1. Bob Dylan ESAA 2010/2011
Bob Dylan
Realizado por Mariana Queiroga no âmbito da
disciplina de Português
Professora Marcela Neves
Escola Secundária Artística António Arroio
Ano Lectivo 2010 / 2011
Realizado por Mariana Queiroga Página 1
2. Bob Dylan ESAA 2010/2011
Introdução
Bob Dylan é considerado um dos músicos mais relevantes e
revolucionários do século XX, tendo também trabalhos na área do Cinema
como actor, realizador e argumentista, nas artes plásticas com algumas
exposições realizadas em todo o mundo e como escritor com o livro de
poesia Tarantula de 1966 e a sua autobiografia Chronicles, esta última
dividida em três volumes, tendo o primeiro sido lançado em 2004.
Biografia
Dylan nasceu no mês de Maio
do ano de 1941, em Minnesota, nos
Estados Unidos, sob o nome Robert
Allen Zimmerman. Ambos os seus
avós maternos e paternos eram
imigrantes vindos de territórios
então pertencentes ao Império
Russo, refugiados na América devido
a práticas anti-semíticas que se
alastravam gradualmente pela
Europa. Teve uma educação
tipicamente judaica e, desde muito cedo, esteve ligado à música, numa
altura em que o rock ‘n’ roll se expandia pelo mundo e se tornava cada vez
mais acessível aos jovens. No ano de 1959, Dylan entrou para a faculdade
de Artes na Universidade de Minnesota, abandonando o curso no ano
seguinte. Durante o período em que lá esteve a estudar, desenvolveu uma
paixão pela música Folk e começou a tocar em bares à volta do campus
sob o nome artístico pelo qual é conhecido até aos dias de hoje.
Realizado por Mariana Queiroga Página 2
3. Bob Dylan ESAA 2010/2011
Em 1961 mudou-se para
Nova Iorque para visitar o seu
grande ídolo Woody Guthrie,
que se encontrava em estado
terminal no Greystone Park
Psychiatric Hospital. Durante
este ano, Bob actuou em ruas,
bares e clubes, ganhando
alguma fama e sendo convidado
a participar como
instrumentista em álbuns de
outros cantores de Folk. Em
1962 lançou o seu primeiro
álbum a solo com a Columbia Records, Bob Dylan, contendo covers,
músicas tradicionais americanas e duas composições originais.
Infelizmente, o álbum facturou apenas o suficiente para pagar a sua
produção, porém Dylan continuou a actuar e a ser aclamado pelo seu
público, que crescia a cada concerto.
O seu segundo álbum, The Freewheelin’ Bob Dylan, teve mais
sucesso comercial em relação ao primeiro. Onze das Treze faixas do álbum
eram composições originais, quase todas elas categorizadas como
“canções de protesto”. O terceiro álbum The Times They Are a-Changin’
contou, tal como o seu antecedente, com muitas canções de protesto,
abordando desta vez temas mais polémicos e actuais, como a
discriminação da camada afro-americana e a condição precária dos
mineiros e agricultores do interior dos E.U.A. Foi nesta altura que Dylan
se começou a sentir pressionado pelo Movimento dos Direitos Civis e o
próprio movimento de música Folk, afastando-se cada vez mais dos
mesmos.
Realizado por Mariana Queiroga Página 3
4. Bob Dylan ESAA 2010/2011
Quando recebeu o Tom Paine Award por parte do National
Emergency Civil Liberties Commitee, causou imensa polémica após realizar
o discurso de agradecimento completamente ébrio, citando temas pouco
convenientes e utilizando termos pouco apropriados para se referir aos
membros da associação. Após este incidente, Bob publicitou ainda com
mais clareza que não queria ser considerado um “cantor de protesto” e
que não queria estar ligado à causas ou associações, e que quando
cantava e escrevia, não tinha como intuito iniciar uma revolução, mas
simplesmente manifestar aquilo que sentia em relação àqueles que
sofriam diariamente. O quarto álbum Another Side of Bob Dylan de 1964
confirmou o princípio do seu afastamento da imagem pública que se havia
criado à volta da sua pessoa, o que se notava particularmente nas canções
“My Back pages” , com os versos I was so much older then, I’m younger
than that now (Eu era tão mais velho naquela altura, sou mais jovem
agora) e “It Ain’t me Babe”, aparentemente uma canção de amor, mas
que quando analisada a fundo, assemelha-se a uma carta de desculpa aos
membros do movimento Folk e dos Direitos Civis.
Foi neste ano que Dylan sofreu a primeira mudança significativa no
seu estilo musical enquanto foi famoso, que depois se reflectiu no seu
aspecto físico, nos seus hábitos e, de forma geral, na sua imagem pública.
No auge da sua fama, Bob sentiu-se pressionado pelo seu agente e pelo
seu próprio sucesso, o que o levou a abusar de drogas pesadas para
manter as energias, e em outras alturas para relaxar e abstrair-se da
quantidade de trabalho que o estava a consumir, causando um ciclo
vicioso de abuso de substâncias.
Realizado por Mariana Queiroga Página 4
5. Bob Dylan ESAA 2010/2011
O próximo álbum, Bringing It All
Back Home, lançado em 1965, foi o
primeiro a incluir faixas com
instrumentos eléctricos, marcando
definitivamente a transição de um
período de “protesto social” e
maneirismos característicos de um
rapaz humilde que cresceu no interior
do país rodeado de pobreza e
injustiça, para uma fase
completamente nova. Este Bob Dylan,
renascido no fim de ’64, vestia calças
justas, camisas e casacos coloridos,
botas pontiagudas de salto alto e
óculos escuros de manhã, à tarde e à
noite; Agora tocava qualquer coisa
que se aproximava mais do Rock ‘n’ Roll do que do Folk de protesto, sob a
justificação de que “Na altura já se protestava demasiado acerca de tudo e
mais um pouco” e que “Já não sentia cá dentro o «movimento»” e
recusava-se a escrever e interpretar canções com as quais já não sentia
alguma conexão emocional. Em entrevistas e conferências de imprensa,
era arrogante e rude, em oposição à atitude humilde e serena (ainda que
pontualmente surrealista) do princípio da carreira. Curiosamente, foi
nesta altura de controvérsia e “falta de consideração” pelos seus antigos
seguidores que Dylan atingiu o auge do sucesso: o single “Like a Rolling
Stone” , considerado por muitos a melhor canção da história do Rock, foi
lançada em Julho de ’65, e os álbuns Highway 61 Revisited e Blonde on
Blonde, dois dos mais famosos álbuns da década e, posteriormente, do
século XX, foram gravados nesse mesmo ano. No fim de 1965, poucos
meses depois do seu décimo quarto aniversário, casou-se secretamente
com a modelo Sara Lownds, apesar de continuar em tour por todo o
mundo.
Realizado por Mariana Queiroga Página 5
6. Bob Dylan ESAA 2010/2011
No princípio de 1966, altura em que esteve mais ocupado e
constantemente envolvido em projectos paralelos à música, Dylan vivia
num ritmo frenético de concertos seguidos de festas e abuso de drogas,
casos extra matrimoniais, prolongamento de contractos e produção de
qualquer material que se pudesse vender (uma vez que o seu nome se
tornara altamente rentável). Para além disto tudo, foi em Janeiro desse
ano que o seu primeiro filho, Jesse, nasceu. Foi apenas em Julho que pôde
descansar após um perigosíssimo acidente de moto que o levou a
refugiar-se do caos e da tensão do mundo da música. Dylan disse
posteriormente em entrevistas que o acidente, que pôs em risco a sua
vida, o fez perceber que “andava a trabalhar para sanguessugas” e que
precisava de passar tempo com a mulher e os filhos. Esteve 8 anos sem
dar concertos.
Após mais de um ano de repouso, lançou os álbuns John Wesley
Harding, em 1967, e Nashville Skyline, em 1969, ambos contando com um
som mais pacífico e maduro, mais country e completamente distinto do
surrealismo e “psicodelia” característicos dos seus últimos álbuns.
Nashville Skyline contou com a participação especial de Johnny Cash, e no
que diz respeito a Dylan, não só um estilo mas uma voz completamente
Realizado por Mariana Queiroga Página 6
7. Bob Dylan ESAA 2010/2011
diferente, mais suave e nasal, creditado ao abandono do tabaco durante
alguns meses.
O primeiro álbum da década
de 70, Self Portrait, foi um fracasso
em termos de adesão por parte do
público e da crítica. O álbum
seguinte, New Morning, foi porém
bastante bem recebido, tal como a
banda sonora para o filme Pat
Garrett and Billy the Kid, que
continha a canção “Knocking on
Heaven’s Door”, uma das mais
icónicas canções dos anos 70,
interpretada por muitos outros
artistas posteriormente. O
lançamento Planet Waves teve um sucesso razoável, porém contou com a
canção “Forever Young”, novamente uma das mais importantes da
carreira do artista. Dylan voltou aos palcos em 1974 com os The Band a
acompanhar, seguido por uma fiel audiência que, após quase uma década
de espera, via-se ansiosa pela performance. O álbum ao vivo Before the
Flood foi lançado no mesmo ano, contou com as melhores canções
apresentadas ao longo dos três concertos realizados nos E.U.A.
Em 1975 foi lançado Blood on
The Tracks, que na altura recebeu
criticas negativas mas, ao longo dos
anos, tem sido reconhecido como
um dos melhores álbuns de toda a
sua carreira. No mesmo ano foi
lançado o single “Hurricane”, eu
contava a história do pugilista
Rubin Carter, que fora condenado
injustamente como culpado de um
assassínio. Durante os três anos
que se seguiram, Dylan lançou o
filme de sua autoria Renaldo and
Clara, que foi pessimamente
recebido pela crítica, mas foi
notável pelo seu trabalho ao vivo
Realizado por Mariana Queiroga Página 7
8. Bob Dylan ESAA 2010/2011
com o tour Rolling Thunder Revue, pela participação no concerto de
despedida dos The Band e pelos tours nos E.U.A., Austrália e Japão. Em
1978 foi lançado o álbum Street Legal, também bem recebido pela crítica.
O fim da década marcou o divórcio da sua mulher Sara, algumas
dificuldades financeiras e a súbita mudança de religião: em 1979 Dylan
assumiu-se perante os media e o mundo como um “Cristão Renascido”.
Como consequência, os álbuns lançados entre ’79 e ’82 (Slow Train
Coming, Saved e Shot of Love) mostravam claras influências Gospel e
temas explicitamente cristãos. Esta fase foi altamente criticada tanto pelo
público como pelos seus colegas, enquanto a crítica atestava que, de
forma geral, a sua preferência religiosa nada interferia na qualidade dos
seus trabalhos e na sua atitude em relação à música.
O álbum Infidels, lançado em 1983, contava com temas muito mais
pessoais e marcava o fim de um período musical e o abandono da religião
cristã. Os álbuns seguintes, Knocked Out Loaded e Down in The Groove, de
1986 e 1988 respectivamente, foram considerados fracassos, ao contrário
de Infidels, até hoje considerado um excelente trabalho. O último álbum
da década, Oh Mercy, foi muitíssimo bem recebido e apareceu nas tabelas
de mais vendido com a excelente colocação de sexto lugar no Reino
Unido.
Realizado por Mariana Queiroga Página 8
9. Bob Dylan ESAA 2010/2011
Na década que se seguiu, Dylan lançou quatro álbuns de estúdio
(Under The Red Sky, Good as I Been To You, World Gone Wrong e Time Out
of Mind), nenhum deles particularmente notável se não o último, que lhe
rendeu o Grammy Award para álbum do ano. Para além destes já
referidos, lançou mais duas colectâneas e um álbum ao vivo.
Finalmente, entre 2000 e 2010, Dylan lançou onze colectâneas, três álbuns
ao vivo e quatro álbuns de estúdio (entre estes um álbum de natal). Veio a
Portugal em 2008, onde tocou no festival de Verão Optimus Alive, e está
actualmente em tour pelos Estados Unidos. Em 2007, foi lançado o filme
I’m Not There, que contava com seis actores diferentes para interpretar
algumas das facetas de Dylan ao longo do último século.
Bob Dylan influenciou a sua geração, a seguinte, a que veio depois
desta e muitas outras que ainda estão por vir. É reconhecido como um
grande músico e poeta, mas acima de tudo, um grande artista.
Realizado por Mariana Queiroga Página 9
10. Bob Dylan ESAA 2010/2011
Fontes:
Wikipedia ( http://en.wikipedia.org/wiki/Bob_Dylan );
DYLAN, Bob. Chronicles: Volume One. Simon & Schuster, 2004, New York
City;
Every Mind Polluting Word: Interviews.
“Possa a tua canção ser sempre cantada
E que possas permanecer
Para sempre jovem.”
-Bob Dylan
Realizado por Mariana Queiroga Página 10