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Ferdinand de
Saussure
Sincronia X Diacronia
• PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da linguística. In:
FIORIN, José L. (0rg), Introdução à linguística – objetos teóricos. São Paulo:
contexto, 2005, p. 75-93.
Sincronia X Diacronia
• Linguística do século XIX: linguística histórico-comparativa;
Português

Espanhol

Francês

Italiano

Pai

Padre

Père

Padre

• Pelo trabalho comparativo, é possível reconstruir o percurso histórico dessas
línguas, ou seja, é possível determinar como uma língua muda através do
tempo, transformando-se em outras línguas;
• Os linguistas buscavam, comparando as línguas, organizá-las em grupos e
reconstruir as línguas de acordo com o grupo que elas se originavam;
Latim

Grego

sânscrito

Pater

Patér

pitar

• Saussure: linguística indo-europeia;
• Diacronia: do grego dia “através” e chrónos “tempo” = através do tempo;
• Sincronia: do grego syn “juntamente” e chrónos “tempo” = ao mesmo tempo;
• De acordo com o ponto de vista sincrônico, um determinado estado da língua
é isolado de suas mudanças através do tempo e passa a ser estudado como um
sistema de elementos linguísticos que se contraem, contrastam, uns com os
outros;
Análise do verbo comer
 Do ponto de vista diacrônico:
• Comer – vem do latim edere, cujo radical é ed• Como no presente do indicativo suas formas se confundem com o verbo
esse, o verbo edere passou a se realizar com o prefixo cum;

• Assim, cum edere passou a cumedere;
• Na língua portuguesa: comer;
• Logo, do ponto de vista diacrônico, com não é radical e sim prefixo;
Análise do verbo comer
 Do ponto de vista sincrônico:
• Do ponto de vista sincrônico, nada acrescenta saber a origem e as transformações
da línguas, mas estudá-la dentro de um mesmo recorte temporal;

• Logo, considerando esse com- um elemento linguístico, que se define em relação
aos demais elementos linguísticos que formam a língua portuguesa, ele define-se
como um radical, já que comer se define em relação aos demais contextos
morfológicos em que ele funciona como radical, como em „comilança‟, „comilão‟,
„comida‟, e em relação aos demais radicais da mesma língua: „beber‟, „pintar‟, „cair‟;
• Os fatos sincrônicos são gerais e não tem caráter imperativo, ou seja,
estabelece princípios de regularidade;

Na língua portuguesa:
• Comer: radical + vogal temática + marca de infinitivo;
• Lobo: radical lob/ o morfema do gênero masculino/ s morfema de número
plural;

• Essa regularidade pode ser modificada com a mudança de língua;
 Em outras línguas:
• No latim, os substantivos possuem em sua morfologia marcas de
gênero, número e caso.

• Em latim, lobo é lupus, lupus tem gênero masculino, número singular e caso
nominativo, o que significa que lupus é a forma empregada para expressar o
sujeito da oração em que essa palavra ocorre;

• Os fatos diacrônicos são imperativos, já que se impõem a língua;
• Saussure, ao definir a língua como um sistema, e ao pensar a sincronia como
o estudo de um sistema num dado momento do tempo, redefine a diacronia
como a sucessão de diferentes sistemas ao longo do tempo;
Eixo das Simultaneidades e das Sucessividades
C
AB= Sincronia
CD= Diacronia
A

B

D
Comparação com o jogo de xadrez
• Tanto no jogo da língua quanto durante
uma partida de xadrez estamos diante de
um sistema de valores e assistimos suas
modificações. Não importa o caminho
percorrido: “o que acompanhou toda a
partida não tem a menor vantagem sobre o
curioso que vem espiar o estado do jogo
no momento crítico; para descrever a
posição, é perfeitamente inútil recordar o
que ocorreu dez segundos antes”
(Saussure, 1975: 105).
Sintetizando...
SINCRONIA

DIACRONIA

Estática/descritiva

Evolutiva/prospectiva e retrospectiva

Interessa-se pelo sistema

Interessa-se pela evolução e suas causas

Abstrai o tempo

Leva em conta o tempo

Trata dos fatos simultâneos

Trata dos fatos sucessivos

Estuda o modo como a língua funciona

Estuda o processo de evolução da língua

Descreve um determinado estado de uma mesma
língua

Confronta estados diferentes de uma mesma língua

Parte

Todo

Relação

Fato

Descrição

Explicação
• “A distinção feita por Saussure entre a investigação diacrônica e a investigação
sincrônica representa duas rotas que separam a linguística estática da linguística
evolutiva. É sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa
ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e
diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase de evolução.”
(Saussure, 1975: 96);

• Ou seja, para Saussure, o linguista deve estudar principalmente o sistema da língua,
observando como se configuram as relações internas entre seus elementos em um
determinado momento do tempo. Esse tipo de estudo é possível porque os falantes
não têm informações acerca da história de sua língua e não precisam ter
informações etimológicas a respeito dos termos que utilizam no dia-a-dia: para os
falantes, a realidade da língua é o seu estado sincrônico.
Referências complementares:
• CARVALHO, Castelar. Para compreender Saussure: fundamentos e visão crítica. Rio
de Janeiro: Vozes, 2003.

• COSTA, Marcos Antonio. Estruturalismo. In: Martelotta, Mário Eduardo,
(org), Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2010, p. 117 – 118.

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A distinção entre sincronia e diacronia na linguística de Ferdinand de Saussure

  • 2. • PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da linguística. In: FIORIN, José L. (0rg), Introdução à linguística – objetos teóricos. São Paulo: contexto, 2005, p. 75-93.
  • 3. Sincronia X Diacronia • Linguística do século XIX: linguística histórico-comparativa; Português Espanhol Francês Italiano Pai Padre Père Padre • Pelo trabalho comparativo, é possível reconstruir o percurso histórico dessas línguas, ou seja, é possível determinar como uma língua muda através do tempo, transformando-se em outras línguas;
  • 4. • Os linguistas buscavam, comparando as línguas, organizá-las em grupos e reconstruir as línguas de acordo com o grupo que elas se originavam; Latim Grego sânscrito Pater Patér pitar • Saussure: linguística indo-europeia;
  • 5. • Diacronia: do grego dia “através” e chrónos “tempo” = através do tempo; • Sincronia: do grego syn “juntamente” e chrónos “tempo” = ao mesmo tempo; • De acordo com o ponto de vista sincrônico, um determinado estado da língua é isolado de suas mudanças através do tempo e passa a ser estudado como um sistema de elementos linguísticos que se contraem, contrastam, uns com os outros;
  • 6. Análise do verbo comer  Do ponto de vista diacrônico: • Comer – vem do latim edere, cujo radical é ed• Como no presente do indicativo suas formas se confundem com o verbo esse, o verbo edere passou a se realizar com o prefixo cum; • Assim, cum edere passou a cumedere; • Na língua portuguesa: comer; • Logo, do ponto de vista diacrônico, com não é radical e sim prefixo;
  • 7. Análise do verbo comer  Do ponto de vista sincrônico: • Do ponto de vista sincrônico, nada acrescenta saber a origem e as transformações da línguas, mas estudá-la dentro de um mesmo recorte temporal; • Logo, considerando esse com- um elemento linguístico, que se define em relação aos demais elementos linguísticos que formam a língua portuguesa, ele define-se como um radical, já que comer se define em relação aos demais contextos morfológicos em que ele funciona como radical, como em „comilança‟, „comilão‟, „comida‟, e em relação aos demais radicais da mesma língua: „beber‟, „pintar‟, „cair‟;
  • 8. • Os fatos sincrônicos são gerais e não tem caráter imperativo, ou seja, estabelece princípios de regularidade; Na língua portuguesa: • Comer: radical + vogal temática + marca de infinitivo; • Lobo: radical lob/ o morfema do gênero masculino/ s morfema de número plural; • Essa regularidade pode ser modificada com a mudança de língua;
  • 9.  Em outras línguas: • No latim, os substantivos possuem em sua morfologia marcas de gênero, número e caso. • Em latim, lobo é lupus, lupus tem gênero masculino, número singular e caso nominativo, o que significa que lupus é a forma empregada para expressar o sujeito da oração em que essa palavra ocorre; • Os fatos diacrônicos são imperativos, já que se impõem a língua; • Saussure, ao definir a língua como um sistema, e ao pensar a sincronia como o estudo de um sistema num dado momento do tempo, redefine a diacronia como a sucessão de diferentes sistemas ao longo do tempo;
  • 10. Eixo das Simultaneidades e das Sucessividades C AB= Sincronia CD= Diacronia A B D
  • 11. Comparação com o jogo de xadrez • Tanto no jogo da língua quanto durante uma partida de xadrez estamos diante de um sistema de valores e assistimos suas modificações. Não importa o caminho percorrido: “o que acompanhou toda a partida não tem a menor vantagem sobre o curioso que vem espiar o estado do jogo no momento crítico; para descrever a posição, é perfeitamente inútil recordar o que ocorreu dez segundos antes” (Saussure, 1975: 105).
  • 12. Sintetizando... SINCRONIA DIACRONIA Estática/descritiva Evolutiva/prospectiva e retrospectiva Interessa-se pelo sistema Interessa-se pela evolução e suas causas Abstrai o tempo Leva em conta o tempo Trata dos fatos simultâneos Trata dos fatos sucessivos Estuda o modo como a língua funciona Estuda o processo de evolução da língua Descreve um determinado estado de uma mesma língua Confronta estados diferentes de uma mesma língua Parte Todo Relação Fato Descrição Explicação
  • 13. • “A distinção feita por Saussure entre a investigação diacrônica e a investigação sincrônica representa duas rotas que separam a linguística estática da linguística evolutiva. É sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase de evolução.” (Saussure, 1975: 96); • Ou seja, para Saussure, o linguista deve estudar principalmente o sistema da língua, observando como se configuram as relações internas entre seus elementos em um determinado momento do tempo. Esse tipo de estudo é possível porque os falantes não têm informações acerca da história de sua língua e não precisam ter informações etimológicas a respeito dos termos que utilizam no dia-a-dia: para os falantes, a realidade da língua é o seu estado sincrônico.
  • 14. Referências complementares: • CARVALHO, Castelar. Para compreender Saussure: fundamentos e visão crítica. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. • COSTA, Marcos Antonio. Estruturalismo. In: Martelotta, Mário Eduardo, (org), Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2010, p. 117 – 118.