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TEMASLIVRESFREETHEMES
937
1 Departamento de
Enfermagem, Centro de
Ciências da Saúde,
Universidade Estadual de
Londrina. Rua Francisco
Marcelino da Silva 250.
Jardim Itatiaia-2.
86047-160 Londrina PR.
enfermeiraelis@yahoo.com.br.
2 Departamento de
Enfermagem (Saúde da
Criança e do Adolescente),
Centro de Ciências da
Saúde, Universidade
Estadual de Londrina.
Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade
antes e após a participação em oficinas de prevenção
Adolescents: knowledge about sexuality
before and after participating in prevention workshops
Resumo Na adolescência, a vivência da sexualida-
de torna-se mais evidente. Muitas vezes, manifesta-
se através de práticas sexuais inseguras, podendo se
tornar um problema devido à falta de informação,
tabus ou mesmo pelo medo de assumi-la. O objetivo
da pesquisa foi analisar o conhecimento dos adoles-
centes sobre sexualidade, métodos contraceptivos,
gravidez, DST e aids, antes e após oficinas de preven-
ção. Participaram 117 adolescentes da 8ª série de
uma escola estadual de Londrina, Paraná. Foi utili-
zado um questionário (pré e pós-teste) para identifi-
car a diferença do conhecimento dos adolescentes.
Para a análise dos dados, usaram-se os testes quiqua-
drado e exato de Fischer. A faixa etária concentrou-
se entre 14 e 16 anos. Os meninos iniciaram mais
cedo suas atividades sexuais. Apenas 28,2% dos ado-
lescentes no pré–teste sabiam do período fértil da
menina; após as oficinas de prevenção, o conheci-
mento superou 55,8%. A aids foi a DST mais citada
no pré-teste; no pós-teste, houve referência a outras
doenças (41,1%). Os métodos contraceptivos mais
conhecidos são o preservativo e a pílula. Não houve
relevância estatística entre as respostas sobre atitu-
des de risco para transmissão de DST/aids. Conclui-
se que há necessidade de trabalho sistemático, a mé-
dio e longo prazo, sobre sexualidade na escola para os
adolescentes.
Palavras-chave Adolescência, Sexualidade,
Oficinas de prevenção
Abstract Teenagers go through biological/psychoso-
cial changes including experiencing his/her sexuali-
ty. Adolescent sexuality is often shown in unsafe sex-
ual practices; lack of information, taboos or even the
fear of accepting one´s sexuality can turn it into a
problem. This study aims at analyzing the knowledge
of adolescents on sexuality, contraceptive methods,
pregnancy, STD/AIDS before and after prevention
workshops. 117 8th grade students of a public school
in Londrina, Paraná, ages 14 to 16, comprised the
sample. A pre- and post-test questionnaire was used
and data analysis was based on the chi-square and
Fisher’s exact tests. Boys began their sexual activity
earlier than girls. In the pre-test, 28.2% of the adoles-
cents were informed about the girl´s fertile period ;
after the workshops, this rate surpassed 55.8%. In the
pre-test, AIDS was the most frequently mentioned
STD; in the post-test other STDs were brought up
(41.1%). The most well-known contraceptive meth-
ods were condoms and the pill. No statistically sig-
nificant difference was found between the answers
about risk behavior in relation to STD/AIDS trans-
mission. Thus, it is necessary to reflect about and
discuss ways of approaching the issue in schools in
order to provide the adolescents with the knowledge
they need to live their sexuality more safely.
Key words Adolescence, Sexuality, Prevention
workshops
Elisana Ágatha Iakmiu Camargo 1
Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari 2
938
CamargoEÁI,FerrariRAP
Introdução
A adolescência é um período de transição para
a maturidade, com o desenvolvimento físico
sempre precedendo o psicológico. É por as-
sim dizer, o elo entre a infância e a idade adul-
ta1
. Segundo a Organização Mundial da Saú-
de, a adolescência é a idade correspondente
dos 10 aos 19 anos, sendo a pré-adolescência
dos 10 aos 14 anos e a adolescência, propria-
mente dita, dos 15 aos 19 anos2
.
Nesta fase da vida, ocorre aceleração e desace-
leração do crescimento físico, mudança da com-
posição corporal, eclosão hormonal, envolvendo
hormônios sexuais e evolução da maturidade se-
xual, acompanhada pelo desenvolvimento de ca-
racteres sexuais secundários masculinos e femini-
nos. Paralelamente às mudanças corporais, ocor-
rem as psicoemocionais, como a busca da identi-
dade, a tendência grupal, o desenvolvimento do
pensamento conceitual, a vivência singular e a evo-
lução da sexualidade3
.
As transformações dessa fase da vida fazem com
que o adolescente viva intensamente sua sexualida-
de, manifestando-a muitas vezes através de práti-
cas sexuais desprotegidas, podendo se tornar um
problema devido à falta de informação, de comu-
nicação entre os familiares, tabus ou mesmo pelo
fato de ter medo de assumi-la. A evolução de suas
sensações, comportamentos e decisões sexuais será
influenciada pelas interações que desenvolve com
outros jovens do seu vínculo familiar e social4
.
Segundo Calazans, a concepção a respeito da
sexualidade ainda é um desafio a ser instituído em
nossa sociedade, pois ela ainda vê o tema apenas
ligado a fatores biológicos, excluindo-o de influ-
ências históricas, culturais e sociais5
.
Apesar do avanço científico no que diz respeito
ao estudo sobre sexualidade humana, este tema
ainda é impregnado de mitos, preconceitos e con-
tradições, a ponto de muitas pessoas continuarem
afirmando que só deve ser discutido entre adultos,
o que é prejudicial para o desenvolvimento e com-
portamento sexual saudável dos adolescentes6
.
A identidade sexual e social de cada um de nós
é construída, segundo a família (uma miniatura
da sociedade), através da visão de mundo e valores
que herdamos dos nossos pais. Refere ainda que é
na escola que o jovem entra em contato com ou-
tros valores e significados e, ao confrontar ao her-
dado, elabora sua própria conduta, ou seja, cabe-
ria à escola oferecer aos jovens uma realidade dife-
rente da família7
.
A escola significa um lugar importante para se
trabalhar conhecimentos, habilidades e mudanças
de comportamento, pois é local em que o adoles-
cente permanece o maior tempo do seu dia.
Portanto, torna-se um local propício e adequa-
do para o desenvolvimento de ações educativas,
atuando nas diferentes áreas dos saberes humanos.
Em contrapartida, Lins et al. referem que há
uma lacuna de informações pela falta da educação
sexual nas principais instituições em que os ado-
lescentes convivem; entre elas, destacam-se a esco-
la e a família. A conseqüência disso são os senti-
mentos de culpa e de medo que atingem essa faixa
etária, fazendo com que estes passem a buscar in-
formações em fontes pouco seguras ou incapazes
de ajudá-los8
.
No entanto, torna-se necessário conhecer me-
lhor o que os adolescentes pensam, sua realidade,
mitos e tabus com respeito a sua sexualidade para
que se possa abordá-la de modo a contribuir para o
seu crescimento e desenvolvimento sexual saudável9
.
Neste sentido, esta pesquisa teve como objetivo
analisar o conhecimento dos adolescentes sobre se-
xualidade, métodos contraceptivos, gravidez e doen-
ças sexualmente transmissíveis e gênero, antes e após
a participação nas oficinas de prevenção.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa quantitativa utilizando-
se parte de um banco de dados do projeto de pes-
quisa Educação sexual para adolescentes: implemen-
tação e avaliação de uma experiência para enferma-
gem, realizado nos anos de 2001 a 2004.
A população estudada constituiu-se por 117
adolescentes, participantes das oficinas de preven-
ção, das três turmas da 8ª série do ensino funda-
mental de uma escola estadual de ensino funda-
mental e médio, na região sul do município, que
atende cerca de 1.200 alunos nos períodos matuti-
no, vespertino e noturno.
A seleção amostral foi construída partindo de
dois pontos fundamentais: a necessidade da escola
e os resultados apontados em pesquisas de âmbito
nacional e regional, visto que é neste grupo etário
que se dá a iniciação sexual; sendo assim, a realiza-
ção de trabalhos de intervenção preventiva se faz
necessária.
O município conta com 447.065 habitantes;
deste total, 83.550 (18,7%) são adolescentes, 9,0%
na faixa etária de 10-14 anos e 9,7% na faixa etária
de 15-19 anos, não diferindo significantemente os
sexos10
.
Londrina possui 49 escolas estaduais e 65 esco-
las municipais. Na região sul, existem dez escolas
municipais de ensino fundamental e seis escolas
939
Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009
estaduais de ensino fundamental e médio; dentre
as escolas estaduais está a instituição onde o proje-
to de pesquisa foi desenvolvido por dois anos con-
secutivos.
Para a coleta de dados, utilizou-se um questio-
nário construído com questões de múltipla escolha
para a obtenção dos dados necessários à análise do
objeto de estudo, contendo dados quanto à idade e
sexo dos adolescentes e questões referentes à sexu-
alidade, métodos contraceptivos, gravidez, doen-
ças sexualmente transmissíveis (DST) e gênero.
A coleta dos dados para a pesquisa ocorreu em
três momentos: primeiro, foi aplicado o questio-
nário (pré-teste) para identificar o conhecimento
dos adolescentes; segundo, realizou-se duas ofici-
nas de prevenção com grupos de dez a quinze par-
ticipantes, limites mínimo e máximo, que se fize-
ram em dois encontros, totalizando oito horas. As
oficinas foram realizadas utilizando-se de dinâmi-
cas contidas no Manual do Multiplicador do Mi-
nistério da Saúde11
. A primeira oficina abordou o
tema sexualidade (práticas sexuais, desenvolvimen-
to e transformação do corpo, o prazer e as rela-
ções de gênero), métodos contraceptivos, as mu-
danças do corpo na gravidez e as suas repercus-
sões biopsicossociais na adolescência. A segunda
oficina abordou os métodos de prevenção das DST
e aids, as formas de contágio e as repercussões
biopsicossociais da infecção; no terceiro e último
momento, após três meses da realização das ofici-
nas de prevenção, aplicou-se o mesmo questioná-
rio (pós-teste) com o intuito de identificar a mu-
dança de conhecimento dos adolescentes.
Os dados coletados na pesquisa foram catego-
rizados, digitados e analisados em um banco de
dados estruturado no programa Epi-Info 3.3.212
.
Para a análise, foram utilizados os testes quiqua-
drado (χ2
) e exato de Fischer, com um valor de
significância de p<0,05. Foi necessária a aplicação
deste segundo teste pelo fato de haver alguns resul-
tados que apresentaram freqüências inferiores a um.
Estes testes foram aplicados para comparar as
respostas entre meninos e meninas, tanto no pré
quanto no pós-teste, para saber se houve diferen-
ça de opinião entre os sexos e também para anali-
sar se houve mudança do conhecimento após a
participação nas oficinas de prevenção.
A pesquisa cumpriu as normas da Resolução
nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho
Nacional de Saúde13
. Foi aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de
Londrina, parecer CEP-005/01.
Resultados
Participaram da pesquisa 117 adolescentes (100%);
desses, a totalidade respondeu o pré-teste e parti-
cipou das oficinas de prevenção, mas, no dia da
coleta do pós-teste, 95 (81,2%) participaram e 22
(18,8%) não estavam presentes.
A Tabela 1 aponta a faixa etária e o sexo da
população de estudo. Nota-se que 41,9%, no pré-
teste, e 43,2%, no pós-teste, dos adolescentes eram
do sexo masculino; já com relação às meninas,
58,1% e 56,8 % correspondiam ao pré e pós-teste,
respectivamente.
Na Tabela 2, observa-se que os resultados não
diferem no pré e pós-teste quanto ao conhecimen-
to dos garotos sobre a localização do clitóris no
corpo feminino. Em contrapartida, houve melho-
ra do conhecimento das garotas de 22,1% para
53,7%, respectivamente. Entretanto, o aprendiza-
do tanto dos meninos quanto das meninas, após
as oficinas, não atingiu os 50%.
Com relação à masturbação, os adolescentes
deste estudo em sua maioria afirmam ser uma for-
ma saudável de conhecer o corpo (70,9% no pré-
teste e 75,8% no pós-teste).
Foi perguntado para os estudantes a respeito
do início da vida sexual. Pôde-se evidenciar que
houve diferenças significativas (p<0,05) entre me-
Tabela 1. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto ao
sexo e faixa etária. Londrina, 2005.
Faixa etária
14-16 anos
17-19 anos
Em branco
Total
N
43
2
4
49
%
38,7
4,1
8,2
41,9
N
68
-
-
68
%
61,3
-
-
58,1
N
111
2
4
117
%
94,9
1,7
3,4
100,0
N
40
-
1
41
%
42,6
-
2,4
43,2
N
54
-
-
54
%
57,4
-
-
56,8
N
94
-
1
95
%
98,9
-
1,1
100,0
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
Pré-teste Pós-teste
940
CamargoEÁI,FerrariRAP
ninos e meninas: 24,5% dos garotos no pré e 31,7%
no pós-teste já tiveram relação sexual, mas entre
as garotas apenas 4,4% e 5,6%, no pré e pós-teste,
respectivamente.
Tornou-se pertinente, devido à constatação da
iniciação sexual precoce, conferir o que os adoles-
centes sabem a respeito de métodos contracepti-
vos, da gravidez e das DST.
Com relação ao conhecimento dos adolescen-
tes sobre os métodos contraceptivos, especifica-
mente o preservativo e a pílula, tanto no pré-teste
quanto no pós-teste, não houve diferença estatis-
ticamente significativa para ambos os sexos, 53,0%
e 46,3%, respectivamente.
Quanto ao conhecimento sobre o período do
mês que uma garota pode engravidar, a Tabela 3
mostra as diferenças das respostas entre meninos
e meninas.
Nota-se que, no pré-teste, 51,1% dos meninos
e 27,8% das meninas não sabem qual o período do
mês que a garota pode engravidar. No pós-teste,
estes números foram menores, 41,5% dos meni-
nos e 7,5% das meninas.
Ainda pôde-se observar no pré-teste que o co-
nhecimento das meninas é pequeno, pois 38,3%
referem no começo ou no fim da menstruação, o
que corrobora os dados referidos anteriormente,
o menor conhecimento das adolescentes sobre seu
próprio corpo.
A resposta correta seria entre uma menstruação
e outra, mas apenas 22,4% dos meninos e 32,4%
das meninas conheciam esta informação no pré-
teste; no pós-teste, houve aumento do conhecimen-
to, subindo para 41,5% e 66,7%, respectivamente.
O percentual de respostas corretas foi crescente
entre o pré e pós-teste, ou seja, após as oficinas,
mais da metade dos adolescentes (55,8%) respon-
deram corretamente sobre o período fértil da me-
nina. Ainda assim, este número continua baixo, pois
22,2% ainda afirmam não saber sobre o assunto.
Quanto ao conhecimento sobre DST e aids, a
Tabela 4 mostra que não houve diferenças estatis-
ticamente significativa entre as respostas dos ado-
lescentes no pré-teste; já no pós-teste, há distinção
entre meninos e meninas, confirmado principal-
mente pelo fato de 39% dos garotos citarem ape-
Tabela 3. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto às
respostas sobre o período do mês que a garota pode engravidar. Londrina, 2005.
Período do mês que a garota
pode engravidar
Começo da menstruação
Durante a menstruação
Entre uma e outra menstruação
No fim da menstruação
Não sabe
Total
* p = 0,018
N
3
4
11
6
25
49
%
6,1
8,2
22,4
12,2
51,1
100,0
N
11
1
22
15
19
68
%
16,2
1,5
32,4
22,1
27,8
100,0
N
14
5
33
21
44
117
%
12,0
4,3
28,2
17,9
37,6
100,0
N
1
2
17
4
17
41
%
2,4
4,9
41,5
9,8
41,5
100,0
N
4
5
36
5
4
54
%
7,4
9,3
66,7
9,3
7,5
100,0
N
5
7
53
9
21
95
%
5,3
7,4
55,8
9,5
22,2
100,0100,0100,0100,0100,0
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
Pré-teste Pós-teste
** p = 0,002
p = 0,000
Tabela 2. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto às
respostas sobre conhecimento da localização do clitóris. Londrina, 2005.
Conhece a
localização do
clitóris
Sim
Não
Total
N
18
31
49
%
36,7
63,3
100,0
N
15
53
68
%
22,1
77,9
100,0
N
33
84
117
%
28,2
71,8
100,0
N
16
25
41
%
39,0
61,0
100,0
N
29
25
54
%
53,7
46,3
100,0
N
45
50
95
%
47,4
52,6
100,0
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
Pré-teste Pós-teste
p = 0,004
941
Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009
nas a aids como uma DST e as garotas referirem
outras doenças como sífilis, herpes genital, hepati-
te e HPV – Papiloma Vírus Humano (53,7%).
Pode-se observar que houve mudanças signifi-
cativas entre as respostas dos adolescentes em
ambos os momentos.
No pré-teste, a DST mais conhecida foi a aids
(43,6%); já no pós-teste, foram citadas diferentes
doenças (41,1%), evidenciando que os estudantes,
após as oficinas, tiveram a oportunidade de entrar
em contato com outras informações sobre a di-
versidade de doenças transmitidas na relação se-
xual, além da aids.
Quanto às questões referentes aos meios de
transmissão das DST pela via sexual (anal, oral e
vaginal) sem o uso do preservativo, pela via trans-
fusão sanguínea e pelo compartilhamento de dro-
gas injetáveis e também por outros meios de trans-
missão veiculados como popularmente verdadei-
ras (compartilhar toalha e banheiro, abraçar e bei-
jar), não houve diferença estatisticamente signifi-
cativa entre as respostas dos meninos e das meni-
nas em ambos os momentos das oficinas, ou seja,
não foi observada mudança de conhecimento após
a participação nas oficinas de prevenção.
Notou-se que a maioria dos adolescentes não
conseguiu identificar todas as formas de transmis-
são (78,6% no pré-teste e 79,5% no pós-teste). No
entanto, apenas 3,1% no pós-teste assinalaram al-
guma alternativa errada.
Quando se fala de prazer sexual, preocupa a
possibilidade de os adolescentes possuírem opi-
niões errôneas. A Tabela 5 mostra que não houve
diferenças significantes entre as respostas dos me-
Tabela 5. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, a respeito do
que pensam sobre o prazer sexual. Londrina 2005.
O que os adolescentes
pensam sobre prazer sexual
A garota deve ser experiente
O garoto sentirá mais que a
garota
Para o garoto é mais
importante
O garoto deve saber tudo sobre
o sexo
O tamanho do pênis
influencia na relação
NDA
Total
N
5
11
2
1
6
24
49
%
10,2
22,4
4,1
2,0
12,2
49,1
100,0
N
6
13
1
-
4
44
68
%
8,8
19,1
1,5
-
5,9
64,7
100,0
N
11
24
3
1
10
68
117
%
9,4
20,5
2,6
0,9
8,5
58,1
100,0
N
4
1
4
3
1
28
41
%
9,8
2,4
9,8
7,3
2,4
68,3
100,0
N
2
2
1
-
1
48
54
%
3,7
3,7
1,9
-
1,9
88,8
100,0
N
6
3
5
3
2
76
95
%
6,3
3,2
5,3
3,2
2,1
79,9
100,0
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
Pré-teste Pós-teste
p = 0,000
Tabela 4. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto ao
conhecimento das DST. Londrina, 2005.
DST que conhecem
Aids
Aids e gonorréia
Sífilis ou herpes genital ou
hepatite ou HPV
Não sabe
Total
N
22
4
7
16
49
%
44,9
8,2
14,3
32,6
100,0
N
29
3
10
26
68
%
42,6
4,4
14,7
38,3
100,0
N
51
7
17
42
117
%
43,6
6,0
14,6
35,9
100,0
N
16
-
10
15
41
%
39,0
-
24,4
36,6
100,0
N
14
7
29
4
54
%
25,9
13,0
53,7
7,4
100,0
N
30
7
39
19
95
%
31,6
7,4
41,1
19,9
100,0
Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total
Pré-teste Pós-teste
** p = 0,000
p = 0,000
942
CamargoEÁI,FerrariRAP
ninos e meninas em ambos os momentos. Detec-
tam-se mudanças estatisticamente notórias entre
as respostas dos adolescentes quando compara-
dos o pré e o pós-teste. Não houve distinção de
gênero quanto a opinião sobre o prazer, pois no
pré-teste 20,5% das respostas indicaram que no
ato sexual o garoto sente mais prazer; já no pós-
teste, esse número caiu para 3,2%.
Os adolescentes referem, tanto antes (58,1%) e
muito mais após as oficinas (79,9%), que nenhu-
ma das alternativas sugeridas no questionário po-
derá influenciar no prazer sexual.
A questão sobre a importância de casar com
alguém virgem também foi feita para os estudan-
tes, mas os testes estatísticos revelaram que não
houve diferenças de respostas entre meninos e
meninas e entre os adolescentes de um modo geral
no pré e pós-teste. Pode-se observar que, após as
oficinas, a maioria (40,0%) continua consideran-
do importante a virgindade como critério de esco-
lha no casamento, 25,3% dizem que não faz dife-
rença e 23,1% não sabem responder.
Quanto ao fato de a garota andar com camisi-
nha na bolsa, a maioria dos estudantes, tanto no
pré como no pós-teste (87,2%), apóia o fato da
menina ter o preservativo constantemente.
Discussão
A população estudada, como se pode notar, con-
centra-se na faixa etária entre 14 e 16 anos de idade
e o sexo feminino é predominante.
Na Tabela 2, pode-se verificar através dos tes-
tes estatísticos que tanto no pré-teste como no pós-
teste não houve diferenças significativas entre me-
ninos e meninas quanto ao conhecimento à res-
peito da localização do clitóris, área de prazer fe-
minino, mas quando se comparou as respostas
entre o pré-teste e pós-teste, nota-se diferença con-
siderável, mostrando que houve mudança de co-
nhecimento entre os adolescentes de ambos os se-
xos, de 28,2% no pré-teste para 47,4% no pós-
teste. Mesmo assim, o número de adolescentes in-
formados sobre a localização do clitóris na mulher
não chega à metade.
Nos estudos de Faustini et al.14
e Paiva e Bles-
sa15
, garotas conhecem pouco sobre o corpo eróti-
co, aquilo que lhes dá prazer. Mas, neste estudo,
pôde-se verificar que o conhecimento das meninas
após as oficinas aumentou de 22,3% para 53,7%.
Ainda com relação ao corpo erótico, no que se
refere à prática da masturbação, 16,8% dos ado-
lescentes deste estudo, após as oficinas de preven-
ção, ainda consideram um ato “pecaminoso”.
Tal fato também é encontrado nos resultados
das pesquisas de Paiva e Blessa e Souza et al., em
que os estudantes continuam sentindo culpa pela
prática da masturbação, principalmente entre as
garotas15,16
.
Tornou-se notório a importância que os ado-
lescentes dão para o conhecimento do corpo, in-
dependente se for o seu ou o do sexo oposto, na
busca de descobrir sua sexualidade.
Tal interesse deve ser incentivado cada vez mais
por parte dos educadores na busca de desenvolver
nos adolescentes a preocupação com o autocuida-
do, visando promover neles a capacidade de deci-
são sobre práticas sexuais seguras.
Em contrapartida, ainda pôde-se observar, nos
resultados deste estudo, que o conhecimento das
meninas sobre o período fértil é pequeno no pré-
teste (38,3%), mas no pós-teste aumentou para
66,7%. Ainda assim, o conhecimento do corpo fe-
minino continua baixo, principalmente entre as
garotas.
Observa-se, com estes resultados, característi-
cas muito distintas de gênero. Outra característica
peculiar entre os gêneros, neste estudo, é a inicia-
ção sexual mais precoce entre os garotos em com-
paração às garotas. Tais resultados também são
encontrados nas pesquisas de Paiva e Blessa, Sou-
za et al., Jeolás e Ferrari, Trajman et al.,Oliveira,
Bemfam e Taquete et al.15-20
.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em
1997, a média de idade da primeira relação sexual
entre meninos era de 16 anos e, entre as meninas,
de 19 anos. Em 2001, essa média baixou para 14 e
15 anos, respectivamente21
. Tal afirmação se con-
firma no estudo feito por Trajman et al. com 945
adolescentes entre 13 e 21 anos, no qual 59,0% de-
les iniciaram sexualmente com uma média de ida-
de de 15 anos18
.
Ainda com relação à iniciação sexual, pesquisa
realizada por Oliveira com 1.642 adolescentes de
quinze a dezenove anos em treze escolas públicas
do município de Londrina demonstrou que a mé-
dia da iniciação sexual foi de 14,2 anos para os
meninos e 15,1 para as meninas, dados estes tam-
bém presentes nos resultados da pesquisa de Her-
cowitz22, 23
.
Um fator de risco para a iniciação sexual pre-
matura é o fato da diminuição gradativa da idade
média da entrada da puberdade, ou seja, o desen-
volvimento fisiológico dos adolescentes está ante-
cedendo o cognitivo e o emocional18,24
.
Esta antecipação pode trazer como conseqü-
ência a possibilidade de uma gravidez não planeja-
da e a infecção com doenças sexualmente trans-
missíveis, pois soma-se ao fato de não haver um
943
Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009
uso consistente de métodos contraceptivos e pro-
tetores das doenças.
Os métodos contraceptivos e de barreira mais
conhecidos pelos adolescentes neste estudo tam-
bém foram os do estudo de outros pesquisadores,
justamente aqueles mais divulgados em campa-
nhas governamentais e na mídia14,19,25
.
Nota-se, neste estudo, que mesmo após a par-
ticipação nas oficinas de prevenção, há desconhe-
cimento dos métodos anticoncepcionais existen-
tes, mais de 50%. Desta forma, o adolescente tor-
na-se mais vulnerável ou desprotegido no momento
em que um deles vier a ser utilizado nas relações
sexuais.
Segundo Boruchovitch, os adolescentes são mal
informados sobre métodos contraceptivos, mas a
maioria deles pode identificar pelo menos um de-
les; geralmente, as meninas sabem mais sobre o
uso de anticoncepcionais que os garotos24
.
A mesma autora refere ainda que os adoles-
centes tendem a apresentar atitudes negativas quan-
to ao uso de métodos de barreira, como o preser-
vativo, referindo que os mesmos interferem no
prazer sexual, retirando a naturalidade e esponta-
neidade do ato, e nem sempre ele está disponível
no momento da atividade sexual.
Estudo de Jeolás e Ferrari mostrou alguns dos
motivos do não uso do preservativo na relação
sexual, um deles o esquecimento e outro que nem
sempre a garota tem argumento de negociação
para o uso do mesmo pelo parceiro17
.
Quanto ao uso do preservativo, cabe salientar
também que estudos de âmbito nacional e inter-
nacional apontam a uma relação entre a baixa es-
colaridade e a maior fecundidade e a maior escola-
ridade e a menor fecundidade devido à maior fre-
qüência do uso do preservativo nas relações sexu-
ais1,15,18, 19, 26
.
Frente a esta realidade, pode-se afirmar o quan-
to é necessário investimentos na educação e na saú-
de, salientando que o adolescente não deve ficar
fora da escola.
É importante ressaltar que o desconhecimento
sobre a sexualidade e a saúde reprodutiva faz com
que as adolescentes engravidem “sem querer”;
muitas acabam engravidando por duvidar de sua
fertilidade ou mesmo para provar sua heterosse-
xualidade23
.
Reafirma-se com essa informação o conceito
de que o adolescente é visto, no âmbito das políti-
cas públicas de saúde, como vulnerável, pelo fato
de estar em fase de transformações biológicas, psi-
cológicas e sociais e também por achar que os da-
nos decorrentes do sexo desprotegido “não irão
acontecer com eles”3,5,7,20,27,28
.
Além da fragilidade do conhecimento sobre o
corpo, sexualidade e fecundação, neste estudo, pre-
ocupa o fato de, principalmente com relação às
DST, 19,9% dos adolescentes, mesmo após terem
participado das oficinas de prevenção, ainda afir-
mar não conhecer sequer um tipo de doença sexu-
almente transmissível.
Pesquisa de Trajman et al. mostra que os ado-
lescentes têm concepções erradas sobre a trans-
missão das DST/aids, e muitas vezes eles se enga-
nam com a aparência saudável do parceiro18
.
Vários autores referem que os jovens possuem
um sentimento de onipotência frente as DST/aids,
tendo a convicção de que a infecção “nunca irá
acontecer com eles”9,15,17,29
.
Para confirmar a grande repercussão que a aids
tem atingido nos últimos anos, em um estudo fei-
to com 945 estudantes do ensino médio, no Rio de
Janeiro, em 1999, descobriu-se que 100% deles já
tinham ouvido falar sobre a aids18
. Tal populari-
dade, segundo a fala dos próprios adolescentes em
uma pesquisa feita por Toneli et al.,é devido à gran-
de preocupação das campanhas preventivas, vei-
culadas na mídia diariamente, o que faz com que o
conhecimento sobre as demais DST fique prejudi-
cado30
.
Quanto ao prejuízo do conhecimento dos ado-
lescentes sobre os meios de transmissão das ou-
tras DST, além da aids, pode-se observar neste es-
tudo que, mesmo após a participação nas oficinas
de prevenção sobre a temática, não houve mudan-
ça estatisticamente significativa.
Estudo de Lins et al. aponta que grande parte
dos adolescentes considera erroneamente como
meios de prevenir as DST a “utilização de locais
higiênicos” e “não usar banheiros públicos”9
.
A precariedade de conhecimento sobre as for-
mas de prevenir as DST é preocupante e pode estar
relacionada diretamente à pouca ou à falta da qua-
lidade no âmbito educacional das nossas escolas e
outras instituições formadoras de opinião.
Segundo dados da Unaids, a metade das novas
contaminações da aids no mundo, são de jovens
entre 15 e 24 anos, e ocorrem de diversas formas,
com destaque para as relações sexuais sem prote-
ção e o uso compartilhado de drogas injetáveis26
.
A prevenção da aids, principalmente através do
uso do preservativo, vem sendo maciçamente di-
vulgada nas campanhas. No entanto, embora os
adolescentes saibam que este método de barreira
evita tanto a gravidez como as DST/aids, no Brasil
ele ainda é pouco utilizado19,21,29
.
Em se tratando de aids, todas as iniciativas no
sentido de estimular a discussão e conscientização
dos indivíduos a respeito de sua prevenção mere-
944
CamargoEÁI,FerrariRAP
cem ser apoiadas, mas é necessário avaliar a efeti-
vidade das mesmas, pois passado mais de vinte
anos do advento da aids, esforços para o exercício
de práticas seguras estão aquém das metas de con-
trole da disseminação entre os adolescentes, fase
em que se dá a iniciação sexual.
Segundo dados tanto das pesquisas nacionais
como internacionais, os mais baixos índices de uso
do preservativo nas relações sexuais continuam
sendo entre 15 e 19 anos, principalmente entre as
garotas e de baixa escolaridade, como referido an-
teriormente19,21,26
.
Confirmando este comportamento de invul-
nerabilidade, o estudo de Jeolás e Ferrari mostrou
que tais dados remetem mais uma vez a afirmar o
quanto é difícil mudar valores e pensamentos cul-
tural e socialmente preestabelecidos17
.
É certo que este não foi o único objetivo das
oficinas de prevenção para os adolescentes em es-
tudo. A realização do trabalho em forma de ofici-
nas a partir da aprendizagem compartilhada, na
qual os coordenadores não ensinam o “certo e o
errado”, mas facilitam o debate entre os pares a
partir de dúvidas, opiniões e valores, remete os
participantes à possibilidade de ampliar os seus
próprios recursos de autoproteção.
Deste modo, torna-se evidente que trabalhar a
mudança de comportamento visando à sexualida-
de “saudável” significa uma árdua e demorada ta-
refa, necessitando de intervenções freqüentes, obje-
tivando a reconstrução de atitudes responsáveis.
Isto reforça o quanto é necessário rever as prá-
ticas educativas a serem realizadas com adolescen-
tes e a freqüência com que devem ser feitas; além
disto, se torna imprescindível a participação dos
educadores e familiares neste processo, pois este
grupo etário ainda tem buscado com amigos in-
formações, nem sempre são corretas, tal fato por
característica deste grupo etário mas também pela
ausência ou até omissão tanto dos setores de edu-
cação e saúde como da família.
Isto revela que tanto o setor da saúde como o
da educação não estão dando conta da integrali-
dade à saúde dos adolescentes.
Enquanto não há uma sistemática intersetoria-
lidade entre estes dois setores, trabalhos realizados
em escolas continuam mostrando a fragilidade de
conhecimento e comportamento dos jovens. É o
que aponta o estudo de Antunes et al.com 394 estu-
dantes de 18 à 25 anos, de escolas públicas notur-
nas de São Paulo, que participaram de “oficinas de
sexo mais seguro”. Os rapazes tinham como fala
inicial “saber tudo sobre sexo”e “poder tudo”, mas
depois de seis meses da realização da intervenção,
reconheceram não serem tão “sabidos” assim29
.
Neste estudo de Toneli et al., mesmo que não
haja diferenças significativas de conhecimento en-
tre os gêneros e as formas de prazer, os adolescen-
tes demonstram a preocupação em garantir o pró-
prio prazer e satisfação do parceiro, denotando
uma flexibilidade no comportamento de onipo-
tência e abertura para discutir as relações para prá-
ticas de sexo seguro30
.
Apesar da prática do sexo estar sendo cada vez
mais difundida em todas as camadas sociais, atra-
vés do incentivo de sua liberação, muitas garotas
ainda se preocupam com a virgindade; já para os
garotos, o sexo é sinal de masculinidade, para não
ser confundido com “viados”15
.
As questões relacionadas ao gênero evidenci-
am o processo de construção social, histórica e
cultural das representações do masculino e femini-
no na prática social, expressam diferenças signifi-
cativas de como o adolescente vive e pensa17
. Neste
sentido, as imbricadas relações de gênero fazem
das meninas um grupo socialmente mais vulnerá-
vel dos que os meninos, pois ainda sentem-se in-
capazes de negociar o uso do preservativo nas prá-
ticas sexuais, principalmente por influência do na-
morado, por ter confiança no parceiro, impulso,
pressa e imprevisibilidade do ato sexual, restando
pouca alternativa para elas se prevenirem contra a
gravidez, DST e aids3,15,17,29
.
Conclusões
A realização de oficinas junto aos alunos da 8ª série
do ensino fundamental de uma escola pública da
região sul do município de Londrina, Paraná, per-
mite concluir que o conhecimento desses alunos
melhorou em vários aspectos relacionados à sexu-
alidade, gravidez e DST.
Observou-se que os adolescentes preocupam-
se em aprender mais sobre o seu corpo e o corpo
do parceiro, principalmente no que diz respeito
aos órgãos envolvendo sua sexualidade.
Notou-se que um número maior de meninos já
tiveram relações sexuais; no entanto, têm menor
conhecimento sobre o período que a garota pode
engravidar. De um modo geral, os adolescentes
pouco conhecem sobre os diferentes métodos con-
traceptivos, tornando-se vulneráveis devido à falta
de opção para evitar uma gravidez não planejada.
Não houve acréscimo de conhecimento sobre
os métodos de transmissão das DST. A aids conti-
nua sendo a DST mais citada, deixando assim evi-
dente a dificuldade de se mudar conceitos preesta-
belecidos, pela mídia e pela população de um modo
geral, que ainda teme contrair o HIV, mas conti-
945
Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009
nua sem saber realmente as verdadeiras formas de
contágio das outras DST existentes muito antes do
surgimento da aids.
Apesar da grande liberação sexual evidenciada
nas últimas décadas, grande parte dos adolescen-
tes ainda importa-se em procurar um parceiro vir-
gem para casar, acha importante a menina andar
com camisinha na bolsa e demonstrou que não
considera corretas algumas afirmações distorci-
das a respeito do prazer sexual.
Considera-se que a escola constitui espaço ade-
quado para a implementação de programas
educativos,levando-se em conta a participação dos
pares (amigos), professores e familiares nessas
ações.
A metodologia através de oficinas parece ter
ampliado o conhecimento dos adolescentes mes-
Colaboradores
EAIC participou do projeto, revisão bibliográfica,
análise e discussão dos resultados e redação final;
RAPF é autora, coordenadora do projeto e orien-
tadora desde a concepção até a redação final da
pesquisa.
Agradecimentos
Em especial a Luiz Fabrício Melo do Departamen-
to de Estatística, Centro de Ciências Exatas, Uni-
versidade Estadual de Londrina, pela paciência e
dedicação no trabalho com o banco de dados e
análise dos resultados; Dra. Elma Mathias Des-
sunti, docente do Departamento de Enfermagem
da Universidade Estadual de Londrina, também
colaborou no projeto, junto aos acadêmicos, na
construção do banco de dados.
mo por ter sido realizada em apenas dois encon-
tros. Portanto, pode-se vislumbrar que este méto-
do em forma de oficina favorece espaço de discus-
são, de troca de experiências pessoais e do grupo,
partindo da realidade para a reflexão e o debate de
suas próprias práticas. Com isso, pretende-se for-
mar adolescentes multiplicadores do conhecimen-
to. Para isso, contudo, há necessidade da continui-
dade das ações de prevenção desenvolvidas nesta
pesquisa, envolvendo assim as instituições de ensi-
no também.
Os resultados deste trabalho são difíceis de se-
rem avaliados a curto prazo; no entanto, almeja-
se contribuir com a melhora do nível de conheci-
mento desses sujeitos, possibilitando assim a ade-
são de práticas sexuais seguras, evitando-se a gra-
videz não planejada, assim como as DST/aids.
946
CamargoEÁI,FerrariRAP
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Artigo apresentado em 06/07/2006
Aprovado em 25/07/2006
Versão final apresentada em 09/12/2008
1.
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30

  • 1. TEMASLIVRESFREETHEMES 937 1 Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. Rua Francisco Marcelino da Silva 250. Jardim Itatiaia-2. 86047-160 Londrina PR. enfermeiraelis@yahoo.com.br. 2 Departamento de Enfermagem (Saúde da Criança e do Adolescente), Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade antes e após a participação em oficinas de prevenção Adolescents: knowledge about sexuality before and after participating in prevention workshops Resumo Na adolescência, a vivência da sexualida- de torna-se mais evidente. Muitas vezes, manifesta- se através de práticas sexuais inseguras, podendo se tornar um problema devido à falta de informação, tabus ou mesmo pelo medo de assumi-la. O objetivo da pesquisa foi analisar o conhecimento dos adoles- centes sobre sexualidade, métodos contraceptivos, gravidez, DST e aids, antes e após oficinas de preven- ção. Participaram 117 adolescentes da 8ª série de uma escola estadual de Londrina, Paraná. Foi utili- zado um questionário (pré e pós-teste) para identifi- car a diferença do conhecimento dos adolescentes. Para a análise dos dados, usaram-se os testes quiqua- drado e exato de Fischer. A faixa etária concentrou- se entre 14 e 16 anos. Os meninos iniciaram mais cedo suas atividades sexuais. Apenas 28,2% dos ado- lescentes no pré–teste sabiam do período fértil da menina; após as oficinas de prevenção, o conheci- mento superou 55,8%. A aids foi a DST mais citada no pré-teste; no pós-teste, houve referência a outras doenças (41,1%). Os métodos contraceptivos mais conhecidos são o preservativo e a pílula. Não houve relevância estatística entre as respostas sobre atitu- des de risco para transmissão de DST/aids. Conclui- se que há necessidade de trabalho sistemático, a mé- dio e longo prazo, sobre sexualidade na escola para os adolescentes. Palavras-chave Adolescência, Sexualidade, Oficinas de prevenção Abstract Teenagers go through biological/psychoso- cial changes including experiencing his/her sexuali- ty. Adolescent sexuality is often shown in unsafe sex- ual practices; lack of information, taboos or even the fear of accepting one´s sexuality can turn it into a problem. This study aims at analyzing the knowledge of adolescents on sexuality, contraceptive methods, pregnancy, STD/AIDS before and after prevention workshops. 117 8th grade students of a public school in Londrina, Paraná, ages 14 to 16, comprised the sample. A pre- and post-test questionnaire was used and data analysis was based on the chi-square and Fisher’s exact tests. Boys began their sexual activity earlier than girls. In the pre-test, 28.2% of the adoles- cents were informed about the girl´s fertile period ; after the workshops, this rate surpassed 55.8%. In the pre-test, AIDS was the most frequently mentioned STD; in the post-test other STDs were brought up (41.1%). The most well-known contraceptive meth- ods were condoms and the pill. No statistically sig- nificant difference was found between the answers about risk behavior in relation to STD/AIDS trans- mission. Thus, it is necessary to reflect about and discuss ways of approaching the issue in schools in order to provide the adolescents with the knowledge they need to live their sexuality more safely. Key words Adolescence, Sexuality, Prevention workshops Elisana Ágatha Iakmiu Camargo 1 Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari 2
  • 2. 938 CamargoEÁI,FerrariRAP Introdução A adolescência é um período de transição para a maturidade, com o desenvolvimento físico sempre precedendo o psicológico. É por as- sim dizer, o elo entre a infância e a idade adul- ta1 . Segundo a Organização Mundial da Saú- de, a adolescência é a idade correspondente dos 10 aos 19 anos, sendo a pré-adolescência dos 10 aos 14 anos e a adolescência, propria- mente dita, dos 15 aos 19 anos2 . Nesta fase da vida, ocorre aceleração e desace- leração do crescimento físico, mudança da com- posição corporal, eclosão hormonal, envolvendo hormônios sexuais e evolução da maturidade se- xual, acompanhada pelo desenvolvimento de ca- racteres sexuais secundários masculinos e femini- nos. Paralelamente às mudanças corporais, ocor- rem as psicoemocionais, como a busca da identi- dade, a tendência grupal, o desenvolvimento do pensamento conceitual, a vivência singular e a evo- lução da sexualidade3 . As transformações dessa fase da vida fazem com que o adolescente viva intensamente sua sexualida- de, manifestando-a muitas vezes através de práti- cas sexuais desprotegidas, podendo se tornar um problema devido à falta de informação, de comu- nicação entre os familiares, tabus ou mesmo pelo fato de ter medo de assumi-la. A evolução de suas sensações, comportamentos e decisões sexuais será influenciada pelas interações que desenvolve com outros jovens do seu vínculo familiar e social4 . Segundo Calazans, a concepção a respeito da sexualidade ainda é um desafio a ser instituído em nossa sociedade, pois ela ainda vê o tema apenas ligado a fatores biológicos, excluindo-o de influ- ências históricas, culturais e sociais5 . Apesar do avanço científico no que diz respeito ao estudo sobre sexualidade humana, este tema ainda é impregnado de mitos, preconceitos e con- tradições, a ponto de muitas pessoas continuarem afirmando que só deve ser discutido entre adultos, o que é prejudicial para o desenvolvimento e com- portamento sexual saudável dos adolescentes6 . A identidade sexual e social de cada um de nós é construída, segundo a família (uma miniatura da sociedade), através da visão de mundo e valores que herdamos dos nossos pais. Refere ainda que é na escola que o jovem entra em contato com ou- tros valores e significados e, ao confrontar ao her- dado, elabora sua própria conduta, ou seja, cabe- ria à escola oferecer aos jovens uma realidade dife- rente da família7 . A escola significa um lugar importante para se trabalhar conhecimentos, habilidades e mudanças de comportamento, pois é local em que o adoles- cente permanece o maior tempo do seu dia. Portanto, torna-se um local propício e adequa- do para o desenvolvimento de ações educativas, atuando nas diferentes áreas dos saberes humanos. Em contrapartida, Lins et al. referem que há uma lacuna de informações pela falta da educação sexual nas principais instituições em que os ado- lescentes convivem; entre elas, destacam-se a esco- la e a família. A conseqüência disso são os senti- mentos de culpa e de medo que atingem essa faixa etária, fazendo com que estes passem a buscar in- formações em fontes pouco seguras ou incapazes de ajudá-los8 . No entanto, torna-se necessário conhecer me- lhor o que os adolescentes pensam, sua realidade, mitos e tabus com respeito a sua sexualidade para que se possa abordá-la de modo a contribuir para o seu crescimento e desenvolvimento sexual saudável9 . Neste sentido, esta pesquisa teve como objetivo analisar o conhecimento dos adolescentes sobre se- xualidade, métodos contraceptivos, gravidez e doen- ças sexualmente transmissíveis e gênero, antes e após a participação nas oficinas de prevenção. Metodologia Trata-se de uma pesquisa quantitativa utilizando- se parte de um banco de dados do projeto de pes- quisa Educação sexual para adolescentes: implemen- tação e avaliação de uma experiência para enferma- gem, realizado nos anos de 2001 a 2004. A população estudada constituiu-se por 117 adolescentes, participantes das oficinas de preven- ção, das três turmas da 8ª série do ensino funda- mental de uma escola estadual de ensino funda- mental e médio, na região sul do município, que atende cerca de 1.200 alunos nos períodos matuti- no, vespertino e noturno. A seleção amostral foi construída partindo de dois pontos fundamentais: a necessidade da escola e os resultados apontados em pesquisas de âmbito nacional e regional, visto que é neste grupo etário que se dá a iniciação sexual; sendo assim, a realiza- ção de trabalhos de intervenção preventiva se faz necessária. O município conta com 447.065 habitantes; deste total, 83.550 (18,7%) são adolescentes, 9,0% na faixa etária de 10-14 anos e 9,7% na faixa etária de 15-19 anos, não diferindo significantemente os sexos10 . Londrina possui 49 escolas estaduais e 65 esco- las municipais. Na região sul, existem dez escolas municipais de ensino fundamental e seis escolas
  • 3. 939 Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009 estaduais de ensino fundamental e médio; dentre as escolas estaduais está a instituição onde o proje- to de pesquisa foi desenvolvido por dois anos con- secutivos. Para a coleta de dados, utilizou-se um questio- nário construído com questões de múltipla escolha para a obtenção dos dados necessários à análise do objeto de estudo, contendo dados quanto à idade e sexo dos adolescentes e questões referentes à sexu- alidade, métodos contraceptivos, gravidez, doen- ças sexualmente transmissíveis (DST) e gênero. A coleta dos dados para a pesquisa ocorreu em três momentos: primeiro, foi aplicado o questio- nário (pré-teste) para identificar o conhecimento dos adolescentes; segundo, realizou-se duas ofici- nas de prevenção com grupos de dez a quinze par- ticipantes, limites mínimo e máximo, que se fize- ram em dois encontros, totalizando oito horas. As oficinas foram realizadas utilizando-se de dinâmi- cas contidas no Manual do Multiplicador do Mi- nistério da Saúde11 . A primeira oficina abordou o tema sexualidade (práticas sexuais, desenvolvimen- to e transformação do corpo, o prazer e as rela- ções de gênero), métodos contraceptivos, as mu- danças do corpo na gravidez e as suas repercus- sões biopsicossociais na adolescência. A segunda oficina abordou os métodos de prevenção das DST e aids, as formas de contágio e as repercussões biopsicossociais da infecção; no terceiro e último momento, após três meses da realização das ofici- nas de prevenção, aplicou-se o mesmo questioná- rio (pós-teste) com o intuito de identificar a mu- dança de conhecimento dos adolescentes. Os dados coletados na pesquisa foram catego- rizados, digitados e analisados em um banco de dados estruturado no programa Epi-Info 3.3.212 . Para a análise, foram utilizados os testes quiqua- drado (χ2 ) e exato de Fischer, com um valor de significância de p<0,05. Foi necessária a aplicação deste segundo teste pelo fato de haver alguns resul- tados que apresentaram freqüências inferiores a um. Estes testes foram aplicados para comparar as respostas entre meninos e meninas, tanto no pré quanto no pós-teste, para saber se houve diferen- ça de opinião entre os sexos e também para anali- sar se houve mudança do conhecimento após a participação nas oficinas de prevenção. A pesquisa cumpriu as normas da Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde13 . Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina, parecer CEP-005/01. Resultados Participaram da pesquisa 117 adolescentes (100%); desses, a totalidade respondeu o pré-teste e parti- cipou das oficinas de prevenção, mas, no dia da coleta do pós-teste, 95 (81,2%) participaram e 22 (18,8%) não estavam presentes. A Tabela 1 aponta a faixa etária e o sexo da população de estudo. Nota-se que 41,9%, no pré- teste, e 43,2%, no pós-teste, dos adolescentes eram do sexo masculino; já com relação às meninas, 58,1% e 56,8 % correspondiam ao pré e pós-teste, respectivamente. Na Tabela 2, observa-se que os resultados não diferem no pré e pós-teste quanto ao conhecimen- to dos garotos sobre a localização do clitóris no corpo feminino. Em contrapartida, houve melho- ra do conhecimento das garotas de 22,1% para 53,7%, respectivamente. Entretanto, o aprendiza- do tanto dos meninos quanto das meninas, após as oficinas, não atingiu os 50%. Com relação à masturbação, os adolescentes deste estudo em sua maioria afirmam ser uma for- ma saudável de conhecer o corpo (70,9% no pré- teste e 75,8% no pós-teste). Foi perguntado para os estudantes a respeito do início da vida sexual. Pôde-se evidenciar que houve diferenças significativas (p<0,05) entre me- Tabela 1. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto ao sexo e faixa etária. Londrina, 2005. Faixa etária 14-16 anos 17-19 anos Em branco Total N 43 2 4 49 % 38,7 4,1 8,2 41,9 N 68 - - 68 % 61,3 - - 58,1 N 111 2 4 117 % 94,9 1,7 3,4 100,0 N 40 - 1 41 % 42,6 - 2,4 43,2 N 54 - - 54 % 57,4 - - 56,8 N 94 - 1 95 % 98,9 - 1,1 100,0 Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total Pré-teste Pós-teste
  • 4. 940 CamargoEÁI,FerrariRAP ninos e meninas: 24,5% dos garotos no pré e 31,7% no pós-teste já tiveram relação sexual, mas entre as garotas apenas 4,4% e 5,6%, no pré e pós-teste, respectivamente. Tornou-se pertinente, devido à constatação da iniciação sexual precoce, conferir o que os adoles- centes sabem a respeito de métodos contracepti- vos, da gravidez e das DST. Com relação ao conhecimento dos adolescen- tes sobre os métodos contraceptivos, especifica- mente o preservativo e a pílula, tanto no pré-teste quanto no pós-teste, não houve diferença estatis- ticamente significativa para ambos os sexos, 53,0% e 46,3%, respectivamente. Quanto ao conhecimento sobre o período do mês que uma garota pode engravidar, a Tabela 3 mostra as diferenças das respostas entre meninos e meninas. Nota-se que, no pré-teste, 51,1% dos meninos e 27,8% das meninas não sabem qual o período do mês que a garota pode engravidar. No pós-teste, estes números foram menores, 41,5% dos meni- nos e 7,5% das meninas. Ainda pôde-se observar no pré-teste que o co- nhecimento das meninas é pequeno, pois 38,3% referem no começo ou no fim da menstruação, o que corrobora os dados referidos anteriormente, o menor conhecimento das adolescentes sobre seu próprio corpo. A resposta correta seria entre uma menstruação e outra, mas apenas 22,4% dos meninos e 32,4% das meninas conheciam esta informação no pré- teste; no pós-teste, houve aumento do conhecimen- to, subindo para 41,5% e 66,7%, respectivamente. O percentual de respostas corretas foi crescente entre o pré e pós-teste, ou seja, após as oficinas, mais da metade dos adolescentes (55,8%) respon- deram corretamente sobre o período fértil da me- nina. Ainda assim, este número continua baixo, pois 22,2% ainda afirmam não saber sobre o assunto. Quanto ao conhecimento sobre DST e aids, a Tabela 4 mostra que não houve diferenças estatis- ticamente significativa entre as respostas dos ado- lescentes no pré-teste; já no pós-teste, há distinção entre meninos e meninas, confirmado principal- mente pelo fato de 39% dos garotos citarem ape- Tabela 3. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto às respostas sobre o período do mês que a garota pode engravidar. Londrina, 2005. Período do mês que a garota pode engravidar Começo da menstruação Durante a menstruação Entre uma e outra menstruação No fim da menstruação Não sabe Total * p = 0,018 N 3 4 11 6 25 49 % 6,1 8,2 22,4 12,2 51,1 100,0 N 11 1 22 15 19 68 % 16,2 1,5 32,4 22,1 27,8 100,0 N 14 5 33 21 44 117 % 12,0 4,3 28,2 17,9 37,6 100,0 N 1 2 17 4 17 41 % 2,4 4,9 41,5 9,8 41,5 100,0 N 4 5 36 5 4 54 % 7,4 9,3 66,7 9,3 7,5 100,0 N 5 7 53 9 21 95 % 5,3 7,4 55,8 9,5 22,2 100,0100,0100,0100,0100,0 Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total Pré-teste Pós-teste ** p = 0,002 p = 0,000 Tabela 2. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto às respostas sobre conhecimento da localização do clitóris. Londrina, 2005. Conhece a localização do clitóris Sim Não Total N 18 31 49 % 36,7 63,3 100,0 N 15 53 68 % 22,1 77,9 100,0 N 33 84 117 % 28,2 71,8 100,0 N 16 25 41 % 39,0 61,0 100,0 N 29 25 54 % 53,7 46,3 100,0 N 45 50 95 % 47,4 52,6 100,0 Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total Pré-teste Pós-teste p = 0,004
  • 5. 941 Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009 nas a aids como uma DST e as garotas referirem outras doenças como sífilis, herpes genital, hepati- te e HPV – Papiloma Vírus Humano (53,7%). Pode-se observar que houve mudanças signifi- cativas entre as respostas dos adolescentes em ambos os momentos. No pré-teste, a DST mais conhecida foi a aids (43,6%); já no pós-teste, foram citadas diferentes doenças (41,1%), evidenciando que os estudantes, após as oficinas, tiveram a oportunidade de entrar em contato com outras informações sobre a di- versidade de doenças transmitidas na relação se- xual, além da aids. Quanto às questões referentes aos meios de transmissão das DST pela via sexual (anal, oral e vaginal) sem o uso do preservativo, pela via trans- fusão sanguínea e pelo compartilhamento de dro- gas injetáveis e também por outros meios de trans- missão veiculados como popularmente verdadei- ras (compartilhar toalha e banheiro, abraçar e bei- jar), não houve diferença estatisticamente signifi- cativa entre as respostas dos meninos e das meni- nas em ambos os momentos das oficinas, ou seja, não foi observada mudança de conhecimento após a participação nas oficinas de prevenção. Notou-se que a maioria dos adolescentes não conseguiu identificar todas as formas de transmis- são (78,6% no pré-teste e 79,5% no pós-teste). No entanto, apenas 3,1% no pós-teste assinalaram al- guma alternativa errada. Quando se fala de prazer sexual, preocupa a possibilidade de os adolescentes possuírem opi- niões errôneas. A Tabela 5 mostra que não houve diferenças significantes entre as respostas dos me- Tabela 5. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, a respeito do que pensam sobre o prazer sexual. Londrina 2005. O que os adolescentes pensam sobre prazer sexual A garota deve ser experiente O garoto sentirá mais que a garota Para o garoto é mais importante O garoto deve saber tudo sobre o sexo O tamanho do pênis influencia na relação NDA Total N 5 11 2 1 6 24 49 % 10,2 22,4 4,1 2,0 12,2 49,1 100,0 N 6 13 1 - 4 44 68 % 8,8 19,1 1,5 - 5,9 64,7 100,0 N 11 24 3 1 10 68 117 % 9,4 20,5 2,6 0,9 8,5 58,1 100,0 N 4 1 4 3 1 28 41 % 9,8 2,4 9,8 7,3 2,4 68,3 100,0 N 2 2 1 - 1 48 54 % 3,7 3,7 1,9 - 1,9 88,8 100,0 N 6 3 5 3 2 76 95 % 6,3 3,2 5,3 3,2 2,1 79,9 100,0 Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total Pré-teste Pós-teste p = 0,000 Tabela 4. Distribuição dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública, quanto ao conhecimento das DST. Londrina, 2005. DST que conhecem Aids Aids e gonorréia Sífilis ou herpes genital ou hepatite ou HPV Não sabe Total N 22 4 7 16 49 % 44,9 8,2 14,3 32,6 100,0 N 29 3 10 26 68 % 42,6 4,4 14,7 38,3 100,0 N 51 7 17 42 117 % 43,6 6,0 14,6 35,9 100,0 N 16 - 10 15 41 % 39,0 - 24,4 36,6 100,0 N 14 7 29 4 54 % 25,9 13,0 53,7 7,4 100,0 N 30 7 39 19 95 % 31,6 7,4 41,1 19,9 100,0 Meninos Meninas Total Meninos Meninas Total Pré-teste Pós-teste ** p = 0,000 p = 0,000
  • 6. 942 CamargoEÁI,FerrariRAP ninos e meninas em ambos os momentos. Detec- tam-se mudanças estatisticamente notórias entre as respostas dos adolescentes quando compara- dos o pré e o pós-teste. Não houve distinção de gênero quanto a opinião sobre o prazer, pois no pré-teste 20,5% das respostas indicaram que no ato sexual o garoto sente mais prazer; já no pós- teste, esse número caiu para 3,2%. Os adolescentes referem, tanto antes (58,1%) e muito mais após as oficinas (79,9%), que nenhu- ma das alternativas sugeridas no questionário po- derá influenciar no prazer sexual. A questão sobre a importância de casar com alguém virgem também foi feita para os estudan- tes, mas os testes estatísticos revelaram que não houve diferenças de respostas entre meninos e meninas e entre os adolescentes de um modo geral no pré e pós-teste. Pode-se observar que, após as oficinas, a maioria (40,0%) continua consideran- do importante a virgindade como critério de esco- lha no casamento, 25,3% dizem que não faz dife- rença e 23,1% não sabem responder. Quanto ao fato de a garota andar com camisi- nha na bolsa, a maioria dos estudantes, tanto no pré como no pós-teste (87,2%), apóia o fato da menina ter o preservativo constantemente. Discussão A população estudada, como se pode notar, con- centra-se na faixa etária entre 14 e 16 anos de idade e o sexo feminino é predominante. Na Tabela 2, pode-se verificar através dos tes- tes estatísticos que tanto no pré-teste como no pós- teste não houve diferenças significativas entre me- ninos e meninas quanto ao conhecimento à res- peito da localização do clitóris, área de prazer fe- minino, mas quando se comparou as respostas entre o pré-teste e pós-teste, nota-se diferença con- siderável, mostrando que houve mudança de co- nhecimento entre os adolescentes de ambos os se- xos, de 28,2% no pré-teste para 47,4% no pós- teste. Mesmo assim, o número de adolescentes in- formados sobre a localização do clitóris na mulher não chega à metade. Nos estudos de Faustini et al.14 e Paiva e Bles- sa15 , garotas conhecem pouco sobre o corpo eróti- co, aquilo que lhes dá prazer. Mas, neste estudo, pôde-se verificar que o conhecimento das meninas após as oficinas aumentou de 22,3% para 53,7%. Ainda com relação ao corpo erótico, no que se refere à prática da masturbação, 16,8% dos ado- lescentes deste estudo, após as oficinas de preven- ção, ainda consideram um ato “pecaminoso”. Tal fato também é encontrado nos resultados das pesquisas de Paiva e Blessa e Souza et al., em que os estudantes continuam sentindo culpa pela prática da masturbação, principalmente entre as garotas15,16 . Tornou-se notório a importância que os ado- lescentes dão para o conhecimento do corpo, in- dependente se for o seu ou o do sexo oposto, na busca de descobrir sua sexualidade. Tal interesse deve ser incentivado cada vez mais por parte dos educadores na busca de desenvolver nos adolescentes a preocupação com o autocuida- do, visando promover neles a capacidade de deci- são sobre práticas sexuais seguras. Em contrapartida, ainda pôde-se observar, nos resultados deste estudo, que o conhecimento das meninas sobre o período fértil é pequeno no pré- teste (38,3%), mas no pós-teste aumentou para 66,7%. Ainda assim, o conhecimento do corpo fe- minino continua baixo, principalmente entre as garotas. Observa-se, com estes resultados, característi- cas muito distintas de gênero. Outra característica peculiar entre os gêneros, neste estudo, é a inicia- ção sexual mais precoce entre os garotos em com- paração às garotas. Tais resultados também são encontrados nas pesquisas de Paiva e Blessa, Sou- za et al., Jeolás e Ferrari, Trajman et al.,Oliveira, Bemfam e Taquete et al.15-20 . Segundo dados do Ministério da Saúde, em 1997, a média de idade da primeira relação sexual entre meninos era de 16 anos e, entre as meninas, de 19 anos. Em 2001, essa média baixou para 14 e 15 anos, respectivamente21 . Tal afirmação se con- firma no estudo feito por Trajman et al. com 945 adolescentes entre 13 e 21 anos, no qual 59,0% de- les iniciaram sexualmente com uma média de ida- de de 15 anos18 . Ainda com relação à iniciação sexual, pesquisa realizada por Oliveira com 1.642 adolescentes de quinze a dezenove anos em treze escolas públicas do município de Londrina demonstrou que a mé- dia da iniciação sexual foi de 14,2 anos para os meninos e 15,1 para as meninas, dados estes tam- bém presentes nos resultados da pesquisa de Her- cowitz22, 23 . Um fator de risco para a iniciação sexual pre- matura é o fato da diminuição gradativa da idade média da entrada da puberdade, ou seja, o desen- volvimento fisiológico dos adolescentes está ante- cedendo o cognitivo e o emocional18,24 . Esta antecipação pode trazer como conseqü- ência a possibilidade de uma gravidez não planeja- da e a infecção com doenças sexualmente trans- missíveis, pois soma-se ao fato de não haver um
  • 7. 943 Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009 uso consistente de métodos contraceptivos e pro- tetores das doenças. Os métodos contraceptivos e de barreira mais conhecidos pelos adolescentes neste estudo tam- bém foram os do estudo de outros pesquisadores, justamente aqueles mais divulgados em campa- nhas governamentais e na mídia14,19,25 . Nota-se, neste estudo, que mesmo após a par- ticipação nas oficinas de prevenção, há desconhe- cimento dos métodos anticoncepcionais existen- tes, mais de 50%. Desta forma, o adolescente tor- na-se mais vulnerável ou desprotegido no momento em que um deles vier a ser utilizado nas relações sexuais. Segundo Boruchovitch, os adolescentes são mal informados sobre métodos contraceptivos, mas a maioria deles pode identificar pelo menos um de- les; geralmente, as meninas sabem mais sobre o uso de anticoncepcionais que os garotos24 . A mesma autora refere ainda que os adoles- centes tendem a apresentar atitudes negativas quan- to ao uso de métodos de barreira, como o preser- vativo, referindo que os mesmos interferem no prazer sexual, retirando a naturalidade e esponta- neidade do ato, e nem sempre ele está disponível no momento da atividade sexual. Estudo de Jeolás e Ferrari mostrou alguns dos motivos do não uso do preservativo na relação sexual, um deles o esquecimento e outro que nem sempre a garota tem argumento de negociação para o uso do mesmo pelo parceiro17 . Quanto ao uso do preservativo, cabe salientar também que estudos de âmbito nacional e inter- nacional apontam a uma relação entre a baixa es- colaridade e a maior fecundidade e a maior escola- ridade e a menor fecundidade devido à maior fre- qüência do uso do preservativo nas relações sexu- ais1,15,18, 19, 26 . Frente a esta realidade, pode-se afirmar o quan- to é necessário investimentos na educação e na saú- de, salientando que o adolescente não deve ficar fora da escola. É importante ressaltar que o desconhecimento sobre a sexualidade e a saúde reprodutiva faz com que as adolescentes engravidem “sem querer”; muitas acabam engravidando por duvidar de sua fertilidade ou mesmo para provar sua heterosse- xualidade23 . Reafirma-se com essa informação o conceito de que o adolescente é visto, no âmbito das políti- cas públicas de saúde, como vulnerável, pelo fato de estar em fase de transformações biológicas, psi- cológicas e sociais e também por achar que os da- nos decorrentes do sexo desprotegido “não irão acontecer com eles”3,5,7,20,27,28 . Além da fragilidade do conhecimento sobre o corpo, sexualidade e fecundação, neste estudo, pre- ocupa o fato de, principalmente com relação às DST, 19,9% dos adolescentes, mesmo após terem participado das oficinas de prevenção, ainda afir- mar não conhecer sequer um tipo de doença sexu- almente transmissível. Pesquisa de Trajman et al. mostra que os ado- lescentes têm concepções erradas sobre a trans- missão das DST/aids, e muitas vezes eles se enga- nam com a aparência saudável do parceiro18 . Vários autores referem que os jovens possuem um sentimento de onipotência frente as DST/aids, tendo a convicção de que a infecção “nunca irá acontecer com eles”9,15,17,29 . Para confirmar a grande repercussão que a aids tem atingido nos últimos anos, em um estudo fei- to com 945 estudantes do ensino médio, no Rio de Janeiro, em 1999, descobriu-se que 100% deles já tinham ouvido falar sobre a aids18 . Tal populari- dade, segundo a fala dos próprios adolescentes em uma pesquisa feita por Toneli et al.,é devido à gran- de preocupação das campanhas preventivas, vei- culadas na mídia diariamente, o que faz com que o conhecimento sobre as demais DST fique prejudi- cado30 . Quanto ao prejuízo do conhecimento dos ado- lescentes sobre os meios de transmissão das ou- tras DST, além da aids, pode-se observar neste es- tudo que, mesmo após a participação nas oficinas de prevenção sobre a temática, não houve mudan- ça estatisticamente significativa. Estudo de Lins et al. aponta que grande parte dos adolescentes considera erroneamente como meios de prevenir as DST a “utilização de locais higiênicos” e “não usar banheiros públicos”9 . A precariedade de conhecimento sobre as for- mas de prevenir as DST é preocupante e pode estar relacionada diretamente à pouca ou à falta da qua- lidade no âmbito educacional das nossas escolas e outras instituições formadoras de opinião. Segundo dados da Unaids, a metade das novas contaminações da aids no mundo, são de jovens entre 15 e 24 anos, e ocorrem de diversas formas, com destaque para as relações sexuais sem prote- ção e o uso compartilhado de drogas injetáveis26 . A prevenção da aids, principalmente através do uso do preservativo, vem sendo maciçamente di- vulgada nas campanhas. No entanto, embora os adolescentes saibam que este método de barreira evita tanto a gravidez como as DST/aids, no Brasil ele ainda é pouco utilizado19,21,29 . Em se tratando de aids, todas as iniciativas no sentido de estimular a discussão e conscientização dos indivíduos a respeito de sua prevenção mere-
  • 8. 944 CamargoEÁI,FerrariRAP cem ser apoiadas, mas é necessário avaliar a efeti- vidade das mesmas, pois passado mais de vinte anos do advento da aids, esforços para o exercício de práticas seguras estão aquém das metas de con- trole da disseminação entre os adolescentes, fase em que se dá a iniciação sexual. Segundo dados tanto das pesquisas nacionais como internacionais, os mais baixos índices de uso do preservativo nas relações sexuais continuam sendo entre 15 e 19 anos, principalmente entre as garotas e de baixa escolaridade, como referido an- teriormente19,21,26 . Confirmando este comportamento de invul- nerabilidade, o estudo de Jeolás e Ferrari mostrou que tais dados remetem mais uma vez a afirmar o quanto é difícil mudar valores e pensamentos cul- tural e socialmente preestabelecidos17 . É certo que este não foi o único objetivo das oficinas de prevenção para os adolescentes em es- tudo. A realização do trabalho em forma de ofici- nas a partir da aprendizagem compartilhada, na qual os coordenadores não ensinam o “certo e o errado”, mas facilitam o debate entre os pares a partir de dúvidas, opiniões e valores, remete os participantes à possibilidade de ampliar os seus próprios recursos de autoproteção. Deste modo, torna-se evidente que trabalhar a mudança de comportamento visando à sexualida- de “saudável” significa uma árdua e demorada ta- refa, necessitando de intervenções freqüentes, obje- tivando a reconstrução de atitudes responsáveis. Isto reforça o quanto é necessário rever as prá- ticas educativas a serem realizadas com adolescen- tes e a freqüência com que devem ser feitas; além disto, se torna imprescindível a participação dos educadores e familiares neste processo, pois este grupo etário ainda tem buscado com amigos in- formações, nem sempre são corretas, tal fato por característica deste grupo etário mas também pela ausência ou até omissão tanto dos setores de edu- cação e saúde como da família. Isto revela que tanto o setor da saúde como o da educação não estão dando conta da integrali- dade à saúde dos adolescentes. Enquanto não há uma sistemática intersetoria- lidade entre estes dois setores, trabalhos realizados em escolas continuam mostrando a fragilidade de conhecimento e comportamento dos jovens. É o que aponta o estudo de Antunes et al.com 394 estu- dantes de 18 à 25 anos, de escolas públicas notur- nas de São Paulo, que participaram de “oficinas de sexo mais seguro”. Os rapazes tinham como fala inicial “saber tudo sobre sexo”e “poder tudo”, mas depois de seis meses da realização da intervenção, reconheceram não serem tão “sabidos” assim29 . Neste estudo de Toneli et al., mesmo que não haja diferenças significativas de conhecimento en- tre os gêneros e as formas de prazer, os adolescen- tes demonstram a preocupação em garantir o pró- prio prazer e satisfação do parceiro, denotando uma flexibilidade no comportamento de onipo- tência e abertura para discutir as relações para prá- ticas de sexo seguro30 . Apesar da prática do sexo estar sendo cada vez mais difundida em todas as camadas sociais, atra- vés do incentivo de sua liberação, muitas garotas ainda se preocupam com a virgindade; já para os garotos, o sexo é sinal de masculinidade, para não ser confundido com “viados”15 . As questões relacionadas ao gênero evidenci- am o processo de construção social, histórica e cultural das representações do masculino e femini- no na prática social, expressam diferenças signifi- cativas de como o adolescente vive e pensa17 . Neste sentido, as imbricadas relações de gênero fazem das meninas um grupo socialmente mais vulnerá- vel dos que os meninos, pois ainda sentem-se in- capazes de negociar o uso do preservativo nas prá- ticas sexuais, principalmente por influência do na- morado, por ter confiança no parceiro, impulso, pressa e imprevisibilidade do ato sexual, restando pouca alternativa para elas se prevenirem contra a gravidez, DST e aids3,15,17,29 . Conclusões A realização de oficinas junto aos alunos da 8ª série do ensino fundamental de uma escola pública da região sul do município de Londrina, Paraná, per- mite concluir que o conhecimento desses alunos melhorou em vários aspectos relacionados à sexu- alidade, gravidez e DST. Observou-se que os adolescentes preocupam- se em aprender mais sobre o seu corpo e o corpo do parceiro, principalmente no que diz respeito aos órgãos envolvendo sua sexualidade. Notou-se que um número maior de meninos já tiveram relações sexuais; no entanto, têm menor conhecimento sobre o período que a garota pode engravidar. De um modo geral, os adolescentes pouco conhecem sobre os diferentes métodos con- traceptivos, tornando-se vulneráveis devido à falta de opção para evitar uma gravidez não planejada. Não houve acréscimo de conhecimento sobre os métodos de transmissão das DST. A aids conti- nua sendo a DST mais citada, deixando assim evi- dente a dificuldade de se mudar conceitos preesta- belecidos, pela mídia e pela população de um modo geral, que ainda teme contrair o HIV, mas conti-
  • 9. 945 Ciência&SaúdeColetiva,14(3):937-946,2009 nua sem saber realmente as verdadeiras formas de contágio das outras DST existentes muito antes do surgimento da aids. Apesar da grande liberação sexual evidenciada nas últimas décadas, grande parte dos adolescen- tes ainda importa-se em procurar um parceiro vir- gem para casar, acha importante a menina andar com camisinha na bolsa e demonstrou que não considera corretas algumas afirmações distorci- das a respeito do prazer sexual. Considera-se que a escola constitui espaço ade- quado para a implementação de programas educativos,levando-se em conta a participação dos pares (amigos), professores e familiares nessas ações. A metodologia através de oficinas parece ter ampliado o conhecimento dos adolescentes mes- Colaboradores EAIC participou do projeto, revisão bibliográfica, análise e discussão dos resultados e redação final; RAPF é autora, coordenadora do projeto e orien- tadora desde a concepção até a redação final da pesquisa. Agradecimentos Em especial a Luiz Fabrício Melo do Departamen- to de Estatística, Centro de Ciências Exatas, Uni- versidade Estadual de Londrina, pela paciência e dedicação no trabalho com o banco de dados e análise dos resultados; Dra. Elma Mathias Des- sunti, docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina, também colaborou no projeto, junto aos acadêmicos, na construção do banco de dados. mo por ter sido realizada em apenas dois encon- tros. Portanto, pode-se vislumbrar que este méto- do em forma de oficina favorece espaço de discus- são, de troca de experiências pessoais e do grupo, partindo da realidade para a reflexão e o debate de suas próprias práticas. Com isso, pretende-se for- mar adolescentes multiplicadores do conhecimen- to. Para isso, contudo, há necessidade da continui- dade das ações de prevenção desenvolvidas nesta pesquisa, envolvendo assim as instituições de ensi- no também. Os resultados deste trabalho são difíceis de se- rem avaliados a curto prazo; no entanto, almeja- se contribuir com a melhora do nível de conheci- mento desses sujeitos, possibilitando assim a ade- são de práticas sexuais seguras, evitando-se a gra- videz não planejada, assim como as DST/aids.
  • 10. 946 CamargoEÁI,FerrariRAP Referências Lunardelli JL. Anticoncepção na adolescência. Pedia- tria Moderna 2002; 38(8):381-387. Organización Mundial de La Salud. La salud de los jóvenes: un reto y una esperanza. Genebra, 1995. Saito MI. Adolescência, sexualidade e educação se- xual. Pediatria Moderna 2001; 27:3-6. Chauí M. Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida. São Paulo: Brasiliense; 1987. Calazans G. Os jovens falam sobre sua sexualidade e saúde reprodutiva: elementos para reflexão. In: Abra- mo HH, Branco PPM, organizadores. Retratos da juventude brasileira: Análises de uma pesquisa nacio- nal. São Paulo: Editora Cidadania; 2005. p. 215-241. Gir E, Nogueira MS, Pelá NTR. Sexualidade humana na formação do enfermeiro. Rev. Latino-Am. Enfer- magem 2000; 8(2):33-40. Bruns MAT, Grassi MFC, França C. Educação sexual numa visão mais abrangente. Rev. Bras. Sexualidade Humana 1995; 6(1):60-66. Lins LCS, Pereira EMDR, Lira IV. Como anda a edu- cação sexual dos jovens. 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