SlideShare a Scribd company logo
1 of 2
Download to read offline
NO ART IS AN ISLAND

       Esta arte - a que vemos, - não é a mesma. Não é a que eu vejo e você, aqui
perto, consegue ver. Mas é a mesma estrutura, o mesmo espaço e o mesmo tempo.
Então porque é que esta arte não é também una na forma como a integramos?
Pois bem, porque sozinha não tem sentido, nem interpretação. Porque precisa de
cada um, e cada um dela, para ter de facto existência e semântica. Parece
pretensioso?
       Lembra-se quando Magritte afirmou, perante a imagem convencional de um
cachimbo, "ceci n´est pas une pipe" (1928-29)? Foi um pedido ao Homem-Artista
para parar de ambicionar representar a vida tal como ela é e as coisas tal como são,
num realismo absurdo e inatingível. Foi um pedido ao Homem-Artista para admitir
que é um Zé Ninguém quando fala, quando se move, quando executa; que só em
conjunto com a obra e com a sua imaginação terá algum significado, significado
esse que nunca será o mesmo aqui, ali ou além; nunca será exactamente o mesmo
para mim, para si e para o Homem-Artista. É disso que vive a magnitude do
significado de arte: tê-lo de todas as formas, quantas aquelas em que existimos.
       Isto levanta uma celeuma assustadora, bem sei. Então não é possível
perceber a arte da mesma forma? Ficaremos destinados ao sulco inevitável, ainda
que por vezes ténue, que existe entre a minha interpretação e a sua interpretação?
Sim. Lamento. Mas não é isto que buscamos? Diga-me uma peça de arte que tenha
esgotado os seus significados e que tenha, num momento impávido, tido o mesmo
para Fulano e Beltrano? Nenhuma, pelo menos a intemporal. Porque essa, vive
preparada para rearranjos e ajustamentos ao contexto e aos novos olhos; os que
nascem. Porque "Guernica" (Picasso, 1937) do séc. XX não é a mesma do séc. XXI e
é precisamente isso que a torna sempre nova e emocionante. Porque nós, as nossas
emoções e as nossas narrativas não são as mesmas hoje, amanhã e depois; a
interacção é sempre diferente, entre obra-pessoa e pessoa-obra. Restamos assim,
subjugados a este jogo de interacções que permite, aos mais audazes, tentar
perceber o que o outro vê e acomodar-se à aventura de nunca o perceber.
       Parece confuso, obtuso, cruelmente epistemológico. Não creio. É tão simples
como pintar uma fruteira e percebê-la com fruteira. É tão simples como ler a
palavra cachimbo e daí, imageticamente, termos um. Dentro dessa simplicidade -
mágica - deve ser percebido que o significado que uma fruteira tem para mim, não
terá para si, nem para os nossos filhos, daqui a dez anos. Se percebermos isto,
podemos perceber tudo sem limites e sem barreiras interpretativas.
         Falo agora na obra "A Culpa não é Minha" (João Pedro Vale, 2003). Também
irónica, retrata a forma como podemos ficar encalhados, amarrados, petrificados,
se atracarmos a criação e o "mais-além" que é Nosso, de Todos e de Ninguém. Não
vou explicar a minha confusão, deixo-a assim, para a sua interpretação cuidada e
ingenuamente objectiva.
         Se a arte for para o autor, não haverá arte. Se a arte for para o público, não
haverá arte. Se a arte for um momento, não haverá arte. Se a arte for intocável, não
haverá arte. Se a arte tiver uma data, não haverá arte. A arte não quer ser um Eu.
Não quer ser um Ninguém, um Alguém; não quer ser Dela própria.
Só assim haverá arte.
         Se personificarmos a arte vemo-la como uma túlipa leve, crua, devastadora.
Vemo-la como Pipilotti Rist a quis, em Ever is All Over( 1997), cheia de liberdade e
impacto, livre de tudo e de ela própria.
         Deixo-lhe um conselho: não queira perceber nada do que digo. É apenas a
minha forma de ver arte, muito diferente da sua, certamente. Deixemo-la existir;
assim.


                                                                 Ana Rita Caldeira (2012)

                                                                           PROCESSO(s)

More Related Content

What's hot

Se Você Me Esquecer
Se Você Me EsquecerSe Você Me Esquecer
Se Você Me Esquecer
miriam catao
 
C O N F L I T O S E P A Z
C O N F L I T O S  E  P A ZC O N F L I T O S  E  P A Z
C O N F L I T O S E P A Z
guest2c857d
 
Poesia e heteronímia em fernando pessoa
Poesia e heteronímia em fernando pessoaPoesia e heteronímia em fernando pessoa
Poesia e heteronímia em fernando pessoa
ma.no.el.ne.ves
 
C I N Z A S D E M O M E N T O S
C I N Z A S  D E  M O M E N T O SC I N Z A S  D E  M O M E N T O S
C I N Z A S D E M O M E N T O S
guest2c857d
 
Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio Prof.ª ConceiçãO ...
Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio   Prof.ª ConceiçãO ...Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio   Prof.ª ConceiçãO ...
Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio Prof.ª ConceiçãO ...
librarian
 
Cada palavra uma tese marcelo soriano - literatas
Cada palavra uma tese   marcelo soriano - literatasCada palavra uma tese   marcelo soriano - literatas
Cada palavra uma tese marcelo soriano - literatas
Marcelo Soriano
 

What's hot (18)

Se Você Me Esquecer
Se Você Me EsquecerSe Você Me Esquecer
Se Você Me Esquecer
 
C O N F L I T O S E P A Z
C O N F L I T O S  E  P A ZC O N F L I T O S  E  P A Z
C O N F L I T O S E P A Z
 
A namorada virtual
A namorada virtualA namorada virtual
A namorada virtual
 
Ricardo Reis
Ricardo ReisRicardo Reis
Ricardo Reis
 
Ricardo reis
Ricardo reisRicardo reis
Ricardo reis
 
As rosas amo dos jardins de adónis
As rosas amo dos jardins de adónisAs rosas amo dos jardins de adónis
As rosas amo dos jardins de adónis
 
Apenas gente
Apenas genteApenas gente
Apenas gente
 
Poesia e heteronímia em fernando pessoa
Poesia e heteronímia em fernando pessoaPoesia e heteronímia em fernando pessoa
Poesia e heteronímia em fernando pessoa
 
Fernandopessoa ortonimoeheteronimos
Fernandopessoa ortonimoeheteronimosFernandopessoa ortonimoeheteronimos
Fernandopessoa ortonimoeheteronimos
 
Nanquim marcia portella
Nanquim marcia portellaNanquim marcia portella
Nanquim marcia portella
 
C I N Z A S D E M O M E N T O S
C I N Z A S  D E  M O M E N T O SC I N Z A S  D E  M O M E N T O S
C I N Z A S D E M O M E N T O S
 
Sem Timor...
Sem Timor...Sem Timor...
Sem Timor...
 
Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio Prof.ª ConceiçãO ...
Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio   Prof.ª ConceiçãO ...Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio   Prof.ª ConceiçãO ...
Toma Lá Poesia Folhetos De PromoçãO Do Concurso LiteráRio Prof.ª ConceiçãO ...
 
Análise do poema: "O que há em mim é sobretudo cansaço" - Álvaro de Campos
Análise do poema: "O que há em mim é sobretudo cansaço" - Álvaro de CamposAnálise do poema: "O que há em mim é sobretudo cansaço" - Álvaro de Campos
Análise do poema: "O que há em mim é sobretudo cansaço" - Álvaro de Campos
 
Cada palavra uma tese marcelo soriano - literatas
Cada palavra uma tese   marcelo soriano - literatasCada palavra uma tese   marcelo soriano - literatas
Cada palavra uma tese marcelo soriano - literatas
 
Fragmentos marcia portella
Fragmentos marcia portellaFragmentos marcia portella
Fragmentos marcia portella
 
Théo gomes portfolio final
Théo gomes portfolio finalThéo gomes portfolio final
Théo gomes portfolio final
 
Théo gomes
Théo gomesThéo gomes
Théo gomes
 

Viewers also liked

Perguntas referentes ao texto 1.doc
Perguntas referentes ao texto 1.docPerguntas referentes ao texto 1.doc
Perguntas referentes ao texto 1.doc
Eliane Gomes
 

Viewers also liked (20)

moda y diseño
 moda y diseño moda y diseño
moda y diseño
 
Perguntas referentes ao texto 1.doc
Perguntas referentes ao texto 1.docPerguntas referentes ao texto 1.doc
Perguntas referentes ao texto 1.doc
 
La Ruta Historica de Asia
La Ruta Historica de AsiaLa Ruta Historica de Asia
La Ruta Historica de Asia
 
Tecnologia para Licenciamento
Tecnologia para LicenciamentoTecnologia para Licenciamento
Tecnologia para Licenciamento
 
Preguntas escenciales
Preguntas escencialesPreguntas escenciales
Preguntas escenciales
 
Tabla periodica
Tabla periodicaTabla periodica
Tabla periodica
 
Poder legislativo
Poder legislativoPoder legislativo
Poder legislativo
 
Problematica de la educacion secundaria
Problematica de la educacion secundariaProblematica de la educacion secundaria
Problematica de la educacion secundaria
 
Reunión de padres 1º trimestre
Reunión de padres 1º trimestreReunión de padres 1º trimestre
Reunión de padres 1º trimestre
 
3,2,1,nos presentamos manuel
3,2,1,nos presentamos manuel3,2,1,nos presentamos manuel
3,2,1,nos presentamos manuel
 
Calculo diferencial...
Calculo diferencial...Calculo diferencial...
Calculo diferencial...
 
Mayasincasaztecas 6 sociales
Mayasincasaztecas 6 socialesMayasincasaztecas 6 sociales
Mayasincasaztecas 6 sociales
 
Gabriel terra
Gabriel terraGabriel terra
Gabriel terra
 
Declaracion derechos humanos ppt
Declaracion derechos humanos  pptDeclaracion derechos humanos  ppt
Declaracion derechos humanos ppt
 
Derecho registral
Derecho registralDerecho registral
Derecho registral
 
Búsqueda y selección de un rea
Búsqueda y selección de un reaBúsqueda y selección de un rea
Búsqueda y selección de un rea
 
CV
CVCV
CV
 
Leituras: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Leituras: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano BLeituras: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Leituras: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano B
 
PL2946 2015 resumo dos pontos chaves
PL2946 2015 resumo dos pontos chavesPL2946 2015 resumo dos pontos chaves
PL2946 2015 resumo dos pontos chaves
 
Software
SoftwareSoftware
Software
 

Similar to Exemplo 5 escrita criativa - No art is an island [processo(s)]

Ensaio man of the crowd
Ensaio man of the crowdEnsaio man of the crowd
Ensaio man of the crowd
Raphael Cruz
 
Encontro 6 - Autoretrato
Encontro 6 - AutoretratoEncontro 6 - Autoretrato
Encontro 6 - Autoretrato
gernacor
 
CONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIER
CONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIERCONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIER
CONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIER
Andrey Melo
 
A arte de naif
A arte de naifA arte de naif
A arte de naif
JNR
 
Intertextualidade e linguagem Catia Delatorre
Intertextualidade e linguagem   Catia DelatorreIntertextualidade e linguagem   Catia Delatorre
Intertextualidade e linguagem Catia Delatorre
Catia Delatorre
 
As Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCulo
As Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCuloAs Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCulo
As Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCulo
Marquês de Pombal
 

Similar to Exemplo 5 escrita criativa - No art is an island [processo(s)] (20)

Comunicologia
ComunicologiaComunicologia
Comunicologia
 
A crise de identidade
A crise de identidadeA crise de identidade
A crise de identidade
 
Residência Artística 2016 - 1
Residência Artística 2016 - 1Residência Artística 2016 - 1
Residência Artística 2016 - 1
 
Entendendo a Arte. Prof. Garcia Junior
Entendendo a Arte. Prof. Garcia JuniorEntendendo a Arte. Prof. Garcia Junior
Entendendo a Arte. Prof. Garcia Junior
 
1904 alguma coisa sobre o teatro portugues de romualdo figueiredo
1904 alguma coisa sobre o teatro portugues de  romualdo figueiredo1904 alguma coisa sobre o teatro portugues de  romualdo figueiredo
1904 alguma coisa sobre o teatro portugues de romualdo figueiredo
 
Ensaio man of the crowd
Ensaio man of the crowdEnsaio man of the crowd
Ensaio man of the crowd
 
Encontro 6 - Autoretrato
Encontro 6 - AutoretratoEncontro 6 - Autoretrato
Encontro 6 - Autoretrato
 
CONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIER
CONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIERCONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIER
CONVITE EXPOSIÇÃO "A LUZ DA ALMA" POR EDUARDO XAVIER
 
A arte de naif
A arte de naifA arte de naif
A arte de naif
 
05. Poesia para Início de Conversa. Ano I, Nº 05 - Volume I - Porto Velho - J...
05. Poesia para Início de Conversa. Ano I, Nº 05 - Volume I - Porto Velho - J...05. Poesia para Início de Conversa. Ano I, Nº 05 - Volume I - Porto Velho - J...
05. Poesia para Início de Conversa. Ano I, Nº 05 - Volume I - Porto Velho - J...
 
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de AndradeCarlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
 
Análise Temática do conto de Machado de Assis: Um Homem Célebre.
Análise Temática do conto de Machado de Assis: Um Homem Célebre.Análise Temática do conto de Machado de Assis: Um Homem Célebre.
Análise Temática do conto de Machado de Assis: Um Homem Célebre.
 
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
 
Arteconhecimento
ArteconhecimentoArteconhecimento
Arteconhecimento
 
Croco04 2014 draft final
Croco04 2014 draft finalCroco04 2014 draft final
Croco04 2014 draft final
 
O Estilo em Caneta Feliz
O Estilo em Caneta FelizO Estilo em Caneta Feliz
O Estilo em Caneta Feliz
 
Revista literatas edição 15
Revista literatas   edição 15Revista literatas   edição 15
Revista literatas edição 15
 
Intertextualidade e linguagem Catia Delatorre
Intertextualidade e linguagem   Catia DelatorreIntertextualidade e linguagem   Catia Delatorre
Intertextualidade e linguagem Catia Delatorre
 
As Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCulo
As Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCuloAs Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCulo
As Primeiras Grandes TendêNcias Da Pintura Do SéCulo
 
Fernando_Pessoa.pdf
Fernando_Pessoa.pdfFernando_Pessoa.pdf
Fernando_Pessoa.pdf
 

More from EDUCATE

Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015
Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015
Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015
EDUCATE
 
Preparar Teste e Exames Nacionais
Preparar Teste e Exames NacionaisPreparar Teste e Exames Nacionais
Preparar Teste e Exames Nacionais
EDUCATE
 
Prepara os teus testes intermédios e exames nacionais
Prepara os teus testes intermédios e exames nacionaisPrepara os teus testes intermédios e exames nacionais
Prepara os teus testes intermédios e exames nacionais
EDUCATE
 
Workshop métodos de estudo (pais)
Workshop métodos de estudo (pais)Workshop métodos de estudo (pais)
Workshop métodos de estudo (pais)
EDUCATE
 
Desp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fev
Desp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fevDesp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fev
Desp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fev
EDUCATE
 
Matemática no Planeta Terra 2013
Matemática no Planeta Terra 2013Matemática no Planeta Terra 2013
Matemática no Planeta Terra 2013
EDUCATE
 
Comunicação Percursos geo-referenciados e geocaching
Comunicação Percursos geo-referenciados e geocachingComunicação Percursos geo-referenciados e geocaching
Comunicação Percursos geo-referenciados e geocaching
EDUCATE
 
Workshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coachingWorkshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coaching
EDUCATE
 
Workshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coachingWorkshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coaching
EDUCATE
 
Projeto Lideres Teens
Projeto Lideres TeensProjeto Lideres Teens
Projeto Lideres Teens
EDUCATE
 
Musicoterapia
MusicoterapiaMusicoterapia
Musicoterapia
EDUCATE
 
Workshops para jovens encartados e adultos - Segurança Rodoviária
Workshops para jovens encartados e adultos - Segurança RodoviáriaWorkshops para jovens encartados e adultos - Segurança Rodoviária
Workshops para jovens encartados e adultos - Segurança Rodoviária
EDUCATE
 
Proposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das Organizações
Proposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das OrganizaçõesProposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das Organizações
Proposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das Organizações
EDUCATE
 
Curso básico de socorrismo (formação)
Curso básico de socorrismo (formação)Curso básico de socorrismo (formação)
Curso básico de socorrismo (formação)
EDUCATE
 
Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)
Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)
Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)
EDUCATE
 
Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)
Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)
Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)
EDUCATE
 
Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)
Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)
Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)
EDUCATE
 
Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]
Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]
Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]
EDUCATE
 
Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)
Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)
Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)
EDUCATE
 
Workshop Maus tratos a idosos
Workshop Maus tratos a idososWorkshop Maus tratos a idosos
Workshop Maus tratos a idosos
EDUCATE
 

More from EDUCATE (20)

Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015
Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015
Legislação Calendário escolar 2014-15 e exames 2015
 
Preparar Teste e Exames Nacionais
Preparar Teste e Exames NacionaisPreparar Teste e Exames Nacionais
Preparar Teste e Exames Nacionais
 
Prepara os teus testes intermédios e exames nacionais
Prepara os teus testes intermédios e exames nacionaisPrepara os teus testes intermédios e exames nacionais
Prepara os teus testes intermédios e exames nacionais
 
Workshop métodos de estudo (pais)
Workshop métodos de estudo (pais)Workshop métodos de estudo (pais)
Workshop métodos de estudo (pais)
 
Desp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fev
Desp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fevDesp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fev
Desp 2162 a.2013 - Calendário Exames 2013 5.fev
 
Matemática no Planeta Terra 2013
Matemática no Planeta Terra 2013Matemática no Planeta Terra 2013
Matemática no Planeta Terra 2013
 
Comunicação Percursos geo-referenciados e geocaching
Comunicação Percursos geo-referenciados e geocachingComunicação Percursos geo-referenciados e geocaching
Comunicação Percursos geo-referenciados e geocaching
 
Workshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coachingWorkshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coaching
 
Workshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coachingWorkshops produtividade, marketing e coaching
Workshops produtividade, marketing e coaching
 
Projeto Lideres Teens
Projeto Lideres TeensProjeto Lideres Teens
Projeto Lideres Teens
 
Musicoterapia
MusicoterapiaMusicoterapia
Musicoterapia
 
Workshops para jovens encartados e adultos - Segurança Rodoviária
Workshops para jovens encartados e adultos - Segurança RodoviáriaWorkshops para jovens encartados e adultos - Segurança Rodoviária
Workshops para jovens encartados e adultos - Segurança Rodoviária
 
Proposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das Organizações
Proposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das OrganizaçõesProposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das Organizações
Proposta de formacões de Recursos Humanos e Psicologia das Organizações
 
Curso básico de socorrismo (formação)
Curso básico de socorrismo (formação)Curso básico de socorrismo (formação)
Curso básico de socorrismo (formação)
 
Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)
Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)
Exemplo 6 escrita criativa - Shopping a la carte (dif 89)
 
Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)
Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)
Exemplo 4 escrita criativa - Mu(dar)
 
Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)
Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)
Exemplo 3 escrita criativa - Luzz me (dif 89)
 
Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]
Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]
Exemplo 2 escrita criativa - Foi um não rápido [processo(s)]
 
Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)
Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)
Exemplo 1 escrita criativa - Atelier concorde (dif 86)
 
Workshop Maus tratos a idosos
Workshop Maus tratos a idososWorkshop Maus tratos a idosos
Workshop Maus tratos a idosos
 

Recently uploaded

PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
tatianehilda
 

Recently uploaded (20)

Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptxProdução de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdfProjeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVAEDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 

Exemplo 5 escrita criativa - No art is an island [processo(s)]

  • 1. NO ART IS AN ISLAND Esta arte - a que vemos, - não é a mesma. Não é a que eu vejo e você, aqui perto, consegue ver. Mas é a mesma estrutura, o mesmo espaço e o mesmo tempo. Então porque é que esta arte não é também una na forma como a integramos? Pois bem, porque sozinha não tem sentido, nem interpretação. Porque precisa de cada um, e cada um dela, para ter de facto existência e semântica. Parece pretensioso? Lembra-se quando Magritte afirmou, perante a imagem convencional de um cachimbo, "ceci n´est pas une pipe" (1928-29)? Foi um pedido ao Homem-Artista para parar de ambicionar representar a vida tal como ela é e as coisas tal como são, num realismo absurdo e inatingível. Foi um pedido ao Homem-Artista para admitir que é um Zé Ninguém quando fala, quando se move, quando executa; que só em conjunto com a obra e com a sua imaginação terá algum significado, significado esse que nunca será o mesmo aqui, ali ou além; nunca será exactamente o mesmo para mim, para si e para o Homem-Artista. É disso que vive a magnitude do significado de arte: tê-lo de todas as formas, quantas aquelas em que existimos. Isto levanta uma celeuma assustadora, bem sei. Então não é possível perceber a arte da mesma forma? Ficaremos destinados ao sulco inevitável, ainda que por vezes ténue, que existe entre a minha interpretação e a sua interpretação? Sim. Lamento. Mas não é isto que buscamos? Diga-me uma peça de arte que tenha esgotado os seus significados e que tenha, num momento impávido, tido o mesmo para Fulano e Beltrano? Nenhuma, pelo menos a intemporal. Porque essa, vive preparada para rearranjos e ajustamentos ao contexto e aos novos olhos; os que nascem. Porque "Guernica" (Picasso, 1937) do séc. XX não é a mesma do séc. XXI e é precisamente isso que a torna sempre nova e emocionante. Porque nós, as nossas emoções e as nossas narrativas não são as mesmas hoje, amanhã e depois; a interacção é sempre diferente, entre obra-pessoa e pessoa-obra. Restamos assim, subjugados a este jogo de interacções que permite, aos mais audazes, tentar perceber o que o outro vê e acomodar-se à aventura de nunca o perceber. Parece confuso, obtuso, cruelmente epistemológico. Não creio. É tão simples como pintar uma fruteira e percebê-la com fruteira. É tão simples como ler a palavra cachimbo e daí, imageticamente, termos um. Dentro dessa simplicidade -
  • 2. mágica - deve ser percebido que o significado que uma fruteira tem para mim, não terá para si, nem para os nossos filhos, daqui a dez anos. Se percebermos isto, podemos perceber tudo sem limites e sem barreiras interpretativas. Falo agora na obra "A Culpa não é Minha" (João Pedro Vale, 2003). Também irónica, retrata a forma como podemos ficar encalhados, amarrados, petrificados, se atracarmos a criação e o "mais-além" que é Nosso, de Todos e de Ninguém. Não vou explicar a minha confusão, deixo-a assim, para a sua interpretação cuidada e ingenuamente objectiva. Se a arte for para o autor, não haverá arte. Se a arte for para o público, não haverá arte. Se a arte for um momento, não haverá arte. Se a arte for intocável, não haverá arte. Se a arte tiver uma data, não haverá arte. A arte não quer ser um Eu. Não quer ser um Ninguém, um Alguém; não quer ser Dela própria. Só assim haverá arte. Se personificarmos a arte vemo-la como uma túlipa leve, crua, devastadora. Vemo-la como Pipilotti Rist a quis, em Ever is All Over( 1997), cheia de liberdade e impacto, livre de tudo e de ela própria. Deixo-lhe um conselho: não queira perceber nada do que digo. É apenas a minha forma de ver arte, muito diferente da sua, certamente. Deixemo-la existir; assim. Ana Rita Caldeira (2012) PROCESSO(s)