SlideShare a Scribd company logo
1 of 24
Língua Portuguesa:
a pesquisa e o trabalho em sala de aula

                                  dlp em ação
                 diálogos sobre ensino e pesquisa - 2012
O processo de produção do artigo de
                           opinião

                       5º Encontro
                           Ruth Sá
Por que trabalhar com artigo de
opinião no F2



   Importância da escrita na vida de qualquer cidadão

   Importância de saber argumentar e,
    consequentemente, do texto argumentativo
O artigo de opinião, seu contexto
de produção e seu leitor


   Caráter argumentativo

   Contexto de produção

   Público leitor
Apresentação da pesquisa

   Leitura e discussão de três artigos de opinião
    publicados na Folha de São Paulo;
   Aplicação da primeira produção;
   Aplicação de questionário sobre processo de
    produção.
   Análise de cinco textos de referência (artigos de
    opinião sobre a legalização da maconha,
    publicados no jornal Folha de São Paulo);
    Análise dos 25 artigos de opinião escritos pelos
    alunos, com base nos aspectos relevantes
    levantados na análise dos textos de referência.
A sequência argumentativa
segundo J. M. Adam


   Protótipo que apresenta sucessão de quatro fases:
-   Fase de premissas (ou dados) em que se propõe
    uma constatação de partida;
-   Fase de apresentação de argumentos (elementos
    que orientam para uma conclusão provável);
-   Fase de apresentação de contra-argumentos
    (restrição em relação à orientação argumentativa);
-   Fase de conclusão (ou nova tese), que integra os
    efeitos dos argumentos e contra-argumentos.
Planificação sequencial nas
subpartes do gênero

Subpartes do      Sequências      Sequências
gênero            predominantes   secundárias
Abertura/         Argumentativa   Narrativa: localiza
Introdução                        fatos no tempo e no
                                  espaço
Desenvolvimento   Argumentativa   Explicativa: explicita
                                  causas e/ou razões
                                  da afirmação inicial,
                                  assim como as das
                                  questões e
                                  contradições que
                                  essa afirmação
                                  suscita.
Conclusão         Argumentativa
Análise do artigo de referência 1:
sequências
   Sequência argumentativa 1

   Semanas atrás, a Folha noticiou a proposta de
    criar-se uma agência especial para pesquisar os
    supostos efeitos medicinais da maconha,
    patrocinada pela Secretaria Nacional Antidrogas do
    governo federal » fato, constatação
   Esse debate nos dias atuais, tal qual ocorreu com o
    tabaco na década de 60, ilude sobretudo os
    adolescentes e aqueles que não seguem as
    evidências científicas sobre danos causados pela
    maconha no indivíduo e na sociedade » premissa
    inicial: fato + tese
Análise do artigo de referência 1:
sequências
    Argumento
   Na revisão científica feita por Robim Room e
    colaboradores ("Cannabis Policy", Oxford
    University, 2010), fica claro que a maconha produz
    dependência, bronquite crônica, insuficiência
    respiratória, aumento do risco de doenças
    cardiovasculares, câncer no sistema respiratório,
    diminuição da memória, ansiedade e depressão,
    episódios psicóticos e, por fim, um
    comprometimento do rendimento acadêmico ou
    profissional.
    Apesar disso, o senso comum é o de que a maconha
    é "droga leve, natural, que não faz mal".
Análise do artigo de referência 1:
sequências
   Sequência argumentativa 2
   Reformulação da tese » Pesquisas de opinião no Brasil mostram
    que a maioria não quer legalizar a droga, mas grupos
    defensores da legalização fazem do eventual e ainda sem
    comprovação uso terapêutico de alguns dos componentes da
    maconha prova de que ela é uma droga segura e abusam de um
    discurso popular, mas ambivalente e perigoso.
   Argumento 1» O interesse recente da ciência sobre o uso da
    maconha para fins terapêuticos deveu-se à descoberta de que
    no cérebro há um sistema biológico chamado endocanabinoide,
    onde parte das substâncias presentes na maconha atua.
    Um dos medicamentos fruto dessa linha de pesquisa, o
    Rimonabant, já foi retirado do mercado, devido aos efeitos
    colaterais. Até hoje há poucos estudos controlados, com
    amostras pequenas, e resultados que não superam o efeito das
    substâncias tradicionais, que não causam dependência. »
Análise do artigo de referência 1:
sequências
   Argumento 2 » Estados americanos aprovaram leis
    descriminalizando o uso pessoal de maconha, que é
    distribuída sem controle de dose e qualidade.
    Contradição enorme, pois os médicos são os
    "controladores do acesso" para uma substância
    ainda sem comprovação científica.
    De outro lado, orientam os pacientes sobre os
    riscos do uso de tabaco. Deve-se relembrar que os
    estudos versam sobre possíveis efeitos terapêuticos
    de uma ou outra substância encontrada na
    maconha, não sobre a maconha fumada.
Análise do artigo de referência 1:
    sequências
   Conclusão » Os pesquisadores brasileiros interessados no tema
    devem realizar mais estudos por meio das agências já existentes,
    principalmente diante do último relatório sobre o consumo de drogas
    ilícitas feito pelo Escritório para Drogas e Crime das Nações Unidas,
    que aponta o Brasil como o único país das Américas em que houve
    aumento de apreensões e consumo da maconha.
    E se, no futuro, surgir alguma indicação para o uso medicinal da
    maconha, o processo de aprovação, que ainda não atingiu os
    padrões de excelência, deve contextualizar esse cenário, assim como
    o potencial da maconha de causar dependência.
    Espera-se que a política nacional sobre drogas seja redirecionada em
    caráter de urgência, pois enfrenta-se também aqui o aumento das
    apreensões e consumo de cocaína e crack, que exige muitos esforços
    e recursos para sua solução.
    Que nem pesquisadores nem nossa população se iludam de que
    exista hoje uma indicação terapêutica para utilizar maconha
    aprovada pela ciência.
Análise do texto de referência 2:
   Fato, constatação, premissa » Ainda não foi desta vez
    que os californianos liberaram a maconha. Mas, a julgar
    pelo resultado deste primeiro plebiscito, no qual a
    legalização da erva para fins recreativos obteve a adesão
    de impressionantes 46% dos eleitores, isso acabará
    ocorrendo em algum momento nos próximos
    anos . Fato, constatação, premissa
   Argumento 1» Desconfio um pouco dessas iniciativas em
    favor da maconha. Não, ainda não me tornei um
    membro do Tea Party, um conservador empedernido,
    daqueles que gostam de fritar estupradores na cadeira
    elétrica e acham que lugar de viciado é a prisão. Meu
    problema com esse gênero de proposta é que, ao limitar
    a discussão à maconha, deixando de lado as outras
    drogas ilícitas, não promovemos uma abordagem mais
    racional do problema .
Análise do artigo de referência 2:
sequências
   Argumento 2 » Convenhamos que o "statu quo" não muda
    muito se liberamos a maconha, mas mantemos a cocaína e as
    drogas sintéticas proibidas. As supostas vítimas do delito
    seguiriam fazendo fila à porta do traficante para entupi-lo de
    dinheiro com o qual corrompe autoridades e financia outras
    atividades ilegais.
    A grande verdade é que a linha proibicionista, que vigora há
    cem anos, fracassou. Gastamos centenas de bilhões de dólares
    por ano para manter o consumo mais ou menos estável ao
    longo da última década -em torno de 5% da população com
    mais de 15 anos, segundo a ONU. É provável, como querem os
    proibicionistas, que, sem a repressão, a prevalência fosse
    maior, mas ninguém sabe ao certo se esse efeito é real nem em
    que grau ocorreria, pois nenhum país testou ainda a
    legalização.
Análise do artigo de referência 2:
sequências
   Conclusão » O que me faz pender definitivamente
    para a liberação, mais do que considerações
    epidemiológicas, é a convicção filosófica de que
    existem limites para a interferência do Estado na
    vida do cidadão. Eu pelo menos nunca firmaria um
    contrato social no qual abriria mão de decidir o que
    posso ou não ingerir. Esse é um direito que, creio,
    vem no mesmo pacote do da liberdade de ir e vir e
    de dizer o que pensa.

Análise do artigo de referência 1:
mecanismos de coesão
   Coesão sequencial: Emprego majoritário do presente do
    indicativo: seguem, fica, produz, é, faz, quer, fazem,
    atua, superam, causam, são, orientam, versam, devem,
    aponta, espera-se, enfrenta-se, exige, iludam
   Emprego de conectores lógico-semânticos:
    “Apesar disso, o senso...”; “De outro lado, orientam...” ;
    “Que nem pesquisadores nem...”, delimitando as
    subpartes
   Coesão referencial: recorrência palavra maconha 13
    vezes, retomada como droga 3 vezes e uma vez por ela e
    que
    Impessoalidade:
   Deve-se, espera-se, enfrenta-se
Análise do artigo de referência 2:
mecanismos de coesão
   Coesão sequencial:
   Emprego majoritário do presente do indicativo
   Emprego reduzido de conectores lógico-semânticos
   Emprego de orações subordinadas subjetivas:
    convenhamos que, é provável que, o que me faz
    pender para
   Emprego de verbos no futuro do pretérito do
    indicativo na conclusão
   Coesão referencial:
   A palavra maconha é empregada apenas três vezes
    e é retomada apenas uma vez pela palavra erva
O que mostrou a análise dos
textos de referência
    impessoalidade do sujeito;
   uso do léxico para conduzir argumentações;
   emprego do presente do indicativo (premissa e
    argumentos);
   coesão por encadeamento e conexão (conectores
    lógico-discursivos);
   conclusões dos artigos: presente ou futuro do
    presente;
   não aparece contra-argumento;
   único artigo assinado: primeira pessoa; opiniões
    declaradas; uso do futuro do pretérito nas
    conclusões (soam mais como sugestões).
Análise de produção do aluno
Eduardo
   Legalização da Maconha
          Acredita-se que atualmente a maconha seja mais um meio de
    chamar atenção ou de incluir o usuário em um grupo desejado. São
    feitas passeatas para a legalização da maconha, onde milhares de
    “rebeldes” se coalizam; porém essas passetas foram, recentemente
    proibidas pelo governo.
         Segundo pesquisas, a droga tem poder de iludir a mente do
    usuário, o que além de causar mal aos pulmões, danifica milhões de
    neurônios sadios. Ao utilizar a droga em público, o usuário pode
    influenciar muitas outras mentes inocentes, como a de jovens ou
    idosos deprimidos .
          Conclui-se que a droga deve ser parcialmente legalizada. Não
    pode ser utilizada em locais públicos: praças, ruas, parques,
    restaurantes, bares, etc. O dependente tem apenas o direito de se
    iludir em seu território particular; o tráfico de drogas deveria acabar,
    permitindo o comércio da maconha apenas em empresas registradas
    e aprovadas pela lei.

Análise de produção do aluno
Eduardo: sequências
   Premissa » Acredita-se que atualmente a maconha seja
    mais um meio de chamar atenção ou de incluir o usuário
    em um grupo desejado. São feitas passetas para a
    legalização da maconha, onde milhares de “rebeldes” se
    coalizam; porém essas passetas foram, recentemente
    proibidas pelo governo.
   Premissa » Segundo pesquisas, a droga tem poder de iludir
    a mente do usuário, o que além de causar mal aos
    pulmões, danifica milhões de neurônios sadios. Ao utilizar
    a droga em público, o usuário pode influenciar muitas
    outras mentes inocentes, como a de jovens ou idosos
    deprimidos .
   Conclusão » Conclui-se que a droga deve ser parcialmente
    legalizada. Não pode ser utilizada em locais públicos:
    praças, ruas, parques, restaurantes, bares, etc. O
    dependente tem apenas o direito de se iludir em seu
    território particular; o tráfico de drogas deveria acabar,
    permitindo o comércio da maconha apenas em empresas
    registradas e aprovadas pela lei.
   » Falta argumento ao texto
Análise de produção do aluno
Eduardo: mecanismos de coesão
    Coesão sequencial: emprego do presente do indicativo, de
    conectores lógico-semânticos e de impessoalidade :
   Acredita-se que atualmente a maconha seja mais um meio de
    chamar atenção ou de incluir o usuário em um grupo
    desejado. São feitas passeatas para a legalização da maconha,
    onde milhares de “rebeldes” se coalizam; porém essas
    passetas foram, recentemente proibidas pelo governo.
         Segundo pesquisas, a droga tem poder de iludir a mente
    do usuário, o que além de causar mal aos pulmões, danifica
    milhões de neurônios sadios. Ao utilizar a droga em público, o
    usuário pode influenciar muitas outras mentes inocentes,
    como a de jovens ou idosos deprimidos .
         Conclui-se que a droga deve ser parcialmente legalizada.
    Não pode ser utilizada em locais públicos: praças, ruas,
    parques, restaurantes, bares, etc. O dependente tem apenas o
    direito de se iludir em seu território particular; o tráfico de
    drogas deveria acabar, permitindo o comércio da maconha
    apenas em empresas registradas e aprovadas pela lei.
Análise da produção do aluno
Eduardo: mecanismos de coesão
    Emprego do futuro do pretérito na conclusão:
   O dependente tem apenas o direito de se iludir em
    seu território particular; o tráfico de drogas deveria
    acabar, permitindo o comércio da maconha apenas
    em empresas registradas e aprovadas pela lei.
O que mostrou a análise das
produções dos alunos
   uso do presente do indicativo para premissa e argumento →
    entendem a adequação desse tempo para a argumentação;
   maioria partiu de uma premissa, mas usou apenas um
    argumento → necessidade de aprender a desenvolver
    argumentos
   30% optou pelo futuro do pretérito na conclusão → relativizar
    opiniões (sugerir);
   coesão sequencial marcada por articuladores lógico-
    discursivos → preocupação com a sequenciação textual;
   esquema estrutural/macroproposições: introdução,
    desenvolvimento e conclusão → alguma maturidade escritora;
   apenas 16% declararam ter revisado o texto final contra 56%
    que afirmaram ter parado para pensar durante a escrita→ não
    preocupação com a revisão.
Possibilidades de trabalho na
sequência didática
   repertoriar mais e melhor os alunos com artigos de
    opinião;
   discutir mais sobre contexto de produção e
    representação de leitor;
   trabalhar o emprego do léxico com efeito discursivo-
    argumentativo;
   trabalhar o uso da impessoalidade;
   desenvolver sequências argumentativas:
    premissa/s, argumento/s, reformulação da
    premissa, novo/s argumento/s, contra-
    argumento/s, conclusão.

More Related Content

Similar to Aula 5 ruth sá

Estudo de caso planejamento e m robert k. yin
Estudo de caso planejamento e m   robert k. yinEstudo de caso planejamento e m   robert k. yin
Estudo de caso planejamento e m robert k. yin
Erika Bedin
 
20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa
Joao Balbi
 
20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa
Joao Balbi
 
Http _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...
Http  _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...Http  _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...
Http _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...
Míriam Martinho
 

Similar to Aula 5 ruth sá (20)

Estudo de caso planejamento e m robert k. yin
Estudo de caso planejamento e m   robert k. yinEstudo de caso planejamento e m   robert k. yin
Estudo de caso planejamento e m robert k. yin
 
Estudo de caso planejamento e métodos Robert Yin
Estudo de caso planejamento e métodos Robert YinEstudo de caso planejamento e métodos Robert Yin
Estudo de caso planejamento e métodos Robert Yin
 
Estudo de caso planejamento e m robert k. yin
Estudo de caso planejamento e m   robert k. yinEstudo de caso planejamento e m   robert k. yin
Estudo de caso planejamento e m robert k. yin
 
Gêneros Textuais-2020.pptx
Gêneros Textuais-2020.pptxGêneros Textuais-2020.pptx
Gêneros Textuais-2020.pptx
 
Tecnicas de pesquisa 3
Tecnicas de pesquisa 3Tecnicas de pesquisa 3
Tecnicas de pesquisa 3
 
20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa
 
20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa20 métodos e técnicas de pesquisa
20 métodos e técnicas de pesquisa
 
plano-de-aula-cie6-08ve02.pdf
plano-de-aula-cie6-08ve02.pdfplano-de-aula-cie6-08ve02.pdf
plano-de-aula-cie6-08ve02.pdf
 
AULA 09 - AULA DE REDACAO - EDITORIAL - OK
AULA 09 - AULA DE REDACAO - EDITORIAL  - OKAULA 09 - AULA DE REDACAO - EDITORIAL  - OK
AULA 09 - AULA DE REDACAO - EDITORIAL - OK
 
Http _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...
Http  _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...Http  _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...
Http _www.camara.gov.br_proposicoes_web_prop_mostrarintegra;jsessionid=9b6c1...
 
Dissertação esquema básico 2014
Dissertação esquema básico 2014Dissertação esquema básico 2014
Dissertação esquema básico 2014
 
Antonio-Quinet-As-4-1-condicoes-da-analise.pdf
Antonio-Quinet-As-4-1-condicoes-da-analise.pdfAntonio-Quinet-As-4-1-condicoes-da-analise.pdf
Antonio-Quinet-As-4-1-condicoes-da-analise.pdf
 
REVISÃO PAS - AULA 02 .ppt
REVISÃO PAS - AULA 02 .pptREVISÃO PAS - AULA 02 .ppt
REVISÃO PAS - AULA 02 .ppt
 
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdfMINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
MINAYO_M._C._S._Etica_das_Pesquisas_Qualitativa.pdf
 
Legalização da Maconha - Consequencias no Cenário Jurídico e Social
Legalização da Maconha - Consequencias no Cenário Jurídico e SocialLegalização da Maconha - Consequencias no Cenário Jurídico e Social
Legalização da Maconha - Consequencias no Cenário Jurídico e Social
 
Dissertação
DissertaçãoDissertação
Dissertação
 
028 033 entrevista-bruce-199
028 033 entrevista-bruce-199028 033 entrevista-bruce-199
028 033 entrevista-bruce-199
 
028 033 entrevista-bruce-199
028 033 entrevista-bruce-199028 033 entrevista-bruce-199
028 033 entrevista-bruce-199
 
028 033 entrevista-bruce-199
028 033 entrevista-bruce-199028 033 entrevista-bruce-199
028 033 entrevista-bruce-199
 
Cap. 26 além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
Cap. 26   além do auto-report survey de opinião pública baseada na webCap. 26   além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
Cap. 26 além do auto-report survey de opinião pública baseada na web
 

More from dlpemacao (8)

Lingua portuguesa a pesquisa e o trabalho em sala de aula
Lingua portuguesa a pesquisa e o trabalho em sala de aulaLingua portuguesa a pesquisa e o trabalho em sala de aula
Lingua portuguesa a pesquisa e o trabalho em sala de aula
 
Dlp em acao 09 clubes_leitura
Dlp em acao 09 clubes_leituraDlp em acao 09 clubes_leitura
Dlp em acao 09 clubes_leitura
 
Dlp em acao 06 leitura
Dlp em acao 06 leituraDlp em acao 06 leitura
Dlp em acao 06 leitura
 
Dlp em acao 04 beth 27.03.2012-1
Dlp em acao 04 beth 27.03.2012-1Dlp em acao 04 beth 27.03.2012-1
Dlp em acao 04 beth 27.03.2012-1
 
Dlp em ação 03
Dlp em ação 03Dlp em ação 03
Dlp em ação 03
 
Aula 2 márcia
Aula 2   márciaAula 2   márcia
Aula 2 márcia
 
Aula 2
Aula 2Aula 2
Aula 2
 
Dlp em ação 2012 aula 1
Dlp em ação 2012   aula 1Dlp em ação 2012   aula 1
Dlp em ação 2012 aula 1
 

Aula 5 ruth sá

  • 1. Língua Portuguesa: a pesquisa e o trabalho em sala de aula dlp em ação diálogos sobre ensino e pesquisa - 2012
  • 2. O processo de produção do artigo de opinião 5º Encontro Ruth Sá
  • 3. Por que trabalhar com artigo de opinião no F2  Importância da escrita na vida de qualquer cidadão  Importância de saber argumentar e, consequentemente, do texto argumentativo
  • 4. O artigo de opinião, seu contexto de produção e seu leitor  Caráter argumentativo  Contexto de produção  Público leitor
  • 5. Apresentação da pesquisa  Leitura e discussão de três artigos de opinião publicados na Folha de São Paulo;  Aplicação da primeira produção;  Aplicação de questionário sobre processo de produção.  Análise de cinco textos de referência (artigos de opinião sobre a legalização da maconha, publicados no jornal Folha de São Paulo);  Análise dos 25 artigos de opinião escritos pelos alunos, com base nos aspectos relevantes levantados na análise dos textos de referência.
  • 6. A sequência argumentativa segundo J. M. Adam  Protótipo que apresenta sucessão de quatro fases: - Fase de premissas (ou dados) em que se propõe uma constatação de partida; - Fase de apresentação de argumentos (elementos que orientam para uma conclusão provável); - Fase de apresentação de contra-argumentos (restrição em relação à orientação argumentativa); - Fase de conclusão (ou nova tese), que integra os efeitos dos argumentos e contra-argumentos.
  • 7. Planificação sequencial nas subpartes do gênero Subpartes do Sequências Sequências gênero predominantes secundárias Abertura/ Argumentativa Narrativa: localiza Introdução fatos no tempo e no espaço Desenvolvimento Argumentativa Explicativa: explicita causas e/ou razões da afirmação inicial, assim como as das questões e contradições que essa afirmação suscita. Conclusão Argumentativa
  • 8. Análise do artigo de referência 1: sequências  Sequência argumentativa 1  Semanas atrás, a Folha noticiou a proposta de criar-se uma agência especial para pesquisar os supostos efeitos medicinais da maconha, patrocinada pela Secretaria Nacional Antidrogas do governo federal » fato, constatação  Esse debate nos dias atuais, tal qual ocorreu com o tabaco na década de 60, ilude sobretudo os adolescentes e aqueles que não seguem as evidências científicas sobre danos causados pela maconha no indivíduo e na sociedade » premissa inicial: fato + tese
  • 9. Análise do artigo de referência 1: sequências Argumento  Na revisão científica feita por Robim Room e colaboradores ("Cannabis Policy", Oxford University, 2010), fica claro que a maconha produz dependência, bronquite crônica, insuficiência respiratória, aumento do risco de doenças cardiovasculares, câncer no sistema respiratório, diminuição da memória, ansiedade e depressão, episódios psicóticos e, por fim, um comprometimento do rendimento acadêmico ou profissional. Apesar disso, o senso comum é o de que a maconha é "droga leve, natural, que não faz mal".
  • 10. Análise do artigo de referência 1: sequências  Sequência argumentativa 2  Reformulação da tese » Pesquisas de opinião no Brasil mostram que a maioria não quer legalizar a droga, mas grupos defensores da legalização fazem do eventual e ainda sem comprovação uso terapêutico de alguns dos componentes da maconha prova de que ela é uma droga segura e abusam de um discurso popular, mas ambivalente e perigoso.  Argumento 1» O interesse recente da ciência sobre o uso da maconha para fins terapêuticos deveu-se à descoberta de que no cérebro há um sistema biológico chamado endocanabinoide, onde parte das substâncias presentes na maconha atua. Um dos medicamentos fruto dessa linha de pesquisa, o Rimonabant, já foi retirado do mercado, devido aos efeitos colaterais. Até hoje há poucos estudos controlados, com amostras pequenas, e resultados que não superam o efeito das substâncias tradicionais, que não causam dependência. »
  • 11. Análise do artigo de referência 1: sequências  Argumento 2 » Estados americanos aprovaram leis descriminalizando o uso pessoal de maconha, que é distribuída sem controle de dose e qualidade. Contradição enorme, pois os médicos são os "controladores do acesso" para uma substância ainda sem comprovação científica. De outro lado, orientam os pacientes sobre os riscos do uso de tabaco. Deve-se relembrar que os estudos versam sobre possíveis efeitos terapêuticos de uma ou outra substância encontrada na maconha, não sobre a maconha fumada.
  • 12. Análise do artigo de referência 1: sequências  Conclusão » Os pesquisadores brasileiros interessados no tema devem realizar mais estudos por meio das agências já existentes, principalmente diante do último relatório sobre o consumo de drogas ilícitas feito pelo Escritório para Drogas e Crime das Nações Unidas, que aponta o Brasil como o único país das Américas em que houve aumento de apreensões e consumo da maconha. E se, no futuro, surgir alguma indicação para o uso medicinal da maconha, o processo de aprovação, que ainda não atingiu os padrões de excelência, deve contextualizar esse cenário, assim como o potencial da maconha de causar dependência. Espera-se que a política nacional sobre drogas seja redirecionada em caráter de urgência, pois enfrenta-se também aqui o aumento das apreensões e consumo de cocaína e crack, que exige muitos esforços e recursos para sua solução. Que nem pesquisadores nem nossa população se iludam de que exista hoje uma indicação terapêutica para utilizar maconha aprovada pela ciência.
  • 13. Análise do texto de referência 2:  Fato, constatação, premissa » Ainda não foi desta vez que os californianos liberaram a maconha. Mas, a julgar pelo resultado deste primeiro plebiscito, no qual a legalização da erva para fins recreativos obteve a adesão de impressionantes 46% dos eleitores, isso acabará ocorrendo em algum momento nos próximos anos . Fato, constatação, premissa  Argumento 1» Desconfio um pouco dessas iniciativas em favor da maconha. Não, ainda não me tornei um membro do Tea Party, um conservador empedernido, daqueles que gostam de fritar estupradores na cadeira elétrica e acham que lugar de viciado é a prisão. Meu problema com esse gênero de proposta é que, ao limitar a discussão à maconha, deixando de lado as outras drogas ilícitas, não promovemos uma abordagem mais racional do problema .
  • 14. Análise do artigo de referência 2: sequências  Argumento 2 » Convenhamos que o "statu quo" não muda muito se liberamos a maconha, mas mantemos a cocaína e as drogas sintéticas proibidas. As supostas vítimas do delito seguiriam fazendo fila à porta do traficante para entupi-lo de dinheiro com o qual corrompe autoridades e financia outras atividades ilegais. A grande verdade é que a linha proibicionista, que vigora há cem anos, fracassou. Gastamos centenas de bilhões de dólares por ano para manter o consumo mais ou menos estável ao longo da última década -em torno de 5% da população com mais de 15 anos, segundo a ONU. É provável, como querem os proibicionistas, que, sem a repressão, a prevalência fosse maior, mas ninguém sabe ao certo se esse efeito é real nem em que grau ocorreria, pois nenhum país testou ainda a legalização.
  • 15. Análise do artigo de referência 2: sequências  Conclusão » O que me faz pender definitivamente para a liberação, mais do que considerações epidemiológicas, é a convicção filosófica de que existem limites para a interferência do Estado na vida do cidadão. Eu pelo menos nunca firmaria um contrato social no qual abriria mão de decidir o que posso ou não ingerir. Esse é um direito que, creio, vem no mesmo pacote do da liberdade de ir e vir e de dizer o que pensa. 
  • 16. Análise do artigo de referência 1: mecanismos de coesão  Coesão sequencial: Emprego majoritário do presente do indicativo: seguem, fica, produz, é, faz, quer, fazem, atua, superam, causam, são, orientam, versam, devem, aponta, espera-se, enfrenta-se, exige, iludam  Emprego de conectores lógico-semânticos:  “Apesar disso, o senso...”; “De outro lado, orientam...” ; “Que nem pesquisadores nem...”, delimitando as subpartes  Coesão referencial: recorrência palavra maconha 13 vezes, retomada como droga 3 vezes e uma vez por ela e que  Impessoalidade:  Deve-se, espera-se, enfrenta-se
  • 17. Análise do artigo de referência 2: mecanismos de coesão  Coesão sequencial:  Emprego majoritário do presente do indicativo  Emprego reduzido de conectores lógico-semânticos  Emprego de orações subordinadas subjetivas: convenhamos que, é provável que, o que me faz pender para  Emprego de verbos no futuro do pretérito do indicativo na conclusão  Coesão referencial:  A palavra maconha é empregada apenas três vezes e é retomada apenas uma vez pela palavra erva
  • 18. O que mostrou a análise dos textos de referência  impessoalidade do sujeito;  uso do léxico para conduzir argumentações;  emprego do presente do indicativo (premissa e argumentos);  coesão por encadeamento e conexão (conectores lógico-discursivos);  conclusões dos artigos: presente ou futuro do presente;  não aparece contra-argumento;  único artigo assinado: primeira pessoa; opiniões declaradas; uso do futuro do pretérito nas conclusões (soam mais como sugestões).
  • 19. Análise de produção do aluno Eduardo  Legalização da Maconha  Acredita-se que atualmente a maconha seja mais um meio de chamar atenção ou de incluir o usuário em um grupo desejado. São feitas passeatas para a legalização da maconha, onde milhares de “rebeldes” se coalizam; porém essas passetas foram, recentemente proibidas pelo governo.  Segundo pesquisas, a droga tem poder de iludir a mente do usuário, o que além de causar mal aos pulmões, danifica milhões de neurônios sadios. Ao utilizar a droga em público, o usuário pode influenciar muitas outras mentes inocentes, como a de jovens ou idosos deprimidos .  Conclui-se que a droga deve ser parcialmente legalizada. Não pode ser utilizada em locais públicos: praças, ruas, parques, restaurantes, bares, etc. O dependente tem apenas o direito de se iludir em seu território particular; o tráfico de drogas deveria acabar, permitindo o comércio da maconha apenas em empresas registradas e aprovadas pela lei. 
  • 20. Análise de produção do aluno Eduardo: sequências  Premissa » Acredita-se que atualmente a maconha seja mais um meio de chamar atenção ou de incluir o usuário em um grupo desejado. São feitas passetas para a legalização da maconha, onde milhares de “rebeldes” se coalizam; porém essas passetas foram, recentemente proibidas pelo governo.  Premissa » Segundo pesquisas, a droga tem poder de iludir a mente do usuário, o que além de causar mal aos pulmões, danifica milhões de neurônios sadios. Ao utilizar a droga em público, o usuário pode influenciar muitas outras mentes inocentes, como a de jovens ou idosos deprimidos .  Conclusão » Conclui-se que a droga deve ser parcialmente legalizada. Não pode ser utilizada em locais públicos: praças, ruas, parques, restaurantes, bares, etc. O dependente tem apenas o direito de se iludir em seu território particular; o tráfico de drogas deveria acabar, permitindo o comércio da maconha apenas em empresas registradas e aprovadas pela lei.  » Falta argumento ao texto
  • 21. Análise de produção do aluno Eduardo: mecanismos de coesão  Coesão sequencial: emprego do presente do indicativo, de conectores lógico-semânticos e de impessoalidade :  Acredita-se que atualmente a maconha seja mais um meio de chamar atenção ou de incluir o usuário em um grupo desejado. São feitas passeatas para a legalização da maconha, onde milhares de “rebeldes” se coalizam; porém essas passetas foram, recentemente proibidas pelo governo.  Segundo pesquisas, a droga tem poder de iludir a mente do usuário, o que além de causar mal aos pulmões, danifica milhões de neurônios sadios. Ao utilizar a droga em público, o usuário pode influenciar muitas outras mentes inocentes, como a de jovens ou idosos deprimidos .  Conclui-se que a droga deve ser parcialmente legalizada. Não pode ser utilizada em locais públicos: praças, ruas, parques, restaurantes, bares, etc. O dependente tem apenas o direito de se iludir em seu território particular; o tráfico de drogas deveria acabar, permitindo o comércio da maconha apenas em empresas registradas e aprovadas pela lei.
  • 22. Análise da produção do aluno Eduardo: mecanismos de coesão  Emprego do futuro do pretérito na conclusão:  O dependente tem apenas o direito de se iludir em seu território particular; o tráfico de drogas deveria acabar, permitindo o comércio da maconha apenas em empresas registradas e aprovadas pela lei.
  • 23. O que mostrou a análise das produções dos alunos  uso do presente do indicativo para premissa e argumento → entendem a adequação desse tempo para a argumentação;  maioria partiu de uma premissa, mas usou apenas um argumento → necessidade de aprender a desenvolver argumentos  30% optou pelo futuro do pretérito na conclusão → relativizar opiniões (sugerir);  coesão sequencial marcada por articuladores lógico- discursivos → preocupação com a sequenciação textual;  esquema estrutural/macroproposições: introdução, desenvolvimento e conclusão → alguma maturidade escritora;  apenas 16% declararam ter revisado o texto final contra 56% que afirmaram ter parado para pensar durante a escrita→ não preocupação com a revisão.
  • 24. Possibilidades de trabalho na sequência didática  repertoriar mais e melhor os alunos com artigos de opinião;  discutir mais sobre contexto de produção e representação de leitor;  trabalhar o emprego do léxico com efeito discursivo- argumentativo;  trabalhar o uso da impessoalidade;  desenvolver sequências argumentativas: premissa/s, argumento/s, reformulação da premissa, novo/s argumento/s, contra- argumento/s, conclusão.