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1º ENCONTRO DOS COMITÊS DE ÉTICA EM
     PESQUISA DE SANTA CATARINA

  OFICINA DE PESQUISA QUALITATIVA

Metodologia da Pesquisa em Saúde
   Aspectos Metodológicos da
      Pesquisa Qualitativa

              Fátima Batalha
        Florianópolis - Agosto 2006
OBJETIVOS
· Discutir sobre a especificidade da pesquisa
  em saúde;
· Identificar as características inerentes aos
  estudos qualitativos que interferem na
  análise dos CEPS;
· Apresentar as bases teóricas e
  metodológicas da pesquisa qualitativa em
  saúde;
· Discutir sobre as potencialidades do
  método qualitativo para a pesquisa em
  saúde.
Parte I - METODOLOGIA DA
  PESQUISA EM SAÚDE

UMA BREVE REFLEXÃO:
VISÃO SOBRE O CORPO
       HUMANO
• Domínio do objetivo às ciências
  biomédicas: Separação corpo-mente-
  espírito.
• Matéria, máquina, organismo, superobjeto
• Domínio do subjetivo à religião, psicologia,
  psicanálise: Alma, Mente, Psiquismo
• Ciências Humanas: Cada sociedade ou
  grupo social apresenta formas bastante
  específicas de conceber e relacionar-se
  com o corpo;
VISÃO SOBRE O CORPO
       HUMANO
• Nossa visão sobre o Corpo Humano é
  construída social e historicamente;
• Sociedades chamadas primitivas:
  separação corpo-mente é inexistente;
• Essas questões nos remetem à discussão
  sobre:
• A complexidade, a integralidade, a
  humanização, a ressignificação e a
  necessidade de abordagens holísticas
CARACTERÍSTICAS DAS
    VISÕES CIENTÍFICAS
                CAUSALIDADE                        SIMULTANEIDADE
   Relação causa e efeito                 Contradição entre aparência e essência
  Controle e ordenação das variáveis      Relação partes -todos
  Especialização e fragmentação           Complexidade crescente
  Objetividade e neutralidade             Relação tempo -espaço
  Sujeito separado do objeto              Relação sujeito objeto
  A essência do fenômeno é inacessível    Busca da essência do fenômeno
  Métodos de análise quantitativos        Métodos de análise quanti e qualitativos
   Explicar                               Compreender
   Fato                                   Representação do fato ( fenômeno)
  Positivismo, neo positivismo, empiris
                                      mo Materialismo histórico, estruturalismo
   lógico
Fonte: Extraído de Leopardi, 2002
CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS
  CORRENTES DE PENSAMENTO
POSITIVISMO:
• Método: Experimentação com controle das variáveis.
  Estabelece relações causais. Métodos quantitativos e
  estatísticos. Estudo das partes.
• Sujeito/ objeto: Privilégio do objeto. Posição de
  neutralidade. Conhecimento pela aparência.
• Lógica: Formal e matemática. Evidências comprovam
  a realidade.
• Teóricos: Bacon, Descartes, Newton, Pascal.
CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS
  CORRENTES DE PENSAMENTO
FENOMENOLOGIA:
• Método: Parte de uma questão norteadora geral.
  Descreve o fenômeno sem buscar relações causais.
• Sujeito / objeto: Relação reflexiva entre sujeito e
  objeto e vivida pelo observador.
• Lógica: Hermenêutica. Significados com
  fundamentação (interpretação).
• Teóricos: Husserl, Heidegger, Merlau-Ponty, Alfred
  Schutz.
CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS
  CORRENTES DE PENSAMENTO
MATERIALISMO DIALÉTICO:
• Método: Ciências naturais e sociais. Fato é histórico,
  processual,intencionalmente concebido. Parte e todo
  em relação dinâmica.
• Sujeito/ objeto: Objeto com concretude em si mesmo
  e para o sujeito. Possibilidade de enxergar a realidade
  tal como ela é e não como parece ser.
• Lógica: Tese – Antítese – Síntese. Movimento e
  contradição próprio da transformação.
• Teóricos: Hegel, Marx, Gramsci.
Manto de Apresentação (detalhe), s.d.
Tecido, fio e corda 219 x 130 cm
Museu Bispo do Rosario (Rio de Janeiro, RJ)



       A saúde é um território complexo.
                  Não há saídas fáceis!
       Não escavar novos saberes é não
                 saber novos poderes!
                     (Emerson Merhy, 2006)
Os CEPS nas análises de estudos qualitativos:
      Quais seriam as interrogações?

 “A pesquisa etnográfica na
 área da saúde e a apreciação
 dos CEPS”        Márcia Zago
         Roteiro de estudo:
 Identificar as especificidades
 inerentes aos estudos
 qualitativos que interferem na
 análise dos CEPS.
 Quais seriam as estratégias
 facilitadoras para os CEPS?
Parte II - ASPECTOS
METODOLÓGICOS DA PESQUISA
   QUALITATIVA EM SAÚDE
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Adoecimento:
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Práticas em saúde:
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Trabalho:
FOCOS DE INVESTIGAÇÃO
• Práticas sociais:
CARACTERÍSTICAS DA
    PESQUISA QUALITATIVA
• Desenvolve conceitos, descrições densas, narrativas,
  interpretações, sistematizações, que ajudem a
  explicar acontecimentos (fenômenos) sociais em
  condições naturais (in loco), com ênfase nos
  significados, experiências e visões de todos os
  participantes.
• Baseia-se numa interação profunda com o(s) objeto(s)
  de pesquisa
• Interesse e preocupação em responder questões
  como:
  – O que é X e como X varia em diferentes circunstâncias?
  – E menos: Quantos Xs existem ali?
IDÉIAS CHAVE
•   Significado e intencionalidade ;
•   Porque acontece uma situação dada;
•   O sentido que as pessoas dão ao mundo;
•   Como as pessoas interpretam o mundo;
•   Relativismo – etnocentrismo;
•   Cultura e culturas; Dinâmicas culturais;
•   Subjetividade e intersubjetividade
•   Estudo das pessoas in loco: naturalistic settings;
•   Abordagem multi-métodos
Pesquisa Clínico Qualitativa

• Busca interpretar os significados de natureza
  psicológica e sociocultural trazidos por
  indivíduos acerca dos múltiplos fenômenos
  pertinentes ao campo dos problemas da
  saúde- doença.                   (Turato, 2003)
PRINCIPAIS TÉCNICAS DE
    COLETA DE DADOS
• Observação – com ou sem participação;
• Entrevistas – individuais e/ou coletivas, em
  profundidade e/ou rápidas, estruturadas e/ou
  abertas;
• Questionários
• Grupos Focais – Entrevistas em grupo
• Estudo de Documentos – Imagens – Sons – Vídeos
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS
  DE COLETA DE DADOS
•   Roteiro de questionário
•   Roteiro de observação participante
•   Roteiro de entrevistas
•   Roteiro de condução de grupos focais
•   Roteiro para análise de documentos e imagens
PRINCIPAIS TIPOS
•   Etnografias
•   Estudos de Caso
•   Assessorias Rápidas
•   Estudos Clínicos (narrativas e representação)
•   Estudos de Serviços de Saúde (usuários e
    trabalhadores)
•   Redes Sociais e Saúde
•   Pesquisa Participante
•   Pesquisa Ação
•   Avaliação Participativa
PRINCIPAIS REFERENCIAIS
 TEÓRICOS / METODOLÓGICOS:
  REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
• Estabelece a especificidade do social em
  contraposição ao individual;
• A forma dos indivíduos pensarem e agirem é
  determinado pelo social (Durkheim);
• As categorias fundamentais do pensamento são de
  origem social;
• Visão de mundo cotidiano, senso comum;
• Sentido das representações, estratégias de ação à
  individual e coletivo;
PRINCIPAIS REFERENCIAIS
 TEÓRICOS / METODOLÓGICOS:
  REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
• Formas de Conhecimento Socialmente Elaboradas e
  Partilhadas com Fins Práticos à contribuem para a:
• Construção da Realidade Comum a um Grupo Social;
• “Aquilo que as opiniões individuais têm em comum, a
  lógica que as une.”
• “Uma interpretação que se organiza de forma estreita
  com o social e que constitui, para as pessoas, a
  realidade mesma.”
• A representação não se pensa como “representação”,
  mas como a realidade.
PRINCIPAIS REFERENCIAIS
    TEÓRICOS / METODOLÓGICOS:
            ETNOGRAFIA
                     É a forma de descrição da
                     cultura de um
                     determinado povo através
                     do estudo e a descrição
                     dos povos, sua língua,
                     raça, religião, e
                     manifestações materiais
                     de suas atividades.


Baseia-se no fato de que os comportamentos
humanos só podem ser compreendidos e
explicados se tomarmos como referência o
contexto social e o ponto de vista do nativo,
procurando seus significados.
OBJETIVOS DA ETNOGRAFIA:
                   Captar a totalidade da vida tribal,
        elaborando uma descrição da anatomia da
              cultura, através de um movimento de
               apreensão de facetas da vida social .
                A partir desta metodologia ocorre a
         construção da etnografia, a descrição da
              cultura e a teorização antropológica.
         Apreender o ponto de vista do nativo,sua
             relação com a vida, compreender sua
          visão do seu mundo. Devemos estudar o
            homem e devemos estudar o que mais
              intimamente lhe diz respeito, isto é, a
        imposição que lhe faz a vida”
                                    Malinowski, 1922
RELATIVIZAÇÃO ETNOGRÁFICA:

“ o que sempre vemos e
encontramos pode ser familiar
mas não é necessariamente
conhecido... O que não vemos
e encontramos pode ser
exótico mas, até certo ponto
conhecido”
DaMatta, 1987
UMA MÚSICA ETNOGRÁFICA!!!
                             Pivete - Chico Buarque
               Composição: Francis Hime e Chico Buarque

No sinal fechado              Prancha, parafina, olará     Já era pára-choque
Ele vende chiclete            Dorme gente fina             Agora ele se chama
Capricha na flanela           Acorda pinel                 Emersão
E se chama Pelé                                            Sobe no passeio, olerê
Pinta na janela               Zanza na sarjeta             Pega no Recreio, olará
Batalha algum trocado         Fatura uma besteira          Não se liga em freio
Aponta um canivete            E tem as pernas tortas       Nem direção
E até                         E se chama Mané
Dobra a Carioca, olerê        Arromba uma porta            No sinal fechado
Desce a Frei Caneca, olará    Faz ligação direta           Ele transa chiclete
Se manda pra Tijuca           Engata uma primeira          E se chama pivete
Sobe o Borel                  E até                        E pinta na janela
Meio se maloca                Dobra a Carioca, olerê       Capricha na flanela
Agita numa boca               Desce a Frei Caneca, olará   Descola uma bereta
Descola uma mutuca            Se manda pra Tijuca          Batalha na sarjeta
E um papel                    Na contramão                 E tem as pernas tortas
Sonha aquela mina, olerê      Dança pára-lama
PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS /
               METODOLÓGICOS:
               FENOMENOLOGIA
•   Questão orientadora: O que é isso? (olhar ingênuo)
•   Epoché (olhar o fenômeno como se fosse desconhecido)
•   Descrição do fenômeno (como se mostra)
•   Interpretação referencial
•   Relatório
               OUTROS REFERENCIAIS:
•   Etnometodologia
•   Interacionismo Simbólico
•   Teoria Fundamentada em Dados (Grounded Theory)
•   Histórias de Vida
•   História Oral
ANÁLISE E APRESENTAÇÃO
      DOS DADOS
•   Processo de análise seqüencial
•   Análise de conteúdo
•   Categorização temática
•   Categorização analítica
TRIANGULAÇÃO

• Busca a convergência, abrangência e reflexividade na
  análise dos dados coletados
• Comparação dos resultados entre dois ou mais
  métodos de coleta (entrevista e observação)
• Comparação dos resultados entre duas ou mais
  fontes de dados (membros de diferentes grupos de
  interesse)
USO DAS PESQUISAS
         QUALITATIVAS:
• Estudo prévio ao desenho de estudos
  epidemiológicos;
• Validação dos achados do estudo epidemiológico ou
  produção de uma outra perspectiva sobre o mesmo
  fenômeno;
• Desvendar processos sociais ou áreas da vida social
  que o quantitativo não pode abordar;
DIFERENÇAS E SIMILARIDADES ENTRE OS
MÉTODOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS
             CRITÉRIOS                 QUANTITATIVOS                  QUALITATIVOS
             Paradigma                     Positivismo                Fenomenologia
             Raciocínio                Dedutivo/ indutivo            Dedutivo/ indutivo
              Objetos                         Fatos                     Fenômenos
              Objetivos             Relação causa e efeito        Relação de significado
              Desenho            Preestabelecido / pré fixado        Flexível / ajustável
                                   Surveys / Experimentos            Pesquisador como
                                   Questionários fechados,              instrumento
            Instrumentos                escalas, exames       Observação livre, entrevistas
                                      laboratoriais, dados          semi dirigidas,coleta
                                         randomizados           intencional em prontuários
     Adequação dos instrumentos               Piloto               Ensaio de aculturação
            Amostragem                   Randomizada                     Intencional
                                                                      Poucos sujeitos
                                 N amostral representantes
                                                                    representantes com
                                 com características do todo
               Amostra                                         características de certa sub
                                          populacional
                                                                         população
                                   Estatisticamente definida
                                                                   N definido em campo
               Variáveis                    Controle                    Não controle
                                                                    Análise de conteúdo
          Análise dos dados               Bioestatística
                                                                     Relevância teórica
                                    Linguagem matemática
                                                              Citações literais incluídas na
     Apresentação dos resultados   usualmente separada da
                                                                          discussão
                                           discussão
                                                                   Conceitual dos novos
                                   Estatística para explicar  conhecimentos aplicados par
      Tipo de generalização dos
                                  outras populações com as compreender outras pessoas
              resultados
                                       mesmas variáveis       e settings constituídos pelas
                                                                     mesmas vivências
                                                           Fonte: Extraído de Turato (2003, p. 511)
BIBLIOGRAFIA:
Bauer, M.W. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Ed. Vozes, 2002.
Barros, N.F. Pesquisa qualitativa em saúde – múltiplos olhares. UNICAMP/FCM, 2005DaMatta,
Roberto. Relativizando – uma introdução à antropologia social, Ed Rocco, Rio,RJ,1987.
Bosi, MLM. Pesquisa qualitativa de serviços de saúde. Ed. Vozes, Petrópolis, 2004.
Durhan, Eunice. A reconstituição da realidade, Ed Ática, São Paulo,SP, 1978.
-----------------. A aventura antropológica, Paz e Terra, Rio de Janeiro, RJ, 1988.
Laplantine, François. Aprender antropologia, Ed Brasiliense, São Paulo, SP, 1993.
Leopardi,M.T. Metodologia da pesquisa em saúde. Ed. Palotti.2002.
Minayo, MCS (1993). O desafio do conhecimento científico: Pesquisa Qualitativa em Saúde
(2a edição). SP-RJ: Hucitec-Abrasco.
Peirano, Mariza. A favor da etnografia, Relume Dumará, Rio de Janeiro, RJ, 1995.
Pope, C.Mays,N. Pesquisa qualitativa na atenção à saúde. ArtMed Ed, 2ª ed. Porto Alegre. 2005.
Schraiber, L.B. Pesquisa qualitativa em saúde: reflexões metodológicas do relato oral e
produção de narrativas em estudo sobre a profissão médica. Ver.Saúde Pública, 29(1):63-
74,1995.
Turato, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Ed. Vozes, 2ª ed,2003.
-----------------. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e
seus objetos de pesquisa. Rev. Saúde Pública 2005;39(3):507-14.
Zaluar, Alba. Desvendando máscaras sociais, Francisco Alves, Rio de Janeiro, RJ, 1990
ETNOGRAFIAS:
Lévi-Strauss, Claude. O Cru e o Cozido, Ed. Brasiliense, São Paulo, SP,
1991.
Latour, Bruno. A Vida de Laboratório, Relume Dumará, RJ, 1997.
Wacquant, Loïc. Corpo e Alma – Notas Etnográficas de um Aprendiz de
Boxe, Relume Dumará, RJ, 20022.
Malinowski, Bronislaw. Um Diário no Sentido Estrito do Termo, Ed
Record, RJ, 1997.
Benedict,Ruth. O Crisântemo e a Espada, Ed. Perspectiva, SP, 2002.
OUTRA MÚSICA ETNOGRÁFICA!!!
                  Gente Humilde - Chico Buarque
   Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes

Tem certos dias                      São casas simples
Em que eu penso em minha gente       Com cadeiras na calçada
E sinto assim                        E na fachada
Todo o meu peito se apertar          Escrito em cima que é um lar
Porque parece                        Pela varanda
Que acontece de repente              Flores tristes e baldias
Como um desejo de eu viver           Como a alegria
Sem me notar                         Que não tem onde encostar
Igual a como                         E aí me dá uma tristeza
Quando eu passo no subúrbio          No meu peito
Eu muito bem                         Feito um despeito
Vindo de trem de algum lugar         De eu não ter como lutar
E aí me dá                           E eu que não creio
Como uma inveja dessa gente          Peço a Deus por minha gente
Que vai em frente                    É gente humilde
Sem nem ter com quem contar          Que vontade de chorar
Oficina florianopolis   prof fatima batalha

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  • 1. 1º ENCONTRO DOS COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA DE SANTA CATARINA OFICINA DE PESQUISA QUALITATIVA Metodologia da Pesquisa em Saúde Aspectos Metodológicos da Pesquisa Qualitativa Fátima Batalha Florianópolis - Agosto 2006
  • 2. OBJETIVOS · Discutir sobre a especificidade da pesquisa em saúde; · Identificar as características inerentes aos estudos qualitativos que interferem na análise dos CEPS; · Apresentar as bases teóricas e metodológicas da pesquisa qualitativa em saúde; · Discutir sobre as potencialidades do método qualitativo para a pesquisa em saúde.
  • 3. Parte I - METODOLOGIA DA PESQUISA EM SAÚDE UMA BREVE REFLEXÃO:
  • 4. VISÃO SOBRE O CORPO HUMANO • Domínio do objetivo às ciências biomédicas: Separação corpo-mente- espírito. • Matéria, máquina, organismo, superobjeto • Domínio do subjetivo à religião, psicologia, psicanálise: Alma, Mente, Psiquismo • Ciências Humanas: Cada sociedade ou grupo social apresenta formas bastante específicas de conceber e relacionar-se com o corpo;
  • 5. VISÃO SOBRE O CORPO HUMANO • Nossa visão sobre o Corpo Humano é construída social e historicamente; • Sociedades chamadas primitivas: separação corpo-mente é inexistente; • Essas questões nos remetem à discussão sobre: • A complexidade, a integralidade, a humanização, a ressignificação e a necessidade de abordagens holísticas
  • 6. CARACTERÍSTICAS DAS VISÕES CIENTÍFICAS CAUSALIDADE SIMULTANEIDADE Relação causa e efeito Contradição entre aparência e essência Controle e ordenação das variáveis Relação partes -todos Especialização e fragmentação Complexidade crescente Objetividade e neutralidade Relação tempo -espaço Sujeito separado do objeto Relação sujeito objeto A essência do fenômeno é inacessível Busca da essência do fenômeno Métodos de análise quantitativos Métodos de análise quanti e qualitativos Explicar Compreender Fato Representação do fato ( fenômeno) Positivismo, neo positivismo, empiris mo Materialismo histórico, estruturalismo lógico Fonte: Extraído de Leopardi, 2002
  • 7. CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS CORRENTES DE PENSAMENTO POSITIVISMO: • Método: Experimentação com controle das variáveis. Estabelece relações causais. Métodos quantitativos e estatísticos. Estudo das partes. • Sujeito/ objeto: Privilégio do objeto. Posição de neutralidade. Conhecimento pela aparência. • Lógica: Formal e matemática. Evidências comprovam a realidade. • Teóricos: Bacon, Descartes, Newton, Pascal.
  • 8. CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS CORRENTES DE PENSAMENTO FENOMENOLOGIA: • Método: Parte de uma questão norteadora geral. Descreve o fenômeno sem buscar relações causais. • Sujeito / objeto: Relação reflexiva entre sujeito e objeto e vivida pelo observador. • Lógica: Hermenêutica. Significados com fundamentação (interpretação). • Teóricos: Husserl, Heidegger, Merlau-Ponty, Alfred Schutz.
  • 9. CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS CORRENTES DE PENSAMENTO MATERIALISMO DIALÉTICO: • Método: Ciências naturais e sociais. Fato é histórico, processual,intencionalmente concebido. Parte e todo em relação dinâmica. • Sujeito/ objeto: Objeto com concretude em si mesmo e para o sujeito. Possibilidade de enxergar a realidade tal como ela é e não como parece ser. • Lógica: Tese – Antítese – Síntese. Movimento e contradição próprio da transformação. • Teóricos: Hegel, Marx, Gramsci.
  • 10. Manto de Apresentação (detalhe), s.d. Tecido, fio e corda 219 x 130 cm Museu Bispo do Rosario (Rio de Janeiro, RJ) A saúde é um território complexo. Não há saídas fáceis! Não escavar novos saberes é não saber novos poderes! (Emerson Merhy, 2006)
  • 11. Os CEPS nas análises de estudos qualitativos: Quais seriam as interrogações? “A pesquisa etnográfica na área da saúde e a apreciação dos CEPS” Márcia Zago Roteiro de estudo: Identificar as especificidades inerentes aos estudos qualitativos que interferem na análise dos CEPS. Quais seriam as estratégias facilitadoras para os CEPS?
  • 12. Parte II - ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA QUALITATIVA EM SAÚDE
  • 14. FOCOS DE INVESTIGAÇÃO • Práticas em saúde:
  • 16. FOCOS DE INVESTIGAÇÃO • Práticas sociais:
  • 17. CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA • Desenvolve conceitos, descrições densas, narrativas, interpretações, sistematizações, que ajudem a explicar acontecimentos (fenômenos) sociais em condições naturais (in loco), com ênfase nos significados, experiências e visões de todos os participantes. • Baseia-se numa interação profunda com o(s) objeto(s) de pesquisa • Interesse e preocupação em responder questões como: – O que é X e como X varia em diferentes circunstâncias? – E menos: Quantos Xs existem ali?
  • 18. IDÉIAS CHAVE • Significado e intencionalidade ; • Porque acontece uma situação dada; • O sentido que as pessoas dão ao mundo; • Como as pessoas interpretam o mundo; • Relativismo – etnocentrismo; • Cultura e culturas; Dinâmicas culturais; • Subjetividade e intersubjetividade • Estudo das pessoas in loco: naturalistic settings; • Abordagem multi-métodos
  • 19. Pesquisa Clínico Qualitativa • Busca interpretar os significados de natureza psicológica e sociocultural trazidos por indivíduos acerca dos múltiplos fenômenos pertinentes ao campo dos problemas da saúde- doença. (Turato, 2003)
  • 20. PRINCIPAIS TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS • Observação – com ou sem participação; • Entrevistas – individuais e/ou coletivas, em profundidade e/ou rápidas, estruturadas e/ou abertas; • Questionários • Grupos Focais – Entrevistas em grupo • Estudo de Documentos – Imagens – Sons – Vídeos
  • 21. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS • Roteiro de questionário • Roteiro de observação participante • Roteiro de entrevistas • Roteiro de condução de grupos focais • Roteiro para análise de documentos e imagens
  • 22. PRINCIPAIS TIPOS • Etnografias • Estudos de Caso • Assessorias Rápidas • Estudos Clínicos (narrativas e representação) • Estudos de Serviços de Saúde (usuários e trabalhadores) • Redes Sociais e Saúde • Pesquisa Participante • Pesquisa Ação • Avaliação Participativa
  • 23. PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS / METODOLÓGICOS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS • Estabelece a especificidade do social em contraposição ao individual; • A forma dos indivíduos pensarem e agirem é determinado pelo social (Durkheim); • As categorias fundamentais do pensamento são de origem social; • Visão de mundo cotidiano, senso comum; • Sentido das representações, estratégias de ação à individual e coletivo;
  • 24. PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS / METODOLÓGICOS: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS • Formas de Conhecimento Socialmente Elaboradas e Partilhadas com Fins Práticos à contribuem para a: • Construção da Realidade Comum a um Grupo Social; • “Aquilo que as opiniões individuais têm em comum, a lógica que as une.” • “Uma interpretação que se organiza de forma estreita com o social e que constitui, para as pessoas, a realidade mesma.” • A representação não se pensa como “representação”, mas como a realidade.
  • 25. PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS / METODOLÓGICOS: ETNOGRAFIA É a forma de descrição da cultura de um determinado povo através do estudo e a descrição dos povos, sua língua, raça, religião, e manifestações materiais de suas atividades. Baseia-se no fato de que os comportamentos humanos só podem ser compreendidos e explicados se tomarmos como referência o contexto social e o ponto de vista do nativo, procurando seus significados.
  • 26. OBJETIVOS DA ETNOGRAFIA: Captar a totalidade da vida tribal, elaborando uma descrição da anatomia da cultura, através de um movimento de apreensão de facetas da vida social . A partir desta metodologia ocorre a construção da etnografia, a descrição da cultura e a teorização antropológica. Apreender o ponto de vista do nativo,sua relação com a vida, compreender sua visão do seu mundo. Devemos estudar o homem e devemos estudar o que mais intimamente lhe diz respeito, isto é, a imposição que lhe faz a vida” Malinowski, 1922
  • 27. RELATIVIZAÇÃO ETNOGRÁFICA: “ o que sempre vemos e encontramos pode ser familiar mas não é necessariamente conhecido... O que não vemos e encontramos pode ser exótico mas, até certo ponto conhecido” DaMatta, 1987
  • 28. UMA MÚSICA ETNOGRÁFICA!!! Pivete - Chico Buarque Composição: Francis Hime e Chico Buarque No sinal fechado Prancha, parafina, olará Já era pára-choque Ele vende chiclete Dorme gente fina Agora ele se chama Capricha na flanela Acorda pinel Emersão E se chama Pelé Sobe no passeio, olerê Pinta na janela Zanza na sarjeta Pega no Recreio, olará Batalha algum trocado Fatura uma besteira Não se liga em freio Aponta um canivete E tem as pernas tortas Nem direção E até E se chama Mané Dobra a Carioca, olerê Arromba uma porta No sinal fechado Desce a Frei Caneca, olará Faz ligação direta Ele transa chiclete Se manda pra Tijuca Engata uma primeira E se chama pivete Sobe o Borel E até E pinta na janela Meio se maloca Dobra a Carioca, olerê Capricha na flanela Agita numa boca Desce a Frei Caneca, olará Descola uma bereta Descola uma mutuca Se manda pra Tijuca Batalha na sarjeta E um papel Na contramão E tem as pernas tortas Sonha aquela mina, olerê Dança pára-lama
  • 29. PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS / METODOLÓGICOS: FENOMENOLOGIA • Questão orientadora: O que é isso? (olhar ingênuo) • Epoché (olhar o fenômeno como se fosse desconhecido) • Descrição do fenômeno (como se mostra) • Interpretação referencial • Relatório OUTROS REFERENCIAIS: • Etnometodologia • Interacionismo Simbólico • Teoria Fundamentada em Dados (Grounded Theory) • Histórias de Vida • História Oral
  • 30. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS • Processo de análise seqüencial • Análise de conteúdo • Categorização temática • Categorização analítica
  • 31. TRIANGULAÇÃO • Busca a convergência, abrangência e reflexividade na análise dos dados coletados • Comparação dos resultados entre dois ou mais métodos de coleta (entrevista e observação) • Comparação dos resultados entre duas ou mais fontes de dados (membros de diferentes grupos de interesse)
  • 32. USO DAS PESQUISAS QUALITATIVAS: • Estudo prévio ao desenho de estudos epidemiológicos; • Validação dos achados do estudo epidemiológico ou produção de uma outra perspectiva sobre o mesmo fenômeno; • Desvendar processos sociais ou áreas da vida social que o quantitativo não pode abordar;
  • 33. DIFERENÇAS E SIMILARIDADES ENTRE OS MÉTODOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS CRITÉRIOS QUANTITATIVOS QUALITATIVOS Paradigma Positivismo Fenomenologia Raciocínio Dedutivo/ indutivo Dedutivo/ indutivo Objetos Fatos Fenômenos Objetivos Relação causa e efeito Relação de significado Desenho Preestabelecido / pré fixado Flexível / ajustável Surveys / Experimentos Pesquisador como Questionários fechados, instrumento Instrumentos escalas, exames Observação livre, entrevistas laboratoriais, dados semi dirigidas,coleta randomizados intencional em prontuários Adequação dos instrumentos Piloto Ensaio de aculturação Amostragem Randomizada Intencional Poucos sujeitos N amostral representantes representantes com com características do todo Amostra características de certa sub populacional população Estatisticamente definida N definido em campo Variáveis Controle Não controle Análise de conteúdo Análise dos dados Bioestatística Relevância teórica Linguagem matemática Citações literais incluídas na Apresentação dos resultados usualmente separada da discussão discussão Conceitual dos novos Estatística para explicar conhecimentos aplicados par Tipo de generalização dos outras populações com as compreender outras pessoas resultados mesmas variáveis e settings constituídos pelas mesmas vivências Fonte: Extraído de Turato (2003, p. 511)
  • 34. BIBLIOGRAFIA: Bauer, M.W. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Ed. Vozes, 2002. Barros, N.F. Pesquisa qualitativa em saúde – múltiplos olhares. UNICAMP/FCM, 2005DaMatta, Roberto. Relativizando – uma introdução à antropologia social, Ed Rocco, Rio,RJ,1987. Bosi, MLM. Pesquisa qualitativa de serviços de saúde. Ed. Vozes, Petrópolis, 2004. Durhan, Eunice. A reconstituição da realidade, Ed Ática, São Paulo,SP, 1978. -----------------. A aventura antropológica, Paz e Terra, Rio de Janeiro, RJ, 1988. Laplantine, François. Aprender antropologia, Ed Brasiliense, São Paulo, SP, 1993. Leopardi,M.T. Metodologia da pesquisa em saúde. Ed. Palotti.2002. Minayo, MCS (1993). O desafio do conhecimento científico: Pesquisa Qualitativa em Saúde (2a edição). SP-RJ: Hucitec-Abrasco. Peirano, Mariza. A favor da etnografia, Relume Dumará, Rio de Janeiro, RJ, 1995. Pope, C.Mays,N. Pesquisa qualitativa na atenção à saúde. ArtMed Ed, 2ª ed. Porto Alegre. 2005. Schraiber, L.B. Pesquisa qualitativa em saúde: reflexões metodológicas do relato oral e produção de narrativas em estudo sobre a profissão médica. Ver.Saúde Pública, 29(1):63- 74,1995. Turato, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Ed. Vozes, 2ª ed,2003. -----------------. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev. Saúde Pública 2005;39(3):507-14. Zaluar, Alba. Desvendando máscaras sociais, Francisco Alves, Rio de Janeiro, RJ, 1990
  • 35. ETNOGRAFIAS: Lévi-Strauss, Claude. O Cru e o Cozido, Ed. Brasiliense, São Paulo, SP, 1991. Latour, Bruno. A Vida de Laboratório, Relume Dumará, RJ, 1997. Wacquant, Loïc. Corpo e Alma – Notas Etnográficas de um Aprendiz de Boxe, Relume Dumará, RJ, 20022. Malinowski, Bronislaw. Um Diário no Sentido Estrito do Termo, Ed Record, RJ, 1997. Benedict,Ruth. O Crisântemo e a Espada, Ed. Perspectiva, SP, 2002.
  • 36.
  • 37.
  • 38.
  • 39. OUTRA MÚSICA ETNOGRÁFICA!!! Gente Humilde - Chico Buarque Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes Tem certos dias São casas simples Em que eu penso em minha gente Com cadeiras na calçada E sinto assim E na fachada Todo o meu peito se apertar Escrito em cima que é um lar Porque parece Pela varanda Que acontece de repente Flores tristes e baldias Como um desejo de eu viver Como a alegria Sem me notar Que não tem onde encostar Igual a como E aí me dá uma tristeza Quando eu passo no subúrbio No meu peito Eu muito bem Feito um despeito Vindo de trem de algum lugar De eu não ter como lutar E aí me dá E eu que não creio Como uma inveja dessa gente Peço a Deus por minha gente Que vai em frente É gente humilde Sem nem ter com quem contar Que vontade de chorar