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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT
         P. IMAGEM E SEMIÓTICA



         DANIEL SIMÕES CALDAS
            DILSON FERRAZ
         ISAAC BUZZOLA CHENE
            ISIS GUIMARÃES




ANÁLISE SEMIÓTICA DO FILME LABIRINTO DO
                FAUNO




                Aracaju
               Maio, 2012
Análise Semiótica – O Labirinto do Fauno
                  Última cena do filme.De 1:38:00 à 1:52:00



Apresentação

“Espanha, 1944. A guerra civil terminou. Escondidos nas montanhas, grupos
armados ainda combatem o novo regime fascista que luta para suprimi-los.”

Apenas por esta introdução, já dá para situar o período histórico e o contexto
social do filme. Próximo ao fim da 2ª guerra, a Espanha passa por um período
complicado sobre o domínio do regime fascista. A população é reprimida pelos
militares, a distribuição de suprimentos para pequenos agricultores é limitada,
pouca perspectiva de desenvolvimento social, enfim, um momento complicado
na história do país. Porém, “O Labirinto do Fauno” não é um filme,
necessariamente, sobre esta situação na Espanha, apenas utiliza da mesma
para contextualizar a história de uma garota,a Ofélia.

Uma viagem pela imaginação de uma criança que vivencia aquela realidade.O
filme mostra, através de cenas com diferentes sentidos, a representação de
fatos através de objetos, criaturas e ações, interpretadas por uma menina.

Guillermo Del Toro, diretor, utilizando técnicas de filmagem e edição para a
construção de sentido, faz um trabalho brilhante ao saber intercalar sutilmente
as cenas onde a perspectiva imaginativa da garota está ativa, diferente da
realidade crua das outras pessoas que estão vivenciando o mesmo contexto
histórico.

A primeira cena do filme é o que dá cabo a todas as outras, pois introduz à
pessoa que está assistindo, certos “pontos-chave” para ainterpretação de todas
as cenas marcantes do filme.

______________
Sobre Guillermo Del Toro


            Guillermo Del Toro, diretor do filmeOLabirinto do Fauno, fascinado
por filmes de terror, nasceu em 9 de outubro de 1964, na cidade de
Guadalajara, México. Del Toro possui uma carreira incrível como diretor de
cinema. Assim como o filme Labirinto do Fauno, Guillermo também dirigiu
Mutação (Mimic – 1997), seu primeiro filme feito em Hollywood, A Espinha do
Diabo (2001), Blade II (2002), e Hellboy (2004).

            Por ser fanático por filme de terror, nos anos 80 Guillermo abriu sua
primeira empresa, Neocrofia. A empresa era especializada em maquiagem
para filmes do gênero e que foi seu primeiro passo para iniciar a carreira como
diretor de cinema. Seu longa-metragem, Cronos (1993), lhe rendeu o prêmio
Ariel de Ouro em várias categorias, dentre elas: Direção, Roteiro e o de Melhor
Filme. Por fim, no mesmo ano, graças ao seu belo trabalho com o filme, a
produção foi escolhida para representar o México na categoria filme estrangeiro
do Oscar.

            OLabirinto do Fauno, fábula ambientada em 1944, logo após a
vitória do general Francisco Franco no pós-guerra fascista, recebeu imensos
elogios em festivais e cimentou o seu nome, “Del Toro”, entre os grandes
cineastas da atualidade.

            Por curiosidade, o diretor coleciona imagens de santos e anjos que é
uma de suas marcas registradas. Sempre estão presentes de alguma forma em
seus filmes. Ele é um Católico firmado, chega até ser irônico seu gosto pelo
terror e por personagens bestiais.

____________________
Análise da primeira cena


            O filme começa mostrando os últimos momentos da vida de Ofélia.
Ela está deitada no chão com sangue no nariz. O tempo está retornando (na
cena), há a introdução da fala do narrador, o Fauno, que conta a história de
uma princesa que sonhava em conhecer o mundo dos humanos. Um tanto
confuso num primeiro momento, porém, o objetivo desta cena é situar o
verdadeiro objetivo do filme. A câmera se aproxima do rosto da menina, o
sangue volta para dentro das narinas e propositalmente “entramos” na cabeça
dela a partir de um efeito de câmera.Esta é a referência principal que o diretor
expõe, para mostrar que durante toda a trama haverá uma relação entre a
interpretação de mundo da garota com o contexto da história.

            A narrativa que segue ocorre em um local fantástico. Mostra uma
garota correndo pelas ruas desta que aparenta ser uma cidade subterrânea.
Conta-se a história de uma “princesa”que sempre sonhou em conhecer o
mundo dos humanos, porém,ao escapar da cidade, quebrando as regras do
pai, o rei, esquece-se de sua história, de sua verdadeiraorigem. A princesa, por
não estar acostumada às condições do mundo humano, sofre, vindo a morrer
com o passar dos anos. Claro que como quase toda história de fantasia, seu
espírito continuou vivo e está predestinado a retornar emoutro corpo, em outro
tempo.

            Analisando as características da cena, o “local fantástico” representa
a mente das crianças. “Um mundo onde não se conhece a mentira nem a dor”,
é a inocência sendo caracterizada. A vontade da princesa de conhecer o
mundo dos humanos representa o encontroda mente jovem à realidade, o
desejo e a curiosidade de saber o que há além da imaginação.A “princesa” e
seu espírito são parte da mente e do comportamentoda Ofélia. Representam
seus sonhos, suas vontades, sua curiosidade, o seu “Eu Maior”. Ao final desta
introdução “fantástica”, há a transição para o “mundo real”, onde a narrativa
nos dá mais algumas informações relevantes para a construção de sentido da
história.
A cena inicia com alguns carros na estrada indo em direção ao
campo do capitão Vidal. Em um dos carros está Ofélia e sua mãe,
Carmen.Ofélia está folheando um livro, até que sua mãe a pára e critica o fato
dela ainda gostar de “bobagens” como contos de fadas. Logo após dizer isso,
sente-se mau e pede para parar o carro. Ambas saem do carro eum dos
oficiais vai socorrê-la, mandando alguém “Trazer água para a esposa do
capitão!”. De cara, é perceptível o diretor querermostrar que haverá confrontos
entre as questões autoritárias dos militares Fascistas e a bondade daquelas
mulheres.

            Ofélia repara uma estranha estrutura nas imediações e carrega a
pedra que encontrou no chão para colocar no encaixe em formato de olho da
figura. Logo após isso, um inseto aparece na boca da mesma e interage com a
menina. A mãe dela a chama, Ofélia diz que viu uma “fada”. Carmen não dá
muito valor e a traz para o carro. Pouco antes de chegar (ao carro), diz que
quando conhecer o capitão deve cumprimentá-lo e chama-lo de “pai”. Ainda
ressalta que é apenas uma palavra, o que, claramente, há uma série de razões
para Ofélia não acreditar nisso. Ao final, o inseto esconde-se atrás de uma
pedra e, inteligentemente, acompanha o percurso do carro até o campo do
capitão.

            Ao chegar ao destino, Vidal cita os 15 minutos de atraso da comitiva.
Ele cumprimenta Carmen e a obriga, de certa maneira, a sentar em uma
cadeira de rodas. Ofélia sai do carro e tenta cumprimentar o capitão. Ele
segura a mão dela com força e tenta disciplina-la. Depois dá ordens a
Mercedes, governanta da casa de campo, para levar as malas para dentro e se
retira de cena. Ofélia vê o inseto que havia encontrado antes, ela o segue até
chegar a um labirinto. Sente-se tentada a entrar, porém Mercedes a impede e
tenta trazê-la de volta para casa, dizendo que “seu pai” a está esperando. A
menina deixa claro que ele não é seu verdadeiro pai e que, para ela (Ofélia),
está bastante claro quem é o legítimo ente.

            Foi preciso colocar detalhadamente toda a cena neste texto, pois é
preciso explicar cada detalhe utilizado para a construção de sentido. A
interpretação desta é crucial para a interpretação dos signos das outras e
principalmente para a que nós escolhemos, a última.

           A construção de sentido do que os signos representam começa no
momento que a figura da “fada” é exibida enquanto Ofélia folheia seu livro. Ela
é completamente preta, sem nenhuma referência de expressão. É uma
incógnita, uma dúvida. Se notar, em todas as histórias de contos de fadas,
percebe-se que as “fadas” sempre acompanham o(a) herói/heroína. A “fada”
aqui representa a dúvida gerada pela curiosidade. Sendo esta o “guia” da vida.
Seguimos em frente porque queremos respostas, as dúvidas estão sempre
conosco, nos mostrando caminhos para tirarmos nossas conclusões.

           O segundo signo é a mãe de Ofélia, aparentemente triste por toda a
situação que está vivendo. A mãe por se só é a figura de proteção e conforto
de Ofélia, além de uma de suas motivações para encontrar respostas. O fato
de ela estar doente por conta do filho que está por vir, o filho do capitão,
representa as consequências das ações ditatoriais na vida das pessoas
daquela época. Não é o bebê que é a “doença” da mãe, mas sim o capitão.
Fato que deixa claro como as atitudes autoritárias buscam se proliferar, mas
não entendem que os mais novos também são cabeças pensantes e que não
necessariamente vão seguir os mesmo dogmas da sociedade que eles,
fascistas, buscam construir. - É possível concluir isso ao assistir o final do filme.

           O fato de a mãe precisar sair do carro para respirar, desvalorizando
o gosto da filha por contos de fadas, mostra o choque entre a leveza da vida
inocente e mágica para com a vida regrada e autoritária dos militares
“homens”. Da vida bruta que se diz “respeitosa” e “disciplinada” da época.

           Ao sair do carro, Ofélia bate o pé em uma pedra, “uma pedra no
meio do caminho”, na qual ela a leva para a antiga estátua no meio da floresta,
encontrando a inteligente “fada”. Tenta agarra-la, porém sem êxito. Ainda não
estava na hora dela “agarrar aquela oportunidade”. Não pelo acaso, mas pelo
destino, ela encontrará sua dúvida novamente e isto a levará para um lugar
com apenas uma saída e muitos espaços sem destino, O Labirinto do Fauno.
Mas chegaremos lá mais a frente.
Ofélia volta para a mãe dizendo o que havia encontrado, porém a
mãe não dá muito valor. Há razão nesta atitude, afinal “encontrar uma fada” é
um absurdo. Retornar ao carro e Carmen falar para Ofélia chamar o capitão
Vidal de “pai” representa o regresso à submissão daquela família ao regime
autoritário, onde as falsas considerações são atitudes de “respeito”.

           Ao chegar ao campo e encontrar com o capitão Vidal, fica claro, a
partir das atitudes do mesmo, que ele representa o autoritarismo Fascista já
citado antes. Nesta parte, de acordo com esta análise semiótica, o fator que
realmente importa para a construção de sentido, é o encontro da Ofélia com o
labirinto após seguir o inseto por uns instantes.

           A representação disto é simples. Como a “fada” representa as
dúvidas que nos acompanham e nos guiam, ao seguir a mesma, Ofélia se
depara com sua mente, que seria a representação do labirinto. Um labirinto é
um espaço onde há apenas uma saída a partir de caminhos que podem ser
becos sem destino ou não. Representa os nossos acertos e erros durante a
busca pelo Eu Maior. No caso aqui, a “princesa” interior de Ofélia.

         Ressaltar estes pontos da cena é importante para a trama, pois
apresenta ao público qual tipo de história será contada. Todas as
características do filme estão ali. A família “tradicional” e confusa (Ofélia, Vidal,
Carmen e o Bebê), a repressão ao povo (Atitudes da mãe em relação ao
contexto da história), a disciplina através da dor (o segurar forte da mão de
Ofélia pelo capitão), o “vírus” do autoritarismo caminhando junto à nova
esperança (a gravidez e o bebê), a fantasia da mente imaginativa (A
interpretação do inseto de Ofélia) as dúvidas (a “fada”) e as consequências
pelos sacrifícios feitos (A morte de Ofélia no início).

______________
O Fauno


          Outro ponto crucial para a interpretação, não só da última, como de
todas as cenas, é saber o que o Fauno representa.Primeiramente, o que raios
é um Fauno? De acordo com a explicação do mesmo no filme, ele é “algo ou
alguém que já foi chamado por diversos nomes, mas que apenas os ventos e
as árvores podem realmente dizer quem realmente é. Diz que é „as montanhas,
a terra, os bosques...‟”, conclui dizendo que é um “Fauno”, súdito da “princesa”
Moanna, guardião do último portal para o reino do verdadeiro pai de Ofélia.

          Pela primeira explicação que ele deu, pode-se considerar que este
Fauno é a representação da natureza, ou talvez de “Deus”. Nesta história, ele
representa o meio que Ofélia possui para encontrar seu verdadeiro “Eu”. Para
isso, o Fauno precisa assegurar que a essência da “princesa” não foi perdida.
Ou seja, para encontrar a se mesma, Ofélia precisa se provar e ter a certeza
que mesmo vivenciado a realidade brutal do autoritarismo Fascista, não perdeu
seus valores, princípios, bondade e pureza.

          Este tipo de cena também vale para uma reflexão sobre o que nós,
seres racionais, fazemos para encontrar nosso eu interior. Não apenas uma
representação do que aconsciência de Ofélia está buscando passar para ela,
mas também é uma característica de cada ser humano ter seus meios
específicos de encontrar o eu interior.

______________
Análise da Última Cena


           A última cena do filme é crucial para o entendimento do mesmo, pois
é onde o clímax da história ocorre. “A grande mudança da narração”.

           A cena começa com Ofélia escondida atrás de uma mesa, na sala
de Vidal, com um pedaço de giz na mão e esperando pela chance para pegar
seu irmão para fugir. A cena se desenrola, até o capitão ser informado que um
de seus soldados voltou ferido da floresta. Ele sai da sala, dando oportunidade
para Ofélia pegar seu irmão e fugir.

           Antes de pegar o bebê, a garota coloca o remédio de sua mãe na
bebida de Vidal. A cena desenvolve-se mais um pouco até o momento emque
há uma explosão. Fica claro que está ocorrendo uma invasão dos rebeldes
àbase militar.

           Ofélia foge do capitão, pois ele a vê com seu filho. Vidal cambaleia
armado em direção à garota para recuperar seu filho. A perseguição continua
até chegarem ao Labirinto do Fauno.Ofélia foge pelo labirinto até chegar a um
beco sem saída. Estranhamente, a vegetação se abre, dando espaço para o
fim do Labirinto, onde se encontra o Fauno, aguardando para abrir o portal. O
capitão não consegue a mesma oportunidade, tendo que arrodear o labirinto,
até encontrar o mesmo local.

           O Fauno estava aguardando Ofélia trazer o bebê. Ele pede o mesmo
para conseguir um pouco de sangue para que o portal se abra. Ofélia recusa a
entrega e o Fauno se irrita, dizendo que ela não poderá atravessar o portal até
entregar o bebê. A discussão continua até que Vidal encontra a garota. Ele vê
Ofélia brigando com o “nada”, pois não consegue ver o Fauno. O capitão pega
o bebê dos braços da garota e dá um tiro no estomago da mesma, a deixando
para morrer.
Ao sair do labirinto, Vidal encontra os rebeldes o aguardando.
Procura fazer algumas exigências, até que Mercedes o interrompe e diz que
ele será esquecido, até pelo próprio filho. Logo após isso, ela entra no labirinto
e encontra Ofélia, deitada, sangrando. Daí, retornamos a cena inicial do filme.

            Antes da análise geral desta cena, fizemos uma análise psicológica
dos personagens. É possível notar algumas reações interessantes. Por
exemplo,enquanto o Capitão Vidal lava a ferida em seu rosto, percebe-se que
ele, ao costurar sua boca, demonstra dor, mas nada que o faça perder sua
postura. O que se pode concluir é que ele está “surpreso” com o que aconteceu
durante a tortura de Mercedes. Mesmo coma dor física, o capitãotransparece,
de certa forma, tranquilidade e confiança. Já Ofélia, que está escondida em
baixo da mesa, pela sua respiração rápida, estácom medo do Capitão
aencontrar. Pode-se notar o quão frias e rígidas são as emoções do capitão,
enquanto as de Ofélia, não apenas pelo simples fato de ser uma criança, são
sensíveis e flexíveis. Ele age, durante toda a trama, pela força e agressividade,
não possuindo alterações relevantes de perfil em nenhum momento da história,
enquanto ela (Ofélia) sempre está curiosa e ousada, buscando suas respostas.
O Fauno, que não podemos deixar de citar, age de acordo com as ações de
Ofélia, demonstrando sempre confiança no que diz, porém aborrece-se quando
não fazem o que manda. Como no filme ele representa um ser mágico, nada
mais justo do que ele ter esse “ar” de superioridade dentro dele.

            Outro aspecto importante de citar é em relação à trilha sonora. De
acordo com as ações dos personagens na cena, ela fixa a atenção de quem
está assistindo,gerando curiosidade, aflição ou tensão se, por exemplo, o
capitão irá achar Ofélia em baixo da mesa, ou enquanto ele corre atrás dela no
labirinto, ou no momento da canção de ninar da Mercedes para Ofélia
enquanto morre aos poucos. Cada cena está de acordo com seu tema
esperado.
Agora analisando esta última cena, é possível perceber alguns
pontos interessantes. Além de todo o clichê de no final o “bem” vencer, os
rebeldes conseguirem, finalmente, derrotar o capitão malvado e isto
representar o fascismo não sendo aceito pela população espanhola, há a
questão do encontro da Ofélia com seu interior. Ocorrendo apenas em sua
morte.

            Ela pegar o irmão e levar para o Fauno, representa uma junção
entre esperança e desespero. Ela queria fugir de tudo que vivia, queria ir para
seu reino encantado. É conflituoso para uma mente de uma criança viver o que
Ofélia viveu.

            Ao correr pelo labirinto, fugindo do capitão, e segurando o irmão,
representa a transição de mente, o “mudar”. O bebê significa o “novo”, ainda
sem experiência, a nossa esperança interior de que virá algo melhor. Já o
capitão é o passado conturbado da garota querendo pará-la, querendo tomar
sua esperança e mata-la no esquecimento, na dúvida e na dor. O labirinto é a
consciência, como dito antes, são os caminhos que temos que trilhar até
chegar à saída, e como já diziam os Sábios do Nepal: “O ponto final de sua
jornada, é o seu „Eu‟.”.

            Recusando entregar o bebê ao Fauno, Ofélia sente o medo de ousar
sacrificar sua esperança pela promessa que o Fauno lhe fez. Neste momento,
a criatura passa a ter um perfil mais agressivo, levando a nós, que estamos
assistindo, nos questionarmos se o que ele representa na história é bom, mal
ou indiferente. Mas, podemos concluir queo reino do pai de Oféliaé sua própria
fantasia.

            A morte de Ofélia no final representa a imortalidade de sua
consciência, pois, já que seu sangue foi derramado, ao invés de ser o do bebê,
ela passa a ter seu equilíbrio de consciência em forma de energia, em seu
próprio paraíso.Cabe aqui incluir um fato interessante que melhor explique o
parágrafo anterior e também sobre o Guillermo Del Toro.Por mais que ele seja
uma pessoa religiosa, no momento que a câmera “entra” na cabeça de Ofélia e
mostra o reino de seu pai, Guillermo demonstra conhecimento e imparcialidade
em relação as teorias religiosas e científicas do pós-morte. Explicaremos
melhor.

           De acordo com o filme MontyPyton – O Sentido da Vida, e com
teorias científicas sobre o universo, é dito que “A alma é constituída através de
um exercício da consciência”. Ou seja, Guillermo nos mostra que o “paraíso”,
seja a pessoa que está assistindo crente ou não, pode existir a partir de sua
própria fé e que podemos criar qualquer tipo de realidade a partir da nossa
imaginação, a partir do que acreditamos que é real.

           Para concluir, o fato dos rebeldes pegarem o bebê no final,
representa a imortalidade de Ofélia para seus próximos. Uma nova mudança
para eles, uma nova forma de viver, uma nova perspectiva, sem o passado do
capitão para aterrorizá-los.
FICHA TÉCNICA

Diretor: Guillermo Del Toro

Elenco: Ivana Baquero, Doug Jones, Sergi López, Ariadna Gil, MaribelVerdú,
Alex Ângulo, Roger Casamajor, César Bea

Produção: Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro, Álvaro Augustín, Bertha
Navarro, Frida Torresblanco

Roteiro: Guillermo Del Toro

Fotografia: Guillermo Navarro

Trilha Sonora: Javier Navarrete

Duração: 117 min.

Ano: 2006

País: México/ Espanha

Gênero: Drama

Estúdio: Tequila Gang

Classificação: 16 anos

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Análise Semiótica - O Labirinto do Fauno - Primeira e Última Cena

  • 1. UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT P. IMAGEM E SEMIÓTICA DANIEL SIMÕES CALDAS DILSON FERRAZ ISAAC BUZZOLA CHENE ISIS GUIMARÃES ANÁLISE SEMIÓTICA DO FILME LABIRINTO DO FAUNO Aracaju Maio, 2012
  • 2. Análise Semiótica – O Labirinto do Fauno Última cena do filme.De 1:38:00 à 1:52:00 Apresentação “Espanha, 1944. A guerra civil terminou. Escondidos nas montanhas, grupos armados ainda combatem o novo regime fascista que luta para suprimi-los.” Apenas por esta introdução, já dá para situar o período histórico e o contexto social do filme. Próximo ao fim da 2ª guerra, a Espanha passa por um período complicado sobre o domínio do regime fascista. A população é reprimida pelos militares, a distribuição de suprimentos para pequenos agricultores é limitada, pouca perspectiva de desenvolvimento social, enfim, um momento complicado na história do país. Porém, “O Labirinto do Fauno” não é um filme, necessariamente, sobre esta situação na Espanha, apenas utiliza da mesma para contextualizar a história de uma garota,a Ofélia. Uma viagem pela imaginação de uma criança que vivencia aquela realidade.O filme mostra, através de cenas com diferentes sentidos, a representação de fatos através de objetos, criaturas e ações, interpretadas por uma menina. Guillermo Del Toro, diretor, utilizando técnicas de filmagem e edição para a construção de sentido, faz um trabalho brilhante ao saber intercalar sutilmente as cenas onde a perspectiva imaginativa da garota está ativa, diferente da realidade crua das outras pessoas que estão vivenciando o mesmo contexto histórico. A primeira cena do filme é o que dá cabo a todas as outras, pois introduz à pessoa que está assistindo, certos “pontos-chave” para ainterpretação de todas as cenas marcantes do filme. ______________
  • 3. Sobre Guillermo Del Toro Guillermo Del Toro, diretor do filmeOLabirinto do Fauno, fascinado por filmes de terror, nasceu em 9 de outubro de 1964, na cidade de Guadalajara, México. Del Toro possui uma carreira incrível como diretor de cinema. Assim como o filme Labirinto do Fauno, Guillermo também dirigiu Mutação (Mimic – 1997), seu primeiro filme feito em Hollywood, A Espinha do Diabo (2001), Blade II (2002), e Hellboy (2004). Por ser fanático por filme de terror, nos anos 80 Guillermo abriu sua primeira empresa, Neocrofia. A empresa era especializada em maquiagem para filmes do gênero e que foi seu primeiro passo para iniciar a carreira como diretor de cinema. Seu longa-metragem, Cronos (1993), lhe rendeu o prêmio Ariel de Ouro em várias categorias, dentre elas: Direção, Roteiro e o de Melhor Filme. Por fim, no mesmo ano, graças ao seu belo trabalho com o filme, a produção foi escolhida para representar o México na categoria filme estrangeiro do Oscar. OLabirinto do Fauno, fábula ambientada em 1944, logo após a vitória do general Francisco Franco no pós-guerra fascista, recebeu imensos elogios em festivais e cimentou o seu nome, “Del Toro”, entre os grandes cineastas da atualidade. Por curiosidade, o diretor coleciona imagens de santos e anjos que é uma de suas marcas registradas. Sempre estão presentes de alguma forma em seus filmes. Ele é um Católico firmado, chega até ser irônico seu gosto pelo terror e por personagens bestiais. ____________________
  • 4. Análise da primeira cena O filme começa mostrando os últimos momentos da vida de Ofélia. Ela está deitada no chão com sangue no nariz. O tempo está retornando (na cena), há a introdução da fala do narrador, o Fauno, que conta a história de uma princesa que sonhava em conhecer o mundo dos humanos. Um tanto confuso num primeiro momento, porém, o objetivo desta cena é situar o verdadeiro objetivo do filme. A câmera se aproxima do rosto da menina, o sangue volta para dentro das narinas e propositalmente “entramos” na cabeça dela a partir de um efeito de câmera.Esta é a referência principal que o diretor expõe, para mostrar que durante toda a trama haverá uma relação entre a interpretação de mundo da garota com o contexto da história. A narrativa que segue ocorre em um local fantástico. Mostra uma garota correndo pelas ruas desta que aparenta ser uma cidade subterrânea. Conta-se a história de uma “princesa”que sempre sonhou em conhecer o mundo dos humanos, porém,ao escapar da cidade, quebrando as regras do pai, o rei, esquece-se de sua história, de sua verdadeiraorigem. A princesa, por não estar acostumada às condições do mundo humano, sofre, vindo a morrer com o passar dos anos. Claro que como quase toda história de fantasia, seu espírito continuou vivo e está predestinado a retornar emoutro corpo, em outro tempo. Analisando as características da cena, o “local fantástico” representa a mente das crianças. “Um mundo onde não se conhece a mentira nem a dor”, é a inocência sendo caracterizada. A vontade da princesa de conhecer o mundo dos humanos representa o encontroda mente jovem à realidade, o desejo e a curiosidade de saber o que há além da imaginação.A “princesa” e seu espírito são parte da mente e do comportamentoda Ofélia. Representam seus sonhos, suas vontades, sua curiosidade, o seu “Eu Maior”. Ao final desta introdução “fantástica”, há a transição para o “mundo real”, onde a narrativa nos dá mais algumas informações relevantes para a construção de sentido da história.
  • 5. A cena inicia com alguns carros na estrada indo em direção ao campo do capitão Vidal. Em um dos carros está Ofélia e sua mãe, Carmen.Ofélia está folheando um livro, até que sua mãe a pára e critica o fato dela ainda gostar de “bobagens” como contos de fadas. Logo após dizer isso, sente-se mau e pede para parar o carro. Ambas saem do carro eum dos oficiais vai socorrê-la, mandando alguém “Trazer água para a esposa do capitão!”. De cara, é perceptível o diretor querermostrar que haverá confrontos entre as questões autoritárias dos militares Fascistas e a bondade daquelas mulheres. Ofélia repara uma estranha estrutura nas imediações e carrega a pedra que encontrou no chão para colocar no encaixe em formato de olho da figura. Logo após isso, um inseto aparece na boca da mesma e interage com a menina. A mãe dela a chama, Ofélia diz que viu uma “fada”. Carmen não dá muito valor e a traz para o carro. Pouco antes de chegar (ao carro), diz que quando conhecer o capitão deve cumprimentá-lo e chama-lo de “pai”. Ainda ressalta que é apenas uma palavra, o que, claramente, há uma série de razões para Ofélia não acreditar nisso. Ao final, o inseto esconde-se atrás de uma pedra e, inteligentemente, acompanha o percurso do carro até o campo do capitão. Ao chegar ao destino, Vidal cita os 15 minutos de atraso da comitiva. Ele cumprimenta Carmen e a obriga, de certa maneira, a sentar em uma cadeira de rodas. Ofélia sai do carro e tenta cumprimentar o capitão. Ele segura a mão dela com força e tenta disciplina-la. Depois dá ordens a Mercedes, governanta da casa de campo, para levar as malas para dentro e se retira de cena. Ofélia vê o inseto que havia encontrado antes, ela o segue até chegar a um labirinto. Sente-se tentada a entrar, porém Mercedes a impede e tenta trazê-la de volta para casa, dizendo que “seu pai” a está esperando. A menina deixa claro que ele não é seu verdadeiro pai e que, para ela (Ofélia), está bastante claro quem é o legítimo ente. Foi preciso colocar detalhadamente toda a cena neste texto, pois é preciso explicar cada detalhe utilizado para a construção de sentido. A
  • 6. interpretação desta é crucial para a interpretação dos signos das outras e principalmente para a que nós escolhemos, a última. A construção de sentido do que os signos representam começa no momento que a figura da “fada” é exibida enquanto Ofélia folheia seu livro. Ela é completamente preta, sem nenhuma referência de expressão. É uma incógnita, uma dúvida. Se notar, em todas as histórias de contos de fadas, percebe-se que as “fadas” sempre acompanham o(a) herói/heroína. A “fada” aqui representa a dúvida gerada pela curiosidade. Sendo esta o “guia” da vida. Seguimos em frente porque queremos respostas, as dúvidas estão sempre conosco, nos mostrando caminhos para tirarmos nossas conclusões. O segundo signo é a mãe de Ofélia, aparentemente triste por toda a situação que está vivendo. A mãe por se só é a figura de proteção e conforto de Ofélia, além de uma de suas motivações para encontrar respostas. O fato de ela estar doente por conta do filho que está por vir, o filho do capitão, representa as consequências das ações ditatoriais na vida das pessoas daquela época. Não é o bebê que é a “doença” da mãe, mas sim o capitão. Fato que deixa claro como as atitudes autoritárias buscam se proliferar, mas não entendem que os mais novos também são cabeças pensantes e que não necessariamente vão seguir os mesmo dogmas da sociedade que eles, fascistas, buscam construir. - É possível concluir isso ao assistir o final do filme. O fato de a mãe precisar sair do carro para respirar, desvalorizando o gosto da filha por contos de fadas, mostra o choque entre a leveza da vida inocente e mágica para com a vida regrada e autoritária dos militares “homens”. Da vida bruta que se diz “respeitosa” e “disciplinada” da época. Ao sair do carro, Ofélia bate o pé em uma pedra, “uma pedra no meio do caminho”, na qual ela a leva para a antiga estátua no meio da floresta, encontrando a inteligente “fada”. Tenta agarra-la, porém sem êxito. Ainda não estava na hora dela “agarrar aquela oportunidade”. Não pelo acaso, mas pelo destino, ela encontrará sua dúvida novamente e isto a levará para um lugar com apenas uma saída e muitos espaços sem destino, O Labirinto do Fauno. Mas chegaremos lá mais a frente.
  • 7. Ofélia volta para a mãe dizendo o que havia encontrado, porém a mãe não dá muito valor. Há razão nesta atitude, afinal “encontrar uma fada” é um absurdo. Retornar ao carro e Carmen falar para Ofélia chamar o capitão Vidal de “pai” representa o regresso à submissão daquela família ao regime autoritário, onde as falsas considerações são atitudes de “respeito”. Ao chegar ao campo e encontrar com o capitão Vidal, fica claro, a partir das atitudes do mesmo, que ele representa o autoritarismo Fascista já citado antes. Nesta parte, de acordo com esta análise semiótica, o fator que realmente importa para a construção de sentido, é o encontro da Ofélia com o labirinto após seguir o inseto por uns instantes. A representação disto é simples. Como a “fada” representa as dúvidas que nos acompanham e nos guiam, ao seguir a mesma, Ofélia se depara com sua mente, que seria a representação do labirinto. Um labirinto é um espaço onde há apenas uma saída a partir de caminhos que podem ser becos sem destino ou não. Representa os nossos acertos e erros durante a busca pelo Eu Maior. No caso aqui, a “princesa” interior de Ofélia. Ressaltar estes pontos da cena é importante para a trama, pois apresenta ao público qual tipo de história será contada. Todas as características do filme estão ali. A família “tradicional” e confusa (Ofélia, Vidal, Carmen e o Bebê), a repressão ao povo (Atitudes da mãe em relação ao contexto da história), a disciplina através da dor (o segurar forte da mão de Ofélia pelo capitão), o “vírus” do autoritarismo caminhando junto à nova esperança (a gravidez e o bebê), a fantasia da mente imaginativa (A interpretação do inseto de Ofélia) as dúvidas (a “fada”) e as consequências pelos sacrifícios feitos (A morte de Ofélia no início). ______________
  • 8. O Fauno Outro ponto crucial para a interpretação, não só da última, como de todas as cenas, é saber o que o Fauno representa.Primeiramente, o que raios é um Fauno? De acordo com a explicação do mesmo no filme, ele é “algo ou alguém que já foi chamado por diversos nomes, mas que apenas os ventos e as árvores podem realmente dizer quem realmente é. Diz que é „as montanhas, a terra, os bosques...‟”, conclui dizendo que é um “Fauno”, súdito da “princesa” Moanna, guardião do último portal para o reino do verdadeiro pai de Ofélia. Pela primeira explicação que ele deu, pode-se considerar que este Fauno é a representação da natureza, ou talvez de “Deus”. Nesta história, ele representa o meio que Ofélia possui para encontrar seu verdadeiro “Eu”. Para isso, o Fauno precisa assegurar que a essência da “princesa” não foi perdida. Ou seja, para encontrar a se mesma, Ofélia precisa se provar e ter a certeza que mesmo vivenciado a realidade brutal do autoritarismo Fascista, não perdeu seus valores, princípios, bondade e pureza. Este tipo de cena também vale para uma reflexão sobre o que nós, seres racionais, fazemos para encontrar nosso eu interior. Não apenas uma representação do que aconsciência de Ofélia está buscando passar para ela, mas também é uma característica de cada ser humano ter seus meios específicos de encontrar o eu interior. ______________
  • 9. Análise da Última Cena A última cena do filme é crucial para o entendimento do mesmo, pois é onde o clímax da história ocorre. “A grande mudança da narração”. A cena começa com Ofélia escondida atrás de uma mesa, na sala de Vidal, com um pedaço de giz na mão e esperando pela chance para pegar seu irmão para fugir. A cena se desenrola, até o capitão ser informado que um de seus soldados voltou ferido da floresta. Ele sai da sala, dando oportunidade para Ofélia pegar seu irmão e fugir. Antes de pegar o bebê, a garota coloca o remédio de sua mãe na bebida de Vidal. A cena desenvolve-se mais um pouco até o momento emque há uma explosão. Fica claro que está ocorrendo uma invasão dos rebeldes àbase militar. Ofélia foge do capitão, pois ele a vê com seu filho. Vidal cambaleia armado em direção à garota para recuperar seu filho. A perseguição continua até chegarem ao Labirinto do Fauno.Ofélia foge pelo labirinto até chegar a um beco sem saída. Estranhamente, a vegetação se abre, dando espaço para o fim do Labirinto, onde se encontra o Fauno, aguardando para abrir o portal. O capitão não consegue a mesma oportunidade, tendo que arrodear o labirinto, até encontrar o mesmo local. O Fauno estava aguardando Ofélia trazer o bebê. Ele pede o mesmo para conseguir um pouco de sangue para que o portal se abra. Ofélia recusa a entrega e o Fauno se irrita, dizendo que ela não poderá atravessar o portal até entregar o bebê. A discussão continua até que Vidal encontra a garota. Ele vê Ofélia brigando com o “nada”, pois não consegue ver o Fauno. O capitão pega o bebê dos braços da garota e dá um tiro no estomago da mesma, a deixando para morrer.
  • 10. Ao sair do labirinto, Vidal encontra os rebeldes o aguardando. Procura fazer algumas exigências, até que Mercedes o interrompe e diz que ele será esquecido, até pelo próprio filho. Logo após isso, ela entra no labirinto e encontra Ofélia, deitada, sangrando. Daí, retornamos a cena inicial do filme. Antes da análise geral desta cena, fizemos uma análise psicológica dos personagens. É possível notar algumas reações interessantes. Por exemplo,enquanto o Capitão Vidal lava a ferida em seu rosto, percebe-se que ele, ao costurar sua boca, demonstra dor, mas nada que o faça perder sua postura. O que se pode concluir é que ele está “surpreso” com o que aconteceu durante a tortura de Mercedes. Mesmo coma dor física, o capitãotransparece, de certa forma, tranquilidade e confiança. Já Ofélia, que está escondida em baixo da mesa, pela sua respiração rápida, estácom medo do Capitão aencontrar. Pode-se notar o quão frias e rígidas são as emoções do capitão, enquanto as de Ofélia, não apenas pelo simples fato de ser uma criança, são sensíveis e flexíveis. Ele age, durante toda a trama, pela força e agressividade, não possuindo alterações relevantes de perfil em nenhum momento da história, enquanto ela (Ofélia) sempre está curiosa e ousada, buscando suas respostas. O Fauno, que não podemos deixar de citar, age de acordo com as ações de Ofélia, demonstrando sempre confiança no que diz, porém aborrece-se quando não fazem o que manda. Como no filme ele representa um ser mágico, nada mais justo do que ele ter esse “ar” de superioridade dentro dele. Outro aspecto importante de citar é em relação à trilha sonora. De acordo com as ações dos personagens na cena, ela fixa a atenção de quem está assistindo,gerando curiosidade, aflição ou tensão se, por exemplo, o capitão irá achar Ofélia em baixo da mesa, ou enquanto ele corre atrás dela no labirinto, ou no momento da canção de ninar da Mercedes para Ofélia enquanto morre aos poucos. Cada cena está de acordo com seu tema esperado.
  • 11. Agora analisando esta última cena, é possível perceber alguns pontos interessantes. Além de todo o clichê de no final o “bem” vencer, os rebeldes conseguirem, finalmente, derrotar o capitão malvado e isto representar o fascismo não sendo aceito pela população espanhola, há a questão do encontro da Ofélia com seu interior. Ocorrendo apenas em sua morte. Ela pegar o irmão e levar para o Fauno, representa uma junção entre esperança e desespero. Ela queria fugir de tudo que vivia, queria ir para seu reino encantado. É conflituoso para uma mente de uma criança viver o que Ofélia viveu. Ao correr pelo labirinto, fugindo do capitão, e segurando o irmão, representa a transição de mente, o “mudar”. O bebê significa o “novo”, ainda sem experiência, a nossa esperança interior de que virá algo melhor. Já o capitão é o passado conturbado da garota querendo pará-la, querendo tomar sua esperança e mata-la no esquecimento, na dúvida e na dor. O labirinto é a consciência, como dito antes, são os caminhos que temos que trilhar até chegar à saída, e como já diziam os Sábios do Nepal: “O ponto final de sua jornada, é o seu „Eu‟.”. Recusando entregar o bebê ao Fauno, Ofélia sente o medo de ousar sacrificar sua esperança pela promessa que o Fauno lhe fez. Neste momento, a criatura passa a ter um perfil mais agressivo, levando a nós, que estamos assistindo, nos questionarmos se o que ele representa na história é bom, mal ou indiferente. Mas, podemos concluir queo reino do pai de Oféliaé sua própria fantasia. A morte de Ofélia no final representa a imortalidade de sua consciência, pois, já que seu sangue foi derramado, ao invés de ser o do bebê, ela passa a ter seu equilíbrio de consciência em forma de energia, em seu próprio paraíso.Cabe aqui incluir um fato interessante que melhor explique o parágrafo anterior e também sobre o Guillermo Del Toro.Por mais que ele seja uma pessoa religiosa, no momento que a câmera “entra” na cabeça de Ofélia e mostra o reino de seu pai, Guillermo demonstra conhecimento e imparcialidade
  • 12. em relação as teorias religiosas e científicas do pós-morte. Explicaremos melhor. De acordo com o filme MontyPyton – O Sentido da Vida, e com teorias científicas sobre o universo, é dito que “A alma é constituída através de um exercício da consciência”. Ou seja, Guillermo nos mostra que o “paraíso”, seja a pessoa que está assistindo crente ou não, pode existir a partir de sua própria fé e que podemos criar qualquer tipo de realidade a partir da nossa imaginação, a partir do que acreditamos que é real. Para concluir, o fato dos rebeldes pegarem o bebê no final, representa a imortalidade de Ofélia para seus próximos. Uma nova mudança para eles, uma nova forma de viver, uma nova perspectiva, sem o passado do capitão para aterrorizá-los.
  • 13. FICHA TÉCNICA Diretor: Guillermo Del Toro Elenco: Ivana Baquero, Doug Jones, Sergi López, Ariadna Gil, MaribelVerdú, Alex Ângulo, Roger Casamajor, César Bea Produção: Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro, Álvaro Augustín, Bertha Navarro, Frida Torresblanco Roteiro: Guillermo Del Toro Fotografia: Guillermo Navarro Trilha Sonora: Javier Navarrete Duração: 117 min. Ano: 2006 País: México/ Espanha Gênero: Drama Estúdio: Tequila Gang Classificação: 16 anos