SlideShare a Scribd company logo
1 of 64
Download to read offline
Volume 1 | N° 2 | DEZEMBRO /2012




         RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 |
SUMÁRIO

Editorial
Álvaro Flávio Guimarães                                                           4

Desempenho técnico individual no basquetebol masculino: relação
entre posições específicas, classificação das equipes e indicadores
                                                                                  6
do jogo
Dante de Rose Júnior
O treino metabólico de jogadores de basquetebol: ênfase nos
componentes aeróbios e anaeróbios
                                                                                  11
Fabrício Boscolo Del Vecchio

A psicologia do esporte e o basquetebol
Sílvia Regina Deschamps                                                           17


Massagem esportiva: muito mais que uma opção
Claudio Maradei                                                                   25


Há sucesso esportivo sem sustentabilidade econômica?
Jorge Eduardo Scarpin                                                             29


A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo bra-
sileiro
                                                                                  34
Viviane Peres

Macedônia: o treinador invisível
por Miguel Panadés (Tradução de Mário Brauner)                                    37


Mundial Masculino Sub-19 e Universíade de Shanzen 2011
Walter Roese                                                                      40

ENTREVISTA: Felipe Braga, pivô do Elan Bearnais Pau-Lacq-
Orthez (FRA)
                                                                                  46
Álvaro Flávio Guimarães

Coluna Eu fui! ... Para a Argentina estudar basquete!
Álvaro Guimarães                                                                  50

Jogo das Estrelas 2012: a hora da verdade
Álvaro F. Guimarães                                                               56


Posfácio: erros que nos ajudam a crescer
Carlos Alex Soares                                                                58


                                            RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 |
CLUBE DE REGATAS FLAMENGO
CAMPEÃO DA LIGA DE DESENVOLVIMENTO OLÍMPICO 2011.




                                RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 3
EDITORIAL
                         Álvaro Flavio Guimaraes




      A Revista Mais Basquete está de        de educação física e massagista da Se-
volta. Em sua segunda edição apresenta       leção Brasileira Cláudio Maradei assina
a seus leitores uma série de artigos que     o artigo Massagem Esportiva: Muito
abordam os mais diferentes ângulos des-      Mais do que Uma Opção no qual revela
te esporte que a todos nós fascina e         como o trabalho do massagista influen-
apaixona.                                    cia no preparo físico e resistência dos
     O basquetebol internacional é cer-      jogadores.
cado de uma cobertura midiática fantásti-         Este segundo número da Mais Bas-
ca que transforma jogadores e treinado-      quete traz, ainda, análise do professor
res em estrelas, faz seus nomes ficarem      Carlos Alex Soares sobre a influência do
gravados na memória dos fãs e reserva        basquete universitário brasileiro na for-
lugar de destaque aos gigantes do es-        mação de técnicos e jogadores.
porte. Mas às vezes a história é escrita          A partir da próxima página você en-
pelos “nanicos”. Este é o tema de Mace-      contra isso tudo e muito mais.
dônia: o treinador invisível, artigo assi-
nado por Miguél Panadés e traduzido               Então está esperando o quê?
com maestria por Mário Brauner para a             Boa Leitura!
Revista Mais Basquete.
      Também nesta edição o coordena-
dor pedagógico da Escola Nacional de
Treinadores de Basquetebol, Dante de
Rose Júnior e a pesquisadora Liz Imyrá
Oliveira mostram como a análise estatís-
tica do desempenho técnico individual a
partir da relação entre posições específi-
cas, classificação das equipes e indica-
dores de jogo podem auxiliar treinadores
a entender melhor o rendimento de seus
times.
     Em A Psicologia do Esporte e o
Basquetebol, a psicóloga Sílvia Des-
champs mostra como a intervenção psi-
cológica pode garantir melhores resulta-
dos dentro das quadras. Já o professor



                                               RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 4
BAURU
        LIGA DE DESENVOLVIMENTO OLÍMPICO 2011
                                                         PAULISTANO




                                  RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 5
DESEMPENHO TÉCNICO INDIVIDUAL NO
BASQUETEBOL MASCULINO: RELAÇÃO ENTRE
POSIÇÕES ESPECÍFICAS, CLASSIFICAÇÃO DAS
    EQUIPES E INDICADORES DE JOGO
         Dante de Rose Junior & Liz Imyra Oliveira




Introdução                               táticas de uma partida e represen-
                                         tam as situações ou ocorrências
     Muitos estudos no basquetebol
                                         mensuráveis como por exemplo:
são baseados na análise técnica de
                                         número e percentual de arremessos
desempenho, através de dados es-
                                         (certos ou errados), faltas cometi-
tatísticos dos jogos que são divul-
                                         das, bolas recuperadas, incidência
gados nos sites oficiais das entida-
                                         de algum tipo de ataque, rebote ob-
des que realizam os campeonatos.
                                         tidos, entre outros.
     Segundo De Rose Jr. et al
                                              Levando em consideração a ne-
(2005) a analise estatística baseia-
                                         cessidade de se ter um referencial
se na coleta e a interpretação de
                                         baseado em um dos principais
dados obtidos nas ocorrências do
                                         eventos de basquetebol realizado
jogo, dando-lhes significado para
                                         no mundo, o presente estudo teve
possíveis interferências individuais e
                                         como objetivo determinar o perfil
coletivas. Para esta análise são con-
                                         de desempenho técnico individual
siderados os indicadores de jogo.
                                         dos atletas de equipes adultas mas-
Esses indicadores são, segundo
                                         culinas no torneio de basquetebol
Sampaio (1999), um conjunto refe-
                                         dos
rencial das principais ações técnico-



                                           RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 6
ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni-
                                      co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi-
                                      ções especificas, classificação das equipes e indicadores de
                                      jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                      Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




    POSIÇÕES          n           M           PTS             REB         ASS         BR        BP

                                18,9           6,9            2,2          1,7       0,8        1,5
 Armadores           56
                                (6,8)         (3,8)          (0,9)        (1,0)     (0,5)      (0,7)

                                15,7           5,9            2,7          0,7       0,7        1,1
    Laterais         47
                                (7,3)         (4,0)          (2,6)        (0,4)     (0,6)      (0,9)

                                18,5           8,3           (4,2)         0,8       0,6        1,4
     Pivôs           41
                                (6,8)         (4,1)          (1,8)        (0,6)     (0,4)      (0,7)

Tabela 1: Médias e Desvios Padrão dos indicadores de jogo dos atletas, por posição específica




      Para a definição do perfil téc-                       por jogo
nico foram utilizados os dados ofici-                      A análise estatística do pre-
ais da Federação Internacional de                    sente estudo foi realizada da se-
Basketball (FIBA), disponíveis no                    guinte maneira:
site www.fiba.com.
                                                           Médias e desvios padrão de ca-
     Os indicadores de jogo utiliza-                        da indicador de jogo, em cada
dos na pesquisa foram os seguin-                            posição específica para o esta-
tes:                                                        belecimento do perfil do atleta,
     M/j: média de minuto jogador                          em função do número diferente
      por jogo                                              de jogos das equipes e dos
                                                            próprios atletas.
     PTS/j: média de pontos con-
      vertidos por jogo
     REB/j: média de rebotes por                    Resultados
      jogo
                                                          A partir das análises realiza-
     ASS/j: média de assistências                   das a amostra foi composta por 56
      por jogo                                       armadores, 47 alas e 41 pivôs.
     BR/j: média de bolas recupera-                     As médias e desvios padrão de
      das por jogo                                   cada indicador de jogo analisado
     BP/j: média de bolas perdidas                  para cada posição específica são




                                                         RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 7
ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni-
                              co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi-
                              ções especificas, classificação das equipes e indicadores de
                              jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                              Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




apresentados na tabela 1.                 diferem de outros estudos já reali-
                                          zados e que, de certa forma, confir-
Conclusão
                                          mam as definições que são estipu-
      Os resultados mostram clara-        ladas para cada uma das posições.
mente que nos Jogos Olímpicos de
                                          Esses resultados também podem
Beijing, 2008:
                                          servir de referência para que técni-
   Os armadores e os pivôs tive-         cos e jogadores possam estipular
    ram a maior média de tempo            objetivos de desempenho em trei-
    de quadra;                            namentos e jogos.
   Os pivôs tiveram as melhores
    médias de pontos convertidos
                                          Referências Bibliográficas
    e rebotes;
                                          De Rose Jr, D.; Gaspar, A.B. & As-
   Os armadores tiveram as me-             sumpção, R. M. Análise estatísti-
    lhores médias em assistências;          ca de jogo. In: De Rose Junior.
                                            D.; Tricoli, V. (eds). Basquete-
   Os armadores e os pivôs são
                                            bol: uma visão integrada entre a
    os jogadores com as maiores             ciência e prática. Barueri-SP:
    médias de bolas perdidas;               Malole, 2005. Cap.7
   Não houve praticamente dife-          Ferreira, A.E.X.; De Rose Jr., D.
    renças nas médias de bolas re-          Basquetebol: técnicas e táticas.
    cuperadas entre as três posi-           Uma abordagem didático –
                                            pedagógica. São Paulo: EPU,
    ções.
                                            2010.
      Evidentemente que esses re-         FIBA – site oficial, www.fiba.com
sultados devem ser analisados em
um contexto não só técnico. As
                                          Leituras complementares — es-
questões táticas também deveriam          tudos similares
ser exploradas para que se pudesse
                                          De Rose Jr, D.; Gaspar, A.B. & As-
ter uma ideia da organização tática         sumpção, R. M. Analise Esta-
das equipes, pois essa organização          tística do Campeonato Paulis-
poderia determinar o comporta-              ta de Basquetebol Masculino:
mento técnico dos jogadores em              comparação entre 2001 e 2002;
função de suas posições específi-           Federação Paulista de Basquete-
                                            bol, 2003. Disponível em:
cas.
                                            (www.fpb.com.br)
      Analisando-se estritamente
pela questão estatística, conclui-se
que os resultados encontrados não


                                              RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 8
ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni-
                                  co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi-
                                  ções especificas, classificação das equipes e indicadores de
                                  jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                  Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.



De Rose Jr, D.; Tavares, A. C.                  Ortega, E.; Cardenas, D.; Sainz de
  &Gitti, V. Perfil Técnico de joga-              Baranda, P.; Palao,J.M. Differen-
  dores brasileiros de basquetebol:               ces in competitive participation
  Relação entre os indicadores de                 according to player’s position in
  jogo e posições especificas. Re-                formative basketball. Journal of
  vista brasileira de Educação                    Human Movement Studies, 50,
  Física e Esporte, 2004.                         103,122, 2006.
Garganta, J. Analisar o jogo nos jo-            Page, G.L.; Fellingham, G.W.; Ree-
  gos desportivos colectivos. Re-                 se, C.S. Using box-scores to de-
  vista Horizonte, v 14, n.83, p. 7               termine a position’s contribution
  -14, 1996.                                      to winning basketball games.
Janeira M. A. A analise de tempo                  Journal     of    Quantitative
  e movimento no basquetebol:                     Analysis in Sport, 3 (4), 2007.
  perspectivas. Estudo dos Jogos                  Disponível em www.bepress.com/
  Desportivos, concepções, meto-                  jqas
  dologias e instrumentos. Univer-              PAPADIMITRIOU, K.; TAXILDARIS,
  sidade do Porto, Centro de Estu-                K.; DERRI, V.; MANTIS, K. Profile
  dos dos Jogos Desportivos p.53-                 of different leval basketball cen-
  68, 1999.                                       ters. Journal of Human Move-
Okasaki, V. H. A.; Rodacki, A. L.F;               ment Studies, London, v.37, p.
  Sarraf, T. A.; Dezan, V. H. Oka-                87-105, 1999.
  zaki, F. H. A. . Diagnóstico da               Sampaio, A. J. Los indicadores esta-
  especificidade técnica dos jo-                  dísticos más determinantes em el
  gadores de basquetebol. Re-                     resultado final em los partidos de
  vista Brasileira e Cinesiologia                 basquetbol. Lecturas en Educa-
  e Movimento, 12(4): 19-24,                      ción Física Y Deportes-Revista
  2004.                                           Digital, 3, 11, 1999

                   DANTE DE ROSE JÚNIOR
                   Licenciado em Educação Física pela Escola de Educação Física da Universidade de
                   São Paulo (USP), em 1974, possui doutorado em Psicologia Social pelo Instituto
                   de Psicologia da USP, em 1996. Atualmente é professor titular da Universidade de
                   São Paulo. Atuou por 28 anos na Escola de Educação Física e Esporte da USP. Di-
                   retor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo de
                   janeiro de 2006 a janeiro de 2010. Professor do Curso de Ciências da Atividade Físi-
                   ca da EACH-USP. Tem experiência na área de Educação Física e Esporte, atuando
                   principalmente nos seguintes temas: basquetebol, análise de jogo esporte infantil,
                   stress esportivo e psicologia do esporte. Coordenador Pedagógico da Escola Nacio-
                   nal de Treinadores de Basquetebol


                   LIZ IMYRÁ OLIVEIRA
                   Aluna do curso de Ciências da Atividade Física da EACH-USP, mesária de basketball
                   da Federação Paulista de Basketball (FPB), Bolsista de Iniciação Científica orientada
                   pelo Prof. Dante de Rose Júnior neste artigo, tem interesse na psicologia do esporte
                   e atividade física




                                                    RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 9
Liga de Desenvolvimento Olímpico (LDO) ou NBB Sub-21: palestra de
            abertura do Grupo A, em 08/10/2011, São Sebastião do Paraíso-MG.




Bola ao Alto Histórico: primeiro
jogo da LDO/2011: Vivo/Franca
75 x 58 Tijuca Tênis Clube, dia
08/10, as 14h.




                                                    RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 10
O TREINO METABÓLICO DE JOGADORES DE
 BASQUETEBOL: ÊNFASE NOS COMPONENTES
         AERÓBIOS E ANAERÓBIOS
                  Fabrício Boscolo Del Vecchio


                                        passado (Vecchio, 2011), mas com
     No artigo passado, buscou-se
                                        a inserção da mesma em suas reali-
apresentar evidências objetivas de
                                        zações.
que o basquetebol é modalidade es-
portiva que detém predominância              Brevemente, após aquecimento
energética aeróbia, mas com algu-       adequado, pode-se executar a se-
ma solicitação láctica na sua expres-   guinte atividade:
são competitiva (Stone & Kilding,
2009; Abdelkrim, Fazaa, & Ati,
2007). Na última coluna, foram da-
                                          1. Saída em baixa intensidade do
dos exemplos de exercícios aeróbios
                                          fundo da quadra;
intermitentes sem o emprego de bo-
las. Técnicos e treinadores devem         2. Ao chegar no canto, Sprint
                                          com bola em alta intensidade;
ter em mente que, além das situa-
ções previamente indicadas, jogado-       3. Sprint de alta intensidade com
res necessitam realizar treinos de        controle de bola;
alta intensidade com o emprego da         4. No meio da quadra, realizar
bola.                                     passe em direção ao ataque;
                                          5. Correr em baixa intensidade
     Não há deslocamentos com ve-         na diagonal;
locidade elevada apenas sem o do-
mínio da bola e, portanto, os ata-        6. Realizar Sprint até o final da
                                          quadra;
ques, infiltrações e jogadas preci-
sam ser realizadas de modo mais           7. Com bola, corrida de alta in-
                                          tensidade na linha de 3ptos;
específico possível. Neste contexto,
o treino aeróbio com bola seguiria        8. No centro, arremessar;
os mesmos pressupostos do artigo



                                         RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 11
VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
                               de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
                               Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                               Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




9.    Deslocamento veloz até lance       rando a relação de Esforço:Pausa
     livre e arremessar;                 (E:P), pode-se ter um bloco de es-

10. Deslocamento veloz até diago-        forço para o mesmo bloco de pausa
    nal e arremessa;                     (1:2), ou seja, caso o jogador cum-

11. Voltar por fora, pelo maior ca-      pra todo o percurso em quarenta
    minho em baixa intensidade/          segundos, ele descansará quarenta
    caminhada.
                                         segundos. Pode-se organizar a rela-
     Na atividade acima, o trabalho      ção inversa, 40 segundos de esfor-
é feito de diferentes modos. Explo-      ço por 20 segundos de pausa (2:1),



                                           RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 12
VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
                                de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
                                Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




ou até 3:1, com esforço durando 45        Kuhnle, & et al, 2009).
segundos e a recuperação com 15                Por outro lado, caso o interes-
segundos. Mesmo com esforços de
                                          se do treinador seja organizar es-
alta intensidade, e pausas interca-       forços anaeróbios, a cena muda
ladas, após duas ou três repetições       consideravelmente. A primeira es-
deste esforço, ele já tem predomi-        tratégia é ter clareza que o esforço
nância aeróbia (Glaister, 2005).          não deve durar mais de 75 segun-
São os “famosos” esforços intermi-        dos (Gastin, 2001), pois seria pre-
tentes de alta intensidade que apri-      dominantemente aeróbio. Caso du-
moram a capacidade de esforços/           re apenas 30 segundos, se o inter-
sprints repetidos – em inglês, Re-        valo de recuperação for de 4 minu-
peated-Sprint Ability(Bishop, Gi-
                                          tos, a partir da terceira série o estí-
rard, & Mendez-Villanueva, 2011).         mulo já se torna aeróbio (Trump,
      Estas tarefas podem ser orga-       Heigenhauser, Putman, & Spriet,
nizadas de modo misto. Investiga-         1996).
ção que fez uso de 10 semanas de
intervenção observou melhoras su-              Deste modo, em 1993, um
periores a 4% no tempo de sprint          grupo de pesquisadores ingleses
com jogadores que realizaram de 2         observou que 10 sprints com dura-
a 4 séries de jogos em espaços re-        ção de 6 segundos e recuperações
duzidos (small-sided games) com           de 30 segundos (E:P = 1:5) estres-
duração de 2,5 a 4 min cada “jogo”        savam adequadamente o metabo-
e treinamento intervalado, que con-       lismo associado à fosfocreatina, re-
sistia de 12 a 24 esforços de 15 se-      conhecidamente         anaeróbio
gundos entre 105 e 115% do                (Gaitanos, Williams, Bobbis, & Bro-
VO2max dos jogadores, numa rela-          oks, 1993). Um ano depois, um
ção E:P de 1:1 (Buchheit, Laursen,        grupo de japoneses observou que




                                            RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 13
VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
                                de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
                                Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




exercícios feitos em intensidades         Referências
máximas, com protocolo de 3 a 4           Abdelkrim, N. B., Fazaa, S. E., &
séries de (5 sprints máximos de 8           Ati, J. E. (2007). Time–motion
segundos cada, com descansos de             analysis and physiological data of
45 segundos à E:P ~ 1:6) proporci-          elite   under-19-year-old    bas-
onaram aumentos de 21,1% na po-             ketball players during competi-
                                            tion. British Journal of Sports
tência anaeróbia de pico em espor-
                                            Medicine, 41(2), pp. 69–75.
tistas intermediários e de 8,1% em
atletas de elite.                         Bishop, D., Girard, O., & Mendez-
                                            Villanueva, A. (september de
      Assim, para garantir que o es-        2011). Repeated-Sprint Ability –
forço de fato seja anaeróbio, neces-        Part II. Recommendations for
sita-se que a intensidade do exer-          Training. Sports Medicine, 41
cício    seja acima de 100% do              (9), pp. 741-756.
VO2max, a duração seja breve e a          Buchheit, M., Laursen, P., Kuhnle,
recuperação elevada. Quanto maior           J., & et al. (2009). Game-based
a recuperação proporcionada, me-            training in young elite handball
                                            players. Int J Sports Med, 30
lhor para se inibir a ativação do
                                            (2), pp. 251-258.
metabolismo aeróbio. Neste con-
texto o esforço no basquetebol, po-       Gaitanos, G., Williams, C., Bobbis,
                                            L., & Brooks, S. (1993). Human
deria ser de 6 a 8 segundos, como
                                            muscle metabolism during inter-
citado acima. No entanto, caso o            mittent maximal exercise. Jour-
treinador queira estender o tempo           nal of Applied Physiology, 75
de esforço, para até 20 segundos            (2), pp. 712-719.
de alta intensidade, sugerem-se           Gastin, P. B. (2001). Energy sys-
períodos superiores a 4 minutos co-         tem interaction and relative con-
mo recuperação ativa. Neste tem-            tribution during maximal exerci-
po, procedimento interessante               ses. Sports Medicine, 31(10),
consta do treinamento de jogadas            pp. 725-741.
ensaiadas, posicionamentos táticos,       Glaister, M. (2005). Multiple sprint
com esforços realizados em (muito)          work: Physyology response, me-
baixa intensidade.                          chanisms of fatigue and de influ-
                                            ence of aerobic system. Sports
    No próximo texto serão trazi-           Medicine, 35(9), pp. 757-777.
das informações quanto ao treina-
mento de força e potência para jo-
gadores de basquetebol, não per-
cam!



                                            RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 14
VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
                                de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
                                Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




Stone, N. M., & Kilding, A. E. (2009). Aerobic Conditioning for Team Sport
  Athletes. Sports Medicine, 39(8), pp. 615-642.
Trump, M. E., Heigenhauser, J. F., Putman, C. T., & Spriet, L. (1996). Im-
  portance of muscle phosphocreatine during intermittent maximal cycling.
  Journal of Applied Physiology, 80(5), pp. 1574-1580.
Vecchio, F. (2011). Seria o Basquete um jogo desportivo coletivo aeróbio?
  Revista Mais Basquete, 1(1), pp. 17-21.




                       FABRÍCIO BOSCOLO DEL VECCHIO
                       Bacharel (2001) e Licenciado (2004) em Educação Física pela UNI-
                       CAMP, onde também completou seus estudos de mestrado (2005) e
                       doutorado (2008) em Ciências do Esporte, o professor Fabrício Bos-
                       colo Del Vecchio circula nos grupos de estudos dos pós-graduações
                       da FEF-UNICAMP, EEFE-USP e ESEF-UFPel, além de ser membro
                       da National Strength and Conditioning Association (EUA), do Comitê
                       Científico do GTT12 - Treinamento Esportivo do CBCE e Moderador
                       da Comunidade Judô do Centro Esportivo Virtual. Tem experiência
                       na área de Educação Física, com ênfase em Modalidades de Com-
                       bate, Treinamento Esportivo e Saúde Coletiva e Atividade Física.
                       Autor de artigos e livro, também foi preparador físico de lutadores de
                       Judô, Brazilian Jiu-Jitsu e Taekwondo. Atualmente é Professor da
                       ESEF-UFPel (Pelotas-RS) onde tem contribuído com a preparação
                       física de atletas e equipes (lutas e basketball) e conquistado resulta-
                       dos positivos em competições locais, estaduais e nacionais.




                                             RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 15
LIGA DE DESENVOLVIMENTO NBB—2011




                   RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 16
A PSICOLOGIA DO ESPORTE E O BASQUETEBOL
                          Sílvia Regina Deschamps




    A
               Psicologia do Esporte    te para a prática, na forma de inter-
              tem buscado sua afir-     venção junto a atletas, equipes, co-
              mação no meio es-         missões técnicas e todo o contexto
portivo, através da participação de     das atividades esportivas, principal-
especialistas que têm procurado di-     mente no âmbito competitivo de al-
agnosticar, analisar e pesquisar as-    to nível.
pectos psicológicos e estabelecer            Em alguns países, como Esta-
relações entre eles e as diferentes     dos Unidos, Canadá, Austrália e vá-
variáveis que podem interferir no       rios da Europa, a intervenção psico-
desempenho de atletas e equipes.        lógica é parte integrante do plane-
    É inegável que, ao longo das        jamento das equipes e a presença
últimas décadas, esse trabalho tem      do profissional da psicologia do es-
sido reconhecido, haja vista a quan-    porte é tão comum quanto a do téc-
tidade de publicações (em forma de      nico, assistente técnico, preparador
livros ou artigos) produzidas em to-    físico e médico.
do o mundo. No entanto, pode-se              No Brasil, entretanto, essa rea-
considerar que essa evolução, na        lidade ainda está distante. A inter-
quantidade e qualidade de produção      venção psicológica, via de regra,
na área da psicologia esportiva, ain-   não está inserida no programa de
da não é transferida adequadamen-       periodização      do    treinamento, ou



                                         RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 17
DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
                                bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




     seja, no planejamento em lon-        cos na performance de atletas e o
go prazo do trabalho realizado pela       despreparo emocional e cognitivo
maioria das comissões técnicas de         frente às demandas estressantes do
equipes, principalmente as conside-       ambiente esportivo. Através da pró-
radas de alto nível. A intervenção        pria experiência do mestrado, com
psicológica, normalmente, é lem-          o levantamento diagnóstico realiza-
brada somente em momentos de              do através de entrevistas e obser-
emergência ou quando o atleta             vações, foi possível detectar a falta
apresenta um desempenho inade-            que a preparação psicológica fez na
quado e que coloca em risco o re-         equipe investigada, pois o fator psi-
sultado positivo de equipe. A inter-      cológico foi decisivo nas fases finais
venção, quando ocorre, é feita na         do campeonato. Deste modo, fica
forma de palestras motivacionais          ainda mais evidente a necessidade
que, às vezes, são ministradas por        da inclusão do trabalho psicológico
pessoas não especializadas       em       no esporte, especialmente nas dife-
psicologia esportiva e que trazem         rentes fases do treinamento e das
suas experiências de outras áreas         competições.
para tentar resolver as questões de            Cada etapa da preparação psi-
forma imediata.                           cológica deve ser específica, consi-
     Essa realidade e a falta de in-      derando-se as características e de-
formação sobre a importância do           mandas desse público e, também
trabalho psicológico em      equipes      da modalidade esportiva em foco e
esportivas, ainda são motivos pa-         o momento da preparação na qual
ra que haja muita resistência, por        se encontra a equipe. O trabalho
parte dos atletas e da comissão           deve possuir objetivos claros e bem
técnica com relação à inserção do         definidos, sendo essas informações
trabalho psicológico. Muitas vezes,       transmitidas aos participantes do
o psicólogo é visto como um con-          processo, procedimento este impor-
corrente - e não um aliado -, e é         tante para a boa aceitação do psi-
desconsiderado o fato do trabalho         cólogo esportivo na equipe.
ser um instrumento auxiliar na bus-           O treinamento psicológico no
ca de um melhor rendimento do             esporte pode visar ao desenvolvi-
atleta.                                   mento e aperfeiçoamento de vários
     Muitos estudos têm comprova-         aspectos psicológicos, dentre eles:
do a influência, tanto positiva quan-     gerenciamento de stress, estabele-
to negativa, dos aspectos psicológi-      cimento de objetivos, aumento da



                                             RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 18
DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
                                 bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                 Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




autoconfiança, atenção e concen-            do praticante.
tração, autocontrole de ativação e               Assim como em outras modali-
relaxamento, utilização de visuali-
                                            dades esportivas, o basquetebol
zação e imagem, estratégias de ro-          exige grande concentração, domí-
tinas e competitividade, elevação           nio sobre situações causadoras de
de motivação e comprometimento e            stress e controle da ansiedade, ele-
manutenção de níveis adequados              vados níveis de motivação, defini-
dos estados de humor (tensão, de-           ção real de objetivos e conhecimen-
pressão, raiva, vigor, confusão e           to das diferentes nuances do jogo
fadiga). No entanto, não se pode            (regras, estratégias e variações tá-
deixar de analisar todas essas vari-        ticas), além da percepção que o
áveis em função das especificidades
                                            atleta tem de suas próprias condi-
de cada modalidade esportiva, e             ções. É preciso que o jogador este-
como elas poderão influenciar               ja com a máxima atenção voltada
(positiva ou negativamente) no              para a tarefa, obtenha o controle
rendimento dos atletas e das equi-          de suas emoções e confie na sua
pes. Portanto, estabelecer relações         capacidade de realizá-la. O atleta
entre as variáveis psicológicas e as        deve ter autocontrole e não ser le-
variáveis que fazem parte do con-           vado por suas emoções quando for
texto da preparação dos atletas             necessário tomar decisões.
(físicas, técnicas e táticas) é funda-
mental para que técnicos e atletas                Para fazer parte do ambiente
possam estabelecer melhores es-             da competição de alto nível, o atle-
tratégias de trabalho e melhorar o          ta precisa ser um competidor assí-
desempenho individual e coletivo.           duo e dedicado, e, para se desta-
                                            car, deve superar níveis de exigên-
     O basquetebol, por ser uma             cias técnicas, táticas, físicas e psi-
atividade bastante dinâmica, com            cológicas, para que se possa garan-
demandas específicas em relação             tir a plena realização de uma car-
ao tempo de realização de algumas           reira esportiva (DESCHAMPS,
ações e que proporciona o contato           2002).
constante entre os atletas, exige
deles um alto desenvolvimento de                 O atleta de alto nível, de acor-
capacidades e habilidades (no pla-          do com FERNANDES, MONTEIRO e
nos físicos, técnicos e táticos), for-      ARAÚJO (1991) precisa de uma ca-
talecendo ainda mais a importância          pacidade esportiva excepcional, que
do equilíbrio emocional e cognitivo         será demonstrada através dos re-




                                              RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 19
DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
                               bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                               Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




sultados por ele obtido, exigindo,        quatro fatores: habilidade motora;
assim, trabalho planejado e organi-       treinamento físico, treinamento
zado, compondo um treinamento             mental; desejo ou energia. As per-
especializado com o objetivo de           centagens destes quatro fatores
melhorar sua condição física e con-       devem variar de atleta para atleta e
sequente alcance e manutenção             até com o mesmo atleta de jogo
dos resultados.                           para jogo. Muitos psicólogos dizem
                                          que é o desejo, a paixão e a ambi-
     A competição de alto nível
                                          ção que separa os maiores realiza-
apresenta características peculia-
                                          dores do resto dos competidores,
res, e mesmo que o atleta tenha
                                          até de outros com igual ou mais ta-
participado das categorias de base,
                                          lento (CLARKSON, 1999).
ele não tem a garantia de atingir o
esporte profissional, e, se chegar              O esporte é extremamente se-
lá, de conseguir se manter. Muitos        letivo, e, para atingir o esporte de
atletas, quando fazem a passagem          alto rendimento o atleta já possui
da categoria juvenil para a adulta,       um diferencial, além de gostar do
tem muita dificuldade em assimilar        que faz, apresenta um perfil de
as cobranças dos diferentes atores        personalidade determinado, que o
que participam do processo (inclui-       conduza a metas estabelecidas pa-
se, aqui, comissão técnica, patroci-      ra conseguir se manter e ainda ob-
nadores, dirigentes, mídia). Ao           ter bons resultados. Obviamente
mesmo tempo, existe uma motiva-           que o talento é um fator que deve
ção muito forte em se dedicar à ro-       ser considerado, embora algumas
tina de treinamento, fazendo-o su-        vezes, pelo excesso de autoconfian-
perar os seus limites ao máximo           ça, o atleta acaba negligenciando o
para se destacar o mais rapidamen-        treinamento, seja no nível tático,
te possível.                              físico, técnico ou psicológico, e sur-
                                          preende-se perdendo de um adver-
    Muitos técnicos acreditam que
                                          sário mais fraco.
o sucesso de um atleta depende de




                                            RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 20
DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
                               bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                               Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




      Atingir esse nível de excelên-      com KORSAKAS e MARQUES
cia, e nele manter-se, somente se-        (2005), o rendimento de um atleta
rá possível através de um sistema         ou de uma equipe não é determina-
de treinamento adequado, que pro-         do exclusivamente pelas condições
porcione ao atleta aprimorar suas         física, técnica e tática. Existe o
qualidades e corrigir suas deficiên-      quarto componente, o psicológico,
cias. Segundo DE ROSE JÚNIOR              que deve estar presente no plane-
(1999) para ser um atleta de alto         jamento de treinamento e competi-
nível há a necessidade de uma ca-         tivo das equipes.
pacidade esportiva que se expres-              DE ROSE JÚNIOR (2005) afir-
sará pelos resultados obtidos, e es-      ma que há diversos aspectos psico-
tes dependem de um trabalho ár-
                                          lógicos que podem se destacar em
duo e planejado rigorosamente,            qualquer modalidade esportiva:
num processo de treinamento espe-         motivação, ansiedade, stress, per-
cializado.                                sonalidade, atenção, concentração,
      O basquetebol é praticado em        liderança, agressividade e coesão
um ambiente de muita instabilida-         de grupo, entre outros. Todos esses
de, ou seja, não há grande previsi-       fatores podem aparecer isolada-
bilidade dos movimentos em fun-           mente ou em conjunto no momento
ção das possibilidades de modifica-       de uma competição, ou serem fato-
ção das ações(1) no seu próprio           res predisponentes a influenciar o
decorrer. Além disto, os limites im-      desempenho dos atletas durante a
postos pelas regras relacionadas a        mesma (seja de forma negativa ou
tempo para execução de ações fa-          positiva). Esses fatores podem ser
zem com que o jogo seja muito di-         mediados por características como:
nâmico e com muitas alternativas.         nível de habilidade do atleta, grau
                                          de preparação, tempo de prática,
     Essas condições tornam o bas-
                                          experiências anteriores, idade e gê-
quetebol um jogo propenso a mui-
                                          nero.
tos momentos de pressão e tensão
individual, grupal e coletiva (entre          No caso do basquetebol, consi-
os companheiros de equipe e entre         derando-se que o esporte é pratica-
os adversários). Assim sendo, os          do sob uma dinâmica de instabilida-
aspectos psicológicos assumem             de ambiental, com pressões deter-
uma grande importância no contex-         minadas pelo tempo para a realiza-
to desse esporte, quando praticado        ção das ações e que o atleta deve
de forma competitiva. De acordo           tomar decisões muito rápidas, seu



                                            RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 21
DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
                                          bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                                          Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




foco de atenção é variado e a capa-                   ações: 24” (tempo máximo de posse de
cidade de antecipar situações é fa-                   bola para finalizar o ataque – arremes-
tor fundamental para o sucesso das                    sar à cesta); 8” (tempo máximo para

ações. Esse conjunto de fatores au-                   uma equipe           atacante ultrapassar o
                                                      meio da quadra); 5” (tempo máximo
menta a complexidade do esporte e,
                                                      para reposição de bola na lateral ou
consequentemente, pode provocar
                                                      fundo; tempo máximo de posse de bola
um maior nível de stress, influenci-
                                                      que um atleta tem quando recebe mar-
ando na participação dos demais                       cação próxima e tempo máximo para a
componentes psicológicos no con-                      execução de lances-livres) e 3” (tempo
texto do desempenho dos atletas.                      máximo de permanência do atacante,
                                                      em posição passiva, na área restritiva
                                                      do adversário) Fonte: Regras Oficiais
NOTAS
                                                      do Basquetebol – Federação Paulista de
(1) No basquetebol há quatro regras                   Basketball, 2006.
relacionadas a tempo de execução de

REFERÊNCIAS
CLARKSON, M. Competitive fire. Champaign: Human Kinetics, 1999.
 DE ROSE JÚNIOR, D. Situações específicas de “stress” no basquetebol de alto ní-
   vel. 1999. Tese (Livre-Docência) – Escola de Educação Física e Esporte da Universidade
   de São Paulo, São Paulo.
 _____. O estresse no basquetebol. In: DE ROSE JR, D.; TRICOLI, V. (Orgs.) Basquete-
   bol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, 2005, cap. 10.
DESCHAMPS, S.R. Aspectos psicológicos e suas influências em atletas de voleibol
   masculino de alto rendimento. 2002. Dissertação (Mestrado) – Escola de Educação
   Física e Esporte da Universidade de São Paulo, São Paulo.
FERNANDES, A.C.; MONTEIRO, L.; ARAÚJO, V. O que se entende por alta competição? Re-
   vista Treino Desportivo, Lisboa, n. 20, p.13-21, 1991.
 KORSAKAS, P.; MARQUES, J.A.A. A preparação psicológica como componente do treina-
   mento esportivo no basquetebol. In: DE ROSE JÚNIOR, D.; TRICOLI, V. (Orgs.) Bas-
   quetebol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, cap. 9, 2005.




                  SÍLVIA DESCHAMPS
                  Formada em Psicologia (1995) pela UFSC, mestre (2002) e Doutora (2008) em Educação
                  Física pela USP. Atualmente é professora da UNAERP (Campus Guarujá-SP), pesquisado-
                  ra nas áreas do esporte e do exercício, tendo experiência em psicoterapia individual e de-
                  senvolve trabalhos com atletas e equipes de voleibol, triathlon, vôlei de praia, basquetebol,
                  futsal e futebol. Preparou parte da equipe olímpica brasileira para os Jogos Olímpicos de
                  Sydney (2000), elaborou a preparação mental do Projeto Olímpico do EC Pinheiros e pres-
                  ta assessoria e consultoria em psicologia do esporte a equipes esportivas.




                                                         RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 22
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 23
LIGA DE DESENVOLVIMENTO 2011 (LDO/LNB)




                       RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 24
MASSAGEM ESPORTIVA:
            MUITO MAIS QUE UMA OPÇÃO
                  Claudio Maradei



      Há alguns anos atrás, pouco          jogadores.
antes de começar um jogo de bas-
                                             Esta pequena história é ape-
quete e como já era costume eu es-     nas uma entre outras tantas que
tava massageando os joelhos e as       tive a oportunidade de vivenciar em
pernas de um jogador (neste caso       meus quase trinta anos como mas-
um atleta que durante anos serviu a    sagista, sendo que desses, mais de
seleção brasileira), quando um mé-     quinze dedicados ao basquete.
dico parou atrás da grade e ficou
observando meu trabalho. Jogador              Infelizmente ainda hoje é
liberado, o médico me pergunta o       muito pequeno o número de artigos
que eu estava fazendo e segue a        científicos destinados a entender e
seguinte conversa:                     analisar cientificamente os benefí-
                                       cios de uma massagem sobre o or-
  – Massageando joelhos e pernas       ganismo e, cabe a nós profissionais,
  com estes cremes para deixar a       buscar na prática do dia a dia aquilo
  região aquecida e soltar a mus-      que funciona ou não.
  culatura facilitando assim o alon-
  gamento, contribuindo para que              A massagem esportiva pode
  ele consiga um melhor aqueci-        ter muitas funções nas várias eta-
  mento e com isso sentir menos        pas do treinamento, mas de uma
  dores durante a partida.             maneira geral traz os seguintes be-
                                       nefícios:
  – Você sabe que isso não adianta
  para nada, não é?                        Melhora a circulação e a drena-
                                            gem linfática;
  – Dr., me desculpe, mas o que
  eu sei é que, se não adianta para        Ajuda na remoção de resíduos
  nada, esqueceram de avisar os             metabólicos;




                                        RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 25
MARADEI, Claudio. Massagem esportiva: muito mais que uma
                                  opção. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
                                  2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




     Estimula as terminações nervo-      tem importantes funções:
      sas;                                      Ajudar o organismo a retornar
     Diminui o cansaço muscular; e              ao seu ritmo normal
     Ajuda na preparação mental                Eliminar resíduos metabólicos
      para a atividade esportiva.                musculares adquiridos pela for-
                                                 te carga da atividade física
     Pode ser usada com a autoriza-
ção do departamento médico como                 Ajudar na redução de dores e
auxílio no tratamento, pois:                     nódulos de tensão
     Estimula a circulação                     É um excelente momento para
                                                 valorizar o trabalho e o esforço
     Ajuda a "quebrar" aderências e
                                                 do atleta
      a melhorar a flexibilidade
                                          Outro momento onde a massagem
     Pode ser feito mais de uma vez
                                          tem muita utilidade é após uma via-
      por dia, durante o tempo que
                                          gem longa onde o atleta fica com o
      for necessário.
                                          corpo "parado" durante muito tem-
Na fase competitiva a massagem            po, na mesma posição, ocasionando
pode ser aplicada durante o dia.          tensão nas costas, ombros e pesco-
Muitos atletas gostam de rece-            ço além de cansaço e inchaço nas
ber massagem no dia da competi-           pernas e pés, nesse caso a massa-
ção para ajudar a relaxar o corpo e       gem:
a mente, utilizando esta técnica co-
                                                Ativa a circulação venosa e lin-
mo uma maneira de buscar a con-
                                                 fática
centração necessária para a partida.
Serve também como um trabalho                   Alonga os tecidos melhorando a
prévio preparando o corpo para o                 flexibilidade e reduzindo as do-
aquecimento que antecede ao jogo.                res.
    Após a competição a massagem




                                              RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 26
MARADEI, Claudio. Massagem esportiva: muito mais que uma
                                     opção. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
                                     2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




      Apesar de todos esses benefí-          peuta é extremamente necessário
cios, cada dia que passa a figura do         para a prevenção e recuperação de
massagista esportivo fica mais dis-          lesões esportivas e isso é um fato;
tante das quadras. Aos poucos o              mas      por    outro    lado,    o
massagista foi sendo trocado pelo            "fisioterapeuta não faz massagem".
fisioterapeuta e sem perceber aca-           Trabalhei muitos anos em conjunto
bou perdendo seu espaço, o que em            com fisioterapeutas, tanto em clu-
minha opinião é um engano muito              bes como na seleção, e posso afir-
grande por parte dos dirigentes es-          mar que existe lugar para todos. Os
portivos.                                    trabalhos se completam... Mas isso
    Hoje o trabalho do fisiotera-            é uma outra história.




                 CLAUDIO MARADEI
                 Claudio Maradei é formado em Educação Física, Prof. de Pilates e Massagista
                 da Seleção Brasileira de Basquete atuando neste seguimento há mais de 25
                 anos.




           www.massagemesportiva.com.br

                                               RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 27
ALESSANDRO TRINDADE
Desenhista desde criança, , arquiteto gaúcho e foi atleta da
UFPel em Jogos Universitários Gaúchos (JUGs) e agora é bas-
queteiro de final de semana. Mudou-se para Bahia há dez
anos. Quando não está projetando, faz charges e ilustrações
para Revista Mais Basquete.




                        RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 28
Há sucesso esportivo sem
               sustentabilidade econômica?
                          Jorge Eduardo Scarpin




      Antes de começarmos esta pe-           lotava talvez o maior ginásio da Liga,
quena discussão, vou alertar a todos         com públicos de quase 10 mil torcedo-
que não sou técnico ou especialista em       res por jogo, mostram que alguma coi-
basquetebol, apesar de gostar muito de       sa está errada na gestão dos clubes
basquete e de ter jogado em campeo-          brasileiros e, sinceramente, não sei se
natos escolares e etc. Na verdade sou        a CBB é a única responsável.
contador e pesquisador nas áreas de
                                             Dito isto, voltamos à pergunta inicial
finanças e contabilidade e sempre tive
                                             deste artigo: há sucesso esportivo sem
bastante interesse em finanças esporti-
                                             sustentabilidade econômica?
vas de clubes de futebol e, desde que
                                                      Aqui temos que analisar as for-
comentei a divulgação das demonstra-
                                             mas      de   sustentabilidade    econômica
ções contábeis da CBB para o blog Bala
                                             que podemos aplicar ao basquete. Vejo
na Cesta, passei a acompanhar mais de
                                             claramente duas existentes e uma pos-
perto as finanças do basquete.
                                             sível:
      Alguns fatos, principalmente do
basquete masculino, que é o que mais         1) Liga com molde na NBA. Neste
acompanho, me deixam preocupado. A           modelo, que em nada se parece com a
desistência do time de Vitória, a fragili-   NBB, a liga é a dona do campeonato e
dade absurda de Vila Velha, a decadên-       os clubes escolhem seus jogadores por
cia de Franca, a criação de times de         meio de uma cesta de atletas (draft) e
aluguel, a decadência de Londrina que,       apenas depois de um determinado pe-
se nunca foi campeão, por muitos anos        ríodo,    os clubes podem transacionar



                                              RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 29
SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade
                                   econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
                                   2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




entre si. Além disto, a escolha é feita       venda dos namming rights das suas
de modo que quem escolheu primeiro            arenas, como a American Airlines Are-
hoje, escolha por último amanhã, fa-          na, casa do Miami Heat, por exemplo.
zendo com que exista menos diferença
                                                      E se os clubes passarem a ser
técnica entre os times. O ponto rele-
                                              deficitários? Simples, a liga o assume
vante aqui é que os clubes não formam
                                              ou a franquia é vendida. Sim, neste
atletas, sendo a formação feita pelas
                                              modelo os clubes são franquias, eu
universidades, na sua rica e poderosa
                                              compro o time e o levo para onde eu
liga.
                                              quiser. Por este modelo, não há divi-
        O clube possui também um teto         sões inferiores com acesso e descenso.
de gastos com salários, o que evita a
                                                      Se este modelo funcionaria no
formação de super times, como, por            Brasil? Creio que não, aliás, creio que é
exemplo, quando a Ponte Preta juntou          um      modelo       tipicamente          norte -
Paula e Hortência no mesmo time. E            americano que só funciona por lá. No
                                              resto do mundo há a cultura de clube e
qual a lógica disto? A lógica é que a li-
                                              acesso e descenso, talvez influenciada
ga deve ser sustentável e isto só acon-
                                              pelo futebol.
tece quando há competição. Se eu sei
que tal time será campeão, por que
vou torcer no ginásio, assisti-los na TV      2) Campeonatos baseados em clu-
aberta ou comprar pacotes de pay-per-         bes

view? E observem como o locaute des-                  Já neste modelo, o campeonato
te ano foi coletivo, ou seja, foi capita-     é composto por clubes, com divisões
neado pela liga que é a verdadeira do-        de acesso, descenso e todo o modelo
na do espetáculo.                             futebolístico que é praticado no Brasil e
                                              na Europa. Neste modelo, uma entida-
        Outro detalhe relevante. Os clu-
                                              de independente (NBB) ou a confede-
bes não possuem patrocínios individu-
                                              ração (CBB) monta o campeonato e o
ais. O patrocínio é para a liga. Já per-
                                              clube passa a ser parceiro deste. No
ceberam que nas camisas da NBA não
                                              Brasil, até pouco tempo, os campeona-
há patrocinadores? O que os clubes po-
                                              tos eram organizados pela CBB e hoje,
dem ter de renda de patrocínio é com a
                                              pela NBB.



                                                RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 30
SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade
                                    econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
                                    2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




      A diferença neste modelo é que           dar um tiro n’água.
os clubes são independentes entre si e
                                                       E como um clube pode oferecer
não há a lógica de drafts, havendo for-
                                               garantias que o dinheiro do patrocina-
mação no próprio clube e transações
                                               dor será bem investido? Simples, com
entre eles. Aqui cabe aos clubes a res-
                                               prestações de contas públicas e confiá-
ponsabilidade pela geração de dinheiro
                                               veis. E nem precisamos reinventar a
para sua sustentabilidade e, o máximo
                                               roda, basta utilizarmos a prestação de
que a liga faz, é uma negociação coleti-
                                               contas que é feita a mais de 500 anos
va de direitos de transmissão.
                                               pelas empresas a seus investidores, a
      Neste modelo, a sustentabilidade         contabilidade.
econômica acontece em três áreas: di-
                                                       No Brasil, as empresas S/A, de
reitos de TV, bilheteria e patrocínio. E
                                               capital aberto, são obrigadas a publicar
aqui chegamos ao ponto que eu quero
                                               suas demonstrações contábeis e, mais
tratar: patrocínio.
                                               recentemente, os clubes de futebol
      O que um empresário quer ao              passaram a ter esta obrigação. Inclusi-
patrocinar um clube, de qualquer mo-           ve, no site de diversos clubes, as de-
dalidade? Ele quer exposição na mídia,         monstrações estão lá, de fácil acesso.
ser associado a um clube vencedor e,
                                                       Por meio das demonstrações é
principalmente, que seu dinheiro não
                                               possível ver se a entidade, seja empre-
seja usado para outros fins que não o
                                               sa privada, confederação, clube de fu-
esportivo, tais como, pagar por má
                                               tebol, ONG etc. é autossustentável fi-
gestão do clube. O pior que pode acon-
                                               nanceiramente, se os recursos são
tecer a um patrocinador é ver seu pa-
                                               aplicados mais na sua operação ou na
trocinado desistindo de uma liga por
                                               manutenção de sua estrutura burocrá-
não ter dinheiro, ou disputar o campe-
                                               tica, quanto de determinada receita vai
onato com um time muito abaixo da
                                               para a atividade fim da entidade, etc.
média por falta de condições financei-
                                               Em um clube há a clara visão se o en-
ras para isto. Resumindo, o patrocina-
                                               dividamento é alto ou baixo, se os re-
dor quer ter retorno do seu investi-
                                               cursos de patrocínio vão para paga-
mento e uma segurança que não vai
                                               mento de juros, gastos administrativos



                                                 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 31
SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade
                                    econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
                                    2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




ou para o time propriamente dito, se o         mais empresas terão acesso a estas
clube é capaz de gerar caixa suficiente        informações, mais analistas divulgarão
para montar um bom time para a pró-            isto na mídia e um círculo virtuoso será
xima temporada e etc.                          criado.

      Isto significa que as demonstra-                 Agora, se traz tudo isto de bom,
ções contábeis podem dizer se um clu-          por que todos não o fazem, mesmo
be será campeão? É óbvio que não,              não havendo uma lei que o obrigue?
mas, pode dizer se um clube está em            Por uma razão simples, a não transpa-
estado falimentar ou não. E, demons-           rência favorece más gestões, clientelis-
trações contábeis bem auditadas e              mo, politicagem, troca de favores, rela-
transparentes fazem com que as em-             ções estranhas com agentes, etc. Sig-
presas tenham mais segurança na hora           nifica então que todos fazem? Também
de efetuar sua alocação de recursos            é claro que não, mas ao não serem
em atividades esportivas. E, se estas          transparentes, não oferecem uma ga-
demonstrações se tornarem públicas,            rantia de que isto não acontece.




                  JORGE EDUARDO SCARPIN
                  Doutor em Contabilidade e Controladoria pela FEA-USP. Mestre em Engenha-
                  ria de Produção pela UFSC. Professor do Doutorado em Ciências Contábeis e
                  Administração, do Mestrado em Ciências Contábeis e graduação em Ciências
                  Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau. Consultor e pesquisador
                  nas áreas de custos (área privada), contabilidade e indicadores sociais (área
                  pública) e previsões econômicas. O curriculum completo encontra-se em:
                  http://lattes.cnpq.br/6474056681420203 .




                                                 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 32
www.facebook.com/RevistaMaisBasquete




   www.twitter.com/RevistaMaisBasq




   www.twitter.com/RevistaMaisBasq




   revistamaisbasquete@gmail.com




                  RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 33
A INFLUÊNCIA DA ÉTICA (E DA FALTA DELA)
  NO MARKETING ESPORTIVO BRASILEIRO
                           Vivian Perez




    Muitas pessoas hoje questio-      Um pouquinho de ética! Ética?
nam o bom andamento das empre-        Acredito que no atual cenário espor-
sas nos Estados Unidos! Citamos       tivo, o significado desta palavra es-
sempre os norte-americanos porque     ta longe de ser posto em prática.
basta atentarmos para o quadro de           Atualmente temos diversas
medalhas dos Jogos Olímpicos que      modalidades esportivas que dão um
logo iremos perceber o óbvio: te-     verdadeiro olé nos bilhões de reais/
mos que aprender e muito com          dólares/euros do futebol, mas ainda
aqueles que fazem acontecer, de       assim continuamos a acreditar que
uma forma organizada e diferencia-    o Brasil é tão somente o país do fu-
da.                                   tebol! E mesmo assim não conse-
    Mas será mesmo que precisa-       guimos utilizar a bendita ética! Pelo
mos de muito para conseguir atingir   contrário, nós estamos começando
um quadro de medalhas pareci-         a ensinar aos outros nosso estilo de
do com o dos Estados Unidos? A        malandragem, como ganhar um di-
resposta, em minha opinião, é não!    nheirinho a mais. E sem ética! Nada
Não precisamos de muito! Precisa-     mais que o mundialmente famoso
mos somente de um pouquinho...        “jeitinho brasileiro”.




                                       RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 34
PEREZ, Vivian. A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo
                          brasileiro. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                          Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




     Durante os quatro anos em que             9.615/98). Mas nossos dirigentes
cursei faculdade de Marketing nos              não concordaram com tal ideia, fa-
Estados Unidos, eu tive quatro ma-             zendo com que voltássemos à esta-
térias sobre ética! Além disso, qual-          ca zero.
quer atleta que pertence à NBA                      Agora, se isto ocorre no fute-
(maior liga de basquete do mundo),             bol, que é o carro-chefe do esporte
obrigatoriamente estuda ética na               brasileiro, imaginem o que ocorre
associação! É isso mesmo: os atle-             nos bastidores das outras modalida-
tas têm cursos durante a semana,               des olímpicas! Modalidades estas
sobre postura, economia, adminis-              que, obrigatoriamente (devido às
tração e ética (este último é o curso          regras olímpicas), teremos nova-
principal)!                                    mente nas próximas olimpíadas!
     Após o término das Olimpíadas                  Mas o que mais me impressio-
de Londres (2012), o que nos resta             na na falta de ética dos dirigentes
a fazer é olhar, rezar e tentar achar          brasileiros é a total cara de pau da-
a bendita ética – que tanto carece-            queles (e são muitos) que não en-
mos, diga-se de passagem – que                 tendem        do      esporte     que
ajudaria a melhorar muito o esporte            “representam”. São aqueles que di-
brasileiro.                                    ante das câmeras falam bonito, mas
     Mas analisando friamente o te-            quando saem do ar jogam o papel,
ma, pensemos e questionemos: O                 contendo os falsos discursos ilusó-
que, de fato, vem a ser a tão falada           rios repletos de baboseiras, no lixo!
ética? Basicamente, a ética serve              Ou seja, trata-se de uma total falta
para que haja um equilíbrio e bom              de preocupação com o atleta, e ao
funcionamento social, possibilitando           mesmo tempo a total (e única) pre-
que ninguém saia prejudicado.                  ocupação com o próprio bolso!
     Com base nesta resposta, pa-                   A falta de profissionalismo de
rece até piada chamarmos o que te-             alguns, que chegam ao cúmulo de
mos hoje no esporte brasileiro de              roubar projetos alheios, mas não
ética!                                         para fazer o bem para aquele que
     Mas agora voltando ao fato de             nós (atletas e ex-atletas) almeja-
sermos o “país do futebol”, vale               mos, que é o esporte, mas sim para
ressaltar que em 1990 tivemos a                fazer o bem somente ao ego, à sua
real e imperdível oportunidade de              imagem.
tornarmos nossos clubes, grandes                    Diante de tudo isso que foi ex-
empresas, (assim como na Europa),              posto, fica uma certeza bastante
gerando receita 365 dias por ano.              sólida:
Tratava-se da Lei Pelé (Lei Nº



                                                 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 35
PEREZ, Vivian. A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo
                         brasileiro. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
                         Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




continuamos ignorando o equilíbrio            que irão satisfazer os consumido-
e o bom funcionamento social, per-            res, (que no Brasil ainda são cha-
mitindo que enormes injustiças                mados de fãs).
aconteçam e que aqueles que lutam                  Portanto, para alcançarmos um
em prol do esporte saiam prejudica-           quadro de medalhas ao menos pa-
dos. Portanto, se desejamos obter             recido com o dos Estados Unidos,
bons resultados nas Olimpíadas de             precisamos sim direcionar nossos
2016, temos muito de trabalhar. E             olhares críticos a aqueles que estão
este trabalho deve começar imedia-            no comando de nosso esporte e
tamente!                                      perguntar: Será que eles sabem o
     Antes     de     tudo,    deve-          que é ética? Ou precisamos ir atrás
mos entender que sem a ética nas              daqueles que os educaram? Deve-
diretorias dos clubes, jamais conse-          mos nos perguntar se aqueles que
guiremos crescer e fazer o Marke-             lá estão, ditando as regras do es-
ting Esportivo gerar alguma receita.          porte brasileiro, além de não terem
Que projetos e ações de Marketing             ética, também não têm caráter!
existem! Pois do contrário ao que             Pois eu prefiro acreditar que o que
muitos pensam, eles não são resu-             falta mesmo é o bom e velho profis-
mem apenas a uma foto bonitinha               sionalismo!
da equipe e dos atletas principais




                                      VIVIAN PEREZ
                                      Diretora de Marketing do site Ba-
                                      bby66. Ex-atleta de voleibol. Formou
                                      -se em Administração e Marketing
                                      na Northwood University (USA). Tra-
                                      balhou no marketing da NBA.




                                                RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 36
Macedônia: o treinador invisível
                             por Miguel Panades
                        (Traduçao de Mario Brauner*)




        Responda-me de memória, por favor: Como se chama o treinador
da Macedônia, seleção que chegou ao EUROBASKET classificada no 47º
lugar no ranking da FIBA?


        As repercussões dos cruzamen-                           Marin Dokuzovski, 51 anos, trei-
tos das quartas de final e das semifi-                 nador que exerceu seu trabalho quase
nais deixaram de uma parte as mara-                    sempre na Macedônia, principalmente
vilhosas exibições de Navarro e Pau                    no Rabotnicki, exceto em duas tempo-
Gasol e, de outra, a atuação da equipe                 radas quando esteve na Bulgária, uma
da Macedônia. Gostaria de aprofundar                   como treinador auxiliar e outra como
sobre a seleção capaz de eliminar a                    primeiro treinador no Luckoil Acade-
Lituânia     (equipe     anfitriã    do        pré-    mic. Foi selecionador sub 18 na Fede-
olímpico) e colocar contra as cordas a                 ração da Macedônia, e logo após foi
Espanha. Gostaria de fazê-lo em com-                   auxiliar de treinador da Seleção Abso-
panhia dos treinadores que queiram se                  luta de seu país, para finalmente che-
unir ao debate e contribuir com suas                   gar ao cargo de Selecionador da equi-
opiniões.                                              pe Principal. Um bom currículo, invisí-
                                                       vel aos olhos midiáticos, mas um bom
                                                       currículo. Invisível sim, como tantos e


* Texto Original Macedonia: El entrenador invisible é de autoria de Miguel Panadés, publicado
no   site   da   Federação   Espanhola    de    Basketball   (http://www.feb.es/NoticiaDesarrollo.aspx?
idNoticia=39484 ) e copiado em 17/09/2011.



                                                         RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 37
PAINADÉS, Miguel. Macedônia: o treinador invisível. (TRADUÇÃO
                                  Mário G. Brauner). Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezem-
                                  bro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




tantos treinadores que exercem suas            gestão das características particulares
funções em seus respectivos clubes ou          dos jogadores, com seus perfis de es-
seleções   “não ganhadores ou ganha-           trelas ou de humildes guerreiros. De
doras” e conseguem exprimir ao máxi-           outra parte, na utilização e exploração
mo seus recursos desde a mais absolu-          adequada das capacidades esportivas
ta discrição. A imensa maioria dos trei-       de cada um deles.
nadores são invisíveis, como a imensa
                                                       Dokuzowski , conseguiu o que
maioria dos jogadores, como a imensa
                                               tantas vezes parece impossível e que
maioria dos cidadãos...e de pronto,
                                               nesta ocasião se demonstrou que não
uma oportunidade, uma ocasião para
                                               é tanto assim. Movimentar um plantel
mostrar seu nível e a demonstração
                                               reduzido conseguindo que               seus três
aos olhos de todos que possuem o ta-
                                               jogadores referencia – McCalebb, Ili-
lento, a capacidade profissional para
                                               evski e Antic – dispusessem das op-
competir com as “estrelas”, para con-
                                               ções, da liberdade, da confiança ne-
seguir o fundamental objetivo de todo
                                               cessária para finalizar a maioria das
treinador: que seus jogadores brilhem.
                                               ações. Atenção, falamos de três joga-
      Considero    missão    igualmente        dores de grande nível porém nenhum
complicada, tanto conseguir que uma            “All   Star”.    Conseguiu        esta    seleção
equipe de estrelas seja capaz de colo-         além de desenvolver um jogo de equi-
car o fardamento e entregar-se ao tra-         pe que maravilhou a todos os treina-
balho, como fazer com que uma equi-            dores, passando a bola entre todos co-
pe limitada possa vir a render como            mo há muito não se via, ocupando
estrelas. Não saberia classificar qual         perfeitamente        os    espaços,      fazendo
das duas missões seria mais difícil, e aí      crescer a quadra no ataque como to-
sim os convido ao debate: conseguiria          dos os técnicos pretendem que aconte-
Phil Jackson colocar a equipe da Mace-         ça com suas equipes para benefício de
dônia com seus jogadores atuais nas            seus homens de penetração.
semifinais do Pré Olímpico Europeu?
                                               Este artigo foi publicado no site da Federação
Encontraremos a resposta seguramen-
                                               Espanhola de Basquetebol (17/09/2011) e no
te, de uma parte, na capacidade de             blog do autor. Tradução do Prof. Dr. Mário
                                               Brauner distribuída entre amigos. Publicação
                                               sob responsabilidade da Revista Mais Basquete.




                                                 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 38
Conecte-se ao PBC e fique por dentro
   do basquete no sul do Brasil.

www.facebook.com/pelotasbasketballclube

     www.twitter.com/pelotasbasket


                        RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 39
Mundial Masculino Sub-19 e
                Universíade de Shanzen 2011
                                    Walter Roese




Caros Amigos,                                   América em San Antonio, entretanto tiveram
                                                grandes dificuldades para levar os melhores
como eu havia planejado – e prometido aos
meus atletas na ocasião da Sub 18 – que         atletas, tendo em vista que estes optaram
estaria presente no Mundial Sub-19 na Letô-     por iniciarem os estudos nas universidades
nia caso a equipe se classificasse na Copa      Americanas ou entrarem para o NBA, draft,
América de Santo Antonio, lá eu estive. Infe-   durante o verão e não participaram do Mun-
lizmente eu não estive exercendo a função       dial.
que havia visionado, mas devido uma “nova”              Na minha visão a Seleção da Servia,
filosofia de planejamento da CBB com Sele-      USA, Brasil, Austrália e a jovem equipe da
ção Permanente não foi possível dar conti-      Croácia apresentaram melhores chances de
nuidade ao meu trabalho.                        estarem entre os finalistas juntamente com a
                                                Lituânia. A Seleção Americana muito verde
      O nível do campeonato Sub 19 em
                                                em competições internacionais, equipe da
minha opinião estava nivelado, com exceção
                                                Austrália muito forte, mas com pouca opção
da Seleção da Lituânia, as demais equipes
                                                de reservas, seleção da Croácia formada por
apresentaram o mesmo nível técnico. As
                                                jovens talentos da geração 1994 e 1995, e a
equipes dos Estados Unidos e do Canada          nossa querida seleção do Brasil que tinha
que levaram fortes equipes para a Copa          uma equipe forte, alta e com bons jogado-
                                                res, teve apenas uma partida ruim durante o
                                                campeonato, infelizmente foi a partida que
                                                mais valia e contra os rivais Argentinos.

                                                       Seleção da Rússia, Letônia, Polônia
                                                e Argentina eram seleções que em minha
                                                opinião estavam um nível abaixo das que
                                                eu mencionei anteriormente. A Seleção da
                                                Argentina estava meio que desacreditada,
                                                fisicamente não haviam evoluído nada des-
                                                de a Copa América de San Antonio e seus
                                                pivôs eram baixos e fisicamente fracos. O



                                                 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 40
ROESE, Walter. Mundial masculino Sub-19 e Universiade de Shan-
                                         zen 2011. Revista Mais Basquete, volume1, nº. 2, dezembro de
                                         2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




mais me chamou atenção na Seleção Argen-                  Foi a minha terceira participação junto
tina, desde o Sul Americano na Colômbia, foi       com a Confederação Brasileira de Desporto
que eles superavam a deficiência física e téc-     Universitário num Mundial Universitário como
nica com entrosamento técnico, sendo que o         treinador. Já sabendo das dificuldades que
mais impressionante era a união dentro e           iriamos encontrar devido ao Calendário da
fora da quadra. Resumindo, o Mundial sub-          FIBA e com equipes de São Paulo, Rio de
19, em minha opinião, não foi um dos melho-        Janeiro e Minas não liberando seus princi-
res que já presenciei, então acredito que          pais atletas, tivemos dificuldades para mon-
muitos desta geração 1992 vão contribuir           tar uma equipe forte. Da lista de 35 atletas
para as seleções Adultas de seus países. Foi       apenas 13 se apresentaram e destes dois
uma pena que o Brasil não ficou entre os           tiveram problemas pessoais e pediram dis-
quatro finalistas, pois eu realmente acredita-     pensa. Foi a primeira vez que eu não tive
va que tínhamos equipe para isso e o projeto       que fazer cortes numa seleção Brasileira. O
que começou no Sul Americano na Colômbia           nível da Universiade foi fortíssimo, mas mes-
tinha grandes expectativas para essa gera-         mo assim a equipe progrediu e conseguimos
ção.                                               terminar em 11º lugar entre 26 seleções.
                                                   Vencemos cinco jogos (Romênia, China,
        Sinceramente, o Brasil fez uma boa
                                                   Emirados Árabes, México e Israel) e perde-
campanha com exceção do jogo contra a Ar-
                                                   mos três (República Checa, Alemanha e Tur-
gentina que foi o mais importante e que mais
                                                   quia). Ganhamos da forte equipe da Romê-
valia. A pressão de vencer ou ser eliminado
                                                   nia, que por sua vez venceu a República
custou um resultado do qual não mereciam.
                                                   Checa que venceu o Brasil e no average de
                                                   pontos tiraram a seleção brasileira univer
Universiade em Shanzen




                                                     RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 41
ROESE, Walter. Mundial masculino Sub-19 e Universiade de Shan-
                                           zen 2011. Revista Mais Basquete, volume1, nº. 2, dezembro de
                                           2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.




sitária das oitavas-de-finais. Para terem            estudo e dos treinadores das categorias de
uma noção, a forte equipe Americana (levou           base que não obrigam seus atletas a estuda-
seus melhores jogadores) ficou em quinto             rem.
lugar. A Seleção da Sérvia foi campeã.
                                                             Existiu, pela primeira vez, uma aproxi-
        A estrutura foi a melhor que eu partici-     mação da CBDU com a CBB e creio que
pei. Posso falar com conhecimento de                 num futuro próximo as duas confederações
causa, estive nas Olimpíadas de Beijim e             irão trabalhar juntas para que o Brasil leve
Shanzen não ficou muito atrás em termos de           uma equipe competitiva no nível da magnitu-
estrutura. A abertura dos jogos foi algo espe-       de do Brasil.
tacular.Infelizmente no Brasil ainda não te-
                                                            Eu só tenho que agradecer a CBDU
mos a cultura do Esporte andar junto com o
                                                     pela confiança e todo o apoio que me deu. A
estudo. Na Universiade o atleta tem que es-
                                                     minha comissão técnica e aos jogadores.
tar matriculado na faculdade e não ter idade
                                                     São profissionais dos mais capacitados, um
acima de 24 anos. Nossos atletas só come-
                                                     orgulho e prazer em trabalhar com esses
çam a se preocupar com os estudos no final
                                                     profissionais que querem o bem do basque-
da carreira profissional o que dificulta muito
                                                     te e do esporte no Brasil.
para colocar uma equipe de nível internacio-
nal. Muitos dos jogadores que estávamos                     A próxima Universiade será em 2013
almejando, não têm nem o colegial completo.          na Rússia e espero que o Brasil leve seus
Eu penso que isso é uma falta de respeito            melhores talentos ou vamos ter que nos con-
com nossos jovens, pois teria que partir dos         tentar em apenas participar e não competir
pais a obrigação de fazer com que seus fi-           por medalhas, pois o nível é muito alto.
lhos tenham no mínimo um nível básico de




                     WALTER ROESE
                     Foi atleta de basquete (clubes, seleções e universitário americano), técnico da
                     modalidade com passagens como Assistente Técnico na NCAA (Universidades
                     de Utah, Hawaii, Nebraska), na seleção brasileira universitária (três últimas Uni-
                     versíades) e da seleção brasileira de base sub-18 em 2010— lá conquistou a
                     vaga para o Mundial Sub-19 Masculino de 2011 e não foi mantido como técnico
                     da seleção. Foi ao mundial como scoutista da seleção norte-americana.




                                                        RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 42
LIGA DE DESENVOLVIMENTO 2011 (LDO/LNB)




                       RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 43
Visite o Centro Esportivo Virtual
e participe do debate sobre o basquete.

www.cev.org.br/comunidade/basquete



                        RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 44
LIGA DE DESENVOLVIMENTO 2011 (LDO/LNB)




                       RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 45
ENTREVISTA
  Felipe Braga, pivô do Elan Bearnais
         Pau-Lacq-Orthez (FRA)
       por Álvaro Flavio Guimaraes

     No final do ano passado            ou menos 80 mil habitantes. O
      uma das principais revela-        time tem muita tradição (nove
      ções do basquete brasileiro       títulos nacionais e dois interna-
     mudou-se para a França             cionais), em 2009 perdeu o pa-
  em busca de mais experiên-            trocínio e caiu para a segunda
   cia. Quatro meses depois o           divisão. Em 2010 voltou à pri-
    pivô Felipe Braga, 17, con-         meira e agora está se reer-
     cede uma entrevista exclu-         guendo, mas sua estrutura é
     siva para a Mais Basquete          impressionante, eu estou gos-
     e fala sobre a realidade           tando bastante.
     que encontrou em um dos
clubes mais tradicionais da Eu-
ropa e suas expectativas com
relação a nova vida no Velho
     Mundo.
Confira os principais trechos
  deste bate-papo:
   Mais Basquete – Quais
    tuas primeiras impres-
     sões da nova cidade e
 do clube?
   Felipe Braga – A cidade de
   Pau (sede do Elan Bearnais
   Pau-Lacq-Orthez,     desde
   1989) é pequena, tem mais


                                    RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 46
MB – Como tem sido a              fazendo apenas matemática,
   tua rotina no clube?              inglês e francês, para poder
                                     aprender o idioma local e, so-
    FB – Tenho treino duas ve-
                                     mente depois disso vou poder
    zes por dia (manhã e tar-
                                     comer a frenquentar a escola
   de) de segunda a sexta.
                                     normalmente.
    Nos sábados e domingo,
    tenho jogos. Estou jogando
pelo Sub-20 e pelo Sub-17 –          MB – Que campeonatos dis-
que é a minha categoria -, mas       putas? Como avalias o nível
com o Sub-17 eu só jogo, os          técnico do torneio?
 treinos são com o Sub-20.
   Aqui tenho jogado como “4”        FB – Estamos jogando o cam-
                                     peonato nacional. O Sub-20 se
    e, também, treinado muito
                                     apresenta sempre antes do
    os fundamentos.
                                     adulto, contra o mesmo adver-
                                     sário. O nível de competitivida-
  MB – E com os estudos,             de é fora do comum, é real-
   como estás fazendo?               mente muito forte.

   FB – Por enquanto estou




                                 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 47
MB – A partir disso diri-
   as que essa experiência
   já te trouxe ganhos?
   FB - Com toda certeza,
   pois se eu quero jogar em
    alto nível tenho que procu-
    rar os melhores adversá-
rios e por isso vim pra cá.




                        Quem é Felipe Braga:
     Mineiro de Belo Horizonte, nascido em 11/07/1994, este
     gigante de 2.01 metros começou a carreira aos dez anos
     da idade seguindo os passos dos irmãos mais velhos. Em
     2011 sagrou-se campeão Sul-Americano pela Seleção Bra-
     sileira Sub-17. No final do mesmo ano assinou contrato por
     quatro anos com a equipe francesa Pau-Lacq-Orthez.
     Hoje, o garoto que tem como referência o pivô brasileiro,
     Tiago Splitter sonha em defender o Brasil nas Olimpíadas
     do Rio em 2016 e, claro, disputar a NBA.




                                  RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 48
Marcello Berro
               ...para a Argentina estudar basquete!
  Carioca expõe-se ao frio de julho/agosto em busca de sua for-
   mação permanente. Ele nos conta como foi sua experiência.


     Estive entre os dias cos em Basquetebol da Ar- mente o foco do basquete-
25 de agosto até 13 de se- gentina); e                      bol.
tembro em Mar Del Plata,           3.Assistir ao pré-              Jantei olhando pela
uma cidade a 400 km de olímpico de basquete.                janela e me perguntando:
Buenos Aires, capital da                                    como um país que atraves-
                                   OBJETIVO 1: Clínica
Argentina. Viajei com 3 ob-                                 sa uma crise econômica
                              CODITEP
jetivos definidos:                                          nítida, consegue ter um
                                   Cheguei na véspera
      1.Participar da clínica                               basquetebol tão respeita-
                              do início das palestras da
da CODITEP (fusão entre a                                   do?
                              CODITEP, fazia muito frio
associação de clubes de                                            Acordei no dia 26
                              e o vento trazia uma sen-
basquetebol e associação                                    apressado para fazer a mi-
                              sação térmica desespera-
de técnicos profissionais                                   nha inscrição, me chamou
                              dora para um carioca.
em basquetebol da Argenti-                                  a atenção que meu número
na);                               Saí para jantar ansio-
                                                            era 541, achei estranho e
                             so pela manhã seguinte,
     2.Participar do Con-                                   depois descobri que foram
                             mas o frio, a sujeira nas
gresso e clínica da ENEBA                                   578 inscritos, num curso
                             ruas e o excesso de pedin-
(Escola Nacional de Técni-                                  não obrigatório.
                             tes, me tiraram completa-


                                              RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 49
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 50
Marcello Berro

       Eram todos técnicos não eram egoístas, que tempo estabelecido, achei
profissionais que já haviam estes davam a devida im- que esta seria curta e até
cursado a demorada ENE- portância ao lado espiritual desinteressante.                Facundo
BA (três níveis em quatro e de como essa energia iniciou assim: “Uma comis-
anos     com    atualizações (gerada por um grupo uni- são técnica tem como prin-
obrigatórias feitas a cada do e sintonizado) é funda- cipal finalidade colaborar
dois meses em cada esta- mental para o sucesso de com a autocrítica do treina-
do)                             uma equipe de basquete- dor”.

       A primeira palestra foi bol.                                  Só esta frase, me fez
do     Sr.   Gérman    Diorio         A segunda palestra lembrar que muitos técni-
(psicólogo da seleção prin- foi do Sr. Facundo Muller cos brasileiros, seja por
cipal masculina) que dis- (segundo assistente técni- insegurança (achar que os
sertou sobre a parte moti- co da seleção principal assistentes querem o lugar
vacional e psicológica no masculina) que palestrou dele) ou por falta de confi-
basquetebol.     O foco era sobre a importância da ança (na competência dos
alertar sobre a importância uma comissão técnica — assistentes) preferem tra-
da comissão técnica co- confesso que o tema e pe- balhar sozinhos ou ter na
nhecer todos os itens da la palestra anterior ter ul- comissão técnica pessoas
personalidade dos atletas trapassado        (e   muito)    o que nunca o contestem.
e usa-los a favor de um
grupo unido, motivado e
sintonizado num mesmo
objetivo.

       Assim que acabou,
me senti perplexo diante
do absoluto conhecimento
e complexidade das infor-
mações. Percebi que as
perguntas dos treinadores



                                                 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 51
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete
Desempenho individual por posição no basquete

More Related Content

Viewers also liked

Apostila de basquetebol
Apostila de basquetebolApostila de basquetebol
Apostila de basquetebolbbpn
 
Branca de fome e os sete anões
Branca de fome e os sete anõesBranca de fome e os sete anões
Branca de fome e os sete anõesMarcia Oliveira
 
A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...
A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...
A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...christianceapcursos
 
EDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETE
EDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETEEDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETE
EDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETEJaicinha
 
Avaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serie
Avaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serieAvaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serie
Avaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serieJosiane Leal
 
Carecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumond
Carecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumondCarecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumond
Carecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumondSimoneHelenDrumond
 
Jogos pre desportivos na escola
Jogos pre desportivos na escolaJogos pre desportivos na escola
Jogos pre desportivos na escolaevandrolhp
 
Avaliação global de educação física 6º e 7º ano setembro
Avaliação global de educação física 6º e 7º ano setembroAvaliação global de educação física 6º e 7º ano setembro
Avaliação global de educação física 6º e 7º ano setembroMoesio Alves
 
Planejamento anual da Educação Física
Planejamento anual da Educação FísicaPlanejamento anual da Educação Física
Planejamento anual da Educação FísicaKain2014
 
Apostila de Arte Ensino Fundamental I
Apostila de Arte Ensino Fundamental IApostila de Arte Ensino Fundamental I
Apostila de Arte Ensino Fundamental IEliane Sanches
 
Avaliando português 4º ano textos e interpretações
Avaliando português  4º ano textos e interpretaçõesAvaliando português  4º ano textos e interpretações
Avaliando português 4º ano textos e interpretaçõesNisio Jose pereira
 
atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1
 atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1 atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1
atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1Sheila Sheilinha
 

Viewers also liked (13)

Apostila de basquetebol
Apostila de basquetebolApostila de basquetebol
Apostila de basquetebol
 
Jogos na escola
Jogos na escolaJogos na escola
Jogos na escola
 
Branca de fome e os sete anões
Branca de fome e os sete anõesBranca de fome e os sete anões
Branca de fome e os sete anões
 
A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...
A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...
A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS PRÉ-DESPORTIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSI...
 
EDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETE
EDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETEEDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETE
EDUCAÇÃO FÍSICA- TUDO SOBRE O BASQUETE
 
Avaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serie
Avaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serieAvaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serie
Avaliação de recuperação de educação física brasilino 8 serie
 
Carecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumond
Carecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumondCarecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumond
Carecterizacao de arte do 1º ao 5ºano simone helen drumond
 
Jogos pre desportivos na escola
Jogos pre desportivos na escolaJogos pre desportivos na escola
Jogos pre desportivos na escola
 
Avaliação global de educação física 6º e 7º ano setembro
Avaliação global de educação física 6º e 7º ano setembroAvaliação global de educação física 6º e 7º ano setembro
Avaliação global de educação física 6º e 7º ano setembro
 
Planejamento anual da Educação Física
Planejamento anual da Educação FísicaPlanejamento anual da Educação Física
Planejamento anual da Educação Física
 
Apostila de Arte Ensino Fundamental I
Apostila de Arte Ensino Fundamental IApostila de Arte Ensino Fundamental I
Apostila de Arte Ensino Fundamental I
 
Avaliando português 4º ano textos e interpretações
Avaliando português  4º ano textos e interpretaçõesAvaliando português  4º ano textos e interpretações
Avaliando português 4º ano textos e interpretações
 
atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1
 atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1 atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1
atividades do 5 ano Arte no-cotidiano-escolar-vol-1-ensino-fundamental-1
 

Similar to Desempenho individual por posição no basquete

A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre
A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre
A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre HERICO MACIEL
 
Pliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaPliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaWILLY FDEZ
 
Pliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaPliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaWILLY FDEZ
 
Pliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaPliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaWILLY FDEZ
 
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)Silas Paixao
 
Ramos Filho - Soccer Scout Londrina Pro Team
Ramos Filho - Soccer Scout Londrina Pro TeamRamos Filho - Soccer Scout Londrina Pro Team
Ramos Filho - Soccer Scout Londrina Pro TeamLuiz Antonio Ramos Filho
 
CIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdf
CIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdfCIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdf
CIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdfDinarte Duarte
 
Perspectiva Sistémica aplicada ao Futebol
Perspectiva Sistémica aplicada ao FutebolPerspectiva Sistémica aplicada ao Futebol
Perspectiva Sistémica aplicada ao FutebolJoão Daniel Rico
 
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...Silas Paixao
 
Sbpc jovem
Sbpc jovemSbpc jovem
Sbpc jovemsimpla
 
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...Jose Augusto Leal
 
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...Jose Augusto Leal
 
Em busca de mais basquete - feedbacks e insights
Em busca de mais basquete - feedbacks e insightsEm busca de mais basquete - feedbacks e insights
Em busca de mais basquete - feedbacks e insightsCarlos Alex Soares
 
Treinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivelTreinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivelWallace Trajano
 

Similar to Desempenho individual por posição no basquete (16)

A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre
A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre
A comparação da preferência do estilo de liderança do treinador ideal entre
 
Pliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaPliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización táctica
 
Pliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaPliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización táctica
 
Pliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización tácticaPliometria y periodización táctica
Pliometria y periodización táctica
 
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
Impacto agudo dos jogos reduzidos (artigo proprio 01)
 
Ramos Filho - Soccer Scout Londrina Pro Team
Ramos Filho - Soccer Scout Londrina Pro TeamRamos Filho - Soccer Scout Londrina Pro Team
Ramos Filho - Soccer Scout Londrina Pro Team
 
CIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdf
CIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdfCIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdf
CIENCIA E A PRATICA - Analise-de-Desempenho.pdf
 
Ansiedade no esporte
Ansiedade no esporte Ansiedade no esporte
Ansiedade no esporte
 
ANSIEDADE NO ESPORTE
ANSIEDADE NO ESPORTEANSIEDADE NO ESPORTE
ANSIEDADE NO ESPORTE
 
Perspectiva Sistémica aplicada ao Futebol
Perspectiva Sistémica aplicada ao FutebolPerspectiva Sistémica aplicada ao Futebol
Perspectiva Sistémica aplicada ao Futebol
 
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
Variacao da FC, PSE, e variaveis tecnicas em jogos reduzidos no futebol. Efei...
 
Sbpc jovem
Sbpc jovemSbpc jovem
Sbpc jovem
 
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
 
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
Quantificação e correlação entre incidência de gols e potência muscular (acbf...
 
Em busca de mais basquete - feedbacks e insights
Em busca de mais basquete - feedbacks e insightsEm busca de mais basquete - feedbacks e insights
Em busca de mais basquete - feedbacks e insights
 
Treinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivelTreinadores de futebol de alto nivel
Treinadores de futebol de alto nivel
 

Desempenho individual por posição no basquete

  • 1. Volume 1 | N° 2 | DEZEMBRO /2012 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 |
  • 2. SUMÁRIO Editorial Álvaro Flávio Guimarães 4 Desempenho técnico individual no basquetebol masculino: relação entre posições específicas, classificação das equipes e indicadores 6 do jogo Dante de Rose Júnior O treino metabólico de jogadores de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios 11 Fabrício Boscolo Del Vecchio A psicologia do esporte e o basquetebol Sílvia Regina Deschamps 17 Massagem esportiva: muito mais que uma opção Claudio Maradei 25 Há sucesso esportivo sem sustentabilidade econômica? Jorge Eduardo Scarpin 29 A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo bra- sileiro 34 Viviane Peres Macedônia: o treinador invisível por Miguel Panadés (Tradução de Mário Brauner) 37 Mundial Masculino Sub-19 e Universíade de Shanzen 2011 Walter Roese 40 ENTREVISTA: Felipe Braga, pivô do Elan Bearnais Pau-Lacq- Orthez (FRA) 46 Álvaro Flávio Guimarães Coluna Eu fui! ... Para a Argentina estudar basquete! Álvaro Guimarães 50 Jogo das Estrelas 2012: a hora da verdade Álvaro F. Guimarães 56 Posfácio: erros que nos ajudam a crescer Carlos Alex Soares 58 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 |
  • 3. CLUBE DE REGATAS FLAMENGO CAMPEÃO DA LIGA DE DESENVOLVIMENTO OLÍMPICO 2011. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 3
  • 4. EDITORIAL Álvaro Flavio Guimaraes A Revista Mais Basquete está de de educação física e massagista da Se- volta. Em sua segunda edição apresenta leção Brasileira Cláudio Maradei assina a seus leitores uma série de artigos que o artigo Massagem Esportiva: Muito abordam os mais diferentes ângulos des- Mais do que Uma Opção no qual revela te esporte que a todos nós fascina e como o trabalho do massagista influen- apaixona. cia no preparo físico e resistência dos O basquetebol internacional é cer- jogadores. cado de uma cobertura midiática fantásti- Este segundo número da Mais Bas- ca que transforma jogadores e treinado- quete traz, ainda, análise do professor res em estrelas, faz seus nomes ficarem Carlos Alex Soares sobre a influência do gravados na memória dos fãs e reserva basquete universitário brasileiro na for- lugar de destaque aos gigantes do es- mação de técnicos e jogadores. porte. Mas às vezes a história é escrita A partir da próxima página você en- pelos “nanicos”. Este é o tema de Mace- contra isso tudo e muito mais. dônia: o treinador invisível, artigo assi- nado por Miguél Panadés e traduzido Então está esperando o quê? com maestria por Mário Brauner para a Boa Leitura! Revista Mais Basquete. Também nesta edição o coordena- dor pedagógico da Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol, Dante de Rose Júnior e a pesquisadora Liz Imyrá Oliveira mostram como a análise estatís- tica do desempenho técnico individual a partir da relação entre posições específi- cas, classificação das equipes e indica- dores de jogo podem auxiliar treinadores a entender melhor o rendimento de seus times. Em A Psicologia do Esporte e o Basquetebol, a psicóloga Sílvia Des- champs mostra como a intervenção psi- cológica pode garantir melhores resulta- dos dentro das quadras. Já o professor RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 4
  • 5. BAURU LIGA DE DESENVOLVIMENTO OLÍMPICO 2011 PAULISTANO RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 5
  • 6. DESEMPENHO TÉCNICO INDIVIDUAL NO BASQUETEBOL MASCULINO: RELAÇÃO ENTRE POSIÇÕES ESPECÍFICAS, CLASSIFICAÇÃO DAS EQUIPES E INDICADORES DE JOGO Dante de Rose Junior & Liz Imyra Oliveira Introdução táticas de uma partida e represen- tam as situações ou ocorrências Muitos estudos no basquetebol mensuráveis como por exemplo: são baseados na análise técnica de número e percentual de arremessos desempenho, através de dados es- (certos ou errados), faltas cometi- tatísticos dos jogos que são divul- das, bolas recuperadas, incidência gados nos sites oficiais das entida- de algum tipo de ataque, rebote ob- des que realizam os campeonatos. tidos, entre outros. Segundo De Rose Jr. et al Levando em consideração a ne- (2005) a analise estatística baseia- cessidade de se ter um referencial se na coleta e a interpretação de baseado em um dos principais dados obtidos nas ocorrências do eventos de basquetebol realizado jogo, dando-lhes significado para no mundo, o presente estudo teve possíveis interferências individuais e como objetivo determinar o perfil coletivas. Para esta análise são con- de desempenho técnico individual siderados os indicadores de jogo. dos atletas de equipes adultas mas- Esses indicadores são, segundo culinas no torneio de basquetebol Sampaio (1999), um conjunto refe- dos rencial das principais ações técnico- RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 6
  • 7. ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni- co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi- ções especificas, classificação das equipes e indicadores de jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. POSIÇÕES n M PTS REB ASS BR BP 18,9 6,9 2,2 1,7 0,8 1,5 Armadores 56 (6,8) (3,8) (0,9) (1,0) (0,5) (0,7) 15,7 5,9 2,7 0,7 0,7 1,1 Laterais 47 (7,3) (4,0) (2,6) (0,4) (0,6) (0,9) 18,5 8,3 (4,2) 0,8 0,6 1,4 Pivôs 41 (6,8) (4,1) (1,8) (0,6) (0,4) (0,7) Tabela 1: Médias e Desvios Padrão dos indicadores de jogo dos atletas, por posição específica Para a definição do perfil téc- por jogo nico foram utilizados os dados ofici- A análise estatística do pre- ais da Federação Internacional de sente estudo foi realizada da se- Basketball (FIBA), disponíveis no guinte maneira: site www.fiba.com.  Médias e desvios padrão de ca- Os indicadores de jogo utiliza- da indicador de jogo, em cada dos na pesquisa foram os seguin- posição específica para o esta- tes: belecimento do perfil do atleta,  M/j: média de minuto jogador em função do número diferente por jogo de jogos das equipes e dos próprios atletas.  PTS/j: média de pontos con- vertidos por jogo  REB/j: média de rebotes por Resultados jogo A partir das análises realiza-  ASS/j: média de assistências das a amostra foi composta por 56 por jogo armadores, 47 alas e 41 pivôs.  BR/j: média de bolas recupera- As médias e desvios padrão de das por jogo cada indicador de jogo analisado  BP/j: média de bolas perdidas para cada posição específica são RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 7
  • 8. ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni- co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi- ções especificas, classificação das equipes e indicadores de jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. apresentados na tabela 1. diferem de outros estudos já reali- zados e que, de certa forma, confir- Conclusão mam as definições que são estipu- Os resultados mostram clara- ladas para cada uma das posições. mente que nos Jogos Olímpicos de Esses resultados também podem Beijing, 2008: servir de referência para que técni-  Os armadores e os pivôs tive- cos e jogadores possam estipular ram a maior média de tempo objetivos de desempenho em trei- de quadra; namentos e jogos.  Os pivôs tiveram as melhores médias de pontos convertidos Referências Bibliográficas e rebotes; De Rose Jr, D.; Gaspar, A.B. & As-  Os armadores tiveram as me- sumpção, R. M. Análise estatísti- lhores médias em assistências; ca de jogo. In: De Rose Junior. D.; Tricoli, V. (eds). Basquete-  Os armadores e os pivôs são bol: uma visão integrada entre a os jogadores com as maiores ciência e prática. Barueri-SP: médias de bolas perdidas; Malole, 2005. Cap.7  Não houve praticamente dife- Ferreira, A.E.X.; De Rose Jr., D. renças nas médias de bolas re- Basquetebol: técnicas e táticas. cuperadas entre as três posi- Uma abordagem didático – pedagógica. São Paulo: EPU, ções. 2010. Evidentemente que esses re- FIBA – site oficial, www.fiba.com sultados devem ser analisados em um contexto não só técnico. As Leituras complementares — es- questões táticas também deveriam tudos similares ser exploradas para que se pudesse De Rose Jr, D.; Gaspar, A.B. & As- ter uma ideia da organização tática sumpção, R. M. Analise Esta- das equipes, pois essa organização tística do Campeonato Paulis- poderia determinar o comporta- ta de Basquetebol Masculino: mento técnico dos jogadores em comparação entre 2001 e 2002; função de suas posições específi- Federação Paulista de Basquete- bol, 2003. Disponível em: cas. (www.fpb.com.br) Analisando-se estritamente pela questão estatística, conclui-se que os resultados encontrados não RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 8
  • 9. ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni- co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi- ções especificas, classificação das equipes e indicadores de jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. De Rose Jr, D.; Tavares, A. C. Ortega, E.; Cardenas, D.; Sainz de &Gitti, V. Perfil Técnico de joga- Baranda, P.; Palao,J.M. Differen- dores brasileiros de basquetebol: ces in competitive participation Relação entre os indicadores de according to player’s position in jogo e posições especificas. Re- formative basketball. Journal of vista brasileira de Educação Human Movement Studies, 50, Física e Esporte, 2004. 103,122, 2006. Garganta, J. Analisar o jogo nos jo- Page, G.L.; Fellingham, G.W.; Ree- gos desportivos colectivos. Re- se, C.S. Using box-scores to de- vista Horizonte, v 14, n.83, p. 7 termine a position’s contribution -14, 1996. to winning basketball games. Janeira M. A. A analise de tempo Journal of Quantitative e movimento no basquetebol: Analysis in Sport, 3 (4), 2007. perspectivas. Estudo dos Jogos Disponível em www.bepress.com/ Desportivos, concepções, meto- jqas dologias e instrumentos. Univer- PAPADIMITRIOU, K.; TAXILDARIS, sidade do Porto, Centro de Estu- K.; DERRI, V.; MANTIS, K. Profile dos dos Jogos Desportivos p.53- of different leval basketball cen- 68, 1999. ters. Journal of Human Move- Okasaki, V. H. A.; Rodacki, A. L.F; ment Studies, London, v.37, p. Sarraf, T. A.; Dezan, V. H. Oka- 87-105, 1999. zaki, F. H. A. . Diagnóstico da Sampaio, A. J. Los indicadores esta- especificidade técnica dos jo- dísticos más determinantes em el gadores de basquetebol. Re- resultado final em los partidos de vista Brasileira e Cinesiologia basquetbol. Lecturas en Educa- e Movimento, 12(4): 19-24, ción Física Y Deportes-Revista 2004. Digital, 3, 11, 1999 DANTE DE ROSE JÚNIOR Licenciado em Educação Física pela Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), em 1974, possui doutorado em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP, em 1996. Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo. Atuou por 28 anos na Escola de Educação Física e Esporte da USP. Di- retor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo de janeiro de 2006 a janeiro de 2010. Professor do Curso de Ciências da Atividade Físi- ca da EACH-USP. Tem experiência na área de Educação Física e Esporte, atuando principalmente nos seguintes temas: basquetebol, análise de jogo esporte infantil, stress esportivo e psicologia do esporte. Coordenador Pedagógico da Escola Nacio- nal de Treinadores de Basquetebol LIZ IMYRÁ OLIVEIRA Aluna do curso de Ciências da Atividade Física da EACH-USP, mesária de basketball da Federação Paulista de Basketball (FPB), Bolsista de Iniciação Científica orientada pelo Prof. Dante de Rose Júnior neste artigo, tem interesse na psicologia do esporte e atividade física RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 9
  • 10. Liga de Desenvolvimento Olímpico (LDO) ou NBB Sub-21: palestra de abertura do Grupo A, em 08/10/2011, São Sebastião do Paraíso-MG. Bola ao Alto Histórico: primeiro jogo da LDO/2011: Vivo/Franca 75 x 58 Tijuca Tênis Clube, dia 08/10, as 14h. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 10
  • 11. O TREINO METABÓLICO DE JOGADORES DE BASQUETEBOL: ÊNFASE NOS COMPONENTES AERÓBIOS E ANAERÓBIOS Fabrício Boscolo Del Vecchio passado (Vecchio, 2011), mas com No artigo passado, buscou-se a inserção da mesma em suas reali- apresentar evidências objetivas de zações. que o basquetebol é modalidade es- portiva que detém predominância Brevemente, após aquecimento energética aeróbia, mas com algu- adequado, pode-se executar a se- ma solicitação láctica na sua expres- guinte atividade: são competitiva (Stone & Kilding, 2009; Abdelkrim, Fazaa, & Ati, 2007). Na última coluna, foram da- 1. Saída em baixa intensidade do dos exemplos de exercícios aeróbios fundo da quadra; intermitentes sem o emprego de bo- las. Técnicos e treinadores devem 2. Ao chegar no canto, Sprint com bola em alta intensidade; ter em mente que, além das situa- ções previamente indicadas, jogado- 3. Sprint de alta intensidade com res necessitam realizar treinos de controle de bola; alta intensidade com o emprego da 4. No meio da quadra, realizar bola. passe em direção ao ataque; 5. Correr em baixa intensidade Não há deslocamentos com ve- na diagonal; locidade elevada apenas sem o do- mínio da bola e, portanto, os ata- 6. Realizar Sprint até o final da quadra; ques, infiltrações e jogadas preci- sam ser realizadas de modo mais 7. Com bola, corrida de alta in- tensidade na linha de 3ptos; específico possível. Neste contexto, o treino aeróbio com bola seguiria 8. No centro, arremessar; os mesmos pressupostos do artigo RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 11
  • 12. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. 9. Deslocamento veloz até lance rando a relação de Esforço:Pausa livre e arremessar; (E:P), pode-se ter um bloco de es- 10. Deslocamento veloz até diago- forço para o mesmo bloco de pausa nal e arremessa; (1:2), ou seja, caso o jogador cum- 11. Voltar por fora, pelo maior ca- pra todo o percurso em quarenta minho em baixa intensidade/ segundos, ele descansará quarenta caminhada. segundos. Pode-se organizar a rela- Na atividade acima, o trabalho ção inversa, 40 segundos de esfor- é feito de diferentes modos. Explo- ço por 20 segundos de pausa (2:1), RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 12
  • 13. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. ou até 3:1, com esforço durando 45 Kuhnle, & et al, 2009). segundos e a recuperação com 15 Por outro lado, caso o interes- segundos. Mesmo com esforços de se do treinador seja organizar es- alta intensidade, e pausas interca- forços anaeróbios, a cena muda ladas, após duas ou três repetições consideravelmente. A primeira es- deste esforço, ele já tem predomi- tratégia é ter clareza que o esforço nância aeróbia (Glaister, 2005). não deve durar mais de 75 segun- São os “famosos” esforços intermi- dos (Gastin, 2001), pois seria pre- tentes de alta intensidade que apri- dominantemente aeróbio. Caso du- moram a capacidade de esforços/ re apenas 30 segundos, se o inter- sprints repetidos – em inglês, Re- valo de recuperação for de 4 minu- peated-Sprint Ability(Bishop, Gi- tos, a partir da terceira série o estí- rard, & Mendez-Villanueva, 2011). mulo já se torna aeróbio (Trump, Estas tarefas podem ser orga- Heigenhauser, Putman, & Spriet, nizadas de modo misto. Investiga- 1996). ção que fez uso de 10 semanas de intervenção observou melhoras su- Deste modo, em 1993, um periores a 4% no tempo de sprint grupo de pesquisadores ingleses com jogadores que realizaram de 2 observou que 10 sprints com dura- a 4 séries de jogos em espaços re- ção de 6 segundos e recuperações duzidos (small-sided games) com de 30 segundos (E:P = 1:5) estres- duração de 2,5 a 4 min cada “jogo” savam adequadamente o metabo- e treinamento intervalado, que con- lismo associado à fosfocreatina, re- sistia de 12 a 24 esforços de 15 se- conhecidamente anaeróbio gundos entre 105 e 115% do (Gaitanos, Williams, Bobbis, & Bro- VO2max dos jogadores, numa rela- oks, 1993). Um ano depois, um ção E:P de 1:1 (Buchheit, Laursen, grupo de japoneses observou que RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 13
  • 14. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. exercícios feitos em intensidades Referências máximas, com protocolo de 3 a 4 Abdelkrim, N. B., Fazaa, S. E., & séries de (5 sprints máximos de 8 Ati, J. E. (2007). Time–motion segundos cada, com descansos de analysis and physiological data of 45 segundos à E:P ~ 1:6) proporci- elite under-19-year-old bas- onaram aumentos de 21,1% na po- ketball players during competi- tion. British Journal of Sports tência anaeróbia de pico em espor- Medicine, 41(2), pp. 69–75. tistas intermediários e de 8,1% em atletas de elite. Bishop, D., Girard, O., & Mendez- Villanueva, A. (september de Assim, para garantir que o es- 2011). Repeated-Sprint Ability – forço de fato seja anaeróbio, neces- Part II. Recommendations for sita-se que a intensidade do exer- Training. Sports Medicine, 41 cício seja acima de 100% do (9), pp. 741-756. VO2max, a duração seja breve e a Buchheit, M., Laursen, P., Kuhnle, recuperação elevada. Quanto maior J., & et al. (2009). Game-based a recuperação proporcionada, me- training in young elite handball players. Int J Sports Med, 30 lhor para se inibir a ativação do (2), pp. 251-258. metabolismo aeróbio. Neste con- texto o esforço no basquetebol, po- Gaitanos, G., Williams, C., Bobbis, L., & Brooks, S. (1993). Human deria ser de 6 a 8 segundos, como muscle metabolism during inter- citado acima. No entanto, caso o mittent maximal exercise. Jour- treinador queira estender o tempo nal of Applied Physiology, 75 de esforço, para até 20 segundos (2), pp. 712-719. de alta intensidade, sugerem-se Gastin, P. B. (2001). Energy sys- períodos superiores a 4 minutos co- tem interaction and relative con- mo recuperação ativa. Neste tem- tribution during maximal exerci- po, procedimento interessante ses. Sports Medicine, 31(10), consta do treinamento de jogadas pp. 725-741. ensaiadas, posicionamentos táticos, Glaister, M. (2005). Multiple sprint com esforços realizados em (muito) work: Physyology response, me- baixa intensidade. chanisms of fatigue and de influ- ence of aerobic system. Sports No próximo texto serão trazi- Medicine, 35(9), pp. 757-777. das informações quanto ao treina- mento de força e potência para jo- gadores de basquetebol, não per- cam! RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 14
  • 15. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. Stone, N. M., & Kilding, A. E. (2009). Aerobic Conditioning for Team Sport Athletes. Sports Medicine, 39(8), pp. 615-642. Trump, M. E., Heigenhauser, J. F., Putman, C. T., & Spriet, L. (1996). Im- portance of muscle phosphocreatine during intermittent maximal cycling. Journal of Applied Physiology, 80(5), pp. 1574-1580. Vecchio, F. (2011). Seria o Basquete um jogo desportivo coletivo aeróbio? Revista Mais Basquete, 1(1), pp. 17-21. FABRÍCIO BOSCOLO DEL VECCHIO Bacharel (2001) e Licenciado (2004) em Educação Física pela UNI- CAMP, onde também completou seus estudos de mestrado (2005) e doutorado (2008) em Ciências do Esporte, o professor Fabrício Bos- colo Del Vecchio circula nos grupos de estudos dos pós-graduações da FEF-UNICAMP, EEFE-USP e ESEF-UFPel, além de ser membro da National Strength and Conditioning Association (EUA), do Comitê Científico do GTT12 - Treinamento Esportivo do CBCE e Moderador da Comunidade Judô do Centro Esportivo Virtual. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Modalidades de Com- bate, Treinamento Esportivo e Saúde Coletiva e Atividade Física. Autor de artigos e livro, também foi preparador físico de lutadores de Judô, Brazilian Jiu-Jitsu e Taekwondo. Atualmente é Professor da ESEF-UFPel (Pelotas-RS) onde tem contribuído com a preparação física de atletas e equipes (lutas e basketball) e conquistado resulta- dos positivos em competições locais, estaduais e nacionais. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 15
  • 16. LIGA DE DESENVOLVIMENTO NBB—2011 RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 16
  • 17. A PSICOLOGIA DO ESPORTE E O BASQUETEBOL Sílvia Regina Deschamps A Psicologia do Esporte te para a prática, na forma de inter- tem buscado sua afir- venção junto a atletas, equipes, co- mação no meio es- missões técnicas e todo o contexto portivo, através da participação de das atividades esportivas, principal- especialistas que têm procurado di- mente no âmbito competitivo de al- agnosticar, analisar e pesquisar as- to nível. pectos psicológicos e estabelecer Em alguns países, como Esta- relações entre eles e as diferentes dos Unidos, Canadá, Austrália e vá- variáveis que podem interferir no rios da Europa, a intervenção psico- desempenho de atletas e equipes. lógica é parte integrante do plane- É inegável que, ao longo das jamento das equipes e a presença últimas décadas, esse trabalho tem do profissional da psicologia do es- sido reconhecido, haja vista a quan- porte é tão comum quanto a do téc- tidade de publicações (em forma de nico, assistente técnico, preparador livros ou artigos) produzidas em to- físico e médico. do o mundo. No entanto, pode-se No Brasil, entretanto, essa rea- considerar que essa evolução, na lidade ainda está distante. A inter- quantidade e qualidade de produção venção psicológica, via de regra, na área da psicologia esportiva, ain- não está inserida no programa de da não é transferida adequadamen- periodização do treinamento, ou RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 17
  • 18. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete- bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. seja, no planejamento em lon- cos na performance de atletas e o go prazo do trabalho realizado pela despreparo emocional e cognitivo maioria das comissões técnicas de frente às demandas estressantes do equipes, principalmente as conside- ambiente esportivo. Através da pró- radas de alto nível. A intervenção pria experiência do mestrado, com psicológica, normalmente, é lem- o levantamento diagnóstico realiza- brada somente em momentos de do através de entrevistas e obser- emergência ou quando o atleta vações, foi possível detectar a falta apresenta um desempenho inade- que a preparação psicológica fez na quado e que coloca em risco o re- equipe investigada, pois o fator psi- sultado positivo de equipe. A inter- cológico foi decisivo nas fases finais venção, quando ocorre, é feita na do campeonato. Deste modo, fica forma de palestras motivacionais ainda mais evidente a necessidade que, às vezes, são ministradas por da inclusão do trabalho psicológico pessoas não especializadas em no esporte, especialmente nas dife- psicologia esportiva e que trazem rentes fases do treinamento e das suas experiências de outras áreas competições. para tentar resolver as questões de Cada etapa da preparação psi- forma imediata. cológica deve ser específica, consi- Essa realidade e a falta de in- derando-se as características e de- formação sobre a importância do mandas desse público e, também trabalho psicológico em equipes da modalidade esportiva em foco e esportivas, ainda são motivos pa- o momento da preparação na qual ra que haja muita resistência, por se encontra a equipe. O trabalho parte dos atletas e da comissão deve possuir objetivos claros e bem técnica com relação à inserção do definidos, sendo essas informações trabalho psicológico. Muitas vezes, transmitidas aos participantes do o psicólogo é visto como um con- processo, procedimento este impor- corrente - e não um aliado -, e é tante para a boa aceitação do psi- desconsiderado o fato do trabalho cólogo esportivo na equipe. ser um instrumento auxiliar na bus- O treinamento psicológico no ca de um melhor rendimento do esporte pode visar ao desenvolvi- atleta. mento e aperfeiçoamento de vários Muitos estudos têm comprova- aspectos psicológicos, dentre eles: do a influência, tanto positiva quan- gerenciamento de stress, estabele- to negativa, dos aspectos psicológi- cimento de objetivos, aumento da RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 18
  • 19. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete- bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. autoconfiança, atenção e concen- do praticante. tração, autocontrole de ativação e Assim como em outras modali- relaxamento, utilização de visuali- dades esportivas, o basquetebol zação e imagem, estratégias de ro- exige grande concentração, domí- tinas e competitividade, elevação nio sobre situações causadoras de de motivação e comprometimento e stress e controle da ansiedade, ele- manutenção de níveis adequados vados níveis de motivação, defini- dos estados de humor (tensão, de- ção real de objetivos e conhecimen- pressão, raiva, vigor, confusão e to das diferentes nuances do jogo fadiga). No entanto, não se pode (regras, estratégias e variações tá- deixar de analisar todas essas vari- ticas), além da percepção que o áveis em função das especificidades atleta tem de suas próprias condi- de cada modalidade esportiva, e ções. É preciso que o jogador este- como elas poderão influenciar ja com a máxima atenção voltada (positiva ou negativamente) no para a tarefa, obtenha o controle rendimento dos atletas e das equi- de suas emoções e confie na sua pes. Portanto, estabelecer relações capacidade de realizá-la. O atleta entre as variáveis psicológicas e as deve ter autocontrole e não ser le- variáveis que fazem parte do con- vado por suas emoções quando for texto da preparação dos atletas necessário tomar decisões. (físicas, técnicas e táticas) é funda- mental para que técnicos e atletas Para fazer parte do ambiente possam estabelecer melhores es- da competição de alto nível, o atle- tratégias de trabalho e melhorar o ta precisa ser um competidor assí- desempenho individual e coletivo. duo e dedicado, e, para se desta- car, deve superar níveis de exigên- O basquetebol, por ser uma cias técnicas, táticas, físicas e psi- atividade bastante dinâmica, com cológicas, para que se possa garan- demandas específicas em relação tir a plena realização de uma car- ao tempo de realização de algumas reira esportiva (DESCHAMPS, ações e que proporciona o contato 2002). constante entre os atletas, exige deles um alto desenvolvimento de O atleta de alto nível, de acor- capacidades e habilidades (no pla- do com FERNANDES, MONTEIRO e nos físicos, técnicos e táticos), for- ARAÚJO (1991) precisa de uma ca- talecendo ainda mais a importância pacidade esportiva excepcional, que do equilíbrio emocional e cognitivo será demonstrada através dos re- RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 19
  • 20. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete- bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. sultados por ele obtido, exigindo, quatro fatores: habilidade motora; assim, trabalho planejado e organi- treinamento físico, treinamento zado, compondo um treinamento mental; desejo ou energia. As per- especializado com o objetivo de centagens destes quatro fatores melhorar sua condição física e con- devem variar de atleta para atleta e sequente alcance e manutenção até com o mesmo atleta de jogo dos resultados. para jogo. Muitos psicólogos dizem que é o desejo, a paixão e a ambi- A competição de alto nível ção que separa os maiores realiza- apresenta características peculia- dores do resto dos competidores, res, e mesmo que o atleta tenha até de outros com igual ou mais ta- participado das categorias de base, lento (CLARKSON, 1999). ele não tem a garantia de atingir o esporte profissional, e, se chegar O esporte é extremamente se- lá, de conseguir se manter. Muitos letivo, e, para atingir o esporte de atletas, quando fazem a passagem alto rendimento o atleta já possui da categoria juvenil para a adulta, um diferencial, além de gostar do tem muita dificuldade em assimilar que faz, apresenta um perfil de as cobranças dos diferentes atores personalidade determinado, que o que participam do processo (inclui- conduza a metas estabelecidas pa- se, aqui, comissão técnica, patroci- ra conseguir se manter e ainda ob- nadores, dirigentes, mídia). Ao ter bons resultados. Obviamente mesmo tempo, existe uma motiva- que o talento é um fator que deve ção muito forte em se dedicar à ro- ser considerado, embora algumas tina de treinamento, fazendo-o su- vezes, pelo excesso de autoconfian- perar os seus limites ao máximo ça, o atleta acaba negligenciando o para se destacar o mais rapidamen- treinamento, seja no nível tático, te possível. físico, técnico ou psicológico, e sur- preende-se perdendo de um adver- Muitos técnicos acreditam que sário mais fraco. o sucesso de um atleta depende de RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 20
  • 21. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete- bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. Atingir esse nível de excelên- com KORSAKAS e MARQUES cia, e nele manter-se, somente se- (2005), o rendimento de um atleta rá possível através de um sistema ou de uma equipe não é determina- de treinamento adequado, que pro- do exclusivamente pelas condições porcione ao atleta aprimorar suas física, técnica e tática. Existe o qualidades e corrigir suas deficiên- quarto componente, o psicológico, cias. Segundo DE ROSE JÚNIOR que deve estar presente no plane- (1999) para ser um atleta de alto jamento de treinamento e competi- nível há a necessidade de uma ca- tivo das equipes. pacidade esportiva que se expres- DE ROSE JÚNIOR (2005) afir- sará pelos resultados obtidos, e es- ma que há diversos aspectos psico- tes dependem de um trabalho ár- lógicos que podem se destacar em duo e planejado rigorosamente, qualquer modalidade esportiva: num processo de treinamento espe- motivação, ansiedade, stress, per- cializado. sonalidade, atenção, concentração, O basquetebol é praticado em liderança, agressividade e coesão um ambiente de muita instabilida- de grupo, entre outros. Todos esses de, ou seja, não há grande previsi- fatores podem aparecer isolada- bilidade dos movimentos em fun- mente ou em conjunto no momento ção das possibilidades de modifica- de uma competição, ou serem fato- ção das ações(1) no seu próprio res predisponentes a influenciar o decorrer. Além disto, os limites im- desempenho dos atletas durante a postos pelas regras relacionadas a mesma (seja de forma negativa ou tempo para execução de ações fa- positiva). Esses fatores podem ser zem com que o jogo seja muito di- mediados por características como: nâmico e com muitas alternativas. nível de habilidade do atleta, grau de preparação, tempo de prática, Essas condições tornam o bas- experiências anteriores, idade e gê- quetebol um jogo propenso a mui- nero. tos momentos de pressão e tensão individual, grupal e coletiva (entre No caso do basquetebol, consi- os companheiros de equipe e entre derando-se que o esporte é pratica- os adversários). Assim sendo, os do sob uma dinâmica de instabilida- aspectos psicológicos assumem de ambiental, com pressões deter- uma grande importância no contex- minadas pelo tempo para a realiza- to desse esporte, quando praticado ção das ações e que o atleta deve de forma competitiva. De acordo tomar decisões muito rápidas, seu RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 21
  • 22. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete- bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. foco de atenção é variado e a capa- ações: 24” (tempo máximo de posse de cidade de antecipar situações é fa- bola para finalizar o ataque – arremes- tor fundamental para o sucesso das sar à cesta); 8” (tempo máximo para ações. Esse conjunto de fatores au- uma equipe atacante ultrapassar o meio da quadra); 5” (tempo máximo menta a complexidade do esporte e, para reposição de bola na lateral ou consequentemente, pode provocar fundo; tempo máximo de posse de bola um maior nível de stress, influenci- que um atleta tem quando recebe mar- ando na participação dos demais cação próxima e tempo máximo para a componentes psicológicos no con- execução de lances-livres) e 3” (tempo texto do desempenho dos atletas. máximo de permanência do atacante, em posição passiva, na área restritiva do adversário) Fonte: Regras Oficiais NOTAS do Basquetebol – Federação Paulista de (1) No basquetebol há quatro regras Basketball, 2006. relacionadas a tempo de execução de REFERÊNCIAS CLARKSON, M. Competitive fire. Champaign: Human Kinetics, 1999. DE ROSE JÚNIOR, D. Situações específicas de “stress” no basquetebol de alto ní- vel. 1999. Tese (Livre-Docência) – Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, São Paulo. _____. O estresse no basquetebol. In: DE ROSE JR, D.; TRICOLI, V. (Orgs.) Basquete- bol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, 2005, cap. 10. DESCHAMPS, S.R. Aspectos psicológicos e suas influências em atletas de voleibol masculino de alto rendimento. 2002. Dissertação (Mestrado) – Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, São Paulo. FERNANDES, A.C.; MONTEIRO, L.; ARAÚJO, V. O que se entende por alta competição? Re- vista Treino Desportivo, Lisboa, n. 20, p.13-21, 1991. KORSAKAS, P.; MARQUES, J.A.A. A preparação psicológica como componente do treina- mento esportivo no basquetebol. In: DE ROSE JÚNIOR, D.; TRICOLI, V. (Orgs.) Bas- quetebol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, cap. 9, 2005. SÍLVIA DESCHAMPS Formada em Psicologia (1995) pela UFSC, mestre (2002) e Doutora (2008) em Educação Física pela USP. Atualmente é professora da UNAERP (Campus Guarujá-SP), pesquisado- ra nas áreas do esporte e do exercício, tendo experiência em psicoterapia individual e de- senvolve trabalhos com atletas e equipes de voleibol, triathlon, vôlei de praia, basquetebol, futsal e futebol. Preparou parte da equipe olímpica brasileira para os Jogos Olímpicos de Sydney (2000), elaborou a preparação mental do Projeto Olímpico do EC Pinheiros e pres- ta assessoria e consultoria em psicologia do esporte a equipes esportivas. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 22
  • 23. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 23
  • 24. LIGA DE DESENVOLVIMENTO 2011 (LDO/LNB) RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 24
  • 25. MASSAGEM ESPORTIVA: MUITO MAIS QUE UMA OPÇÃO Claudio Maradei Há alguns anos atrás, pouco jogadores. antes de começar um jogo de bas- Esta pequena história é ape- quete e como já era costume eu es- nas uma entre outras tantas que tava massageando os joelhos e as tive a oportunidade de vivenciar em pernas de um jogador (neste caso meus quase trinta anos como mas- um atleta que durante anos serviu a sagista, sendo que desses, mais de seleção brasileira), quando um mé- quinze dedicados ao basquete. dico parou atrás da grade e ficou observando meu trabalho. Jogador Infelizmente ainda hoje é liberado, o médico me pergunta o muito pequeno o número de artigos que eu estava fazendo e segue a científicos destinados a entender e seguinte conversa: analisar cientificamente os benefí- cios de uma massagem sobre o or- – Massageando joelhos e pernas ganismo e, cabe a nós profissionais, com estes cremes para deixar a buscar na prática do dia a dia aquilo região aquecida e soltar a mus- que funciona ou não. culatura facilitando assim o alon- gamento, contribuindo para que A massagem esportiva pode ele consiga um melhor aqueci- ter muitas funções nas várias eta- mento e com isso sentir menos pas do treinamento, mas de uma dores durante a partida. maneira geral traz os seguintes be- nefícios: – Você sabe que isso não adianta para nada, não é?  Melhora a circulação e a drena- gem linfática; – Dr., me desculpe, mas o que eu sei é que, se não adianta para  Ajuda na remoção de resíduos nada, esqueceram de avisar os metabólicos; RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 25
  • 26. MARADEI, Claudio. Massagem esportiva: muito mais que uma opção. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.  Estimula as terminações nervo- tem importantes funções: sas;  Ajudar o organismo a retornar  Diminui o cansaço muscular; e ao seu ritmo normal  Ajuda na preparação mental  Eliminar resíduos metabólicos para a atividade esportiva. musculares adquiridos pela for- te carga da atividade física Pode ser usada com a autoriza- ção do departamento médico como  Ajudar na redução de dores e auxílio no tratamento, pois: nódulos de tensão  Estimula a circulação  É um excelente momento para valorizar o trabalho e o esforço  Ajuda a "quebrar" aderências e do atleta a melhorar a flexibilidade Outro momento onde a massagem  Pode ser feito mais de uma vez tem muita utilidade é após uma via- por dia, durante o tempo que gem longa onde o atleta fica com o for necessário. corpo "parado" durante muito tem- Na fase competitiva a massagem po, na mesma posição, ocasionando pode ser aplicada durante o dia. tensão nas costas, ombros e pesco- Muitos atletas gostam de rece- ço além de cansaço e inchaço nas ber massagem no dia da competi- pernas e pés, nesse caso a massa- ção para ajudar a relaxar o corpo e gem: a mente, utilizando esta técnica co-  Ativa a circulação venosa e lin- mo uma maneira de buscar a con- fática centração necessária para a partida. Serve também como um trabalho  Alonga os tecidos melhorando a prévio preparando o corpo para o flexibilidade e reduzindo as do- aquecimento que antecede ao jogo. res. Após a competição a massagem RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 26
  • 27. MARADEI, Claudio. Massagem esportiva: muito mais que uma opção. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. Apesar de todos esses benefí- peuta é extremamente necessário cios, cada dia que passa a figura do para a prevenção e recuperação de massagista esportivo fica mais dis- lesões esportivas e isso é um fato; tante das quadras. Aos poucos o mas por outro lado, o massagista foi sendo trocado pelo "fisioterapeuta não faz massagem". fisioterapeuta e sem perceber aca- Trabalhei muitos anos em conjunto bou perdendo seu espaço, o que em com fisioterapeutas, tanto em clu- minha opinião é um engano muito bes como na seleção, e posso afir- grande por parte dos dirigentes es- mar que existe lugar para todos. Os portivos. trabalhos se completam... Mas isso Hoje o trabalho do fisiotera- é uma outra história. CLAUDIO MARADEI Claudio Maradei é formado em Educação Física, Prof. de Pilates e Massagista da Seleção Brasileira de Basquete atuando neste seguimento há mais de 25 anos. www.massagemesportiva.com.br RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 27
  • 28. ALESSANDRO TRINDADE Desenhista desde criança, , arquiteto gaúcho e foi atleta da UFPel em Jogos Universitários Gaúchos (JUGs) e agora é bas- queteiro de final de semana. Mudou-se para Bahia há dez anos. Quando não está projetando, faz charges e ilustrações para Revista Mais Basquete. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 28
  • 29. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade econômica? Jorge Eduardo Scarpin Antes de começarmos esta pe- lotava talvez o maior ginásio da Liga, quena discussão, vou alertar a todos com públicos de quase 10 mil torcedo- que não sou técnico ou especialista em res por jogo, mostram que alguma coi- basquetebol, apesar de gostar muito de sa está errada na gestão dos clubes basquete e de ter jogado em campeo- brasileiros e, sinceramente, não sei se natos escolares e etc. Na verdade sou a CBB é a única responsável. contador e pesquisador nas áreas de Dito isto, voltamos à pergunta inicial finanças e contabilidade e sempre tive deste artigo: há sucesso esportivo sem bastante interesse em finanças esporti- sustentabilidade econômica? vas de clubes de futebol e, desde que Aqui temos que analisar as for- comentei a divulgação das demonstra- mas de sustentabilidade econômica ções contábeis da CBB para o blog Bala que podemos aplicar ao basquete. Vejo na Cesta, passei a acompanhar mais de claramente duas existentes e uma pos- perto as finanças do basquete. sível: Alguns fatos, principalmente do basquete masculino, que é o que mais 1) Liga com molde na NBA. Neste acompanho, me deixam preocupado. A modelo, que em nada se parece com a desistência do time de Vitória, a fragili- NBB, a liga é a dona do campeonato e dade absurda de Vila Velha, a decadên- os clubes escolhem seus jogadores por cia de Franca, a criação de times de meio de uma cesta de atletas (draft) e aluguel, a decadência de Londrina que, apenas depois de um determinado pe- se nunca foi campeão, por muitos anos ríodo, os clubes podem transacionar RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 29
  • 30. SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. entre si. Além disto, a escolha é feita venda dos namming rights das suas de modo que quem escolheu primeiro arenas, como a American Airlines Are- hoje, escolha por último amanhã, fa- na, casa do Miami Heat, por exemplo. zendo com que exista menos diferença E se os clubes passarem a ser técnica entre os times. O ponto rele- deficitários? Simples, a liga o assume vante aqui é que os clubes não formam ou a franquia é vendida. Sim, neste atletas, sendo a formação feita pelas modelo os clubes são franquias, eu universidades, na sua rica e poderosa compro o time e o levo para onde eu liga. quiser. Por este modelo, não há divi- O clube possui também um teto sões inferiores com acesso e descenso. de gastos com salários, o que evita a Se este modelo funcionaria no formação de super times, como, por Brasil? Creio que não, aliás, creio que é exemplo, quando a Ponte Preta juntou um modelo tipicamente norte - Paula e Hortência no mesmo time. E americano que só funciona por lá. No resto do mundo há a cultura de clube e qual a lógica disto? A lógica é que a li- acesso e descenso, talvez influenciada ga deve ser sustentável e isto só acon- pelo futebol. tece quando há competição. Se eu sei que tal time será campeão, por que vou torcer no ginásio, assisti-los na TV 2) Campeonatos baseados em clu- aberta ou comprar pacotes de pay-per- bes view? E observem como o locaute des- Já neste modelo, o campeonato te ano foi coletivo, ou seja, foi capita- é composto por clubes, com divisões neado pela liga que é a verdadeira do- de acesso, descenso e todo o modelo na do espetáculo. futebolístico que é praticado no Brasil e na Europa. Neste modelo, uma entida- Outro detalhe relevante. Os clu- de independente (NBB) ou a confede- bes não possuem patrocínios individu- ração (CBB) monta o campeonato e o ais. O patrocínio é para a liga. Já per- clube passa a ser parceiro deste. No ceberam que nas camisas da NBA não Brasil, até pouco tempo, os campeona- há patrocinadores? O que os clubes po- tos eram organizados pela CBB e hoje, dem ter de renda de patrocínio é com a pela NBB. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 30
  • 31. SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. A diferença neste modelo é que dar um tiro n’água. os clubes são independentes entre si e E como um clube pode oferecer não há a lógica de drafts, havendo for- garantias que o dinheiro do patrocina- mação no próprio clube e transações dor será bem investido? Simples, com entre eles. Aqui cabe aos clubes a res- prestações de contas públicas e confiá- ponsabilidade pela geração de dinheiro veis. E nem precisamos reinventar a para sua sustentabilidade e, o máximo roda, basta utilizarmos a prestação de que a liga faz, é uma negociação coleti- contas que é feita a mais de 500 anos va de direitos de transmissão. pelas empresas a seus investidores, a Neste modelo, a sustentabilidade contabilidade. econômica acontece em três áreas: di- No Brasil, as empresas S/A, de reitos de TV, bilheteria e patrocínio. E capital aberto, são obrigadas a publicar aqui chegamos ao ponto que eu quero suas demonstrações contábeis e, mais tratar: patrocínio. recentemente, os clubes de futebol O que um empresário quer ao passaram a ter esta obrigação. Inclusi- patrocinar um clube, de qualquer mo- ve, no site de diversos clubes, as de- dalidade? Ele quer exposição na mídia, monstrações estão lá, de fácil acesso. ser associado a um clube vencedor e, Por meio das demonstrações é principalmente, que seu dinheiro não possível ver se a entidade, seja empre- seja usado para outros fins que não o sa privada, confederação, clube de fu- esportivo, tais como, pagar por má tebol, ONG etc. é autossustentável fi- gestão do clube. O pior que pode acon- nanceiramente, se os recursos são tecer a um patrocinador é ver seu pa- aplicados mais na sua operação ou na trocinado desistindo de uma liga por manutenção de sua estrutura burocrá- não ter dinheiro, ou disputar o campe- tica, quanto de determinada receita vai onato com um time muito abaixo da para a atividade fim da entidade, etc. média por falta de condições financei- Em um clube há a clara visão se o en- ras para isto. Resumindo, o patrocina- dividamento é alto ou baixo, se os re- dor quer ter retorno do seu investi- cursos de patrocínio vão para paga- mento e uma segurança que não vai mento de juros, gastos administrativos RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 31
  • 32. SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. ou para o time propriamente dito, se o mais empresas terão acesso a estas clube é capaz de gerar caixa suficiente informações, mais analistas divulgarão para montar um bom time para a pró- isto na mídia e um círculo virtuoso será xima temporada e etc. criado. Isto significa que as demonstra- Agora, se traz tudo isto de bom, ções contábeis podem dizer se um clu- por que todos não o fazem, mesmo be será campeão? É óbvio que não, não havendo uma lei que o obrigue? mas, pode dizer se um clube está em Por uma razão simples, a não transpa- estado falimentar ou não. E, demons- rência favorece más gestões, clientelis- trações contábeis bem auditadas e mo, politicagem, troca de favores, rela- transparentes fazem com que as em- ções estranhas com agentes, etc. Sig- presas tenham mais segurança na hora nifica então que todos fazem? Também de efetuar sua alocação de recursos é claro que não, mas ao não serem em atividades esportivas. E, se estas transparentes, não oferecem uma ga- demonstrações se tornarem públicas, rantia de que isto não acontece. JORGE EDUARDO SCARPIN Doutor em Contabilidade e Controladoria pela FEA-USP. Mestre em Engenha- ria de Produção pela UFSC. Professor do Doutorado em Ciências Contábeis e Administração, do Mestrado em Ciências Contábeis e graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau. Consultor e pesquisador nas áreas de custos (área privada), contabilidade e indicadores sociais (área pública) e previsões econômicas. O curriculum completo encontra-se em: http://lattes.cnpq.br/6474056681420203 . RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 32
  • 33. www.facebook.com/RevistaMaisBasquete www.twitter.com/RevistaMaisBasq www.twitter.com/RevistaMaisBasq revistamaisbasquete@gmail.com RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 33
  • 34. A INFLUÊNCIA DA ÉTICA (E DA FALTA DELA) NO MARKETING ESPORTIVO BRASILEIRO Vivian Perez Muitas pessoas hoje questio- Um pouquinho de ética! Ética? nam o bom andamento das empre- Acredito que no atual cenário espor- sas nos Estados Unidos! Citamos tivo, o significado desta palavra es- sempre os norte-americanos porque ta longe de ser posto em prática. basta atentarmos para o quadro de Atualmente temos diversas medalhas dos Jogos Olímpicos que modalidades esportivas que dão um logo iremos perceber o óbvio: te- verdadeiro olé nos bilhões de reais/ mos que aprender e muito com dólares/euros do futebol, mas ainda aqueles que fazem acontecer, de assim continuamos a acreditar que uma forma organizada e diferencia- o Brasil é tão somente o país do fu- da. tebol! E mesmo assim não conse- Mas será mesmo que precisa- guimos utilizar a bendita ética! Pelo mos de muito para conseguir atingir contrário, nós estamos começando um quadro de medalhas pareci- a ensinar aos outros nosso estilo de do com o dos Estados Unidos? A malandragem, como ganhar um di- resposta, em minha opinião, é não! nheirinho a mais. E sem ética! Nada Não precisamos de muito! Precisa- mais que o mundialmente famoso mos somente de um pouquinho... “jeitinho brasileiro”. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 34
  • 35. PEREZ, Vivian. A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo brasileiro. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. Durante os quatro anos em que 9.615/98). Mas nossos dirigentes cursei faculdade de Marketing nos não concordaram com tal ideia, fa- Estados Unidos, eu tive quatro ma- zendo com que voltássemos à esta- térias sobre ética! Além disso, qual- ca zero. quer atleta que pertence à NBA Agora, se isto ocorre no fute- (maior liga de basquete do mundo), bol, que é o carro-chefe do esporte obrigatoriamente estuda ética na brasileiro, imaginem o que ocorre associação! É isso mesmo: os atle- nos bastidores das outras modalida- tas têm cursos durante a semana, des olímpicas! Modalidades estas sobre postura, economia, adminis- que, obrigatoriamente (devido às tração e ética (este último é o curso regras olímpicas), teremos nova- principal)! mente nas próximas olimpíadas! Após o término das Olimpíadas Mas o que mais me impressio- de Londres (2012), o que nos resta na na falta de ética dos dirigentes a fazer é olhar, rezar e tentar achar brasileiros é a total cara de pau da- a bendita ética – que tanto carece- queles (e são muitos) que não en- mos, diga-se de passagem – que tendem do esporte que ajudaria a melhorar muito o esporte “representam”. São aqueles que di- brasileiro. ante das câmeras falam bonito, mas Mas analisando friamente o te- quando saem do ar jogam o papel, ma, pensemos e questionemos: O contendo os falsos discursos ilusó- que, de fato, vem a ser a tão falada rios repletos de baboseiras, no lixo! ética? Basicamente, a ética serve Ou seja, trata-se de uma total falta para que haja um equilíbrio e bom de preocupação com o atleta, e ao funcionamento social, possibilitando mesmo tempo a total (e única) pre- que ninguém saia prejudicado. ocupação com o próprio bolso! Com base nesta resposta, pa- A falta de profissionalismo de rece até piada chamarmos o que te- alguns, que chegam ao cúmulo de mos hoje no esporte brasileiro de roubar projetos alheios, mas não ética! para fazer o bem para aquele que Mas agora voltando ao fato de nós (atletas e ex-atletas) almeja- sermos o “país do futebol”, vale mos, que é o esporte, mas sim para ressaltar que em 1990 tivemos a fazer o bem somente ao ego, à sua real e imperdível oportunidade de imagem. tornarmos nossos clubes, grandes Diante de tudo isso que foi ex- empresas, (assim como na Europa), posto, fica uma certeza bastante gerando receita 365 dias por ano. sólida: Tratava-se da Lei Pelé (Lei Nº RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 35
  • 36. PEREZ, Vivian. A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo brasileiro. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. continuamos ignorando o equilíbrio que irão satisfazer os consumido- e o bom funcionamento social, per- res, (que no Brasil ainda são cha- mitindo que enormes injustiças mados de fãs). aconteçam e que aqueles que lutam Portanto, para alcançarmos um em prol do esporte saiam prejudica- quadro de medalhas ao menos pa- dos. Portanto, se desejamos obter recido com o dos Estados Unidos, bons resultados nas Olimpíadas de precisamos sim direcionar nossos 2016, temos muito de trabalhar. E olhares críticos a aqueles que estão este trabalho deve começar imedia- no comando de nosso esporte e tamente! perguntar: Será que eles sabem o Antes de tudo, deve- que é ética? Ou precisamos ir atrás mos entender que sem a ética nas daqueles que os educaram? Deve- diretorias dos clubes, jamais conse- mos nos perguntar se aqueles que guiremos crescer e fazer o Marke- lá estão, ditando as regras do es- ting Esportivo gerar alguma receita. porte brasileiro, além de não terem Que projetos e ações de Marketing ética, também não têm caráter! existem! Pois do contrário ao que Pois eu prefiro acreditar que o que muitos pensam, eles não são resu- falta mesmo é o bom e velho profis- mem apenas a uma foto bonitinha sionalismo! da equipe e dos atletas principais VIVIAN PEREZ Diretora de Marketing do site Ba- bby66. Ex-atleta de voleibol. Formou -se em Administração e Marketing na Northwood University (USA). Tra- balhou no marketing da NBA. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 36
  • 37. Macedônia: o treinador invisível por Miguel Panades (Traduçao de Mario Brauner*) Responda-me de memória, por favor: Como se chama o treinador da Macedônia, seleção que chegou ao EUROBASKET classificada no 47º lugar no ranking da FIBA? As repercussões dos cruzamen- Marin Dokuzovski, 51 anos, trei- tos das quartas de final e das semifi- nador que exerceu seu trabalho quase nais deixaram de uma parte as mara- sempre na Macedônia, principalmente vilhosas exibições de Navarro e Pau no Rabotnicki, exceto em duas tempo- Gasol e, de outra, a atuação da equipe radas quando esteve na Bulgária, uma da Macedônia. Gostaria de aprofundar como treinador auxiliar e outra como sobre a seleção capaz de eliminar a primeiro treinador no Luckoil Acade- Lituânia (equipe anfitriã do pré- mic. Foi selecionador sub 18 na Fede- olímpico) e colocar contra as cordas a ração da Macedônia, e logo após foi Espanha. Gostaria de fazê-lo em com- auxiliar de treinador da Seleção Abso- panhia dos treinadores que queiram se luta de seu país, para finalmente che- unir ao debate e contribuir com suas gar ao cargo de Selecionador da equi- opiniões. pe Principal. Um bom currículo, invisí- vel aos olhos midiáticos, mas um bom currículo. Invisível sim, como tantos e * Texto Original Macedonia: El entrenador invisible é de autoria de Miguel Panadés, publicado no site da Federação Espanhola de Basketball (http://www.feb.es/NoticiaDesarrollo.aspx? idNoticia=39484 ) e copiado em 17/09/2011. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 37
  • 38. PAINADÉS, Miguel. Macedônia: o treinador invisível. (TRADUÇÃO Mário G. Brauner). Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezem- bro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. tantos treinadores que exercem suas gestão das características particulares funções em seus respectivos clubes ou dos jogadores, com seus perfis de es- seleções “não ganhadores ou ganha- trelas ou de humildes guerreiros. De doras” e conseguem exprimir ao máxi- outra parte, na utilização e exploração mo seus recursos desde a mais absolu- adequada das capacidades esportivas ta discrição. A imensa maioria dos trei- de cada um deles. nadores são invisíveis, como a imensa Dokuzowski , conseguiu o que maioria dos jogadores, como a imensa tantas vezes parece impossível e que maioria dos cidadãos...e de pronto, nesta ocasião se demonstrou que não uma oportunidade, uma ocasião para é tanto assim. Movimentar um plantel mostrar seu nível e a demonstração reduzido conseguindo que seus três aos olhos de todos que possuem o ta- jogadores referencia – McCalebb, Ili- lento, a capacidade profissional para evski e Antic – dispusessem das op- competir com as “estrelas”, para con- ções, da liberdade, da confiança ne- seguir o fundamental objetivo de todo cessária para finalizar a maioria das treinador: que seus jogadores brilhem. ações. Atenção, falamos de três joga- Considero missão igualmente dores de grande nível porém nenhum complicada, tanto conseguir que uma “All Star”. Conseguiu esta seleção equipe de estrelas seja capaz de colo- além de desenvolver um jogo de equi- car o fardamento e entregar-se ao tra- pe que maravilhou a todos os treina- balho, como fazer com que uma equi- dores, passando a bola entre todos co- pe limitada possa vir a render como mo há muito não se via, ocupando estrelas. Não saberia classificar qual perfeitamente os espaços, fazendo das duas missões seria mais difícil, e aí crescer a quadra no ataque como to- sim os convido ao debate: conseguiria dos os técnicos pretendem que aconte- Phil Jackson colocar a equipe da Mace- ça com suas equipes para benefício de dônia com seus jogadores atuais nas seus homens de penetração. semifinais do Pré Olímpico Europeu? Este artigo foi publicado no site da Federação Encontraremos a resposta seguramen- Espanhola de Basquetebol (17/09/2011) e no te, de uma parte, na capacidade de blog do autor. Tradução do Prof. Dr. Mário Brauner distribuída entre amigos. Publicação sob responsabilidade da Revista Mais Basquete. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 38
  • 39. Conecte-se ao PBC e fique por dentro do basquete no sul do Brasil. www.facebook.com/pelotasbasketballclube www.twitter.com/pelotasbasket RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 39
  • 40. Mundial Masculino Sub-19 e Universíade de Shanzen 2011 Walter Roese Caros Amigos, América em San Antonio, entretanto tiveram grandes dificuldades para levar os melhores como eu havia planejado – e prometido aos meus atletas na ocasião da Sub 18 – que atletas, tendo em vista que estes optaram estaria presente no Mundial Sub-19 na Letô- por iniciarem os estudos nas universidades nia caso a equipe se classificasse na Copa Americanas ou entrarem para o NBA, draft, América de Santo Antonio, lá eu estive. Infe- durante o verão e não participaram do Mun- lizmente eu não estive exercendo a função dial. que havia visionado, mas devido uma “nova” Na minha visão a Seleção da Servia, filosofia de planejamento da CBB com Sele- USA, Brasil, Austrália e a jovem equipe da ção Permanente não foi possível dar conti- Croácia apresentaram melhores chances de nuidade ao meu trabalho. estarem entre os finalistas juntamente com a Lituânia. A Seleção Americana muito verde O nível do campeonato Sub 19 em em competições internacionais, equipe da minha opinião estava nivelado, com exceção Austrália muito forte, mas com pouca opção da Seleção da Lituânia, as demais equipes de reservas, seleção da Croácia formada por apresentaram o mesmo nível técnico. As jovens talentos da geração 1994 e 1995, e a equipes dos Estados Unidos e do Canada nossa querida seleção do Brasil que tinha que levaram fortes equipes para a Copa uma equipe forte, alta e com bons jogado- res, teve apenas uma partida ruim durante o campeonato, infelizmente foi a partida que mais valia e contra os rivais Argentinos. Seleção da Rússia, Letônia, Polônia e Argentina eram seleções que em minha opinião estavam um nível abaixo das que eu mencionei anteriormente. A Seleção da Argentina estava meio que desacreditada, fisicamente não haviam evoluído nada des- de a Copa América de San Antonio e seus pivôs eram baixos e fisicamente fracos. O RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 40
  • 41. ROESE, Walter. Mundial masculino Sub-19 e Universiade de Shan- zen 2011. Revista Mais Basquete, volume1, nº. 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. mais me chamou atenção na Seleção Argen- Foi a minha terceira participação junto tina, desde o Sul Americano na Colômbia, foi com a Confederação Brasileira de Desporto que eles superavam a deficiência física e téc- Universitário num Mundial Universitário como nica com entrosamento técnico, sendo que o treinador. Já sabendo das dificuldades que mais impressionante era a união dentro e iriamos encontrar devido ao Calendário da fora da quadra. Resumindo, o Mundial sub- FIBA e com equipes de São Paulo, Rio de 19, em minha opinião, não foi um dos melho- Janeiro e Minas não liberando seus princi- res que já presenciei, então acredito que pais atletas, tivemos dificuldades para mon- muitos desta geração 1992 vão contribuir tar uma equipe forte. Da lista de 35 atletas para as seleções Adultas de seus países. Foi apenas 13 se apresentaram e destes dois uma pena que o Brasil não ficou entre os tiveram problemas pessoais e pediram dis- quatro finalistas, pois eu realmente acredita- pensa. Foi a primeira vez que eu não tive va que tínhamos equipe para isso e o projeto que fazer cortes numa seleção Brasileira. O que começou no Sul Americano na Colômbia nível da Universiade foi fortíssimo, mas mes- tinha grandes expectativas para essa gera- mo assim a equipe progrediu e conseguimos ção. terminar em 11º lugar entre 26 seleções. Vencemos cinco jogos (Romênia, China, Sinceramente, o Brasil fez uma boa Emirados Árabes, México e Israel) e perde- campanha com exceção do jogo contra a Ar- mos três (República Checa, Alemanha e Tur- gentina que foi o mais importante e que mais quia). Ganhamos da forte equipe da Romê- valia. A pressão de vencer ou ser eliminado nia, que por sua vez venceu a República custou um resultado do qual não mereciam. Checa que venceu o Brasil e no average de pontos tiraram a seleção brasileira univer Universiade em Shanzen RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 41
  • 42. ROESE, Walter. Mundial masculino Sub-19 e Universiade de Shan- zen 2011. Revista Mais Basquete, volume1, nº. 2, dezembro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>. sitária das oitavas-de-finais. Para terem estudo e dos treinadores das categorias de uma noção, a forte equipe Americana (levou base que não obrigam seus atletas a estuda- seus melhores jogadores) ficou em quinto rem. lugar. A Seleção da Sérvia foi campeã. Existiu, pela primeira vez, uma aproxi- A estrutura foi a melhor que eu partici- mação da CBDU com a CBB e creio que pei. Posso falar com conhecimento de num futuro próximo as duas confederações causa, estive nas Olimpíadas de Beijim e irão trabalhar juntas para que o Brasil leve Shanzen não ficou muito atrás em termos de uma equipe competitiva no nível da magnitu- estrutura. A abertura dos jogos foi algo espe- de do Brasil. tacular.Infelizmente no Brasil ainda não te- Eu só tenho que agradecer a CBDU mos a cultura do Esporte andar junto com o pela confiança e todo o apoio que me deu. A estudo. Na Universiade o atleta tem que es- minha comissão técnica e aos jogadores. tar matriculado na faculdade e não ter idade São profissionais dos mais capacitados, um acima de 24 anos. Nossos atletas só come- orgulho e prazer em trabalhar com esses çam a se preocupar com os estudos no final profissionais que querem o bem do basque- da carreira profissional o que dificulta muito te e do esporte no Brasil. para colocar uma equipe de nível internacio- nal. Muitos dos jogadores que estávamos A próxima Universiade será em 2013 almejando, não têm nem o colegial completo. na Rússia e espero que o Brasil leve seus Eu penso que isso é uma falta de respeito melhores talentos ou vamos ter que nos con- com nossos jovens, pois teria que partir dos tentar em apenas participar e não competir pais a obrigação de fazer com que seus fi- por medalhas, pois o nível é muito alto. lhos tenham no mínimo um nível básico de WALTER ROESE Foi atleta de basquete (clubes, seleções e universitário americano), técnico da modalidade com passagens como Assistente Técnico na NCAA (Universidades de Utah, Hawaii, Nebraska), na seleção brasileira universitária (três últimas Uni- versíades) e da seleção brasileira de base sub-18 em 2010— lá conquistou a vaga para o Mundial Sub-19 Masculino de 2011 e não foi mantido como técnico da seleção. Foi ao mundial como scoutista da seleção norte-americana. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 42
  • 43. LIGA DE DESENVOLVIMENTO 2011 (LDO/LNB) RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 43
  • 44. Visite o Centro Esportivo Virtual e participe do debate sobre o basquete. www.cev.org.br/comunidade/basquete RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 44
  • 45. LIGA DE DESENVOLVIMENTO 2011 (LDO/LNB) RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 45
  • 46. ENTREVISTA Felipe Braga, pivô do Elan Bearnais Pau-Lacq-Orthez (FRA) por Álvaro Flavio Guimaraes No final do ano passado ou menos 80 mil habitantes. O uma das principais revela- time tem muita tradição (nove ções do basquete brasileiro títulos nacionais e dois interna- mudou-se para a França cionais), em 2009 perdeu o pa- em busca de mais experiên- trocínio e caiu para a segunda cia. Quatro meses depois o divisão. Em 2010 voltou à pri- pivô Felipe Braga, 17, con- meira e agora está se reer- cede uma entrevista exclu- guendo, mas sua estrutura é siva para a Mais Basquete impressionante, eu estou gos- e fala sobre a realidade tando bastante. que encontrou em um dos clubes mais tradicionais da Eu- ropa e suas expectativas com relação a nova vida no Velho Mundo. Confira os principais trechos deste bate-papo: Mais Basquete – Quais tuas primeiras impres- sões da nova cidade e do clube? Felipe Braga – A cidade de Pau (sede do Elan Bearnais Pau-Lacq-Orthez, desde 1989) é pequena, tem mais RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 46
  • 47. MB – Como tem sido a fazendo apenas matemática, tua rotina no clube? inglês e francês, para poder aprender o idioma local e, so- FB – Tenho treino duas ve- mente depois disso vou poder zes por dia (manhã e tar- comer a frenquentar a escola de) de segunda a sexta. normalmente. Nos sábados e domingo, tenho jogos. Estou jogando pelo Sub-20 e pelo Sub-17 – MB – Que campeonatos dis- que é a minha categoria -, mas putas? Como avalias o nível com o Sub-17 eu só jogo, os técnico do torneio? treinos são com o Sub-20. Aqui tenho jogado como “4” FB – Estamos jogando o cam- peonato nacional. O Sub-20 se e, também, treinado muito apresenta sempre antes do os fundamentos. adulto, contra o mesmo adver- sário. O nível de competitivida- MB – E com os estudos, de é fora do comum, é real- como estás fazendo? mente muito forte. FB – Por enquanto estou RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 47
  • 48. MB – A partir disso diri- as que essa experiência já te trouxe ganhos? FB - Com toda certeza, pois se eu quero jogar em alto nível tenho que procu- rar os melhores adversá- rios e por isso vim pra cá. Quem é Felipe Braga: Mineiro de Belo Horizonte, nascido em 11/07/1994, este gigante de 2.01 metros começou a carreira aos dez anos da idade seguindo os passos dos irmãos mais velhos. Em 2011 sagrou-se campeão Sul-Americano pela Seleção Bra- sileira Sub-17. No final do mesmo ano assinou contrato por quatro anos com a equipe francesa Pau-Lacq-Orthez. Hoje, o garoto que tem como referência o pivô brasileiro, Tiago Splitter sonha em defender o Brasil nas Olimpíadas do Rio em 2016 e, claro, disputar a NBA. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 48
  • 49. Marcello Berro ...para a Argentina estudar basquete! Carioca expõe-se ao frio de julho/agosto em busca de sua for- mação permanente. Ele nos conta como foi sua experiência. Estive entre os dias cos em Basquetebol da Ar- mente o foco do basquete- 25 de agosto até 13 de se- gentina); e bol. tembro em Mar Del Plata, 3.Assistir ao pré- Jantei olhando pela uma cidade a 400 km de olímpico de basquete. janela e me perguntando: Buenos Aires, capital da como um país que atraves- OBJETIVO 1: Clínica Argentina. Viajei com 3 ob- sa uma crise econômica CODITEP jetivos definidos: nítida, consegue ter um Cheguei na véspera 1.Participar da clínica basquetebol tão respeita- do início das palestras da da CODITEP (fusão entre a do? CODITEP, fazia muito frio associação de clubes de Acordei no dia 26 e o vento trazia uma sen- basquetebol e associação apressado para fazer a mi- sação térmica desespera- de técnicos profissionais nha inscrição, me chamou dora para um carioca. em basquetebol da Argenti- a atenção que meu número na); Saí para jantar ansio- era 541, achei estranho e so pela manhã seguinte, 2.Participar do Con- depois descobri que foram mas o frio, a sujeira nas gresso e clínica da ENEBA 578 inscritos, num curso ruas e o excesso de pedin- (Escola Nacional de Técni- não obrigatório. tes, me tiraram completa- RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 49
  • 50. RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 50
  • 51. Marcello Berro Eram todos técnicos não eram egoístas, que tempo estabelecido, achei profissionais que já haviam estes davam a devida im- que esta seria curta e até cursado a demorada ENE- portância ao lado espiritual desinteressante. Facundo BA (três níveis em quatro e de como essa energia iniciou assim: “Uma comis- anos com atualizações (gerada por um grupo uni- são técnica tem como prin- obrigatórias feitas a cada do e sintonizado) é funda- cipal finalidade colaborar dois meses em cada esta- mental para o sucesso de com a autocrítica do treina- do) uma equipe de basquete- dor”. A primeira palestra foi bol. Só esta frase, me fez do Sr. Gérman Diorio A segunda palestra lembrar que muitos técni- (psicólogo da seleção prin- foi do Sr. Facundo Muller cos brasileiros, seja por cipal masculina) que dis- (segundo assistente técni- insegurança (achar que os sertou sobre a parte moti- co da seleção principal assistentes querem o lugar vacional e psicológica no masculina) que palestrou dele) ou por falta de confi- basquetebol. O foco era sobre a importância da ança (na competência dos alertar sobre a importância uma comissão técnica — assistentes) preferem tra- da comissão técnica co- confesso que o tema e pe- balhar sozinhos ou ter na nhecer todos os itens da la palestra anterior ter ul- comissão técnica pessoas personalidade dos atletas trapassado (e muito) o que nunca o contestem. e usa-los a favor de um grupo unido, motivado e sintonizado num mesmo objetivo. Assim que acabou, me senti perplexo diante do absoluto conhecimento e complexidade das infor- mações. Percebi que as perguntas dos treinadores RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 51