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MABE, Manabu (1924-97). Nascido em Kumamoto Ken (Japão) e falecido em São Paulo.
Tinha dez anos quando em 1934 sua família, composta por pai, mãe e oito filhos, emigrou para
o Brasil, fixando-se no interior de São Paulo. Viveu inicialmente em Birigui, mudando-se em
1940 para Lins, e como todos os demais familiares dedicava-se ao cultivo do solo.
Rememorando anos depois sua chegada ao Brasil, confessaria o impacto sofrido com as cores
locais:

- Quando cheguei ao Brasil vi muitas cores, tons que jamais havia visto em minha vida. Eram
cores brasileiras, cores fortes.

Foi em 1945, decerto ainda sob o impacto dessas "cores brasileiras, cores fortes", que Mabe
pintou suas primeiras telas - autodidaticamente, copiando clichês de revistas. Só alguns anos
mais tarde, após ter recebido ainda em Lins pequena orientação do veterano pintor japonês
Teisuke Kumasaka (que na mocidade recebera aulas de Antonio Parreiras e de outros grandes
mestres no Rio de Janeiro), Mabe iria mudar-se para São Paulo. Num breve retrospecto
biográfico feito em 1971, a pedido de Luis Ernesto Machado Kawall, o já então
internacionalmente famoso pintor assim sintetizaria sua evolução:

- Após chegar do Japão, fixei-me no interior do Estado, em Lins, Birigui e Guararapes,
trabalhando como colono durante muitos anos em fazendas de café. Meus primeiros quadros
datam dos meados da década de 1940. Vindo para a Capital, fui morar no Jabaquara, onde
comprei uma pequena casa, que hoje, grandemente ampliada, é minha residência e também
meu ateliê. Era ajudante de tintureiro. Tingia e pintava gravatas, que vendia aos amigos e em
algumas lojas da cidade. Autodidata, admirando muito o pintor japonês Takaoka, radicado em
São Paulo, iniciei-me na pintura figurativa e logo passei à abstrata.

Em 1951 Mabe participou pela primeira vez de uma coletiva - o Salão Nacional de Belas Artes
(Divisão Moderna). No ano seguinte, após efetuar no Clube Linense sua primeira individual, e
em face do sucesso obtido, comunicou à mulher, Ioshino, sua decisão fundamental:

- Vamos passar fome, mas não sei fazer outra coisa. Vou pintar até morrer.

Pintava, por essa época, principalmente naturezas-mortas e paisagens, fortemente
influenciadas por artistas como Picasso e sobretudo Braque. Seu Figurativismo Expressionista
iria perdurar até 1957, quando Mabe adotou em definitivo o Não-Figurativismo, filiado à
corrente do Abstracionismo Informal. Essa passagem do Figurativismo ao Abstracionismo fez-
se por assim dizer naturalmente, mesmo porque correspondia a uma inclinação atávica da
personalidade oriental de Mabe. Na verdade, a partir de então a pintura de Mabe não fez senão
combinar, num todo de rara felicidade, as experiências internacionais do Informalismo e a arte
tradicional japonesa do signo caligráfico. Desde 1957 e até falecer, com efeito - com a breve
exceção do interlúdio néo-figurativista ocorrido em 1971, e ao qual nos referimos mais adiante
-, Mabe manteve-se fiel aos postulados da pintura gestual, dando provas de uma
impermeabilidade a novas pesquisas que seus admiradores classificaram como coerência
estilística, e seus desafetos como sinal de esgotamento criador.

Embora participando com freqüência de salões e coletivas por toda a década de 1950 - do
Salão Nacional de Arte Moderna entre 1952 e 1960, com isenção de júri em 1958; da Bienal de
São Paulo a partir de 1953 e do Salão Paulista de Arte Moderna após 1956 -, Mabe obteria sua
consagração nacional e internacional apenas em 1959 - o "Ano Manabu Mabe", como escreveu
a revista Time em sua edição do dia 2 de novembro de 1959. Nesse ano, com efeito, Mabe
recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional na V Bienal de São Paulo e o Prêmio de Pintura
na I Bienal de Paris, isso numa época em que as premiações internacionais significavam muito.
Em 1960, nova premiação importante: o Prêmio Fiat, na XXX Bienal de Veneza; finalmente, em
1962, o prêmio de pintura da I Bienal Americana de Córdoba, na Argentina. Admitido assim ao
restrito clube dos artistas de trânsito verdadeiramente internacional, Mabe realizou de 1960 em
diante exposições de sucesso em cidades como Montevidéu, Buenos Aires, Roma, Paris,
Washington, Lima, Nova Iorque, México, Tóquio, Londres, Kumamoto, Kamakura, Osaka,
Miami, Coral Gables e Panamá, além de expor várias vezes no Brasil. Mantendo ateliê em São
Paulo e Nova Iorque, com permanências anuais também em Tóquio, Mabe foi dentre todos os
pintores nipo-brasileiros, aquele de maior prestígio internacional, autêntico chefe de escola.

Desde os seus primórdios, ainda quando produzia uma pintura figurativista, à sombra da dos
grandes mestres como Picasso e Braque, comprazendo-se na execução de paisagens e
mormente de naturezas-mortas, Mabe dava já provas de um autêntico talento pictórico,
chegando pelo instinto a resultados a que muitos não chegam sequer após longos anos de
academia. Salvava-o da mediocridade geral, além do instinto, uma férrea disciplina, a vontade,
que sempre possuiu, de vir a ser um grande artista. No momento em que, dando por concluído
o ciclo figurativista iniciado em 1945, o pintor deu vazas à própria imaginação e vitalidade,
deixando fluir livremente sobre a tela o gesto criativo, caligráfico e original, conjugando num
todo uno suas origens nipônicas e a tônica do Abstracionismo Informal então dominante no
mundo ocidental, o resultado foi uma pintura requintada, cujos esquemas cromáticos e
opulentos recursos de textura eram regidos por sensibilidade evidente e certeira intuição
poética.

Tais começos do informalismo de Mabe, contudo, seriam com o passar de alguns anos ainda
mais depurados, chegando o artista a uma pintura mais pensada e mais elaborada - menos
espontânea, se quiserem, mas de uma sutileza infinitamente superior, e de maior profundidade.
Empastes e transparências, cromatismos violentos alternando-se a outros de extrema
delicadeza passam então a dominar sua produção, sucedendo-se a cada quadro novas
conquistas expressivas, como se o artista quisesse demonstrar à saciedade a riqueza de seus
recursos e a fonte inesgotável de sua criatividade.

Por volta de 1971, uma ruptura: Mabe executa o percurso inverso, retoma o Figurativismo -
não, obviamente, o figurativismo de seus começos expressionistas e neo-braqueanos, mas um
figurativismo diferente, no qual, como nos testes de Rorschach, as figuras humanas e formas
animais são apenas sugeridas ou insinuadas a partir de manchas de cor. Realce-se, nessas
obras figurativistas de começos da década de 1970, o elevado conteúdo erótico e certa
tendência cósmica e metafísica. Ninguém melhor do que o crítico Jayme Maurício, porém, para
analisar essa fase da evolução de Mabe, ele que foi dos mais lúcidos e constantes exegetas de
sua arte:

- Agora, nesta visita de junho de 1971, Mabe mostrou-nos uma semi-figuração, conseqüência
de uma nostalgia permanente da figura, que ele realmente nunca abandonou, em telas que
nunca expôs, ao longo da sua fulgurante carreira. Sem rejeição brusca da linha e
características pictóricas da produção anterior - as grandes superfícies, o espaço, a matéria
rica, o empaste, as transparências, as cores, a pincelada mesmo -, Mabe transforma as suas
formas em figuras humanas, em animais, em símbolos cósmicos, delineando volumetricamente
algumas atitudes e situações expressivas das reações e condicionamentos dos homens e dos
animais. Consegue manter as suas qualidades plásticas no lirismo com que une abstração e
figuração. O novo Mabe pede uma percepção mais atenta, uma reflexão mais profunda sobre o
virtuosismo e a sinceridade da sua proposta ambivalente. O compromisso com a figura é tênue
- não fixa detalhes anatômicos definitivos ou claros, mas consegue criar um nítido clima
figurativo, dando às suas formas o contorno humano e animal. E o faz enfocando aspectos
bastante comprometidos com o erotismo, a religiosidade, o cósmico, a família, o protesto ou o
pungente. O mundo continua bom e poético para Manabu Mabe, que não exalta nem avilta ou
degrada a figura, tratando-a simplesmente como ela o é, de fato, em várias situações.

Já em 1972 Mabe retomava a anterior veia da pintura gestual, até certo ponto forçado por
exigências do mercado, e nos próximos anos não imprimiria, a rigor, nenhuma nova orientação
à sua linha estilística - imutável até seus últimos dias.

                               Estranho, óleo s/ madeira, 1959;
                            1,05 X 1,22, Museus Castro Maya, RJ.

                                  A fome, óleo s/ tela, 1961;
                            2,50 X 2,00, Palácio Bandeirantes, SP.
Abstracionismo, óleo s/ tela, 1967;
 1,81 X 2,01, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

            Equador II, óleo s/ tela, 1973;
1,80 X 2,00, Museu de Arte Contemporânea da USP.

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Mabe, manabu

  • 1. MABE, Manabu (1924-97). Nascido em Kumamoto Ken (Japão) e falecido em São Paulo. Tinha dez anos quando em 1934 sua família, composta por pai, mãe e oito filhos, emigrou para o Brasil, fixando-se no interior de São Paulo. Viveu inicialmente em Birigui, mudando-se em 1940 para Lins, e como todos os demais familiares dedicava-se ao cultivo do solo. Rememorando anos depois sua chegada ao Brasil, confessaria o impacto sofrido com as cores locais: - Quando cheguei ao Brasil vi muitas cores, tons que jamais havia visto em minha vida. Eram cores brasileiras, cores fortes. Foi em 1945, decerto ainda sob o impacto dessas "cores brasileiras, cores fortes", que Mabe pintou suas primeiras telas - autodidaticamente, copiando clichês de revistas. Só alguns anos mais tarde, após ter recebido ainda em Lins pequena orientação do veterano pintor japonês Teisuke Kumasaka (que na mocidade recebera aulas de Antonio Parreiras e de outros grandes mestres no Rio de Janeiro), Mabe iria mudar-se para São Paulo. Num breve retrospecto biográfico feito em 1971, a pedido de Luis Ernesto Machado Kawall, o já então internacionalmente famoso pintor assim sintetizaria sua evolução: - Após chegar do Japão, fixei-me no interior do Estado, em Lins, Birigui e Guararapes, trabalhando como colono durante muitos anos em fazendas de café. Meus primeiros quadros datam dos meados da década de 1940. Vindo para a Capital, fui morar no Jabaquara, onde comprei uma pequena casa, que hoje, grandemente ampliada, é minha residência e também meu ateliê. Era ajudante de tintureiro. Tingia e pintava gravatas, que vendia aos amigos e em algumas lojas da cidade. Autodidata, admirando muito o pintor japonês Takaoka, radicado em São Paulo, iniciei-me na pintura figurativa e logo passei à abstrata. Em 1951 Mabe participou pela primeira vez de uma coletiva - o Salão Nacional de Belas Artes (Divisão Moderna). No ano seguinte, após efetuar no Clube Linense sua primeira individual, e em face do sucesso obtido, comunicou à mulher, Ioshino, sua decisão fundamental: - Vamos passar fome, mas não sei fazer outra coisa. Vou pintar até morrer. Pintava, por essa época, principalmente naturezas-mortas e paisagens, fortemente influenciadas por artistas como Picasso e sobretudo Braque. Seu Figurativismo Expressionista iria perdurar até 1957, quando Mabe adotou em definitivo o Não-Figurativismo, filiado à corrente do Abstracionismo Informal. Essa passagem do Figurativismo ao Abstracionismo fez- se por assim dizer naturalmente, mesmo porque correspondia a uma inclinação atávica da personalidade oriental de Mabe. Na verdade, a partir de então a pintura de Mabe não fez senão combinar, num todo de rara felicidade, as experiências internacionais do Informalismo e a arte tradicional japonesa do signo caligráfico. Desde 1957 e até falecer, com efeito - com a breve exceção do interlúdio néo-figurativista ocorrido em 1971, e ao qual nos referimos mais adiante -, Mabe manteve-se fiel aos postulados da pintura gestual, dando provas de uma impermeabilidade a novas pesquisas que seus admiradores classificaram como coerência estilística, e seus desafetos como sinal de esgotamento criador. Embora participando com freqüência de salões e coletivas por toda a década de 1950 - do Salão Nacional de Arte Moderna entre 1952 e 1960, com isenção de júri em 1958; da Bienal de São Paulo a partir de 1953 e do Salão Paulista de Arte Moderna após 1956 -, Mabe obteria sua consagração nacional e internacional apenas em 1959 - o "Ano Manabu Mabe", como escreveu a revista Time em sua edição do dia 2 de novembro de 1959. Nesse ano, com efeito, Mabe recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional na V Bienal de São Paulo e o Prêmio de Pintura na I Bienal de Paris, isso numa época em que as premiações internacionais significavam muito. Em 1960, nova premiação importante: o Prêmio Fiat, na XXX Bienal de Veneza; finalmente, em 1962, o prêmio de pintura da I Bienal Americana de Córdoba, na Argentina. Admitido assim ao restrito clube dos artistas de trânsito verdadeiramente internacional, Mabe realizou de 1960 em diante exposições de sucesso em cidades como Montevidéu, Buenos Aires, Roma, Paris, Washington, Lima, Nova Iorque, México, Tóquio, Londres, Kumamoto, Kamakura, Osaka, Miami, Coral Gables e Panamá, além de expor várias vezes no Brasil. Mantendo ateliê em São
  • 2. Paulo e Nova Iorque, com permanências anuais também em Tóquio, Mabe foi dentre todos os pintores nipo-brasileiros, aquele de maior prestígio internacional, autêntico chefe de escola. Desde os seus primórdios, ainda quando produzia uma pintura figurativista, à sombra da dos grandes mestres como Picasso e Braque, comprazendo-se na execução de paisagens e mormente de naturezas-mortas, Mabe dava já provas de um autêntico talento pictórico, chegando pelo instinto a resultados a que muitos não chegam sequer após longos anos de academia. Salvava-o da mediocridade geral, além do instinto, uma férrea disciplina, a vontade, que sempre possuiu, de vir a ser um grande artista. No momento em que, dando por concluído o ciclo figurativista iniciado em 1945, o pintor deu vazas à própria imaginação e vitalidade, deixando fluir livremente sobre a tela o gesto criativo, caligráfico e original, conjugando num todo uno suas origens nipônicas e a tônica do Abstracionismo Informal então dominante no mundo ocidental, o resultado foi uma pintura requintada, cujos esquemas cromáticos e opulentos recursos de textura eram regidos por sensibilidade evidente e certeira intuição poética. Tais começos do informalismo de Mabe, contudo, seriam com o passar de alguns anos ainda mais depurados, chegando o artista a uma pintura mais pensada e mais elaborada - menos espontânea, se quiserem, mas de uma sutileza infinitamente superior, e de maior profundidade. Empastes e transparências, cromatismos violentos alternando-se a outros de extrema delicadeza passam então a dominar sua produção, sucedendo-se a cada quadro novas conquistas expressivas, como se o artista quisesse demonstrar à saciedade a riqueza de seus recursos e a fonte inesgotável de sua criatividade. Por volta de 1971, uma ruptura: Mabe executa o percurso inverso, retoma o Figurativismo - não, obviamente, o figurativismo de seus começos expressionistas e neo-braqueanos, mas um figurativismo diferente, no qual, como nos testes de Rorschach, as figuras humanas e formas animais são apenas sugeridas ou insinuadas a partir de manchas de cor. Realce-se, nessas obras figurativistas de começos da década de 1970, o elevado conteúdo erótico e certa tendência cósmica e metafísica. Ninguém melhor do que o crítico Jayme Maurício, porém, para analisar essa fase da evolução de Mabe, ele que foi dos mais lúcidos e constantes exegetas de sua arte: - Agora, nesta visita de junho de 1971, Mabe mostrou-nos uma semi-figuração, conseqüência de uma nostalgia permanente da figura, que ele realmente nunca abandonou, em telas que nunca expôs, ao longo da sua fulgurante carreira. Sem rejeição brusca da linha e características pictóricas da produção anterior - as grandes superfícies, o espaço, a matéria rica, o empaste, as transparências, as cores, a pincelada mesmo -, Mabe transforma as suas formas em figuras humanas, em animais, em símbolos cósmicos, delineando volumetricamente algumas atitudes e situações expressivas das reações e condicionamentos dos homens e dos animais. Consegue manter as suas qualidades plásticas no lirismo com que une abstração e figuração. O novo Mabe pede uma percepção mais atenta, uma reflexão mais profunda sobre o virtuosismo e a sinceridade da sua proposta ambivalente. O compromisso com a figura é tênue - não fixa detalhes anatômicos definitivos ou claros, mas consegue criar um nítido clima figurativo, dando às suas formas o contorno humano e animal. E o faz enfocando aspectos bastante comprometidos com o erotismo, a religiosidade, o cósmico, a família, o protesto ou o pungente. O mundo continua bom e poético para Manabu Mabe, que não exalta nem avilta ou degrada a figura, tratando-a simplesmente como ela o é, de fato, em várias situações. Já em 1972 Mabe retomava a anterior veia da pintura gestual, até certo ponto forçado por exigências do mercado, e nos próximos anos não imprimiria, a rigor, nenhuma nova orientação à sua linha estilística - imutável até seus últimos dias. Estranho, óleo s/ madeira, 1959; 1,05 X 1,22, Museus Castro Maya, RJ. A fome, óleo s/ tela, 1961; 2,50 X 2,00, Palácio Bandeirantes, SP.
  • 3. Abstracionismo, óleo s/ tela, 1967; 1,81 X 2,01, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Equador II, óleo s/ tela, 1973; 1,80 X 2,00, Museu de Arte Contemporânea da USP.