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DDiieeggoo CCoottttaa || PPPPGGMMCC -- IIAACCSS -- UUFFFF
RESUMO 
Este trabalho visa tipificar, explicar e entender um dos caminhos 
escolhido pelo Movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e 
transexuais – a Parada do Orgulho LGBT -, para gerar visibilidade a 
suas demandas, cultura e reivindicações por direitos civis. A partir da 
análise do traço político-estratégico do Movimento LGBT, que 
perpassa pela espetacularização de sua cultura, o trabalho conseguirá 
entender os motivos dessa escolha e sugerir novos formatos. 
Palavras-chave: cultura; LGBT; visibilidade; política; mídia.
• Sociedade líquida. BAUMAN, 2001. 
• Hipermodernidade. LIPOVETSKY, 2004. 
• Cultura da mídia. KELLNER, 2001. 
• Megaeventos. FREITAS, 2011. 
• Afeto, mídia e política. SODRÉ, 2006. 
• Astúcia. SANTIAGO, 2004. 
• Invisibilidade. LOPES, 2007. 
CONCEITOS
Liquidez e hipermodernidade 
• Questionamento 
das instituições 
rígidas; 
• Liquidez como 
meio de 
imprevisibilidade 
e transformação; 
• Individualismo, 
hedonismo e 
exacerbação do eu.
Mídia 
Quando as pessoas aprendem a perceber o modo como a 
cultura da mídia transmite representações opressivas de 
classe, raça, sexo, sexualidade, etc. capazes de influenciar 
pensamentos e comportamentos, são capazes de manter 
uma distância crítica em relação às obras da cultura da 
mídia e assim adquirir poder sobre a cultura em que 
vivem. Tal aquisição de poder pode ajudar a promover um 
questionamento mais geral da organização da sociedade e 
ajudar a induzir os indivíduos a participarem de 
movimentos políticos radicais que lutem pela 
transformação social. 
KELLNER, 2001, p. 83.
FAN PAGE RIO SEM HOMOFOBIA 
Sugiro que entendamos os grandes 
eventos como mídia, principalmente 
porque eles conseguem representar e 
comunicar culturas, além de viabilizar 
uma conectividade entre seus 
participantes e propiciar uma 
transformação de corações e mentes.
Evento-mídia 
Entendemos esses eventos como mídia por exporem os 
cosmopolitismos, as culturas nacionais e as culturas 
locais, propondo traduções interculturais a cada dado. 
(...) Esse quadro é especialmente importante para o 
campo das relações públicas devido ao novo conjunto 
de dados e de ações a serem pensados nas organizações 
e nos poderes públicos quanto ao diálogo entre 
cidadania e espetáculo. 
FREITAS, 2011, p. 
2.
Mas por que uma Parada? 
É carnaval fora de época! 
Os gays vão só pra fazer 
pegação! 
Orgia a céu aberto! 
Ninguém vai pra reivindicar 
direitos. É uma zona! 
Deus me livre, me misturar 
com aquele povo pobre! 
Não me sinto representado! 
É rave de drogado, com um 
bando de promíscuos.
Mas por que uma Parada? 
O ganho maior é a visibilidade. Não se consegue 
ignorar uma manifestação pacífica de três milhões de 
humanos no planeta. Então, essa foi a coisa que mais 
chamou a atenção e as pessoas percebem. E isso é uma 
coisa curiosa: nós checamos sempre como está isso ao 
redor do mundo e nós encontramos, no ano passado 
[2007] e retrasado [2006], questões de homofobia 
levadas para a mídia na China e no Japão. Em lugares 
que nem se falava a palavra, de repente, ela surge. As 
pessoas já começam se questionar, se tornando um 
ganho para nós; o que é o principal: as pessoas ao redor 
do mundo estão ouvindo falar de homofobia e do que 
se trata isso. 
SARNO, 2008, p. 
4.
[...] a instalação de uma outra dimensão do popular, a da expressividade do tumulto feito 
de gargalhada e descontração, assovios e ruídos obscenos, grosserias por meios das quais 
as pessoas liberam, misturadas, a rebeldia política e a energia erótica. (...) Para além do 
peso específico que essas “expressões” do popular podem assumir em cada situação 
nacional, o decisivo é o assinalamento do sentido que elas adquirem: são as massas 
tornando-se socialmente visíveis, configurando sua fome de ascensão a uma visibilidade 
que lhes confira um espaço social. 
MARTIN-BARBERO, 2009, p.269.
A possibilidade do invisível 
Em outras palavras: pergunto se o 
homossexual não pode e deve ser 
mais astucioso? Se formas sutis de 
militância não são mais rentáveis do 
que as formas agressivas? Se a 
subversão através do anonimato 
corajoso das subjetividades em jogo, 
processo mais lento de 
conscientização, não condiciona 
melhor o futuro diálogo entre 
heterossexuais e homossexuais, do 
que o afrontamento aberto por parte 
de um grupo que se automarginaliza, 
processo dado pela cultura norte-americana 
como mais rápido e 
eficiente? 
SANTIAGO, 2004, p. 201. 
A desaparição seria, então, uma outra 
maneira de viver, de se reinventar e 
de pertencer. A desaparição está 
sempre em constante tensão com a 
visibilidade, nos seus vários sentidos, 
seja político, cultural, comercial ou 
existencial. (...) Trata-se de buscar 
menos confronto e mais sutileza 
diante do crescente uso conservador 
das políticas de representação por 
movimentos religiosos e étnicos 
fundamentalistas, uma estratégia que 
privilegie e amplie o necessário 
diálogo com outros sujeitos na esfera 
pública. Onde é esperado um 
confronto, uma luta, mudar de 
posição. Onde é esperado o grito, 
baixar a voz. 
LOPES, 2007, s.p.
Considerações finais 
• Não considero que haja um esvaziamento político das Paradas do Orgulho 
LGBT. É uma forma peculiar de reivindicação de direitos, com uma estética 
própria e irreverente; 
• O evento-mídia gera a visibilidade pretendida e faz emergir os conflitos 
sociais sobre o tema, pois questiona representações tácitas e naturalizadas 
que ratificam ideologias opressivas de classe, raça, sexo e 
(homo)sexualidades; 
• A invisibilidade, como propõem Lopes e Santiago, em tempos 
hipermodernos propostos por Lipovetsky e líquidos, por Bauman, seria um 
contrassenso e/ou um sepultamento de todo esforço perpetrado por anos de 
luta e ativismo do Movimento LGBT, que já delineou e construiu uma forma 
peculiar e estética de se fazer política. 
• A época de afirmação pela quantidade já passou e agora a Parada do 
Orgulho LGBT necessita de uma “qualificação”, além de uma maior 
sensibilização com demandas mais específicas do grupo, como as (os) das 
(dos) transexuais, e a aproximação do Movimento LGBT com outras 
bandeiras e demandas da contemporaneidade;
Diego Cotta 
diegocotta@gmail.com 
OOBBRRIIGGAADDOO!!

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  • 1. PPaarraaddaa ddoo OOrrgguullhhoo LLGGBBTT:: uummaa eessttrraattééggiiaa ddee vviissiibbiilliiddaaddee ccuullttuurraall ee mmiiddiiááttiiccaa.. DDiieeggoo CCoottttaa || PPPPGGMMCC -- IIAACCSS -- UUFFFF
  • 2. RESUMO Este trabalho visa tipificar, explicar e entender um dos caminhos escolhido pelo Movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – a Parada do Orgulho LGBT -, para gerar visibilidade a suas demandas, cultura e reivindicações por direitos civis. A partir da análise do traço político-estratégico do Movimento LGBT, que perpassa pela espetacularização de sua cultura, o trabalho conseguirá entender os motivos dessa escolha e sugerir novos formatos. Palavras-chave: cultura; LGBT; visibilidade; política; mídia.
  • 3. • Sociedade líquida. BAUMAN, 2001. • Hipermodernidade. LIPOVETSKY, 2004. • Cultura da mídia. KELLNER, 2001. • Megaeventos. FREITAS, 2011. • Afeto, mídia e política. SODRÉ, 2006. • Astúcia. SANTIAGO, 2004. • Invisibilidade. LOPES, 2007. CONCEITOS
  • 4. Liquidez e hipermodernidade • Questionamento das instituições rígidas; • Liquidez como meio de imprevisibilidade e transformação; • Individualismo, hedonismo e exacerbação do eu.
  • 5. Mídia Quando as pessoas aprendem a perceber o modo como a cultura da mídia transmite representações opressivas de classe, raça, sexo, sexualidade, etc. capazes de influenciar pensamentos e comportamentos, são capazes de manter uma distância crítica em relação às obras da cultura da mídia e assim adquirir poder sobre a cultura em que vivem. Tal aquisição de poder pode ajudar a promover um questionamento mais geral da organização da sociedade e ajudar a induzir os indivíduos a participarem de movimentos políticos radicais que lutem pela transformação social. KELLNER, 2001, p. 83.
  • 6.
  • 7. FAN PAGE RIO SEM HOMOFOBIA Sugiro que entendamos os grandes eventos como mídia, principalmente porque eles conseguem representar e comunicar culturas, além de viabilizar uma conectividade entre seus participantes e propiciar uma transformação de corações e mentes.
  • 8. Evento-mídia Entendemos esses eventos como mídia por exporem os cosmopolitismos, as culturas nacionais e as culturas locais, propondo traduções interculturais a cada dado. (...) Esse quadro é especialmente importante para o campo das relações públicas devido ao novo conjunto de dados e de ações a serem pensados nas organizações e nos poderes públicos quanto ao diálogo entre cidadania e espetáculo. FREITAS, 2011, p. 2.
  • 9. Mas por que uma Parada? É carnaval fora de época! Os gays vão só pra fazer pegação! Orgia a céu aberto! Ninguém vai pra reivindicar direitos. É uma zona! Deus me livre, me misturar com aquele povo pobre! Não me sinto representado! É rave de drogado, com um bando de promíscuos.
  • 10. Mas por que uma Parada? O ganho maior é a visibilidade. Não se consegue ignorar uma manifestação pacífica de três milhões de humanos no planeta. Então, essa foi a coisa que mais chamou a atenção e as pessoas percebem. E isso é uma coisa curiosa: nós checamos sempre como está isso ao redor do mundo e nós encontramos, no ano passado [2007] e retrasado [2006], questões de homofobia levadas para a mídia na China e no Japão. Em lugares que nem se falava a palavra, de repente, ela surge. As pessoas já começam se questionar, se tornando um ganho para nós; o que é o principal: as pessoas ao redor do mundo estão ouvindo falar de homofobia e do que se trata isso. SARNO, 2008, p. 4.
  • 11. [...] a instalação de uma outra dimensão do popular, a da expressividade do tumulto feito de gargalhada e descontração, assovios e ruídos obscenos, grosserias por meios das quais as pessoas liberam, misturadas, a rebeldia política e a energia erótica. (...) Para além do peso específico que essas “expressões” do popular podem assumir em cada situação nacional, o decisivo é o assinalamento do sentido que elas adquirem: são as massas tornando-se socialmente visíveis, configurando sua fome de ascensão a uma visibilidade que lhes confira um espaço social. MARTIN-BARBERO, 2009, p.269.
  • 12. A possibilidade do invisível Em outras palavras: pergunto se o homossexual não pode e deve ser mais astucioso? Se formas sutis de militância não são mais rentáveis do que as formas agressivas? Se a subversão através do anonimato corajoso das subjetividades em jogo, processo mais lento de conscientização, não condiciona melhor o futuro diálogo entre heterossexuais e homossexuais, do que o afrontamento aberto por parte de um grupo que se automarginaliza, processo dado pela cultura norte-americana como mais rápido e eficiente? SANTIAGO, 2004, p. 201. A desaparição seria, então, uma outra maneira de viver, de se reinventar e de pertencer. A desaparição está sempre em constante tensão com a visibilidade, nos seus vários sentidos, seja político, cultural, comercial ou existencial. (...) Trata-se de buscar menos confronto e mais sutileza diante do crescente uso conservador das políticas de representação por movimentos religiosos e étnicos fundamentalistas, uma estratégia que privilegie e amplie o necessário diálogo com outros sujeitos na esfera pública. Onde é esperado um confronto, uma luta, mudar de posição. Onde é esperado o grito, baixar a voz. LOPES, 2007, s.p.
  • 13. Considerações finais • Não considero que haja um esvaziamento político das Paradas do Orgulho LGBT. É uma forma peculiar de reivindicação de direitos, com uma estética própria e irreverente; • O evento-mídia gera a visibilidade pretendida e faz emergir os conflitos sociais sobre o tema, pois questiona representações tácitas e naturalizadas que ratificam ideologias opressivas de classe, raça, sexo e (homo)sexualidades; • A invisibilidade, como propõem Lopes e Santiago, em tempos hipermodernos propostos por Lipovetsky e líquidos, por Bauman, seria um contrassenso e/ou um sepultamento de todo esforço perpetrado por anos de luta e ativismo do Movimento LGBT, que já delineou e construiu uma forma peculiar e estética de se fazer política. • A época de afirmação pela quantidade já passou e agora a Parada do Orgulho LGBT necessita de uma “qualificação”, além de uma maior sensibilização com demandas mais específicas do grupo, como as (os) das (dos) transexuais, e a aproximação do Movimento LGBT com outras bandeiras e demandas da contemporaneidade;
  • 14. Diego Cotta diegocotta@gmail.com OOBBRRIIGGAADDOO!!