O documento discute a crítica feita pelos Annales à história "tradicional" no início do século 20 e os pontos em comum entre a abordagem dos Annales e a concepção marxista de história, como a ênfase na síntese global que explique a sociedade como uma totalidade estruturada e a vinculação da pesquisa histórica com preocupações do presente.
2. Os Annales OS ANNALES É a partir da década de 1920 que assistiremos o início de uma crítica mais sistematizada a esta história "tradicional", crítica essa que será implacável especialmente em relação à história política, definida nos moldes de então. Cabe lembrar que esta crítica se realizou através de duas vertentes principais. A primeira seria constituída na França a partir dos anos 20 pela crítica dos Annales à essa história "tradicional". Lucien Febvre e March Bloch deram então início a uma nova produção historiográfica, movimento esse hoje denominado como a Nova História.
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4. Avanço para o Social · É uma definição que deixa muito pouca coisa de fora; conseqüentemente, em seu suposto avanço rumo à “história total”, perde toda especificidade. O PARADIGMA DA ANNALES: · O paradigma da Annales constitui uma indagação sobre como funciona um dos sistemas de uma coletividade em termos de suas múltiplas dimensões temporais, espaciais, humanas, sociais, econômicas, culturais e circunstanciais.
5. Década de 80 Mudança importante: · Interesse tanto dos marxistas quanto dos adeptos da Annales pela história da cultura. · Na história de inspiração marxista, o desvio para a cultura já estava presente na obra de Thompson sobre a classe operária inglesa. · Thompson rejeitou explicitamente a metáfora de base/superestrutura e dedicou-se ao estudo daquilo que chamava “mediações culturais e morais”.
6. História Tradicional ou Rankeada "Rankeana“: a visão do senso comum da história por ser considerada, com muita freqüência, "a" maneira de se fazer história, ao invés de ser considerada uma dentre várias abordagens possíveis do passado.
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8. História Tradicional - Oferece uma visão de cima, no sentido de concentrar-se em "grandes" feitos de "grandes" homens (estadistas, generais, eclesiásticos). Ao resto da humanidade é destinado um papel secundário no drama da história. - Enfatiza bases escritas, documentos oficiais, emanados de governos e preservados em arquivos. Negligencia outros tipos de evidências e classifica o período anterior a escrita como pré-história. - Pretende-se objetiva: a tarefa do historiador é apresentar aos leitores os fatos, ou como apontou Ranke (1795-1886), dizer "como (os fatos) realmente aconteceram, (...) os leitores deveriam ser incapazes de dizer onde um colaborador iniciou (a pesquisa) e outro continuou."
9. Pontos comuns entre o grupo dos Annales e a concepção marxista de história 1. Reconhecimento da necessidade de uma síntese global que explique tanto as articulações entre os níveis que fazem da sociedade humana uma totalidade estruturada quanto às especificidades no desenvolvimento de cada nível. 2. Convicção de que a consciência que os homens de determinada época têm da sociedade em que vivem não coincide com a realidade social da época em questão. 3. Respeito pela especificidade histórica de cada período e sociedade (Ex.: as leis econômicas só valem, em princípio, para o sistema econômico em função do qual foram elaboradas). 4. Aceitação da inexistência de fronteiras estritas entre as ciências sociais (sendo a história uma delas).
10. Pontos comuns entre o grupo dos Annales e a concepção marxista de história 5. Vinculação da pesquisa histórica com as preocupações do presente (passar da "história-narração" a uma "história-problema" mediante a formulação de hipótese de trabalho). 6. Consciência da pluralidade dos níveis de temporalidade (a curta duração dos acontecimentos; o tempo médio e múltiplo das conjunturas; a longa duração das estruturas). Ex.: as mentalidades mudam mais lentamente que aspectos econômicos e estes mais lentamente que as técnicas. 7. Preocupação com o espaço (história espacialmente pensada). 8. História como "ciência do passado" e "ciência do presente" simultaneamente (a história-problema é uma iluminação do presente e permite, a partir do passado, compreender melhor as lutas de hoje ao mesmo tempo que o conhecimento do presente é condição para outros períodos históricos).