, outros recusaram-se a responder e
duas alunas responderam assim: Eu não me identifico com nenhum
11. deles porque eu acredito e me identifico com Jesus Cristo, que é meu
único deus. Eu não acredito nisso.
5) Muitos não responderam. Os que responderam o fizeram de modo
bastante claro, mas não chegaram a associar tanto Ogum ao país de Ire,
e que assim sendo o transnacionalismo religioso existente na baía de
Benin.
III – Conclusão
Após um longo ano de estudos, preparação e regência das aulas elaboradas,
pode-se chegar a algumas conclusões. A elaboração de material didático é
uma tarefa complicada, porque é preciso gastar muito tempo pesquisando
textos, imagens e recursos educacionais. A maioria desses textos é de difícil
acesso, ou é necessário tirar do próprio bolso recursos financeiros para
adquiri-los. Em relação à História da África, recém-incorporada nos currículos
de história nacional, talvez seja ainda mais complicado. Verifica-se que os
alunos não valorizam muito a matéria de história, pois a maioria não realizou
as atividades propostas, desinterresadamente (sem valer “pontos”). A
preparação de aulas é muito mais complexa do que propriamente a regência.
Talvez uma das tarefas mais complicadas dos professores é justamente
pesquisar materiais, selecionar, recortar, criar, modificar, adaptar, traduzir,
etc. Dominar uma sala de aula com adolescentes é muito mais fácil, do que
com crianças. É necessário estar o tempo todo chamando o aluno, “preste
atenção”, porque estes se desligam muito rápido. A rotina escolar é às vezes
baseada na coerção e até uso da violência psicológica, não importando a
idade. Este aspecto me deixou bastante preocupado, e não é esse tipo de
educador que adoto como modelo. O desafio para nós historiadores é cativar
os nossos alunos com o nosso objeto de estudo, e todos os professores devem
estar cientes dessa responsabilidade.
14. 1ª Aula
I – Tema:
As Representações do Continente Africano – A Cartografia
II – Objetivos:
II.a – Geral:
Analisar o continente africano, seu multiculturalismo, suas múltiplas
interações com o mundo e a representação e o imaginário sobre ele.
II.b – Específicos:
Localizar no mapa o continente africano.
Contrapor a projeção de Mercator (periferia) e de Peters (centralidade) e
analisar o mapa como uma representação gráfica.
Descrever o quadro natural do continente africano.
Diferenciar as duas “Áfricas”: África Negra e África Branca.
Problematizar conceitos de topônimos como Sudão, Guiné, Etiópia, Abissínia.
Analisar a “centralidade” geográfica do continente africano no mundo e
entender que ele não foi isolado do contato com outros continentes.
Conceituar afro-pessimismo.
III – Metodologia:
1º Passo: Ir construindo no quadro a África como ela é: o berço da
humanidade (da espécie humana), berço também de civilizações autócnes
como o Egito, Cuxe, Axum, Garamantes, Númidas, Nok. Estes reinos serão
apenas citados, elucidando que já desde o mundo antigo a África apresenta
civilizações próprias e que eles são praticamente esquecidos pela história e
historiografia.
2º Passo: Utilizar as projeções de Mercator e Peters para explicar como a
África é representada cartograficamente desproporcional. Explicar a projeção
de Mercator no século XVI e de Peters no século XX, onde na projeção de
Mercator a Europa é colocada como centro e em destaque, e a África (como a
América do Sul) são diminuídos. A projeção de Peters realça o tamanho
15. original dos continentes. Explicar que geograficamente a África é o mais
“central” dos continentes. Explicar o que são mapas suliados, e a hierarquia
dos mapas onde o Norte, ligado a posição superior, se relaciona com o
“paraíso”, e o Sul é relacionado ao “inferno” e está abaixo do centro. Citar o
nome África subsaariana, que explica uma idéia de estar abaixo do Saara.
3º Passo: Assim pela centralidade geográfica da África em relação aos
continentes, explicar que desde o mundo antigo a África esteve inserida nos
contextos da “história mundial”. As invasões e colonização de regiões da
África pelos fenícios, gregos, romanos, vândalos, árabes, persas; relacionam-
se com a presença africana na Europa e Ásia através dos egípcios, axumitas,
mouros, berberes, cartagineses, etc. E explicar que existem relações entre a
África com regiões longínquas como o contato com indianos, chineses, e
malaios.
4º Passo: Descrição física e natural do continente: desertos, savanas,
florestas. Explicar a desertificação do Saara e o Sahel. A existência de “Duas
Áfricas” distintas: a África Branca e a África Negra. Os termos serão
analisados, onde o Saara é um grande obstáculo (nem por isso intransponível)
que irá filtrar os contatos entre o Mediterrâneo e a África ao Sul do Saara.
Analisar a maioria dos termos toponímicos que se referem à África: Guiné,
Sudão, Etiópia, Abissínia. Relacionar que todos significam “terra dos negros” e
são nomes dados por outros povos invasores.
5º Passo: Discutir o conceito de África, que só nasce no século XIX com a
colonização européia da África. Utilizar a frase “os africanos só descobriram
que eram africanos, quando os europeus lhe avisaram”. Analisar que será
construído um discurso negativo da África, como um continente sem história,
onde a barbárie e a selvageria imperam. Explicar que com a descolonização os
africanos começam a discutir a validade das mistificações cientificas que
denegriram o continente.
6º Passo: Explicar a predominância do discurso negativo da África
atualmente, dialogando com os alunos a abordagem da África a partir da
mídia. Pressupõe-se que irá ser abordada a fome, as guerras, a AIDS, o ebola,
etc. De este modo conceituar afro-pessimismo.
16. 7º Passo: Analisar a importância de se estudar a África como ela é, e por quê
hoje ela é obrigatória nos currículos escolares. Relacionar com a construção
da identidade afro-brasileira.
IV – Recursos Didáticos:
Quadro e Giz; Mapas; Texto de Apoio
V – Avaliação:
A avaliação será resolução de exercícios de múltipla escolha. Será proposta
uma pergunta filosófica: se até África é um nome que não foi escolhido pelos
africanos, se você fosse rebatizar o continente a partir dele mesmo, qual
nome você daria?
Atividades
1) A partir da comparação das visões de autores abaixo, responda:
A África não é uma parte histórica do mundo. Não têm movimentos,
progressos a mostrar, movimentos históricos próprios dela. Quer isto dizer
que sua parte setentrional pertence ao mundo europeu ou asiático. Aquilo
que entendemos precisamente pela África é o espírito a-histórico, o espírito
não desenvolvido, ainda envolto em condições de natural e que deve ser aqui
apresentado apenas como no limiar da história do mundo. (Hegel, 1995: 174).
Ao lermos os textos europeus que retratam o Africano (o mesmo sucede,
aliás, se interpretarmos ícones), mesmo os mais descritivos, temos de partir
sempre do princípio de que estamos perante representações, o que é dizer,
perante (re) construções do real. [...] Essa construção faz-se de acordo com
as categorias culturais e mentais de quem viu, ou (e) de quem escreve [...]. A
representação é, aqui, a tradução mental de uma realidade exterior que se
percepcionou e que vai ser evocada — oralmente, por escrito, por um ícone —
estando ausente. (Horta, 1995: 189)
a) Qual a visão de Hegel sobre a África?
Resposta: Hegel afirma a existência de “duas Áfricas”, a setentrional e a
África propriamente dita. A África setentrional é apenas uma extensão do
17. mundo europeu ou asiático. A África propriamente dita é apenas um
ambiente natural intacto e não possui história.
b) Explique a concepção de representação a partir da afirmação de Horta.
Resposta: Para Horta representação é uma reconstrução do real, e essa
reconstrução é feita de acordo com as concepções culturais e mentais
daquele que o viu, ou a escreve. Assim sendo, uma reconstrução de outra
cultura decodificada na cultura do observador é apenas superficial, e não
corresponde com a realidade.
c) Comparando as duas opiniões dos autores acima, relacione o conceito de
representação de Horta e a concepção de África de Hegel.
Resposta: Hegel analisa a África do ponto de vista da sua cultura européia,
portanto hierarquiza, deturpa e foge da realidade da cultura africana.
2) (ENEM-2007) A identidade negra não surge da tomada de consciência de
uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre
populações negras e brancas e (ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo
processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do
continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses,
descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a
África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente
africano e de seus povos. (K. Munanga. Algumas considerações sobre a
diversidade e a identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação:
reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003.)
Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que:
a) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao descobrimento
desse continente.
b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a
desenvolverem esse continente.
c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no
Brasil.
18. d) a exploração da África decorreu do movimento de expansão européia
do início da Idade Moderna.
e) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse
continente e a Europa.
3) (ENEM-2005) Um professor apresentou os mapas ao lado numa aula
sobre as implicações da formação das fronteiras no continente africano.
Com base na aula e na observação dos mapas, os alunos fizeram três
afirmativas:
I - A brutal diferença entre as fronteiras políticas e as fronteiras étnicas no
continente africano aponta para a artificialidade em uma divisão com objetivo
de atender apenas aos interesses da maior potência capitalista na época da
Descolonização.
II - As fronteiras políticas jogaram a África em uma situação de constante
tensão ao desprezar a diversidade étnica e cultural, acirrando conflitos entre
tribos rivais.
III - As fronteiras artificiais criadas no contexto do colonialismo, após os
processos de independência, fizeram da África um continente marcado por
guerras civis, golpes de estado e conflitos étnicos e religiosos.
(Atualidades/Vestibular 2005, 1º sem, ed. Abril, p. 68).
É verdadeiro apenas o que se afirma em:
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.
19. 4) (ENEM-2003) Segundo Samuel Huntington (autor do livro, O choque das
civilizações e a recomposição da ordem mundial), o mundo está dividido
em nove “civilizações” conforme o mapa abaixo.
Na opinião do autor, o ideal seria que cada civilização principal tivesse pelo
menos um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Sabendo-se que apenas EUA, China, Rússia, França e Inglaterra são membros
permanentes do Conselho de Segurança, e analisando o mapa acima se pode
concluir que:
a) atualmente apenas três civilizações possuem membros permanentes no
Conselho de Segurança.
b) o poder no Conselho de Segurança está concentrado em torno de apenas
dois terços das civilizações citadas pelo autor.
c) o poder no Conselho de Segurança está desequilibrado, porque seus
membros pertencem apenas à civilização Ocidental.
d) existe uma concentração de poder, já que apenas um continente está
representado no Conselho de Segurança.
e) o poder está diluído entre as civilizações, de forma que apenas a África não
possui representante no Conselho de Segurança.
20. 5) (ENEM-2002) O continente africano em seu conjunto apresenta 44% de suas
fronteiras apoiadas em meridianos e paralelos; 30% por linhas retas e
arqueadas, e apenas 26% se referem a limites naturais que geralmente
coincidem com os de locais de habitação dos grupos étnicos.
MARTIN, A. R. Fronteiras e Nações. Contexto, São Paulo, 1998.
Diferente do continente americano, onde quase que a totalidade das
fronteiras obedecem a limites naturais, a África apresenta as características
citadas em virtude, principalmente,
a) da sua recente demarcação, que contou com técnicas cartográficas antes
desconhecidas.
b) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha dos seus
recursos naturais.
c) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos limites
naturais.
d) da natureza nômade da população africanas, especialmente aquelas
oriundas da África Subsaariana.
e) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes gastos para
demarcação.
6) (PUC-RJ, 2005)
21. O amigo da Mafalda muda a posição do globo terrestre e com isso demonstra
para ela que:
I - os países subdesenvolvidos não perderão mais suas idéias para os países
desenvolvidos.
II - a Terra não tem cabeça nem pés e que podemos colocar no globo
terrestre, por convenção, qualquer lugar na parte de "cima".
III - as posições e a distribuição dos países e continentes que dominam a
imaginação mundial podem ser mudadas.
IV - podemos virar o globo de "cabeça para baixo" e “fingir” que nós do
hemisfério sul é que estamos de "cabeça para cima".
a) se somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) se somente as afirmativas III e IV estão corretas.
22. c) se somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
d) se somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
e) se as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
Mapas
Projeções da África: Mercator e Peters Respectivamente
23. Mapa-múndi na Projeção de Mercator
Criada no século XVI durante as “grandes navegações” prezava principalmente
as distâncias. Observe a proporção entre Europa, América do Sul e África.
Mapa-múndi na Projeção de Peters
Criada em 1973 buscando estimular a “auto-estima” dos países
subdesenvolvidos. A partir deste ponto, notemos o quanto se altera, no
sentido da veracidade, superfícies como as da América do Sul e da África.
24. 2ª Aula
I – Tema:
As Civilizações Africanas
II – Objetivos:
II.a – Geral:
Analisar a diversidade cultural dos Reinos, Impérios e Civilizações Africanas
dos séculos V ao XV.
II.b – Específicos:
Caracterizar o surgimento de civilizações africanas durante o mundo antigo.
Localizar no mapa as Chefias, Reinos e Impérios da África.
Analisar os três reinos sucessivos no vale do Níger: Gana, Mali e Songai.
Identificar os diferentes tipos de organização urbana no golfo da Guiné.
Conceituar o termo banto e interpretar a migração deste grupo lingüístico
pela África.
Descrever os reinos cristãos no vale do Nilo.
Entender as cidades-Estado suaíles e o comércio com o interior do continente
e com o mundo asiático.
III – Metodologia:
Texto base: África, a diversidade num continente e História da África
1º Passo: Continuação da 1ª Aula. Com utilização do mapa, situar os alunos
sobre o continente africano. A Aula será praticamente expositiva, mas
incentivando o dialogo e participação dos alunos.
2º Passo: Analisar o surgimento das primeiras civilizações: Egito, Cuxe
(Kerma, Napata e Meróe), Axum, Cultura Nok. Essas civilizações serão apenas
citadas para exemplificar a variedade de organizações humanas no continente
africano no mundo antigo.
3º Passo: Descrever o Saara como barreira natural, entendido como “filtro”
que dificultará contatos com o mundo mediterrâneo. Explicar a introdução do
camelo e as facilidades advindas com ele. Explicar o desenvolvimento do
comércio transaariano e A Rota dos Carros, a Rota do Sal e a Rota do Ouro.
25. 4º Passo: Descrição das diferentes formas de organização política dentro da
África “Medieval”. Iniciando-se com a exposição dos reinos de Gana, Mali e
Songai, explicando sua ascensão, auge e declínio. Descrever a interação
destes com o mundo muçulmano. Explicar que os reinos e impérios africanos
não são semelhantes aos reinos e impérios ordinários (como o romano, o
espanhól), estes baseados em fronteiras e territórios. Já os reinos africanos
controlam as rotas de comércio.
5º Passo: Descrição das organizações dos povos urbanos do Golfo da Guiné: os
ashantis, os hauças, os iorubás, os edos, o Reino de Daomé. Caracterizar as
diferenças entre essas organizações urbanas: os iorubás estavam concentrados
em cidades-Estado, os ashantis em confederação de cidades, etc.
6º Passo: Explicar o termo banto. Elucidar a migração dos bantos e a
expansão da tecnologia do ferro. Utilização do mapa para facilitar a
explicação. Citar a organização dos reinos bantos: o reino do Kongo e
Monomotapa.
7º Passo: Descrição dos reinos cristãos da Núbia e da Etiópia, no vale do Nilo.
Utilizar a Etiópia como exemplo de um reino autócnes, letrado e com história
escrita, que não foi colonizado por nenhum país europeu. Dentro dele
convivem povos de organização social distinta (nômades, sedentários,
urbanos, rurais), de fenótipos diferentes, de religiões diferentes.
8º Passo: Descrição das cidades-Estado suaíles e sua interação com China,
Índia, Sudeste Asiático, Pérsia e Arábia.
IV – Recursos Didáticos:
Quadro e Giz. Material de Apoio: Texto Anexo com conteúdos específicos
sobre reinos e impérios africanos.
V – Avaliação:
A proposta de avaliação será trabalhos em cartazes sobre povos e etnias
africanas. Em grupo de três alunos irão pesquisar e realizar trabalhos sobre
esse povo. O trabalho será em cartazes e haverá um dia específico para tratar
desse assunto. Eles terão prazo para fazer. O objetivo será mostrar que cada
26. cultura africana carrega seus códigos e valores simbólicos de representar e
reproduzir o mundo.
Paralelamente os alunos farão um quadro sobre os principais reinos e Impérios
africanos. Os tópicos seriam economia, política, religião, sociedade, cultura,
cosmologia, etc.
Essa proposta de avaliação se deve ao fato de não resumir a história do
continente apenas a reinos, impérios, cidade-Estado, etc. Dentro do
multiculturalismo, os alunos devem ver as culturas dos povos e etnias e seus
símbolos.
27. Chefia, Política Economia Religião e
Reino e Sociedade
Império
Núbia (VI- Em cerca de 540, após a Comércio Cristianismo de
XV) destruição do Reino de Meroé por e fortes Rito Copta
Alto Nilo (da Axum, há a formação dos Reinos vínculos (vinculado ao
1ª a 6ª Cristãos da Núbia: Nobatia (reino culturais Patriarca de
Cataratas) dos nobatas, entre primeira e a com Alexandria) Em
terceira catarata, com capital em Bizâncio 737 os núbios
Pakhoras), Makuria (entre a e o lideram uma
terceira e a quarta catarata, com Patriarca cruzada contra o
capital em Dongola) e Alodia ou de Egito Muçulmano
Aloa (ao sul da sexta catarata, Alexandri em defesa do
com capital em Soba). a. patriarca de
Em 697 há a fusão de Makúria e Agricultur Alexandria e dos
Nobatia durante o reinado de a coptas (cristãos
Mercúrios. No século IX Alodia é (Cereais) egípcios).
anexada e forma-se o Reino da Algodão Utilizam como
Núbia. Os nômades blêmios são Pedras escrita o alfabeto
expulsos para o deserto oriental. Preciosas, copta modificado.
Em 652 sofre a invasão do Egito Ouro As cidades são
Muçulmano que impõem tributos Ébano amuralhadas como
África Etíope ou Nilótica
(o Baqt, tributo anual de 400 Essências Faras, Soba,
escravos, além da liberdade Escravos Dongola, etc.
religiosa). Em 1170 sofre nova Etnias dominantes
invasão dos Mamelucos Egípcios, são os nobatas, os
que começam a islamização da nubas, os blêmios
região, que termina com a prisão e os beduínos.
do último rei cristão núbio,
substituído por um rei
muçulmano.
Em 1317 as igrejas são
transformadas em mesquitas. O
cristianismo subsiste até o século
XV, quando Sennar sede do Reino
Funj se torna o poderoso sultanato
da região. O último baluarte
cristão, Aloa, sobrevive até cerca
de 1500.
Etiópia ou Inicialmente colonizada por povos Domínio Etiópia desenvolve
Abissínia da península arábica, responsável do uma Igreja
(IV-XX) pela formação do Reino de Axum. comércio Nacional com o
Chifre da Em 350 a presença do cristianismo no Mar Abuna (Bispo) de
África (entre se consolida com a conversão do Vermelho Axum. Apesar de
o Mar Négus (“Rei dos Reis”) Ezana, pelo e Interior tudo a Etiópia
Vermelho, bispo Frumêncio. Os reis etíopes do Corno nunca impôs aos
Planalto pertencem à Dinastia Salomônica Africano. súditos o
Etíope e o que se declaram descendentes de Algodão cristianismo, já
Nilo Branco) Salomão e a Rainha de Sabá, Trigo, Tef que outras
28. iniciada com Menelik. Café religiões como o
No século XII ascende ao poder a judaísmo
Dinastia Zagué de língua gheez, e (falashas),
durante o reinado de Lalibela, islamismo e
ocorre o apogeu da dinastia. religiões
Em 1270 os salomônidas restauram tradicionais
sua dinastia, com a capital em conviverem no
Ankober. A existência do reino reino.
etíope cristão origina a Lenda do Desenvolvimento
Prestes João na Europa. O reino de escrita própria.
subsiste por séculos e inclusive Na arte destacam-
consegue manter a independência se igrejas e
do país durante o imperialismo conventos cristãos
europeu no século XIX. talhados na rocha.
Várias etnias
conviveram no
reino, destacando
o gheez, galas,
etc.
Gana (±700 – A origem do reino remonta a cerca Riqueza Gana é tanto o
1240) ou do ano 400. Sal e título real, quanto
África Ocidental ou Sudão Ocidental (Vale do Alto Níger e Senegal)
Uagadu Os primeiros 44 reis seriam Ouro, e o do país: “O País
Entre os Rios berberes até que assume o poder controle do Ouro”. A
Níger e a Dinastia Cissé, de negros, das rotas soberania do Gana
Senegal destronando os antigos soberanos. de era exercida entre
O Gana detinha o monopólio do caravanas homens e não em
ouro e do sal, além do controle saarianas. terras.
das rotas do comércio Escravos A etnia dominante
transaariano. O ouro provinha das era constituída
minas em Wangara, e o sal pelos soninque ou
provinha das salinas de Taghaza e sarakoles.
Bilma, na região norte. Em 990
conquistam Audaghost importante
cidade, onde se cruzavam as rotas
comerciais de ouro e sal do Saara
Ocidental.
Os almorávidas em 1054 saqueiam
Audaghost. Estes centralizam seu
governo em Marraquéxi. No ano de
1077 os almorávidas destroem o
Reino de Gana. Kumbi Saleh, a
capital do reino de Gana, é
destruída por volta de 1200. Os
sarakoles, etnia dos governantes
de Gana, chefiados por Sumanguru
fundam o Reino de Sosso.
Mali Keita chefe de um clã mandinga Noz de Os Mansas (reis) e
(XIII-XV) converte-se ao islamismo, faz uma Cola a nobreza se
Nascentes do peregrinação à Meca em 1050 e é Escravos convertem ao
29. Rio Níger e intitulado sultão. Os descendentes Ferro, islamismo, no
do Rio de Keita são massacrados pelos Cobre, entanto conviviam
Senegal sarakoles do Reino de Sosso, e Marfim no Império
poupam a vida de Sundiata Keita, Sorgo, centenas de
que ao assumir o título de Mali Milhete, povos, culturas e
Djata (literalmente “Príncipe Arroz religiões.
Leão”), reorganiza o governo e Africano Os wangara eram
derrota Sumanguru, em 1235. O Algodão notáveis
apogeu do Império de Mali ocorre Comércio comerciantes, e os
durante os governos de: Mali Djata com o griots (contadores
e de Mansa Musa (1312-1337); com Mundo de histórias) se
capitais em Niani e Kangaba. Mediterrâ encarregavam de
Tomboctou se torna sede de uma neo contar a história
importante universidade islâmica dos legados do
e o centro cultural sudanês, com passado
inúmeras madrassas, bibliotecas e oralmente.
mesquitas. Os tuaregues se A etnia dominante
apoderam de Tomboctou em 1435. era dos malinques
O império é destruído pelos ou mandingas ou
songai. mande.
Songai Com sua poderosa cavalaria Agricultur Rei possuía muitos
(XV-XVI) conquista em 1470 Tomboctou e a títulos: sonni,
Vale do Rio Djenne. Centralizam seu império Pesca kugha ou kukiae,
Níger e Lago na cidade de Gaos, onde reinam a Metalurgi ásquia. A etnia
Chade Dinastia muçulmana dos Askias a dominante
(XV-XVI). Escravos pertencia aos
A instalação de feitorias songai. A Corte
portuguesas no litoral da Guiné assim como os
quebra o monopólio do comércio ásquias eram
do ouro no Sahel, enfraquecendo muçulmanos.
as rotas do comércio transaariano.
É destruído pelos marroquinos em
1591, que formam um estado
dependente.
Hauçás Surgimento ± em 1200: formam 7 Escravos São muçulmanos,
África Ocidental ou Sudão Ocidental
(XII) Reinos Legítimos (Daura, Kano, (notavelm no entanto, os
Próximo ao Katsina, Gobir, Biram, Zegzeg, ente hauçás são apenas
encontro dos Rano) e 7 Reinos “Ilegítimos” eunucos) uma unidade
rios Níger e (Zaria, Djukum, Kebbi, Zamfara). para as lingüística, e não
Bênue Desenvolvem uma importante Cortes étnica.
história escrita, além de serem árabes Desenvolveram a
muçulmanos. No século XIX a escrita, mas seus
história escrita será destruída livros foram
pelos fulanis e as jihads na África destruídos pelos
Ocidental. fulanis ou peules
no século XIX.
Iorubás ou Carregam algumas características Azeite de A religião
Nagôs que remetem à antiga Cultura dendê e tradicional dos
(XII) Nok. O surgimento das Cidades- de palma iorubas é a crença
30. Região Estado autônomas ocorre ± em Artesanat nos Orixás.
Ocidental do cerca do ano 1150. As Cidades- o de A organização
Delta do Estado são autônomas: Oyó-Ilê, cobre e política e religiosa
Níger Oyó, Abeokuta, Eko (atual Lagos), ferro oscila ente o Oni
Oshogbo, Ibadan, etc. Porém os Utilização (Chefe Religioso
iorubas possuem Ifé como centro da de Ifé) e o Alafin
cultural. O Oni (Rei) de Ifé detém técnica (Chefe Temporal
a primazia religiosa sobre as da cera de Oyó). O Ogboni
cidades iorubas. Desse modo todos perdida (Senado), porém,
os governantes iam até Ifé para na tem poderes para
terem a legitimação de seus fundição derrubar um
governos. Isso se deve pela origem de soberano. O
mítica, do orixá-rei Odudua, que metais. Babalâo também
fundou e governou de Ilê-Ifé. Cerâmica tem destaque na
A partir do século XVI o poder da e sociedade ioruba:
cidade-Estado de Oyó cresce até esculturas é o adivinho,
unificar toda as cidades-Estado de ferro, conselheiro e
ioruba. O alafin (rei de Oió) bronze e cobrador de
exerce a soberania temporal dos terracota impostos.
iorubas e também começa a . A arte,
questionar a legitimidade de Ifé, Escravos principalmente as
deificando Xangô, antigo rei esculturas
oioano, como divindade principal. atingirão grande
No século XVII o Império de Oyó desenvolvimento e
dominará grande parte da Nigéria, em estilo
incluindo o Reino de Daomé. A naturalista.
civilização dos iorubas alcançou
grande prosperidade,
notavelmente em relação à vida
urbana. Censos iorubas de 1850
revelam 10 cidades com mais de
100 mil habitantes.
Benim O reino possuí uma origem mítica: Tecidos, O chefe político é
Região teria sido fundado por Oranian, esculturas o oba (rei) e
Oriental do um ioruba. A sede é a cidade de em possuí ligações
Delta do Ubini. bronze e culturais e
Níger No século XVI é proibido a cobre, históricas com Ifé.
escravidão masculina, numa óleo de A etnia do reino
política de estímulo demográfico. palma e de Benim é
O oba mantinha o monopólio na escravos conhecida como
produção e circulação do marfim e binis ou edo.
da Pimenta.
Daomé Caracteriza-se por uma série de Escravos A religião
(atual Benin) cidades-Estado: Alada, Sadô, tradicional
Oeste dos Adjaxé (atual Porto Novo), etc. Irá corresponde a
Estados tornar-se um reino unificado com crença nos Vodus,
Iorubas sede em Abomey, durante o divindades
século XVI, quando passa a semelhantes aos
enriquecer com o tráfico orixás dos iorubas.
31. transatlântico de escravos. A etnia é
denominada fon
ou gegê.
Zimbábue Dezenas de grandes muralhas de Agricultur Religião
(XIII-XVI) pedra (zimbábues) construídas a, Ouro, Tradicional
Rios entre 900 até 1600.O mais Cobre, Etnicamente é
Zambeze e impressionante é o Grande Marfim e composta por
Limpopo Zimbábue, que também foi o Gado grupos Xonas.
centro do reino. Comercializavam Bovino.
com os Estados Suaíles da Costa. Possivelm
Pouco se sabe da organização ente
política e religiosa do reino. Escravos
Monomotapa Caracteriza-se por chefias unidas Marfim e Religião
(XV-XVI) por laços de parentesco lideradas Ouro Tradicional
Noroeste do pelo Chefe Monomotapa (Mwene Escravos Etnicamente é
Rio Zambeze Mutapwa, “Senhor das Terras composta por
Arrasadas”). Sua soberania era grupos Xonas.
exercida do Kalahari ao Índico. Os
África Central e Meridional
portugueses tomaram
conhecimento desse reino no
Zambeze e estabeleceram
comércio com este.
Congo A origem do reino remonta ao Ferro, Religião
Rio Congo ou inicio do século XV, fundado por Marfim Tradicional. Com a
Zaire ao chefes “ferreiros”, bons caçadores Painço e chegada dos
norte, rio e guerreiros. Forma-se uma Sorgo portugueses é
Cuanza ao sul confederação de vários chefes e Tecidos introduzido o
e rio Cuango chefias tradicionais que de Ráfia cristianismo, e a
ao leste reconheciam um rei: o Manicongo Sal conversão da corte
ou Ntotila, que unia poderes Zimbos em 1512. A
políticos e religiosos. Cidades (Búzios sociedade
(banzas) e aldeias (lubatas) que caracteriza-se por
pagavam tributos ao Manicongo. A serviam três estratos:
sede do reino era a cidade de como nobreza,
M´Banzacongo. Com contato com moeda) camponeses e
os portugueses o principal produto Tanchage escravos. A
de exportação passa a ser m filiação era
escravos, assim como estes se Escravos matrilinear e
tornam monopólio do Manicongo. aceitavam a
Em 1665 iniciam uma revolução poligamia. A etnia
antilusitana. dominante era dos
Muchicongos ou
Bakongo.
Suaíles Cidades-Estado cosmopolitas que Marfim, A religião
Azania ou combinavam povos bantos e outros Peles predominante é o
África da
Zanj africanos do interior do Óleo de islamismo. Os
“Os continente, muçulmanos (árabes e Coco suáiles são povos
Habitantes persas), além de indianos e Ébano, mestiços
da Costa” chineses. As principais cidades- Sândalo notavelmente de
32. Costa do Estado eram Zeila, Socotora, Escravos bantos (negros)
Oceano Mogadíscio, Kilwa ou Quiloa, Ouro, com árabes e
Índico Zanzibar, Sofala, Mombaça, Ferro persas. Utilizavam
Melinde, Lamu, Pemba, etc. língua própria, o
A civilização suaíle desenvolveu-se Suaíle, que é
sem interrupções mais ou menos inclusive língua
do século VIII até a chegada dos franca e de
portugueses em 1498. comércio na
A principal atividade econômica região.
era o comércio de longa distância Utilizavam como
com Índia, Arábia, Pérsia e China; moeda o metical,
além de comércio com o interior penas de aves
do continente. “recheadas” de
ouro em pó.
Atividades
1) Descreva a economia africana antes da chegada dos europeus.
Resposta: Agricultura, pecuária; escravos, ouro, marfim, ébano, especiarias,
ferro, comércio.
2) Faça um mapa da África e localize as chefias, Reinos e Impérios citados
no texto.
Resposta:
3) Existia escravidão na África antes do contato com o homem branco?
Explique.
Resposta: A partir da análise do quadro verifica-se a existência da escravidão
no continente africano antes mesmo do contato com os europeus. O tráfico
de escravos era já um importante item de exportação das organizações
políticas citadas, e muitas delas também forneciam escravos especializados
para outros povos.
4) Cite cinco povos africanos que contribuíram para a formação do povo
brasileiro.
Resposta: Apesar da grande quantidade de povos habitantes do continente
africano, nem todos eles foram vendidos como escravos no Brasil. Cinco
importantes nações são os iorubas, os hauçás, os congoleses, os mandingas, os
fon, etc.
33. 5) Explique a sociedade dos iorubas.
Resposta: A organização política dos iorubas caracteriza-se por uma série de
cidades-Estado autônomas e independentes. Duas cidades se destacam: Ifé,
sede do Oni, e centro cultural dos iorubas, onde os reis nagôs iam para
obterem legitimidade dos seus governos junto ao Oni; e Oyó, sede do Alafin,
se torna o mais importante centro temporal ioruba, formando um vasto
império, que incorporando várias cidades nagôs. O Ogboni é o Senado, ou, o
Conselho de Anciãos, que possui função auxiliar junto aos reis iorubas,
detendo poderes inclusive para depor um soberano. O babalaô é um
importante adivinho, sacerdote e coletor de impostos.
6) Quais as principais religiões dos povos africanos.
Resposta: Apesar da diversidade religiosa dos povos africanos, três religiões
se destacam: as religiões tradicionais características de cada etnia africana, o
cristianismo e o islamismo.
7) Quais as principais riquezas do Reino de Gana? Explique.
Resposta: As principais riquezas do Reino de Gana eram o monopólio real da
circulação do ouro e do sal, e o controle das rotas de comércio transaariano.
8) Relacione os reinos de Benim e Daomé com os iorubas.
Resposta: Os reinos de Benim e Daomé possuem laços históricos com os
iorubas, pois, possivelmente esses reinos foram fundados por povos iorubas e
se diferenciaram ao longo da história. Prova disso é a existência de origens
míticas para os Reinos de Benim e Daomé que se relacionam com a cultura
ioruba.
9) Caracterize as cidades-Estado suaíles.
Resposta: As cidades-Estado suaíles correspondem a um conjunto heterogêneo
de povos, organizações políticas e religiosas ao longo da costa do Oceano
Índico, no leste africano. A cultura suaíle possui uma língua comum,
originada do intercâmbio comercial, religioso e cultural dos povos bantos
34. africanos com povos árabes e persas islâmicos. A Costa Oriental Africana
praticamente de Mogadíscio, na Somália, a Sofala, em Moçambique, passando
por Melinde, Quiloa, Zanzibar, etc.; caracteriza-se por um grande comércio
marítimo através do Oceano Índico, acompanhando as monções, com regiões
da Ásia Oriental, como a Índia, a China, a Pérsia, a Árabia, a Malásia e a
Indonésia.
35. 3ª Aula
I – Tema:
As Religiões “Universais” na África – O Cristianismo
II – Objetivos:
II.a – Geral:
Analisar o cristianismo na África durante os séculos V ao XV.
II.b – Específicos:
Conceituar o animismo, religião étnica e religião universal.
Caracterizar o cristianismo copta.
Diferenciar o cristianismo do vale do Nilo e o cristianismo católico.
Analisar o cristianismo na África hoje.
Entender a conversão do Reino do Kongo pelos portugueses.
III – Metodologia:
1º Passo: Perguntar aos alunos qual foi o desfecho da civilização egípcia e
criticar como o Egito desaparece da história após Cleópatra e a conquista
romana. Assim a partir da dedução de que o Egito será incorporado ao mundo
romano e o cristianismo irá transformar os egípcios históricos será abordado o
cristianismo copta. Será caracterizado a importância do Egito no Monaquismo
Cenobítico, a atividade dos Missionários egípcios na conversão dos Reinos
Núbios e na Etiópia, o Patriarcado de São Marcos em Alexandria, e o próprio
Egito como terra santa, onde a Sagrada Família buscará refúgio e é o cerne do
credo copta.
2º Passo: Será caracterizado o Cristianismo nos reinos núbios e na Etiópia.
Com a conquista árabe do Egito, o cristianismo copta ficará “isolado” da
cristandade, o que resultará nas lendas do Prestes João.
3º Passo: Leitura de texto de apoio que fale sobre o “fabuloso” Reino do
Prestes João. Problematizar a chegada dos portugueses que trarão a “missão
civilizatória” e católica no litoral. Explicar a conversão do Reino do Kongo no
século XV, explicando a religião original do reino. Após a explicação,
caracterizar o cristianismo hoje na África.
36. 4º Passo: Exibição de imagens da arquitetura cristã na África.
5º Passo: A cruzada etíope em defesa do Patriarcado de São Marcos
IV – Recursos Didáticos:
Retroprojetor - Utilizar imagens das igrejas de pedra da Etiópia, mosteiros
egípcios e ruínas de Igrejas núbias.
Quadro e Giz.
V – Avaliação:
Elaboração de questões dissertativas sobre a aula.
Atividades
1) Observe as palavras ditas por um soba (chefe) africano a um missionário
europeu recém-chegado àquele continente: “Quando vocês chegaram, nós
tínhamos as terras e vocês as Bíblias. Aí vocês nos mandaram fechar os
olhos para rezar e nós fechamos. Quando nós abrimos os olhos novamente,
vocês tinham as terras e nós as Bíblias”.
Analise o significado dessa frase à luz dos problemas que a África vive na
atualidade.
Resposta: A frase do soba africano é pertinente aos problemas vividos pela
África atualmente. Os europeus ao chegarem no continente com supostos
ideais “humanistas”, cristãos e progressistas; escondiam seus reais interesses
com os africanos: a exploração das suas riquezas e subordinando a África às
novas relações econômicas existentes no mundo.
2) Os problemas africanos do presente podem ou não ser considerados uma
herança do passado colonial?
Resposta: Os problemas enfrentados pela África na atualidade são os reflexos
da espoliação do continente ao longo de cerca de cinco séculos. Inicialmente
o continente se inseriu na divisão internacional do trabalho como fornecedora
de mão-de-obra escrava para as Américas. Os melhores braços africanos eram
retirados do continente, o que causou o despovoamento e alteração das
relações sociais e econômicas existentes. No século XIX os europeus
37. extinguiram o tráfico de escravos, mas a “ciência européia” passa a legitimar
a suposta inferioridade dos povos de tez negra. Ao mesmo tempo a África é
praticamente retalhada na Conferência de Berlim, por menos de dez nações
européias. O continente é conquistado e novamente há uma nova
desorganização produtiva: países auto-suficientes em produção alimentar
passam a adotar forçadamente a monocultura exportadora, voltada para o
mercado europeu. As fronteiras artificiais criadas e recriadas a bel prazer do
conquistador separam povos semelhantes, como a Somália, que é dividida em
três nações, Itália, França e Grã-Bretanha. Novas etnias são “criadas” e
manipuladas aos interesses do conquistador, como os hutus e tutsi nos
Grandes Lagos. A segregação racial chega ao máximo na África do Sul.
38. Cristianismo na África
Zanzibar, Tanzânia
Yamoussoukro, Costa do Marfim
Ilha de Moçambique, Moçambique
Windhoek, Namíbia
Maputo, Moçambique
Luanda, Angola
39. Coptas
Asmara, Eritréia
Nova Santa Maria do Zion, Axum,
Etiópia
Lalibela, Etiópia
Santa Maria do Zion, Etiópia
41. 4ª Aula
I – Tema:
As Religiões “Universais” na África – O Islamismo
II – Objetivos:
II.a – Geral:
Analisar o islamismo na África durante os séculos V ao XV.
II.b – Específicos:
Caracterizar o islamismo na África do Norte, na Costa Oriental e na África
Ocidental e suas particularidades.
Comparar o islamismo na África do Norte, na África Ocidental e na Costa
Oriental.
Relacionar a penetração do islamismo nos Reinos de Gana, Mali e Songai.
Diferenciar a religião original de Gana, Mali e Songai.
III – Metodologia:
1º Passo: A Aula será expositiva. Será neste primeiro momento perguntado
aos alunos qual religião é a que mais cresce no Mundo. O islamismo é a
religião que mais cresce no mundo, principalmente nos países africanos hoje.
A partir desse contexto explicar as origens do islamismo na África.
2º Passo: Explicar as mudanças trazidas pelos árabes: o Islamismo e seu
impacto no Norte da África. Analisar que a consolidação e conversão dos
povos do Magreb e Egito, uma nova onda de islamização, a partir de
comerciantes e missionários que cruzarão o Saara e o Nilo, e através do
proselitismo, farão a conversão de muitas realezas, povos e indivíduos no
Sudão. Descrever os contatos de árabes e persas na Costa do Índico levarão o
islamismo para as cidades-Estado suaíles. Será caracterizado o islamismo
nestas regiões em períodos diferentes.
3º Passo: Ler trecho do texto sobre os tuaregues: povo islâmico, mas com
cultura peculiar
4º Passo: Explicar as relações entre os povos islâmicos e os africanos.
42. 5º Passo: Relacionar o islamismo e o cristianismo na África. Descrever a
penetração pacifica dessas religiões e alguns conflitos ao longo da história
africana. Relembrar as cruzadas no século XI e a Guerra Civil no Darfur, Sudão
atual. Relacionar a situação do cristianismo hoje na África (que se concentra
no litoral) e do islamismo (que se concentra no interior, sendo a religião que
mais cresce na África).
6º Passo Exibição de imagens da arquitetura islâmica na África.
7º Passo: Islã penetração pacífica e Islã penetração violenta (jihads, Darfur,
escravização dos infiéis)
IV – Recursos Didáticos:
Quadro e Giz
Retroprojetor - Utilizar imagens das mesquitas do Vale do Níger, e outros
templos religiosos pela África.
V – Avaliação:
Elaboração de questões dissertativas sobre a aula.
43. Atividades
1) Faça um quadro comparando o islamismo e o cristianismo na África.
Islamismo Cristianismo
Região predominante Interior Litoral
Principais Norte da África Vale do Nilo
África Ocidental Litoral Africano,
Costa Oriental da África próximo as Capitais
construídas pelo
imperialismo europeu
Mais cresce na África Maior basílica do Mundo
em Yamoussoukro
Particularidade Tuaregues Coptas
Templos Mesquitas Igreja e Mosteiros
Suakin Debre Markos
Quiloa Soba
Zanzibar Tabennesis
Axum
Lalibela
Debre Birham
Malês
45. Mopti, Mali
Bobo Dioulasso, Burkina Fasso Djenne, Mali
Falésia de Bandiagara, País Dogon,
Mali
Bamaco, Mali
Nairóbi, Quênia
46. 5ª Aula
I – Tema:
A religião iorubá, a crença nos orixás e a crença além fronteira: o
transnacionalismo religioso.
II – Objetivos:
II.a – Geral:
Analisar a religião iorubá e o transnacionalismo étnico dessa religião, e a
geração de várias cidadanias no Golfo da Guiné no século XVI.
II.b – Específicos:
Conceituar transnacionalismo e ou cidadania plurinacional.
Conceituar orixás e vodus dentro das religiões iorubá e fon.
Refletir sobre cidadania plurinacional.
Relacionar cidadania nacional e cidadania transnacional.
III – Metodologia:
Texto base: Textos anexos: “Os Orixás e ”Os Orixás e o transnacionalismo
religioso“.
1º Passo: Perguntar aos alunos o que eles sabem sobre Orixás e Vodus. A
partir das observações dos alunos, ir construindo no quadro tópicos, que serão
relacionados em duas vertentes: uma sobre orixás, Exu, religiões afro-
brasileiras, candomblé, etc; e a outra seria vodu, magia negra, feitiçaria, etc.
2º Passo: A partir das opiniões expressas pelos alunos, iniciar a desconstrução
da assimilação de vodus ao folclore haitiano e o cinema (com filmes de
terror), e também a visão hierárquica da igreja católica associando as
religiões iorubá e fon à bruxaria européia. Explicar que a arte iorubá era
peculiar, pois estava orientada a expressão do desconhecido, dos ancestrais e
do mundo supra-sensível. Citar o exemplo do Exu, que é demonizado, devido
sua representação de um símbolo fálico.
3º Passo: Explicar que os orixás e os vodus são divindades iorubás (nagôs) e
fon (gege). Caracterizar a religião iorubá e fon original, religiões étnicas.
Lembrar os alunos que os iorubás foram chamados pelos europeus de “os
47. gregos da África”, e identificar as razões para essa assimilação. Utilizar as
imagens de Exu e de Gu, um orixá e um vodu respectivamente, e a sua
representação artística. Construir com os alunos o discurso de demonização,
por se tratarem de imagens que remetem ao desconhecido.
4º Passo: Explicar que a partir do século XVI no Golfo da Guiné surgirá o
fenômeno do transnacionalismo religioso e cidadanias multinacionais.
Descrever que significa a crença nos orixás e vodus, anteriormente
relacionada aos seus povos originais, irá transcender o conceito de etnia.
Leitura de um trecho do texto anexo (4º, 5º e 6º parágrafos).
5º Passo: Explicar a cidadania multinacional e relacioná-la com a cidadania
brasileira. A devoção pessoal em um orixá ou vodu transcendia a própria etnia
(fon, ewe, tapa, nupe). A partir da crença em um orixá, os devotos se
tornavam parte da comunidade desta divindade e com tudo a ela associada:
lugares sagrados, ritos, crendices, etc.
6º Passo: A partir da relação entre orixás e santos católicos (utilizando o
texto anexo) explicar que os africanos vindos como escravos para o Brasil
trazem sua fé, e a partir do sincretismo, das irmandades, e irá originar as
religiões afro-brasileiras, e também afro-americanas. Explicar que a tradição,
a oralidade e as crenças africanas ainda estão presentes e vivas no nosso país.
7º Passo: Após a aula expositiva, ler o primeiro parágrafo do texto. Uma
pergunta filosófica sobre a questão nacional e nacionalista. Analisar a
primeira frase do texto do ponto de vista filosófico. O caso da cidadania
plurinacional e multicultural que apresentamos, é uma pequena contribuição
ao debate que desejamos. Por uma parte, vertical, é dizer, um dialogo com o
profundo e rico passado do continente africano, e por outra, horizontal, é
dizer, uma conversação com todas as culturas do mundo. O objetivo seria que
os alunos reflitam sobre o conceito discutido em sala (transnacionalismo e
relacionem com nacionalismo), e que façam um pequeno texto escrito.
IV – Recursos Didáticos:
Quadro e giz; material de apoio xerografado e imagens sobre arte iorubá,
orixás e vodus.
48. V – Avaliação:
Serão perguntas reflexivas e filosóficas (em anexo) sobre o tema da aula.
Os orixás e o transnacionalismo pré-colonial
O caso da cidadania plurinacional e multicultural que apresentamos, é uma
pequena contribuição ao debate que desejamos. Por uma parte, vertical, é
dizer, um diálogo com o profundo e rico passado do continente africano, e por
outra, horizontal, é dizer, uma conversação com todas as culturas do mundo.
Em geral, o multiculturalismo e a inclusão parecem característicos dos
chamados “impérios” africanos. Nos antigos impérios de Gana, Mali, Songai,
Kongo, a hegemonia do grupo conquistador nunca implicou a imposição da
religião e da língua.
Mas o caso que mais nos interessa é a dos povos e entidades geopolíticas da
África Ocidental, situados entre o rio Níger a leste e o rio Volta ao oeste, do
século XV ao XIX. Trata-se dos reinos e povos ewe, aja tado, alada, xogbonu,
danxome, oyo, ijebu, ifé, tapa, bini, para citar os mais proeminentes.
Historicamente, estes reinos e os povos que os compõem, se consideram
pertencentes a uma grande família: o ebi; entidades políticas estas que
desenvolveram entre si um sistema sofisticado de hierarquias, senhorios,
fidelidades e obrigações mutuas; dentro dos quais a religião desempenha um
papel fundamental no surgimento e permanência de uma cidadania
multinacional. Assim que haviam sido perturbados pelo comercio atlântico,
teria se desenvolvido estes acontecimentos políticos e culturais nesta parte da
África.
Como bem se sabe, esta é o berço das religiões orixá e vodu que sobreviveram
na América e que, ainda sem missionários ou cruzados, continua sua expansão
hoje fora das comunidades negras da América e Europa. Como exemplo, na
Baía de Benin existem 401 orixás ou vodus, o qual se deve interpretar da
seguinte maneira: 400 simboliza um grande número e 1 simboliza a perpetua
dinâmica característica do panteão, assim dizendo, o principio da criatividade
49. religiosa. Há vários tipos de orixás e vodus: orixás de família, orixá protetor
de uma cidade ou aldeia (orixá tutelar) e orixá individual. Muito mais tarde
nasceu o vodu de Estado.
Os orixás ou vodus circulam livremente entre os povos que os transferem uns a
outros; e como se sabe, cada deidade (orixá ou vodu), tem sua cidade ou
lugar histórico ou mítico, onde nasceu ou onde Olorum, o deus supremo, lhe
fez surgir. Ogum, deus da metalurgia, da guerra e da tecnologia, nasceu em
Ire, no país dos Ekiti, uma etnia iorubá situada na parte oriental do continuum
dialetal. Oiá, deusa da tempestade, nasceu em Ilé Ira, as margens do rio
Níger, do qual seu nome. Xangô, deus do raio e da justiça, vem de Oyo, no
centro do país iorubá, assim como Exu Elegba, o deus da ambigüidade, da
dualidade, dos encontros e da tradução, o Hermes iorubá, tem como pátria
Ketu, na atual República do Benin. Nanã provém da parte ocidental do país
nagô, parte do atual Togo.
Uma característica básica destas religiões iniciáticas consiste em que cada
individuo se identifica com uma deusa ou um deus que é dono de sua pessoa:
ori (“destino”). Nelas o mais importante é o individuo e sua relação com seu
deus e com todos os que o mesmo deus selecionou e que, portanto, tornam-se
parte de sua família, sem importar o Estado onde residem.
Como parte do processo de iniciação o noviço tem que aprender a historia da
deidade a qual pertence, a língua do lugar onde nasceu a mesma, suas
comidas, maneira de vestir-se e outros costumes. Assim sendo, cada pessoa
iniciada se considera como cidadã do lugar de nascimento de seu orixá ou
vodu. Um adepto de Nanã, ainda que seja nativo de Oyo no centro do país
iorubá, têm que aprender a língua nagô, falada na parte oeste do continuum.
Ifá o deus da sabedoria e da adivinhação, é o orixá mais conhecido e
consultado na área, e como seu lugar de origem é Ilê-Ifé, berço da civilização
iorubá, seus sacerdotes aprendem o iorubá e memorizam os milhares de seus
mitos esotéricos, classificados em 256 odu ou combinações, e as interpretam
a seus eleitos nas distintas línguas da região. Desta maneira, a iniciação
religiosa é uma escola de alteridade, na qual os noviços passam por uma
verdadeira curiosidade pelo estrangeiro. Em suma, o sistema reduz
drasticamente a fidelidade incondicional ao Estado-nação, posto que uma
50. parte importante da população tem mais de uma cidadania; onde a alteridade
está inscrita na mesma idéia da nação.
Fonte: YAI, Olabiyi Babalola. Religión y Nación Multicultural Un Paradigma
del África Precolonial. In: Arocha, Jaime (Org.). Utopía para los excluídos.
Bogotá: Facultat de Ciencias Humanas UN, 2004. p. 83-85.
Vocabulário
Odu – sistema de adivinhação de Ifé, atributo do deus Ifá. O sistema
geomântico utiliza 16 conchas (que simbolizam os 16 caminhos da vida) que
formam 256 combinações cada qual decorado pelo babalaô, que o recita ao
fiel. .
Continuum – espaço topológico não vazio, separado, conexo e localmente
compacto.
Alteridade – o mesmo que outridade. É a concepção que parte do pressuposto
básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros
indivíduos. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a
existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro
(que em uma visão expandida se torna o Outro - a própria sociedade diferente
do indivíduo).
51. Atividades
1) Analise o relato do viajante europeu sobre um Legba (Exu) de Ouidah
(cidade do Benin) em 1743, e do pesquisador Pierre Verger
Eis como apresenta o Legba de Ouidah, onde permaneceu de 1743 a 1765. A
um quarto de légua dos fortes os daomeanos ainda têm um deus Príapo, feito
grosseiramente de terra, com seu principal atributo, que é enorme e
exagerado em relação à proporção do restante do corpo. As mulheres,
sobretudo, vão oferecer-lhes sacrifícios, de acordo com sua devoção e com o
pedido que lhe farão. Esta má estátua encontra-se debaixo do forro de uma
choupana que a abriga da chuva. (Pruneau de Pommegorge, 1743)
Porque os assentamentos de Eshu encontrados na África eram considerados
obscenos e imorais pelos europeus que lá chegaram. Em toda expedição que
era feita à África sempre tinham padres missionários com a finalidade de
catequizar e converter os pagãos africanos. E naturalmente essa catequese
não permitia que continuassem a cultuar seus orixás pagãos..(Pierre Verger,
Notas sobre o culto aos Orixás e Voduns, p. 133).
52. a) Qual a visão de Pruneau de Pommegorge sobre a religião dos
daomeanos?
Resposta: Pruneau de Pommegorge analisa a religião dos povos de Ouidah de
acordo com a sua concepção religiosa cristã. Assim sendo reprova as crenças
religiosas desses africanos, pois adoram um deus fálico, mau feito, e realiza-
se sacrifícios a este ídolo.
b) Porque a representação de Exu é evocada como “má”?
Resposta: A representação de Exu é evocada como má pelo autor devido sua
representação artística como um símbolo fálico.
2) A partir da leitura do texto, caracterize o que significa
transnacionalismo.
Resposta: Transnacionalismo religioso é um fenômeno cultural existente na
baía de Benin, onde pessoas de diversas origens étnicas ou nacionais possuem
dupla cidadania. Além de ser um cidadão do seu país natal, passa a ser
cidadão da terra de origem do seu orixá ou vodu, que rege a sua vida.
3) Qual orixá você se identificaria? Mas a partir da leitura do texto, é você
quem escolhe seu deus guia?
Resposta: Qualquer orixá poderia ser escolhido ao gosto do aluno. É
importante ressaltar que não é a pessoa que escolhe seu deus guia, mas ao
contrário, os adivinhos babalaô, viajam pelos países e nações da região da
baía de Benin identificando qual é a divindade que zela pelo ori ou destino do
fiel. Assim sendo a escolha da divindade não ocorre de baixo para cima, mas
de cima para baixo.
4) Caracterize a religião iorubá antes da chegada dos europeus e a religião
iorubá após o contato com os europeus.
Resposta: A religião ioruba corresponde a um conjunto de crenças do povo
ioruba, ou seja, é uma religião étnica. Com a chegada dos europeus e a
imposição do tráfico de escravos, a crença nos orixás transcende a própria
53. etnia ioruba, se estendendo a outras etnias da região, o chamado
transnacionalismo religioso.
5) Acreditava-se, também, que a parte habitável da Etiópia era moradia de
seres monstruosos: "os homens de faces queimadas". [...] A cor negra,
associada à escuridão e ao mal, remetia no inconsciente europeu, ao
inferno e às criaturas das sombras. O Diabo, nos tratados de demonologia,
nos contos moralistas e nas visões das feiticeiras perseguidas pela
Inquisição, era, coincidentemente, quase sempre negro (Del Priore e
Venâncio, 2004: 56).
A partir da afirmação acima, discuta o significado que possuí a palavra
negro, na cultura ocidental. Qual a sua opinião sobre isso.
Resposta: A palavra negro, assim como a palavra branco, possui vários
sentidos na língua portuguesa. Numa concepção física (óptica) branco
significa luz, e o preto, ausência de luz, e incrivelmente, de cor, pois a luz se
dissolve nas cores do espectro visível do arco-íris. Numa concepção religiosa,
mais precisamente cristã, o branco simboliza a luz e o bem. As nuvens do céu
são brancas, assim como os anjos são loiros e luminosos. O negro é a cor das
trevas, da escuridão, e portando do mal. Essas concepções se projetam na cor
de pele das pessoas: branco é bom e negro é ruim. Porém todas essas
afirmações são pseudocientíficas e grosseiras, não correspondendo com a
diversidade biológica do ser humano.
54. ORIXÁS
NOME SÍMBOLO CORES E SANTO SAUDAÇÃ DOMÍNIO
ELEMENTO CATÓLICO O
EXU Tridente Preto e Santo Laroiê! Exu domina as passagens e
e bastão vermelho Antônio e encruzilhadas. Abre e fecha
Fogo São Benedito os caminhos. É o mensageiro
dos mortais ante os outros
orixás
IANSÃ Chicote e Vermelho Santa Epa Hei! Iansã é a rainha das
raio e branco Bárbara ventanias e temporais.
Fogo Encoraja os mortais e os
protege contra desastres e
acidentes
IEMANJÁ Leque e Azul-claro Nossa Odó Iyá! O mar é o domínio de
conchas Água Senhora das Iemanjá, um orixá feminino
Candeias que promove a harmonia na
família.
NANÃ Vassoura Branco e Sant’Ana Salubá! Os domínios de Nanã são os
de palha azul pântanos e alagados. É a
e bastão Água e grande-mãe, a mais velha
de hastes terra dos orixás e a guardiã do
de portal entre a vida e a
palmeira morte.
OBÁ Facão e Rosa Santa Obá Xirê! Obá é quem fortalece e
navalha Ar Catarina protege os que buscam o
sucesso material
OBALUAIÊ Cajado e Amarelo São Lázaro Atotô Obaluaiê é o senhor dos
ou OMOLU búzios e preto Totô cemitérios, do interior da
Terra Hum! terra, das doenças e dos
espíritos.
OGUM Espada e Vermelho São Jorge Ogum ê! É o senhor da guerra e das
instrume e verde artes manuais. Protege,
ntos de Fogo particularmente, os ferreiros
ferreiro e quem trabalha com
ferramentas de metal.
OSSAIN Galho Verde e São Benedito Euê ô! Os domínios de Ossain são as
com branco florestas e plantas em geral.
folhas Terra Ossain é o orixá das ervas
medicinais, da cura e dos
segredos para afastar
doenças.
OXALÁ Cajado e Branco Nosso Senhor Epa Seu domínio é o céu. Oxalá é
caramujo Ar do Bonfim Babá! o grande pai celeste, senhor
das almas e provedor de
progresso e saúde.
OXÓSSI Arco e Verde São Sebastião Okê Arô! Oxóssi domina as matas e
flechas Terra animais silvestres. É o
provedor do sustento e
patrocinador das vinganças
OXUM Leque e Amarelo Nossa Erieiê ô! Orixá das águas doces, da
espelho Água Senhora da riqueza, do amor e da
Conceição fertilidade. Protege os partos
e bebês
OXUMARÉ Arco-íris Verde e São Arô Orixá bissexual. É homem
amarelo Bartolomeu Moboi! durante seis meses e mulher,
nos outros seis. Rege todas
as pessoas, coisas e
movimentos ambíguos.
XANGÔ Machado Marrom São Jerônimo Cawô Seus domínios são os raios,
de duas Fogo Kabiecilê os trovões e os meteoritos.
lâminas ! Xangô
corrige as injustiças, é a voz
do povo e representa o
orgulho.