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• João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife -
  PE, no dia 09 de janeiro de 1920
• É o segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de
  Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado
  paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno,
  de Gilberto Freyre.
• Passou a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço
  do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos
  engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.
 Sua obra poética, vai de uma tendência surrealista até a poesia
  popular;
 Poemas avessos a confessionalismos ;
 uso de rimas toantes;


 Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta
  Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre




 Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia
  Brasileira de Letras;
 Ganhou vários prêmios literários;
 Casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira;
 Com quem teve 5 filhos: Rodrigo, Inez, Luiz, Isabel e João;
 Casou-se em segundas núpcias, em 1986, com a poeta Marly
  de Oliveira;




 Foi eleito membro da academia em 15 de agosto de 1968, e
  empossado em 6 de maio de 1969, recebido por Múcio Leão.
  Ocupou a cadeira 37;
 Na poesia de Cabral percebem-se algumas dualidades
  antitéticas, trabalhadas com um certo barroquismo e à exaustão.
  Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o
  não-maciço, entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste
  desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o
  úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum
  estranhamento a quem espera uma poesia emotiva, pois seu
  trabalho é basicamente cerebral e "sensacionista", buscando uma
  poesia construtivista e comunicativa, objetiva.

 Embora exista uma tendência surrealista em seus
  poemas, buscando uma poesia que fosse também
  expressiva, Melo Neto não precisa recorrer à paixão para criar
  uma atmosfera poética, fugindo de qualquer tendência
  romântica, mas busca uma construção elaborada e pensada da
  linguagem e do dizer da sua poesia, transformando toda a
  percepção em imagem de algo concreto e relacionado aos
  sentidos, principalmente ao do tato, como pode-se perceber bem
  em “Uma faca só lâmina”.
 Algumas palavras são usadas sistematicamente na poesia
  deste autor: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume,
  navalha, faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio,
  seco, mineral, deserto, asséptico, vazio, fome. Coisas sólidas
  e sensações táteis: uma poesia do concreto.
                                        Pedra do Sono (1942)
                                   Os Três Mal-Amados (1943)
                                       O Engenheiro (1945)
                Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode (1947)
                                    O Cão sem Plumas (1950)
      O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1954)
                                    Dois Parlamentos (1960)
                                        Quaderna (1960)
                                  A Educação pela Pedra (1966)
                                  Morte e Vida Severina (1966)
                                      Museu de Tudo (1975)
                                    A Escola das Facas (1980)
                                      Auto do Frade (1984)
                                         Agrestes (1985)
                                  Crime na Calle Relator (1987)
                                    Primeiros Poemas (1990)
                                     Sevilha Andando (1990)
                                    Tecendo a Manha (1999)
   O ENGENHEIRO

 A luz, o sol, o ar livre
 envolvem o sonho do engenheiro.
 O engenheiro sonha coisas claras:
 superfícies, tênis, um copo de água.


   O lápis, o esquadro, o papel;
   o desenho, o projeto, o número:
   o engenheiro pensa o mundo justo,
   mundo que nenhum véu encobre.

   (Em certas tardes nós subíamos
   ao edifício. A cidade diária,
   como um jornal que todos liam,
   ganhava um pulmão de cimento e vidro).

   A água, o vento, a claridade,
   de um lado o rio, no alto as nuvens,
   situavam na natureza o edifício
   crescendo de suas forças simples.
   São quatro tomadas que correspondentes a cada estrofe:

    1ª tomada: “A luz, o sol, o ar livre”. Estamos num espaço aberto, que
    envolve a figura e o sonho do engenheiro.

    2ª tomada: O espaço pensado e concretizado: “O lápis, o papel, o
    desenho, o projeto, o número”. Aqui, o poeta focaliza “o mundo do
    engenheiro”... “que nenhum véu encobre”.

    3ª tomada: O edifício, não falado ainda, mas latente, começa a se
    delinear. O espaço abstrato da estrofe anterior se realiza: “ Em certas
    tardes nós subíamos ao edifício”. A tomada se amplia, focalizando a
    cidade: “ cidade diária”... “ganhava um pulmão de cimento e vidro”.

  Na 4ª estrofe e última tomada, se ampliam ainda mais as coordenadas
  geográficas, onde se incluem engenheiro, edifício, e a própria poesia
  num espaço de forças simples e telúricas, remetendo-nos ao mesmo
  espaço da 1ª estrofe (“a luz, o sol, o ar livre”) que envolvem o sonho do
  engenheiro, e, por extensão, o sonho do poeta.
 Temos ainda nessa 4ª estrofe: “A água, o vento, a claridade”; “de um
  lado o rio”, “no alto as nuvens” que “situavam na natureza o edifício”,
  “crescendo de suas forças simples”
 Estranhamente, João Cabral escreveu um poema sobre a
  Aspirina, que tomava regularmente, chamando-a de "Sol",
  de "Luz"… De fato, desde sua juventude João Cabral tomava
  de três a dez aspirinas por dia. Em entrevista à "TV
  Cultura", certa vez, ele contava que boa parte da inspiração
  (inspiração sempre cerebral) provinha da aspirina



                          Prêmios
 Neustadt International Prize for Literature — 1992
 Prêmio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana — 1994
 Prêmio Camões

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João cabral de melo neto

  • 1.
  • 2. • João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920 • É o segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. • Passou a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno.
  • 3.  Sua obra poética, vai de uma tendência surrealista até a poesia popular;  Poemas avessos a confessionalismos ;  uso de rimas toantes;  Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre  Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras;  Ganhou vários prêmios literários;
  • 4.  Casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira;  Com quem teve 5 filhos: Rodrigo, Inez, Luiz, Isabel e João;  Casou-se em segundas núpcias, em 1986, com a poeta Marly de Oliveira;  Foi eleito membro da academia em 15 de agosto de 1968, e empossado em 6 de maio de 1969, recebido por Múcio Leão. Ocupou a cadeira 37;
  • 5.  Na poesia de Cabral percebem-se algumas dualidades antitéticas, trabalhadas com um certo barroquismo e à exaustão. Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não-maciço, entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum estranhamento a quem espera uma poesia emotiva, pois seu trabalho é basicamente cerebral e "sensacionista", buscando uma poesia construtivista e comunicativa, objetiva.  Embora exista uma tendência surrealista em seus poemas, buscando uma poesia que fosse também expressiva, Melo Neto não precisa recorrer à paixão para criar uma atmosfera poética, fugindo de qualquer tendência romântica, mas busca uma construção elaborada e pensada da linguagem e do dizer da sua poesia, transformando toda a percepção em imagem de algo concreto e relacionado aos sentidos, principalmente ao do tato, como pode-se perceber bem em “Uma faca só lâmina”.
  • 6.  Algumas palavras são usadas sistematicamente na poesia deste autor: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume, navalha, faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio, seco, mineral, deserto, asséptico, vazio, fome. Coisas sólidas e sensações táteis: uma poesia do concreto.  Pedra do Sono (1942)  Os Três Mal-Amados (1943)  O Engenheiro (1945)  Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode (1947)  O Cão sem Plumas (1950)  O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1954)  Dois Parlamentos (1960)  Quaderna (1960)  A Educação pela Pedra (1966)  Morte e Vida Severina (1966)  Museu de Tudo (1975)  A Escola das Facas (1980)  Auto do Frade (1984)  Agrestes (1985)  Crime na Calle Relator (1987)  Primeiros Poemas (1990)  Sevilha Andando (1990)  Tecendo a Manha (1999)
  • 7. O ENGENHEIRO  A luz, o sol, o ar livre  envolvem o sonho do engenheiro.  O engenheiro sonha coisas claras:  superfícies, tênis, um copo de água.  O lápis, o esquadro, o papel;  o desenho, o projeto, o número:  o engenheiro pensa o mundo justo,  mundo que nenhum véu encobre.  (Em certas tardes nós subíamos  ao edifício. A cidade diária,  como um jornal que todos liam,  ganhava um pulmão de cimento e vidro).  A água, o vento, a claridade,  de um lado o rio, no alto as nuvens,  situavam na natureza o edifício  crescendo de suas forças simples.
  • 8. São quatro tomadas que correspondentes a cada estrofe:  1ª tomada: “A luz, o sol, o ar livre”. Estamos num espaço aberto, que envolve a figura e o sonho do engenheiro.  2ª tomada: O espaço pensado e concretizado: “O lápis, o papel, o desenho, o projeto, o número”. Aqui, o poeta focaliza “o mundo do engenheiro”... “que nenhum véu encobre”.  3ª tomada: O edifício, não falado ainda, mas latente, começa a se delinear. O espaço abstrato da estrofe anterior se realiza: “ Em certas tardes nós subíamos ao edifício”. A tomada se amplia, focalizando a cidade: “ cidade diária”... “ganhava um pulmão de cimento e vidro”.  Na 4ª estrofe e última tomada, se ampliam ainda mais as coordenadas geográficas, onde se incluem engenheiro, edifício, e a própria poesia num espaço de forças simples e telúricas, remetendo-nos ao mesmo espaço da 1ª estrofe (“a luz, o sol, o ar livre”) que envolvem o sonho do engenheiro, e, por extensão, o sonho do poeta.  Temos ainda nessa 4ª estrofe: “A água, o vento, a claridade”; “de um lado o rio”, “no alto as nuvens” que “situavam na natureza o edifício”, “crescendo de suas forças simples”
  • 9.  Estranhamente, João Cabral escreveu um poema sobre a Aspirina, que tomava regularmente, chamando-a de "Sol", de "Luz"… De fato, desde sua juventude João Cabral tomava de três a dez aspirinas por dia. Em entrevista à "TV Cultura", certa vez, ele contava que boa parte da inspiração (inspiração sempre cerebral) provinha da aspirina  Prêmios  Neustadt International Prize for Literature — 1992  Prêmio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana — 1994  Prêmio Camões