PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
Risco de Incêndio no Concelho de Mondim de Basto
1. RISCO DE INCÊNDIO 1 de 16
Risco de Incêndio no
Concelho de Mondim de Basto
Carlos Fonseca
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................................ 1
2. Caracterização da zona de estudo .................................................................... 2
3. Objectivos e Metodologia ................................................................................... 2
3.1 Grau de risco de incêndio.............................................................................. 2
3.2 Pontos de abastecimento de água ............................................................... 5
3.3 Caminhos florestais ....................................................................................... 6
4. Dados utilizados.................................................................................................. 6
5. Preparação inicial dos dados ............................................................................. 6
6. Determinação do risco de incêndio.................................................................... 8
6.1 Probabilidade de ocorrência de incêndio ..................................................... 8
6.2 Dimensão das áreas ardidas......................................................................... 9
6.3 Proximidade de zonas sociais..................................................................... 11
6.4 Determinação do risco global de incêndio.................................................. 12
7. Pontos de abastecimento de água .................................................................. 13
8. Caminhos Florestais ......................................................................................... 15
9. Bibliografia......................................................................................................... 16
1. Introdução
Este trabalho tem como objectivo o estudo da situação do concelho de Mondim de Basto em relação ao risco de incêndio
florestal, através da utilização do software ArcGIS. Tratando-se de uma zona de relevo pronunciado e com cobertura
extensa de vegetação, e tendo os concelhos limítrofes características semelhantes, tem um grande potencial para a
1
ocorrência de incêndios florestais. No entanto, as estatísticas demonstram que este concelho não tem sido muito
flagelado no passado recente. Em geral, a percentagem anual de território ardido, desde 1990, tem ficado abaixo dos 5%,
com excepção dos anos de 1990 e 2005, com 8,6% e 11,8%, respectivamente. Dos 17 anos a que reportam os dados, 8
tiveram uma área ardida inferior a 1%. Isto é, no entanto, uma situação que pode mudar a qualquer momento, pelo que
importa avaliar o risco potencial a que está sujeito o concelho.
Sobre o texto deste trabalho. Para não tornar o texto excessivamente explicativo e repetitivo, optou-se por colocar em notas os detalhes
relativos à forma como foram utilizadas as ferramentas ArcGIS nas diversas operações, excepto quando isso for considerado importante
para a exposição do assunto.
1
Tema vectorial “Áreas Ardidas no período 1990-2007”, da Direcção Geral de Recursos Florestais
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
2. RISCO DE INCÊNDIO 2 de 16
2. Caracterização da zona de estudo
O concelho de Mondim de Basto está delimitado a NW pelos concelho de Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto, a SW
pelo concelho de Amarante, a SE pelo concelho de Vila Real (com a capital do distrito) e a NE pelo concelho de Ribeira
da Pena. Contém as freguesias de Atei, Bilhó, Campanhó, Ermelo, Mondim de Basto, Paradança, Pardelhas e Vilar de
Ferreiros.
Está circunscrito por um rectângulo cujos cantos têm as X (m) Y (m)
coordenadas apresentadas no quadro ao lado (sistema de SW 481.517,03 212.712,57
projecção Hayford-Gauss Datum Lisboa IGeoE) . NW 502.520,27 228.801,15
NE 502.520,27 228.801,15
Habitantes2: 8.541 (2001) SE 481.517,03 212.712,57
3 2
Área Total : 172 km
2
Floresta e inculto: 136,5 km (1990)
Agrícola: 27,4 km2 (1990)
Descoberto e água: 5,9 km2 (1990)
2
Edificada: 2,2 km (1990)
3. Objectivos e Metodologia
Este trabalho tem três objectivos essenciais: determinar as áreas de maior risco de incêndio florestal, verificar a
adequação da rede de pontos de abastecimento de água e detectar zonas onde a densidade de caminhos florestais seja
insuficiente, comparativamente ao seu grau de risco de incêndio.
3.1 Grau de risco de incêndio
Para a determinação do grau de risco de incêndio de cada zona, irão contribuir 3 critérios que serão quantificados
independentemente: probabilidade de ocorrência de incêndio, estimativa
da dimensão relativa das áreas ardidas e proximidade às zonas sociais. Critério Peso
Cada um destes critérios terá um peso próprio no cálculo final do grau de Probabilidade de ocorrência 1
risco de incêndio, conforme a tabela ao lado. Dimensão 1
Note-se que numa abordagem operacional do problema da Proximidade às zonas sociais 2
determinação do risco de incêndio, teriam de ser considerados, para
além dos factores estáticos (cobertura do solo, relevo do terreno, exposição solar, actividade humana, etc), também os
factores dinâmicos (temperatura, humidade dos materiais, velocidade do vento, etc). No entanto, neste trabalho foi
decidido considerar-se apenas os primeiros, devido à dificuldade de obtenção dos dados meteorológicos, mesmo
pretendendo-se apenas os valores médios característicos do clima da região. Consegue-se, assim, obter uma carta-base
de risco de incêndio, pronta a ser melhorada quando estiverem disponíveis os outros dados.
Probabilidade Alguns estudos que têm abordado este tema para o território nacional seguem metodologias
utilizadas noutros países, embora os respectivos autores reconheçam que alguma adaptação
deveria ser feita para contemplar a realidade portuguesa, em especial a importância da
contribuição do factor da actividade humana para o panorama dos incêndios florestais no nosso
2
Fonte: Câmara Municipal de Mondim de Basto
3
Fonte: CAOP
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
3. RISCO DE INCÊNDIO 3 de 16
país. De acordo com o relatório anual Defesa da Floresta Contra Incêndios, da Direcção Geral de
Recursos Florestais, na sua edição mais recente (2007), 27% das causas determinadas devem-
se a uso negligente do fogo e 39 % são intencionais. Note-se que só foi possível determinar a
causa em 51% das ocorrências investigadas, mas não há razões para supor que os restantes
49% irão seguir uma tendência diferente. Assim,
para reflectir esta realidade, entendeu-se por bem Variável %
incluir aqui mais factores relacionados com a Ocupação do solo 50
actividade humana do que os que normalmente se
Proximidade zonas agríc. 10
encontram em trabalhos sobre o tema, tais como a
Densidade de caminhos 9
densidade de caminhos florestais (por facilitar o
Proximidade a estradas 8
acesso e a posterior fuga) ou a proximidade a zonas
Proximidade zonas sociais 8
agrícolas (realização de queimadas). Para o cálculo
Exposição solar 7
da probabilidade de ocorrência de incêndio, vão,
assim, contribuir as variáveis apresentadas ao lado. Visibilidade postos vigia 5
A altitude foi incluída devido à influência que tem na Altitude 3
variação da temperatura. Por outro lado, não foi
incluída nesta fase a variável “declives”, por não parecer lógico considerar que uma variação no
declive do terreno provoca uma variação na probabilidade de ocorrência de incêndio. A
classificação final de cada local, no critério da probabilidade de ocorrência, será o somatório das
multiplicações do valor dos parâmetros nesse local pelas respectivas percentagens, traduzido na
8 expressão ao lado, onde V é o valor do parâmetro e P a respectiva
∑ i =1
(Vi × Pi ) percentagem de influência. O risco de cada área será classificado em 3 níveis:
baixo, moderado e alto.
Dimensão Na avaliação deste critério, utiliza-se como ponto de partida todas as áreas que resultaram do
estudo do critério anterior, mas sem contudo as diferenciar pelo seu grau de probabilidade de
ocorrência de incêndio. O critério da dimensão dos incêndios não é aqui considerado em termos
absolutos, isto é, não se pretende calcular a área total ardida quando ocorre um incêndio num
determinado local, uma vez que isso depende da duração do mesmo, que por sua vez é função
de factores dinâmicos impossíveis de quantificar préviamente, como as condições
meteorológicas e os recursos humanos e materiais existentes nessa data. Pretende-se, sim,
determinar as zonas mais problemáticas comparando a dimensão relativa das áreas ardidas
entre si, arbitrando para o efeito um valor de ‘duração do incêndio’ igual para todas. Serão, como
é lógico, consideradas de maior risco as zonas que derem Variável
origem a uma área ardida maior, independentemente do grau
Ocupação do solo
de probabilidade de ocorrência de incêndio determinado no
Declives
critério anterior. Os factores estáticos de que depende a
Estradas e rios
progressão do fogo no terreno, e por consequência, a
Densidade de caminhos
dimensão final da área ardida, estão sumarizados no quadro
ao lado. A forma como estes factores influenciam o resultado Distância a pontos de água
final deve ser interpretada tendo em mente o seu efeito na Direcção do vento
progressão do fogo, isto é, em que condições facilitam,
dificultam ou não alteram a velocidade da progressão do incêndio. Assim, por exemplo, um
declive positivo facilita a progressão do fogo, enquanto que um declive negativo dificulta a
mesma. Tanto as estradas como os rios constituem uma barreira à progressão do fogo, não só
pela sua largura mas, no caso das estradas, porque representam uma facilidade de acesso para
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
4. RISCO DE INCÊNDIO 4 de 16
o combate às chamas. Também uma zona com caminhos florestais dificulta a progressão do
incêndio pelo acesso que permite às equipas de combate, mas já não se pode dizer que a
ausência de caminhos facilita (aumenta) essa progressão; simplesmente, não a altera. Passa-se
o contrário com a direcção do vento: na direcção em que o vento sopra, a progressão do fogo fica
facilitada, isto é, aumenta a sua velocidade de propagação, diminuindo esse efeito gradualmente
à medida que a direcção de propagação se for desviando da direcção do vento, até este se tornar
dificultador para ângulos maiores. Em relação à distância ao ponto de abastecimento de água
mais próximo, quanto menor ela for, mais dificultada fica a propagação do fogo, uma vez que as
equipas de combate perderão menos tempo a abastecer-se; mas o facto de se situarem longe
não torna a progressão mais rápida do que o normal; simplesmente, não a dificulta. Este modelo
de influência dos diversos factores diverge do utilizado no critério anterior (probabilidade de
ocorrência) na medida em que este último era somativo global, isto é, todos os parâmetros
contribuiam positiva e globalmente para o resultado final, embora com valores diferentes. No
caso do critério da dimensão, há contribuições positivas, negativas e nulas, e algumas delas
exercem o seu efeito apenas sobre alguns tipos de ambiente enquanto não fazem sentido
quando aplicados a outros tipos de ambiente. Assim, a avaliação do valor final não poderá ser
feita com recurso a um processo somativo simultâneo, comco o Wheighted Overlay, mas sim
utilizando um processo somativo sequencial, em que se parte do factor principal que determina a
velocidade ‘normal’ de propagação do fogo – a cobertura do solo – e se vai aplicando
sequencialmente o efeito dos outros parâmetros, nas zonas em que fazem sentido. A ordem da
sequência é irrelevante, mas já não o são as classes de uso do solo sobre as quais vai incidir o
efeito de cada parâmetro. É também por esta razão que não foi atribuída a cada parâmetro uma
percentagem de influência global, uma vez que isso só faz sentido no modelo somativo global em
que os seu parâmetros não têm um efeito selectivo ou parcial. Uma última nota relativa ao factor
direcção do vento: embora este factor seja eminentemente um factor dinâmico, que varia de dia
para dia, é possível utilizar-se aqui um valor médio correspondente à direcção predominante do
vento nesta região, na época sobre a qual incidir o estudo, uma vez que a carta-base de risco
assim obtida tem mais probabilidades de se aproximar da realidade um maior número de vezes,
do que se não fosse considerada esta variável neste estudo (claro que esta abordagem só é
possível por se tratar de um estudo meramente académico, sem consequências práticas).
Adopta-se o seguinte critério para atribuição do grau de risco de cada área em relação à
dimensão da área ardida:
- nível 1: área inferior a 400 ha
- nível 2: entre 400 ha e 800 ha
- nível 3: superior a 800 ha
Proximidade A proximidade de cada zona às áreas sociais é, como não podia deixar de ser, o factor mais
importante na determinação do grau de risco de incêndio dessa zona. As zonas situadas a
barlavento das áreas sociais terão um valor mais elevado neste critério, se se encontrarem a uma
distância suficientemente pequena para constituirem perigo, uma vez que o fogo irá progredir na
sua direcção. Por outro lado, para avaliar a perigosidade em função da proximidade não pode ser
utilizado simplesmente o critério da distância linear, uma vez que para distâncias iguais se podem
verificar velocidades de propagação diferentes devido a condições locais diferentes. Daqui
poderá resultar, por exemplo, que o primeiro de dois incêndios a atingir uma zona social poderá
não ser o que se encontra mais perto. Assim, uma vez que tem que ser considerada uma
qualquer medida da velocidade de propagação do fogo em função das condições de cada local,
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5. RISCO DE INCÊNDIO 5 de 16
pode recorrer-se às áreas ardidas obtidas do estudo do critério anterior – que representam,
recorde-se, incêndios com uma determinada duração, igual para todos, e cuja dimensão diferente
reflecte as diferentes velocidades de propagação – e seleccionam-se as áreas ardidas que
atingiram áreas sociais. Deste grupo será possível obterem-se dois indicadores importantes para
cada área ardida: a distância entre o ponto-origem e a primeira zona social afectada, e a área
social total atingida, por ser uma medida da importância das áreas sociais afectadas. O primeiro
destes indicadores será classificado em 2 níveis: nível 3 para distâncias inferiores a 1500m e
nível 2 para as restantes. O segundo indicador referido será classificado como segue: nível 3
para áreas socias afectadas superiores a 20 ha e nível 2 para as restantes. Assim, fica adoptado
o seguinte critério para atribuição do grau de risco de cada área em relação à proximidade às
zonas sociais:
- nível 1: áreas ardidas que não atingiram zonas sociais
- os níveis 2 e 3 resultam da média dos dois indicadores referidos atrás (distância da origem à
primeira zona social afectada e área social total afectada).
3.2 Pontos de abastecimento de água
Numa perspectiva de avaliar a adequação da localização dos pontos de abastecimento de água à carta de risco de
incêndio obtida anteriormente, foi adoptada a seguinte metodologia:
1. Definir a distância máxima admissível a que pode estar situado o ponto de água. Terão aqui de ser tomadas
algumas opções para se poder chegar a um valor. Assim, se considerarmos que uma viatura de combate a
incêndio florestal demora 15 minutos a encher os tanques; que a velocidade média em estrada, tendo em conta a
inclinação e sinuosidade das maioria das estradas do concelho, não é superior a 50 km/h; e que, para efeitos de
optimização do combate, o tempo máximo admissível para um carro de bombeiros ficar afastado do combate às
chamas será de ½ hora, chega-se a uma distância máxima admissível de 6 km entre a estrada mais próxima do
incêndio e o ponto de água mais próximo.
2. Obter a distância entre cada área de risco e o ponto de água mais próximo, considerando-se que só serão
admissíveis percursos por estrada. Na realidade poderão existir caminhos florestais ou agrícolas que possibilitem
uma distância de acesso menor, mas de um momento para o outro essas alternativas poderão tornar-se inviáveis
devido a condicionantes impostos pelo próprio incêndio.
3. Seleccionar as áreas de risco situadas a mais de 6 km (por estrada) do ponto de água mais próximo.
4. Verificar se há pontos do percurso dos rios do concelho situados a menos de 6 km dessas áreas e perto de
estradas (arbitra-se uma distância máxima de 300 metros). Estes pontos constituem locais de eleição para a
construção ou implantação de infra-estruturas de novos pontos de abastecimento de água.
5. Determinar os melhores pontos da bacia hidrográfica a que pertence cada área de risco com abastecimento de
água em falta, com vista à implantação num desses pontos de um reservatório subterrâneo para recolha e
concentração das águas pluviais, para posterior utilização no combate a incêncios nas áreas circundantes.
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6. RISCO DE INCÊNDIO 6 de 16
3.3 Caminhos florestais
Para determinar as áreas onde há necessidade de serem criados novos aceiros, basta cruzar o tema das áreas de risco
com o tema da densidade de caminhos para se obterem as áreas de risco com piores acessos, e que serão obviamente
as principais candidatas para acções de criação de novos acessos florestais.
4. Dados utilizados
Para a realização deste estudo, foram utilizados os seguintes dados:
a) Dados em formato vectorial
- Ocupação do solo (COS90), em formato shapefile. Origem: Instituto Geográfico Português
- Dados hipsométricos do concelho, em formato CAD (.DGN)
- Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), edição de 2008. Origem: Instituto Geográfico Português
- Áreas ardidas no período 1990-2007 em todo o território nacional, em formato shapefile. Origem: Direcção Geral dos
Recursos Florestais
- Postos de Vigia do distrito de Vila Real e respectivos sectores de visibilidade, em formato shapefile. Origem: Instituto
Geográfico Português – Rede de Informação de Situações de Emergência (RISE)
- Localidades, em formato shapefile. Origem. Agência Portuguesa para o Ambiente - Atlas do Ambiente
- Estradas principais e secundárias do concelho, obtidas por vectorização directa sobre as cartas militares
- Rios principais, obtidos da mesma forma.
- Densidade de caminhos florestais e agrícolas do concelho, obtido por vectorização directa sobre as imagens de satélite,
depois de georreferenciadas.
b) Dados em formato raster:
- Cartas militares 1:25.000 abrangendo o território do concelho de Mondim de Basto
- Imagens de satélite abrangendo o território do concelho, obtidas por captura de ecrã no site Google Earth
c) Outros formatos
- Pontos de abastecimento de água do distrito, em formato HTML. Origem: Instituto Geográfico Português – Rede de
Informação de Situações de Emergência (RISE)
- Direcção predominante do vento no concelho, na época de Verão. Origem: Instituto Meteorológico Português
5. Preparação inicial dos dados
Foi necessário realizar várias operações antes de poder ser iniciado o trabalho de análise.
Foi criada uma file geodatabase para conter os dados do estudo.
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7. RISCO DE INCÊNDIO 7 de 16
Definiu-se o sistema de coordenadas em que iriam ser trabalhados os dados. Não havendo nenhum requisito especial em
relação a esta questão, optou-se pelo sistema Hayford-Gauss Datum Lisboa IGeoE, dado ser o sistema em que estavam
projectados alguns dados obtidos de fontes externas.
4
Foi obtido o limite do concelho, em formato vectorial, a partir da CAOP 2008 .
As imagens de satélite foram reunidas num único mosaico, através do software Photoshop, e depois georreferenciadas
erm ArcGIS5 com o auxílio das cartas militares. Pôde-se assim proceder à criação do tema da densidade de caminhos
6
florestais, dividindo-se o território do concelho em polígonos representativos das zonas que se diferenciavam por simples
inspecção visual, ficando definidos 3 níveis de classificação: ausência de caminhos, baixa densidade e alta densidade.
Por digitalização directa sobre as cartas militares, em AutoCAD, obtiveram-se os temas das estradas e dos rios, que
7
depois foram importados para a base de dados .
A carta de ocupação do solo necessitou de várias operações. Primeiro, foi cortada para os limites do concelho. A seguir
foi reclassificada para classes mais adequadas ao objectivo deste trabalho, uma vez que estava classificada com um nível
de desagregação excessivo e as classes originais estavam indicadas apenas por códigos, de difícil entendimento. A
reclassificação foi feita criando-se um campo “ClasseUso” e depois preenchendo-o de uma só vez recorrendo-se a código
VBA na função Field Calculator. Ficaram assim definidas 6 novas classes: Floresta, Inculto, Descoberto, Agrícola, Água e
Social. Finalmente, foi actualizada com as áreas ardidas no período 1990-2007. Para tal, efectuou-se um corte ao tema
das áreas ardidas, para os limites de concelho, e adicionou-se o campo “ClasseUso”, que foi preenchido8 com os valores
“Ardida” e “Inculto”, conforme se tratava de áreas ardidas posteriores ao ano 2000 ou pertencentes ao período 1990-2000,
para reflectir o maior índice actual de combustibilidade das áreas que arderam há mais tempo. A COS90 foi depois
9
actualizada com o tema reclassificado das áreas ardidas.
[11]
O tema dos pontos de água foi bastante trabalhoso de se conseguir. Essa informação é apresentada no site com três
páginas diferentes para cada concelho: lista de pontos de acesso terrestre, de acesso aéreo e ambos. Uma vez que se
pretendia obter os pontos de água não só do concelho de Mondim de Basto, mas também de todos os concelhos
envolventes, dado que as equipas de combate aos incêndios utilizam obviamente o ponto de água mais próximo,
independentemente de ele se situar dentro ou fora dos limites do concelho, foi necessário copiar a informação
directamente das várias páginas HTML para o Excel, filtrar os campos desnecessários e reuni-la toda num bloco coerente.
10
O tema vectorial foi depois criado em ArcGIS através da importação da informação do Excel e feito um corte para a área
do concelho, mas neste caso com o seu limite aumentado com um buffer de 2 km, para que fossem também englobados
os pontos de água mais próximos do concelho.
O tema da visibilidade dos postos de vigia foi obtido já em formato vectorial, num ficheiro para cada concelho, sendo
apenas necessário reunir toda a informação num só ficheiro.
Em relação à altimetria, foi importada para uma feature class na base de dados os campos relevantes dos ficheiros CAD. .
Com estes dados foi criada uma superfície TIN, que depois deu origem aos temas de Declives e Exposição Solar.
4
Dissolve sobre o campo ‘designação’
5
Foi utilizada a georreferencing toolbar e pontos conspícuos em ambos os conjuntos de imagens
6
Utilizada a ferramenta AutoComplete Polygon para garantir uma topologia correcta
7
Criada uma FeatureClass no ArcCatalog e usada a opção Load Data.
8
Field Calculator
9
Função Update do ArcToolBox, seguida de Dissolve com base no campo “ClasseUso” (sem multiparts), para reduzir o número de polígonos do tema
10
ADDXYData
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
8. RISCO DE INCÊNDIO 8 de 16
6. Determinação do risco de incêndio
6.1 Probabilidade de ocorrência de incêndio
Para se poder realizar o estudo deste critério, foi necessário produzir alguns dados adicionais a partir dos dados iniciais.
Zonas agrícolas. O tema da proximidade às zonas agrícolas foi criado extraindo-se essas zonas do COS90 e aplicando-se
depois a ferramenta Linear Distance do Spatial Analyst. Foi depois reclassificado para as classes
50m/200m/1000m/>1000m.
Densidade de Caminhos. Este tema já tinha sido criado e estava pronto a ser utilizado.
Proximidade a zonas sociais. Criado por um processo idêntico ao utilizado para as zonas agrícolas. Sabendo-se que a
maior parte dos incêndios são provocados pelo homem, verificou-se divergência de opiniões relativamente ao
comportamento do factor da proximidade às povoações: mais perto significa maior ou menor probabilidade? Assim, foi
feito um estudo simples para 2005, 2006 e 2007, cruzando-se o tema “distância às povoações” com o tema “áreas
ardidas” pelo seguinte método:
11
- seleccionar as áreas ardidas para um determinado ano
- acrescentar o campo GRIDCODE para receber a classificação da distância às áreas sociais
- reconverter para vectorial o tema raster da distância às áreas sociais criado anteriormente
- cortar12 o tema vectorial das distâncias utilizando o tema das áreas ardidas desse ano. Obtêm-se assim polígonos de
distância iguais aos das áreas ardidas mas com a classificação da distância.
- actualizar13 o tema das áreas ardidas com a classificação da distância. Com esta operação, as áreas ardidas são
divididas pelos limites das distâncias e ao mesmo tempo o seu campo GRIDCODE é preenchido.
- utilizar a ferramenta Summarize para obter as áreas ardidas por distância
Verificou-se que a maior parte dos incêndios se situaram entre 0,5 km e 1,5 km das zonas sociais. Assim, o tema raster
da proximidade às zonas sociais foi reclassificado para intervalos iguais de 500m, sendo o valor 1 o valor mais baixo
(mais perto).
Proximidade a estradas. Aplicada ao tema das estradas a ferramenta Linear Distance do Spatial Analyst. Foi a seguir feito
o mesmo estudo realizado anteriormente para o tema da proximidade às áreas sociais. Constatou-se que a maior parte
dos incêndios se situou entre 0 e 1 km das estradas. Este tema foi depois reclassificado com as classes
50m/200m/1000m/>1000m.
Altitude. Este tema raster, a ser utilizado como medida da temperatura, foi criado14 também a partir da TIN, e depois
reclassificado para as classes 200m/500m/1000m/>1000m.
Visibilidade dos Postos de Vigia. Este tema já tinha sido preparado anteriormente. Efectuou-se apenas um estudo em
relação aos anos anteriores, e verificou-se que cerca de um terço das áreas ardidas coincidiu com áreas sem visibilidade,
embora isto não seja conclusivo.
Uma vez preparados os diversos temas que entram na ponderação deste critério, passou-se ao seu cálculo, através da
ferramenta Wheighted Overlay do Spatial Analyst do ArcGIS. A percentagem de influência utilizada para cada tema foi a
indicada no quadro da pág. 3. Foi definida uma escala de classificação de 1 a 5, que foi aplicada às classes de cada tema
conforme a tabela abaixo.
11
Select by Attributes
12
Clip
13
Update
14
TIN to Raster
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
9. RISCO DE INCÊNDIO 9 de 16
Parâmetro Classificação
COS90 O tema raster obtido com esta ferramenta foi depois convertido15 para
Agrícola 2 16
formato vectorial. Foram a seguir eliminados os polígonos com área
Água RESTRICTED 2
Descoberto 1 inferior a 10.000 m , produzindo-se o mapa final deste critério.
Floresta – Folhosas 4
Floresta – Resinosas 5
Inculto 4
Social RESTRICTED
Ardida 2
Proximidade às zonas agrícolas
50m 5
200m 4
1000m 2
>1000m 1
Distância às zonas sociais
1 (0-500m) 1
2,3,4 5
5,6,7 4
... ...
14,15,16,17 1
Distância às estradas
50m 5
200m 4
1000m 3
>1000m 2
Densidade de caminhos florestais
baixo 2
média 4
alta 5
Exposição solar
Sector N 1
Sector E 3
Sector S 5
Sector W 4
Visibilidade dos postos de vigia
Visível 5
Não visível 1
Altitude
200m 5
500m 4
1000m 3
>1000m 2
6.2 Dimensão das áreas ardidas
Para o estudo deste critério, não se dispunha de uma só ferramenta que desse o resultado final, pelo que todo o processo
se constituiu por uma série de operações em sequência, algumas manuais, outras automáticas. Para este critério
contribuíram os seguintes temas: ocupação do solo, declives, estradas, rios, densidade de caminhos florestais, distância
aos pontos de água e direcção do vento.
Começou-se por gerar o tema vectorial do Custo de Propagação, com as seguintes operações:
17
- reuniu-se num único tema o COS90, as estradas e os rios
- criou-se o campo Custo_Propag para conter a classificação que cada classe de uso do solo irá receber em relação à
dificuldade que apresentava para a propagação do fogo, e preencheu-se conforme a tabela seguinte:
15
Raster To Polygon
16
Eliminate e Dissolve
17
Buffer e Update
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
10. RISCO DE INCÊNDIO 10 de 16
CLASSE AREA > 0,5HA AREA <= 0,5HA - uma vez que não faz sentido que o tema Caminhos
transporte informação sobre custo de propagação em áreas
Agrícola 4 4
onde o fogo não se propaga, foram reclassificadas neste
Água 5 tema as áreas correspondentes a estradas, rios e zonas
Ardida 4 3 sociais. Para isso, criou-se um campo ‘Densidade’ nestes três
últimos temas, preenchido com o valor 0, que foram depois
Descoberto Infinito 4
usados para fazer um Update ao tema Caminhos.
Estrada 4
- através do Raster Calculator, somou-se o tema Caminhos
Floresta 1 ao tema anterior Custo de Propagação
Inculto 1 - também com o Raster Calculator, foram corrigidos para 1 os
valores inferiores a 1 e para 5 os valores superiores a 5, uma
Social 5 4
vez que se pretende uma classificação de 1 a 5.
18
- obteve-se o tema raster Distância aos Pontos de Água e
reclassificou-se para as classses 0,5km/1km/2km/4km/>4km
- finalmente, foi obtido o tema final de custo aplicando-se, com o Wheighted Overlay, o tema Distância aos Pontos de
Água ao tema Custo Propagação.
Por último, o tema raster da direcção do vento foi criado com a ferramenta Create Raster, obtendo-se uma matriz de
células em que todas tinham um valor igual (45) representativo da direcção predominante do vento (SW) na região, nesta
época.
Antes de poder ser utilizada a ferramenta Path Distance do Spatial Analyst, que se irá revelar essencial neste estudo,
foram configurados os seus parâmetros respeitantes ao vento e aos declives. Para o parâmetro da direcção do vento foi
seleccionado o modelo LINEAR pré-definido, dado não haver razão para ser alterado. Para o parâmetro dos declives, foi
criado um novo modelo, que traduz melhor o comportamento da progressão do fogo em declives negativos.
Vento – A linha das abcissas representa o Declives – A linha das abcissas representa o
ângulo que a direcção de propagação do fogo ângulo de declive. A linha das ordenadas
faz com a direcção do vento. A linha das representa o factor multiplicativo que vai ser
ordenadas representa o factor multiplicativo aplicado ao tema Custo de Propagação.
que vai ser aplicado ao tema Custo de Conclui-se que para ângulos negativos o
Propagação. Conclui-se que para ângulos custo aumenta, enquanto que para ângulos
menores que 45º, o custo é reduzido, positivos o custo reduz-se.
enquanto que para ângulos superiores o custo
vai aumentando progressivamente.
18
Straight Line Distance
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
11. RISCO DE INCÊNDIO 11 de 16
Uma vez preparados todos os dados necessários, foi criado um
modelo no ModelBuilder que permitisse partir de um ponto inicial
(controide de uma area de risco) e obter no fim a área
correspondente ardida. Este modelo foi depois executado
iteractivamente para todas as áreas de risco, por meio de um
script VBA. Tratando-se de um processo moroso, em que cada
área demorou em média 2 minutos a ser processada, o processo todo foi completado em 5 dias. Devido a erros ocorridos
durante o processo, que tiveram a haver com as características próprias de alguns pontos, dos 765 pontos iniciais
resultaram 633 polígonos, com áreas variando entre 172 ha e 1146 ha.
Destes, foram eliminados 20 polígonos correspondentes a zonas que não originam incêndio (ex: descobertos), ficando
613 poligonos que foram reclassificadas em função da sua área, tendo sido definidos 3 níveis: área pequena (até 400 ha),
média (entre 401 e 800 ha) e grande (acima de 801 ha). Os resultados estão
resumidos no quadro ao lado. Nível Nº Áreas Área total (ha)
Desta fase podemos apontar algumas conclusões: 1 47 14.593
2 327 203.278
- 40,9 % das áreas definidas na fase anterior resultam em áreas de nível 3
nesta fase, enquanto que 51,6 % resultam em áreas de nível 2. Apenas 7,4 % 3 259 241.945
são áreas de nível 1, a maior parte destas devido a limites geográficos
impostos pela presença de rios principais, que impediram a progressão do fogo.
- as áreas de nível 3, embora em número inferior às de nível 2, são responsáveis pela maior parte de área ardida
(52,6 %).
6.3 Proximidade de zonas sociais
Pretende-se aqui obter resposta a duas questões em relação a cada área ardida:
- área das zonas sociais afectadas por cada área ardida. Constitui uma medida da importância das zonas sociais
afectadas
- distância do ponto-origem à primeira área social afectada
Área das zona sociais afectadas
19
Foi obtido o tema das áreas sociais a partir do COS90, e cruzado com o tema das áreas ardidas finais da forma que se
descreve a seguir. Para poderem ser relacionadas as áreas ardidas com as respectivas áreas sociais atingidas, foi criado
um modelo no ModelBuilder que realizou os seguintes passos:
12
- seleccionar uma área ardida individual
- seleccionar20 as áreas sociais atingidas por essa área ardida
- ‘marcar’21 essas áreas sociais com o ID da área ardida
22
- exportar para uma nova tabela os registos assim seleccionados e alterados na tabela das áreas sociais
Este modelo foi executado iteractivamente por meio de um script VBA, uma vez para cada área ardida, demorando cerca
de 10 minutos a percorrer as 613 área ardidas. Obteve-se assim uma tabela em que cada linha tinha o ID da área ardida e
o ID da área social atingida. Assim, por exemplo, uma área ardida que tivesse atingido duas áreas sociais, teria dois
registos nessa tabela.
19
Select by Attributes
20
Select by Location
21
Calculate Field
22
Table Select e Append
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
12. RISCO DE INCÊNDIO 12 de 16
23
O passo seguinte foi extrair a informação desejada, relacionando-se os temas de áreas ardidas, áreas sociais e a tabela
obtida anteriormente. Fez-se depois um Join entre a tabela anterior e o tema das zonas sociais, para que as áreas destas
24
figurassem nessa tabela. Assim, foi possível obter uma estatística por área ardida, contendo o número de zonas sociais
afectadas e a área total afectada, para cada área ardida.
Distância do ponto-origem à primeira área social afectada
Novamente foi necessário recorrer a um método iteractivo baseado num modelo que executou as seguintes operações em
sequência, uma vez para cada área ardida:
- seleccionar25 uma área ardida
- cruzar13 com as áreas sociais, para obter as áreas sociais afectadas
- converter as áreas sociais afectadas para informação do tipo linha
(necessário para a função Near)
- seleccionar18 o ponto que deu origem à área ardida
- medir26 e armazenar nos atributos do ponto seleccionado a distância à área social mais próxima
- exportar o atributos do ponto, que contêm a distância e a identificação da área social afectada, para uma nova tabela
Este processo demorou cerca de 20 minutos.
Classificação final do critério “proximidade de zonas sociais”
Já na posse de todos os dados, passou-se ao cálculo da classificação final deste critério. Através da realização de vários
joins entre temas, foi possível integrar toda a informação numa única tabela.
Nível de Risco 27
Esta tabela final, depois de classificada de acordo com o
1 2 3 critério de risco definido em 3.1, permitiu obter o quadro de
Número de áreas classificadas 84 437 112 estatísticas apresentado ao lado. Da análise da diversa
informação obtida, constata-se que:
Número de zonas sociais afectadas -- 41 36
- apenas 14% das áreas ardidas não atingiram zonas sociais
Área social afectada (ha) -- 162 179
- 82% das áreas estudadas têm zonas sociais a menos de
Áreas-origem a menos de 1500m de
-- 0 507 1500m a sotavento.
áreas sociais
Áreas-origem a mais de 1500m de
-- 42 0
áreas sociais
6.4 Determinação do risco global de incêndio
Estando obtidos os resultados dos três critérios definidos – probabilidade, dimensão e proximidade - pode-se agora
determinar o risco global de incêndio de cada área. Através de diversas operações de join de tabelas, compilou-se a
informação relevante na tabela final ilustrada abaixo, onde se estabelece uma relação entre as áreas-origem e os
respectivos graus de risco, parciais e global:
23
Criar Relates
24
Summarize
25
Select by Attributes
26
Near
27
Field Caculator
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
13. RISCO DE INCÊNDIO 13 de 16
Legenda:
ID_ORIGEM Identificação da área-origem
Origem_Ha Área da origem
ID_Ardida Identificação da zona ardida correspondente
Ardida_Ha Área da zona ardida
SocArdidas Área das zonas sociais afectadas
DistSoc Distância do centro da área-origem à zona social afectada mais próxima
DistSocID Identificação da zona social afectada mais próxima
Risco_PROB Critério parcial: classificação quanto ao grau de probabilidade de ocorrência de incêndio
Risco_DIM Critério parcial: classificação quanto à dimensão da área ardida
Risco_SOCI Critério parcial: classificação quanto à proximidade de zonas sociais
Risco_INCEND Resultado final: classificação quanto ao Risco Global de Incêndio
A classificação final quanto ao Risco Global de
Incêndio foi obtida aplicando-se a fórmula
([Risco_PROB] + [Risco_DIM] + ([Risco_SOCI x 2)) / 4
de onde resultou o mapa final que se apresenta
ao lado.
Dos dados obtidos retiram-se as seguintes
conclusões:
- 404 das zonas estudadas (65%) são zonas com
alto risco de incêndio. Se considerarmos estes
números em termos de área, veremos que
correspondem a 8.282 ha, ou seja, 48% da área
total do concelho.
- apenas 12% do território tem risco de incêndio
baixo.
- a maior parte das zonas de alto risco concentra-
se na metade leste do território, precisamente
onde há maior área de zonas sociais
7. Pontos de abastecimento de água
A avaliação da adequação da rede de pontos de abastecimento de água parte da premissa já referida em 3.1 de que
qualquer zona deve situar-se a menos de 6 km de distância de um ponto qualificado para abastecimento de água, medida
por estrada. O modelo de operações que permite determinar essas distâncias está descrito a seguir:
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
14. RISCO DE INCÊNDIO 14 de 16
28
1. Converter o tema vectorial das estradas para raster e reclassificá-lo para 2 classes apenas (estrada=1 e
restante=10). Esta informação irá servir como tema de custo, fornecendo a indicação de que o percurso ao longo das
estradas terá um custo mais reduzido.
2. Com o tema dos pontos de água e o resultado do ponto anterior, criar29 os temas raster CostDistance e Backlink,
necessários para o resto da operação.
Para cada área cuja distância se pretender determinar:
3. Seleccionar o respectivo ponto origem (eventualmente, o centróide)
4. Entrando com os temas criados no ponto 2, utilizar a ferramenta CostPath para obter um raster com o caminho até ao
ponto de água mais perto.
5. Converter30 o raster anterior para formato vectorial. Nesta fase já se dispõe da distância num dos atributos deste
tema.
6. Adicionar o campo ID_PONTO ao tema obtido e preenchê-lo com o ID do ponto-origem, para que a distância obtida
possa ficar relacionada com a respectiva origem. Se este processo for executado no ModelBuilder, o ID pode ser
obtido através da opção Model Parameter.
Se se pretender determinar a distância de várias zonas, será útil reunir os resultados todos num só tema final, para o que
será necessário mais um passo adicional:
8. Adicionar31 o registo obtido a um tema final de distâncias calculadas.
Este processo pode ser todo executado no ModelBuilder, o que será particularmente útil caso se deseje calcular a
distância para todos os pontos-origem, uma vez que o modelo pode ser executado iteractivamente por meio de um script.
Uma vez que no caso deste estudo o número de zonas-origem ascende a 613, só poderia ser considerado o método
iteractivo. No entanto, apesar de o modelo estar preparado para ser
utilizado, e para evitar eventual trabalho moroso desnecessário, foi decidido
estudar primeiro, de forma aproximada, a realidade da situação: verificar se
existe algum local do concelho que esteja a mais de 5 km, em linha recta,
de um ponto de água, assumindo-se aqui que um percurso de 5 km em
linha recta equivaleria grosso modo a 6 km por estrada. Incluiram-se os
pontos de água situados fora do concelho mas a uma distância máxima de
2 km dos seus limites, uma vez que na prática constituem recurso viável em
situações de combate a incêndio. Começou-se por obter32 um tema raster
de distâncias lineares a partir dos pontos de água, para todo o concelho.
Este tema foi depois reclassificado para duas classe - até 5 km e maior que
5 km - sendo apresentado com duas cores no ArcMap. Ficou imediatamente
claro que todo o território do concelho estava abrangido por esta cobertura,
não existindo assim nenhum local que diste mais de 6 km ao ponto de água
mais próximo. Isto não é de admirar, uma vez que existem 41 pontos de
água num território circunscrito por um rectângulo de 16 km por 21 km.
28
Polygon To Raster e Reclassify
29
Cost Distance (Spatial Analyst)
30
Raster To Polygon
31
Append
32
Linear Distance (Spatial Analyst)
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
15. RISCO DE INCÊNDIO 15 de 16
8. Caminhos Florestais
O terceiro objectivo deste estudo consiste em verificar se a rede de caminhos florestais e agrícolas estabelece uma
cobertura adequada de todas as zonas do território, de forma a permitir o acesso facilitado das equipas de combate aos
locais de incêndio. Para tal, é necessário cruzar os temas dos caminhos com o das áreas de risco de incêndio.
33 34
Seleccionou-se , nos primeiros, as zonas com baixa densidade de caminhos (22 zonas), e cruzou-se com as áreas de
risco, obtendo-se assim as áreas de risco com piores acessos (155). Destas, seleccionaram-se
depois apenas as que tinham o nível 3 de risco de incêndio, obtendo-se 100 zonas. Fez-se um
dissolve para juntar polígonos adjacentes, e ficaram 50 zonas. Uma vez que as zonas se
35
apresentavam excessivamente recortadas, o seu contorno foi generalizado um pouco, sendo
absorvidas ou eliminadas as zonas mais pequenas, tendo ficado 21 zonas.
Quando observadas em imagens de satélite de grande resolução, verifica-se
que a maior parte das zonas identificadas por este processo são zonas de
acesso difícil, com relevo acidentado, onde não é possível o trânsito de
veículos.
Foi repetido o mesmo processo para as áreas de risco de nível 2, resultando
em 11 áreas com poucos acessos. Também aqui se verificou serem áreas na
sua maioria de difícil acesso. Apenas para
3 áreas situadas na zona sul do concelho
parecia viável a criação de caminhos
novos, embora permaneça a dúvida sobre
a real necessidade dessa empreitada, uma
vez que são áreas com larguras entre 300
m e 500 m situadas entre caminhos
principais as ladeiam.
33
Select by Attributes
34
Select by Location
35
Simplify Polygon
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008
16. RISCO DE INCÊNDIO 16 de 16
9. Bibliografia
1. Metodologia CRISE. Instituto Geográfico Português, 2008.
2. Freire, Sérgio; Carrão, Hugo; Caetano, Mário R. Produção de Cartografia de Risco de Incêndio Florestal
com Recurso a Imagens de Satélite e Dados Auxiliares. Instituto Geográfico Português
3. Scripting Your ArcGIS Geoprocessing Tasks
http://geochalkboard.wordpress.com
4. Looping Through Layers in ArcGIS
http://gis.utah.gov/code-visual-basic/vba-arcmap-loop-through-layer-example
5. Defesa da Floresta Contra Incêndios – Relatório de 2007. Direcção Geral dos Recursos Florestais. 2007.
6. Néry, Fernanda. Cartografia de Uso do Solo e/ou Ocupação do Solo em Portugal Continental: compilação
de fontes primárias sobre os projectos CLC’90 e COS’90, IGP. 2007
7. http://www.igeo.pt
8. http://www.esri.com
9. http://maps.google.com
10. http://www.meteo.pt
11. http://crif.igeo.pt
CET SIG – Projecto Carlos Fonseca Ago/2008