SlideShare a Scribd company logo
1 of 18
A natureza revela a Geometria dos sólidos platônicos. Elaborado por Professor Fábio Alexandre da Conceição.
DEFINIÇÕES A palavra poliedro tem sido usada em diferentes épocas por diferentes pessoas com os mais variados significados (muitas vezes, incompatíveis entre si). Não é raro que uma mesma pessoa use o mesmo termo com interpretações diferentes em momentos diferentes. Sem uma definição precisa, interpretações equivocadas (como, por exemplo, sobre a validade do Teorema de Euler) podem aparecer. Não nos deteremos nas nuances do significado da palavra. Para nossas necessidades, usaremos a seguinte definição de poliedro convexo:
Aqui nos restringiremos à classe de poliedros regulares:
Existem outros sólidos platônicos além destes cinco? A resposta é não! Apresentaremos aqui duas justificativas para este fato.  A primeira, mais geométrica, segue a demonstração dada originalmente por Euclides. A segunda faz uso da fórmula de Euler.  Demonstração geométrica Usaremos a seguinte propriedade fundamental: a soma dos ângulos dos polígonos em volta de cada vértice de um poliedro é sempre menor do que 360°. Esta é a proposição 21 do Livro XI do Os Elementos de Euclides. Apesar de intuitiva, a demonstração apresentada por Euclides é elaborada, sendo decorrente de uma sequência de resultados auxiliares. Vamos agora analisar as diversas possibilidades de união de faces em torno de cada vértice, lembrando que (1) em um sólido platônico as faces são polígonos regulares congruentes e (2) são necessárias pelo menos três faces unidas em cada vértice para formar um sólido. 1. As faces são triângulos equiláteros com ângulos internos de 60°. Temos as seguintes possibilidades:
2. As faces são quadrados com ângulos internos de 90°. Temos as seguintes possibilidades:  3. As faces são pentágonos regulares com ângulos internos de 108°. Temos as seguintes possibilidades:  4. Se as faces são polígonos regulares com n ≥ 6 lados, então a soma dos ângulos dos polígonos em torno de cada vértice é ≥ 360°. Sendo assim, não existe nenhum sólido platônico com faces hexagonais, heptagonais, etc.
Demonstração topológica Daremos uma outra demonstração para o fato de que só existem cinco sólidos platônicos, usando agora a fórmula de Euler: se V é o número de vértices, A é o número de arestas e F é o número de faces de um poliedro convexo, então  Uma demonstração deste belíssimo resultado pode ser encontrada em [Lima, 1991]. A referência [Eppstein, 2008] apresenta 19 demonstrações diferentes para a fórmula de Euler (incluindo uma prova usando cargas elétricas). Considere então um sólido platônico cujas faces são polígonos regulares de n lados. Como cada aresta do poliedro é definida pela interseção dos lados de dois polígonos adjacentes, segue-se que se contarmos todos os lados de todos os polígonos, iremos contar duas vezes cada aresta do poliedro. Desta maneira:
Denote por p o número de arestas do poliedro que concorrem em um mesmo vértice. Cada uma destas arestas, a exemplo das faces, se conecta a dois vértices. Assim, se contarmos o número de arestas em cada face, estaremos contando duas vezes o número de arestas do poliedro. Portanto:  Substituindo-se os valores de V e F das Equações (1.2) e (1.3) na Equação (1.1), teremos que 2 • A/p − A + 2 • A/n = 2 ou, ainda, 1/p − 1/A + 1/n = 1/2. Consequentemente,  Como o número A de arestas deve ser positivo, temos que 2 • n + 2 • p − n • p > 0, ou seja,= 2 ou, ainda,  Uma vez que p ≥ 3, concluímos que, obrigatoriamente, n < 6. As possibilidades são então as seguintes:
Os gregos antigos estudaram os sólidos platônicos exaustivamente. Algumas fontes, como Proclo (410-485), atribuem a descoberta destes sólidos a Pitágoras (572 a.C.-497 a.C.). Outras evidências, contudo, sugerem que Pitágoras conhecia apenas o tetraedro, o cubo e o dodecaedro, enquanto que a descoberta do octaedro e do icosaedro é atribuída a Teeteto (417 a.C.-369 a.C.), que também conduziu um estudo mais aprofundado dos cinco sólidos regulares, incluindo a primeira demonstração conhecida de que existem somente cinco destes sólidos.  Os nomes sólidos platônicos ou corpos cósmicos foram dados devido a forma pela qual Platão (427 a.C.-34 a.C.), em um diálogo intitulado Timeu, os empregou para explicar a natureza. Não se sabe se Timeu realmente existiu ou se Platão o inventou como um personagem para desenvolver suas idéias. Em Timeu, Platão associa cada um dos elementos clássicos (terra, ar, água e fogo) com um poliedro regular. Terra é associada com o cubo, ar com o octaedro, água com o icosaedro e fogo com o tetraedro. Com relação ao quinto sólido platônico, o dodecaedro, Platão escreve: “Faltava ainda uma quinta construção que o deus utilizou para organizar todas as constelações do céu.”. Aristóteles introduziu um quinto elemento, éter, e postulou que os céus eram feitos deste elemento, mas ele não teve interesse em associá-lo com o quinto sólido de Platão.
Euclides deu uma descrição matemática completa dos sólidos platônicos no último livro (Livro XIII) de Os Elementos. As proposições de 13 a 17 no Livro XIII descrevem as construções do tetraedro, do octaedro, do cubo, do icosaedro, e do dodecaedro, nesta ordem. Para cada sólido, Euclides calcula a razão entre o diâmetro da esfera circunscrita e o comprimento da aresta do sólido. Na proposição 18, ele demonstra que não existem outros poliedros regulares. Muita da informação no Livro XIII é provavelmente obtida do trabalho de Teeteto. No século XVI, o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) tentou encontrar uma relação entre os cinco sólidos e os seis planetas que eram conhecidos na época: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno.
Kepler pensou que os dois números estavam conectados, isto é, que a razão pela qual havia somente seis planetas era porque existiam somente cinco sólidos regulares. Em 1596, em sua obra MysteriumCosmographicum, Kepler estabeleceu um modelo do sistema solar onde os cinco sólidos platônicos eram colocados um dentro do outro, separados por uma série de esferas inscritas, na seguinte ordem: primeiro o octaedro seguindo-se o icosaedro, o dodecaedro, o tetraedro e, finalmente, o cubo. Ele conjecturou que as razões entre os raios das órbitas dos planetas coincidiam com as razões entre os raios das esferas. Seu modelo, contudo, não era sustentado pelos dados experimentais dos astrônomos TychoBrahe (dinamarquês, 1546-1601) e Nicolau Copérnico (polonês, 1473-1543).
Seu MysteriumCosmographicum foi desaprovado por inteiro pelas descobertas posteriores dos planetas Urano, Netuno e Plutão: não há sólidos platônicos adicionais que determinem suas distâncias ao Sol. Por fim, Kepler abandonou o seu modelo. Contudo, de sua pesquisa, nasceram a descoberta de novos sólidos (que hoje, levam o seu nome), a percepção de que as órbitas dos planetas não são círculos (mas, sim, elipses) e as leis do movimento planetário.  Um modelo concreto do sistema solar idealizado por Kepler (TechnischesMuseum, Viena, Áustria).
OS SÓLIDOS PLATÔNICOS NA NATUREZA E NA TECNOLOGIA  Os sólidos platônicos se manifestam na natureza (cristais, organismos vivos, moléculas, etc.) e na cultura humana (pinturas, esculturas, religião, arquitetura, design, etc.). Por exemplo, são muitas as formas cristalinas naturais no formato do tetraedro (calcopirita), do hexaedro (galena) e do octaedro (magnetita).  calcopirita  galena  magnetita
Existe um cristal com doze faces pentagonais e três arestas saindo de cada um de seus vinte vértices: a pirita. Contudo, suas faces não são regulares.
Em 1904 o biólogo alemão chamado Ernst Haeckel escreveu a obra Kunstformen der Natur descrevendo os radiolários, um tipo de protozoário amebóide que podem assumir formas de poliedros regulares. Podemos citar como exemplos o Circoporusoctahedrus, Circogoniaicosahedra, Lithocubusgeometricus e Circorrhegmadodecahedra.  Muitos vírus, como o vírus da herpes, assumem a forma de um icosaedro regular. As estruturas virais são constituídas de subunidades protéicas idênticas repetidas e o icosaedro é a forma mais simples de se montar tais subunidades. Um poliedro regular é usado porque ele pode ser construído a partir de uma única unidade protéica básica e replicado várias vezes. Com isto, economiza-se espaço no genoma viral.
Em meteorologia e climatologia, destacam-se cada vez mais os modelos numéricos globais do fluxo atmosférico que usam malhas baseadas em um icosaedro (refinado por subdivisão) frente aos modelos que usam as coordenadas usuais de longitude e latitude.  Construção de uma malha icosaédrica e de sua malha dual.

More Related Content

What's hot

Sólidos platónicos guli e julie
Sólidos platónicos   guli e julieSólidos platónicos   guli e julie
Sólidos platónicos guli e julieturmaquintob
 
Solidos platonicos (1)
Solidos platonicos (1)Solidos platonicos (1)
Solidos platonicos (1)Turma5A
 
Sólidos platónicos djanyck
Sólidos platónicos djanyckSólidos platónicos djanyck
Sólidos platónicos djanyckturmaquintob
 
Sólidos platónicos djanyck final
Sólidos platónicos djanyck   finalSólidos platónicos djanyck   final
Sólidos platónicos djanyck finalturmaquintob
 
Os sólidos platónicos
Os sólidos platónicosOs sólidos platónicos
Os sólidos platónicosandreaires
 
Poliedros De Platão
Poliedros De  PlatãoPoliedros De  Platão
Poliedros De Platãogagnoly
 
Onde está a geometria?
Onde está a geometria?Onde está a geometria?
Onde está a geometria?carolgouvea
 
Sólidos Platônicos
Sólidos PlatônicosSólidos Platônicos
Sólidos Platônicosmarlizestampe
 
As Formas GeoméTricas Na Natureza
As Formas GeoméTricas Na NaturezaAs Formas GeoméTricas Na Natureza
As Formas GeoméTricas Na NaturezaRosangela
 
Poliedros de Platão
Poliedros de PlatãoPoliedros de Platão
Poliedros de Platãoeliane24
 
Sólidos platónicos . carolina 5ºa
Sólidos platónicos . carolina 5ºaSólidos platónicos . carolina 5ºa
Sólidos platónicos . carolina 5ºaTurma5A
 
Geometria Espacial - Elizabeth Justo
Geometria Espacial - Elizabeth JustoGeometria Espacial - Elizabeth Justo
Geometria Espacial - Elizabeth JustoElizabeth Justo
 
Poliedros com hipertexto
Poliedros com hipertextoPoliedros com hipertexto
Poliedros com hipertextoPatricia Campos
 

What's hot (17)

Sólidos platónicos guli e julie
Sólidos platónicos   guli e julieSólidos platónicos   guli e julie
Sólidos platónicos guli e julie
 
Solidos platonicos (1)
Solidos platonicos (1)Solidos platonicos (1)
Solidos platonicos (1)
 
Sólidos platónicos djanyck
Sólidos platónicos djanyckSólidos platónicos djanyck
Sólidos platónicos djanyck
 
Sólidos platónicos djanyck final
Sólidos platónicos djanyck   finalSólidos platónicos djanyck   final
Sólidos platónicos djanyck final
 
Os sólidos platónicos
Os sólidos platónicosOs sólidos platónicos
Os sólidos platónicos
 
Poliedros De Platão
Poliedros De  PlatãoPoliedros De  Platão
Poliedros De Platão
 
Poliedros de platão
Poliedros de platãoPoliedros de platão
Poliedros de platão
 
Poliedros para apresentação
Poliedros para apresentaçãoPoliedros para apresentação
Poliedros para apresentação
 
Onde está a geometria?
Onde está a geometria?Onde está a geometria?
Onde está a geometria?
 
Sólidos Platônicos
Sólidos PlatônicosSólidos Platônicos
Sólidos Platônicos
 
As Formas GeoméTricas Na Natureza
As Formas GeoméTricas Na NaturezaAs Formas GeoméTricas Na Natureza
As Formas GeoméTricas Na Natureza
 
Poliedros de Platão
Poliedros de PlatãoPoliedros de Platão
Poliedros de Platão
 
Geometria espacial
Geometria espacialGeometria espacial
Geometria espacial
 
Sólidos platónicos . carolina 5ºa
Sólidos platónicos . carolina 5ºaSólidos platónicos . carolina 5ºa
Sólidos platónicos . carolina 5ºa
 
A geometria e a natureza
A geometria e a naturezaA geometria e a natureza
A geometria e a natureza
 
Geometria Espacial - Elizabeth Justo
Geometria Espacial - Elizabeth JustoGeometria Espacial - Elizabeth Justo
Geometria Espacial - Elizabeth Justo
 
Poliedros com hipertexto
Poliedros com hipertextoPoliedros com hipertexto
Poliedros com hipertexto
 

Similar to Geometria Dos SóLidos PlatôNicos

SóLidos PlatôNicos
SóLidos PlatôNicosSóLidos PlatôNicos
SóLidos PlatôNicosmarlizestampe
 
Sólidos Platônicos
Sólidos PlatônicosSólidos Platônicos
Sólidos Platônicosmarlizestampe
 
Poliedros de platão
Poliedros de platãoPoliedros de platão
Poliedros de platãoKarla Silva
 
Sólidos platónicos alexandra e sofia
Sólidos platónicos   alexandra e sofiaSólidos platónicos   alexandra e sofia
Sólidos platónicos alexandra e sofiaturmaquintob
 
Sólidos platónicos josé miguel e joão bonito
Sólidos platónicos   josé miguel e joão bonitoSólidos platónicos   josé miguel e joão bonito
Sólidos platónicos josé miguel e joão bonitoturmaquintob
 
Sólidos platónicos joão pereira
Sólidos platónicos   joão pereiraSólidos platónicos   joão pereira
Sólidos platónicos joão pereiraturmaquintob
 
História e tecnologia se encontram
História e tecnologia se encontramHistória e tecnologia se encontram
História e tecnologia se encontramCarla Restier
 
Sólidos platónicos bernardo
Sólidos platónicos   bernardoSólidos platónicos   bernardo
Sólidos platónicos bernardoturmaquintob
 
Anexo A Do Projeto Grupo InovaçâO
Anexo A Do Projeto Grupo  InovaçâOAnexo A Do Projeto Grupo  InovaçâO
Anexo A Do Projeto Grupo InovaçâOElizabeth Justo
 
Sólidos platónicos diogo
Sólidos platónicos diogoSólidos platónicos diogo
Sólidos platónicos diogoTurma5A
 
Livreto matemática ´- Editora Portideias
Livreto matemática ´- Editora PortideiasLivreto matemática ´- Editora Portideias
Livreto matemática ´- Editora Portideiasitalo2014desbravador
 
Poesia matemática mat
Poesia matemática matPoesia matemática mat
Poesia matemática matIdelma
 
O átomo e suas caraterísticas na Química
O átomo e suas caraterísticas na QuímicaO átomo e suas caraterísticas na Química
O átomo e suas caraterísticas na QuímicaRaquel Acácio Mendanha
 
Sólidos plátonicos pedro
Sólidos plátonicos   pedroSólidos plátonicos   pedro
Sólidos plátonicos pedroTurma5A
 
Sólidos plátonicos pedro
Sólidos plátonicos   pedroSólidos plátonicos   pedro
Sólidos plátonicos pedroTurma5A
 
Geometria euclidiana slides
Geometria euclidiana   slidesGeometria euclidiana   slides
Geometria euclidiana slidesNanda Ronzei
 
Sólidos platónicos e a bibliografia de platão cassandra
Sólidos platónicos e a bibliografia de platão   cassandraSólidos platónicos e a bibliografia de platão   cassandra
Sólidos platónicos e a bibliografia de platão cassandraturmaquintob
 

Similar to Geometria Dos SóLidos PlatôNicos (20)

SóLidos PlatôNicos
SóLidos PlatôNicosSóLidos PlatôNicos
SóLidos PlatôNicos
 
Sólidos Platônicos
Sólidos PlatônicosSólidos Platônicos
Sólidos Platônicos
 
Sólidos Platonicos
Sólidos PlatonicosSólidos Platonicos
Sólidos Platonicos
 
Poliedros
PoliedrosPoliedros
Poliedros
 
Poliedros de platão
Poliedros de platãoPoliedros de platão
Poliedros de platão
 
Sólidos geométricos
Sólidos geométricosSólidos geométricos
Sólidos geométricos
 
Sólidos platónicos alexandra e sofia
Sólidos platónicos   alexandra e sofiaSólidos platónicos   alexandra e sofia
Sólidos platónicos alexandra e sofia
 
Sólidos platónicos josé miguel e joão bonito
Sólidos platónicos   josé miguel e joão bonitoSólidos platónicos   josé miguel e joão bonito
Sólidos platónicos josé miguel e joão bonito
 
Sólidos platónicos joão pereira
Sólidos platónicos   joão pereiraSólidos platónicos   joão pereira
Sólidos platónicos joão pereira
 
História e tecnologia se encontram
História e tecnologia se encontramHistória e tecnologia se encontram
História e tecnologia se encontram
 
Sólidos platónicos bernardo
Sólidos platónicos   bernardoSólidos platónicos   bernardo
Sólidos platónicos bernardo
 
Anexo A Do Projeto Grupo InovaçâO
Anexo A Do Projeto Grupo  InovaçâOAnexo A Do Projeto Grupo  InovaçâO
Anexo A Do Projeto Grupo InovaçâO
 
Sólidos platónicos diogo
Sólidos platónicos diogoSólidos platónicos diogo
Sólidos platónicos diogo
 
Livreto matemática ´- Editora Portideias
Livreto matemática ´- Editora PortideiasLivreto matemática ´- Editora Portideias
Livreto matemática ´- Editora Portideias
 
Poesia matemática mat
Poesia matemática matPoesia matemática mat
Poesia matemática mat
 
O átomo e suas caraterísticas na Química
O átomo e suas caraterísticas na QuímicaO átomo e suas caraterísticas na Química
O átomo e suas caraterísticas na Química
 
Sólidos plátonicos pedro
Sólidos plátonicos   pedroSólidos plátonicos   pedro
Sólidos plátonicos pedro
 
Sólidos plátonicos pedro
Sólidos plátonicos   pedroSólidos plátonicos   pedro
Sólidos plátonicos pedro
 
Geometria euclidiana slides
Geometria euclidiana   slidesGeometria euclidiana   slides
Geometria euclidiana slides
 
Sólidos platónicos e a bibliografia de platão cassandra
Sólidos platónicos e a bibliografia de platão   cassandraSólidos platónicos e a bibliografia de platão   cassandra
Sólidos platónicos e a bibliografia de platão cassandra
 

Recently uploaded

Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioDomingasMariaRomao
 

Recently uploaded (20)

Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
 

Geometria Dos SóLidos PlatôNicos

  • 1. A natureza revela a Geometria dos sólidos platônicos. Elaborado por Professor Fábio Alexandre da Conceição.
  • 2. DEFINIÇÕES A palavra poliedro tem sido usada em diferentes épocas por diferentes pessoas com os mais variados significados (muitas vezes, incompatíveis entre si). Não é raro que uma mesma pessoa use o mesmo termo com interpretações diferentes em momentos diferentes. Sem uma definição precisa, interpretações equivocadas (como, por exemplo, sobre a validade do Teorema de Euler) podem aparecer. Não nos deteremos nas nuances do significado da palavra. Para nossas necessidades, usaremos a seguinte definição de poliedro convexo:
  • 3. Aqui nos restringiremos à classe de poliedros regulares:
  • 4.
  • 5.
  • 6. Existem outros sólidos platônicos além destes cinco? A resposta é não! Apresentaremos aqui duas justificativas para este fato. A primeira, mais geométrica, segue a demonstração dada originalmente por Euclides. A segunda faz uso da fórmula de Euler. Demonstração geométrica Usaremos a seguinte propriedade fundamental: a soma dos ângulos dos polígonos em volta de cada vértice de um poliedro é sempre menor do que 360°. Esta é a proposição 21 do Livro XI do Os Elementos de Euclides. Apesar de intuitiva, a demonstração apresentada por Euclides é elaborada, sendo decorrente de uma sequência de resultados auxiliares. Vamos agora analisar as diversas possibilidades de união de faces em torno de cada vértice, lembrando que (1) em um sólido platônico as faces são polígonos regulares congruentes e (2) são necessárias pelo menos três faces unidas em cada vértice para formar um sólido. 1. As faces são triângulos equiláteros com ângulos internos de 60°. Temos as seguintes possibilidades:
  • 7. 2. As faces são quadrados com ângulos internos de 90°. Temos as seguintes possibilidades: 3. As faces são pentágonos regulares com ângulos internos de 108°. Temos as seguintes possibilidades: 4. Se as faces são polígonos regulares com n ≥ 6 lados, então a soma dos ângulos dos polígonos em torno de cada vértice é ≥ 360°. Sendo assim, não existe nenhum sólido platônico com faces hexagonais, heptagonais, etc.
  • 8. Demonstração topológica Daremos uma outra demonstração para o fato de que só existem cinco sólidos platônicos, usando agora a fórmula de Euler: se V é o número de vértices, A é o número de arestas e F é o número de faces de um poliedro convexo, então Uma demonstração deste belíssimo resultado pode ser encontrada em [Lima, 1991]. A referência [Eppstein, 2008] apresenta 19 demonstrações diferentes para a fórmula de Euler (incluindo uma prova usando cargas elétricas). Considere então um sólido platônico cujas faces são polígonos regulares de n lados. Como cada aresta do poliedro é definida pela interseção dos lados de dois polígonos adjacentes, segue-se que se contarmos todos os lados de todos os polígonos, iremos contar duas vezes cada aresta do poliedro. Desta maneira:
  • 9. Denote por p o número de arestas do poliedro que concorrem em um mesmo vértice. Cada uma destas arestas, a exemplo das faces, se conecta a dois vértices. Assim, se contarmos o número de arestas em cada face, estaremos contando duas vezes o número de arestas do poliedro. Portanto: Substituindo-se os valores de V e F das Equações (1.2) e (1.3) na Equação (1.1), teremos que 2 • A/p − A + 2 • A/n = 2 ou, ainda, 1/p − 1/A + 1/n = 1/2. Consequentemente, Como o número A de arestas deve ser positivo, temos que 2 • n + 2 • p − n • p > 0, ou seja,= 2 ou, ainda, Uma vez que p ≥ 3, concluímos que, obrigatoriamente, n < 6. As possibilidades são então as seguintes:
  • 10.
  • 11. Os gregos antigos estudaram os sólidos platônicos exaustivamente. Algumas fontes, como Proclo (410-485), atribuem a descoberta destes sólidos a Pitágoras (572 a.C.-497 a.C.). Outras evidências, contudo, sugerem que Pitágoras conhecia apenas o tetraedro, o cubo e o dodecaedro, enquanto que a descoberta do octaedro e do icosaedro é atribuída a Teeteto (417 a.C.-369 a.C.), que também conduziu um estudo mais aprofundado dos cinco sólidos regulares, incluindo a primeira demonstração conhecida de que existem somente cinco destes sólidos. Os nomes sólidos platônicos ou corpos cósmicos foram dados devido a forma pela qual Platão (427 a.C.-34 a.C.), em um diálogo intitulado Timeu, os empregou para explicar a natureza. Não se sabe se Timeu realmente existiu ou se Platão o inventou como um personagem para desenvolver suas idéias. Em Timeu, Platão associa cada um dos elementos clássicos (terra, ar, água e fogo) com um poliedro regular. Terra é associada com o cubo, ar com o octaedro, água com o icosaedro e fogo com o tetraedro. Com relação ao quinto sólido platônico, o dodecaedro, Platão escreve: “Faltava ainda uma quinta construção que o deus utilizou para organizar todas as constelações do céu.”. Aristóteles introduziu um quinto elemento, éter, e postulou que os céus eram feitos deste elemento, mas ele não teve interesse em associá-lo com o quinto sólido de Platão.
  • 12. Euclides deu uma descrição matemática completa dos sólidos platônicos no último livro (Livro XIII) de Os Elementos. As proposições de 13 a 17 no Livro XIII descrevem as construções do tetraedro, do octaedro, do cubo, do icosaedro, e do dodecaedro, nesta ordem. Para cada sólido, Euclides calcula a razão entre o diâmetro da esfera circunscrita e o comprimento da aresta do sólido. Na proposição 18, ele demonstra que não existem outros poliedros regulares. Muita da informação no Livro XIII é provavelmente obtida do trabalho de Teeteto. No século XVI, o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) tentou encontrar uma relação entre os cinco sólidos e os seis planetas que eram conhecidos na época: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno.
  • 13. Kepler pensou que os dois números estavam conectados, isto é, que a razão pela qual havia somente seis planetas era porque existiam somente cinco sólidos regulares. Em 1596, em sua obra MysteriumCosmographicum, Kepler estabeleceu um modelo do sistema solar onde os cinco sólidos platônicos eram colocados um dentro do outro, separados por uma série de esferas inscritas, na seguinte ordem: primeiro o octaedro seguindo-se o icosaedro, o dodecaedro, o tetraedro e, finalmente, o cubo. Ele conjecturou que as razões entre os raios das órbitas dos planetas coincidiam com as razões entre os raios das esferas. Seu modelo, contudo, não era sustentado pelos dados experimentais dos astrônomos TychoBrahe (dinamarquês, 1546-1601) e Nicolau Copérnico (polonês, 1473-1543).
  • 14. Seu MysteriumCosmographicum foi desaprovado por inteiro pelas descobertas posteriores dos planetas Urano, Netuno e Plutão: não há sólidos platônicos adicionais que determinem suas distâncias ao Sol. Por fim, Kepler abandonou o seu modelo. Contudo, de sua pesquisa, nasceram a descoberta de novos sólidos (que hoje, levam o seu nome), a percepção de que as órbitas dos planetas não são círculos (mas, sim, elipses) e as leis do movimento planetário. Um modelo concreto do sistema solar idealizado por Kepler (TechnischesMuseum, Viena, Áustria).
  • 15. OS SÓLIDOS PLATÔNICOS NA NATUREZA E NA TECNOLOGIA Os sólidos platônicos se manifestam na natureza (cristais, organismos vivos, moléculas, etc.) e na cultura humana (pinturas, esculturas, religião, arquitetura, design, etc.). Por exemplo, são muitas as formas cristalinas naturais no formato do tetraedro (calcopirita), do hexaedro (galena) e do octaedro (magnetita). calcopirita galena magnetita
  • 16. Existe um cristal com doze faces pentagonais e três arestas saindo de cada um de seus vinte vértices: a pirita. Contudo, suas faces não são regulares.
  • 17. Em 1904 o biólogo alemão chamado Ernst Haeckel escreveu a obra Kunstformen der Natur descrevendo os radiolários, um tipo de protozoário amebóide que podem assumir formas de poliedros regulares. Podemos citar como exemplos o Circoporusoctahedrus, Circogoniaicosahedra, Lithocubusgeometricus e Circorrhegmadodecahedra. Muitos vírus, como o vírus da herpes, assumem a forma de um icosaedro regular. As estruturas virais são constituídas de subunidades protéicas idênticas repetidas e o icosaedro é a forma mais simples de se montar tais subunidades. Um poliedro regular é usado porque ele pode ser construído a partir de uma única unidade protéica básica e replicado várias vezes. Com isto, economiza-se espaço no genoma viral.
  • 18. Em meteorologia e climatologia, destacam-se cada vez mais os modelos numéricos globais do fluxo atmosférico que usam malhas baseadas em um icosaedro (refinado por subdivisão) frente aos modelos que usam as coordenadas usuais de longitude e latitude. Construção de uma malha icosaédrica e de sua malha dual.