(1) A traição contra nós mesmos ao não sermos nossa verdadeira natureza é pior do que a traição amorosa e pode ter consequências psicológicas negativas; (2) Deixamo-nos influenciar por más influências sociais desde cedo, o que nos leva a tomar más decisões e a nos revoltarmos interiormente; (3) A sociedade corrupta pode levar o ser humano a se perder ao longo do tempo ao optar por se adaptar a ela em vez de preservar sua verdadeira natureza.
1. João Simplício 11ºJ
Todos já fomos traídos, todos nós já nos sentimos desprezados ou magoados.
A traição é sempre relacionada com amor, sendo o sentimento que é, é normal que
nos seja instintiva esta relação, pois sabemos bem que com o amor não se criam regras, tanto
tudo corre às mil maravilhas como acaba muito mal, e não somos nós que muitas das vezes
controlamos estas situações desafortunadas.
Contudo, na minha opinião, há de facto traição pior do que a de tipo amoroso.
Esta traição prevalece contra qualquer sentimento de amor, pois implica que
estejamos fechados, no sentido em que não permitimos que aos outros seja revelada a nossa
verdadeira natureza, logo não existe sequer compaixão pelo ser em questão. Isto provoca
consequências a nível psicológico inexplicáveis que só podem ser compreendidas após serem
vivenciadas.
Mas há mais por detrás desta traição. Ela implica também que sejamos corruptos, pois
se como foi dito anteriormente não somos de todo aquilo a que corresponde a nossa
verdadeira natureza, então somos falsos tanto connosco como com os que nos rodeiam, isso
torna-nos mentirosos e traiçoeiros e impede-nos de sermos realmente felizes.
Este género de traição não é maioritariamente cometida em relação aos outros,
mesmo que de alguma forma indirecta estes sejam prejudicados, é com nós mesmos que ela
realmente se manifesta e pode ter repercussões negativas a nível mental que dificilmente
podem ser corrigidas ou recuperadas.
A verdadeira questão por detrás deste sentimento misterioso é o facto de o
cometermos com muita ou pouca frequência. Existem vários exemplos que podem ser dados
para justificar estes aspectos, estão sempre connosco: quando dizemos ao nosso grande amigo
de infância que está a tomar a decisão correcta ao casar com a sua namorada, que conhece
apenas há dois meses, tendo perfeita noção que ela não nos inspira qualquer confiança e que
temos quase a certeza que ela só casa com ele porque descobrira que ele provinha de uma
família rica.
Este é um exemplo aleatório dos muitos que podem ocorrer durante uma idade mais
madura, mas para realmente compreender este fenómeno teríamos que começar por analisar
uma pessoa mais jovem, pois é durante os nossos primeiros anos de vida que mais nos
deixamos influenciar e estas influências alteram-nos bastante pois não tínhamos grande
capacidade ou raciocínio para analisar e consequentemente negar estas más influências.
Então, tendo este aspecto em conta e sendo que já foi dito que este fenómeno também ocorre
durante a idade adulta, por que razão o ser humano que supostamente ao longo de milhares
de anos de evolução se tornou capaz de pensar, elaborar opiniões próprias e críticas e mesmo
saber defendê-las, se deixa levar por tal tipo de traição?
Existem muitos motivos que condicionam o facto do ser humano ser cruel. Na minha
opinião, sem termos grande conta disso, esta é uma das causas principais para a ocorrência da
ira e revolta humanas. Elas formam-se no nosso interior e é ao nível psicológico que se
desenvolvem e transformam até atingirem um nível de alguma gravidade.
A partir daqui, perdemos a noção em relação ao que é correcto e às consequências das
nossas acções, logo actuamos de forma brusca e sem recorrer ao nosso raciocínio. Somos
levados pelos caminhos errados, tomando más decisões, estas iniciam-se desde que ocultamos
2. a nossa personalidade, passando rapidamente ao estado de revolta interior devido à prisão e
falta de aceitação em que vivemos, isto causa, por fim, um estado de tal ira por nós mesmos
que deixamos de ser quem verdadeiramente éramos e passamos a ser um objecto de dor e
sofrimento para aqueles que realmente nos conheciam, sem restrições e sem influências
negativas da sociedade cruel e imoral que nos alterara ao longo do tempo.
A razão pela qual escrevo e ao mesmo tempo elaboro uma opinião sobre este assunto
deve-se ao facto de segundo o meu entendimento sobre esta questão, o ser humano ter duas
opções em vida e muitas das vezes optar pela mais errada, não se submeter às influências da
sociedade corrupta e imoral em que vive ou deixar-se levar por elas e alcançar um estatuto
social do qual mais tarde se deverá orgulhar, sem ter claro a verdadeira amplitude correcta da
moralidade humana, e simultaneamente ir-se perdendo ao longo do tempo. Isto é deveras
perturbador se pegarmos nesta teoria desta forma, o ser humano decide ser algo que não é,
pois o ambiente em que vive é à partida negativo e crescendo neste tipo de ambiente, nunca
conhecendo uma alternativa melhor como é ele capaz de negar o que é aceite sem quaisquer
dúvidas?
Se calhar não somos tão inteligentes como nos julgamos, só mais mil anos de evolução
nos revelarão a verdade, ou talvez mais, mas se o ser humano preservar esta sociedade imoral
e completamente destorcida, ele irá tornar-se no seu próprio objecto de destruição.