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MÓDULO 2
3. VALORES, VIVÊNCIAS E QUOTIDIANOS
Níveis de desempenho
• Compreender as atitudes e quadros mentais da sociedade dos séc. XIV/XVI.

• Desenvolver a sensibilidade estética através da apreciação e identificação de
  obras artísticas do período medieval.

• Valorizar formas de organização coletiva da vida em sociedade.

• Analisar o papel da cidade no florescimento económico e cultural do Ocidente.

• Relacionar a organização do espaço urbano com as instituições e funções
  citadinas.

• Demonstrar a importância das ordens mendicantes na renovação religiosa e
  cultural do mundo urbano.
A EXPERIÊNCIA
   URBANA
 A IDADE MÉDIA EM PORTUGAL
A experiência urbana




                       Do românico
                       ao gótico
O Românico: enquadramento histórico

• A partir do início do séc. XI, a Europa cobriu-se de Igrejas.

• Nos lugares de peregrinação e ao longo das suas rotas, em cidades ou aldeias,
  edificaram-se enormes construções de pedra.

• Além das influências bizantinas ou muçulmanas, estas construções são
  claramente inspiradas na tradição das grandes construções romanas: o granito
  aparelhado, os arcos redondos, as abóbadas e os grandes volumes.

• Por isso a sua designação de Arte Românica. Esta arte é característica
  fundamentalmente da Arquitetura, uma vez que a escultura e a pintura lhe
  estão subordinadas.
• As igrejas românicas são o reflexo da época em que foram construídas:

  • a fragmentação política contribuiu para a diversidade do estilo que, apesar
     da sua unidade, apresenta variações regionais;

  • o clima de guerras fez com que a igreja se tornasse um lugar de defesa: as
     construções românicas são autênticas fortalezas de grossas paredes e
     janelas em forma de seteiras;

  • a obscuridade interior do templo adequava-se ao ideal de espiritualidade
     medieval;

  • o analfabetismo das populações era compensado com a abundante
     ornamentação didática e simbólica nas fachadas e no interior da igreja: a
     Bíblia estava “explicada” nas figuras de pedra.
Elementos construtivos/ características

• Apesar da forte influência romana, este
  estilo adota soluções arquitetónicas e
  elementos decorativos próprios como
  sendo:

  • os edifícios em cruz latina (com uma ou
     mais naves, cortadas por um transepto);

  • coberturas em abóbodas de berço pleno ou
     quebrado;

  • paredes grossas e uso de contrafortes
     exteriores;
• Uso de tímpanos, arquivoltas, colunelos e capitéis decorados com motivos
figurados ou geométricos)…

                                                 • Decoração muito simples:
• Uso dos arcos redondos
                                                     -     algumas   rosáceas,
na separação das naves e
                                                     frescos a decorar as
na abertura dos claustros
                                                     paredes e abóbadas e
para o pátio;
                                                     algumas esculturas;
•       Utilização           de
                                                 •    Os      materiais    de
contrafortes externos (para
                                                 construção utilizados eram
sustentar o peso dos tetos
                                                 os que cada região possuía,
e paredes);
                                                 o que contribuiu para a
•   Janelas     estreitas,   em
                                                 diversidade do estilo.
forma de seteira.
Em Portugal

• Das campanhas a Sul vinham as riquezas dos saques, que financiavam as
  construções, não faltando pedreiros nem mão-de-obra.

• Os primeiros mestres arquitetos vieram de outras regiões da Europa. A arte
  portuguesa não podia, assim, deixar de se inspirar nos modelos europeus.

• Apesar disso, são claros os traços de individualidade:

   • O Românico português é sóbrio e severo.

   Os monumentos mais originais são as pequenas

   igrejas rurais que se espalham pelo Norte do país

   como S. Pedro de Rates ou S. Cristóvão de Rio Mau.
• Modestas, as igrejas românicas portuguesas
                             destacam-se pelas suas formas simples e
                             equilíbrio de proporções.

                           • No Sul, onde são mais raras, denotam bem
                             a influência moçárabe.




• A escultura românica é pouco variada: além
dos motivos geométricos e florais, destacam-se
alguns capiteis figurados e tímpanos com
imagens singelas.
O Gótico: enquadramento histórico
• Contrastando com a fase negra que se vivera na Europa românica, a arte gótica
  desenvolve-se num período de reabertura das rotas comerciais e de triunfo do
  movimento das cruzadas.

• A produção agrícola melhora, a mortalidade diminui
  e, consequentemente, a população aumenta. Há uma
  grande estabilidade climática, associada à paz em
  geral, uma vez que fora retirado o cerco à Europa. As
  cidades ressurgem e com elas a Burguesia afirma o
  seu poder. As igrejas tornam-se espaços alegres, onde
  a população se reúne para conviver.
• A partir da segunda metade do séc. XII, as grandes cidades da Europa
  começam a erguer imponentes catedrais.

• Cada cidade procurava construir o monumento mais belo e majestoso que o
  da cidade sua rival.

• Designada assim pelos homens do Renascimento, que a consideravam uma
  arte menor, própria de Godos, de bárbaros. Todavia, em poucas épocas se terá
  atingido tal beleza e perfeição na arte como durante este período.

• O desejo de embelezar os templos levou os arquitetos a procurarem soluções
  que resolvessem os dois grandes problemas da arte românica: o peso das
  abóbadas e a fraca iluminação interior.


                                                                       Pág. 119
Elementos construtivos/ características
• Em Paris descobre-se então a abóbada sobre cruzamento de ogivas e o
  arcobotante.

• A primeira era fundamental, pois agora o peso já não incidia sobre as paredes,
  mas sim sobre os quatro pilares em que se apoiam os arcos.

• Os arcobotantes, por seu turno, consolidam a resistência dos pilares, uma vez
  que são levantados no exterior. São formados pelos arcos
   e pelo estribo (espécie de contraforte).
• Estas suas inovações permitiram elevar as construções
  e rasgar amplas aberturas, sem risco de desmoronamento.


   Pág. 120
• O aspeto exterior e interior dos templos
    altera-se significativamente. Os arcos em
    ogiva substituem os arcos de volta perfeita,
    contribuindo para o acentuar das linhas
    verticais.
• Totalmente revestidos por janelas, os
    edifícios inundam-se de uma luminosidade
    no interior, que parece elevar os fiéis para
    Deus.
• As igrejas têm agora paredes mais finas;
•    As igrejas são construções em altura e
    realizadas em cruz latina, por vezes com
    cinco naves e capelas radiantes.
                                                   Pág. 121
A catedral

• Agora, a construção por excelência
  já não é a Sé, típica do Românico.
  São igrejas magníficas e grandiosas:
  as catedrais:
  • Paredes rasgadas em janelas e
      rosáceas decoradas com vitrais;
  •     Verticalidade   das    linhas      a
      terminar num pináculo;
  •    Mantém-se os contrafortes das
      construções românicas.


                                Pág. 121
A escultura

• As construções góticas possuem uma grande riqueza decorativa. Tanto por
  dentro como por fora, uma verdadeira renda em pedra ornamenta os arcos, as
  molduras das janelas e portais…

• Os edifícios góticos enriquecem-se ainda com altos-relevos e estátuas de
  figuras bíblicas. O uso de vitrais nas janelas e nas enormes rosáceas das
  fachadas filtram a luz, que penetra colorida no interior do templo.

• A escultura e a pintura começam-se a desligar da arquitetura, surgindo os
  primeiros grandes pintores como Giotto. A arte da iluminura atinge uma
  grande perfeição.

                                                                        Pág. 124
Em Portugal

• A Portugal chega muito tardiamente (séc. XIII). O gótico aparece no Sul
  ligado à arquitetura monástica. No séc. XIV o novo estilo foi-se generalizando,
  embora os primeiros grandes monumentos do gótico português (O Convento
  do Carmo e o Mosteiro da Batalha) só tenham sido construídos nos começos
  do séc. XV.

• O estilo gótico expandiu-se no nosso país em resultado das encomendas feitas
  pela Igreja, reis e senhores. À semelhança do que aconteceu nos outros países,
  podemos distinguir entre nós diversas etapas do gótico: o cisterciense (de que
  é testemunho o Mosteiro de Alcobaça), o mendicante (como o das igrejas de
  S. Francisco de Santarém e de Estremoz) e o gótico clássico (de que é exemplo
  o Mosteiro da Batalha).
• A partir de inícios do século XV, os tempos de paz que se viviam em Portugal
  permitiram a construção de grandes e belos edifícios, como as sés de Vila Real,
  Guarda e Silves, os castelos de Vila da Feira e de Porto de Mós, o solar dos
  Condes de Barcelos e o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães.




• A escultura gótica utilizou, tal como a românica, os colunelos, os capitéis e os
  tímpanos dos portais das igrejas. A figura humana adquire então mais
  perfeição, tornando-se mais próxima da realidade; de igual modo, os temas
  vegetais são representados com maior naturalidade.
• Os testemunhos mais interessantes da estatuária gótica nacional encontram-
  se na escultura tumular: os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro (em
  Alcobaça) e o de D. João I e D. Filipa de Lencastre (na Batalha).

• Para além da arquitetura e da escultura, a arte gótica portuguesa está também
  representada na pintura, na tapeçaria (realce para as tapeçarias de Pastrana
  que comemoram a tomada de Arzila por D. Afonso V), na ourivesaria (cálices,
  cofres, relicários) e na iluminura.
Em resumo:
      Românico                                Gótico

• Predominantemente rural,                    • Predominantemente urbano,

• Planta de três naves,                       • Planta de três naves, com a central mais

• Trifório nas laterais, transepto, abside,     elevada,

  deambulatório e absidíolos,                 • Trifório nas laterais, transepto, abside,

• Aspeto forte e atarracado,                    deambulatório e absidíolos,

• Uso moderado de vitrais,                    • Grande uso de vitrais,

• Arcos de volta perfeita e abóbada de        • Arcos em ogiva apoiados em colunas,

  berço,                                      • Torres altas (verticalidade),

• Torres e contrafortes grossos,              • Estatuária liberta de simbolismo e

• Estatuária pesada e monolítica,               rigidez,

• Poucas entradas de luz,                     • Grandiosas entradas de luz,

• Decoração didática e simbólica.             • Decoração simbólica e que reflete o

                                                quotidiano.
A experiência urbana




                       Mutações na
                       expressão da
                       religiosidade
Novas solidariedades

• No século XIII, a cidade é um lugar de prosperidade.
• Atraídos pelo sonho de riqueza, muitos camponeses abandonam o campo e
  instalam-se nos arrabaldes das cidades.
• Porém, muitos experimentam a miséria, ampliada pelo sentimento de solidão,
  por falta das redes tradicionais de apoio (família, vizinhos, paróquia).
• Surgem novas estruturas de apoio e redes de solidariedade: as ordens
  mendicantes e as confrarias.
• As ordens mendicantes eram movimentos de renovação surgidos dentro da
  Igreja Católica, enquanto que as confrarias eram associações de entreajuda
  que agrupavam os homens por ofícios assegurando-lhes apoio financeiro e
  moral em todas as dificuldades.
O Clero Regular
• No século VI, S. Bento de Núrcia elabora, no Mosteiro de Monte Cassino, na
  Campânia (Itália), a regra - regula - que os mosteiros viriam a adotar.
• Esta regra recomenda que os monges permaneçam num mesmo lugar, façam
  voto de pobreza e de castidade, prestem obediência ao abade, pratiquem a
  hospitalidade e a caridade para com os pobres, trabalhem manualmente de
  forma a garantir a sua subsistência, rezem e, mais importante do que tudo, se
  dediquem ao estudo e ao ensino.
• Os mosteiros beneditinos tornam-se assim centros culturais que vão
  desempenhar um papel decisivo na história da civilização ocidental. Fechados
  no seu scriptorium (a oficina de escrita e iluminura) e nas suas bibliotecas, os
  monges copistas, contribuíram de forma decisiva para salvar do esquecimento
  as obras literárias da Antiguidade.
Ordens Mendicantes
                                • As Ordens Mendicantes representam um
                                  retorno aos ideais de caridade da Igreja
                                  Católica, esquecidos pelo faustoso clero
                                  medieval e remontam ao século XII, período
                                  de grande agitação social e espiritual.

• Tinham como imposição a pobreza individual comum.
• Era-lhes permitido o direito de mendigar nos locais públicos, daí o seu nome.
• Responsáveis ainda por atividades caritativas e pastorais, dedicavam-se à
  pregação itinerante, nos meios urbanos preferencialmente.
• Estas Ordens eram fortemente hierarquizadas e desde sempre gozaram do
  privilégio da isenção, pelo qual o papa libertava uma comunidade religiosa da
  jurisdição do bispo diocesano, colocando-as sob a alçada do Vaticano.
                                                                        Pág. 127/129
Dominicanos
• Ordem criada por Domingos de Gusmão, (Espanha, séculos XII-XIII)
    aproxima-se de S. Francisco nos ideais de pobreza e caridade que renovaram a
    Igreja Cristã.
• S. Domingos fundou uma ordem religiosa confirmada pelo Papa Inocêncio III.
• Os dominicanos eram também chamados “frades
    pregadores” pela importância que atribuíam à
    pregação, estritamente ligada, por seu turno, ao
    estudo da Teologia.
•    Lutavam contra a heresia e procuravam expandir
    o evangelho.
•    Instalaram-se nas cidades onde fundaram grandes
    colégios e se dedicaram ao ensino.
• Ordem criada por Francisco de Assis (Itália, séculos      Franciscanos
  XII-XIII).
• Este tornou-se um exemplo de humildade e um
  santo da igreja católica ao renegar o seu passado de
  luxo, passando a viver entre os mendigos e os
  leprosos.
• Fundou       a   ordem   dos   frades   menores     que
  mendigavam ou trabalhavam para comer.
• Apesar de a sua atitude contrastar radicalmente com
  o clero da época, nunca se demarcou da hierarquia
• católica, pelo instalaram-se rapidamente em Portugal, nomeadamente nos
  Os franciscanos que se distingue das heresias
  medievais. de Alenquer, Lisboa, Coimbra e Leiria.
  conventos
Confrarias e associações

           •    Confrarias eram associações de socorros
               mútuos de carácter religioso, organizadas
               sob um santo protector. Dedicavam-se à
               caridade como meio de reduzir a pobreza
               urbana. Cada confraria tinha os seus
               estatutos, que os membros eram obrigavam
               a cumprir. Existiam ainda as Irmandades,
               que eram associações religiosas de leigos,
               que se reuniam para promover o culto a um
               santo    normalmente       se    encontravam
               associadas às confrarias religiosas.
Pág. 129
•    Associação de cariz socioprofissional que       Corporações
    reunia, nas cidade, os trabalhadores de um
    mesmo ofício ou mester.
• São marcadas pela hierarquia (mestres,
    oficiais e aprendizes).
• Mais conhecidas por artes ou guildas ou, em
    Portugal,    mesteirais,   as      corporações
    possuíam      estatutos        próprios   que
    regulamentavam os preços, os salários e a
    qualidade da produção.
• Geralmente, a cada corporação associava-se
    uma    confraria   religiosa    que   prestava
    assistência aos seus membros.
Centros de sociabilidade


• O bairro, as ruas, em que os vizinhos se conheciam e auxiliavam.
• A igreja: dominou o ensino e contribuiu para a mudança de comportamentos
  com a instituição das suas festividades e procissões.
• A taberna, o albergue, a estalagem…
• As cortes dos nobres (espaço fechado e particular).
• As salas de reunião burguesas e de acordo com a atividade exercida.
• A praça pública, lugar da cultura popular, onde se realizavam as festas, as
  feiras, os teatros…
A experiência urbana




                       As
                       universidades
As primeiras escolas

• No quadro da cidade romana, cada comunidade cristã organiza-se tendo à sua
    cabeça um bispo eleito pelos fiéis. Foi nestas cidades que surgiram as Escolas
    Paroquiais.
• As primeiras remontam ao século II. Limitavam-se à formação de sacerdotes,
    sendo o ensino fornecido por qualquer padre encarregado de uma paróquia,
    que recebia em sua própria casa os jovens alunos.
•   À medida que a nova religião se desenvolve, passa-se das casas privadas às
    primeiras igrejas.
• O ensino reduz-se aos salmos, às lições das Escrituras, seguindo uma
    educação estritamente cristã.

                                                                           Pág. 131
Escolas Monásticas
• É nos mosteiros espalhados pela Europa, longe do rebuliço das novas cidades
  emergentes na Europa, que surgem as Escolas Monásticas, em regime de
  internato e, inicialmente, para a formação de futuros monges.
• Mais tarde abrem-se as escolas externas com o propósito da formação de
  leigos cultos.
• O programa de ensino, de início, muito elementar: aprender a ler, escrever,
  conhecer a bíblia (se possível de cor), canto e um pouco de aritmética.
• Com o tempo, vai-se enriquecendo de forma
  a incluir o ensino do latim, gramática, retórica e
  dialéctica.
Escolas Urbanas
                                • Nas cidades, começam a surgir escolas que
                                  funcionam numa dependência da habitação
                                  do bispo.
                                • Estas visavam, em especial, a formação do
                                  clero secular e também de leigos instruídos
                                  que eram preparados para defender a
                                  doutrina da Igreja na vida civil.

• As Escolas Catedrais (escolas urbanas), saídas das antigas escolas episcopais,
  tornaram-se mais prestigiadas que as escolas dos mosteiros.
• Instituídas no século XI por determinação do Concilio de Roma (1079), passam,
  a partir do século XII (Concilio de Latrão, 1179), a ser mantidas através da
  criação de benefícios para a remuneração dos mestres.                Pág. 132
Estudos Gerais

                 • Provavelmente, a primeira universidade europeia terá
                   surgido na cidade italiana de Salerno, cujo centro de
                   estudos remonta ao século XI.

• Além desta, antes de 1250, formaram-se no Ocidente a primeira geração de
universidades medievais. São habitualmente chamadas espontâneas porque
nascem do desenvolvimento de escolas preexistentes.
• Originalmente, estas instituições eram chamadas de studium generale,
(Estudos gerais) juntando mestres e discípulos dedicados ao ensino superior.
Porém, com a agitação cultural e urbana da Baixa Idade Média, logo se passou a
fazer referência ao estudo universal do saber, ao conjunto das ciências, sendo o
nome studium generale substituído por universitas.
                                                                         Pág. 133
Universidades
• As   universidades eram estabelecimentos do
  ensino   superior    que      agregavam       várias
  faculdades e que se organizavam numa
  estrutura mais rígida e complexa.
• Ao   longo   dos    séculos   XIII    e     XIV,   as
  universidades   expandiram-se        pela    Europa
  Ocidental, especializando-se em diferentes
  saberes: Teologia, Direito, Medicina.
• As universidades de Bolonha e de Paris estão
  entre as mais antigas. Outros exemplos são a
  Universidade de Oxford e a de Montpellier.
• Mais tarde, é a vez da constituição de universidades por iniciativa papal ou
  real. Exemplo desta última é a Universidade de Coimbra, fundada em 1290.
• No século XIII, a universidade é o centro de formação dos quadros do
  funcionalismo público, necessários à centralização do poder pelos monarcas.




                                                                       Pág. 134
• As universidades foram responsáveis pela transformação das cidades em ativos
  focos de inovação: estudantes de toda a parte deslocavam-se às cidades
  universitárias no intuito de aprender a gramática, a oratória, a matemática...
  Em consequência da presença da universidades, a cidade tornou-se o local por
  excelência da liberdade de ação, pois os estatutos das universidades protegiam
  os seus alunos, concedendo-lhes alguma autonomia nos regulamentos e
  defendendo-os, por exemplo, da prisão por dívidas.
A CULTURA
LEIGA E PROFANA NAS CORTES RÉGIAS E SENHORIAIS
A CULTURA




            A CAVALARIA
A cultura medieval

             Na Idade Média, a cultura era transmitida por todos os veículos
  disponíveis, resultando em aspetos diferentes, se estivéssemos junto a uma
  cidade, na corte real ou mesmo numa universidade. Subdividia-se assim em
  cultura:


• MONÁSTICA: Os principais centros de cultura eram os Mosteiros, onde se
  aprendia o latim e o ensino estava voltado para a vida religiosa. Em algumas
  cidades surgiram associações de estudantes e professores que procuravam um
  ensino mais laico: surgiram as Universidades ou Estudos Gerais (em Portugal
  criada em 1290, com D. Dinis). Após frequentarem a Faculdade das Artes, os
  alunos optavam por uma das especializadas, como Direito ou Medicina.
A cultura medieval
• POPULAR: Conhecimentos transmitidos oralmente nos locais de convívio
  como as feiras. Era, no fundo, a tradição oral. Acabou por ser fortemente
  influenciada pela Igreja e pelas novas Ordens Mendicantes, tais como os
  Franciscanos e os Dominicanos (que acabaram mesmo por controlar a
  Inquisição).


• CORTESÃ: Cultura típica da corte, promovida pelos reis
  e animadas por jograis e trovadores que compunham e
  cantavam as cantigas de amor, de amigo, de gesta e de
  escárnio e maldizer.
O ideal de cavalaria
•   Enquanto nas cidades proliferavam as escolas catedrais e as universidades e
    nos conventos nasciam as livrarias (bibliotecas), nas cortes do rei e dos
    grandes senhores a cultura erudita (acessível apenas aos estratos dominantes
    da sociedade) desenvolveu-se sob o espírito cavalheiresco, segundo o qual o
    cavaleiro, sempre de estirpe nobre, almejava tornar-se perfeito.
• O cavaleiro ideal devia ter as seguintes qualidades:
          -a honra;
          -a coragem;
          -a lealdade;
          -a virtude;
          -a piedade;
          -o ideal de cuzada.                                            Pág. 136
A educação cavaleiresca

•   A formação de um cavaleiro era intensa e longa, estendendo-se por cerca de
    catorze anos.
•   Este processo iniciava-se com a saída de casa materna e alojamento no paço
    de um grande senhor nobre. Aí, o rapaz passava por várias etapas, servindo,
    sucessivamente, como pajem, durante sete anos, e escudeiro, durante sete
    anos.
•   O seu treino incluía a aprendizagem da equitação, a prática de desporto e o
    domínio de armas: estas três aptidões eram postas à prova na caça, nos
    torneios e nas justas.
•   Finalmente, numa cerimónia complexa de contornos religiosos, o escudeiro
    era armado, cavaleiro de uma Ordem de Cavalaria, recebendo as esporas e a
    espada.
•    Tal como existia um ideal de cavalaria,
    também as relações entre nobres e damas,              O amor cortês
    nas cortes, obedeciam a um ideal de amor,
    pautado        pelo   refinamento      e    pela
    espiritualidade.
•     Era     um    código   de   comportamento
    amoroso         em    que     os     cavaleiros
    demonstravam que o valor pessoal não se
    fundamentava apenas no sangue ou nas
    proezas    militares,       mas     podia    ser
    identificado no comportamento social: a

• cortesia.
   Para conquistar a sua amada, o cavaleiro nobre deveria ser virtuoso, paciente,
    elegante no vestir, bem-humorado, respeitoso perante as mulheres, enquanto a
    dama, bela e púdica, deveria alimentar o seu amor com gestos comedidos.
A literatura
•    Na literatura, o ideal de cavalaria eram os
    Romances e o ideal do amor cortês: a poesia
    trovadoresca.
•    Os senhores feudais contratavam recitadores,
    cantores e músicos para divertir a corte.
•    As cantigas eram compostas, quase sempre, por
    nobres que se denominavam trovadores, porque
    praticavam a arte de trovar.
•    O trovador deveria expressar seus elogios a uma
    mulher da nobreza, demonstrando subordinação às
    damas da corte, que deveriam ser tratadas com
    cortesia.                                                 Pág. 140
Cantiga de amor
                                 •   As cantigas de amor desenvolviam o tema
                                     do sofrimento pelo amor não correspondido
                                     e eram divulgados de forma oral.
                                 •    Neste tipo de cantiga, o trovador destaca
                                     todas as qualidades da mulher amada,
                                     colocando-se numa posição inferior (de
                                     vassalo) a ela.
                                 •    O tema mais comum é o amor não
                                     correspondido.

•    As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do
    feudalismo, pois o trovador espera receber um benefício em troca de seus
    “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não
    correspondido).
Atividades:
1. Depois de escutares as duas canções, como sabes qual delas é atual?
2. Reconhecem-se facilmente os sentimentos expressos para com a/o
mulher/homem amada/o?
3. Que relação podemos estabelecer entre a cantiga atual e a cantiga de amor da
Idade Média?
Cantiga de amigo
• Este tipo de cantiga teve as suas origens na Península Ibérica.
• Nela, o eu-lírico é uma mulher, mas o autor era masculino, devido à sociedade
  feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época.
• A mulher canta o seu amor pelo amigo (amigo =
  namorado), muitas vezes em ambiente natural, e
  muitas vezes, também em diálogo com a sua mãe ou
  as suas amigas.
• O sujeito poético é, não apenas mulher, mas a
  donzela, isto é, uma rapariga solteira, pertencente aos
  estratos médios do povo.
• O poeta serve-se assim deste artifício para exprimir os seus sentimentos pela
  boca da rapariga.
Cantiga de escárnio e maldizer

                         • Tipo de poesia satírica. Nas cantigas de escárnio
                            a crítica é feita de forma encoberta, sem que o
                            objecto de crítica seja claramente identificado.
                            Nas cantigas de maldizer a vítima da crítica é
                            claramente identificada.



• Estes poemas satíricos têm um grande valor documental, visto que nos
  revelam qual a reacção das pessoas face a determinados acontecimentos e
  situações.
• Estas cantigas permitem perceber melhor a sociedade da época e aceder a
  informações que outros documentos, mais impessoais, não revelam.
Cantiga de escárnio e maldizer
• Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa.
• Essa sátira era indirecta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou
  "de escarnho", na grafia da época) definem-se como feitas pelos trovadores
  para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos
  semânticos, num processo que os trovadores chamavam "equívoco", por vezes,
  bastante mordaz.
• Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de
  maldizer traz uma sátira directa e sem duplos
  sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa
  satirizada, e muitas vezes, são utilizados até
  palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não
  ser revelado.
O culto da memória

• As famílias nobres relembravam e evocavam mortos e antepassados das suas
    ascendências para trazer ao presente os feitos valorosos das suas linhagens.
• Contudo, não bastava a oralidade e o registo em túmulos para não se
    perderem as lembranças. Os senhores fizeram, então, escrever as suas
    memórias.
•    Nasceu, portanto, uma literatura genealógica que se difundiu largamente
    entre a nobreza europeia dos séculos XIII e XIV.
• Em Portugal, este género literário foi muito cultivado, dando origem aos livros
    de linhagem ou nobiliários. A mais interessante das obras deste género é o 3º
    Livro das Linhagens, de D. Pedro, mistura de lendas e narrativas fantásticas
    com personagens reais, fortemente impregnado do espírito da cavalaria.
                                                                            Pág. 143
A CULTURA




            A DIFUSÃO DO
            GOSTO E DA
            PRÁTICA DAS
            VIAGENS
Viagens de negócios
• O renascimento do gosto pelas viagens dá-se nos séc. XIII e XIV quando, sob
  o impulso do comércio, as velhas barreiras geográficas começaram a ceder.
• O desenvolvimento do grande comércio criou laços entre os mercadores e os
  governantes.
• Muitas viagens aliaram-se ao negócio e missões político-diplomáticas e muitos
  comerciantes começaram a desempenhar o papel de embaixadores das cortes
  da Europa.
                            • Os viajantes europeus nesta época eram,
                               fundamentalmente,       os     mercadores,        os
                               diplomatas, os missionários e pessoas sem terra
                               e sem raízes.
                            • As expedições dos mercadores colocam em
                               contato as várias regiões e culturas europeias.
Romarias e Peregrinações

  •   As romarias e as peregrinações
      constituem expressões típicas
      da religiosidade medieval.
  •      As    peregrinações       eram
      percursos de longa distância a
      locais sagrados do cristianismo,
      em especial Jerusalém, Roma e
      Santiago de Compostela.
  •   Tinham objetivos religiosos de
      purificar a alma ou cumprir
      promessas.
                                Pág. 147
Romarias e Peregrinações
• As romarias eram celebrações em honra a um santo, numa época fixa do ano.
• Implicavam deslocações de curta duração (um ou vários dias).
•    As romarias tinham também objetivos religiosos de purificar a alma ou
    cumprir promessas.
•   A componente não-religiosa expressava-se, nomeadamente, em festas, com
    cantos e bailados tradicionais.

• À chegada ao local, os romeiros
    pagavam      as    suas        promessas,
    participavam       nas         cerimónias
    religiosas e nas procissões.


                                                                     Pág. 148

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Cultura medieval

  • 1. MÓDULO 2 3. VALORES, VIVÊNCIAS E QUOTIDIANOS
  • 2. Níveis de desempenho • Compreender as atitudes e quadros mentais da sociedade dos séc. XIV/XVI. • Desenvolver a sensibilidade estética através da apreciação e identificação de obras artísticas do período medieval. • Valorizar formas de organização coletiva da vida em sociedade. • Analisar o papel da cidade no florescimento económico e cultural do Ocidente. • Relacionar a organização do espaço urbano com as instituições e funções citadinas. • Demonstrar a importância das ordens mendicantes na renovação religiosa e cultural do mundo urbano.
  • 3. A EXPERIÊNCIA URBANA A IDADE MÉDIA EM PORTUGAL
  • 4. A experiência urbana Do românico ao gótico
  • 5. O Românico: enquadramento histórico • A partir do início do séc. XI, a Europa cobriu-se de Igrejas. • Nos lugares de peregrinação e ao longo das suas rotas, em cidades ou aldeias, edificaram-se enormes construções de pedra. • Além das influências bizantinas ou muçulmanas, estas construções são claramente inspiradas na tradição das grandes construções romanas: o granito aparelhado, os arcos redondos, as abóbadas e os grandes volumes. • Por isso a sua designação de Arte Românica. Esta arte é característica fundamentalmente da Arquitetura, uma vez que a escultura e a pintura lhe estão subordinadas.
  • 6. • As igrejas românicas são o reflexo da época em que foram construídas: • a fragmentação política contribuiu para a diversidade do estilo que, apesar da sua unidade, apresenta variações regionais; • o clima de guerras fez com que a igreja se tornasse um lugar de defesa: as construções românicas são autênticas fortalezas de grossas paredes e janelas em forma de seteiras; • a obscuridade interior do templo adequava-se ao ideal de espiritualidade medieval; • o analfabetismo das populações era compensado com a abundante ornamentação didática e simbólica nas fachadas e no interior da igreja: a Bíblia estava “explicada” nas figuras de pedra.
  • 7. Elementos construtivos/ características • Apesar da forte influência romana, este estilo adota soluções arquitetónicas e elementos decorativos próprios como sendo: • os edifícios em cruz latina (com uma ou mais naves, cortadas por um transepto); • coberturas em abóbodas de berço pleno ou quebrado; • paredes grossas e uso de contrafortes exteriores;
  • 8. • Uso de tímpanos, arquivoltas, colunelos e capitéis decorados com motivos figurados ou geométricos)… • Decoração muito simples: • Uso dos arcos redondos - algumas rosáceas, na separação das naves e frescos a decorar as na abertura dos claustros paredes e abóbadas e para o pátio; algumas esculturas; • Utilização de • Os materiais de contrafortes externos (para construção utilizados eram sustentar o peso dos tetos os que cada região possuía, e paredes); o que contribuiu para a • Janelas estreitas, em diversidade do estilo. forma de seteira.
  • 9. Em Portugal • Das campanhas a Sul vinham as riquezas dos saques, que financiavam as construções, não faltando pedreiros nem mão-de-obra. • Os primeiros mestres arquitetos vieram de outras regiões da Europa. A arte portuguesa não podia, assim, deixar de se inspirar nos modelos europeus. • Apesar disso, são claros os traços de individualidade: • O Românico português é sóbrio e severo. Os monumentos mais originais são as pequenas igrejas rurais que se espalham pelo Norte do país como S. Pedro de Rates ou S. Cristóvão de Rio Mau.
  • 10. • Modestas, as igrejas românicas portuguesas destacam-se pelas suas formas simples e equilíbrio de proporções. • No Sul, onde são mais raras, denotam bem a influência moçárabe. • A escultura românica é pouco variada: além dos motivos geométricos e florais, destacam-se alguns capiteis figurados e tímpanos com imagens singelas.
  • 11. O Gótico: enquadramento histórico • Contrastando com a fase negra que se vivera na Europa românica, a arte gótica desenvolve-se num período de reabertura das rotas comerciais e de triunfo do movimento das cruzadas. • A produção agrícola melhora, a mortalidade diminui e, consequentemente, a população aumenta. Há uma grande estabilidade climática, associada à paz em geral, uma vez que fora retirado o cerco à Europa. As cidades ressurgem e com elas a Burguesia afirma o seu poder. As igrejas tornam-se espaços alegres, onde a população se reúne para conviver.
  • 12. • A partir da segunda metade do séc. XII, as grandes cidades da Europa começam a erguer imponentes catedrais. • Cada cidade procurava construir o monumento mais belo e majestoso que o da cidade sua rival. • Designada assim pelos homens do Renascimento, que a consideravam uma arte menor, própria de Godos, de bárbaros. Todavia, em poucas épocas se terá atingido tal beleza e perfeição na arte como durante este período. • O desejo de embelezar os templos levou os arquitetos a procurarem soluções que resolvessem os dois grandes problemas da arte românica: o peso das abóbadas e a fraca iluminação interior. Pág. 119
  • 13. Elementos construtivos/ características • Em Paris descobre-se então a abóbada sobre cruzamento de ogivas e o arcobotante. • A primeira era fundamental, pois agora o peso já não incidia sobre as paredes, mas sim sobre os quatro pilares em que se apoiam os arcos. • Os arcobotantes, por seu turno, consolidam a resistência dos pilares, uma vez que são levantados no exterior. São formados pelos arcos e pelo estribo (espécie de contraforte). • Estas suas inovações permitiram elevar as construções e rasgar amplas aberturas, sem risco de desmoronamento. Pág. 120
  • 14. • O aspeto exterior e interior dos templos altera-se significativamente. Os arcos em ogiva substituem os arcos de volta perfeita, contribuindo para o acentuar das linhas verticais. • Totalmente revestidos por janelas, os edifícios inundam-se de uma luminosidade no interior, que parece elevar os fiéis para Deus. • As igrejas têm agora paredes mais finas; • As igrejas são construções em altura e realizadas em cruz latina, por vezes com cinco naves e capelas radiantes. Pág. 121
  • 15. A catedral • Agora, a construção por excelência já não é a Sé, típica do Românico. São igrejas magníficas e grandiosas: as catedrais: • Paredes rasgadas em janelas e rosáceas decoradas com vitrais; • Verticalidade das linhas a terminar num pináculo; • Mantém-se os contrafortes das construções românicas. Pág. 121
  • 16. A escultura • As construções góticas possuem uma grande riqueza decorativa. Tanto por dentro como por fora, uma verdadeira renda em pedra ornamenta os arcos, as molduras das janelas e portais… • Os edifícios góticos enriquecem-se ainda com altos-relevos e estátuas de figuras bíblicas. O uso de vitrais nas janelas e nas enormes rosáceas das fachadas filtram a luz, que penetra colorida no interior do templo. • A escultura e a pintura começam-se a desligar da arquitetura, surgindo os primeiros grandes pintores como Giotto. A arte da iluminura atinge uma grande perfeição. Pág. 124
  • 17. Em Portugal • A Portugal chega muito tardiamente (séc. XIII). O gótico aparece no Sul ligado à arquitetura monástica. No séc. XIV o novo estilo foi-se generalizando, embora os primeiros grandes monumentos do gótico português (O Convento do Carmo e o Mosteiro da Batalha) só tenham sido construídos nos começos do séc. XV. • O estilo gótico expandiu-se no nosso país em resultado das encomendas feitas pela Igreja, reis e senhores. À semelhança do que aconteceu nos outros países, podemos distinguir entre nós diversas etapas do gótico: o cisterciense (de que é testemunho o Mosteiro de Alcobaça), o mendicante (como o das igrejas de S. Francisco de Santarém e de Estremoz) e o gótico clássico (de que é exemplo o Mosteiro da Batalha).
  • 18. • A partir de inícios do século XV, os tempos de paz que se viviam em Portugal permitiram a construção de grandes e belos edifícios, como as sés de Vila Real, Guarda e Silves, os castelos de Vila da Feira e de Porto de Mós, o solar dos Condes de Barcelos e o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães. • A escultura gótica utilizou, tal como a românica, os colunelos, os capitéis e os tímpanos dos portais das igrejas. A figura humana adquire então mais perfeição, tornando-se mais próxima da realidade; de igual modo, os temas vegetais são representados com maior naturalidade.
  • 19. • Os testemunhos mais interessantes da estatuária gótica nacional encontram- se na escultura tumular: os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro (em Alcobaça) e o de D. João I e D. Filipa de Lencastre (na Batalha). • Para além da arquitetura e da escultura, a arte gótica portuguesa está também representada na pintura, na tapeçaria (realce para as tapeçarias de Pastrana que comemoram a tomada de Arzila por D. Afonso V), na ourivesaria (cálices, cofres, relicários) e na iluminura.
  • 20. Em resumo: Românico Gótico • Predominantemente rural, • Predominantemente urbano, • Planta de três naves, • Planta de três naves, com a central mais • Trifório nas laterais, transepto, abside, elevada, deambulatório e absidíolos, • Trifório nas laterais, transepto, abside, • Aspeto forte e atarracado, deambulatório e absidíolos, • Uso moderado de vitrais, • Grande uso de vitrais, • Arcos de volta perfeita e abóbada de • Arcos em ogiva apoiados em colunas, berço, • Torres altas (verticalidade), • Torres e contrafortes grossos, • Estatuária liberta de simbolismo e • Estatuária pesada e monolítica, rigidez, • Poucas entradas de luz, • Grandiosas entradas de luz, • Decoração didática e simbólica. • Decoração simbólica e que reflete o quotidiano.
  • 21. A experiência urbana Mutações na expressão da religiosidade
  • 22. Novas solidariedades • No século XIII, a cidade é um lugar de prosperidade. • Atraídos pelo sonho de riqueza, muitos camponeses abandonam o campo e instalam-se nos arrabaldes das cidades. • Porém, muitos experimentam a miséria, ampliada pelo sentimento de solidão, por falta das redes tradicionais de apoio (família, vizinhos, paróquia). • Surgem novas estruturas de apoio e redes de solidariedade: as ordens mendicantes e as confrarias. • As ordens mendicantes eram movimentos de renovação surgidos dentro da Igreja Católica, enquanto que as confrarias eram associações de entreajuda que agrupavam os homens por ofícios assegurando-lhes apoio financeiro e moral em todas as dificuldades.
  • 23. O Clero Regular • No século VI, S. Bento de Núrcia elabora, no Mosteiro de Monte Cassino, na Campânia (Itália), a regra - regula - que os mosteiros viriam a adotar. • Esta regra recomenda que os monges permaneçam num mesmo lugar, façam voto de pobreza e de castidade, prestem obediência ao abade, pratiquem a hospitalidade e a caridade para com os pobres, trabalhem manualmente de forma a garantir a sua subsistência, rezem e, mais importante do que tudo, se dediquem ao estudo e ao ensino. • Os mosteiros beneditinos tornam-se assim centros culturais que vão desempenhar um papel decisivo na história da civilização ocidental. Fechados no seu scriptorium (a oficina de escrita e iluminura) e nas suas bibliotecas, os monges copistas, contribuíram de forma decisiva para salvar do esquecimento as obras literárias da Antiguidade.
  • 24. Ordens Mendicantes • As Ordens Mendicantes representam um retorno aos ideais de caridade da Igreja Católica, esquecidos pelo faustoso clero medieval e remontam ao século XII, período de grande agitação social e espiritual. • Tinham como imposição a pobreza individual comum. • Era-lhes permitido o direito de mendigar nos locais públicos, daí o seu nome. • Responsáveis ainda por atividades caritativas e pastorais, dedicavam-se à pregação itinerante, nos meios urbanos preferencialmente. • Estas Ordens eram fortemente hierarquizadas e desde sempre gozaram do privilégio da isenção, pelo qual o papa libertava uma comunidade religiosa da jurisdição do bispo diocesano, colocando-as sob a alçada do Vaticano. Pág. 127/129
  • 25. Dominicanos • Ordem criada por Domingos de Gusmão, (Espanha, séculos XII-XIII) aproxima-se de S. Francisco nos ideais de pobreza e caridade que renovaram a Igreja Cristã. • S. Domingos fundou uma ordem religiosa confirmada pelo Papa Inocêncio III. • Os dominicanos eram também chamados “frades pregadores” pela importância que atribuíam à pregação, estritamente ligada, por seu turno, ao estudo da Teologia. • Lutavam contra a heresia e procuravam expandir o evangelho. • Instalaram-se nas cidades onde fundaram grandes colégios e se dedicaram ao ensino.
  • 26. • Ordem criada por Francisco de Assis (Itália, séculos Franciscanos XII-XIII). • Este tornou-se um exemplo de humildade e um santo da igreja católica ao renegar o seu passado de luxo, passando a viver entre os mendigos e os leprosos. • Fundou a ordem dos frades menores que mendigavam ou trabalhavam para comer. • Apesar de a sua atitude contrastar radicalmente com o clero da época, nunca se demarcou da hierarquia • católica, pelo instalaram-se rapidamente em Portugal, nomeadamente nos Os franciscanos que se distingue das heresias medievais. de Alenquer, Lisboa, Coimbra e Leiria. conventos
  • 27. Confrarias e associações • Confrarias eram associações de socorros mútuos de carácter religioso, organizadas sob um santo protector. Dedicavam-se à caridade como meio de reduzir a pobreza urbana. Cada confraria tinha os seus estatutos, que os membros eram obrigavam a cumprir. Existiam ainda as Irmandades, que eram associações religiosas de leigos, que se reuniam para promover o culto a um santo normalmente se encontravam associadas às confrarias religiosas. Pág. 129
  • 28. Associação de cariz socioprofissional que Corporações reunia, nas cidade, os trabalhadores de um mesmo ofício ou mester. • São marcadas pela hierarquia (mestres, oficiais e aprendizes). • Mais conhecidas por artes ou guildas ou, em Portugal, mesteirais, as corporações possuíam estatutos próprios que regulamentavam os preços, os salários e a qualidade da produção. • Geralmente, a cada corporação associava-se uma confraria religiosa que prestava assistência aos seus membros.
  • 29. Centros de sociabilidade • O bairro, as ruas, em que os vizinhos se conheciam e auxiliavam. • A igreja: dominou o ensino e contribuiu para a mudança de comportamentos com a instituição das suas festividades e procissões. • A taberna, o albergue, a estalagem… • As cortes dos nobres (espaço fechado e particular). • As salas de reunião burguesas e de acordo com a atividade exercida. • A praça pública, lugar da cultura popular, onde se realizavam as festas, as feiras, os teatros…
  • 30. A experiência urbana As universidades
  • 31. As primeiras escolas • No quadro da cidade romana, cada comunidade cristã organiza-se tendo à sua cabeça um bispo eleito pelos fiéis. Foi nestas cidades que surgiram as Escolas Paroquiais. • As primeiras remontam ao século II. Limitavam-se à formação de sacerdotes, sendo o ensino fornecido por qualquer padre encarregado de uma paróquia, que recebia em sua própria casa os jovens alunos. • À medida que a nova religião se desenvolve, passa-se das casas privadas às primeiras igrejas. • O ensino reduz-se aos salmos, às lições das Escrituras, seguindo uma educação estritamente cristã. Pág. 131
  • 32. Escolas Monásticas • É nos mosteiros espalhados pela Europa, longe do rebuliço das novas cidades emergentes na Europa, que surgem as Escolas Monásticas, em regime de internato e, inicialmente, para a formação de futuros monges. • Mais tarde abrem-se as escolas externas com o propósito da formação de leigos cultos. • O programa de ensino, de início, muito elementar: aprender a ler, escrever, conhecer a bíblia (se possível de cor), canto e um pouco de aritmética. • Com o tempo, vai-se enriquecendo de forma a incluir o ensino do latim, gramática, retórica e dialéctica.
  • 33. Escolas Urbanas • Nas cidades, começam a surgir escolas que funcionam numa dependência da habitação do bispo. • Estas visavam, em especial, a formação do clero secular e também de leigos instruídos que eram preparados para defender a doutrina da Igreja na vida civil. • As Escolas Catedrais (escolas urbanas), saídas das antigas escolas episcopais, tornaram-se mais prestigiadas que as escolas dos mosteiros. • Instituídas no século XI por determinação do Concilio de Roma (1079), passam, a partir do século XII (Concilio de Latrão, 1179), a ser mantidas através da criação de benefícios para a remuneração dos mestres. Pág. 132
  • 34. Estudos Gerais • Provavelmente, a primeira universidade europeia terá surgido na cidade italiana de Salerno, cujo centro de estudos remonta ao século XI. • Além desta, antes de 1250, formaram-se no Ocidente a primeira geração de universidades medievais. São habitualmente chamadas espontâneas porque nascem do desenvolvimento de escolas preexistentes. • Originalmente, estas instituições eram chamadas de studium generale, (Estudos gerais) juntando mestres e discípulos dedicados ao ensino superior. Porém, com a agitação cultural e urbana da Baixa Idade Média, logo se passou a fazer referência ao estudo universal do saber, ao conjunto das ciências, sendo o nome studium generale substituído por universitas. Pág. 133
  • 35. Universidades • As universidades eram estabelecimentos do ensino superior que agregavam várias faculdades e que se organizavam numa estrutura mais rígida e complexa. • Ao longo dos séculos XIII e XIV, as universidades expandiram-se pela Europa Ocidental, especializando-se em diferentes saberes: Teologia, Direito, Medicina. • As universidades de Bolonha e de Paris estão entre as mais antigas. Outros exemplos são a Universidade de Oxford e a de Montpellier.
  • 36. • Mais tarde, é a vez da constituição de universidades por iniciativa papal ou real. Exemplo desta última é a Universidade de Coimbra, fundada em 1290. • No século XIII, a universidade é o centro de formação dos quadros do funcionalismo público, necessários à centralização do poder pelos monarcas. Pág. 134
  • 37. • As universidades foram responsáveis pela transformação das cidades em ativos focos de inovação: estudantes de toda a parte deslocavam-se às cidades universitárias no intuito de aprender a gramática, a oratória, a matemática... Em consequência da presença da universidades, a cidade tornou-se o local por excelência da liberdade de ação, pois os estatutos das universidades protegiam os seus alunos, concedendo-lhes alguma autonomia nos regulamentos e defendendo-os, por exemplo, da prisão por dívidas.
  • 38. A CULTURA LEIGA E PROFANA NAS CORTES RÉGIAS E SENHORIAIS
  • 39. A CULTURA A CAVALARIA
  • 40. A cultura medieval Na Idade Média, a cultura era transmitida por todos os veículos disponíveis, resultando em aspetos diferentes, se estivéssemos junto a uma cidade, na corte real ou mesmo numa universidade. Subdividia-se assim em cultura: • MONÁSTICA: Os principais centros de cultura eram os Mosteiros, onde se aprendia o latim e o ensino estava voltado para a vida religiosa. Em algumas cidades surgiram associações de estudantes e professores que procuravam um ensino mais laico: surgiram as Universidades ou Estudos Gerais (em Portugal criada em 1290, com D. Dinis). Após frequentarem a Faculdade das Artes, os alunos optavam por uma das especializadas, como Direito ou Medicina.
  • 41. A cultura medieval • POPULAR: Conhecimentos transmitidos oralmente nos locais de convívio como as feiras. Era, no fundo, a tradição oral. Acabou por ser fortemente influenciada pela Igreja e pelas novas Ordens Mendicantes, tais como os Franciscanos e os Dominicanos (que acabaram mesmo por controlar a Inquisição). • CORTESÃ: Cultura típica da corte, promovida pelos reis e animadas por jograis e trovadores que compunham e cantavam as cantigas de amor, de amigo, de gesta e de escárnio e maldizer.
  • 42. O ideal de cavalaria • Enquanto nas cidades proliferavam as escolas catedrais e as universidades e nos conventos nasciam as livrarias (bibliotecas), nas cortes do rei e dos grandes senhores a cultura erudita (acessível apenas aos estratos dominantes da sociedade) desenvolveu-se sob o espírito cavalheiresco, segundo o qual o cavaleiro, sempre de estirpe nobre, almejava tornar-se perfeito. • O cavaleiro ideal devia ter as seguintes qualidades: -a honra; -a coragem; -a lealdade; -a virtude; -a piedade; -o ideal de cuzada. Pág. 136
  • 43. A educação cavaleiresca • A formação de um cavaleiro era intensa e longa, estendendo-se por cerca de catorze anos. • Este processo iniciava-se com a saída de casa materna e alojamento no paço de um grande senhor nobre. Aí, o rapaz passava por várias etapas, servindo, sucessivamente, como pajem, durante sete anos, e escudeiro, durante sete anos. • O seu treino incluía a aprendizagem da equitação, a prática de desporto e o domínio de armas: estas três aptidões eram postas à prova na caça, nos torneios e nas justas. • Finalmente, numa cerimónia complexa de contornos religiosos, o escudeiro era armado, cavaleiro de uma Ordem de Cavalaria, recebendo as esporas e a espada.
  • 44. Tal como existia um ideal de cavalaria, também as relações entre nobres e damas, O amor cortês nas cortes, obedeciam a um ideal de amor, pautado pelo refinamento e pela espiritualidade. • Era um código de comportamento amoroso em que os cavaleiros demonstravam que o valor pessoal não se fundamentava apenas no sangue ou nas proezas militares, mas podia ser identificado no comportamento social: a • cortesia. Para conquistar a sua amada, o cavaleiro nobre deveria ser virtuoso, paciente, elegante no vestir, bem-humorado, respeitoso perante as mulheres, enquanto a dama, bela e púdica, deveria alimentar o seu amor com gestos comedidos.
  • 45. A literatura • Na literatura, o ideal de cavalaria eram os Romances e o ideal do amor cortês: a poesia trovadoresca. • Os senhores feudais contratavam recitadores, cantores e músicos para divertir a corte. • As cantigas eram compostas, quase sempre, por nobres que se denominavam trovadores, porque praticavam a arte de trovar. • O trovador deveria expressar seus elogios a uma mulher da nobreza, demonstrando subordinação às damas da corte, que deveriam ser tratadas com cortesia. Pág. 140
  • 46. Cantiga de amor • As cantigas de amor desenvolviam o tema do sofrimento pelo amor não correspondido e eram divulgados de forma oral. • Neste tipo de cantiga, o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. • O tema mais comum é o amor não correspondido. • As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).
  • 47. Atividades: 1. Depois de escutares as duas canções, como sabes qual delas é atual? 2. Reconhecem-se facilmente os sentimentos expressos para com a/o mulher/homem amada/o? 3. Que relação podemos estabelecer entre a cantiga atual e a cantiga de amor da Idade Média?
  • 48. Cantiga de amigo • Este tipo de cantiga teve as suas origens na Península Ibérica. • Nela, o eu-lírico é uma mulher, mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época. • A mulher canta o seu amor pelo amigo (amigo = namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes, também em diálogo com a sua mãe ou as suas amigas. • O sujeito poético é, não apenas mulher, mas a donzela, isto é, uma rapariga solteira, pertencente aos estratos médios do povo. • O poeta serve-se assim deste artifício para exprimir os seus sentimentos pela boca da rapariga.
  • 49. Cantiga de escárnio e maldizer • Tipo de poesia satírica. Nas cantigas de escárnio a crítica é feita de forma encoberta, sem que o objecto de crítica seja claramente identificado. Nas cantigas de maldizer a vítima da crítica é claramente identificada. • Estes poemas satíricos têm um grande valor documental, visto que nos revelam qual a reacção das pessoas face a determinados acontecimentos e situações. • Estas cantigas permitem perceber melhor a sociedade da época e aceder a informações que outros documentos, mais impessoais, não revelam.
  • 50. Cantiga de escárnio e maldizer • Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. • Essa sátira era indirecta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na grafia da época) definem-se como feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, num processo que os trovadores chamavam "equívoco", por vezes, bastante mordaz. • Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira directa e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.
  • 51. O culto da memória • As famílias nobres relembravam e evocavam mortos e antepassados das suas ascendências para trazer ao presente os feitos valorosos das suas linhagens. • Contudo, não bastava a oralidade e o registo em túmulos para não se perderem as lembranças. Os senhores fizeram, então, escrever as suas memórias. • Nasceu, portanto, uma literatura genealógica que se difundiu largamente entre a nobreza europeia dos séculos XIII e XIV. • Em Portugal, este género literário foi muito cultivado, dando origem aos livros de linhagem ou nobiliários. A mais interessante das obras deste género é o 3º Livro das Linhagens, de D. Pedro, mistura de lendas e narrativas fantásticas com personagens reais, fortemente impregnado do espírito da cavalaria. Pág. 143
  • 52. A CULTURA A DIFUSÃO DO GOSTO E DA PRÁTICA DAS VIAGENS
  • 53. Viagens de negócios • O renascimento do gosto pelas viagens dá-se nos séc. XIII e XIV quando, sob o impulso do comércio, as velhas barreiras geográficas começaram a ceder. • O desenvolvimento do grande comércio criou laços entre os mercadores e os governantes. • Muitas viagens aliaram-se ao negócio e missões político-diplomáticas e muitos comerciantes começaram a desempenhar o papel de embaixadores das cortes da Europa. • Os viajantes europeus nesta época eram, fundamentalmente, os mercadores, os diplomatas, os missionários e pessoas sem terra e sem raízes. • As expedições dos mercadores colocam em contato as várias regiões e culturas europeias.
  • 54. Romarias e Peregrinações • As romarias e as peregrinações constituem expressões típicas da religiosidade medieval. • As peregrinações eram percursos de longa distância a locais sagrados do cristianismo, em especial Jerusalém, Roma e Santiago de Compostela. • Tinham objetivos religiosos de purificar a alma ou cumprir promessas. Pág. 147
  • 55. Romarias e Peregrinações • As romarias eram celebrações em honra a um santo, numa época fixa do ano. • Implicavam deslocações de curta duração (um ou vários dias). • As romarias tinham também objetivos religiosos de purificar a alma ou cumprir promessas. • A componente não-religiosa expressava-se, nomeadamente, em festas, com cantos e bailados tradicionais. • À chegada ao local, os romeiros pagavam as suas promessas, participavam nas cerimónias religiosas e nas procissões. Pág. 148