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Revista    de                        Ciências   A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM
Gerenciais                                      NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCAÇÃO
Vol. , Nº. 0, Ano 2010                          INCLUSIVA: NORTE OU SUL?


                                                RESUMO
Irma Regiane Alcides
Pós graduanda Faculdade Anhanguera de           Em meados dos anos 70 do século passado, a escola seguia o modelo de
Sertãozinho                                     integração, ou seja, aceitava somente alunos que tivessem condições de
regiane@ativagroup.com.br                       acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maioria dos
                                                alunos. A deficiência era considerada um problema que estava somente na
                                                pessoa, e que esta é que deveria ser modificada (habilitada, reabilitada e
coautor1                                        educada) para se tornar apta aos padrões do meio social. Na década de 80
                                                este cenário passou por diversos questionamentos e então, nos anos 90, o novo
afiliação coautor1
                                                conceito proposto estava consolidado: o da Inclusão. Por esse modelo a
emailcoautor1@dominio                           deficiência deixou de ser um problema exclusivo da pessoa, e passou a ser
                                                vista como o resultado da incapacidade da sociedade em atender as
                                                necessidades dessa mesma pessoa. Portanto, através deste modelo de
                                                inclusão, é a sociedade (empresas, escolas, áreas de lazer, espaços de
                                                entretenimento, serviços: de alimentação, saúde, transporte, cultura, desporto,
                                                assistência social, turismo, instituições financeiras, ambientes físicos,
                                                programas, política urbana, etc...) que precisa se tornar capaz de acolher
                                                todas essas pessoas..

                                                Palavras-chave: Pessoas com Necessidades               Especiais;    Educação
                                                Inclusiva;Integração, Inclusão; Qualidade de Vida.


                                                ABSTRACT

                                                In the mid-70th century past, the school followed the model of
                                                integration, ie, accept only students who were able to follow the
                                                teaching methods and pace of learning of most students. The
                                                deficiency was considered a problem that was only in person,
                                                and this is what should be changed (enabled, rehabilitated and
                                                educated) to become able to patterns of social environment. In
                                                the 80's went through this scenario several questions and then in
                                                90 years, the new concept was proposed consolidated: the
                                                inclusion. For this model disability is no longer an exclusive
                                                problem of the person, and was seen as the result of the inability
                                                of society to meet the needs of that person. Therefore, through
                                                this inclusion model is society (businesses, schools, recreational
Anhanguera Educacional S.A.
                                                areas, entertainment venues, services, food, health, transport,
                                                culture, sports, social welfare, tourism, financial, physical
Correspondência/Contato
    Alameda Maria Tereza, 2000                  environments, programs, urban policy, etc ...) that needs to
    Valinhos, São Paulo                         become able to accommodate all these people.
    CEP 13.278-181
    rc.ipade@unianhanguera.edu.br
                                                Keywords: People with Special Needs, Inclusive Education, Integration,
Coordenação
    Instituto de Pesquisas Aplicadas e          Inclusion, Quality of Life.
    Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original / Informe Técnico / Resenha
     Recebido em: 30/12/1899
     Avaliado em: 30/12/1899
Publicação: 22 de setembro de 2009                                                                                           1
2        A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul?


1.       INTRODUÇÃO

         Diversidade...

         Metabolismo Urbano...

         E tantas outras, são as palavras que se destacam no ambiente corporativo e ciclos de
         discussões diversas. Dentre elas, a realidade da inclusão dos portadores de necessidades
         especiais...

                       A numerosa Legislação em pelo século XXI já tem “quórum” para efetivar a
         participação social dos portadores, entretanto, o cenário cotidiano, apesar de alguns
         avanços, ainda nos impede de vivenciar o que a própria lei nos assegura.

                       Muitas empresas, públicas e privadas, tem buscado a adaptação de suas
         estruturas para se colocar frente a inserção dos portadores ao seu quadro de
         colaboradores. Porém, a legislação não discutiu e expandiu a idéia de Educação Inclusiva,
         o que ainda não permitiu a sociedade como um todo, a tal adaptação, no que diz respeito
         a sua cultura, que impacta violentamente em sua conduta, e este sim, é um fator
         preponderante, que provoca a “Inércia Social” que corrói aos envolvidos, tolhendo seu
         direito real da tão comentada Inclusão...

                       Além disto, estão cada vez mais, buscando a qualificação do profissional, nos
         aspectos, técnicos e comportamentais, os quais estão ligados diretamente a nossa
         capacidade de preparação, daí o crescimento por tantas especializações...

                       É tempo de refletirmos sobre uma possível e tão sonhada revisão na legislação
         que nos entrega a responsabilidade de acolhimento, e que não foi ainda capaz de
         propagar o conhecimento necessário para a todos nós, de que limitações físicas não
         “atrofiam” nosso desejo de colher e dividir conhecimento, visto que vivemos na era da
         informação...

                       Contudo, refletirmos também: Onde estão os professores? Os executivos do alto
         escalão? Os magnatas? Os políticos? Os bancários? Os engenheiros? E tantos outros...

                       Onde estão eles que ainda não conseguimos ver?
                       O princípio da Educação Inclusiva foi adotado na Conferência Mundial sobre as
         Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, reafirmado no Fórum Mundial de
         Educação e apoiado pelas Regras Básicas das Nações Unidas em Igualdade de
         Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências. Esse princípio foi debatido
         novamente em novembro de 2008 durante a 48ª Conferência Internacional de Educação
         em Genebra. A educação inclusiva de qualidade se baseia no direito de todos – crianças,



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     jovens e adultos – a receberem uma educação de qualidade que satisfaça suas
     necessidades básicas de aprendizagem e enriqueça suas vidas.

             Segundo Mel Ainscow ( Professor da Faculdade de Educação da Universidade
     de Manchester, Inglaterra, especialista em necessidades educacionais especiais), ainda
     não há unanimidade sobre a essência do conceito de Educação Inclusiva, em alguns
     países ele ainda é considerado um termo para atender as crianças com deficiências dentro
     dos sistemas regulares de educação. Internacionalmente, porém já é compreendido como
     uma reforma que apóia e acolhe a diversidade entre todos os sujeitos do processo
     educativo.

             Sendo assim, o objetivo da Educação Inclusiva é eliminar a exclusão social que
     resulta de atitudes e respostas à diversidade com relação à etnia, idade, classe social,
     religião, gênero e habilidades, o que constitui o direito humano básico e o alicerce para
     uma sociedade mais justa e solidária.




2.   EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALICERCE FUNDAMENTAL NA CONSTRUÇÃO DE
     UMA SOCIEDADE PARA TODOS


2.1. O que é Educação Inclusiva e como essa tarefa deve ser conceituada

     A escola é a primeira oportunidade que a criança tem de conviver com outras fora do seu
     ambiente familiar. E, possui quatro objetivos principais e importantes:

             Transmitir Conhecimentos;

             Formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres;

             Preparar para o trabalho;

             Promover o desenvolvimento pessoal

             A Educação Inclusiva é resultado de muitos estudos, discussões que tiveram a
     participação e apoio de organizações de pessoas com deficiências e educadores, no Brasil
     e no mundo, e do contexto histórico que resgata a educação como lugar do exercício da
     cidadania e da garantia dos direitos.

             O maior desafio do sistema escolar em todo mundo é o da inclusão educacional.
     Em países economicamente mais pobres, milhões de crianças nunca viram o interior de
     uma sala de aula (BELLAMY, 1999). Já em países mais ricos, muitos jovens deixam a
     escola sem qualificações úteis, enquanto outros são colocados em várias formas de



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4        A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul?

         condições especiais, longe das experiências educacionais comuns, e alguns simplesmente
         desistem, pois as aulas lhes parecem irrelevantes para suas vidas. (AINSCOW, 2006).




                       Uma educação que respeite as características de cada estudante, que ofereça
         alternativas pedagógicas que atendam às necessidades educacionais de cada aluno, num
         ambiente inclusivo e acolhedor, onde todos possam aprender e conviver com as
         diferenças, é o que denominamos como EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

                       A sociedade para todos está em processo de construção, estamos em processo de
         transição de modelos e idéias, por isso ainda encontramos classes especiais e escolas
         especiais. O modelo de inclusão exige que abandonemos os preconceitos e estereótipos
         em relação à educação e as pessoas com deficiências. É preciso mudar opiniões, idéias e
         valores.



2.2. Deficiências e Necessidades Especiais: Definição Legal

                       As lutas por conceituação e definição legal das diferentes categorias de cidadãos
         e dos seus respectivos direitos constituem um importante campo de luta ideológica e de
         constituição de identidades socioculturais.

                       A        educação              inclusiva,            formulada          originalmente   full   inclusion
         (STAINBACK;STAINBACK, 1992), prescreve que todas as crianças devem ser incluídas
         na vida social e educacional da escola e de seu bairro. Esse movimento, iniciado nos
         países escandinavos, solidificou-se nos Estados Unidos e no Canadá, em particular em
         Quebec, tendo se tornado presente na maioria dos países da Europa. No Brasil, o
         princípio da integração vem sendo definido desde 1970 por um movimento que visa


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acabar com a segregação, favorecendo a integração entre os alunos com deficiência e os
alunos considerados normais.

        Segundo a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994), a integração
justifica-se como princípio na medida em que se refere aos valores democráticos de
igualdade, participação ativa, respeito, direitos e deveres socialmente estabelecidos.
Entretanto, Sousa e Silva argumentam que:

        [...] o “princípio da integração”, ao pressupor que todos somos iguais e por isso
podemos estar juntos, desconsidera que somos todos diferentes, únicos, singulares.
Mesmo defendendo a inserção da pessoa com deficiência no âmbito escolar e social,
ignora sua história cultural e é capaz de reforçar uma idéia de deficiência vinculada à
doença, à anormalidade. A realidade mostra que esses mesmos estudantes com
deficiência, por não conseguirem se adaptar à escola regular, são encaminhados de volta à
escola especial, que acaba por segregá-los novamente (SOUZA;SILVA, 2005, p.10).

        Já a proposição do conceito das necessidades educacionais especiais representa
uma das tentativas de reconfigurar as possibilidades de interação e reconhecimento civil
das pessoas com deficiência, retirando-se o foco dos diagnósticos de deficiência e
colocando-o sobre as necessidades de aprendizagem.

        No caso da inclusão desses sujeitos na vida escolar, em vez de se destacar a
deficiência da pessoa, busca-se enfatizar o ensino e a escola, bem como as formas e
condições de aprendizagem. Em vez de se atribuir ao estudante a origem de um
problema, define-se seu tipo de inserção no contexto escolar pelo tipo de resposta
educativa e de recursos e apoios que a escola deve proporcionar-lhe para que obtenha
sucesso escolar. Em vez de esperar que o estudante se ajuste unilateralmente a padrões de
normalidade para aprender, interpela-se a própria organização escolar, no sentido de que
se reestruture para atender à diversidade de seus educandos (BRASIL, 2001b, p.14).

        Nessa    direção,   o   Parecer   nº      17/2001,          do       Conselho           Nacional            de
Educação(BRASIL, 2001b), afirma o conceito de necessidades educacionais especiais como
nova abordagem. Propõe ampliar o atendimento escolar, com sistemas de apoio
específicos a todos os estudantes que apresentem necessidades educacionais especiais ao
longo de seus processos de aprendizagem. Dessa forma, o parecer enfatiza três grupos de
pessoas com necessidades especiais, reunindo: 1) aqueles que apresentam dificuldades
acentuadas de aprendizagem, tanto as não vinculadas a uma causa orgânica específica
quanto as necessidades relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;
2) aquelas pessoas que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização
diferenciadas dos demais estudantes, particularmente os portadores de surdez, cegueira,


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         surdo-cegueira ou distúrbios acentuados de linguagem; 3) aquelas pessoas que
         apresentam altas habilidades /superdotação e que, recebendo apoio específico, podem
         concluir em menor tempo a série ou a etapa escolar(BRASIL, 2001b, p.19).

                       A Declaração de Salamanca, além de considerar as crianças com deficiência e as
         superdotadas, já ampliava a concepção de necessidades especiais para englobar também
         as crianças que vivem nas ruas e que trabalham, as crianças de populações distantes e
         nômades, as crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e as crianças de outros
         grupos ou zonas desfavorecidos ou marginalizados (UNESCO, 1994).

                       Verifica-se nessa conceituação, portanto, preocupação com outras categorias para
         além da deficiência, das altas habilidades e das condutas típicas, tais como etnia, classe,
         enfim, um conjunto representativo daquilo que vem sendo tratado como minorias ou
         como excluídos.

                       A definição de deficiências e de necessidades especiais amplia a concepção de
         diferenças e de trabalho educativo com a diversidade, referenciando-se a categorias e a
         dimensões lógicas – fisiológicas, psicológicas, sociológicas (classe), antropológicas
         (étnicas, culturais) de variados domínios de conhecimento. Tal complexidade conceitual
         (certamente motivada pelas lutas dos diferentes movimentos socioculturais que requerem
         o reconhecimento de suas respectivas construções identitárias no contexto social e
         educacional) enseja compreensões e condutas mais flexíveis e polissêmicas, facilitando o
         trabalho educativo com as singularidades e com as diferentes histórias e trajetórias de
         construção identitária dos sujeitos e dos movimentos sociais pertinentes. Buscam-se
         instrumentos lingüísticos e conceituais que permitam a expressão, a comunicação, a
         interação e o reconhecimento das diversas subjetividades e identidades que se constroem
         e se transformam continuamente em processos de interação recíproca.



2.3. Por que temos preconceitos?

         Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude
         baseado nos estudos da Psicologia Social.
         ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e
         comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular.
         Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo - crenças e idéias, valores afetivos
         associados de sentimentos e emoções que por sua vez levam a uma série de tendências
         comportamentais – predisposições.


                     Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo

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e um comportamental:
a cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência à um objeto. Toma-se
uma atitude em relação à que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo
ou uma instituição social.
o afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que por sua vez gera uma
atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas.
o comportamento –a predisposição : sentimentos negativos levam a aproximação e
negativos ao esquivamento ou escape.
        Desta forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um
indivíduo está predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado
grupo de uma forma negativa previsível.

         Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças;
sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre
estereótipos negativos.
         Segundo Allport(1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas,
que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade. As
pessoas que se sentem exploradas e oprimidas freqüentemente não podem manifestar sua
raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para
aqueles que estão ainda mais “baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a
discriminação.
         Já, para Adorno(1950) a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária
ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias
do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que
desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se
preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de
categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os
grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é
uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.
          Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos
cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível.
A simplificação exagerada leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e
discriminação.
          Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas
tentativas que as pessoas fazem para se conformar(conformidade social). Se nos
relacionamos com pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos
do eu resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque


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8        A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul?

         as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas muito antes
         de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A pressão dos
         colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de determinadas visões
         tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de outros grupos sociais.

                       O homem moderno ainda é o mesmo dos tempos primitivos. Diante do diferente,
         do desconhecido, é normal adotar atitudes defensivas ou de ataque, que se expressam
         pelo preconceito, pela discriminação, pelas palavras ofensivas ou por atos violentos.

                       A partir do reconhecimento de que temos preconceitos, é mais fácil mudar nosso
         comportamento e perceber que existem muito mais coisas que nos unem do que coisas
         que nos separam.

                       As pessoas portadoras de necessidades especiais são como todas as demais:
         possuem sonhos, medos, esperança, raiva...



2.4. Onde estão as pessoas com necessidades especiais? Por que quase não
     são vistas?

         Desde a década de 80, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 10% da
         população de todo país, são constituídos por pessoas com algum tipo de necessidade
         especial. De acordo com (SENSO DEMOGRÁFICO, 2000) 14,5% da população brasileira
         tem algum tipo de deficiência, contingente este formado por 24 milhões de pessoas.

         No entanto, nos dias atuais ainda não é comum ver estas pessoas nas ruas, ônibus,
         escolas, cinemas, restaurantes, e raramente aparecem em programas de TV, política, etc...

                        Essa “invisibilidade” é resultado do círculo vicioso dos ambientes sem a devida
           acessibilidade.




Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
Irma Regiane Alcides, coautor1         9


3.   A ACESSIBILIDADE

     A preparação de um ambiente para receber uma pessoa com deficiência, inclusive aquelas
     que usam cadeiras de rodas, deve possibilitar o uso do mobiliário (cadeiras, mesas,
     balcões, bebedouros, quadros de avisos, equipamentos, etc...). Além disso, nos espaços de
     modo geral, deve também permitir a fácil movimentação (entrada principal, salas,
     sanitários, pátios, quadras, parques, bibliotecas, laboratórios, lanchonetes, etc...)




     Nas ruas, a preocupação também deve ocorrer com as guias rebaixadas, travessia de
     pedestres sinalizadas, semáforos sonoros para cegos, pontos de ônibus que permitam o
     embarque seguro, calçadas conservadas e livres de canteiros de flores, postes, caixas de
     correio, orelhões e bancas de jornal mal posicionados. Muitas vezes não percebemos, mas
     esses obstáculos podem representar uma verdadeira “olimpíada” para as pessoas com
     deficiência.




     Basicamente, o acesso pode ser facilitado com:



                                                     Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
10       A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul?

         Portas e corredores mais largos (80 cm);

         Construção de rampas com a inclinação adequada (segundo as Normas da ABNT), com
         corrimãos e mureta para impedir que a cadeira de rodas por exemplo, venha a cair;

         Elevadores, quando necessário e possível;




         Sanitários que permitam entrar e fazer a volta com a cadeira de rodas; com vaso sanitário
         da altura da cadeira; com pias que permitam o encaixe da cadeira de rodas e manuseio
         confortável da torneira; com a porta sem mola que abre para fora e com indicação de
         feminino e masculino de cor contrastante, de fácil reconhecimento e com tamanho bem
         visível;




         Pisos antiderrapantes;

         Nas bibliotecas:

         Acesso virtual(via computador e internet);




Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
Irma Regiane Alcides, coautor1        11

Acervo em braile, fitas cassete e CD-ROM;




Serviço de orientação estimulante e adequado às necessidades dos diversos tipos de
usuários;

Prazo prolongado para devolução;

Cartões de autorização para que terceiros retirem e devolvam livros;

Assistentes para acesso ao acervo;

Assistentes para leitura (ledores de livros para cegos);

Lupas ou lentes de aumento;




Intérprete de Língua Brasileira de Sinais;

Salas de vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para seus usuários
surdos. A maioria dos novos modelos de TV já sai de fábrica com esse dispositivo de
acionamento opcional chamado “closed caption”, através do qual tudo o que é dito
aparece legendado na tela. Porém, ainda não são todas as emissoras de TV que oferecem o
serviço de legendagem em sua programação.




                                               Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
12       A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul?


4.       CONSIDERAÇÕES FINAIS

         A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um movimento
         muito polemizado, pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais. No entanto,
         inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou
         menos severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à
         educação - e assim diz a Constituição !

                        Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações
         estão, muitas vezes na concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas
         que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem outras
         resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades.

                         O objetivo deste artigo é clarear o sentido da inclusão, como inovação, tornan-
         do-o compreensível, aos que se interessam pela educação como um direito de todos, que
         precisa ser respeitado.

                         Pretendemos, também demonstrar a viabilidade da inclusão pela transforma-
         ção geral das escolas, visando a atender aos princípios deste novo paradigma educacio-
         nal.

                           Toda a descrição feita expressa experiências, no cenário educacional brasileiro
         sob três ângulos : o dos desafios provocados por essa inovação, o das ações no sentido de
         efetivá-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação de professores e, final-
         mente o das perspectivas que se abrem à educação escolar, a partir de sua implementação.

                        De modo geral, é preciso iniciar uma reconstrução educacional urgente para que
         a conscientização do tema se torne verdadeiramente abrangente.

                       A legislação obriga as empresas a contratar pessoas portadoras de deficiências,
         no entanto, suas estruturas ainda não estão adequadas para o devido acolhimento dos
         mesmos, bem como os colaboradores ainda possuem enraizados muitos preconceitos.

                       Outro fator que acentua a própria exclusão é a baixa qualificação profissional.
         Em razão de sua baixa motivação, essas pessoas deixam de buscar vagas de trabalho, e
         também investimentos em sua própria capacitação.

                       A educação é o alicerce da realidade da inclusão não só educacional e
         profissional, mas também social.




Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
Irma Regiane Alcides, coautor1        13

         Transformar nossas escolas em escolas inclusivas requer dar uma resposta
educativa de acordo com as necessidades de seus alunos e desenvolver propostas
didáticas que estimulem e fomentem a participação de todos. Nesta linha de
argumentação, a educação inclusiva opõe-se a qualquer forma de segregação e a qualquer
argumento que justifique o isolamento no exercício dos direitos à educação.

         Os impactos da nossa educação refletem uma cutura carente de transformação
nas formas de conduta. O mundo social e a atuação do outro são os parâmetros
necessários para a consolidação desta transformação. As expectativas, os valores, as
possibilidades e os limites postos pelo meio vão guiar o indivíduo para que signifique a
realidade e a si próprio. Uma deficiência quando está presente já vem marcada pelo
estigma de pertencer a um segmento determinado, inferiorizado e infantilizado.

         Contudo, o processo imprescindível para a tão comentada inclusão social desta
camada é tornar a participação dos próprios sujeitos da problemática, as pessoas com
deficiências ou portadoras de necessidades especiais educacionais, mais presente, pois o
que se vê até aqui são intensas pesquisas, estudos desenvolvidos, legislação implantada,
etc...quando os próprios “beneficiários” são considerados incapazes e sem autonomia
para expressar suas capacidades, dificuldades, desejos, etc...

         A ânsia por uma vida participativa em todos os seus âmbitos sociais se faz
presente nessa camada social. Todos almejam ser vistos, tratados com igualdade.
Possuem sonhos, projetos. Muitos já conquistaram sua independência profissional e
financeira, outros ainda vivem no anonimato.

         A transformação social deve ocorrer em todos os setores da sociedade, porém, a
educação ainda é, e continuará sendo, nosso único instrumento de renovação.




                                              Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
14       A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul?


          REFERÊNCIAS
         AINSCOW, Mel. Understending the Development of Inclusive Schools. Londres: Falmer, 1999.
         AINSCOW, Mel. From Them to Us: an internacional study of inclusion in education. Londres:
         Routledge, 1998.
         UNESCO. The Open File on Inclusive Education: Paris: UNESCO, 2001.
         UNESCO. World Conference on Special Needs Education: acess and quality; final report. Paris:
         UNESCO, 1994.
         BELLAMY, C. The State of the World’s Children: Education. Nova York: UNICEF, 1999.
         ONU. Convenção dos Direitos da Criança. Nova York: ONU, 1989.
         ONU. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.
         Nova York: ONU, 1968.
         SOUSA, S.B.;SILVA, R. V. de S. Inclusão escolar e a pessoa com deficiência: XXVIII Reunião
         Anual da Anped. Caxambu: ANPED, 2005.
         STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Controversial isswes confronting special education:
         Divergent perspectives. Boston: ALLYN & BACON, 1992.




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A Educação Inclusiva e a construção de uma sociedade para todos

  • 1. Revista de Ciências A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM Gerenciais NECESSIDADES ESPECIAIS E A EDUCAÇÃO Vol. , Nº. 0, Ano 2010 INCLUSIVA: NORTE OU SUL? RESUMO Irma Regiane Alcides Pós graduanda Faculdade Anhanguera de Em meados dos anos 70 do século passado, a escola seguia o modelo de Sertãozinho integração, ou seja, aceitava somente alunos que tivessem condições de regiane@ativagroup.com.br acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maioria dos alunos. A deficiência era considerada um problema que estava somente na pessoa, e que esta é que deveria ser modificada (habilitada, reabilitada e coautor1 educada) para se tornar apta aos padrões do meio social. Na década de 80 este cenário passou por diversos questionamentos e então, nos anos 90, o novo afiliação coautor1 conceito proposto estava consolidado: o da Inclusão. Por esse modelo a emailcoautor1@dominio deficiência deixou de ser um problema exclusivo da pessoa, e passou a ser vista como o resultado da incapacidade da sociedade em atender as necessidades dessa mesma pessoa. Portanto, através deste modelo de inclusão, é a sociedade (empresas, escolas, áreas de lazer, espaços de entretenimento, serviços: de alimentação, saúde, transporte, cultura, desporto, assistência social, turismo, instituições financeiras, ambientes físicos, programas, política urbana, etc...) que precisa se tornar capaz de acolher todas essas pessoas.. Palavras-chave: Pessoas com Necessidades Especiais; Educação Inclusiva;Integração, Inclusão; Qualidade de Vida. ABSTRACT In the mid-70th century past, the school followed the model of integration, ie, accept only students who were able to follow the teaching methods and pace of learning of most students. The deficiency was considered a problem that was only in person, and this is what should be changed (enabled, rehabilitated and educated) to become able to patterns of social environment. In the 80's went through this scenario several questions and then in 90 years, the new concept was proposed consolidated: the inclusion. For this model disability is no longer an exclusive problem of the person, and was seen as the result of the inability of society to meet the needs of that person. Therefore, through this inclusion model is society (businesses, schools, recreational Anhanguera Educacional S.A. areas, entertainment venues, services, food, health, transport, culture, sports, social welfare, tourism, financial, physical Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 environments, programs, urban policy, etc ...) that needs to Valinhos, São Paulo become able to accommodate all these people. CEP 13.278-181 rc.ipade@unianhanguera.edu.br Keywords: People with Special Needs, Inclusive Education, Integration, Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Inclusion, Quality of Life. Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original / Informe Técnico / Resenha Recebido em: 30/12/1899 Avaliado em: 30/12/1899 Publicação: 22 de setembro de 2009 1
  • 2. 2 A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul? 1. INTRODUÇÃO Diversidade... Metabolismo Urbano... E tantas outras, são as palavras que se destacam no ambiente corporativo e ciclos de discussões diversas. Dentre elas, a realidade da inclusão dos portadores de necessidades especiais... A numerosa Legislação em pelo século XXI já tem “quórum” para efetivar a participação social dos portadores, entretanto, o cenário cotidiano, apesar de alguns avanços, ainda nos impede de vivenciar o que a própria lei nos assegura. Muitas empresas, públicas e privadas, tem buscado a adaptação de suas estruturas para se colocar frente a inserção dos portadores ao seu quadro de colaboradores. Porém, a legislação não discutiu e expandiu a idéia de Educação Inclusiva, o que ainda não permitiu a sociedade como um todo, a tal adaptação, no que diz respeito a sua cultura, que impacta violentamente em sua conduta, e este sim, é um fator preponderante, que provoca a “Inércia Social” que corrói aos envolvidos, tolhendo seu direito real da tão comentada Inclusão... Além disto, estão cada vez mais, buscando a qualificação do profissional, nos aspectos, técnicos e comportamentais, os quais estão ligados diretamente a nossa capacidade de preparação, daí o crescimento por tantas especializações... É tempo de refletirmos sobre uma possível e tão sonhada revisão na legislação que nos entrega a responsabilidade de acolhimento, e que não foi ainda capaz de propagar o conhecimento necessário para a todos nós, de que limitações físicas não “atrofiam” nosso desejo de colher e dividir conhecimento, visto que vivemos na era da informação... Contudo, refletirmos também: Onde estão os professores? Os executivos do alto escalão? Os magnatas? Os políticos? Os bancários? Os engenheiros? E tantos outros... Onde estão eles que ainda não conseguimos ver? O princípio da Educação Inclusiva foi adotado na Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, reafirmado no Fórum Mundial de Educação e apoiado pelas Regras Básicas das Nações Unidas em Igualdade de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências. Esse princípio foi debatido novamente em novembro de 2008 durante a 48ª Conferência Internacional de Educação em Genebra. A educação inclusiva de qualidade se baseia no direito de todos – crianças, Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 3. Irma Regiane Alcides, coautor1 3 jovens e adultos – a receberem uma educação de qualidade que satisfaça suas necessidades básicas de aprendizagem e enriqueça suas vidas. Segundo Mel Ainscow ( Professor da Faculdade de Educação da Universidade de Manchester, Inglaterra, especialista em necessidades educacionais especiais), ainda não há unanimidade sobre a essência do conceito de Educação Inclusiva, em alguns países ele ainda é considerado um termo para atender as crianças com deficiências dentro dos sistemas regulares de educação. Internacionalmente, porém já é compreendido como uma reforma que apóia e acolhe a diversidade entre todos os sujeitos do processo educativo. Sendo assim, o objetivo da Educação Inclusiva é eliminar a exclusão social que resulta de atitudes e respostas à diversidade com relação à etnia, idade, classe social, religião, gênero e habilidades, o que constitui o direito humano básico e o alicerce para uma sociedade mais justa e solidária. 2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALICERCE FUNDAMENTAL NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE PARA TODOS 2.1. O que é Educação Inclusiva e como essa tarefa deve ser conceituada A escola é a primeira oportunidade que a criança tem de conviver com outras fora do seu ambiente familiar. E, possui quatro objetivos principais e importantes: Transmitir Conhecimentos; Formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres; Preparar para o trabalho; Promover o desenvolvimento pessoal A Educação Inclusiva é resultado de muitos estudos, discussões que tiveram a participação e apoio de organizações de pessoas com deficiências e educadores, no Brasil e no mundo, e do contexto histórico que resgata a educação como lugar do exercício da cidadania e da garantia dos direitos. O maior desafio do sistema escolar em todo mundo é o da inclusão educacional. Em países economicamente mais pobres, milhões de crianças nunca viram o interior de uma sala de aula (BELLAMY, 1999). Já em países mais ricos, muitos jovens deixam a escola sem qualificações úteis, enquanto outros são colocados em várias formas de Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 4. 4 A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul? condições especiais, longe das experiências educacionais comuns, e alguns simplesmente desistem, pois as aulas lhes parecem irrelevantes para suas vidas. (AINSCOW, 2006). Uma educação que respeite as características de cada estudante, que ofereça alternativas pedagógicas que atendam às necessidades educacionais de cada aluno, num ambiente inclusivo e acolhedor, onde todos possam aprender e conviver com as diferenças, é o que denominamos como EDUCAÇÃO INCLUSIVA. A sociedade para todos está em processo de construção, estamos em processo de transição de modelos e idéias, por isso ainda encontramos classes especiais e escolas especiais. O modelo de inclusão exige que abandonemos os preconceitos e estereótipos em relação à educação e as pessoas com deficiências. É preciso mudar opiniões, idéias e valores. 2.2. Deficiências e Necessidades Especiais: Definição Legal As lutas por conceituação e definição legal das diferentes categorias de cidadãos e dos seus respectivos direitos constituem um importante campo de luta ideológica e de constituição de identidades socioculturais. A educação inclusiva, formulada originalmente full inclusion (STAINBACK;STAINBACK, 1992), prescreve que todas as crianças devem ser incluídas na vida social e educacional da escola e de seu bairro. Esse movimento, iniciado nos países escandinavos, solidificou-se nos Estados Unidos e no Canadá, em particular em Quebec, tendo se tornado presente na maioria dos países da Europa. No Brasil, o princípio da integração vem sendo definido desde 1970 por um movimento que visa Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 5. Irma Regiane Alcides, coautor1 5 acabar com a segregação, favorecendo a integração entre os alunos com deficiência e os alunos considerados normais. Segundo a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994), a integração justifica-se como princípio na medida em que se refere aos valores democráticos de igualdade, participação ativa, respeito, direitos e deveres socialmente estabelecidos. Entretanto, Sousa e Silva argumentam que: [...] o “princípio da integração”, ao pressupor que todos somos iguais e por isso podemos estar juntos, desconsidera que somos todos diferentes, únicos, singulares. Mesmo defendendo a inserção da pessoa com deficiência no âmbito escolar e social, ignora sua história cultural e é capaz de reforçar uma idéia de deficiência vinculada à doença, à anormalidade. A realidade mostra que esses mesmos estudantes com deficiência, por não conseguirem se adaptar à escola regular, são encaminhados de volta à escola especial, que acaba por segregá-los novamente (SOUZA;SILVA, 2005, p.10). Já a proposição do conceito das necessidades educacionais especiais representa uma das tentativas de reconfigurar as possibilidades de interação e reconhecimento civil das pessoas com deficiência, retirando-se o foco dos diagnósticos de deficiência e colocando-o sobre as necessidades de aprendizagem. No caso da inclusão desses sujeitos na vida escolar, em vez de se destacar a deficiência da pessoa, busca-se enfatizar o ensino e a escola, bem como as formas e condições de aprendizagem. Em vez de se atribuir ao estudante a origem de um problema, define-se seu tipo de inserção no contexto escolar pelo tipo de resposta educativa e de recursos e apoios que a escola deve proporcionar-lhe para que obtenha sucesso escolar. Em vez de esperar que o estudante se ajuste unilateralmente a padrões de normalidade para aprender, interpela-se a própria organização escolar, no sentido de que se reestruture para atender à diversidade de seus educandos (BRASIL, 2001b, p.14). Nessa direção, o Parecer nº 17/2001, do Conselho Nacional de Educação(BRASIL, 2001b), afirma o conceito de necessidades educacionais especiais como nova abordagem. Propõe ampliar o atendimento escolar, com sistemas de apoio específicos a todos os estudantes que apresentem necessidades educacionais especiais ao longo de seus processos de aprendizagem. Dessa forma, o parecer enfatiza três grupos de pessoas com necessidades especiais, reunindo: 1) aqueles que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem, tanto as não vinculadas a uma causa orgânica específica quanto as necessidades relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; 2) aquelas pessoas que apresentam dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais estudantes, particularmente os portadores de surdez, cegueira, Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 6. 6 A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul? surdo-cegueira ou distúrbios acentuados de linguagem; 3) aquelas pessoas que apresentam altas habilidades /superdotação e que, recebendo apoio específico, podem concluir em menor tempo a série ou a etapa escolar(BRASIL, 2001b, p.19). A Declaração de Salamanca, além de considerar as crianças com deficiência e as superdotadas, já ampliava a concepção de necessidades especiais para englobar também as crianças que vivem nas ruas e que trabalham, as crianças de populações distantes e nômades, as crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e as crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidos ou marginalizados (UNESCO, 1994). Verifica-se nessa conceituação, portanto, preocupação com outras categorias para além da deficiência, das altas habilidades e das condutas típicas, tais como etnia, classe, enfim, um conjunto representativo daquilo que vem sendo tratado como minorias ou como excluídos. A definição de deficiências e de necessidades especiais amplia a concepção de diferenças e de trabalho educativo com a diversidade, referenciando-se a categorias e a dimensões lógicas – fisiológicas, psicológicas, sociológicas (classe), antropológicas (étnicas, culturais) de variados domínios de conhecimento. Tal complexidade conceitual (certamente motivada pelas lutas dos diferentes movimentos socioculturais que requerem o reconhecimento de suas respectivas construções identitárias no contexto social e educacional) enseja compreensões e condutas mais flexíveis e polissêmicas, facilitando o trabalho educativo com as singularidades e com as diferentes histórias e trajetórias de construção identitária dos sujeitos e dos movimentos sociais pertinentes. Buscam-se instrumentos lingüísticos e conceituais que permitam a expressão, a comunicação, a interação e o reconhecimento das diversas subjetividades e identidades que se constroem e se transformam continuamente em processos de interação recíproca. 2.3. Por que temos preconceitos? Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude baseado nos estudos da Psicologia Social. ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular. Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo - crenças e idéias, valores afetivos associados de sentimentos e emoções que por sua vez levam a uma série de tendências comportamentais – predisposições. Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 7. Irma Regiane Alcides, coautor1 7 e um comportamental: a cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência à um objeto. Toma-se uma atitude em relação à que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma instituição social. o afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que por sua vez gera uma atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas. o comportamento –a predisposição : sentimentos negativos levam a aproximação e negativos ao esquivamento ou escape. Desta forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um indivíduo está predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado grupo de uma forma negativa previsível. Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças; sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos. Segundo Allport(1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas freqüentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais “baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação. Já, para Adorno(1950) a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita. Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível. A simplificação exagerada leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e discriminação. Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as pessoas fazem para se conformar(conformidade social). Se nos relacionamos com pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos do eu resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 8. 8 A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul? as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas muito antes de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A pressão dos colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de determinadas visões tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de outros grupos sociais. O homem moderno ainda é o mesmo dos tempos primitivos. Diante do diferente, do desconhecido, é normal adotar atitudes defensivas ou de ataque, que se expressam pelo preconceito, pela discriminação, pelas palavras ofensivas ou por atos violentos. A partir do reconhecimento de que temos preconceitos, é mais fácil mudar nosso comportamento e perceber que existem muito mais coisas que nos unem do que coisas que nos separam. As pessoas portadoras de necessidades especiais são como todas as demais: possuem sonhos, medos, esperança, raiva... 2.4. Onde estão as pessoas com necessidades especiais? Por que quase não são vistas? Desde a década de 80, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 10% da população de todo país, são constituídos por pessoas com algum tipo de necessidade especial. De acordo com (SENSO DEMOGRÁFICO, 2000) 14,5% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, contingente este formado por 24 milhões de pessoas. No entanto, nos dias atuais ainda não é comum ver estas pessoas nas ruas, ônibus, escolas, cinemas, restaurantes, e raramente aparecem em programas de TV, política, etc... Essa “invisibilidade” é resultado do círculo vicioso dos ambientes sem a devida acessibilidade. Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 9. Irma Regiane Alcides, coautor1 9 3. A ACESSIBILIDADE A preparação de um ambiente para receber uma pessoa com deficiência, inclusive aquelas que usam cadeiras de rodas, deve possibilitar o uso do mobiliário (cadeiras, mesas, balcões, bebedouros, quadros de avisos, equipamentos, etc...). Além disso, nos espaços de modo geral, deve também permitir a fácil movimentação (entrada principal, salas, sanitários, pátios, quadras, parques, bibliotecas, laboratórios, lanchonetes, etc...) Nas ruas, a preocupação também deve ocorrer com as guias rebaixadas, travessia de pedestres sinalizadas, semáforos sonoros para cegos, pontos de ônibus que permitam o embarque seguro, calçadas conservadas e livres de canteiros de flores, postes, caixas de correio, orelhões e bancas de jornal mal posicionados. Muitas vezes não percebemos, mas esses obstáculos podem representar uma verdadeira “olimpíada” para as pessoas com deficiência. Basicamente, o acesso pode ser facilitado com: Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 10. 10 A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul? Portas e corredores mais largos (80 cm); Construção de rampas com a inclinação adequada (segundo as Normas da ABNT), com corrimãos e mureta para impedir que a cadeira de rodas por exemplo, venha a cair; Elevadores, quando necessário e possível; Sanitários que permitam entrar e fazer a volta com a cadeira de rodas; com vaso sanitário da altura da cadeira; com pias que permitam o encaixe da cadeira de rodas e manuseio confortável da torneira; com a porta sem mola que abre para fora e com indicação de feminino e masculino de cor contrastante, de fácil reconhecimento e com tamanho bem visível; Pisos antiderrapantes; Nas bibliotecas: Acesso virtual(via computador e internet); Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 11. Irma Regiane Alcides, coautor1 11 Acervo em braile, fitas cassete e CD-ROM; Serviço de orientação estimulante e adequado às necessidades dos diversos tipos de usuários; Prazo prolongado para devolução; Cartões de autorização para que terceiros retirem e devolvam livros; Assistentes para acesso ao acervo; Assistentes para leitura (ledores de livros para cegos); Lupas ou lentes de aumento; Intérprete de Língua Brasileira de Sinais; Salas de vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para seus usuários surdos. A maioria dos novos modelos de TV já sai de fábrica com esse dispositivo de acionamento opcional chamado “closed caption”, através do qual tudo o que é dito aparece legendado na tela. Porém, ainda não são todas as emissoras de TV que oferecem o serviço de legendagem em sua programação. Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 12. 12 A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul? 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um movimento muito polemizado, pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição ! Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações estão, muitas vezes na concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem outras resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades. O objetivo deste artigo é clarear o sentido da inclusão, como inovação, tornan- do-o compreensível, aos que se interessam pela educação como um direito de todos, que precisa ser respeitado. Pretendemos, também demonstrar a viabilidade da inclusão pela transforma- ção geral das escolas, visando a atender aos princípios deste novo paradigma educacio- nal. Toda a descrição feita expressa experiências, no cenário educacional brasileiro sob três ângulos : o dos desafios provocados por essa inovação, o das ações no sentido de efetivá-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação de professores e, final- mente o das perspectivas que se abrem à educação escolar, a partir de sua implementação. De modo geral, é preciso iniciar uma reconstrução educacional urgente para que a conscientização do tema se torne verdadeiramente abrangente. A legislação obriga as empresas a contratar pessoas portadoras de deficiências, no entanto, suas estruturas ainda não estão adequadas para o devido acolhimento dos mesmos, bem como os colaboradores ainda possuem enraizados muitos preconceitos. Outro fator que acentua a própria exclusão é a baixa qualificação profissional. Em razão de sua baixa motivação, essas pessoas deixam de buscar vagas de trabalho, e também investimentos em sua própria capacitação. A educação é o alicerce da realidade da inclusão não só educacional e profissional, mas também social. Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 13. Irma Regiane Alcides, coautor1 13 Transformar nossas escolas em escolas inclusivas requer dar uma resposta educativa de acordo com as necessidades de seus alunos e desenvolver propostas didáticas que estimulem e fomentem a participação de todos. Nesta linha de argumentação, a educação inclusiva opõe-se a qualquer forma de segregação e a qualquer argumento que justifique o isolamento no exercício dos direitos à educação. Os impactos da nossa educação refletem uma cutura carente de transformação nas formas de conduta. O mundo social e a atuação do outro são os parâmetros necessários para a consolidação desta transformação. As expectativas, os valores, as possibilidades e os limites postos pelo meio vão guiar o indivíduo para que signifique a realidade e a si próprio. Uma deficiência quando está presente já vem marcada pelo estigma de pertencer a um segmento determinado, inferiorizado e infantilizado. Contudo, o processo imprescindível para a tão comentada inclusão social desta camada é tornar a participação dos próprios sujeitos da problemática, as pessoas com deficiências ou portadoras de necessidades especiais educacionais, mais presente, pois o que se vê até aqui são intensas pesquisas, estudos desenvolvidos, legislação implantada, etc...quando os próprios “beneficiários” são considerados incapazes e sem autonomia para expressar suas capacidades, dificuldades, desejos, etc... A ânsia por uma vida participativa em todos os seus âmbitos sociais se faz presente nessa camada social. Todos almejam ser vistos, tratados com igualdade. Possuem sonhos, projetos. Muitos já conquistaram sua independência profissional e financeira, outros ainda vivem no anonimato. A transformação social deve ocorrer em todos os setores da sociedade, porém, a educação ainda é, e continuará sendo, nosso único instrumento de renovação. Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14
  • 14. 14 A inclusão das Pessoas com Necessidades Especiais e a Educação Inclusiva: Norte ou Sul? REFERÊNCIAS AINSCOW, Mel. Understending the Development of Inclusive Schools. Londres: Falmer, 1999. AINSCOW, Mel. From Them to Us: an internacional study of inclusion in education. Londres: Routledge, 1998. UNESCO. The Open File on Inclusive Education: Paris: UNESCO, 2001. UNESCO. World Conference on Special Needs Education: acess and quality; final report. Paris: UNESCO, 1994. BELLAMY, C. The State of the World’s Children: Education. Nova York: UNICEF, 1999. ONU. Convenção dos Direitos da Criança. Nova York: ONU, 1989. ONU. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Nova York: ONU, 1968. SOUSA, S.B.;SILVA, R. V. de S. Inclusão escolar e a pessoa com deficiência: XXVIII Reunião Anual da Anped. Caxambu: ANPED, 2005. STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Controversial isswes confronting special education: Divergent perspectives. Boston: ALLYN & BACON, 1992. autor biografia... coautor1 biografia... Nome da Revista de Ciências Gerenciais • Vol. , Nº. 0, Ano 2009 • p. 1-14