IVAS na infância: breve revisão da literatura - Seminário apresentado no Internato em Pediatria I (PED I ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal/RN - Brasil
1. IVAS NA INFÂNCIA:
BREVE REVISÃO DA
LITERATURA
DISCENTES:
AMANDA GINANI
LEONARDO CAMILO
LORENA MONTE
MARIANA TORQUATO
PEDRO CAVALCANTE
VICTOR EMANOEL DANTAS
DOCENTE ORIENTADOR:
PROF LEONARDO MOURA
INTERNATO EM PEDIATRIA I
2.
3. INTRODUÇÃO
Alto índice de consultas ambulatoriais e em PS;
Quadros agudos x crônicos, de resolução espontânea x evolução complicada
(necessitando terapia medicamentosa e/ou cirúrgica) e eventualmente
fatal;
Maiores causas de MORTALIDADE em países com poucos recursos financeiros
e de saúde;
Agentes causais: são vírus (pelo menos 70%), menos frequentemente
bactérias* e mais raramente fungos
5. INTRODUÇÃO
Infecções virais facilitam a colonização bacteriana:
1. Dano físico ao epitélio (prejuízo dos mecanismos de
defesa e exposição da membrana basal);
2. Morte das células ciliares, perda estrutural e funcional
dos cílios -> acúmulo secreções;
3. Inflamação: expressão de moléculas que bactérias usam
como receptores.
6. INTRODUÇÃO
Algumas IVAS: forte sazonalidade (bioclimatologia deve ser
considerada);
Variações das condições térmicas ambientais:
mecanismos termorreguladores como alterações na
frequência respiratória;
Variações de umidade, ventos, pressão e a poluição:
alterações especialmente no sistema mucociliar do
aparelho respiratório.
8. RESFRIADO COMUM
IVAS mais comum (6-7 epis/ano)
200 tipos de vírus
Rinovírus (70%) – pelo menos 100 sorotipos
VSR (70%) em < 1 ano
Primavera e outono (rinovírus)
Inverno (Myxovirus influenza e vírus sincicial
respiratório)
Sintomatologia: VAS + indisposição leve
10. GRIPE
Menos prevalente
Sintomatologia: maior comprometimento sistêmico.
Vírus Influenza (sintomas leves ou complicar com PNM,
sendo importante diferenciar quando for pelo vírus A)
11. RESFRIADO COMUM E GRIPE
Algumas características do resfriado (mesma etiologia viral -> modos de
transmissão):
Aerossois ou gotículas de Flugge da tosse, contato direto, objetos,
procedimentos médicos.
Início da transmissão: 1-2 dias da infecção até os primeiros dias dos sintomas
13. RESFRIADO COMUM E GRIPE
TRATAMENTO:
- - Cuidados gerais (febre, higiene lavagem nasal, diminuir transmissão);
- - Dependendo da necessidade (dipirona, paracetamol, ibuprofeno,
antihistamínicos* e descongestionantes*);
- - TTT específico: influenza (Hemaglutinina e Neuraminidase)
- Amantadina e rimantadina
- Zanamivir e oseltamivir*
14. GRIPE A
H1N1
- Atenção para:
Portadores de doenças crônicas -> rápida progressão e maior morbimortalidade!
- Sinais/sintomas:
Febre alta e persistente desde o início
Dispneia em atividades físicas leves/repouso
Taquipnéia e cianose, principalmente em crianças
Expectoração muco ou piossanguinolenta
Hipotensão arterial
Adinamia, sonolência , confusão mental
16. RINOSSINUSITE (RS)
Inflamação da mucosa do nariz e seios paranasais
Rinossinusite x Sinusite (terminologia)
Uma das maiores complicações bacterianas associadas às IVAS
Processo exsudativo + ulceração e necrose tecidual + hemorragia
subepitelial + infiltrado predominantemente neutrofílico
Consequência de:
Processos infecciosos virais, bacterianos, fúngicos
Alergia
Polipose nasossinusal
Disfunção vasomotora da mucosa
18. “A suspeita de uma Rinossinusite Bacteriana deve ocorrer quando os
sintomas de uma IVAS viral pioram após o 5º dia ou persistem por
mais de 10 dias “
(Projeto Diretrizes- AMB/CFM- Diagnóstico e TTT da Rinossinussite 2001)
“Uma IVAS viral que não melhorou a partir do 5 º dia ou cujos
sintomas persistem além do 10º dia, indicam infecção bacteriana”.
(Revista Brasileira de ORL - Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008)
QUANDO SUSPEITAR DA
ETIOLOGIA BACTERIANA?
19. ETIOLOGIA BACTERIANA
Maior virulência do agente etiológico
Presença de bactérias patogênicas na rinofaringe
Supressão viral da função de neutrófilos, macrófagos
Aumento na produção local de bradicinina, histamina
Alterações anatômicas ou corpos estranhos
Alergia
Tabagismo
21. QUADRO CLÍNICO
Obstrução nasal
Sensação de congestão facial*
Dores faciais em peso *
Rinorreia mucopurulenta ant/post
Hiposmia/ Anosmia
Edema periorbital
Plenitude auricular
Cefaleia
Dor dentaria
Tosse
Irritação faríngea
Comprometimento do estado geral
CRITÉRIOS MAIORES
22. EVOLUÇÃO COMPARATIVA
Rinossinusite aguda
viral
Rinossinusite aguda
bacteriana
Alergia
Duração Até 7 a 10 dias Além de 7 a 10 dias Variável
Obstrução nasal Presente Presente Presente
Espirros Geralmente presentes Ausente Geralmente presentes
Prurido Ocasionalmente
presente
Ausente Presente
Rinorreia Hialina ou seromucóide Mucopurulenta ou
purulenta
Hialina
Dor
facial/cefaleia
Geralmente ausente Geralmente presente Ausente
Febre Ocasionalmente
presente
Ocasionalmente
presente
Ausente
Tosse Presente Geralmente presente Ocasionalmente
presente
Halitose Geralmente ausente Geralmente presente Ausente
25. ESCOLHA:
Amoxicilina: 50mg/kg/dia 8/8
horas ou 12/12hs por 10 dias
Outras opções:
Amoxicilina: 80-90mg /kg/dia
12/12hs
Amox+Clav:50mg/kg/dia 2x/dia
Cefaclor: 20mg/kg/dia 3x ou
40mg/kg/dia 2x
Cefuroxima: 30mg/kg/dia 12/12h
Claritromicina: 7,5mg /kg/dose
12/12hs
Sulfametoxazol/ Trimetropin:
40/mg /kg /dia 2x
26. ATENÇÃO!!!
“ A recomendação do uso inicial de sintomáticos seguido
da prescrição de antibioticoterapia, caso não haja
melhora do quadro clínico, se sustenta pela alta
incidência de etiologia viral nestas doenças, PORÉM,
não pode ser seguido em muitos casos quando a conduta
deve ser tomada de forma imediata e única, sem
possibilidade de retorno.”
28. OTITE MÉDIA AGUDA
Ouvido médio: medial à membrana timpânica e lateral ao
ouvido interno;
Cavidade mastoide e tuba auditiva;
Alterações inflamatórias e infecciosas no epitélio e
subepitélio; presença de fluido ou efusão.
29. OTITE MÉDIA AGUDA
Prevalente na infância (90% terão antes dos 5 anos);
Bimodal:
Dois picos: entre 6m e 2anos e 4 - 7 anos;
Fatores de risco:
Intrínsecos: imunodeficiências, alergias, DRGE, anormalidades
craniofaciais, alterações anatômicas e funcionais do nariz, palato e tuba
auditiva;
Extrínsecos: AM ausente ou deficiente (cça em posição horizontal), pais
fumantes, creches e alterações bioclimatológicas, IVAS.
30. OTITE MÉDIA AGUDA
Etiologia viral: Sincicial respiratório, adenovírus, myxovírus influenza A ou
B;
Sintomas:
Otalgia, sensação de plenitude auricular e perda auditiva, irritabilidade,
vômitos, diarreia e febre.
Etiologia bacteriana: Streptococcus pneumoniae (40%), Haemophilus
influenza (25%), Moraxella catarhallis (12%);
Sintomas:
Persistência ou piora dos sintomas após 5-7 dias;
À otoscopia: abaulamento, aumento da vascularização, hiperemia e
perfuração timpânica, com ou sem otorréia.
31.
32. OTITE MÉDIA AGUDA
TRATAMENTO: semelhante da rinossinusite aguda:
Analgesia, auxilio na drenagem de secreções, controle
das infecções;
Duração do tto com ATB: gravidade dos sinais e
sintomas; evolução favorável dos mesmos;
Ex: Amoxicilina 45-90mg/kg/dia, 8/8h por 10-14 dias;
Paracentese, quando necessária.
50. EPIGLOTITE
Processo infeccioso agudo da cartilagem epiglote, eventualmente
com acometimento de outras estruturas da região supraglótica,
como as pregas ariepiglóticas e cartilagens aritenóides e diminuição
do espaço da valécula por edema tecidual.
Pouco frequente na atualidade, em especial na esfera pediátrica.
Vacinação contra o Hemophilus influenza tipo B (principal agente
etiológico nesta faixa etária)
Adultos: prevalência tem se mantido estável, existindo uma maior
variabilidade de agentes (Stafiloccus sp., Streptococcus sp.,
Streptococcus pneumoniae, Moraxella catharralhis, Candida albicans,
vírus como o herpes simples e micobactérias)
51. QUADRO CLÍNICO
Odinofagia
Toxemia
Dispneia com estridor inspiratório progressivo
Linfadenopatia e dores cervicais à palpação
Postura preferencial na posição sentada, boca aberta e língua
protrusa
DIAGNÓSTICO
Quadro clínico
Laringoscopia indireta ou da nasolaringofibroscopia
Eventualmente os raios X simples da região cervical em perfil
podem mostrar o aumento de volume da epiglote (sinal do polegar)
52. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Abscessos faríngeos
Mononucleose infecciosa
Laringotraqueítes bacterianas agudas
Laringite aguda
Ingestão de corpos estranhos ou até mesmo substâncias
cáusticas
53. TRATAMENTO
ASSEGURAR UMA VIA RESPIRATÓRIA PATENTE
Acesso venoso e a intubação orotraqueal de emergência: pacientes que não
respondam bem à oxigenoterapia umidificada, com piora da dispneia e
agitação ou em pacientes que já se apresentem com este quadro, além de
cianose e letargia;
Após via respiratória pérvia: HIDRATAÇÃO e ANTIMICROBIANOS
imediatamente, além de COLETA DE MATERIAL para cultura e antibiograma
Cefotaxima ou Ceftriaxona
50 mg/kg/dia em recém-nascidos a 100 mg/kg/dia em crianças até 12 anos);
Dose única diária em crianças maiores e adultos, 1 g a 2 g a cada 12 horas;
Ampicilina-sulbactam
Cloranfenicol
Antimicrobianos devem ser utilizados por um período mínimo de 10 dias.
55. LARINGITE AGUDA
Acomete com maior frequência lactentes e pré-escolares
Pico de incidência: 02 anos de idade
Geralmente tem etiologia viral: vírus parainfluenza I e II e o vírus
sincicial respiratório mais comumente envolvidos
Myxoplasma influenza e o adenovírus são também considerados dentre
os agentes etiológicos
Geralmente secundária a IVAS virais
56. QUADRO CLÍNICO
Evolução lenta, com início do quadro com CORIZA, FEBRÍCULA E TOSSE
Em 24-48 horas acentua-se o comprometimento da região infraglótica,
com obstrução de grau leve a grave e proporcional dificuldade
respiratória.
DISFONIA E CHORO ROUCO e eventualmente DISPNEIA, caracterizada por
estridor inspiratório
Evolução natural: Persistência do quadro obstrutivo da via aérea por 2-3
dias e regressão no final de cinco dias.
Em casos em que se instale FEBRE, DORES E MANUTENÇÃO OU PIORA DOS
SINTOMAS, mesmo com a terapia de suporte (hidratação, umidificação
ambiental, corticoterapia oral e inalatória), deve ser suspeitada de
INFECÇÃO BACTERIANA SECUNDÁRIA;
57. TRATAMENTO
Quadros mais leves: TERAPIA DE SUPORTE BÁSICA,
podendo eventualmente ser necessária a nebulização
com adrenalina e beclometasona
Casos mais severos: Piora respiratória, tiragem
supraesternal e, em alguns casos, cianose e torpor,
necessitando:
INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
TERAPIA ENDOVENOSA
59. DISCUSSÃO
Prejuízo da homeostase respiratória e funcionamento do sistema
mucociliar
Condições intrínsecas e extrínsecas
Uso indiscriminado de Antimicrobianos
Resistência bacteriana
Efeitos colaterais desnecessários
Custo geral do atendimento médico
EXCEÇÃO: pacientes portadores de processos facilitadores locais
Grupos de risco na pediatria
Prematuros
Crianças até dois anos de vida
Imunossuprimidos
Portadores de afecções crônicas
Desnutridos ; Anêmicos
60. “ É preciso conscientizar profissionais da saúde e leigos sobre a
evolução natural das IVAS e os riscos do uso abusivo de
antibióticos em crianças com concomitante garantia de
acesso para reavaliação frente à persistência dos sintomas ou
piora clínica.”
61. DISCUSSÃO
“Além de um correto diagnóstico e tratamento, medidas
preventivas são altamente significativas e
comprovadamente eficazes no controle das IVAS, podendo
até mesmo reduzir os riscos de uma infecção viral evoluir
com comprometimento bacteriano secundário.”
LEMBRAR:
Vacinas
Medidas de higiene pessoal
Influência da bioclimatologia
Correta identificação da participação dos fatores ecobióticos
63. REFERÊNCIAS
ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 28 (1: 14-8, 2010)
Hueb, M M. Infecções de vias aéreas superiores, 2010
Projeto Diretrizes- AMB/CFM- Diagnóstico e TTT da Rinossinussite 2001
Revista Brasileira de ORL - Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008