SlideShare a Scribd company logo
1 of 9
Download to read offline
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE LUSO-PARAENSE: TAIPA COMO
“LUGAR DE MEMÓRIA”
MARQUES DE CARVALHO, Ronaldo N.F.; SOUZA, José Antonio; SALVADOR MIRANDA,
Cybelle; BESSA, Brena Tavares
RESUMO:
A presença nos centros históricos de cidades paraenses de construções residenciais cuja técnica
construtiva utiliza a terra em forma de taipa ou tabique tem sido pouco estudada. Herança lusa
adaptada ao solo brasileiro, em razão da facilidade de execução por mão-de-obra pouco culta,
bem como devido à abundância do material natural, a taipa suscita o entendimento de suas
origens e transposições, uma vez que, embora seja pouco usada na arquitetura urbana
contemporânea, permanece viva na arquitetura rural de nossa região. Diante da necessidade de
preservação de exemplares da arquitetura pretérita em centros históricos de cidades como
Belém, Bragança, Cametá, cidades homônimas às de Portugal, sua caracterização técnico-
estético-histórica representa a oportunidade de torná-la também “lugar de memória”, na
concepção de Pierre Nora. A valorização da taipa de mão serve a manutenção de um modo de
construir e de viver que relaciona o Pará a suas origens, fazendo emergir seu valor de
antiguidade e contribuindo para a restauração não só do objeto arquitetônico, mas de um saber
fazer em sua relação com a tradição.
PALAVRAS-CHAVE: Memória; Patrimônio; Taipa de mão; Lugar de Memória.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo nasce no momento oportuno, uma vez que, em pleno século XXI,
quando novas tecnologias emergem, deparamos com uma forte tendência à valorização
dos recursos naturais, com grande destaque aos renováveis, embora haja presença de
jazidas minerais ainda com razoável abundância. Concomitantemente, deslancha na
atualidade o compromisso de valorizar o patrimônio construído nas cidades, em que o
senso da preservação passa a ser visto e vivido com maior intensidade pelos governos e
pelas organizações não governamentais.
Países da Europa, com destaque a Portugal, debruçam-se na busca do resgate de
antigas tecnologias, entre as quais a taipa, destacando-se como alternativa construtiva e
de restauro. No Brasil, mais precisamente no Pará, a cidade de Belém e outras cidades
paraenses, muitas das quais homônimas às cidades portuguesas, apresentam inúmeras
edificações, notadamente habitacionais, que possuem suas estruturas de paredes
construídas em Taipa de Mão.
Assim, tomando como fundamento o Patrimônio cultural com suas memórias,
destacamos a Taipa de Mão neste artigo como um ‘lugar de memória’ tanto no aspecto
tecnológico do ‘saber fazer’, quanto cultural, reforçando os laços que ligam o Pará a
Portugal.
2 A TAIPA
O material construtivo mais amplamente utilizado ao longo dos tempos é a terra.
“Por arquitectura em terra entende-se toda e qualquer construção edificada em terra
crua, ou seja, todas as construções que utilizem a terra como matéria-prima sem
alteração das suas características mineralógicas.” (FERNANDES, 2006. p. 20)
Existem diversos modos de se construir com a terra, de acordo com o tipo de
terra disponível. Por ser um material natural, reciclável, ecológico e sustentável, a terra
possibilita uma diversidade de aplicações, desde a habitação vernácula, até palácios e
fortificações. (CORREIA, 2006) A existência da argila na composição dos solos
permite usar a terra para construir, já que ela é o elemento que estabelece a ligação entre
os grãos de areia, mantendo-os unidos, formando um conjunto sólido e coeso.
(ROCHA, 2006)
As tradições vernáculas perpetuam-se nas comunidades nas quais são utilizadas,
por não empregarem produtos manufaturados ou instrumentos mecanizados. A função
de taipeiro é um processo de aprendizagem entre gerações: tutelado pela influência
paterna, o ofício do passado é passado como técnica construtiva. No litoral alentejano, a
técnica da taipa surge em virtude dos atributos da terra e dos conhecimentos
construtivos locais. (PEREIRA, 2006)
Para se intervir neste tipo de edificação, é de fundamental importância
identificar corretamente o objeto para sua adequada conservação, o caráter da
intervenção e preservação a nível arquitetônico, arqueológico e da paisagem cultural,
preservando a identidade da comunidade. (CORREIA, 2006, p. 13)
Duas técnicas são as mais utilizadas no Brasil, a taipa de pilão e a taipa de mão.
A primeira é caracterizada como uma técnica monolítica e portante, na qual não existe
separação entre o material e a técnica construtiva. Dentre as diversas técnicas incluídas
nessa categoria, a taipa de pilão caracteriza-se como a terra prensada: a técnica consiste
em prensar ou comprimir camadas de terra quase seca dentro de uma cofragem – os
taipais. Em Portugal a técnica é amplamente utilizada, encontrada sobretudo em
fortificações históricas do Sul, na arquitetura tradicional e pública em paredes exteriores
e interiores do Alentejo, em paredes exteriores do Algarve e em alguns edifícios em
áreas restritas no Centro e Norte litoral. (FERNANDES, 2006. p. 20-21)
A taipa de mão, ou tabique, caracteriza-se como técnica de enchimento de
estrutura de suporte, que compreende a terra como elemento secundário, no enchimento
ou revestimento de outras estruturas. Essas estruturas são tradicionalmente a madeira ou
outros materiais de origem vegetal, como canas e bambus. Nessa categoria, o tabique é
Figura 1: Casa em taipa, região do Alentejo, Portugal
Fonte: CORREIA, 2000, p. 31
classificado como terra de recobrimento, que consiste no revestimento com terra de
estruturas em grade, muito comum em países nórdicos e tropicais, na África, na
América Latina, Europa Central e Norte. Recebe a denominação de Torchis na França e
de taipa fasquio ou pau-a-pique em Portugal e no Brasil. (FERNANDES, 2006. p. 23)
3 A TAIPA-DE-MÃO OU TABIQUE: DE PORTUGAL AO PARÁ
O termo ‘taipa’ tem uma dualidade terminológica no Norte e no Sul de Portugal.
No Norte o termo ‘taipa’ refere-se à taipa de fasquio, enquanto no Sul de Portugal, o
termo refere-se à técnica construtiva de terra comprimida com o maço ou pilão.
(CORREIA, 2000. p. 31) Uma das técnicas tradicionais de construção em terra mais
utilizadas era o tabique: estrutura de madeira ou caniço, preenchida com terra e/ou com
argamassa de cal e areia.
No Norte de Portugal, e pertencendo à mesma família de estrutura
tradicional mista do tabique, utilizava-se a taipa de fasquio, composta
por madeira e argamassa de terra. Era constituída por pranchas de
madeira verticais, que formavam uma estrutura com outras pranchas,
pregadas da diagonal. Por último, pregavam-se as ripas horizontais, o
fasquio, e colocava-se a argamassa e o reboco de terra e/ou cal. A
taipa de fasquio era a técnica mais utilizada nos centros históricos do
Porto e Guimarães. (CORREIA, 2000. p. 31)
Na Europa, profissionais e pesquisadores procuram preservar as técnicas
tradicionais de construção em terra através de intervenções de restauro ou consolidação
Figura 2: Casa Av. Generalíssimo, Belém
Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2011
Figura 3: Parede em taipa de fasquio
Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2011
das estruturas existentes, pela investigação científica, pelo estudo e catalogação do
patrimônio edificado e pela difusão do conhecimento científico da Arquitetura de terra.
(CORREIA, 2000. p. 19)
4 CARACTERIZANDO A TAIPA COMO “LUGAR DE MEMÓRIA”
A terra como material construtivo vem sendo utilizada no Brasil desde a colônia,
enfatizando-se a técnica do pau-a-pique ou taipa de mão, tabique ou barrote ou até
mesmo sopapo, em concomitância com a taipa de pilão, tecnologias envolvendo argilas
e madeiras. Na região Norte, são utilizadas peças de estruturação e de ripamento de
madeira cortadas mais definidas, enquanto que no Centro-Oeste e Nordeste brasileiro a
madeira apresenta-se de uma forma diferente, de vez que aí não existem árvores em
abundância para o corte de peças padronizadas para estrutura, divisórias e assoalhos. Lá
são usados galhos, varas de bambu além de madeiras roliças extraídas em raras áreas
disponíveis.
No caso específico do migrante regional, ocorrem fatos em que estes são
oriundos de outras regiões rurais localizadas em terra firme notadamente da chamada
região do Salgado e Bragantina, a Nordeste do Pará. Esta técnica também é comum nas
regiões do Nordeste e Centro-Oeste brasileiro, nas caatingas e cerrados.
Na construção em taipa, são utilizadas estruturas em xadrez em que varas finas e
tortuosas (galhos) são fixadas com cipó em amarras, confeccionando desta maneira as
Figura 4: Casa da Família Medeiros, em Bragança
Foto: Fortunato Neto, 2011
Figura 5: Detalhe da parede em taipa de mão
Foto: Fortunato Neto, 2011
paredes que, ao deixarem pequenos vazados, como num treliçado rústico, estes são
preenchidos com barro jogado com a mão na técnica do sopapo, uma vez que o barro é
lançado com força como uma pedra, facilitando sua fixação na vertical.
Alguns exemplares deste tipo de habitação ainda são encontrados em Belém,
embora com pouca frequência, em regiões mais afastadas do centro ou de forma mais
erudita em casas construídas pelos portugueses na Cidade Velha (origem de Belém) e
bairros como a Campina e o Reduto, entre outros. Nas soluções mais populares, o piso é
construído em barro batido e por isto a casa só pode ser erguida em terra firme.
Em diversas cidades paraenses, a criação de lugares de memória por vezes
impede que o processo contínuo de transformação corrompa seus perfis e mudanças
abruptas se processem. É comum se ver que as revitalizações pairam nos Sítios gêneses
das urbis:na cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, a Cidade Velha, e noutras
cidades do interior paraense com suas fachadas que originaram o primeiro sítio, hoje
mesmo fragmentadas, guardam espaços abertos e edificações construídas com técnicas
memoriais.
A curiosidade pelos locais onde a memória encontra-se cristalizada advém da
morte da memória – “Há locais de memória porque não há mais meios de memória”
(NORA, 1993. p. 7). Com a morte da memória, a contemporaneidade vê necessária a
Figura 6: Casa de Sopapo
Fonte: COSTA E MESQUITA, 1978, p. 31
Figura 7: A Taipa em Belém
Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2003
instituição de “lugares de memória”, nos quais a recriação de tempos idos é feita de
forma não-natural. O que se refere ao passado é utilizado como um suporte exterior ao
qual a memória se apóia para se fazer presente – “[...] a memória pendura-se em
lugares.” (Idem, p. 26).
A cristalização da memória em um determinado local estabelece o passado
como presente, uma tentativa de recriar uma paisagem urbana que não existe mais, “[...]
o recorte material de uma unidade temporal.” (Idem, p. 22) Nesse contexto de
revitalização de áreas centrais e sítios históricos, os “lugares de memória” são criados.
A “película efêmera da atualidade” mostra que a tendência das sociedades
contemporâneas é o esquecimento, onde o novo e/ou jovem é valorizado em detrimento
do antigo/velho. Sob o olhar do distanciamento histórico, a herança é inventariada, já
que a memória não é mais nossa “[...] entre a dessacralização rápida e a sacralização
provisoriamente reconduzida.” (Idem, p. 13), onde a recondução traz uma nova
dinâmica de utilização do espaço.
Preservando nos seus conjuntos um pouco daquilo que foram no passado, com
suas configurações transitadas ao longo dos tempos, mas na continuidade do
crescimento da Malha Urbana com desenhos diferentes, Belém expande-se. Nos
Figura 8 – Casa Canto do Sabiá, na vila de
Mosqueiro
Foto: Fortunato Ernesto Neto, 2011
Figura 9 – Detalhe de parede de taipa de mão,
Canto do Sabiá
Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2011
casarios, nas mais singelas habitações operárias e nas residências em retiro, as paredes
de Taipa predominam, e os telhados de duas, três ou quatro águas contrastam com o
azul do céu o laranja, ocre ou vermelho nas telhas abobadadas, que com o tempo,
afrancesam-se ou são trocadas pelas pequenas curvas das fibras. As casas com as
alcovas, xagãos e cozinhas ao fundo, se sustentam sobre blocos atracados por paus-a-
pique que se deixam cobrir pelo barro composto com outros minerais, dividindo
ambientes - é a Taipa de Mão.
A deterioração de valiosos monumentos arquitetônicos requer técnicas
adequadas de restauro, ao invés da aplicação pura e simples de materiais
contemporâneos, que muitas vezes se tornam incompatíveis com as técnicas
tradicionais. Adaptações presentes ocorrem com estudos tecnológicos, que outrora
foram experimentais e que agora são postos em prática através de pesquisas, buscando-
se novas composições com uso de materiais alternativos. Assim, a valorização das
técnicas tradicionais de construção permitirá a criação de novos lugares da memória,
nos quais o passado se faz presente e futuro, inserindo-se no pensamento
preservacionista e ambientalista contemporâneo.
REFERÊNCIAS
CORREIA, Mariana. Taipa no Alentejo. Dissertação de DPEA, Argumentum:
Portugal, 2000.
CORREIA, Mariana. Universalidade e diversidade da arquitectura de terra. In.:
JORGE, Felipe. Terra: Forma de Construir – Arquitectura, antropologia, arqueologia
– 10° Mesa-Redonda de Primavera. Argumentum: Portugal, 2006.
COSTA, Irio Barbosa da; MESQUITA, Helena Maria. Tipos de Habitação Rural no
Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1978.
FERNANDES, Maria. A taipa no mundo. Seminário de Construção e Recuperação de
Edifícios em Taipa, Câmara Municipal de Almodôvar, Almodôvar, dias 4 e 5 de Abril
de 2008. Disponível em: http//www.uc.pt/uid/cea/cyberarq/serie/numero001 (no prelo).
Acesso em: 9 nov. 2010.
FERNANDES, Maria. Técnicas de construção em Terra. In.: JORGE, Felipe. Terra:
Forma de Construir – Arquitectura, antropologia, arqueologia – 10° Mesa-Redonda de
Primavera. Argumen-tum: Portugal, 2006.
NORA, Pierre. Entre memória e história – A problemática dos lugares. In: Revista
Projeto História, nº 10. São Paulo – dezembro de 1993. P. 7-28
PEREIRA, Catarina Saraiva. Taipeiros, construção com Terra e relação com a
Natureza. In.: JORGE, Felipe. Terra: Forma de Construir – Arquitectura,
antropologia, arqueologia – 10° Mesa-Redonda de Primavera. Argumentum: Portugal,
2006.
ROCHA, Miguel. A Terra na Arquitectura. In.: JORGE, Felipe. Terra: Forma de
Construir – Arquitectura, antropologia, arqueologia – 10° Mesa-Redonda de
Primavera. Argumentum: Portugal, 2006.

More Related Content

Viewers also liked

Patrimonio_cultural
Patrimonio_culturalPatrimonio_cultural
Patrimonio_cultural
Gustavomk
 
Conjunto paisagístico da rua barão de sta helena
Conjunto paisagístico da rua barão de sta helenaConjunto paisagístico da rua barão de sta helena
Conjunto paisagístico da rua barão de sta helena
Steves Rocha
 

Viewers also liked (20)

Patrimonio_cultural
Patrimonio_culturalPatrimonio_cultural
Patrimonio_cultural
 
Conjunto paisagístico da rua barão de sta helena
Conjunto paisagístico da rua barão de sta helenaConjunto paisagístico da rua barão de sta helena
Conjunto paisagístico da rua barão de sta helena
 
Técnicas de Retrospectivas
Técnicas de RetrospectivasTécnicas de Retrospectivas
Técnicas de Retrospectivas
 
Question�rio02
Question�rio02Question�rio02
Question�rio02
 
Artigo de isaurora cláudia martins de freitas na rba em 2008
Artigo de isaurora cláudia martins de freitas na rba em 2008Artigo de isaurora cláudia martins de freitas na rba em 2008
Artigo de isaurora cláudia martins de freitas na rba em 2008
 
Anexo 026 oficina de restauração
Anexo 026   oficina de restauraçãoAnexo 026   oficina de restauração
Anexo 026 oficina de restauração
 
Ruskin
RuskinRuskin
Ruskin
 
Aula01 conceitosmemoria
Aula01 conceitosmemoriaAula01 conceitosmemoria
Aula01 conceitosmemoria
 
Memorias 2013 - 2014. Sector 01
Memorias 2013 - 2014. Sector 01Memorias 2013 - 2014. Sector 01
Memorias 2013 - 2014. Sector 01
 
Aula9 patrimonio brasil
Aula9 patrimonio brasilAula9 patrimonio brasil
Aula9 patrimonio brasil
 
Tempietto di San Pietro
Tempietto di San PietroTempietto di San Pietro
Tempietto di San Pietro
 
Capítulo 8 de daniel
Capítulo 8 de danielCapítulo 8 de daniel
Capítulo 8 de daniel
 
Valongo2007c
Valongo2007cValongo2007c
Valongo2007c
 
Teatro josé de alencar
Teatro josé de alencarTeatro josé de alencar
Teatro josé de alencar
 
Declaração de estocolmo - TRAB. ACADÊMICO
Declaração de estocolmo - TRAB. ACADÊMICODeclaração de estocolmo - TRAB. ACADÊMICO
Declaração de estocolmo - TRAB. ACADÊMICO
 
Reichstag - Restauração e Cúpula
Reichstag - Restauração e CúpulaReichstag - Restauração e Cúpula
Reichstag - Restauração e Cúpula
 
Definindo e conceituando Preservação & Conservação
Definindo e conceituando Preservação & ConservaçãoDefinindo e conceituando Preservação & Conservação
Definindo e conceituando Preservação & Conservação
 
Viollet Le Duc
Viollet Le DucViollet Le Duc
Viollet Le Duc
 
Carta de washington eulices fabricio-marina-steves
Carta de washington eulices fabricio-marina-stevesCarta de washington eulices fabricio-marina-steves
Carta de washington eulices fabricio-marina-steves
 
Cartas patrimoniais
Cartas patrimoniaisCartas patrimoniais
Cartas patrimoniais
 

More from Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural

ARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTAS
ARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTASARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTAS
ARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTAS
Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural
 

More from Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural (20)

Uma reflexão sobre a função da arquitetura pós-moderna no templo religioso da...
Uma reflexão sobre a função da arquitetura pós-moderna no templo religioso da...Uma reflexão sobre a função da arquitetura pós-moderna no templo religioso da...
Uma reflexão sobre a função da arquitetura pós-moderna no templo religioso da...
 
Tecnologia assistiva na Arquitetura das smart homes: o uso de sensores para a...
Tecnologia assistiva na Arquitetura das smart homes: o uso de sensores para a...Tecnologia assistiva na Arquitetura das smart homes: o uso de sensores para a...
Tecnologia assistiva na Arquitetura das smart homes: o uso de sensores para a...
 
O SÍTIO DA PATRIMONIAL: Uma análise sobre a outra faceta do bairro gênese da ...
O SÍTIO DA PATRIMONIAL: Uma análise sobre a outra faceta do bairro gênese da ...O SÍTIO DA PATRIMONIAL: Uma análise sobre a outra faceta do bairro gênese da ...
O SÍTIO DA PATRIMONIAL: Uma análise sobre a outra faceta do bairro gênese da ...
 
Vila Andrade Ramos: estudo tipológico na cidade de Belém do Pará no período p...
Vila Andrade Ramos: estudo tipológico na cidade de Belém do Pará no período p...Vila Andrade Ramos: estudo tipológico na cidade de Belém do Pará no período p...
Vila Andrade Ramos: estudo tipológico na cidade de Belém do Pará no período p...
 
Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário João de Barros Barr...
Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário João de Barros Barr...Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário João de Barros Barr...
Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário João de Barros Barr...
 
Arquitetura Contemporânea e Estética do Ecletismo na cidade de Belém do Pará
Arquitetura Contemporânea e Estética do Ecletismo na cidade de Belém do ParáArquitetura Contemporânea e Estética do Ecletismo na cidade de Belém do Pará
Arquitetura Contemporânea e Estética do Ecletismo na cidade de Belém do Pará
 
Proposta de reabilitação de corredor de comércio na avenida generalíssimo deo...
Proposta de reabilitação de corredor de comércio na avenida generalíssimo deo...Proposta de reabilitação de corredor de comércio na avenida generalíssimo deo...
Proposta de reabilitação de corredor de comércio na avenida generalíssimo deo...
 
Arquitetura e Memória em Saúde
Arquitetura e Memória em SaúdeArquitetura e Memória em Saúde
Arquitetura e Memória em Saúde
 
ARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTAS
ARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTASARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTAS
ARQUITETURA ASSISTENCIAL E SAÚDE: DISCUTINDO CONCEPÇÕES E PROTAGONISTAS
 
Arquitetura Religiosa e o resgate do Sagrado em Belém-Pa
 Arquitetura Religiosa e o resgate do Sagrado em Belém-Pa Arquitetura Religiosa e o resgate do Sagrado em Belém-Pa
Arquitetura Religiosa e o resgate do Sagrado em Belém-Pa
 
Lugares de Memória: A profissionalização da cultura e do patrimônio em Belém-PA.
Lugares de Memória: A profissionalização da cultura e do patrimônio em Belém-PA.Lugares de Memória: A profissionalização da cultura e do patrimônio em Belém-PA.
Lugares de Memória: A profissionalização da cultura e do patrimônio em Belém-PA.
 
Grandejean de montigny ok
Grandejean de montigny okGrandejean de montigny ok
Grandejean de montigny ok
 
José da costa e silva ok
José da costa e silva okJosé da costa e silva ok
José da costa e silva ok
 
Arquitetura neoclássica no rj ok
Arquitetura neoclássica no rj okArquitetura neoclássica no rj ok
Arquitetura neoclássica no rj ok
 
0104 5970-hcsm-2015005000006
0104 5970-hcsm-20150050000060104 5970-hcsm-2015005000006
0104 5970-hcsm-2015005000006
 
Colégio e Igreja dos jesuítas e a paisagem da Belém do grão-Pará.
Colégio e Igreja dos jesuítas e a paisagem da Belém do grão-Pará.Colégio e Igreja dos jesuítas e a paisagem da Belém do grão-Pará.
Colégio e Igreja dos jesuítas e a paisagem da Belém do grão-Pará.
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
St pci-001-01-salvadormiranda
St pci-001-01-salvadormirandaSt pci-001-01-salvadormiranda
St pci-001-01-salvadormiranda
 
Sc pci-012 costa-pamplona_miranda
Sc pci-012 costa-pamplona_mirandaSc pci-012 costa-pamplona_miranda
Sc pci-012 costa-pamplona_miranda
 
Itinerários da saúde na Belém colonial e imperial
Itinerários da saúde na Belém colonial e imperialItinerários da saúde na Belém colonial e imperial
Itinerários da saúde na Belém colonial e imperial
 

A construção da identidade Luso-Paraense: Taipa como "lugar de memória"

  • 1. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE LUSO-PARAENSE: TAIPA COMO “LUGAR DE MEMÓRIA” MARQUES DE CARVALHO, Ronaldo N.F.; SOUZA, José Antonio; SALVADOR MIRANDA, Cybelle; BESSA, Brena Tavares RESUMO: A presença nos centros históricos de cidades paraenses de construções residenciais cuja técnica construtiva utiliza a terra em forma de taipa ou tabique tem sido pouco estudada. Herança lusa adaptada ao solo brasileiro, em razão da facilidade de execução por mão-de-obra pouco culta, bem como devido à abundância do material natural, a taipa suscita o entendimento de suas origens e transposições, uma vez que, embora seja pouco usada na arquitetura urbana contemporânea, permanece viva na arquitetura rural de nossa região. Diante da necessidade de preservação de exemplares da arquitetura pretérita em centros históricos de cidades como Belém, Bragança, Cametá, cidades homônimas às de Portugal, sua caracterização técnico- estético-histórica representa a oportunidade de torná-la também “lugar de memória”, na concepção de Pierre Nora. A valorização da taipa de mão serve a manutenção de um modo de construir e de viver que relaciona o Pará a suas origens, fazendo emergir seu valor de antiguidade e contribuindo para a restauração não só do objeto arquitetônico, mas de um saber fazer em sua relação com a tradição. PALAVRAS-CHAVE: Memória; Patrimônio; Taipa de mão; Lugar de Memória. 1 INTRODUÇÃO Este artigo nasce no momento oportuno, uma vez que, em pleno século XXI, quando novas tecnologias emergem, deparamos com uma forte tendência à valorização dos recursos naturais, com grande destaque aos renováveis, embora haja presença de jazidas minerais ainda com razoável abundância. Concomitantemente, deslancha na atualidade o compromisso de valorizar o patrimônio construído nas cidades, em que o senso da preservação passa a ser visto e vivido com maior intensidade pelos governos e pelas organizações não governamentais. Países da Europa, com destaque a Portugal, debruçam-se na busca do resgate de antigas tecnologias, entre as quais a taipa, destacando-se como alternativa construtiva e de restauro. No Brasil, mais precisamente no Pará, a cidade de Belém e outras cidades
  • 2. paraenses, muitas das quais homônimas às cidades portuguesas, apresentam inúmeras edificações, notadamente habitacionais, que possuem suas estruturas de paredes construídas em Taipa de Mão. Assim, tomando como fundamento o Patrimônio cultural com suas memórias, destacamos a Taipa de Mão neste artigo como um ‘lugar de memória’ tanto no aspecto tecnológico do ‘saber fazer’, quanto cultural, reforçando os laços que ligam o Pará a Portugal. 2 A TAIPA O material construtivo mais amplamente utilizado ao longo dos tempos é a terra. “Por arquitectura em terra entende-se toda e qualquer construção edificada em terra crua, ou seja, todas as construções que utilizem a terra como matéria-prima sem alteração das suas características mineralógicas.” (FERNANDES, 2006. p. 20) Existem diversos modos de se construir com a terra, de acordo com o tipo de terra disponível. Por ser um material natural, reciclável, ecológico e sustentável, a terra possibilita uma diversidade de aplicações, desde a habitação vernácula, até palácios e fortificações. (CORREIA, 2006) A existência da argila na composição dos solos permite usar a terra para construir, já que ela é o elemento que estabelece a ligação entre os grãos de areia, mantendo-os unidos, formando um conjunto sólido e coeso. (ROCHA, 2006) As tradições vernáculas perpetuam-se nas comunidades nas quais são utilizadas, por não empregarem produtos manufaturados ou instrumentos mecanizados. A função de taipeiro é um processo de aprendizagem entre gerações: tutelado pela influência paterna, o ofício do passado é passado como técnica construtiva. No litoral alentejano, a
  • 3. técnica da taipa surge em virtude dos atributos da terra e dos conhecimentos construtivos locais. (PEREIRA, 2006) Para se intervir neste tipo de edificação, é de fundamental importância identificar corretamente o objeto para sua adequada conservação, o caráter da intervenção e preservação a nível arquitetônico, arqueológico e da paisagem cultural, preservando a identidade da comunidade. (CORREIA, 2006, p. 13) Duas técnicas são as mais utilizadas no Brasil, a taipa de pilão e a taipa de mão. A primeira é caracterizada como uma técnica monolítica e portante, na qual não existe separação entre o material e a técnica construtiva. Dentre as diversas técnicas incluídas nessa categoria, a taipa de pilão caracteriza-se como a terra prensada: a técnica consiste em prensar ou comprimir camadas de terra quase seca dentro de uma cofragem – os taipais. Em Portugal a técnica é amplamente utilizada, encontrada sobretudo em fortificações históricas do Sul, na arquitetura tradicional e pública em paredes exteriores e interiores do Alentejo, em paredes exteriores do Algarve e em alguns edifícios em áreas restritas no Centro e Norte litoral. (FERNANDES, 2006. p. 20-21) A taipa de mão, ou tabique, caracteriza-se como técnica de enchimento de estrutura de suporte, que compreende a terra como elemento secundário, no enchimento ou revestimento de outras estruturas. Essas estruturas são tradicionalmente a madeira ou outros materiais de origem vegetal, como canas e bambus. Nessa categoria, o tabique é Figura 1: Casa em taipa, região do Alentejo, Portugal Fonte: CORREIA, 2000, p. 31
  • 4. classificado como terra de recobrimento, que consiste no revestimento com terra de estruturas em grade, muito comum em países nórdicos e tropicais, na África, na América Latina, Europa Central e Norte. Recebe a denominação de Torchis na França e de taipa fasquio ou pau-a-pique em Portugal e no Brasil. (FERNANDES, 2006. p. 23) 3 A TAIPA-DE-MÃO OU TABIQUE: DE PORTUGAL AO PARÁ O termo ‘taipa’ tem uma dualidade terminológica no Norte e no Sul de Portugal. No Norte o termo ‘taipa’ refere-se à taipa de fasquio, enquanto no Sul de Portugal, o termo refere-se à técnica construtiva de terra comprimida com o maço ou pilão. (CORREIA, 2000. p. 31) Uma das técnicas tradicionais de construção em terra mais utilizadas era o tabique: estrutura de madeira ou caniço, preenchida com terra e/ou com argamassa de cal e areia. No Norte de Portugal, e pertencendo à mesma família de estrutura tradicional mista do tabique, utilizava-se a taipa de fasquio, composta por madeira e argamassa de terra. Era constituída por pranchas de madeira verticais, que formavam uma estrutura com outras pranchas, pregadas da diagonal. Por último, pregavam-se as ripas horizontais, o fasquio, e colocava-se a argamassa e o reboco de terra e/ou cal. A taipa de fasquio era a técnica mais utilizada nos centros históricos do Porto e Guimarães. (CORREIA, 2000. p. 31) Na Europa, profissionais e pesquisadores procuram preservar as técnicas tradicionais de construção em terra através de intervenções de restauro ou consolidação Figura 2: Casa Av. Generalíssimo, Belém Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2011 Figura 3: Parede em taipa de fasquio Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2011
  • 5. das estruturas existentes, pela investigação científica, pelo estudo e catalogação do patrimônio edificado e pela difusão do conhecimento científico da Arquitetura de terra. (CORREIA, 2000. p. 19) 4 CARACTERIZANDO A TAIPA COMO “LUGAR DE MEMÓRIA” A terra como material construtivo vem sendo utilizada no Brasil desde a colônia, enfatizando-se a técnica do pau-a-pique ou taipa de mão, tabique ou barrote ou até mesmo sopapo, em concomitância com a taipa de pilão, tecnologias envolvendo argilas e madeiras. Na região Norte, são utilizadas peças de estruturação e de ripamento de madeira cortadas mais definidas, enquanto que no Centro-Oeste e Nordeste brasileiro a madeira apresenta-se de uma forma diferente, de vez que aí não existem árvores em abundância para o corte de peças padronizadas para estrutura, divisórias e assoalhos. Lá são usados galhos, varas de bambu além de madeiras roliças extraídas em raras áreas disponíveis. No caso específico do migrante regional, ocorrem fatos em que estes são oriundos de outras regiões rurais localizadas em terra firme notadamente da chamada região do Salgado e Bragantina, a Nordeste do Pará. Esta técnica também é comum nas regiões do Nordeste e Centro-Oeste brasileiro, nas caatingas e cerrados. Na construção em taipa, são utilizadas estruturas em xadrez em que varas finas e tortuosas (galhos) são fixadas com cipó em amarras, confeccionando desta maneira as Figura 4: Casa da Família Medeiros, em Bragança Foto: Fortunato Neto, 2011 Figura 5: Detalhe da parede em taipa de mão Foto: Fortunato Neto, 2011
  • 6. paredes que, ao deixarem pequenos vazados, como num treliçado rústico, estes são preenchidos com barro jogado com a mão na técnica do sopapo, uma vez que o barro é lançado com força como uma pedra, facilitando sua fixação na vertical. Alguns exemplares deste tipo de habitação ainda são encontrados em Belém, embora com pouca frequência, em regiões mais afastadas do centro ou de forma mais erudita em casas construídas pelos portugueses na Cidade Velha (origem de Belém) e bairros como a Campina e o Reduto, entre outros. Nas soluções mais populares, o piso é construído em barro batido e por isto a casa só pode ser erguida em terra firme. Em diversas cidades paraenses, a criação de lugares de memória por vezes impede que o processo contínuo de transformação corrompa seus perfis e mudanças abruptas se processem. É comum se ver que as revitalizações pairam nos Sítios gêneses das urbis:na cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, a Cidade Velha, e noutras cidades do interior paraense com suas fachadas que originaram o primeiro sítio, hoje mesmo fragmentadas, guardam espaços abertos e edificações construídas com técnicas memoriais. A curiosidade pelos locais onde a memória encontra-se cristalizada advém da morte da memória – “Há locais de memória porque não há mais meios de memória” (NORA, 1993. p. 7). Com a morte da memória, a contemporaneidade vê necessária a Figura 6: Casa de Sopapo Fonte: COSTA E MESQUITA, 1978, p. 31 Figura 7: A Taipa em Belém Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2003
  • 7. instituição de “lugares de memória”, nos quais a recriação de tempos idos é feita de forma não-natural. O que se refere ao passado é utilizado como um suporte exterior ao qual a memória se apóia para se fazer presente – “[...] a memória pendura-se em lugares.” (Idem, p. 26). A cristalização da memória em um determinado local estabelece o passado como presente, uma tentativa de recriar uma paisagem urbana que não existe mais, “[...] o recorte material de uma unidade temporal.” (Idem, p. 22) Nesse contexto de revitalização de áreas centrais e sítios históricos, os “lugares de memória” são criados. A “película efêmera da atualidade” mostra que a tendência das sociedades contemporâneas é o esquecimento, onde o novo e/ou jovem é valorizado em detrimento do antigo/velho. Sob o olhar do distanciamento histórico, a herança é inventariada, já que a memória não é mais nossa “[...] entre a dessacralização rápida e a sacralização provisoriamente reconduzida.” (Idem, p. 13), onde a recondução traz uma nova dinâmica de utilização do espaço. Preservando nos seus conjuntos um pouco daquilo que foram no passado, com suas configurações transitadas ao longo dos tempos, mas na continuidade do crescimento da Malha Urbana com desenhos diferentes, Belém expande-se. Nos Figura 8 – Casa Canto do Sabiá, na vila de Mosqueiro Foto: Fortunato Ernesto Neto, 2011 Figura 9 – Detalhe de parede de taipa de mão, Canto do Sabiá Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 2011
  • 8. casarios, nas mais singelas habitações operárias e nas residências em retiro, as paredes de Taipa predominam, e os telhados de duas, três ou quatro águas contrastam com o azul do céu o laranja, ocre ou vermelho nas telhas abobadadas, que com o tempo, afrancesam-se ou são trocadas pelas pequenas curvas das fibras. As casas com as alcovas, xagãos e cozinhas ao fundo, se sustentam sobre blocos atracados por paus-a- pique que se deixam cobrir pelo barro composto com outros minerais, dividindo ambientes - é a Taipa de Mão. A deterioração de valiosos monumentos arquitetônicos requer técnicas adequadas de restauro, ao invés da aplicação pura e simples de materiais contemporâneos, que muitas vezes se tornam incompatíveis com as técnicas tradicionais. Adaptações presentes ocorrem com estudos tecnológicos, que outrora foram experimentais e que agora são postos em prática através de pesquisas, buscando- se novas composições com uso de materiais alternativos. Assim, a valorização das técnicas tradicionais de construção permitirá a criação de novos lugares da memória, nos quais o passado se faz presente e futuro, inserindo-se no pensamento preservacionista e ambientalista contemporâneo. REFERÊNCIAS CORREIA, Mariana. Taipa no Alentejo. Dissertação de DPEA, Argumentum: Portugal, 2000. CORREIA, Mariana. Universalidade e diversidade da arquitectura de terra. In.: JORGE, Felipe. Terra: Forma de Construir – Arquitectura, antropologia, arqueologia – 10° Mesa-Redonda de Primavera. Argumentum: Portugal, 2006. COSTA, Irio Barbosa da; MESQUITA, Helena Maria. Tipos de Habitação Rural no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1978. FERNANDES, Maria. A taipa no mundo. Seminário de Construção e Recuperação de Edifícios em Taipa, Câmara Municipal de Almodôvar, Almodôvar, dias 4 e 5 de Abril
  • 9. de 2008. Disponível em: http//www.uc.pt/uid/cea/cyberarq/serie/numero001 (no prelo). Acesso em: 9 nov. 2010. FERNANDES, Maria. Técnicas de construção em Terra. In.: JORGE, Felipe. Terra: Forma de Construir – Arquitectura, antropologia, arqueologia – 10° Mesa-Redonda de Primavera. Argumen-tum: Portugal, 2006. NORA, Pierre. Entre memória e história – A problemática dos lugares. In: Revista Projeto História, nº 10. São Paulo – dezembro de 1993. P. 7-28 PEREIRA, Catarina Saraiva. Taipeiros, construção com Terra e relação com a Natureza. In.: JORGE, Felipe. Terra: Forma de Construir – Arquitectura, antropologia, arqueologia – 10° Mesa-Redonda de Primavera. Argumentum: Portugal, 2006. ROCHA, Miguel. A Terra na Arquitectura. In.: JORGE, Felipe. Terra: Forma de Construir – Arquitectura, antropologia, arqueologia – 10° Mesa-Redonda de Primavera. Argumentum: Portugal, 2006.