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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIO
GRADUAÇÃO EM ADMNISTRAÇÃO

COMO AS MUDANÇAS NO MERCADO MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA SÃO
VISTAS PELOS TRABALHADORES DESTES?

ALEXANDRE MARTINS CARVALHO
CARLOS SERGIO BATISTA JUNIOR
LUANA RODRIGUES DAUD
RAFAEL FERNANDO ANTÔNIO BARROS FARES

UBERLÂNDIA
MARÇO DE 2014
COMO AS MUDANÇAS NO MERCADO MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA SÃO
VISTAS PELOS TRABALHADORES DESTES?

ALEXANDRE MARTINS CARVALHO
CARLOS SERGIO BATISTA JUNIOR
LUANA RODRIGUES DAUD
RAFAEL FERNANDO ANTÔNIO BARROS FARES

O objetivo deste artigo é identificar e entender como
as mudanças no mercado municipal de Uberlândia são
vistas pelos trabalhadores do mesmo, bem como
verificar os seus sentimentos relacionados a vivencia
no seu trabalho cotidiano.
Orientadora: Profª Drª Cíntia Rodrigues

UBERLÂNDIA
MARÇO DE 2014
RESUMO

O referente artigo visa compreender o ponto de vista dos trabalhadores do Mercado
Municipal de Uberlândia em relação às mudanças ocorridas no mesmo. O objetivo foi
verificar como as mudanças no Mercado Municipal são vistas pelos trabalhadores destes.
Foram entrevistados seis trabalhadores do Mercado, as entrevistas foram semi-estruturadas
com o auxílio de um tópico-guia baseado no referencial teórico deste estudo. A pesquisa
mostrou que os transtornos são avaliados negativamente pelos trabalhadores, no entanto, a
mudança estrutural é considerada um ponto positivo para os mesmos.
Palavras-chave: Mercado Municipal, Mudanças, Uberlândia.

ABSTRACT

The related article aims to understand the point of view of the workers of the
Municipal Market of Uberlândia in relation to changes in the same. The objective was to
determine how the changes in the Municipal Market are seen by its workers. Six workers of
the Market were interviewed, the interviews were semi-structured with the support of a topic
guide based on the theoretical framework of this study. The research has shown that the
disorders are negatively evaluated by workers, however, the structural change is considered
positive point for the same.
Key words: Municipal Market, Changes, Uberlândia.
INTRODUÇÃO

A grande influência que a globalização e a urbanização exercem sobre as cidades,
provoca um fenômeno no qual as culturas locais são gradativamente ocultadas por uma
cultura global. Os mercados municipais desempenham um importante papel seguindo a
contramão deste processo. Como afirmam Pimentel e Leite-da-Silva (2006), Não é preciso ser
antropólogo para identificar as feiras e os mercados públicos como sendo loci privilegiados
para odesvendamento de hábitos típicos de uma dada cidade, região ou país. Mais do que
lugares de comercialização de produtos e serviços, esses redutos informam sobre as
sociabilidades exercidas e como os alimentos, os vestuários e os utensílios remetem às
identidades daqueles frequentadores rotineiros que ali trocam experiências,reforçam tradições
e auxiliam na construção das culturas organizacionais (PIMENTEL, T. D. e LEITE-daSILVA, 2006).
Os mercados municipais tiveram sua origem há muito tempo, há relatos da existência
de mercados já no final do século X, no Império Romano, onde atualmente está localizada a
cidade de Barcelona (PINTAUDI, 2006).
No Brasil, o surgimento dos primeiros mercados aconteceu em São Paulo, no século
XVIII, quando foram construídas as “casinhas”, que vendiam produtos alimentícios não
perecíveis. Mas foi em 1860 que aconteceu a criação do Mercado Municipal
Em Uberlândia, o Mercado Municipal foi inaugurado em 1944, à Rua Olegário
Maciel, esquina com a Avenida Getúlio Vargas, para se tornar um centro de comércio
atacadista hortifrutigranjeiro, passa a funcionar em 1977 apenas como varejista. O complexo
projetado sob a influência da arquitetura moderna foi inventariado em 2001 e tombado como
patrimônio histórico.
Desde sua inauguração o Mercado Municipal de Uberlândia passou por algumas
reformas, como, por exemplo, a última reforma estrutural ocorrida em 2012. Além das
reformas estruturais, o Mercado também foi alvo de mudanças intangíveis, como na sua
cultura e no seu público.
Este artigo tem como objetivo deste artigo é identificar e entender como as mudanças
no Mercado Municipal de Uberlândia são vistas pelos trabalhadores do mesmo, bem como
verificar os seus sentimentos relacionados a vivencia no seu trabalho cotidiano.
A pesquisa e o estudo foram realizados com seistrabalhadores do Mercado Municipal
de Uberlândia, os dados foram obtidos através de entrevistas com o auxílio de um tópico-guia
montado com base no referencial teórico.Este artigoé relevante para a população em geral
pois permite identificar a importância que o local tem para seus trabalhadores. Portanto, é
fundamental sabermos como as mudanças no Mercado Municipal de Uberlândia são vistas
pelos trabalhadores destes.

REFERENCIAL TEÓRICO

Atualmente, há uma grande movimentação em torno dos Mercados Municipais. Estes
locais normalmente estão associados com vendas de artigos regionais, tanto de seu local de
origem como outras culturas. Podemos dizer que é um lugar cosmopolita, ou seja, reúne
diferentes culturas.
O Box do Chico, localizado no Mercado Municipal de Uberlândia, região central,
logo na entrada pela rua Olegário Maciel, é uma referência na cidade quando se
pensa em produtos tipicamente mineiros tais como farináceos, doces de leite e de
frutas em pasta, cristalizados, em cubos ou em barras; além de compotas, mel,
condimentos, queijos regionais, polvilho e fubá, sendo estes alguns dos produtos que
aguçam o paladar dos fregueses. Fregueses estes oriundos de toda parte do Brasil
que passam pela banca do “Seu Chico”, como o proprietário é chamado e conhecido
por todos, para levar um pouco de Minas, seja para sua casa, seja para amigos e
parentes pelos quatro cantos do mundo. (CAVEDON, FANTINEL, ÁVILA,
VALADÃO, 2010, p.173).

Estes locais tentam criar uma atmosfera cultural e de socialização. Isso quer dizer que
dentro do mercado há sim uma competição feroz por lucro, mas não na maioria dos casos.
Muitos estão nesses locais por conta de sua história, por ser um ambiente agradável, ponto de
encontro de amigos.De acordo com os pesquisadores Cavedon, Fantinel, Ávila , Valadão
(2010)foi possível identificar aspectos da cultura organizacional que extrapolam a lógica
capitalista do negócio como tão somente fonte de lucro, posto que as relações entre
permissionários e funcionários se dão num nível de intimidade e de companheirismo que
sobrepuja a impessoalidade e frieza comum ao mundo empresarial.
Em Uberlândia o Mercado Municipal foi construído em 25 de dezembro de 1944, no
cruzamento da rua Olegário Maciel com a avenida Getúlio Vargas, durante a posse do prefeito
Vasconcelos Costa (1943-1945). A construção do mercado municipal se justificava pelo fato
de que haveria um maior controle sobre os preços das mercadorias comercializadas e
possibilitaria ao município a arrecadação de impostos. (ALVES, RIBEIRO, 2011)
Um outro importante fator que Alves, Ribeiro (2011) ressalta em relação à construção
do mercado foi que ajudaria na higienização da cidade, uma vez que permitiria a
comercialização periódica de produtos rurais em um único espaço e de forma organizada.
O Mercado Municipal de Uberlândia foi tombado em 2002, e suas reformas tiveram
início no ano de 2005.
A Secretaria de Cultura reputava a preservação do Mercado “de fundamental
importância, não só pelos valores arquitetônicos nele inseridos, como também pelo
valor de memória e de referencial para os habitantes de Uberlândia”. Ressaltava que
o edifício, “apesar de não apresentar características arquitetônicas excepcionais,
carrega os elementos tipicamente empregados nas construções da época.
(GOULART, 2006)

De acordo com Goulart (2006) os motivos para o tombamento do mercado buscavam
superar a concepção tradicionalista do patrimônio, destacando seu valor para a população da
cidade e sua importância na criação das relações sociais.
Há uma dificuldade em encontrar materiais bibliográficos e documentais em função da
idade do mercado e sua época que foi construído. O momento histórico em que o Mercado foi
construído justifica, em parte, as dificuldades atuais de se encontrar fontes documentais, pois
no período de ditadura o “papel” da imprensa é usurpado e os registros se tornam
questionáveis. (CAVALCANTE, V.M.Q., 2007).

METODOLOGIA

O objetivo deste artigo é identificar e entender como as mudanças no mercado
municipal de Uberlândia são vistas pelos trabalhadores do mesmo, bem como verificar os
seus sentimentos relacionados a vivencia no seu trabalho cotidiano.
O artigo se destina a população em geral, para que tomem conhecimento da cultura,
história, e importância do Mercado para as pessoas que fazem deste, o fruto do seu sustento.
Para obtenção de um resultado fidedigno, foram feitas seis entrevistas
semiestruturadas com trabalhadores do local, auxiliadas por um tópico-guia baseado no
referencial teórico do presente artigo. Estas, foram realizadas exclusivamente no Mercado
Municipal com trabalhadores que foram escolhidos por conveniência.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais com os trabalhadores do
Mercado, os quais foram transcritos e em seguida, submetidos ao processo de “unitarização”.
Após esse processo, houve revisão e codificação dos dados para que enfim, pudessem ser
analisados.
Ressalta-se ainda, que os nomes citados neste artigo, inclusive aqueles ditos durante
qualquer entrevista aqui transcrita, são fictícios e escolhidos aleatoriamente pelos autores. Tal
fato faz-se necessário para que seja mantida o sigilo da identidades dos participantes.

RESULTADOS

Tomando como guia o tema central e o tema específico do trabalho, através dos dados
coletados, foi possível observar várias opiniões sobre os mesmos. A maioria dos entrevistados
destacaram que as principais mudanças do Mercado Municipal de Uberlândia se deram pelo
surgimento de transtornos no ambiente. Em seguida, pode-se observar uma frequência muito
grande de argumentos, vindos dos entrevistados, de que houveram mudanças na estrutura
física do Mercado.
Uma das entrevistadas, responsável por um comércio do Mercado, retrata o transtorno
que o barulho alto gerado pelos shows trazem para o comércio interno do bloco central, bem
como para os moradores de prédios residenciais da redondeza.
"Em volta aqui do mercado os prédios que são todos residenciais, e eles estão
trazendo um barulho enorme. Quando você está aqui dentro, e chega pessoas pra
atender no sábado, você nem consegue ouvir."

O fato de que o barulho alto gerado pelos shows dos finais de semana é reconhecido
também por outro entrevistado.
"Agora, acho que a música alta incomoda sim, e isso foi objeto de longas discussões,
então houve todo um esforço no sentido de regular isso. Isso é que eu acho
importante, por que existem leis, então a primeira coisa é cumprir a lei. Uma vez
observando os constrangimentos da lei, os limites que a lei impõe, ai a gente pode
discutir dentro dos limites da lei".

Além do barulho alto, os shows também são responsáveis por outros tipos de
transtornos, como citado por outro comerciante local. Ele afirma que os shows, muitas das
vezes, ocupam o estacionamento do pátio central do Mercado que, segundo ele, é um local
impróprio para realizar tal evento.
"Os shows afetam por que aqui não tem espaço. Eles tiram o estacionamento pra
botar o show. Aqui não é próprio pra fazer show, porque aqui não tem espaço.
Prejudica quem estaciona pra comprar aqui, por que eles isolam o estacionamento
pra montar o palco e aquela coisa toda. Quem ia estacionar aqui vai embora."

Em contrapartida, uma outra comerciante, quando entrevistada, diz que os shows não
são prejudiciais. Ela apresenta uma visão totalmente contrária dos demais, afirmando que os
shows são úteis para aproximar o Mercado com outros tipos de públicos, como por exemplo,
os jovens. Além disso, os shows são capazes de atrair a atenção dos turistas que já compram
no mercado.
"Pra mim o show é indiferente. Atrapalhar, assim, eu sinceramente acho que não
atrapalha. O que a gente tem de idade é o que o barulho incomoda (risos). Mas o
som é uma boa para os jovens, e para as pessoas de fora também."

Os shows, aliás, não são os únicos alvos de críticas partidas dos comerciantes. Quando
o assunto era a prefeitura, surgiram mais comentários sobre transtornos no Mercado
Municipal.
Um comerciante entrevistado, criticou duramente a forte burocracia que a prefeitura
implica sobre o Mercado. Ele afirmou que muitos dos boxes presentes no Mercado estão
atualmente desocupados e que a prefeitura, com sua burocracia, inviabiliza o aluguel destes
boxes por novos comerciantes, causando muitas desistências por parte destes.
"A prefeitura está com uma falha aqui, por que há dois anos eles não alugam esses
boxes ali. É muito burocrático. O pessoal vai lá na prefeitura pra tentar alugar os
boxes, e eles arrumam uma burocracia violenta, então os caras desistem. Isso está
atrapalhando muito o Mercado."

O mesmo comerciante também comenta sobre a segurança do Mercado Municipal. Ele
diz que o local está rodeado por "malandros", e isso acarreta à uma falta de segurança para os
que frequentam o Mercado. Corrobora dizendo que a prefeitura, por muitas vezes, fez
promessas de que melhorariam a segurança do local, porém, em vão.
"Está tendo muito malando por aqui, muito malandro! Celular já me roubaram dois.
Tá muito ruim de segurança. O prefeito prometeu mais policiamento, prometeu
guardas municipais, e até hoje tá ai sem colocar. É só promessa. Não adianta ficar
bonitinho por fora se por dentro tá cheio de problemas."

Partindo para uma perspectiva mais cultural, vários comerciantes destacam a falta de
variedade do Mercado.
"Não tem variedade.Muita gente vê aqui e pergunta por onde tomar um lanche. Tem
atéuns lanchinhos muito fracos. Então acho que precisa de um lanchinho bem legal,
pra o turista vir e se sentir confortado."

Afirmam que o local poderia abrigar outros tipos de estabelecimentos.
"O Mercado não tem variedade. Todo mercado tem variedade. A segunda cidade do
estado com um mercado que não tem recurso nenhum? A gente vem aqui e não tem
uma lanchonete boa, não tem muita coisa. Não tem livraria, não tem banca de
revista. Era pra por uma padaria, era pra por uma loteria, mas nada aconteceu. Só
promessas."

Outro transtorno citado foi a falta de comprometimento de vendedores mais antigos
para com seus produtos e, consequentemente, seus clientes. Um entrevistado afirma que os
vendedores mais antigos haviam se acomodado quando o assunto era a higiene de seus
produtos, produzindo os mesmos, muitas vezes, sem as devidas condições de higiene
necessárias para a produção de alimentos. Diante de tal fato, a prefeitura então interveio com
novas propostas fiscais.
"Mas o fato é que a gente precisa também reconhecer. Com o tempo as pessoas
estavam um pouco displicentes com a forma em que apresentavam seus produtos.
Então eu sou um pequeno empresário, e tenho meu comércio aqui, mas eu ocupo um
espaço público, então é uma obrigação que eu como cidadão exijo que a prefeitura
atue sobre o mercado, e que ela regule as relações aqui dentro."

Tal intervenção, é uma das muitas intervenções benéficas da prefeitura sobre o
Mercado. Sendo ela maléfica ou benéfica, o fato é que houveram, em todas as entrevistas
coletadas, alguma opinião sobre ações da prefeitura no Mercado. A estrutura física, aliás, foi a
segunda variável mais citada nas entrevistas, e foi a prefeitura quem obteve o papel principal
neste ato.
Em seu dia-a-dia, os comerciantes conviviam no local em uma situação deplorável,
insegura e nem um pouco higiênica. Diante disso, a prefeitura propôs uma reforma no
mercado, modificando e melhorando suas estruturas físicas internas e externas. O telhado foi
trocado; criaram-se novas galerias; estruturas elétricas foram trocadas e aprimoradas; os
prédios centrais e auxiliares receberam novas pinturas; boxes foram remodelados. O Mercado
Municipal recebeu uma nova cara.
"Eu acho que ficou mais claro, principalmente. Ficou com uma aparência mais
limpa. Acho que não é só a aparência, acho que ficou mais limpo mesmo. Quer
dizer, existia um pergolado, um forro, que estava a muito tempo sem que ninguém
mexesse. Então as pessoas comentavam lá dentro que descia muita penugem de
pombo. Eu não convivo lá, mas eu já ouvi esses comentários de que almoçar ou
abrir uma quentinha lá é um risco. Não tem condição. Pra quem vendia alimentos, os
queijos ficavam muitas vezes expostos".

Junto às reformas, veio o aumento da fiscalização. Comerciantes foram submetidos à
uma nova política de apresentar seus produtos. A gestão por parte comissão de identidade,
aliás, trouxe ao mercado diversas secretarias, que posteriormente a auxiliariam na
administração do Mercado.
"Então é assim que a coisa vem acontecendo. Eu acho que é mais do que a reforma
do mercado, a instituição da comissão de identidade, que acabou sendo constituída
por decretos de lei municipal, trouxe outras secretarias: trouxe o conselho do
patrimônio histórico, trouxe o instituto de arquitetos, trouxe outras secretarias
municipais. E tem a configuração dele aqui. Eu acho que isso talvez seja a principal
mudança que não aparece tanto pro público, nem gerou tantos efeitos ainda, mas
pode ser um veículo pra uma transformação profunda do mercado."

A gestão por parte dos comerciantes internos também foi citada nas entrevistas. Podese observar que o modo como os eles tocavam seus comércios era influenciado por tradições
passadas de geração a geração. Os comerciantes mais antigos possuíam uma forma particular
de fazer seus produtos, de vender seus produtos, de atender seus clientes, de agir. Em seu
comércio, geralmente utilizavam outros integrantes de sua família para ajudá-los. Diante
disso, passavam suas tradições para seus ajudantes, integrando-os no processo cultural.
"Eu acho que o mercado é um espaço único. Então eu sempre defendo que o
mercado esteja habitado por personagens. O seu Emanoel ali, o barbeiro, ele é um
personagem! Ele está aqui há mais de 40 anos, conhece tudo, conhece todos, é uma
instituição viva! Eu acho interessante o mercado nesse aspecto. As pessoas que
trabalham aqui em geral são os proprietários ou seus familiares. Claro que tem
funcionários, mas a identidade de cada comércio é dada pelo seu proprietário, e é
bem diferente do comércio pasteurizado e monocromático dos shoppings."

A cultura do Mercado, além de composta pela identidade dos seus comerciantes, é
formada também pela identidade de seus clientes e frequentadores. Tal afirmação é citada
diversas vezes nas entrevistas. Os comerciantes destacam um perfil específico de seus
clientes, no qual estes são, em sua maioria, turistas. O fato de seus clientes serem turistas é
tratado nas entrevistas como um diferencial. Os comerciantes valorizam e fazem questão de
destacar este diferencial em suas falas, e o tratam como um bem valioso para todo o Mercado.
Os clientes locais também são importantíssimos e quase tão valorizados quanto os
turistas. Estes clientes locais possuem uma característica incomum: a pessoalidade.
Normalmente, os clientes locais são consumidores do Mercado há mais tempo, gerando
determinados vínculos afetivos com os comerciantes.
"O seu Batalha é uma pessoa super conhecida e está sempre aqui. Ele senta ali no
barbeiro e fica a manhã inteira batendo papo. Quase todo dia ele vem ali, fica ali
batendo papo. É o tipo de uma vibração que você não encontra num shopping. A
mulher dele fez uma encomenda e nem deixou um telefone, por que ele e ela estão
aqui toda hora. Por que eu vou ficar pedindo telefone? Não tem aquela
impessoalidade."
Além do público antigo local e o público de turistas, outro público está fazendo parte
do Mercado nos dias de hoje. Tal público se trata do jovens. Os comerciantes destacam que
estes jovens passaram a fazer parte da cultura do Mercado a partir do momento em que foi
feita a atual reforma e, sucessivamente, implementados os shows. A atração destes jovens é
feita pela prefeitura, que cuida do marketing do local. Os comerciantes destacam esse papel
importantíssimo da prefeitura, corroborando que se não fosse a mesma, eles não teriam
condições econômicas nem administrativas de realizar tal ação de marketing.
"A prefeitura tem importância principalmente na divulgação. Nós aqui do Mercado
não damos conta de fazer, por que esse trabalho de marketing hoje em dia fica muito
caro. Então tem a prefeitura, que faz isso pra nós através dos eventos, do mercado
sonoro, através dos banners. Da mídia mesmo."

(Quadro 1 - Elementos chave das entrevistas)
Na tabela acima são apresentados os principais elementos, ou seja, os elementos chave
obtidos ao longo do processo das entrevistas.
Estes elementos são palavras do vocabulário particular de cada um dos entrevistados.
Tais elementos, em sua maioria, também foram citados durante este tópico, e foram utilizados
para compreender e analisar o tema central e o tema específico que estão presentes neste
trabalho.
Analisando qualitativamente tais elementos, foi possível chegar a uma categorização
dos mesmos. Esta categorização será retratada na tabela contida abaixo.
(Tabela 1 - Categorização dos elementos chave)
A tabela acima retrata a categorização dos elementos chave obtidos anteriormente. Os
elementos foram divididos e agrupados em seis categorias (transtornos, estrutura física,
público, fiscalização, marketing e gestão) de acordo com a essência em que apareceram nas
entrevistas. Após isso foram quantificados para a verificação das categorias mais importantes
e das complementares. Levando isto em conta, foi possível redigir este tópico.
CONCLUSÃO

A análise do conteúdo possibilitou compreender as percepções dos trabalhadores em
relação ao mercado municipal e suas mudanças.

Os elementos atribuídos foram

categorizados, de forma que todas as áreas, relacionadas a pesquisa, fossem abrangidas. Em
relação ao ambiente foram criadas as categorias de transtornos e estrutura física, e tratando-se
de relacionamento público foram criados as categorias de marketing, fiscalização, público e
gestão. A categorização permitiu concluir as percepções com uma visão geral. A categoria
transtorno foi a que obteve um maior número de elementos, sendo a que obteve maior atenção
dos trabalhadores durante a entrevista. Pode- se perceber que os “showzinhos” são os
causadores desses transtornos, em sua maioria, e também entender que os transtornos estão
sendo de grande incomodo, e consequentemente são os que necessitam de uma mudança mais
imediata.
A estrutura e o público também foram categorias bem discutidas. A reforma recente foi
apresentada como uma mudança positiva para os trabalhadores do mercado, em âmbitos de
limpeza, aparência e espaço. Já em relação ao público a presença de turistas foi a comentada
pelos trabalhadores.
Os elementos categorizados em marketing, fiscalização e gestão não apareceram em
duplicidade, pois cada elemento só foi citado por um consumidor diferente, não atingindo a
saturação.
Finalmente, conclui-se que os transtornos tem sido de grande importância para os
trabalhadores, e que esses merecem uma atenção especial. A reforma não fica muito atrás em
relação a importância, já que os trabalhadores a analisam como positiva e portadora de
melhorias a todos. Os outros elementos citados em pequena quantidade, mostra que são
opiniões divergentes ou não aparentes entre os trabalhadores, sendo então de pequena
importância aos resultados deste artigo.
Para finalizar, torna-se interessante uma pesquisa sobre o mercado municipal na visão
dos consumidores, para observar se as opiniões se divergem ou convergem em relação a dos
que trabalham no mesmo.
REFERÊNCIAS

CAVEDON, N. R. “Pode chegar, freguês”: a cultura organizacional do Mercado Público de
Porto Alegre. Organizações e Sociedade. Salvador: UFBA, vol. 11, n. 29, jan./abr. 2004,
p.173-189.
GOULART, M. G. Apenas uma fotografia na parede: caminhos da preservação do patrimônio
em Uberlândia (MG). Orient. Prof. Dr. BennySchvasberg, Brasília: Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo/ UnB, 2006 (Dissertação de Pós-Graduação)
PIMENTEL, T. D. e LEITE-da-SILVA. Artesão ou pequeno industrial:
ambigüidadesidentitárias na “Feira Hippie”. Encontro de Estudos Organizacionais, 2006.
Anais do ENEO, 2006. Porto Alegre: UFRGS, 2006.
PINTAUDI, S. M. Os mercados públicos: metamorfoses de um espaço na história urbana.
Scripta Nova. v. X, n. 218 14. p. 2006. Disponível em :<http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-21881.htm> Acesso em: 31 Jan. 2014.
RIBEIRO FILHO, V. Os mercados públicos e a cidade: As transformações do mercado
municipal de Uberlândia. Instituto de Geografia/UFU, 2011 v.12, n.39

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Mercado Municipal de Uberlândia

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIO GRADUAÇÃO EM ADMNISTRAÇÃO COMO AS MUDANÇAS NO MERCADO MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA SÃO VISTAS PELOS TRABALHADORES DESTES? ALEXANDRE MARTINS CARVALHO CARLOS SERGIO BATISTA JUNIOR LUANA RODRIGUES DAUD RAFAEL FERNANDO ANTÔNIO BARROS FARES UBERLÂNDIA MARÇO DE 2014
  • 2. COMO AS MUDANÇAS NO MERCADO MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA SÃO VISTAS PELOS TRABALHADORES DESTES? ALEXANDRE MARTINS CARVALHO CARLOS SERGIO BATISTA JUNIOR LUANA RODRIGUES DAUD RAFAEL FERNANDO ANTÔNIO BARROS FARES O objetivo deste artigo é identificar e entender como as mudanças no mercado municipal de Uberlândia são vistas pelos trabalhadores do mesmo, bem como verificar os seus sentimentos relacionados a vivencia no seu trabalho cotidiano. Orientadora: Profª Drª Cíntia Rodrigues UBERLÂNDIA MARÇO DE 2014
  • 3. RESUMO O referente artigo visa compreender o ponto de vista dos trabalhadores do Mercado Municipal de Uberlândia em relação às mudanças ocorridas no mesmo. O objetivo foi verificar como as mudanças no Mercado Municipal são vistas pelos trabalhadores destes. Foram entrevistados seis trabalhadores do Mercado, as entrevistas foram semi-estruturadas com o auxílio de um tópico-guia baseado no referencial teórico deste estudo. A pesquisa mostrou que os transtornos são avaliados negativamente pelos trabalhadores, no entanto, a mudança estrutural é considerada um ponto positivo para os mesmos. Palavras-chave: Mercado Municipal, Mudanças, Uberlândia. ABSTRACT The related article aims to understand the point of view of the workers of the Municipal Market of Uberlândia in relation to changes in the same. The objective was to determine how the changes in the Municipal Market are seen by its workers. Six workers of the Market were interviewed, the interviews were semi-structured with the support of a topic guide based on the theoretical framework of this study. The research has shown that the disorders are negatively evaluated by workers, however, the structural change is considered positive point for the same. Key words: Municipal Market, Changes, Uberlândia.
  • 4. INTRODUÇÃO A grande influência que a globalização e a urbanização exercem sobre as cidades, provoca um fenômeno no qual as culturas locais são gradativamente ocultadas por uma cultura global. Os mercados municipais desempenham um importante papel seguindo a contramão deste processo. Como afirmam Pimentel e Leite-da-Silva (2006), Não é preciso ser antropólogo para identificar as feiras e os mercados públicos como sendo loci privilegiados para odesvendamento de hábitos típicos de uma dada cidade, região ou país. Mais do que lugares de comercialização de produtos e serviços, esses redutos informam sobre as sociabilidades exercidas e como os alimentos, os vestuários e os utensílios remetem às identidades daqueles frequentadores rotineiros que ali trocam experiências,reforçam tradições e auxiliam na construção das culturas organizacionais (PIMENTEL, T. D. e LEITE-daSILVA, 2006). Os mercados municipais tiveram sua origem há muito tempo, há relatos da existência de mercados já no final do século X, no Império Romano, onde atualmente está localizada a cidade de Barcelona (PINTAUDI, 2006). No Brasil, o surgimento dos primeiros mercados aconteceu em São Paulo, no século XVIII, quando foram construídas as “casinhas”, que vendiam produtos alimentícios não perecíveis. Mas foi em 1860 que aconteceu a criação do Mercado Municipal Em Uberlândia, o Mercado Municipal foi inaugurado em 1944, à Rua Olegário Maciel, esquina com a Avenida Getúlio Vargas, para se tornar um centro de comércio atacadista hortifrutigranjeiro, passa a funcionar em 1977 apenas como varejista. O complexo projetado sob a influência da arquitetura moderna foi inventariado em 2001 e tombado como patrimônio histórico. Desde sua inauguração o Mercado Municipal de Uberlândia passou por algumas reformas, como, por exemplo, a última reforma estrutural ocorrida em 2012. Além das reformas estruturais, o Mercado também foi alvo de mudanças intangíveis, como na sua cultura e no seu público. Este artigo tem como objetivo deste artigo é identificar e entender como as mudanças no Mercado Municipal de Uberlândia são vistas pelos trabalhadores do mesmo, bem como verificar os seus sentimentos relacionados a vivencia no seu trabalho cotidiano. A pesquisa e o estudo foram realizados com seistrabalhadores do Mercado Municipal de Uberlândia, os dados foram obtidos através de entrevistas com o auxílio de um tópico-guia
  • 5. montado com base no referencial teórico.Este artigoé relevante para a população em geral pois permite identificar a importância que o local tem para seus trabalhadores. Portanto, é fundamental sabermos como as mudanças no Mercado Municipal de Uberlândia são vistas pelos trabalhadores destes. REFERENCIAL TEÓRICO Atualmente, há uma grande movimentação em torno dos Mercados Municipais. Estes locais normalmente estão associados com vendas de artigos regionais, tanto de seu local de origem como outras culturas. Podemos dizer que é um lugar cosmopolita, ou seja, reúne diferentes culturas. O Box do Chico, localizado no Mercado Municipal de Uberlândia, região central, logo na entrada pela rua Olegário Maciel, é uma referência na cidade quando se pensa em produtos tipicamente mineiros tais como farináceos, doces de leite e de frutas em pasta, cristalizados, em cubos ou em barras; além de compotas, mel, condimentos, queijos regionais, polvilho e fubá, sendo estes alguns dos produtos que aguçam o paladar dos fregueses. Fregueses estes oriundos de toda parte do Brasil que passam pela banca do “Seu Chico”, como o proprietário é chamado e conhecido por todos, para levar um pouco de Minas, seja para sua casa, seja para amigos e parentes pelos quatro cantos do mundo. (CAVEDON, FANTINEL, ÁVILA, VALADÃO, 2010, p.173). Estes locais tentam criar uma atmosfera cultural e de socialização. Isso quer dizer que dentro do mercado há sim uma competição feroz por lucro, mas não na maioria dos casos. Muitos estão nesses locais por conta de sua história, por ser um ambiente agradável, ponto de encontro de amigos.De acordo com os pesquisadores Cavedon, Fantinel, Ávila , Valadão (2010)foi possível identificar aspectos da cultura organizacional que extrapolam a lógica capitalista do negócio como tão somente fonte de lucro, posto que as relações entre permissionários e funcionários se dão num nível de intimidade e de companheirismo que sobrepuja a impessoalidade e frieza comum ao mundo empresarial. Em Uberlândia o Mercado Municipal foi construído em 25 de dezembro de 1944, no cruzamento da rua Olegário Maciel com a avenida Getúlio Vargas, durante a posse do prefeito Vasconcelos Costa (1943-1945). A construção do mercado municipal se justificava pelo fato de que haveria um maior controle sobre os preços das mercadorias comercializadas e possibilitaria ao município a arrecadação de impostos. (ALVES, RIBEIRO, 2011)
  • 6. Um outro importante fator que Alves, Ribeiro (2011) ressalta em relação à construção do mercado foi que ajudaria na higienização da cidade, uma vez que permitiria a comercialização periódica de produtos rurais em um único espaço e de forma organizada. O Mercado Municipal de Uberlândia foi tombado em 2002, e suas reformas tiveram início no ano de 2005. A Secretaria de Cultura reputava a preservação do Mercado “de fundamental importância, não só pelos valores arquitetônicos nele inseridos, como também pelo valor de memória e de referencial para os habitantes de Uberlândia”. Ressaltava que o edifício, “apesar de não apresentar características arquitetônicas excepcionais, carrega os elementos tipicamente empregados nas construções da época. (GOULART, 2006) De acordo com Goulart (2006) os motivos para o tombamento do mercado buscavam superar a concepção tradicionalista do patrimônio, destacando seu valor para a população da cidade e sua importância na criação das relações sociais. Há uma dificuldade em encontrar materiais bibliográficos e documentais em função da idade do mercado e sua época que foi construído. O momento histórico em que o Mercado foi construído justifica, em parte, as dificuldades atuais de se encontrar fontes documentais, pois no período de ditadura o “papel” da imprensa é usurpado e os registros se tornam questionáveis. (CAVALCANTE, V.M.Q., 2007). METODOLOGIA O objetivo deste artigo é identificar e entender como as mudanças no mercado municipal de Uberlândia são vistas pelos trabalhadores do mesmo, bem como verificar os seus sentimentos relacionados a vivencia no seu trabalho cotidiano. O artigo se destina a população em geral, para que tomem conhecimento da cultura, história, e importância do Mercado para as pessoas que fazem deste, o fruto do seu sustento. Para obtenção de um resultado fidedigno, foram feitas seis entrevistas semiestruturadas com trabalhadores do local, auxiliadas por um tópico-guia baseado no referencial teórico do presente artigo. Estas, foram realizadas exclusivamente no Mercado Municipal com trabalhadores que foram escolhidos por conveniência. Os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais com os trabalhadores do Mercado, os quais foram transcritos e em seguida, submetidos ao processo de “unitarização”.
  • 7. Após esse processo, houve revisão e codificação dos dados para que enfim, pudessem ser analisados. Ressalta-se ainda, que os nomes citados neste artigo, inclusive aqueles ditos durante qualquer entrevista aqui transcrita, são fictícios e escolhidos aleatoriamente pelos autores. Tal fato faz-se necessário para que seja mantida o sigilo da identidades dos participantes. RESULTADOS Tomando como guia o tema central e o tema específico do trabalho, através dos dados coletados, foi possível observar várias opiniões sobre os mesmos. A maioria dos entrevistados destacaram que as principais mudanças do Mercado Municipal de Uberlândia se deram pelo surgimento de transtornos no ambiente. Em seguida, pode-se observar uma frequência muito grande de argumentos, vindos dos entrevistados, de que houveram mudanças na estrutura física do Mercado. Uma das entrevistadas, responsável por um comércio do Mercado, retrata o transtorno que o barulho alto gerado pelos shows trazem para o comércio interno do bloco central, bem como para os moradores de prédios residenciais da redondeza. "Em volta aqui do mercado os prédios que são todos residenciais, e eles estão trazendo um barulho enorme. Quando você está aqui dentro, e chega pessoas pra atender no sábado, você nem consegue ouvir." O fato de que o barulho alto gerado pelos shows dos finais de semana é reconhecido também por outro entrevistado. "Agora, acho que a música alta incomoda sim, e isso foi objeto de longas discussões, então houve todo um esforço no sentido de regular isso. Isso é que eu acho importante, por que existem leis, então a primeira coisa é cumprir a lei. Uma vez observando os constrangimentos da lei, os limites que a lei impõe, ai a gente pode discutir dentro dos limites da lei". Além do barulho alto, os shows também são responsáveis por outros tipos de transtornos, como citado por outro comerciante local. Ele afirma que os shows, muitas das vezes, ocupam o estacionamento do pátio central do Mercado que, segundo ele, é um local impróprio para realizar tal evento. "Os shows afetam por que aqui não tem espaço. Eles tiram o estacionamento pra botar o show. Aqui não é próprio pra fazer show, porque aqui não tem espaço.
  • 8. Prejudica quem estaciona pra comprar aqui, por que eles isolam o estacionamento pra montar o palco e aquela coisa toda. Quem ia estacionar aqui vai embora." Em contrapartida, uma outra comerciante, quando entrevistada, diz que os shows não são prejudiciais. Ela apresenta uma visão totalmente contrária dos demais, afirmando que os shows são úteis para aproximar o Mercado com outros tipos de públicos, como por exemplo, os jovens. Além disso, os shows são capazes de atrair a atenção dos turistas que já compram no mercado. "Pra mim o show é indiferente. Atrapalhar, assim, eu sinceramente acho que não atrapalha. O que a gente tem de idade é o que o barulho incomoda (risos). Mas o som é uma boa para os jovens, e para as pessoas de fora também." Os shows, aliás, não são os únicos alvos de críticas partidas dos comerciantes. Quando o assunto era a prefeitura, surgiram mais comentários sobre transtornos no Mercado Municipal. Um comerciante entrevistado, criticou duramente a forte burocracia que a prefeitura implica sobre o Mercado. Ele afirmou que muitos dos boxes presentes no Mercado estão atualmente desocupados e que a prefeitura, com sua burocracia, inviabiliza o aluguel destes boxes por novos comerciantes, causando muitas desistências por parte destes. "A prefeitura está com uma falha aqui, por que há dois anos eles não alugam esses boxes ali. É muito burocrático. O pessoal vai lá na prefeitura pra tentar alugar os boxes, e eles arrumam uma burocracia violenta, então os caras desistem. Isso está atrapalhando muito o Mercado." O mesmo comerciante também comenta sobre a segurança do Mercado Municipal. Ele diz que o local está rodeado por "malandros", e isso acarreta à uma falta de segurança para os que frequentam o Mercado. Corrobora dizendo que a prefeitura, por muitas vezes, fez promessas de que melhorariam a segurança do local, porém, em vão. "Está tendo muito malando por aqui, muito malandro! Celular já me roubaram dois. Tá muito ruim de segurança. O prefeito prometeu mais policiamento, prometeu guardas municipais, e até hoje tá ai sem colocar. É só promessa. Não adianta ficar bonitinho por fora se por dentro tá cheio de problemas." Partindo para uma perspectiva mais cultural, vários comerciantes destacam a falta de variedade do Mercado. "Não tem variedade.Muita gente vê aqui e pergunta por onde tomar um lanche. Tem atéuns lanchinhos muito fracos. Então acho que precisa de um lanchinho bem legal, pra o turista vir e se sentir confortado." Afirmam que o local poderia abrigar outros tipos de estabelecimentos. "O Mercado não tem variedade. Todo mercado tem variedade. A segunda cidade do estado com um mercado que não tem recurso nenhum? A gente vem aqui e não tem
  • 9. uma lanchonete boa, não tem muita coisa. Não tem livraria, não tem banca de revista. Era pra por uma padaria, era pra por uma loteria, mas nada aconteceu. Só promessas." Outro transtorno citado foi a falta de comprometimento de vendedores mais antigos para com seus produtos e, consequentemente, seus clientes. Um entrevistado afirma que os vendedores mais antigos haviam se acomodado quando o assunto era a higiene de seus produtos, produzindo os mesmos, muitas vezes, sem as devidas condições de higiene necessárias para a produção de alimentos. Diante de tal fato, a prefeitura então interveio com novas propostas fiscais. "Mas o fato é que a gente precisa também reconhecer. Com o tempo as pessoas estavam um pouco displicentes com a forma em que apresentavam seus produtos. Então eu sou um pequeno empresário, e tenho meu comércio aqui, mas eu ocupo um espaço público, então é uma obrigação que eu como cidadão exijo que a prefeitura atue sobre o mercado, e que ela regule as relações aqui dentro." Tal intervenção, é uma das muitas intervenções benéficas da prefeitura sobre o Mercado. Sendo ela maléfica ou benéfica, o fato é que houveram, em todas as entrevistas coletadas, alguma opinião sobre ações da prefeitura no Mercado. A estrutura física, aliás, foi a segunda variável mais citada nas entrevistas, e foi a prefeitura quem obteve o papel principal neste ato. Em seu dia-a-dia, os comerciantes conviviam no local em uma situação deplorável, insegura e nem um pouco higiênica. Diante disso, a prefeitura propôs uma reforma no mercado, modificando e melhorando suas estruturas físicas internas e externas. O telhado foi trocado; criaram-se novas galerias; estruturas elétricas foram trocadas e aprimoradas; os prédios centrais e auxiliares receberam novas pinturas; boxes foram remodelados. O Mercado Municipal recebeu uma nova cara. "Eu acho que ficou mais claro, principalmente. Ficou com uma aparência mais limpa. Acho que não é só a aparência, acho que ficou mais limpo mesmo. Quer dizer, existia um pergolado, um forro, que estava a muito tempo sem que ninguém mexesse. Então as pessoas comentavam lá dentro que descia muita penugem de pombo. Eu não convivo lá, mas eu já ouvi esses comentários de que almoçar ou abrir uma quentinha lá é um risco. Não tem condição. Pra quem vendia alimentos, os queijos ficavam muitas vezes expostos". Junto às reformas, veio o aumento da fiscalização. Comerciantes foram submetidos à uma nova política de apresentar seus produtos. A gestão por parte comissão de identidade, aliás, trouxe ao mercado diversas secretarias, que posteriormente a auxiliariam na administração do Mercado.
  • 10. "Então é assim que a coisa vem acontecendo. Eu acho que é mais do que a reforma do mercado, a instituição da comissão de identidade, que acabou sendo constituída por decretos de lei municipal, trouxe outras secretarias: trouxe o conselho do patrimônio histórico, trouxe o instituto de arquitetos, trouxe outras secretarias municipais. E tem a configuração dele aqui. Eu acho que isso talvez seja a principal mudança que não aparece tanto pro público, nem gerou tantos efeitos ainda, mas pode ser um veículo pra uma transformação profunda do mercado." A gestão por parte dos comerciantes internos também foi citada nas entrevistas. Podese observar que o modo como os eles tocavam seus comércios era influenciado por tradições passadas de geração a geração. Os comerciantes mais antigos possuíam uma forma particular de fazer seus produtos, de vender seus produtos, de atender seus clientes, de agir. Em seu comércio, geralmente utilizavam outros integrantes de sua família para ajudá-los. Diante disso, passavam suas tradições para seus ajudantes, integrando-os no processo cultural. "Eu acho que o mercado é um espaço único. Então eu sempre defendo que o mercado esteja habitado por personagens. O seu Emanoel ali, o barbeiro, ele é um personagem! Ele está aqui há mais de 40 anos, conhece tudo, conhece todos, é uma instituição viva! Eu acho interessante o mercado nesse aspecto. As pessoas que trabalham aqui em geral são os proprietários ou seus familiares. Claro que tem funcionários, mas a identidade de cada comércio é dada pelo seu proprietário, e é bem diferente do comércio pasteurizado e monocromático dos shoppings." A cultura do Mercado, além de composta pela identidade dos seus comerciantes, é formada também pela identidade de seus clientes e frequentadores. Tal afirmação é citada diversas vezes nas entrevistas. Os comerciantes destacam um perfil específico de seus clientes, no qual estes são, em sua maioria, turistas. O fato de seus clientes serem turistas é tratado nas entrevistas como um diferencial. Os comerciantes valorizam e fazem questão de destacar este diferencial em suas falas, e o tratam como um bem valioso para todo o Mercado. Os clientes locais também são importantíssimos e quase tão valorizados quanto os turistas. Estes clientes locais possuem uma característica incomum: a pessoalidade. Normalmente, os clientes locais são consumidores do Mercado há mais tempo, gerando determinados vínculos afetivos com os comerciantes. "O seu Batalha é uma pessoa super conhecida e está sempre aqui. Ele senta ali no barbeiro e fica a manhã inteira batendo papo. Quase todo dia ele vem ali, fica ali batendo papo. É o tipo de uma vibração que você não encontra num shopping. A mulher dele fez uma encomenda e nem deixou um telefone, por que ele e ela estão aqui toda hora. Por que eu vou ficar pedindo telefone? Não tem aquela impessoalidade."
  • 11. Além do público antigo local e o público de turistas, outro público está fazendo parte do Mercado nos dias de hoje. Tal público se trata do jovens. Os comerciantes destacam que estes jovens passaram a fazer parte da cultura do Mercado a partir do momento em que foi feita a atual reforma e, sucessivamente, implementados os shows. A atração destes jovens é feita pela prefeitura, que cuida do marketing do local. Os comerciantes destacam esse papel importantíssimo da prefeitura, corroborando que se não fosse a mesma, eles não teriam condições econômicas nem administrativas de realizar tal ação de marketing. "A prefeitura tem importância principalmente na divulgação. Nós aqui do Mercado não damos conta de fazer, por que esse trabalho de marketing hoje em dia fica muito caro. Então tem a prefeitura, que faz isso pra nós através dos eventos, do mercado sonoro, através dos banners. Da mídia mesmo." (Quadro 1 - Elementos chave das entrevistas) Na tabela acima são apresentados os principais elementos, ou seja, os elementos chave obtidos ao longo do processo das entrevistas. Estes elementos são palavras do vocabulário particular de cada um dos entrevistados. Tais elementos, em sua maioria, também foram citados durante este tópico, e foram utilizados para compreender e analisar o tema central e o tema específico que estão presentes neste trabalho. Analisando qualitativamente tais elementos, foi possível chegar a uma categorização dos mesmos. Esta categorização será retratada na tabela contida abaixo.
  • 12. (Tabela 1 - Categorização dos elementos chave) A tabela acima retrata a categorização dos elementos chave obtidos anteriormente. Os elementos foram divididos e agrupados em seis categorias (transtornos, estrutura física, público, fiscalização, marketing e gestão) de acordo com a essência em que apareceram nas entrevistas. Após isso foram quantificados para a verificação das categorias mais importantes e das complementares. Levando isto em conta, foi possível redigir este tópico.
  • 13. CONCLUSÃO A análise do conteúdo possibilitou compreender as percepções dos trabalhadores em relação ao mercado municipal e suas mudanças. Os elementos atribuídos foram categorizados, de forma que todas as áreas, relacionadas a pesquisa, fossem abrangidas. Em relação ao ambiente foram criadas as categorias de transtornos e estrutura física, e tratando-se de relacionamento público foram criados as categorias de marketing, fiscalização, público e gestão. A categorização permitiu concluir as percepções com uma visão geral. A categoria transtorno foi a que obteve um maior número de elementos, sendo a que obteve maior atenção dos trabalhadores durante a entrevista. Pode- se perceber que os “showzinhos” são os causadores desses transtornos, em sua maioria, e também entender que os transtornos estão sendo de grande incomodo, e consequentemente são os que necessitam de uma mudança mais imediata. A estrutura e o público também foram categorias bem discutidas. A reforma recente foi apresentada como uma mudança positiva para os trabalhadores do mercado, em âmbitos de limpeza, aparência e espaço. Já em relação ao público a presença de turistas foi a comentada pelos trabalhadores. Os elementos categorizados em marketing, fiscalização e gestão não apareceram em duplicidade, pois cada elemento só foi citado por um consumidor diferente, não atingindo a saturação. Finalmente, conclui-se que os transtornos tem sido de grande importância para os trabalhadores, e que esses merecem uma atenção especial. A reforma não fica muito atrás em relação a importância, já que os trabalhadores a analisam como positiva e portadora de melhorias a todos. Os outros elementos citados em pequena quantidade, mostra que são opiniões divergentes ou não aparentes entre os trabalhadores, sendo então de pequena importância aos resultados deste artigo. Para finalizar, torna-se interessante uma pesquisa sobre o mercado municipal na visão dos consumidores, para observar se as opiniões se divergem ou convergem em relação a dos que trabalham no mesmo.
  • 14. REFERÊNCIAS CAVEDON, N. R. “Pode chegar, freguês”: a cultura organizacional do Mercado Público de Porto Alegre. Organizações e Sociedade. Salvador: UFBA, vol. 11, n. 29, jan./abr. 2004, p.173-189. GOULART, M. G. Apenas uma fotografia na parede: caminhos da preservação do patrimônio em Uberlândia (MG). Orient. Prof. Dr. BennySchvasberg, Brasília: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/ UnB, 2006 (Dissertação de Pós-Graduação) PIMENTEL, T. D. e LEITE-da-SILVA. Artesão ou pequeno industrial: ambigüidadesidentitárias na “Feira Hippie”. Encontro de Estudos Organizacionais, 2006. Anais do ENEO, 2006. Porto Alegre: UFRGS, 2006. PINTAUDI, S. M. Os mercados públicos: metamorfoses de um espaço na história urbana. Scripta Nova. v. X, n. 218 14. p. 2006. Disponível em :<http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-21881.htm> Acesso em: 31 Jan. 2014. RIBEIRO FILHO, V. Os mercados públicos e a cidade: As transformações do mercado municipal de Uberlândia. Instituto de Geografia/UFU, 2011 v.12, n.39