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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES <br />PUBLICIDADE E PROPAGANDA<br />A ALIENAÇÃO DA REALIDADE ATRAVÉS DO USO E MANIPULAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS PELA MÍDIA<br />SÃO PAULO<br />2010<br />UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES<br />PUBLICIDADE E PROPAGANDA<br />Débora Smid Rozão<br />A ALIENAÇÃO DA REALIDADE ATRAVÉS DO USO E MANIPULAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS PELA MÍDIA<br />Artigo da disciplina Teoria da Comunicação, curso de Publicidade e Propaganda, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo.<br />Prof. Dr. Anderson Vinícius Romanini<br />SÃO PAULO<br />2010<br />“Bem ou mal utilizada, a imagem artística, quer estática (como na pintura ou fotografia), quer dinâmica (como no teatro ou cinema), é uma arma capaz de alterar hábitos, costumes, opiniões e modos de vida de muitos, simultaneamente; sem dúvida, uma poderosa arma política e ideológica.” (SALLES, 2010)<br />RESUMOROZÃO, Débora S. A alienação da realidade através do uso e manipulação de estereótipos pela mídia.<br />Prof. Orientador: Anderson Vinicius Romanini; São Paulo: USP, 2010, 17 fl., Artigo.<br />O seguinte trabalho baseia-se na apresentação e análise da mídia e seu aspecto influenciador do ponto de vista dos indivíduos, atendo-se principalmente aos estereótipos que a mesma divulga, e, por vezes, manipula, com exemplificação na idealização da beleza humana e possível distorção da mesma. <br />Palavras-chave: mídia . influência . estereótipo . beleza . photoshop<br />ABSTRACT<br />ROZÃO, Débora S. The alienation of reality through stereotypes use and manipulation by the media.<br />Prof. Guide: Anderson Vinicius Romanini; São Paulo: USP, 2010, 4 p., Article. <br />        The following work is based on both presentation and analyses of general media and media influential aspect over people point of view, sticking, primarily, with stereotypes promoted and, sometimes, manipulated by the one, using as example the human beauty idealization and its possible distortion. <br />Key words: media . influence . stereotype . beauty . photoshop<br />SUMÁRIOINTRODUÇÃO6A INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE A SOCIEDADE6 A MÍDIA NORMATIVA: ESTEREOTIPIA E IDEALIZAÇÃO82.1.1. Estereotipia92.1.2. A idealização através da estereotipia9A MÍDIA E O BELO10 A BELEZA HUMANA SEGUNDO A MÍDIA11EXAGEROS NOS ESTEREÓTIPOS: A MANIPULAÇÃO DA FOTOGRAFIA13O FENÔMENO CHAMADO PHOTOSHOP13LIMITE14CONCLUSÃO15REFERÊNCIAS16<br />INTRODUÇÃO<br />É impossível negar o fato de que atualmente a mídia bombardeia constantemente os indivíduos com sua imensa quantidade de informações. São notícias sendo divulgadas a cada instante sobre fatos ocorrentes nas mais diversas partes do mundo; anúncios apresentando produtos que são lançados em busca de convencer o consumidor de que estes são ainda melhores que seus antecessores; novelas e filmes apresentando diferentes realidades e modos de vida; enfim, uma infinidade de mensagens sobre qualquer espécie de tema, que afloram veículos midiáticos afora até atingirem a vida de cada um que tenha contato com os mesmos.<br />E os indivíduos, por sua vez, já dependentes dessas informações e adaptados ao seu fluxo, permitem-se captá-las, muitas vezes sem impor-lhes sequer um filtro; resultando em sua absorção indiscriminada de signos sem atestar previamente a veracidade dos mesmos, e provocando consequente alienação da perspectiva de realidade para muitos.<br />Assim, discutir-se-á neste artigo o aspecto que proporciona à mídia seu caráter influenciador, o modo como a mesma é capaz de restringir o ponto de vista das pessoas através da utilização de estereótipos e o modo através do qual a mesma, por vezes, abusa de sua coerção para com os indivíduos, criando uma nova realidade que não condiz com o mundo, principalmente no que se refere à beleza humana.  <br />A INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE A SOCIEDADE<br />Tentar discutir o aspecto influente exercido pela mídia sobre a constituição da opinião dos indivíduos trata-se já de uma negação de um fato. <br />Como a tecnologia e o conhecimento, a mídia avança a cada dia barreiras que antes se julgavam intransponíveis e expande-se mais e mais vida do ser humano adentro: de seu estilo impresso, veio com o passar dos anos o rádio, o cinema, a televisão, até o fenômeno denominado “internet”, que vem alastrando-se desenfreadamente, sendo ainda indefinidos seus efeitos e abrangência. E, dessa forma, torna-se então cada vez mais presente no cotidiano do homem, tal qual em suas relações com os demais; ao mesmo tempo em que faz-se também a base de sua práxis, causando que o mesmo seja já incapaz de viver sem ela.<br />Independente do conteúdo veiculado nessas mídias, que varia de programas a filmes ou comerciais, tem-se sempre por traz dos mesmos, por mais inofensivos que pareçam, o intuito da transmissão de alguma mensagem, como não deixa de lembrar Kirkpatrick (1997) em seu texto em defesa da propaganda:<br />“Todos os artigos de jornais e revistas, bem como todos os programas de rádio ou televisão, são discursos comerciais produzidos com o propósito explícito de induzir uma ‘transação comercial’; toda a comunicação em mídia, em outras palavras, contém ‘mensagens puramente comerciais’.” (KIRKPATRICK, 1997)<br />Isso ao que o autor se refere como “mensagens puramente comerciais” pode ser também encarado como qualquer ideia que se deseje transmitir, independente de seu seguimento. Podem ser citados como exemplos a utilização das mídias e da publicidade para divulgação dos ideais nazistas na Alemanha em meados do século XX, e a circulação de jornais ou revistas clandestinos nas fábricas brasileiras no início do mesmo século que criaram uma onda de revolta operária capaz de questionar as péssimas condições dos trabalhadores. Assim, vê-se que essa influência de opiniões não diz respeito apenas aos interesses comerciais, mas também a qualquer interesse ideológico, o que permite a disseminação de pensamentos sobre política, cultura, esportes, moda, ou qualquer outro assunto.<br />Além do mais, temos que se se considerar Bakhtin (1981) e sua teoria de reflexão e refração da realidade nos indivíduos através dos signos, e levar-se em conta Schaff (1974), ao estabelecer que pensamento e linguagem são elementos indissociáveis; obtém-se que qualquer forma de interação social que se estabeleça através de linguagem, – que é, aliás, o elemento primordial da dinâmica social – traz em si, por si própria, uma inerente bagagem ideológica. Portanto, a mídia e os meios de comunicação em massa, por seu caráter difusor de informações através da utilização da linguagem – seja esta pictórica, oral ou escrita, – são, inegavelmente, consideráveis influenciadores dos pensamentos dos que se deixam por eles atingir, ou mesmo dos indivíduos que não se atinjam diretamente mas convivam com os atingidos. <br />Surge, então, a partir deste ponto, outra observação importante ao estudo das mídias, que é o fato de que, devido a sua tamanha influência e atual abrangência de grandes contingentes populacionais, ela se torna também um agente homogeneizador de opiniões, o que explica o raciocínio de Barbéro (apud TRINDADE, 2007) ao dizer que as mídias “são elementos reguladores das relações sociais e estão na própria base da constituição dessas relações”.  Pois, se se tem que o conteúdo transmitido por determinado veículo, através de sua programação, é único para todos os que o “consomem”; as ideologias que ali se encontram e a partir dali disseminar-se-ão são as mesmas, o que resultará em um grande compartilhamento de ideias por estes “consumidores”, e em uma subsequente massificação de sua opinião, implicando-lhes uma considerável perda de subjetividade. Canclini (1995) observa esse fenômeno ao dizer que as sociedades atuais “manifestam-se principalmente como comunidades hermenêuticas de consumidores, ou melhor, como conjuntos de pessoas que compartilham gosto e pactos de leitura em relação a certos bens (gastronômicos, desportivos, musicais), os quais lhes fornecem identidades comuns”.<br />Portanto, as mídias não apenas influenciam as pessoas em sua individualidade, como também são capazes de manipular as ações de comunidades inteiras, ditando os assuntos que devem pautar, o modo como devem interagir, a maneira mais adequada para se trajar, como devem se alimentar, entre outros aspectos, mesmo que imperceptíveis.<br />2.1. A MÍDIA NORMATIVA: ESTEREOTIPIA E IDEALIZAÇÃO<br />Tendo-se conhecimento da influência da mídia na mentalidade dos indivíduos, em suas ações ou constituição de suas opiniões, deve-se ressaltar a sua imanente possibilidade de direcionamento das mesmas, e consequente aspecto manipulador da realidade; fato que ilustra Motter (2002) ao descrever a possibilidade com os temas que possui a imprensa no seguinte excerto:<br /> “a ideologia da imprensa retorna ao cotidiano, onde exerce seu controle, disseminando temas que ela privilegia para iluminar campos de sentidos e destacar assuntos para as interações verbais do cotidiano, que ela mantém, substitui, amplia, dilui, planta, ou apaga pelo silêncio” (MOTTER, 2002) [grifos meus]<br />E, do mesmo modo que há esta manipulação temática pela imprensa, ocorre também um suposto direcionamento das ideias em tudo o mais que a mídia divulgue, seja isto a moda, as tendências, o partidarismo político, o ponto de vista dos fatos; impossibilitando, de certo modo, que os indivíduos criem suas próprias interpretações do mundo sem que sejam influenciados. E uma das formas mais correntes pela qual acontece essa sua atuação sobre a percepção dos indivíduos é a criação e divulgação de estereótipos.<br />2.1.1. Estereotipia<br />Um erro que pode ser comum a muitos é a associação entre os termos “estereótipo” e “preconceito”, tratando ambos como portadores de uma só significação. Ao contrário do que muitos julgam, o estereótipo não é algo negativo: trata-se antes de uma simplificação da realidade para que a mesma possa ser compreendida por todos; entendendo-se que é impossível a estes presenciar toda a variedade de signos existentes, conhecendo-os efetivamente. <br />Exemplo típico do fenômeno de estereotipia é a maneira como todos sabem o que é uma explosão, mesmo que nunca tenham presenciado alguma. Isto acontece por que alguma vez alguém que já tenha presenciado uma explosão, ou tenha ouvido falar a respeito, narrou-lhes as qualidades e efeitos da mesma. <br />Se se observar o sistema no qual o homem vive e foi criado, perceber-se-á que o mesmo se repete em diversos aspectos de seu cotidiano, como no processo de educação familiar ou escolar, em que nada menos que uma diversidade de estereótipos são-lhe transmitidos a fim de ajudar-lhe a compreender melhor o mundo. <br />Portanto, a estereotipia é um elemento auxiliar ao conhecimento, em geral; não devendo assim ser resumida a “preconceito”, que embora se constitua por estereótipos, relaciona-se muito mais a valores – culturais ou subjetivos – que os indivíduos atribuem aos mesmos. <br />E a mídia, por sua vez, como potencial difusora de informações, faz-se um dos principais auxiliares na divulgação de estereótipos na atualidade. Fato que comprova Lippmann (1980) ao afirmar que “não pode haver dúvida de que o cinema esteja construindo constantemente imagens que são, depois, evocadas pelas palavras que as pessoas leem nos jornais”.<br />2.1.2. A idealização através da estereotipia<br />A questão, entretanto, não diz respeito à transmissão de estereótipos ou não pela mídia, mas ao modo como ela os transmite às pessoas. Observa Sant’Anna (1999) que neste quesito <br />“seus pecados mais graves são as distorções (evidentes ou dissimuladas) do gosto popular, as simplificações primárias das ‘receitas de sucesso’, que pretendem interpretar as tendências da maioria quando, muitas vezes, apenas endossam ou dão ênfase às exceções, aos desvirtuamentos, aos desvios de uma cultura em formação.” (Sant’Anna, 1999)<br />Ou, melhor dizendo, o que ocorre muitas vezes é que os estereótipos repassados pela mídia não condizem com a realidade dos indivíduos que os captam: são antes padrões ideais mais ligados à cultura destes indivíduos que às suas vidas como elas são. Como é o caso da representação da família feliz, reunida à mesa no almoço ou café da manhã, trocando sorrisos e favores; aspecto cotidiano apresentado em sua forma mais agradável, mesmo que menos vigente, aludindo ao que Alves (2010) trata por “mundos simbólicos dos sonhos e das fantasias”. Fenômeno frequente não apenas nas propagandas, mas nos programas, nos artigos, nas reportagens, ou qualquer outro meio pelo qual se possa transmitir uma ideologia, um estereótipo, de forma a garantir sua adesão.<br />No entanto, a mídia, em geral, utiliza-se tão periodicamente de determinados estereótipos, que os mesmos passam a serem aceitos como padrão vigente, uma espécie norma, uma determinação da forma “certa” de ser. E partir daí surge a alienação dos indivíduos, que não só aceitam estas normas, como também as aderem, passando a moldar tudo o que vêem de acordo com as mesmas; tornando-se, assim, como descreve Fonseca (2010), “analfabetos visuais incapazes de perceber imagens além daquelas que são divulgadas e consagradas pela mídia”, mesmo que estas não condigam com sua realidade. Uma exemplificação desse fenômeno normativo apresenta-se claramente naquilo ao que vulgarmente denomina-se “padrão de beleza”.<br /> <br />A MÍDIA E O BELO<br />Observa Bertomeu (2010) que “vivemos numa época em que a estética se tornou prioridade, reforçada por uma confluência entre tecnologia e cultura”. Basicamente tudo para a sociedade faz-se julgado por sua beleza e<br />“esse cuidado estético não está ligado apenas uma elite social ou artística nem atrelado a uma ideia de refinamentos. Esse apelo está presente em todas as coisas e em todos os lugares e está mais acessível a uma grande parte da população. Podemos observar esse refinamento das imagens no cinema, nos cartazes, na TV, na internet, em capas de CD, em escritórios, restaurantes, shoppings centers, talão de cheques, cartões de crédito, entre milhares de elementos que fazem parte de nosso cotidiano.” (BERTOMEU, 2010)<br />Este aspecto, entretanto, embora tenha sido acentuado, de fato, pela indústria capitalista, que vem desde sempre procurando a diferenciação de seus produtos esteticamente para conquistar consumidores e manter-se no mercado; não é algo recente: encontra-se em meio a humanidade há muito mais tempo. <br />Na Antiguidade, como lembra Salles (2010), devido à proximidade ou à simples não-dissociação entre a vida social e a vida espiritual, surge já o primeiro conceito de estética, através do qual a beleza e a perfeição eram a própria representação do divino. Desse modo, na Grécia Antiga, inspirados em seus deuses, artesãos estabeleceram os clássicos padrões de proporção da figura humana e da arquitetura; ideais de equilíbrio, harmonia e proporção que estabeleceram o padrão artístico durante o período renascentista, em que ressurgiram, e arrastam-se, inclusive, até a atualidade. <br />O mesmo autor relaciona também o nascimento da própria arte à busca estética.<br />“uma vez dominada a técnica do registro por meio do desenho, o homem passou então a desenvolver uma dimensão estética desses registros que não fosse apenas a simples representação de algo, mas que traduzisse a ideia do belo, do aprazível, da harmonia. Essa dimensão estética da representação foi denominada ‘arte’.” (Salles, 2010)<br />Por conseguinte, considerando-se tal demanda incessante pelo belo, a mídia, por buscar sempre agradar aos públicos, não poderia simplesmente abster-se desse fator. E, por isso, de modo a atender a mesma demanda, utiliza-se sempre dos padrões mais aceitos pela sociedade: os padrões idealizados pela mesma; disseminando e inculcando, consequentemente, nos indivíduos ainda mais esses estereótipos de beleza já existentes na sociedade ou, surgida uma oportunidade, criando novos outros, dando-lhes cada vez mais força e contribuindo para normatização da beleza idealizada.<br />3.1. A BELEZA HUMANA SEGUNDO A MÍDIA<br />Um dos principais estereótipos de beleza utilizado pela mídia é aquele que diz respeito à beleza humana, sendo ao mesmo tempo, talvez, uma de suas mais fortes representações estereotipadas e idealizadas. <br />“É a idealização grega levada ao extremo. Corpos magros, malhados, botocados, lipoaspirados, depilados, com dentes, pele e cabelos perfeitos”, como observa Fonseca (2010). A autora lembra ainda das barrigas-tanquinho do filme norte-americano 300, dirigido por Zack Snyder, que são nada mais que um reflexo de um padrão de beleza estabelecido pelos escultores gregos e que vigora até os dias atuais no mundo ocidental. É o corpo humano ideal que, por sua garantida aceitação, tornou-se o estereótipo preferido da mídia.<br />No entanto, essa beleza à qual as pessoas tanto admiram, transformada por elas em arquétipos aos quais idolatrarão e nos quais basear-se-ão, são nada menos que exceções geradas pelas manipulações pela mídia através de sua determinação e produção da aparência de elencos para os filmes ou novelas, dos apresentadores para programas televisivos ou dos modelos que irão aparecer em comerciais e estampar anúncios veiculados em mídias impressas ou na internet. <br />Ou seja, se se considerar um editorial de moda de uma revista, por exemplo, tem-se que seus modelos, após serem minuciosamente escolhidos de acordo com a harmonia dos traços de seus rostos e algumas de suas características físicas, tais quais a magreza para a mulher ou musculatura bem definida para os homens, que remetem aos padrões de beleza já pré-estabelecidos, passam ainda por todo um preparatório: suas unhas são feitas, seus cabelos arrumados, os detalhes de seu rosto destacados pela maquiagem, sua roupa designada por estilistas, além de que o fotógrafo os instrui, dentro de toda uma angulação correta da luminosidade, à pose que mais ressalta sua beleza. Assim, a fotografia dos mesmos que será exibida ao final do processo e que inspirará os que a veem, tratar-se-á não apenas da imagem destes modelos, mas de toda uma ambientação e da preparação dos mesmos; aspecto que, ainda segundo Fonseca (2010), por estarmos “imersos em tanta informação visual [...] temos preguiça de enxergar”.<br />A mídia pode até mesmo utilizar-se do processo inverso para estipular tais estereótipos, às vezes, como no caso da novela brasileira “Bela, a feia”, produzida e veiculada pela Rede Record no ano de 2009 e baseada em versões anteriores tais quais “Yo soy Betty, la fea”, “Ugly Betty” ou “La fea mas bella”. Nas mesmas a figura feminina é representada utilizando aparelhos dentários, para ressaltar o não alinhamento de sua dentição; com cabelos mal arrumados, de forma a não se valorizarem; utilizando óculos, que associados ao aparelho implicam em uma desarmonia de seu rosto; e com hábitos de pessoa não-refinada, humilde. Aparece aí o estereótipo do feio, ou melhor: o estereótipo do não-belo. É como se se tratasse de um manual de como não se deve ser. <br />O efeito de ambas as exibições, no entanto, é o mesmo: tanto uma como a outra idealizam a beleza do ser humano, ditando – considerado o caráter influenciador já discutido da mídia – normas pelas quais os mesmos devem apresentar-se para que se enquadrem nos padrões de beleza, para que sejam ditos belos. <br />EXAGEROS NOS ESTEREÓTIPOS: A MANIPULAÇÃO DA FOTOGRAFIA<br />Segundo observa Lippmann (1980), “as fotografias têm hoje sobre a imaginação a espécie de autoridade que a palavra impressa tinha ontem e, antes dela, a palavra falada. Parecem absolutamente reais”. Assim, ainda abordando a temática da beleza, conclui-se que se antes se imaginava seus padrões e a partir do que se entendesse tentava-se segui-los; atualmente, por meio da exibição fotográfica na mídia, não há ao menos a possibilidade de se imaginar esses padrões: tem-se os mesmos já formados por retratos, completos em detalhes, restando aos indivíduos apenas a possibilidade de se olhar no espelho e esperar que seu reflexo pareça-se com o que mostra a fotografia.<br />Entretanto, estes padrões vem tornando-se cada vez mais duvidosos, nem sempre podendo ser considerados reais, ou mesmo possíveis; e já não se trata apenas de uma ambientação propícia e preparação dos modelos – como fora já discutido. Nos últimos anos, a mídia tem se utilizado de novos artifícios para apresentar o padrão ideal nos estereótipos que exibe, sendo um deles a manipulação digital das fotografias após serem tiradas através de programas de computadores.<br />4.1. O FENÔMENO CHAMADO PHOTOSHOP<br />Com a evolução da informática e dos meios digitais ligados ou voltados a ela, tais como a máquina fotográfica digital, tornou-se possível o desenvolvimento de programas que tivessem como intenção principal a manipulação imagética. Estes eram inicialmente mais voltados para um controle de brilho ou efeitos de foque para que se pudesse obter uma imagem impressa melhorada. Porém, em uma sociedade já dominada pelo uso das fotografias, houve a necessidade de um programa mais eficiente, que poupasse aos fotógrafos boa parte de seu trabalho no momento de fotografar. Então, em 1990, surge um fenômeno conhecido atualmente mundo afora como Photoshop.<br />Adorado por uns, alvo principal da crítica de outros, o programa da marca Adobe, Photoshop, conquistou seu lugar de destaque ao tornar possível a reparação de qualquer aspecto que pudesse ser prejudicial a uma fotografia já existente. <br />Com ele tornou-se desnecessária toda aquela atenção para com o modelo escolhido ou ambientação e iluminação na hora de fotografar. Não que os mesmos tenham sido totalmente desconsiderados, mas o programa tornou possível não apenas a melhoria dos efeitos superficiais da imagem já citados, como também possibilitou a manipulação do espaço em que a fotografia fora tirada e modificação das características físicas do modelo que serviu a esta. Assim, pode-se esconder ou disfarçar características que fujam ao estereótipo de beleza adotado pela mídia, como cicatrizes, tatuagens, piercings, estrias, celulite, acne; sendo também possível refazer os detalhes ligados ao formato do corpo do modelo, como abrandamento de silhueta de mulheres, ou intensificação da definição dos músculos nos homens. Isso tudo, quando feito por profissionais – gratificante para estes e terrível para os receptores – de forma imperceptível a olhares amadores. <br />4.2. LIMITE<br />O problema maior de se proporcionar possibilidades, de fato, é que, ao não se estipular limites para as mesmas, ora ou outra surgirá seu uso abusivo. É o caso extremo a que se chegou quando a modelo considerada número 2 do mundo, Sasha Pivovarova, garota propaganda da mundialmente renomada Dior, desconheceu-se em sua própria fotografia para a campanha da coleção Inverno 2010 devido ao uso exagerado dos efeitos do Photoshop, cuja utilização a mesma permite e concorda desde que seja para deixá-la mais bonita.<br />A mídia, em sua busca obsessiva por perfeição, manipula por vezes a realidade de forma tão intensa e exagerada, que exacerba os limites do que se pode chamar real. Alguns veículos da mídia empolgaram-se tanto com a possibilidade de idealizar suas imagens, que atingiram o limite de tolerância de grande parte de profissionais ou receptores esclarecidos sobre o assunto.<br />O deputado brasileiro Wladimir Costa, por exemplo, chegou a propor um projeto de lei que previa multa entre 1500 e 50 mil reais para as agências de publicidade que se utilizassem do Photoshop para manipularem imagens de pessoas em seus anúncios. As mesmas deveriam passar a explicitar o uso do programa sob o aviso quot;
Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratadaquot;
 (NOBRE, 2010). <br />O discurso do mesmo foi o de que quot;
em tempos de Photoshop, a manipulação de imagens faz com que a fotografia seja muitas vezes radicalmente diferente da realidade. Manchas na pele são apagadas, rugas são cobertas, quilos a mais são extirpados. É difícil a um leigo perceber que o resultado final não é uma imagem originalquot;
 (COSTA apud NOBRE, 2010), argumento justo e comprovado no caso da modelo.<br />5. CONCLUSÃO<br />Como reflete Bosi (1977) em um de seus artigos a respeito de estereótipos “o espírito não deve imobilizar-se nem na aceitação, nem na negação, mas tem que se empenhar numa vontade em luta contra o falso, numa vontade de consciência total e prática”. Desse modo, os indivíduos não devem esperar que a mídia modifique seus estereótipos ou pare de transmiti-los, até mesmo por que, como fora apresentado e discutido, ambos constituem a essência da mesma, sendo impossível sua existência sem estes. E a idealização, embora lhe fosse um aspecto dispensável à existência, faz parte de seu caráter, e sua extinção em nada auxiliaria, tendo-se que os estereótipos ideais já se afixaram às mentalidades de todos.<br />De fato, a mídia revela seu cunho manipulador cada vez mais escrachadamente, distorcendo o mundo de forma tal a gerar outra realidade, que os indivíduos começam a perceber seu aspecto inatingível, mesmo que ainda se influenciem. <br />Portanto, a atitude de manter o equilíbrio entre o real e o ideal, abstendo-se ao perfeccionismo grego ou via Photoshop, deve partir daqueles que recebem as informações pela mídia. Não se trata de desconsiderar todos os estereótipos já existentes, pois como fora refletido, isso seria um retrocesso no processo de conhecimento; mas apenas buscar, por meio da observação atenta do mundo, transformar todos esses estereótipos, introduzidos na sociedade principalmente pela mídia, em conhecimento efetivo, para que se formem a partir daí não novos estereótipos, mas opiniões.<br />REFERÊNCIAS<br />1. ARTIGOSBOSI, E. A opinião e o estereótipo. In: Revista Contexto, n 2, mar. 1977, pág. 97-104TRINDADE, E. Estudos mediáticos da Publicidade. Revista Comunicação, cultura e cidadania. Campinas: Ed. Átomo/ CEPAC, METROCAMP. n 1. v2. 20072. LIVROSBAKHTIN, M.M. O Marxismo e a filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1981.BERTOMEU, J.V.C. et al. Criação visual e multimídia. São Paulo: Cengage Learning, 2010.CANCLINI, N.G. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. São Paulo: Ed. EFRJ, 1995.KIRKPATRICK, J. Em defesa da propaganda: argumentos a partir da razão do egoísmo ético e do capitalismo Laissez-Faire. São Paulo: 1977.LIPPMANN, W. Estereótipos. In: STEIMBERG, Ch. (org.) – Meios de Comunicação de Massa. Rio de Janeiro: Cultrix, 1980.MOTTER, M.L. Campo da Comunicação: cotidiano e linguagem. In: Bacegga, M.A. Gestão de processos comunicacionais. São Paulo: Atlas, 2002.SANT’ANNA, A. Propaganda, teoria, técnica e prática. São Paulo: Pioneira, 1999.3. WEB:GALILEU, Redação. Photoshop faz 20 anos. Revista Galileu Online, 2010. Disponível em:<http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI122591-17770,00-PHOTOSHOP+FAZ+ANOS+VEJA+CASOS+QUE+ENTRARAM+PARA+A+HISTORIA.html> Acesso em: 03 dez. 2010.NOBRE, N. Aviso sobre photoshop poderá ser obrigatório em publicidade. Agência Câmara de Notícias, 2010. Disponível em:<http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/COMUNICACAO/146095-AVISO-SOBRE-PHOTOSHOP-PODERA-SER-OBRIGATORIO-EM-PUBLICIDADE.html> Acesso em: 03 dez. 2010.SCHIMIDT, F. Top nº2 do mundo, russa Sasha Pivovarova não se reconheceu em nova campanha da Dior. Site Uol, 2010. Disponível em:<http://estilo.uol.com.br/moda/ultnot/2010/07/13/top-n2-do-mundo-russa-sasha-pivovarova-nao-se-reconheceu-em-nova-campanha-da-dior.jhtm> Acesso em: 03 dez. 2010.<br />
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  • 1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES <br />PUBLICIDADE E PROPAGANDA<br />A ALIENAÇÃO DA REALIDADE ATRAVÉS DO USO E MANIPULAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS PELA MÍDIA<br />SÃO PAULO<br />2010<br />UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES<br />PUBLICIDADE E PROPAGANDA<br />Débora Smid Rozão<br />A ALIENAÇÃO DA REALIDADE ATRAVÉS DO USO E MANIPULAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS PELA MÍDIA<br />Artigo da disciplina Teoria da Comunicação, curso de Publicidade e Propaganda, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo.<br />Prof. Dr. Anderson Vinícius Romanini<br />SÃO PAULO<br />2010<br />“Bem ou mal utilizada, a imagem artística, quer estática (como na pintura ou fotografia), quer dinâmica (como no teatro ou cinema), é uma arma capaz de alterar hábitos, costumes, opiniões e modos de vida de muitos, simultaneamente; sem dúvida, uma poderosa arma política e ideológica.” (SALLES, 2010)<br />RESUMOROZÃO, Débora S. A alienação da realidade através do uso e manipulação de estereótipos pela mídia.<br />Prof. Orientador: Anderson Vinicius Romanini; São Paulo: USP, 2010, 17 fl., Artigo.<br />O seguinte trabalho baseia-se na apresentação e análise da mídia e seu aspecto influenciador do ponto de vista dos indivíduos, atendo-se principalmente aos estereótipos que a mesma divulga, e, por vezes, manipula, com exemplificação na idealização da beleza humana e possível distorção da mesma. <br />Palavras-chave: mídia . influência . estereótipo . beleza . photoshop<br />ABSTRACT<br />ROZÃO, Débora S. The alienation of reality through stereotypes use and manipulation by the media.<br />Prof. Guide: Anderson Vinicius Romanini; São Paulo: USP, 2010, 4 p., Article. <br />        The following work is based on both presentation and analyses of general media and media influential aspect over people point of view, sticking, primarily, with stereotypes promoted and, sometimes, manipulated by the one, using as example the human beauty idealization and its possible distortion. <br />Key words: media . influence . stereotype . beauty . photoshop<br />SUMÁRIOINTRODUÇÃO6A INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE A SOCIEDADE6 A MÍDIA NORMATIVA: ESTEREOTIPIA E IDEALIZAÇÃO82.1.1. Estereotipia92.1.2. A idealização através da estereotipia9A MÍDIA E O BELO10 A BELEZA HUMANA SEGUNDO A MÍDIA11EXAGEROS NOS ESTEREÓTIPOS: A MANIPULAÇÃO DA FOTOGRAFIA13O FENÔMENO CHAMADO PHOTOSHOP13LIMITE14CONCLUSÃO15REFERÊNCIAS16<br />INTRODUÇÃO<br />É impossível negar o fato de que atualmente a mídia bombardeia constantemente os indivíduos com sua imensa quantidade de informações. São notícias sendo divulgadas a cada instante sobre fatos ocorrentes nas mais diversas partes do mundo; anúncios apresentando produtos que são lançados em busca de convencer o consumidor de que estes são ainda melhores que seus antecessores; novelas e filmes apresentando diferentes realidades e modos de vida; enfim, uma infinidade de mensagens sobre qualquer espécie de tema, que afloram veículos midiáticos afora até atingirem a vida de cada um que tenha contato com os mesmos.<br />E os indivíduos, por sua vez, já dependentes dessas informações e adaptados ao seu fluxo, permitem-se captá-las, muitas vezes sem impor-lhes sequer um filtro; resultando em sua absorção indiscriminada de signos sem atestar previamente a veracidade dos mesmos, e provocando consequente alienação da perspectiva de realidade para muitos.<br />Assim, discutir-se-á neste artigo o aspecto que proporciona à mídia seu caráter influenciador, o modo como a mesma é capaz de restringir o ponto de vista das pessoas através da utilização de estereótipos e o modo através do qual a mesma, por vezes, abusa de sua coerção para com os indivíduos, criando uma nova realidade que não condiz com o mundo, principalmente no que se refere à beleza humana. <br />A INFLUÊNCIA DA MÍDIA SOBRE A SOCIEDADE<br />Tentar discutir o aspecto influente exercido pela mídia sobre a constituição da opinião dos indivíduos trata-se já de uma negação de um fato. <br />Como a tecnologia e o conhecimento, a mídia avança a cada dia barreiras que antes se julgavam intransponíveis e expande-se mais e mais vida do ser humano adentro: de seu estilo impresso, veio com o passar dos anos o rádio, o cinema, a televisão, até o fenômeno denominado “internet”, que vem alastrando-se desenfreadamente, sendo ainda indefinidos seus efeitos e abrangência. E, dessa forma, torna-se então cada vez mais presente no cotidiano do homem, tal qual em suas relações com os demais; ao mesmo tempo em que faz-se também a base de sua práxis, causando que o mesmo seja já incapaz de viver sem ela.<br />Independente do conteúdo veiculado nessas mídias, que varia de programas a filmes ou comerciais, tem-se sempre por traz dos mesmos, por mais inofensivos que pareçam, o intuito da transmissão de alguma mensagem, como não deixa de lembrar Kirkpatrick (1997) em seu texto em defesa da propaganda:<br />“Todos os artigos de jornais e revistas, bem como todos os programas de rádio ou televisão, são discursos comerciais produzidos com o propósito explícito de induzir uma ‘transação comercial’; toda a comunicação em mídia, em outras palavras, contém ‘mensagens puramente comerciais’.” (KIRKPATRICK, 1997)<br />Isso ao que o autor se refere como “mensagens puramente comerciais” pode ser também encarado como qualquer ideia que se deseje transmitir, independente de seu seguimento. Podem ser citados como exemplos a utilização das mídias e da publicidade para divulgação dos ideais nazistas na Alemanha em meados do século XX, e a circulação de jornais ou revistas clandestinos nas fábricas brasileiras no início do mesmo século que criaram uma onda de revolta operária capaz de questionar as péssimas condições dos trabalhadores. Assim, vê-se que essa influência de opiniões não diz respeito apenas aos interesses comerciais, mas também a qualquer interesse ideológico, o que permite a disseminação de pensamentos sobre política, cultura, esportes, moda, ou qualquer outro assunto.<br />Além do mais, temos que se se considerar Bakhtin (1981) e sua teoria de reflexão e refração da realidade nos indivíduos através dos signos, e levar-se em conta Schaff (1974), ao estabelecer que pensamento e linguagem são elementos indissociáveis; obtém-se que qualquer forma de interação social que se estabeleça através de linguagem, – que é, aliás, o elemento primordial da dinâmica social – traz em si, por si própria, uma inerente bagagem ideológica. Portanto, a mídia e os meios de comunicação em massa, por seu caráter difusor de informações através da utilização da linguagem – seja esta pictórica, oral ou escrita, – são, inegavelmente, consideráveis influenciadores dos pensamentos dos que se deixam por eles atingir, ou mesmo dos indivíduos que não se atinjam diretamente mas convivam com os atingidos. <br />Surge, então, a partir deste ponto, outra observação importante ao estudo das mídias, que é o fato de que, devido a sua tamanha influência e atual abrangência de grandes contingentes populacionais, ela se torna também um agente homogeneizador de opiniões, o que explica o raciocínio de Barbéro (apud TRINDADE, 2007) ao dizer que as mídias “são elementos reguladores das relações sociais e estão na própria base da constituição dessas relações”. Pois, se se tem que o conteúdo transmitido por determinado veículo, através de sua programação, é único para todos os que o “consomem”; as ideologias que ali se encontram e a partir dali disseminar-se-ão são as mesmas, o que resultará em um grande compartilhamento de ideias por estes “consumidores”, e em uma subsequente massificação de sua opinião, implicando-lhes uma considerável perda de subjetividade. Canclini (1995) observa esse fenômeno ao dizer que as sociedades atuais “manifestam-se principalmente como comunidades hermenêuticas de consumidores, ou melhor, como conjuntos de pessoas que compartilham gosto e pactos de leitura em relação a certos bens (gastronômicos, desportivos, musicais), os quais lhes fornecem identidades comuns”.<br />Portanto, as mídias não apenas influenciam as pessoas em sua individualidade, como também são capazes de manipular as ações de comunidades inteiras, ditando os assuntos que devem pautar, o modo como devem interagir, a maneira mais adequada para se trajar, como devem se alimentar, entre outros aspectos, mesmo que imperceptíveis.<br />2.1. A MÍDIA NORMATIVA: ESTEREOTIPIA E IDEALIZAÇÃO<br />Tendo-se conhecimento da influência da mídia na mentalidade dos indivíduos, em suas ações ou constituição de suas opiniões, deve-se ressaltar a sua imanente possibilidade de direcionamento das mesmas, e consequente aspecto manipulador da realidade; fato que ilustra Motter (2002) ao descrever a possibilidade com os temas que possui a imprensa no seguinte excerto:<br /> “a ideologia da imprensa retorna ao cotidiano, onde exerce seu controle, disseminando temas que ela privilegia para iluminar campos de sentidos e destacar assuntos para as interações verbais do cotidiano, que ela mantém, substitui, amplia, dilui, planta, ou apaga pelo silêncio” (MOTTER, 2002) [grifos meus]<br />E, do mesmo modo que há esta manipulação temática pela imprensa, ocorre também um suposto direcionamento das ideias em tudo o mais que a mídia divulgue, seja isto a moda, as tendências, o partidarismo político, o ponto de vista dos fatos; impossibilitando, de certo modo, que os indivíduos criem suas próprias interpretações do mundo sem que sejam influenciados. E uma das formas mais correntes pela qual acontece essa sua atuação sobre a percepção dos indivíduos é a criação e divulgação de estereótipos.<br />2.1.1. Estereotipia<br />Um erro que pode ser comum a muitos é a associação entre os termos “estereótipo” e “preconceito”, tratando ambos como portadores de uma só significação. Ao contrário do que muitos julgam, o estereótipo não é algo negativo: trata-se antes de uma simplificação da realidade para que a mesma possa ser compreendida por todos; entendendo-se que é impossível a estes presenciar toda a variedade de signos existentes, conhecendo-os efetivamente. <br />Exemplo típico do fenômeno de estereotipia é a maneira como todos sabem o que é uma explosão, mesmo que nunca tenham presenciado alguma. Isto acontece por que alguma vez alguém que já tenha presenciado uma explosão, ou tenha ouvido falar a respeito, narrou-lhes as qualidades e efeitos da mesma. <br />Se se observar o sistema no qual o homem vive e foi criado, perceber-se-á que o mesmo se repete em diversos aspectos de seu cotidiano, como no processo de educação familiar ou escolar, em que nada menos que uma diversidade de estereótipos são-lhe transmitidos a fim de ajudar-lhe a compreender melhor o mundo. <br />Portanto, a estereotipia é um elemento auxiliar ao conhecimento, em geral; não devendo assim ser resumida a “preconceito”, que embora se constitua por estereótipos, relaciona-se muito mais a valores – culturais ou subjetivos – que os indivíduos atribuem aos mesmos. <br />E a mídia, por sua vez, como potencial difusora de informações, faz-se um dos principais auxiliares na divulgação de estereótipos na atualidade. Fato que comprova Lippmann (1980) ao afirmar que “não pode haver dúvida de que o cinema esteja construindo constantemente imagens que são, depois, evocadas pelas palavras que as pessoas leem nos jornais”.<br />2.1.2. A idealização através da estereotipia<br />A questão, entretanto, não diz respeito à transmissão de estereótipos ou não pela mídia, mas ao modo como ela os transmite às pessoas. Observa Sant’Anna (1999) que neste quesito <br />“seus pecados mais graves são as distorções (evidentes ou dissimuladas) do gosto popular, as simplificações primárias das ‘receitas de sucesso’, que pretendem interpretar as tendências da maioria quando, muitas vezes, apenas endossam ou dão ênfase às exceções, aos desvirtuamentos, aos desvios de uma cultura em formação.” (Sant’Anna, 1999)<br />Ou, melhor dizendo, o que ocorre muitas vezes é que os estereótipos repassados pela mídia não condizem com a realidade dos indivíduos que os captam: são antes padrões ideais mais ligados à cultura destes indivíduos que às suas vidas como elas são. Como é o caso da representação da família feliz, reunida à mesa no almoço ou café da manhã, trocando sorrisos e favores; aspecto cotidiano apresentado em sua forma mais agradável, mesmo que menos vigente, aludindo ao que Alves (2010) trata por “mundos simbólicos dos sonhos e das fantasias”. Fenômeno frequente não apenas nas propagandas, mas nos programas, nos artigos, nas reportagens, ou qualquer outro meio pelo qual se possa transmitir uma ideologia, um estereótipo, de forma a garantir sua adesão.<br />No entanto, a mídia, em geral, utiliza-se tão periodicamente de determinados estereótipos, que os mesmos passam a serem aceitos como padrão vigente, uma espécie norma, uma determinação da forma “certa” de ser. E partir daí surge a alienação dos indivíduos, que não só aceitam estas normas, como também as aderem, passando a moldar tudo o que vêem de acordo com as mesmas; tornando-se, assim, como descreve Fonseca (2010), “analfabetos visuais incapazes de perceber imagens além daquelas que são divulgadas e consagradas pela mídia”, mesmo que estas não condigam com sua realidade. Uma exemplificação desse fenômeno normativo apresenta-se claramente naquilo ao que vulgarmente denomina-se “padrão de beleza”.<br /> <br />A MÍDIA E O BELO<br />Observa Bertomeu (2010) que “vivemos numa época em que a estética se tornou prioridade, reforçada por uma confluência entre tecnologia e cultura”. Basicamente tudo para a sociedade faz-se julgado por sua beleza e<br />“esse cuidado estético não está ligado apenas uma elite social ou artística nem atrelado a uma ideia de refinamentos. Esse apelo está presente em todas as coisas e em todos os lugares e está mais acessível a uma grande parte da população. Podemos observar esse refinamento das imagens no cinema, nos cartazes, na TV, na internet, em capas de CD, em escritórios, restaurantes, shoppings centers, talão de cheques, cartões de crédito, entre milhares de elementos que fazem parte de nosso cotidiano.” (BERTOMEU, 2010)<br />Este aspecto, entretanto, embora tenha sido acentuado, de fato, pela indústria capitalista, que vem desde sempre procurando a diferenciação de seus produtos esteticamente para conquistar consumidores e manter-se no mercado; não é algo recente: encontra-se em meio a humanidade há muito mais tempo. <br />Na Antiguidade, como lembra Salles (2010), devido à proximidade ou à simples não-dissociação entre a vida social e a vida espiritual, surge já o primeiro conceito de estética, através do qual a beleza e a perfeição eram a própria representação do divino. Desse modo, na Grécia Antiga, inspirados em seus deuses, artesãos estabeleceram os clássicos padrões de proporção da figura humana e da arquitetura; ideais de equilíbrio, harmonia e proporção que estabeleceram o padrão artístico durante o período renascentista, em que ressurgiram, e arrastam-se, inclusive, até a atualidade. <br />O mesmo autor relaciona também o nascimento da própria arte à busca estética.<br />“uma vez dominada a técnica do registro por meio do desenho, o homem passou então a desenvolver uma dimensão estética desses registros que não fosse apenas a simples representação de algo, mas que traduzisse a ideia do belo, do aprazível, da harmonia. Essa dimensão estética da representação foi denominada ‘arte’.” (Salles, 2010)<br />Por conseguinte, considerando-se tal demanda incessante pelo belo, a mídia, por buscar sempre agradar aos públicos, não poderia simplesmente abster-se desse fator. E, por isso, de modo a atender a mesma demanda, utiliza-se sempre dos padrões mais aceitos pela sociedade: os padrões idealizados pela mesma; disseminando e inculcando, consequentemente, nos indivíduos ainda mais esses estereótipos de beleza já existentes na sociedade ou, surgida uma oportunidade, criando novos outros, dando-lhes cada vez mais força e contribuindo para normatização da beleza idealizada.<br />3.1. A BELEZA HUMANA SEGUNDO A MÍDIA<br />Um dos principais estereótipos de beleza utilizado pela mídia é aquele que diz respeito à beleza humana, sendo ao mesmo tempo, talvez, uma de suas mais fortes representações estereotipadas e idealizadas. <br />“É a idealização grega levada ao extremo. Corpos magros, malhados, botocados, lipoaspirados, depilados, com dentes, pele e cabelos perfeitos”, como observa Fonseca (2010). A autora lembra ainda das barrigas-tanquinho do filme norte-americano 300, dirigido por Zack Snyder, que são nada mais que um reflexo de um padrão de beleza estabelecido pelos escultores gregos e que vigora até os dias atuais no mundo ocidental. É o corpo humano ideal que, por sua garantida aceitação, tornou-se o estereótipo preferido da mídia.<br />No entanto, essa beleza à qual as pessoas tanto admiram, transformada por elas em arquétipos aos quais idolatrarão e nos quais basear-se-ão, são nada menos que exceções geradas pelas manipulações pela mídia através de sua determinação e produção da aparência de elencos para os filmes ou novelas, dos apresentadores para programas televisivos ou dos modelos que irão aparecer em comerciais e estampar anúncios veiculados em mídias impressas ou na internet. <br />Ou seja, se se considerar um editorial de moda de uma revista, por exemplo, tem-se que seus modelos, após serem minuciosamente escolhidos de acordo com a harmonia dos traços de seus rostos e algumas de suas características físicas, tais quais a magreza para a mulher ou musculatura bem definida para os homens, que remetem aos padrões de beleza já pré-estabelecidos, passam ainda por todo um preparatório: suas unhas são feitas, seus cabelos arrumados, os detalhes de seu rosto destacados pela maquiagem, sua roupa designada por estilistas, além de que o fotógrafo os instrui, dentro de toda uma angulação correta da luminosidade, à pose que mais ressalta sua beleza. Assim, a fotografia dos mesmos que será exibida ao final do processo e que inspirará os que a veem, tratar-se-á não apenas da imagem destes modelos, mas de toda uma ambientação e da preparação dos mesmos; aspecto que, ainda segundo Fonseca (2010), por estarmos “imersos em tanta informação visual [...] temos preguiça de enxergar”.<br />A mídia pode até mesmo utilizar-se do processo inverso para estipular tais estereótipos, às vezes, como no caso da novela brasileira “Bela, a feia”, produzida e veiculada pela Rede Record no ano de 2009 e baseada em versões anteriores tais quais “Yo soy Betty, la fea”, “Ugly Betty” ou “La fea mas bella”. Nas mesmas a figura feminina é representada utilizando aparelhos dentários, para ressaltar o não alinhamento de sua dentição; com cabelos mal arrumados, de forma a não se valorizarem; utilizando óculos, que associados ao aparelho implicam em uma desarmonia de seu rosto; e com hábitos de pessoa não-refinada, humilde. Aparece aí o estereótipo do feio, ou melhor: o estereótipo do não-belo. É como se se tratasse de um manual de como não se deve ser. <br />O efeito de ambas as exibições, no entanto, é o mesmo: tanto uma como a outra idealizam a beleza do ser humano, ditando – considerado o caráter influenciador já discutido da mídia – normas pelas quais os mesmos devem apresentar-se para que se enquadrem nos padrões de beleza, para que sejam ditos belos. <br />EXAGEROS NOS ESTEREÓTIPOS: A MANIPULAÇÃO DA FOTOGRAFIA<br />Segundo observa Lippmann (1980), “as fotografias têm hoje sobre a imaginação a espécie de autoridade que a palavra impressa tinha ontem e, antes dela, a palavra falada. Parecem absolutamente reais”. Assim, ainda abordando a temática da beleza, conclui-se que se antes se imaginava seus padrões e a partir do que se entendesse tentava-se segui-los; atualmente, por meio da exibição fotográfica na mídia, não há ao menos a possibilidade de se imaginar esses padrões: tem-se os mesmos já formados por retratos, completos em detalhes, restando aos indivíduos apenas a possibilidade de se olhar no espelho e esperar que seu reflexo pareça-se com o que mostra a fotografia.<br />Entretanto, estes padrões vem tornando-se cada vez mais duvidosos, nem sempre podendo ser considerados reais, ou mesmo possíveis; e já não se trata apenas de uma ambientação propícia e preparação dos modelos – como fora já discutido. Nos últimos anos, a mídia tem se utilizado de novos artifícios para apresentar o padrão ideal nos estereótipos que exibe, sendo um deles a manipulação digital das fotografias após serem tiradas através de programas de computadores.<br />4.1. O FENÔMENO CHAMADO PHOTOSHOP<br />Com a evolução da informática e dos meios digitais ligados ou voltados a ela, tais como a máquina fotográfica digital, tornou-se possível o desenvolvimento de programas que tivessem como intenção principal a manipulação imagética. Estes eram inicialmente mais voltados para um controle de brilho ou efeitos de foque para que se pudesse obter uma imagem impressa melhorada. Porém, em uma sociedade já dominada pelo uso das fotografias, houve a necessidade de um programa mais eficiente, que poupasse aos fotógrafos boa parte de seu trabalho no momento de fotografar. Então, em 1990, surge um fenômeno conhecido atualmente mundo afora como Photoshop.<br />Adorado por uns, alvo principal da crítica de outros, o programa da marca Adobe, Photoshop, conquistou seu lugar de destaque ao tornar possível a reparação de qualquer aspecto que pudesse ser prejudicial a uma fotografia já existente. <br />Com ele tornou-se desnecessária toda aquela atenção para com o modelo escolhido ou ambientação e iluminação na hora de fotografar. Não que os mesmos tenham sido totalmente desconsiderados, mas o programa tornou possível não apenas a melhoria dos efeitos superficiais da imagem já citados, como também possibilitou a manipulação do espaço em que a fotografia fora tirada e modificação das características físicas do modelo que serviu a esta. Assim, pode-se esconder ou disfarçar características que fujam ao estereótipo de beleza adotado pela mídia, como cicatrizes, tatuagens, piercings, estrias, celulite, acne; sendo também possível refazer os detalhes ligados ao formato do corpo do modelo, como abrandamento de silhueta de mulheres, ou intensificação da definição dos músculos nos homens. Isso tudo, quando feito por profissionais – gratificante para estes e terrível para os receptores – de forma imperceptível a olhares amadores. <br />4.2. LIMITE<br />O problema maior de se proporcionar possibilidades, de fato, é que, ao não se estipular limites para as mesmas, ora ou outra surgirá seu uso abusivo. É o caso extremo a que se chegou quando a modelo considerada número 2 do mundo, Sasha Pivovarova, garota propaganda da mundialmente renomada Dior, desconheceu-se em sua própria fotografia para a campanha da coleção Inverno 2010 devido ao uso exagerado dos efeitos do Photoshop, cuja utilização a mesma permite e concorda desde que seja para deixá-la mais bonita.<br />A mídia, em sua busca obsessiva por perfeição, manipula por vezes a realidade de forma tão intensa e exagerada, que exacerba os limites do que se pode chamar real. Alguns veículos da mídia empolgaram-se tanto com a possibilidade de idealizar suas imagens, que atingiram o limite de tolerância de grande parte de profissionais ou receptores esclarecidos sobre o assunto.<br />O deputado brasileiro Wladimir Costa, por exemplo, chegou a propor um projeto de lei que previa multa entre 1500 e 50 mil reais para as agências de publicidade que se utilizassem do Photoshop para manipularem imagens de pessoas em seus anúncios. As mesmas deveriam passar a explicitar o uso do programa sob o aviso quot; Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratadaquot; (NOBRE, 2010). <br />O discurso do mesmo foi o de que quot; em tempos de Photoshop, a manipulação de imagens faz com que a fotografia seja muitas vezes radicalmente diferente da realidade. Manchas na pele são apagadas, rugas são cobertas, quilos a mais são extirpados. É difícil a um leigo perceber que o resultado final não é uma imagem originalquot; (COSTA apud NOBRE, 2010), argumento justo e comprovado no caso da modelo.<br />5. CONCLUSÃO<br />Como reflete Bosi (1977) em um de seus artigos a respeito de estereótipos “o espírito não deve imobilizar-se nem na aceitação, nem na negação, mas tem que se empenhar numa vontade em luta contra o falso, numa vontade de consciência total e prática”. Desse modo, os indivíduos não devem esperar que a mídia modifique seus estereótipos ou pare de transmiti-los, até mesmo por que, como fora apresentado e discutido, ambos constituem a essência da mesma, sendo impossível sua existência sem estes. E a idealização, embora lhe fosse um aspecto dispensável à existência, faz parte de seu caráter, e sua extinção em nada auxiliaria, tendo-se que os estereótipos ideais já se afixaram às mentalidades de todos.<br />De fato, a mídia revela seu cunho manipulador cada vez mais escrachadamente, distorcendo o mundo de forma tal a gerar outra realidade, que os indivíduos começam a perceber seu aspecto inatingível, mesmo que ainda se influenciem. <br />Portanto, a atitude de manter o equilíbrio entre o real e o ideal, abstendo-se ao perfeccionismo grego ou via Photoshop, deve partir daqueles que recebem as informações pela mídia. Não se trata de desconsiderar todos os estereótipos já existentes, pois como fora refletido, isso seria um retrocesso no processo de conhecimento; mas apenas buscar, por meio da observação atenta do mundo, transformar todos esses estereótipos, introduzidos na sociedade principalmente pela mídia, em conhecimento efetivo, para que se formem a partir daí não novos estereótipos, mas opiniões.<br />REFERÊNCIAS<br />1. ARTIGOSBOSI, E. A opinião e o estereótipo. In: Revista Contexto, n 2, mar. 1977, pág. 97-104TRINDADE, E. Estudos mediáticos da Publicidade. Revista Comunicação, cultura e cidadania. Campinas: Ed. Átomo/ CEPAC, METROCAMP. n 1. v2. 20072. LIVROSBAKHTIN, M.M. O Marxismo e a filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1981.BERTOMEU, J.V.C. et al. Criação visual e multimídia. São Paulo: Cengage Learning, 2010.CANCLINI, N.G. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. São Paulo: Ed. EFRJ, 1995.KIRKPATRICK, J. Em defesa da propaganda: argumentos a partir da razão do egoísmo ético e do capitalismo Laissez-Faire. São Paulo: 1977.LIPPMANN, W. Estereótipos. In: STEIMBERG, Ch. (org.) – Meios de Comunicação de Massa. Rio de Janeiro: Cultrix, 1980.MOTTER, M.L. Campo da Comunicação: cotidiano e linguagem. In: Bacegga, M.A. Gestão de processos comunicacionais. São Paulo: Atlas, 2002.SANT’ANNA, A. Propaganda, teoria, técnica e prática. São Paulo: Pioneira, 1999.3. WEB:GALILEU, Redação. Photoshop faz 20 anos. Revista Galileu Online, 2010. Disponível em:<http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI122591-17770,00-PHOTOSHOP+FAZ+ANOS+VEJA+CASOS+QUE+ENTRARAM+PARA+A+HISTORIA.html> Acesso em: 03 dez. 2010.NOBRE, N. Aviso sobre photoshop poderá ser obrigatório em publicidade. Agência Câmara de Notícias, 2010. Disponível em:<http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/COMUNICACAO/146095-AVISO-SOBRE-PHOTOSHOP-PODERA-SER-OBRIGATORIO-EM-PUBLICIDADE.html> Acesso em: 03 dez. 2010.SCHIMIDT, F. Top nº2 do mundo, russa Sasha Pivovarova não se reconheceu em nova campanha da Dior. Site Uol, 2010. Disponível em:<http://estilo.uol.com.br/moda/ultnot/2010/07/13/top-n2-do-mundo-russa-sasha-pivovarova-nao-se-reconheceu-em-nova-campanha-da-dior.jhtm> Acesso em: 03 dez. 2010.<br />