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A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO
                    Apocalipse 14:9-12

     "Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se
alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou
sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado,
sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre,
diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu
tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem
de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer
que receba a marca do seu nome. Aqui está a perseverança dos santos, os
que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Apoc. 14:9-12).
      Esta advertência solene é dirigida a cada crente. Convoca a cada um
a permanecer firme contra as ameaças de morte do anticristo, e
desenvolve a mensagem do segundo anjo de que todas as nações se
viram compelidas a "beber o vinho" de Babilônia (Apoc. 14:8): "Se
alguém beber o vinho da ira de Babilônia, também terá que beber o
vinho da ira de Deus!" O "cálice" simbólico da ira de Deus (Apoc.
14:10; 16:19) era um conceito tradicional nas profecias de juízo de
Israel. O "cálice de vinho" na mão de Deus servia como o símbolo de sua
justiça punitiva.
      Até Israel que quebrantou o pacto teve que beber o vinho de sua ira
(Jer. 25:15, 16, 17; 49:12; Ezeq. 23:31-34; Isa. 51:17, 22; Sal. 60:3;
75:8). Mas Israel experimentou a taça da ira de Deus só em forma
temporária (ver Sal. 60:3; Isa. 51:22). Entretanto, alguns inimigos de
Israel tiveram que beber a taça da ira até sua extinção: "Beberão, e
engolirão, e serão como se não tivessem sido" (Ob. 16). "Bebei,
embebedai-vos e vomitai; caí e não torneis a levantar-vos..." (Jer. 25:27;
também o v. 33).
      A aceitação por parte de Jesus da taça da ira divina da mão de Deus
no Getsêmani pertence à essência do evangelho (Mat. 20:22; 26:39, 42).
Declara E. W. Fudge: "Porque ele aceitou aquela taça, seu povo não tem
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                             2
que bebê-la. A taça que nos deixa [a taça da comunhão] é um recordativo
constante de que ele ocupou nosso lugar (Mat. 26:27-29)".1
     Os adoradores da besta têm que beber a ira de Deus "pura" [em gr.,
akrátu; "sem diluir", NBE; "sem mistura", CI). Este cálice da ira já não
está misturado com misericórdia. Derramar-se-á com as 7 últimas pragas
(Apoc. 15:1). Isto significa que todas as pragas de Apocalipse 16
constituem uma parte integral da mensagem do terceiro anjo. Uma
expressão hebraica nestes versículos tem desafiado os intérpretes:
     "Será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na
presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos
séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os
adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do
seu nome" (Apoc. 14:10, 11).
     A frase "fogo e enxofre" é parte da maldição do pacto, maldição que
inclui extinção ou aniquilação (Deut. 29:23; Sal. 11:6). O juízo sobre
Sodoma e Gomorra resultou em que "subia da terra fumo como fumaça
de um forno" (Gên. 19:23, 28, CI). Também foi o juízo de Deus sobre
Edom, um dos arquiinimigos de Israel (Isa. 30:27-33; Ezeq. 38:22):
     "Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em
enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia
se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será
assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela" (Isa. 34:9, 10).
      É evidente que a mensagem do terceiro anjo em Apocalipse 14
toma sua fórmula de maldição especificamente de Isaías 34. A desolação
e a extinção histórica de Edom é o modelo ou o tipo da sorte de
Babilônia (ver Jud. 6, 7). A natureza deste castigo não reside em um
tormento eterno como pode ver-se hoje em dia de Edom, a não ser na
conseqüência eterna do fogo: "Subirá para sempre a sua fumaça" (ver
Isa. 34:10 e 66:24). O fogo é inextinguível até que tenha completado sua
obra. Nas palavras do E. W. Fudge: "Os ímpios morrem uma morte
atormentadora; a fumaça recorda a todos os espectadores que o Deus
soberano tem a última palavra. Que a fumaça sobe perpetuamente no ar
significa que as mensagens de juízo nunca chegarão a ser antiquadas".2
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                              3
     A maldição que diz que os que adorem à besta não terão "repouso
de dia nem de noite" está tirada de uma maldição específica do pacto
sobre um Israel rebelde: "Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no
meu descanso" (Sal. 95:11). Enquanto que o significado original se
referia ao repouso de Israel na terra prometida, o Novo Testamento
aplica o repouso prometido ao repouso da graça de Deus no qual cada
crente deve entrar agora (Heb. 4:3). Este repouso divino esteve
disponível desde que Deus descansou no sétimo dia da semana da
criação! (Gên. 2:2, 3). "Portanto, ainda fica um descanso sabático para o
povo de Deus. Porque o que 'entra em seu repouso' descansa ele também
de suas obras, como Deus das suas" (Heb. 4:9, 10, JS; CI; BJ).
     O castigo final será o rechaço de Deus de dar repouso aos
adoradores da besta. Por outro lado, uma voz celestial anuncia que os
"mortos que, desde agora, morrem no Senhor.... que descansem das suas
fadigas, pois as suas obras os acompanham" (Apoc. 14:13). Esta bem-
aventurança se refere aos que morrem em Cristo durante as perseguições
do anticristo do tempo do fim. Sua perseverança será recompensada. A
mensagem do terceiro anjo pronuncia a resposta de Deus à ameaça feita
pela besta, como mostra a seguinte comparação.

       APOCALIPSE 13:16                   APOCALIPSE 14:9, 11
"A todos, os pequenos e os           "Se alguém adora a besta e a sua
grandes, os ricos e os pobres, os    imagem e recebe a sua marca na
livres e os escravos, faz que lhes   fronte ou sobre a mão ... e não têm
seja dada certa marca sobre a mão    descanso algum, nem de dia nem de
direita ou sobre a fronte".          noite, os adoradores da besta e da sua
                                     imagem e quem quer que receba a
                                     marca do seu nome".

     Estas correspondências temáticas e verbais entre Apocalipse 13 e 14
indicam que a tríplice mensagem de Apocalipse 14 depende de uma
correta compreensão de Apocalipse 13. Entretanto, toda a informação a
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                              4
respeito da besta está exposta na visão do juízo de Apocalipse 17, o que
significa que Apocalipse 17 constitui igualmente uma parte interpretativa
essencial da mensagem de advertência de Apocalipse 14.

                                     A Marca da Besta

     Nosso tema agora é compreender o significado teológico de "a
marca da besta". É a marca identificadora do culto de adoração que se
rende à besta. "Não se pode ter a marca sem o ato de adoração".3 A
ambição da besta-anticristo de receber adoração divina é a mentalidade
de Babilônia. Seu endeusamento próprio entra em conflito com a
chamada de Israel a adorar o Criador e Juiz da humanidade (Apoc. 14:7).
A mensagem do terceiro anjo é o rogo do céu à humanidade para que se
volte para o Criador, ao Deus do pacto do Israel, tal como está revelado
nas Escrituras.
     O assunto fundamental não é identificar a marca de uma maneira
isolada, mas sim vê-la como um ato de adoração da besta e por isso,
como uma atitude de idolatria. O terceiro anjo "indica a natureza da
usurpação: a besta se apropria das prerrogativas do Deus Criador, e é
adorada".4
     A usurpação das prerrogativas divinas pela besta é seguida por sua
demanda para que a reconheçam por meio da "marca em sua fronte ou
em sua mão" (Apoc. 14:9). Seu significado chega a ser claro quando se
considera à luz do dever de Israel de atar os mandamentos e as palavras
de Deus: "Ata-as à tua mão como um sinal, como um aviso ante teus
olhos" (Deut. 6:8; cf. 11:18, BJ). Para Israel, seu significado espiritual
era evidente: atuar e pensar em harmonia com a vontade de Deus e
recordar diariamente a redenção do êxodo (ver Deut. 6:5; Êxo. 13:8, 9).*
*
     Nota do Tradutor: A nota da versão Cantera-Iglesias diz que a interpretação literal de
    Deuteronômio 6:8 deu origem aos filactérios, "par de pequenas caixas de couro usadas ritualmente,
    amarradas ao braço e à testa por correias, também de couro, e que contêm trechos das Escrituras"
    Dic. Aurélio.
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                           5
    Gerhard von Rad faz este comentário sobre o Deuteronômio 6:8:
"Provavelmente temos que tratar ainda aqui com uma forma figurada de
expressão que mais tarde foi entendida literalmente e levou ao uso dos
chamados filactérios".5 De fato, Moisés mesmo explicou o propósito
moral de atar os mandamentos de Deus a suas mãos e a suas frentes:
      "O Senhor, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome,
jurarás. Não seguirás outros deuses, nenhum dos deuses dos povos que
houver à roda de ti, porque o Senhor, teu Deus, é Deus zeloso no meio de ti,
para que a ira do Senhor, teu Deus, se não acenda contra ti e te destrua de
sobre a face da terra... Diligentemente, guardarás os mandamentos do
Senhor, teu Deus, e os seus testemunhos, e os seus estatutos que te
ordenou" (Deut. 6:13-15, 17).
    O mandamento do Senhor incluía também a observância ritual da
Páscoa e o comer pães sem levedura para comemorar a libertação do
êxodo:
     "E será como sinal na tua mão e por memorial entre teus olhos; para
que a lei do Senhor esteja na tua boca; pois com mão forte o Senhor te tirou
do Egito. Portanto, guardarás esta ordenança no determinado tempo, de ano
em ano" (Êxo. 13:9, 10).
      Este histórico da adoração de Israel esclarece o propósito da marca
da besta "na fronte e na mão" (Apoc. 20:4). A marca evoca a antítese
intencional da adoração de Israel. Representa a essência de um culto
falsificado como usurpação e substituição. A besta ameaça com a morte
se suas ordens totalitárias são desobedecidas (Apoc. 13:15-17). Promete
vida, mas só temporal, a todos os que levem sua marca. R. H. Charles
comentou a respeito: "Ambos [o selo e a marca] estavam destinados a
mostrar que os que levam as marcas estão sob a proteção sobrenatural:
os primeiros sob a proteção de Deus; os últimos, sob a de Satanás".6
Beatrice S. Neall explica mais isto quando diz:
     "No Apocalipse, o selo de Deus protege da ira de Deus (Apoc. 15:2, 3;
16:2) mas não da ira da besta (13:15, 17). De maneira similar, a marca da
besta protege das sanções econômicas (v. 17) e do decreto de morte (v. 15)
da besta, embora faça a seus possuidores elegíveis para receber a ira de
Deus (14:9-11 )".7
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                              6
     Tanto Cristo como o anticristo desejam a lealdade indivisa de seus
adoradores, a devoção completa de seu pensamento (a "fronte") e de seu
atuar (a "mão"). O anticristo pode satisfazer-se com a marca ou na mão
ou sobre a fronte, como sugere Apocalipse 13:16 e 14:9 (entretanto, ver
Apoc. 20:4).
     Uma diferença básica entre os sistemas rivais de adoração é que a
besta emprega a coerção, enquanto que o Cordeiro emprega a persuasão.
A prova final da adoração verdadeira não é crer porque há milagres, os
quais podem ser enganosos (Apoc. 13:14; 19:20; Mat. 24:24), e sim crer
na "Palavra de Deus e no testemunho de Jesus" (Apoc. 1:9; 6:9; 12:17;
20:4).
     A verdade tanto do Antigo como do Novo Testamento é a revelação
de que o Deus de Israel é o Criador Todo-poderoso e que ele ordenou o
sétimo dia, no sábado, como um monumento recordativo de sua obra
criadora (Gên. 2:2, 3; Êxo. 20:8-11; 31:12-17). Este mandamento da
criação foi enriquecido como o sinal da redenção de Israel da escravidão
(ver Deut. 5:12-15). A celebração do sábado identifica o Criador vivente
que permanece fiel à sua criação (1 Ped. 4:19). Igualmente oferece a
participação em sua graça redentora (ver Ezeq. 20:12, 20). Esta verdade
chega a ser relevante de uma maneira especial no tempo do fim, quando
o dogma da evolução veio a ser a hipótese da ciência (desde 1859). Por
isso a tríplice mensagem de Apocalipse 14 assume cada vez mais
relevância. Requer a celebração do sábado restaurado como "a expressão
concreta da fé na criação, o sinal da dependência de um do céu... o sinal
de que a salvação vem só de cima".8

  O Surgimento do Povo Remanescente de Deus (Apoc. 14:12)

    No conflito entre as adorações rivais, Deus preserva os que se
apegam a ele com lealdade. A mensagem do terceiro anjo conclui com
uma chamada especial a perseverar na fé:
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                             7
    "Aqui está a paciência dos santos, os que guardam os mandamentos
de Deus e a fé de Jesus" (Apoc. 14:12).
    Este texto levou J. M. Ford a fazer o seguinte comentário:
     "Parece que não há caminho intermediário; ou se adora a besta e está
condenado, ou se aceita com paciente resistência a perseguição da besta,
obedece os mandamentos de Deus, morre nele e recebe a recompensa por
suas boas obras (v. 13)".9
      Autores dispensacionalistas tomam aos santos de Apocalipse 14:12
como crentes judeus cuja parte não está no corpo de Cristo simplesmente
porque "guardam os mandamentos de Deus". Mas isto mostra como um
dogma preconcebido influi na exegese. Uma comparação de Apocalipse
14:12 com 12:17 e 1:9 demonstra que as características dos santos no
capítulo 14:12 são as da igreja apostólica e as mesmas de João. A
primeira epístola de João define o pecado como a transgressão da lei,
como anomia ou ilegalidade (1 João 3:4). Exorta a todos os crentes
cristãos a obedecer os mandamentos de Deus, incluindo o mandamento
de crer em seu Filho Jesus Cristo e o mandamento de Cristo de amar-se
uns aos outros (1 João 2:3-6; 3:21-24).
      A ameaça final contra a vida dos santos requer uma perseverança
[em gr., upomoné]. Jesus tinha mencionado esta característica como
sendo essencial para o tempo do fim: "Mas o que perseverar [upomeínas]
até o fim, este será salvo" (Mat. 24:13). Mas "perseverar" é o fruto da
fidelidade à vontade de Deus, tanto ao evangelho como à lei de Deus. A
advertência da epístola aos Hebreus também é a ter "perseverança
[upomoné] para que, depois de fazer a vontade de Deus, consigam a
promessa" (Heb. 10:36, CI; ver 12:1-3). A epístola aos Hebreus assinala
os exemplos dos santos que viveram "por fé" [em hebreu, 'emunáh,
"fidelidade"] em uma crise anterior (Heb. 10:37, 38; Hab. 2:3, 4).

     Tiago explica que "a prova de sua fé produz paciência" e a
maturidade da estabilidade (Sant. 1:3-8). Por isso anima a todos os
santos dizendo: "Feliz o homem que suporta a prova! Superada a prova
receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam" (v.
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                              8
12). Um exemplo evidente é Jó, que seguiu confiando em que Deus o
vindicaria contra seus falsos acusadores (Tia. 5:11). Não entendendo por
que tinha que sofrer tanto sendo inocente, Jó ainda expressou sua fé: "Eu
sei que meu Redentor [ou "defensor", BJ; ou "reivindicador", CI] vive, e
no fim se levantará sobre a terra" (Jó 19:25).
     A última geração de crentes cristãos pode ter que suportar uma
prova de fé similar a do Jó. A fé perseverante se expressa em guardar "os
mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apoc. 14:12, RC). Obedecem
tanto à lei como à fé de Jesus em suas vidas (ver mais acima sobre Apoc.
12:17 e 19:10).

            O Significado Bíblico do Sábado do Senhor

     Muitos teólogos negam que o sábado seja uma ordem da criação.
Insistem em que o sábado foi feito por Moisés só para a nação de Israel
(Êxo. 16; Deut. 5:12-15). O assunto mais profundo que está em jogo
neste debate teológico é a credibilidade do registro da criação em
Gênesis 1 e 2 e seu reflexo no quarto mandamento em Êxodo 20. Um
teólogo americano apresentou esta avaliação válida da origem do sábado:
      "De acordo com o cânon da Escritura, a 'interpretação da criação' do
sábado se afirma como teologicamente anterior à 'interpretação da
redenção'. Entretanto, isto significa que o mandamento do sábado sempre é
obrigatório para todos os homens, obedeçam-no ou não! Na redenção de
Israel da terra do Egito não se estabeleceu o sábado pela primeira vez, mas
sim se restaurou; a lei moral não foi primeiro proclamada no Sinai, mas sim
ali se voltou a proclamá-la. Em conseqüência, porque a lei do sábado está
fundada na ordem da mesma criação e pertence a todas as criaturas, a
interpretação tradicional cristã do sábado como uma cerimônia abolida por
Jesus Cristo, é incorreta".10

     O motivo básico da tríplice mensagem de Apocalipse 14 é o da
restauração! Desempenha o mesmo propósito que a chamada de Isaías a
um Israel extraviado:
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                                9
     "Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a
trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os
seus pecados" (Isa. 58:1).
     "Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos
de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de
veredas para que o país se torne habitável" (Isa. 58:12).
      Para Isaías, a prova da verdadeira adoração era a restauração da
justiça do pacto entre o povo de Deus. Isto significava ter amor pelos
fracos (Isa. 58:6, 7) e obediência em louvar a Deus em seu "santo dia"
(vs. 13, 14).
      No tempo do fim, o céu suplica mais uma vez a seu povo extraviado
para que faça frente ao desafio de usurpação e substituição com a
chamada pela restauração e a restituição. Requer o reavivamento dos
mandamentos de Deus e do evangelho de Jesus Cristo (Apoc. 14:12).
Esta é a chamada final para um retorno à verdade e autoridade da Bíblia.
A Escritura deve ter a última palavra para determinar a vontade de Deus.
Toda certeza da verdade religiosa depende de se se aceitarem as
Escrituras como a revelação autorizada da vontade de Deus. "Elas são a
norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da
experiência religiosa".11

      A Mensagem de Preparação para o Segundo Advento

     As mensagens de Apocalipse 14 insistem a todos os adoradores a
escutar atentamente a voz de Deus e a procurar uma compreensão
melhor do evangelho e do testemunho de Jesus. Esta súplica assinala a
diferença fundamental entre a Bíblia e a tradição da igreja. Insiste-nos a
aceitar a responsabilidade pessoal para distinguir entre a autoridade
bíblica e a autoridade da igreja, e a subordinar todos os profetas
extrabíblicos à autoridade suprema da Escritura.
     O assunto essencial da tríplice mensagem de Apocalipse 14 é a
questão do que em última instância ata a consciência humana ante Deus!
A súplica do céu em Apocalipse 14 nos recorda que a criação e a
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                         10
redenção não podem ser separadas, que o Redentor é o Sustentador da
criação.
     O sábado do Senhor nunca pode ser anulado ou mudado porque é o
mandamento da criação do Criador e Redentor. É o monumento
comemorativo de uma criação perfeita por parte de um Criador digno de
confiança, Criador que nunca abandonará a obra de suas mãos (Sal.
138:8). Entretanto, suplica-nos que lhe respondamos como o "fiel
Criador" (ver 1 Ped. 4:19).
     "Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja
esperança está no Senhor, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo
o que neles há" (Sal. 146:5, 6).

                      O Convite do Último Elias

     A relação da tríplice mensagem de Apocalipse 14 com a promessa
de Malaquias de que Deus enviará o "profeta Elias, antes que venha o
grande e terrível dia do Senhor" (Mal. 4:5, 6), é de um significado
dramático. É evidente que o último profeta do Antigo Testamento prediz
uma chamada final para o reavivamento e a reforma entre o povo do
pacto de Deus antes do dia do juízo apocalíptico (ver os vs. 1, 2).
     Este convite corresponde em essência ao que Elias fez ao Israel: "Se
Jeová é Deus, sigam-no; e se Baal, sigam-no" (1 Reis 18:21). O último
convite de Deus no Apocalipse se apresenta em sua súplica a "adorar" a
Deus como o Criador e a não adorar a besta nem a sua imagem (Apoc.
14:6-9).
     Para compreender melhor o significado do Elias do tempo do fim,
precisamos ler a narração da missão de Elias em 1 Reis 17 e 18.
Malaquias exaltou a missão histórica de Elias, com sua confrontação
dramática em combate com Baal no Monte Carmelo, como um tipo ou
símbolo teológico para o tempo do fim. Uma análise detalhada desta
correspondência tipo-antítipo da promessa de Elias em Malaquias 4 se
oferece em outro lugar.12
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                              11
      A medula deste tipo histórico pode compendiar-se em três pontos:
(1) Elias foi enviado por Deus em um tempo de apostasia moral e
religiosa em Israel (1 Reis 16:30-33; 18:18; 21:25); (2) Elias foi enviado
com uma mensagem de restauração do Deus do pacto, que significava
um compromisso novo de Israel com seu Deus e uma restauração de seu
sagrado culto de adoração e de seus mandamentos morais (18:18, 21, 30,
31); e (3) a aceitação ou o rechaço da mensagem de Elias significava
vida ou morte e, portanto, era um assunto de conseqüências eternas (ver
18:39-44).
      A chave para a aplicação do tempo do fim nós a encontramos na
mensagem de João Batista, porque sua mensagem em preparar o
caminho para a vinda do Messias continha os fundamentos da mensagem
de Elias (ver Luc. 1:11-17). Jesus reconheceu que João era o Elias da
profecia mesmo que o judaísmo contemporâneo não o reconheceu (Mat.
17:10-13).
      A missão de João era preparar a Israel para a vinda do Messias
(João 1:23) e para "restaurar todas as coisas" (Mat. 17:11). Sua
presença era o sinal visível do advento iminente do Messias (ver João
1:29; Mat. 3:10-12). João negou que ele fora uma reencarnação do Elias
(João 1:21), mas afirmou que ele era a mensagem de Elias "com o fim de
preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Luc. 1:17; ver João 1:23).
João foi enviado no momento correto, com uma mensagem urgente de
arrependimento para despertar Israel à vontade de Deus e a sua visitação
iminente. Sua mensagem criou um povo remanescente novo dentro da
nação de Israel. Jesus aceitou o batismo de João e chegou a ser parte
deste remanescente. Escolheu a seus primeiros apóstolos dentre os
seguidores de João Batista.
      A mensagem de Apocalipse 14 é a mensagem de preparação para o
tempo do fim. Sua ativação cria um povo que está preparado para
encontrar-se com seu Criador. Assim como Elias, são fiéis à lei do pacto
original de Deus. Escolheram estar ao lado de Deus, o Criador.
Tornaram seus corações ao Deus de seus ascendentes espirituais e
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                             12
mantêm uma continuidade com o Israel do Antigo Testamento (Mal.
4:6).
      A mensagem de Elias para o tempo do fim está desenvolvido pelo
Espírito de profecia em Apocalipse 14:6-12. Sua proclamação mundial
será seguida pela segunda vinda de Cristo como o Rei e Juiz (ver os vs.
14-20), o que define a tríplice mensagem como a chamada a despertar
com o fim de preparar um povo para a segunda vinda de Cristo. Leva à
hora da decisão, da mesma maneira que Elias e João Batista levaram ao
Israel apóstata a um compromisso novo com seu Senhor.
      Hoje a mensagem de Elias convoca a todas as pessoas para que
deixem de idolatrar a criação e que adorem o Criador (Apoc. 14:7). Uma
mensagem assim é oportuna considerando o surgimento da hipótese da
evolução e o triunfo da filosofia materialista. Esta chamada de Deus tem
aplicações de longo alcance:
     "Na exaltação do humano sobre o divino, no louvor aos líderes
populares, no culto a Mamom, e na exaltação dos ensinos da ciência sobre
as verdades da Revelação, multidões hoje estão seguindo a Baal".13

    Necessita-se cada vez mais a voz de Elias em nossa civilização
decadente. Reverberará por toda a sociedade e está refletida no
movimento mundial de cristãos guardadores do sábado. Fizeram um
compromisso com o Deus de Israel e com seu Cristo neste tempo do fim.
Aceitam como seu credo a Bíblia e a Bíblia só.

     Referências
    A Bibliografia para Apocalipse 12-14 (caps. XXI-XXIII deste livro)
    encontrará nas páginas 458-466.

    1 Fudge, The Fire That Consumes, p. 296.
    2 Ibid., p. 298.
    3 R. H. Charles, The Revelation of St. John, t. 1, p. 360.
    4 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 69.
A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11                13
    5 Von Rad, Deuteronomy, p. 64.
    6 Charles, The Revelation of St. John, t. 1, p. 363.
    7 Neall, The Concept of Character in the Apocalypse with
       Implications for Character Education, p. 151.
    8 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 71.
    9 J. M. Ford, Revelation, p. 249.
   10 Richardson, Toward an American Theology, p. 115.
   11 Ellen White, GC 7.
   12 Ver LaRondelle, Chariots of Salvation, cap. 11.
   13 Ellen White, PR 170.

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  • 1. A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO Apocalipse 14:9-12 "Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome. Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Apoc. 14:9-12). Esta advertência solene é dirigida a cada crente. Convoca a cada um a permanecer firme contra as ameaças de morte do anticristo, e desenvolve a mensagem do segundo anjo de que todas as nações se viram compelidas a "beber o vinho" de Babilônia (Apoc. 14:8): "Se alguém beber o vinho da ira de Babilônia, também terá que beber o vinho da ira de Deus!" O "cálice" simbólico da ira de Deus (Apoc. 14:10; 16:19) era um conceito tradicional nas profecias de juízo de Israel. O "cálice de vinho" na mão de Deus servia como o símbolo de sua justiça punitiva. Até Israel que quebrantou o pacto teve que beber o vinho de sua ira (Jer. 25:15, 16, 17; 49:12; Ezeq. 23:31-34; Isa. 51:17, 22; Sal. 60:3; 75:8). Mas Israel experimentou a taça da ira de Deus só em forma temporária (ver Sal. 60:3; Isa. 51:22). Entretanto, alguns inimigos de Israel tiveram que beber a taça da ira até sua extinção: "Beberão, e engolirão, e serão como se não tivessem sido" (Ob. 16). "Bebei, embebedai-vos e vomitai; caí e não torneis a levantar-vos..." (Jer. 25:27; também o v. 33). A aceitação por parte de Jesus da taça da ira divina da mão de Deus no Getsêmani pertence à essência do evangelho (Mat. 20:22; 26:39, 42). Declara E. W. Fudge: "Porque ele aceitou aquela taça, seu povo não tem
  • 2. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 2 que bebê-la. A taça que nos deixa [a taça da comunhão] é um recordativo constante de que ele ocupou nosso lugar (Mat. 26:27-29)".1 Os adoradores da besta têm que beber a ira de Deus "pura" [em gr., akrátu; "sem diluir", NBE; "sem mistura", CI). Este cálice da ira já não está misturado com misericórdia. Derramar-se-á com as 7 últimas pragas (Apoc. 15:1). Isto significa que todas as pragas de Apocalipse 16 constituem uma parte integral da mensagem do terceiro anjo. Uma expressão hebraica nestes versículos tem desafiado os intérpretes: "Será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome" (Apoc. 14:10, 11). A frase "fogo e enxofre" é parte da maldição do pacto, maldição que inclui extinção ou aniquilação (Deut. 29:23; Sal. 11:6). O juízo sobre Sodoma e Gomorra resultou em que "subia da terra fumo como fumaça de um forno" (Gên. 19:23, 28, CI). Também foi o juízo de Deus sobre Edom, um dos arquiinimigos de Israel (Isa. 30:27-33; Ezeq. 38:22): "Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela" (Isa. 34:9, 10). É evidente que a mensagem do terceiro anjo em Apocalipse 14 toma sua fórmula de maldição especificamente de Isaías 34. A desolação e a extinção histórica de Edom é o modelo ou o tipo da sorte de Babilônia (ver Jud. 6, 7). A natureza deste castigo não reside em um tormento eterno como pode ver-se hoje em dia de Edom, a não ser na conseqüência eterna do fogo: "Subirá para sempre a sua fumaça" (ver Isa. 34:10 e 66:24). O fogo é inextinguível até que tenha completado sua obra. Nas palavras do E. W. Fudge: "Os ímpios morrem uma morte atormentadora; a fumaça recorda a todos os espectadores que o Deus soberano tem a última palavra. Que a fumaça sobe perpetuamente no ar significa que as mensagens de juízo nunca chegarão a ser antiquadas".2
  • 3. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 3 A maldição que diz que os que adorem à besta não terão "repouso de dia nem de noite" está tirada de uma maldição específica do pacto sobre um Israel rebelde: "Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso" (Sal. 95:11). Enquanto que o significado original se referia ao repouso de Israel na terra prometida, o Novo Testamento aplica o repouso prometido ao repouso da graça de Deus no qual cada crente deve entrar agora (Heb. 4:3). Este repouso divino esteve disponível desde que Deus descansou no sétimo dia da semana da criação! (Gên. 2:2, 3). "Portanto, ainda fica um descanso sabático para o povo de Deus. Porque o que 'entra em seu repouso' descansa ele também de suas obras, como Deus das suas" (Heb. 4:9, 10, JS; CI; BJ). O castigo final será o rechaço de Deus de dar repouso aos adoradores da besta. Por outro lado, uma voz celestial anuncia que os "mortos que, desde agora, morrem no Senhor.... que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham" (Apoc. 14:13). Esta bem- aventurança se refere aos que morrem em Cristo durante as perseguições do anticristo do tempo do fim. Sua perseverança será recompensada. A mensagem do terceiro anjo pronuncia a resposta de Deus à ameaça feita pela besta, como mostra a seguinte comparação. APOCALIPSE 13:16 APOCALIPSE 14:9, 11 "A todos, os pequenos e os "Se alguém adora a besta e a sua grandes, os ricos e os pobres, os imagem e recebe a sua marca na livres e os escravos, faz que lhes fronte ou sobre a mão ... e não têm seja dada certa marca sobre a mão descanso algum, nem de dia nem de direita ou sobre a fronte". noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome". Estas correspondências temáticas e verbais entre Apocalipse 13 e 14 indicam que a tríplice mensagem de Apocalipse 14 depende de uma correta compreensão de Apocalipse 13. Entretanto, toda a informação a
  • 4. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 4 respeito da besta está exposta na visão do juízo de Apocalipse 17, o que significa que Apocalipse 17 constitui igualmente uma parte interpretativa essencial da mensagem de advertência de Apocalipse 14. A Marca da Besta Nosso tema agora é compreender o significado teológico de "a marca da besta". É a marca identificadora do culto de adoração que se rende à besta. "Não se pode ter a marca sem o ato de adoração".3 A ambição da besta-anticristo de receber adoração divina é a mentalidade de Babilônia. Seu endeusamento próprio entra em conflito com a chamada de Israel a adorar o Criador e Juiz da humanidade (Apoc. 14:7). A mensagem do terceiro anjo é o rogo do céu à humanidade para que se volte para o Criador, ao Deus do pacto do Israel, tal como está revelado nas Escrituras. O assunto fundamental não é identificar a marca de uma maneira isolada, mas sim vê-la como um ato de adoração da besta e por isso, como uma atitude de idolatria. O terceiro anjo "indica a natureza da usurpação: a besta se apropria das prerrogativas do Deus Criador, e é adorada".4 A usurpação das prerrogativas divinas pela besta é seguida por sua demanda para que a reconheçam por meio da "marca em sua fronte ou em sua mão" (Apoc. 14:9). Seu significado chega a ser claro quando se considera à luz do dever de Israel de atar os mandamentos e as palavras de Deus: "Ata-as à tua mão como um sinal, como um aviso ante teus olhos" (Deut. 6:8; cf. 11:18, BJ). Para Israel, seu significado espiritual era evidente: atuar e pensar em harmonia com a vontade de Deus e recordar diariamente a redenção do êxodo (ver Deut. 6:5; Êxo. 13:8, 9).* * Nota do Tradutor: A nota da versão Cantera-Iglesias diz que a interpretação literal de Deuteronômio 6:8 deu origem aos filactérios, "par de pequenas caixas de couro usadas ritualmente, amarradas ao braço e à testa por correias, também de couro, e que contêm trechos das Escrituras" Dic. Aurélio.
  • 5. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 5 Gerhard von Rad faz este comentário sobre o Deuteronômio 6:8: "Provavelmente temos que tratar ainda aqui com uma forma figurada de expressão que mais tarde foi entendida literalmente e levou ao uso dos chamados filactérios".5 De fato, Moisés mesmo explicou o propósito moral de atar os mandamentos de Deus a suas mãos e a suas frentes: "O Senhor, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome, jurarás. Não seguirás outros deuses, nenhum dos deuses dos povos que houver à roda de ti, porque o Senhor, teu Deus, é Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do Senhor, teu Deus, se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face da terra... Diligentemente, guardarás os mandamentos do Senhor, teu Deus, e os seus testemunhos, e os seus estatutos que te ordenou" (Deut. 6:13-15, 17). O mandamento do Senhor incluía também a observância ritual da Páscoa e o comer pães sem levedura para comemorar a libertação do êxodo: "E será como sinal na tua mão e por memorial entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja na tua boca; pois com mão forte o Senhor te tirou do Egito. Portanto, guardarás esta ordenança no determinado tempo, de ano em ano" (Êxo. 13:9, 10). Este histórico da adoração de Israel esclarece o propósito da marca da besta "na fronte e na mão" (Apoc. 20:4). A marca evoca a antítese intencional da adoração de Israel. Representa a essência de um culto falsificado como usurpação e substituição. A besta ameaça com a morte se suas ordens totalitárias são desobedecidas (Apoc. 13:15-17). Promete vida, mas só temporal, a todos os que levem sua marca. R. H. Charles comentou a respeito: "Ambos [o selo e a marca] estavam destinados a mostrar que os que levam as marcas estão sob a proteção sobrenatural: os primeiros sob a proteção de Deus; os últimos, sob a de Satanás".6 Beatrice S. Neall explica mais isto quando diz: "No Apocalipse, o selo de Deus protege da ira de Deus (Apoc. 15:2, 3; 16:2) mas não da ira da besta (13:15, 17). De maneira similar, a marca da besta protege das sanções econômicas (v. 17) e do decreto de morte (v. 15) da besta, embora faça a seus possuidores elegíveis para receber a ira de Deus (14:9-11 )".7
  • 6. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 6 Tanto Cristo como o anticristo desejam a lealdade indivisa de seus adoradores, a devoção completa de seu pensamento (a "fronte") e de seu atuar (a "mão"). O anticristo pode satisfazer-se com a marca ou na mão ou sobre a fronte, como sugere Apocalipse 13:16 e 14:9 (entretanto, ver Apoc. 20:4). Uma diferença básica entre os sistemas rivais de adoração é que a besta emprega a coerção, enquanto que o Cordeiro emprega a persuasão. A prova final da adoração verdadeira não é crer porque há milagres, os quais podem ser enganosos (Apoc. 13:14; 19:20; Mat. 24:24), e sim crer na "Palavra de Deus e no testemunho de Jesus" (Apoc. 1:9; 6:9; 12:17; 20:4). A verdade tanto do Antigo como do Novo Testamento é a revelação de que o Deus de Israel é o Criador Todo-poderoso e que ele ordenou o sétimo dia, no sábado, como um monumento recordativo de sua obra criadora (Gên. 2:2, 3; Êxo. 20:8-11; 31:12-17). Este mandamento da criação foi enriquecido como o sinal da redenção de Israel da escravidão (ver Deut. 5:12-15). A celebração do sábado identifica o Criador vivente que permanece fiel à sua criação (1 Ped. 4:19). Igualmente oferece a participação em sua graça redentora (ver Ezeq. 20:12, 20). Esta verdade chega a ser relevante de uma maneira especial no tempo do fim, quando o dogma da evolução veio a ser a hipótese da ciência (desde 1859). Por isso a tríplice mensagem de Apocalipse 14 assume cada vez mais relevância. Requer a celebração do sábado restaurado como "a expressão concreta da fé na criação, o sinal da dependência de um do céu... o sinal de que a salvação vem só de cima".8 O Surgimento do Povo Remanescente de Deus (Apoc. 14:12) No conflito entre as adorações rivais, Deus preserva os que se apegam a ele com lealdade. A mensagem do terceiro anjo conclui com uma chamada especial a perseverar na fé:
  • 7. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 7 "Aqui está a paciência dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apoc. 14:12). Este texto levou J. M. Ford a fazer o seguinte comentário: "Parece que não há caminho intermediário; ou se adora a besta e está condenado, ou se aceita com paciente resistência a perseguição da besta, obedece os mandamentos de Deus, morre nele e recebe a recompensa por suas boas obras (v. 13)".9 Autores dispensacionalistas tomam aos santos de Apocalipse 14:12 como crentes judeus cuja parte não está no corpo de Cristo simplesmente porque "guardam os mandamentos de Deus". Mas isto mostra como um dogma preconcebido influi na exegese. Uma comparação de Apocalipse 14:12 com 12:17 e 1:9 demonstra que as características dos santos no capítulo 14:12 são as da igreja apostólica e as mesmas de João. A primeira epístola de João define o pecado como a transgressão da lei, como anomia ou ilegalidade (1 João 3:4). Exorta a todos os crentes cristãos a obedecer os mandamentos de Deus, incluindo o mandamento de crer em seu Filho Jesus Cristo e o mandamento de Cristo de amar-se uns aos outros (1 João 2:3-6; 3:21-24). A ameaça final contra a vida dos santos requer uma perseverança [em gr., upomoné]. Jesus tinha mencionado esta característica como sendo essencial para o tempo do fim: "Mas o que perseverar [upomeínas] até o fim, este será salvo" (Mat. 24:13). Mas "perseverar" é o fruto da fidelidade à vontade de Deus, tanto ao evangelho como à lei de Deus. A advertência da epístola aos Hebreus também é a ter "perseverança [upomoné] para que, depois de fazer a vontade de Deus, consigam a promessa" (Heb. 10:36, CI; ver 12:1-3). A epístola aos Hebreus assinala os exemplos dos santos que viveram "por fé" [em hebreu, 'emunáh, "fidelidade"] em uma crise anterior (Heb. 10:37, 38; Hab. 2:3, 4). Tiago explica que "a prova de sua fé produz paciência" e a maturidade da estabilidade (Sant. 1:3-8). Por isso anima a todos os santos dizendo: "Feliz o homem que suporta a prova! Superada a prova receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam" (v.
  • 8. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 8 12). Um exemplo evidente é Jó, que seguiu confiando em que Deus o vindicaria contra seus falsos acusadores (Tia. 5:11). Não entendendo por que tinha que sofrer tanto sendo inocente, Jó ainda expressou sua fé: "Eu sei que meu Redentor [ou "defensor", BJ; ou "reivindicador", CI] vive, e no fim se levantará sobre a terra" (Jó 19:25). A última geração de crentes cristãos pode ter que suportar uma prova de fé similar a do Jó. A fé perseverante se expressa em guardar "os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apoc. 14:12, RC). Obedecem tanto à lei como à fé de Jesus em suas vidas (ver mais acima sobre Apoc. 12:17 e 19:10). O Significado Bíblico do Sábado do Senhor Muitos teólogos negam que o sábado seja uma ordem da criação. Insistem em que o sábado foi feito por Moisés só para a nação de Israel (Êxo. 16; Deut. 5:12-15). O assunto mais profundo que está em jogo neste debate teológico é a credibilidade do registro da criação em Gênesis 1 e 2 e seu reflexo no quarto mandamento em Êxodo 20. Um teólogo americano apresentou esta avaliação válida da origem do sábado: "De acordo com o cânon da Escritura, a 'interpretação da criação' do sábado se afirma como teologicamente anterior à 'interpretação da redenção'. Entretanto, isto significa que o mandamento do sábado sempre é obrigatório para todos os homens, obedeçam-no ou não! Na redenção de Israel da terra do Egito não se estabeleceu o sábado pela primeira vez, mas sim se restaurou; a lei moral não foi primeiro proclamada no Sinai, mas sim ali se voltou a proclamá-la. Em conseqüência, porque a lei do sábado está fundada na ordem da mesma criação e pertence a todas as criaturas, a interpretação tradicional cristã do sábado como uma cerimônia abolida por Jesus Cristo, é incorreta".10 O motivo básico da tríplice mensagem de Apocalipse 14 é o da restauração! Desempenha o mesmo propósito que a chamada de Isaías a um Israel extraviado:
  • 9. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 9 "Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados" (Isa. 58:1). "Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável" (Isa. 58:12). Para Isaías, a prova da verdadeira adoração era a restauração da justiça do pacto entre o povo de Deus. Isto significava ter amor pelos fracos (Isa. 58:6, 7) e obediência em louvar a Deus em seu "santo dia" (vs. 13, 14). No tempo do fim, o céu suplica mais uma vez a seu povo extraviado para que faça frente ao desafio de usurpação e substituição com a chamada pela restauração e a restituição. Requer o reavivamento dos mandamentos de Deus e do evangelho de Jesus Cristo (Apoc. 14:12). Esta é a chamada final para um retorno à verdade e autoridade da Bíblia. A Escritura deve ter a última palavra para determinar a vontade de Deus. Toda certeza da verdade religiosa depende de se se aceitarem as Escrituras como a revelação autorizada da vontade de Deus. "Elas são a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa".11 A Mensagem de Preparação para o Segundo Advento As mensagens de Apocalipse 14 insistem a todos os adoradores a escutar atentamente a voz de Deus e a procurar uma compreensão melhor do evangelho e do testemunho de Jesus. Esta súplica assinala a diferença fundamental entre a Bíblia e a tradição da igreja. Insiste-nos a aceitar a responsabilidade pessoal para distinguir entre a autoridade bíblica e a autoridade da igreja, e a subordinar todos os profetas extrabíblicos à autoridade suprema da Escritura. O assunto essencial da tríplice mensagem de Apocalipse 14 é a questão do que em última instância ata a consciência humana ante Deus! A súplica do céu em Apocalipse 14 nos recorda que a criação e a
  • 10. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 10 redenção não podem ser separadas, que o Redentor é o Sustentador da criação. O sábado do Senhor nunca pode ser anulado ou mudado porque é o mandamento da criação do Criador e Redentor. É o monumento comemorativo de uma criação perfeita por parte de um Criador digno de confiança, Criador que nunca abandonará a obra de suas mãos (Sal. 138:8). Entretanto, suplica-nos que lhe respondamos como o "fiel Criador" (ver 1 Ped. 4:19). "Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há" (Sal. 146:5, 6). O Convite do Último Elias A relação da tríplice mensagem de Apocalipse 14 com a promessa de Malaquias de que Deus enviará o "profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor" (Mal. 4:5, 6), é de um significado dramático. É evidente que o último profeta do Antigo Testamento prediz uma chamada final para o reavivamento e a reforma entre o povo do pacto de Deus antes do dia do juízo apocalíptico (ver os vs. 1, 2). Este convite corresponde em essência ao que Elias fez ao Israel: "Se Jeová é Deus, sigam-no; e se Baal, sigam-no" (1 Reis 18:21). O último convite de Deus no Apocalipse se apresenta em sua súplica a "adorar" a Deus como o Criador e a não adorar a besta nem a sua imagem (Apoc. 14:6-9). Para compreender melhor o significado do Elias do tempo do fim, precisamos ler a narração da missão de Elias em 1 Reis 17 e 18. Malaquias exaltou a missão histórica de Elias, com sua confrontação dramática em combate com Baal no Monte Carmelo, como um tipo ou símbolo teológico para o tempo do fim. Uma análise detalhada desta correspondência tipo-antítipo da promessa de Elias em Malaquias 4 se oferece em outro lugar.12
  • 11. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 11 A medula deste tipo histórico pode compendiar-se em três pontos: (1) Elias foi enviado por Deus em um tempo de apostasia moral e religiosa em Israel (1 Reis 16:30-33; 18:18; 21:25); (2) Elias foi enviado com uma mensagem de restauração do Deus do pacto, que significava um compromisso novo de Israel com seu Deus e uma restauração de seu sagrado culto de adoração e de seus mandamentos morais (18:18, 21, 30, 31); e (3) a aceitação ou o rechaço da mensagem de Elias significava vida ou morte e, portanto, era um assunto de conseqüências eternas (ver 18:39-44). A chave para a aplicação do tempo do fim nós a encontramos na mensagem de João Batista, porque sua mensagem em preparar o caminho para a vinda do Messias continha os fundamentos da mensagem de Elias (ver Luc. 1:11-17). Jesus reconheceu que João era o Elias da profecia mesmo que o judaísmo contemporâneo não o reconheceu (Mat. 17:10-13). A missão de João era preparar a Israel para a vinda do Messias (João 1:23) e para "restaurar todas as coisas" (Mat. 17:11). Sua presença era o sinal visível do advento iminente do Messias (ver João 1:29; Mat. 3:10-12). João negou que ele fora uma reencarnação do Elias (João 1:21), mas afirmou que ele era a mensagem de Elias "com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Luc. 1:17; ver João 1:23). João foi enviado no momento correto, com uma mensagem urgente de arrependimento para despertar Israel à vontade de Deus e a sua visitação iminente. Sua mensagem criou um povo remanescente novo dentro da nação de Israel. Jesus aceitou o batismo de João e chegou a ser parte deste remanescente. Escolheu a seus primeiros apóstolos dentre os seguidores de João Batista. A mensagem de Apocalipse 14 é a mensagem de preparação para o tempo do fim. Sua ativação cria um povo que está preparado para encontrar-se com seu Criador. Assim como Elias, são fiéis à lei do pacto original de Deus. Escolheram estar ao lado de Deus, o Criador. Tornaram seus corações ao Deus de seus ascendentes espirituais e
  • 12. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 12 mantêm uma continuidade com o Israel do Antigo Testamento (Mal. 4:6). A mensagem de Elias para o tempo do fim está desenvolvido pelo Espírito de profecia em Apocalipse 14:6-12. Sua proclamação mundial será seguida pela segunda vinda de Cristo como o Rei e Juiz (ver os vs. 14-20), o que define a tríplice mensagem como a chamada a despertar com o fim de preparar um povo para a segunda vinda de Cristo. Leva à hora da decisão, da mesma maneira que Elias e João Batista levaram ao Israel apóstata a um compromisso novo com seu Senhor. Hoje a mensagem de Elias convoca a todas as pessoas para que deixem de idolatrar a criação e que adorem o Criador (Apoc. 14:7). Uma mensagem assim é oportuna considerando o surgimento da hipótese da evolução e o triunfo da filosofia materialista. Esta chamada de Deus tem aplicações de longo alcance: "Na exaltação do humano sobre o divino, no louvor aos líderes populares, no culto a Mamom, e na exaltação dos ensinos da ciência sobre as verdades da Revelação, multidões hoje estão seguindo a Baal".13 Necessita-se cada vez mais a voz de Elias em nossa civilização decadente. Reverberará por toda a sociedade e está refletida no movimento mundial de cristãos guardadores do sábado. Fizeram um compromisso com o Deus de Israel e com seu Cristo neste tempo do fim. Aceitam como seu credo a Bíblia e a Bíblia só. Referências A Bibliografia para Apocalipse 12-14 (caps. XXI-XXIII deste livro) encontrará nas páginas 458-466. 1 Fudge, The Fire That Consumes, p. 296. 2 Ibid., p. 298. 3 R. H. Charles, The Revelation of St. John, t. 1, p. 360. 4 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 69.
  • 13. A Mensagem do Terceiro Anjo. Apoc. 14:9-11 13 5 Von Rad, Deuteronomy, p. 64. 6 Charles, The Revelation of St. John, t. 1, p. 363. 7 Neall, The Concept of Character in the Apocalypse with Implications for Character Education, p. 151. 8 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 71. 9 J. M. Ford, Revelation, p. 249. 10 Richardson, Toward an American Theology, p. 115. 11 Ellen White, GC 7. 12 Ver LaRondelle, Chariots of Salvation, cap. 11. 13 Ellen White, PR 170.