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COMUNICAÇÃO PRECOCE MÃE-CRIANÇA∗



FRANCISCO ALBERTO RAMOS LEITÃO

Professor Associado da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias



RESUMO

        Na sua riqueza e fragilidade os símbolos, como nos recorda Paul Ricoeur, não
definem ou diferenciam mas “dão que pensar”. São um desafio e um convite a novas
descobertas, a novas e mais aprofundadas formas de reflexão e compreensão. São
iniciativas, presenças ou potencialidades, para novos processos de conhecimento e
interpretação.
        Os símbolos da grande mãe, da mãe-terra, da mãe do mundo, das grandes deusas-
mães, já que toda a vida, toda a vida humana, procede da “mãe” e desta recebe o alimento –
mãe nutrix – são a expressão milenar da veneração ao mistério da vida. Por isso, o mundo
na sua totalidade assume a figura de mãe, de mãe do mundo que dá à luz e alimenta todos
os seres vivos Com estes símbolos, com o símbolo da grande mãe do mundo, o homem
descobre esse profundo sentimento de pertença a um mundo onde se sente tão em casa
como a criança no colo materno.
        Com o presente texto não pretendemos fazer o percurso que leva das imagens, aos
conceitos, na senda desse “pensamento puro”, depurado e desvinculado de imagens, com
que alguns ainda sonham. Procuramos antes pôr em confronto, num fraterno abraço,
mundos tão próximos e tão distantes como os das grandes deusas-mãe, da sacralidade
feminina, da Razão Materna, da contingência interactiva, do suporte social, do “autonomy
support”, ou ainda os de “supportive interactions”, “supportive parents”, “supportive
families”, na expectativa de nessa convergência proporcionar ao leitor uma visão do
homem e do mundo, da criança e do desenvolvimento, da intervenção precoce, mais viva e
rica que a oferecida por cada um desses símbolos ou conceitos separadamente.
        A intervenção precoce não deixou de ser entendida, afinal, como uma centração,
nomeadamente na criança, para passar a ser equacionada na base de uma multiplicidade de
consonâncias no contexto de redes de relações interactivas e comunicativas recíprocas?
        Neste caminho, o de uma comunhão ecológica cada vez mais globalizada, os
antigos e novos símbolos (a hipótese de Gaia, não é ela própria um retorno a toda esta
simbólica, numa altura em que a terra mãe asfixia sob o peso de tanta poluição?!), não
poderão fecundar o presente e o futuro, poi de novo nos “dão que pensar”?




∗
 Artigo publicado na Revista Inclusão, nº 6 /2005, publicada pelo Instituto de Estudos da Criança da
Universidade do Minho.
É habitual dizer-se que a intervenção precoce, quer na sua expressão teórica quer na
sua vertente interventiva, é um fenómeno recente.
        É habitual dizer-se que as modernas teorias da socialização, que se fundamentam na
bidireccionalidade e na regulação mútua dos comportamentos, são um avanço científico
recente.
        É habitual dizer-se que os modelos de intervenção centrados na interacção e na
família, são um avanço recente em relação às posições mais tradicionais que vêm a
intervenção precoce a partir da óptica da estimulação, a partir de modelos centrados na
criança, nomeadamente nos seus skills.
        Mas, para melhor precisarmos o nosso entendimento a respeito da intervenção
precoce, da interacção mãe-criança, dos modelos de intervenção centrados na família, e,
por extensão, da pedagogia e da educação, convém recuar no tempo, ir muito para além dos
anos setenta e dos Programas Head Start, e mergulhar nalguns aspectos do nosso passado
histórico-cultural mais longínquo.
        A sacralidade feminina era já conhecida nos primórdios da humanidade. As Vénus
primitivas representavam essa sacralidade, representavam os poderes mágico-religiosos das
deusas-mães. A descoberta da agricultura e as homologias que o pensamento primitivo
estabelece entre o ciclo biológico feminino e os ciclos agro-lunares, aumentam o poder das
deusas-mães. A sacralidade da vida sexual, a sacralidade feminina, confundem-se com o
maravilhoso da fecundidade e da fertilidade. Era o mistério da renovação, do nascimento, o
enigma da criação, que os nossos antepassados mitificavam na natureza e na mulher, no
drama vegetal e na maternidade.




       Encontram-se vestígios do culto das grandes-deusas, do arquétipo da Grande-Mãe,
em todos os continentes. É universalmente conhecida a escultura pré-histórica designada
por “Vénus de Willendorf”. No continente americano foi encontrada uma deusa-mãe do
Antigo oru e em Portugal, na Toca do Pai Lopes, perto de Setúbal, foi também
encontrada uma Vénus do Paleolítico. No Egipto, um baixo relevo do século V A.C.
representa Nout, deusa egípcia do Céu e mãe protectora.
       Universalmente conhecida é também Ísis, a mãe, a deusa de tantos atributos, tantas
vezes representada a amamentar o seu filho orus. Também o pensamento religioso
ocidental tem as suas Mães Protectoras, de que a Madona do século XV pintada por Piero
della Francesca é um exemplo.
        Ao longo de todo o período medieval, época em que os perigos espreitavam tão
fortemente a maternidade, onde a morte acompanhava de tão perto a vida, onde portanto as
mães recorriam mais às crenças mágico-religiosas para invocar protecção para os seus
filhos, reencontramos os grandes mitos da deusa-mãe. Uma ilustração do manuscrito
intitulado “Philosofia Reformata” representa, à boa maneira da alquimia, a mãe, a terra
mãe, como matéria prima, como matriz que alimenta e protege o filho dos filósofos.
Excelente símbolo da mãe nutrix geradora de culturas, de possibilidades, de transcendência.




                          A Terra, como prima matéria, alimenta o filho dos filósofos
                                      (Milio: Philosphia reformata, 1622)


         De formas muito diversas encontramos, neste longo período histórico, grandes
preocupações com a maternidade e o desenvolvimento. Desde os cuidados com o sono e os
berços, às formas de enfaixar os bebés, passando pelos utensílios a utilizar na alimentação e
pela atenção com que era seguida a aquisição da bipedia e o desenvolvimento da actividade
simbólica e representativa, as iluminuras vão mostrando os cuidados com que era rodeada a
mãe e a criança, a importância que era atribuída à maternidade.
         Chama igualmente a nossa atenção a forma e a insistência com que as ilustrações
retratam certas práticas culturais ligadas ao nascimento e à maternidade, nomeadamente as
preocupações que rodeiam o primeiro banho do bebé e a atenção que é dada à alimentação
da mãe. Repare-se no calor humano que certas gravuras deixam transparecer, na
permanente presença das figuras femininas que rodeiam a mãe, na preocupação que parece
existir em manter juntos mãe e bébé.
         O valor, sagrado ou profano, que sempre foi atribuido à maternidade e ao
nascimento, também ficou registado na sabedoria oral dos diferentes povos. Nestes ditados
populares portugueses está bem patente a atenção com que a mãe e a criança eram
rodeadas:

                                     “Quinze dias na cama,
                                      Quinze dias no lar,
                                      Depois a mulher vai trabalhar”. ∗


∗
    Alexandre Carneiro, O Parto, pág. 33.
“A que pariu este infante
                                   Necessita de comer cada instante”. ∗∗


        Todos os povos têm as suas crenças e as suas práticas sobre a gravidez, os riscos
que envolve e os rituais que procuram anular esses riscos, os cuidados a proporcionar à mãe
e ao recém-nascido; sobre a alimentação da mãe e do bébé e os rituais de aleitamento e
desmame; sobre o sono, os berços, o embalar; o vestuário; os jogos e os brinquedos; sobre
o papel do pai e da mãe. Em suma, sobre as condições sociais e familiares que envolvem as
relações diádicas mãe-criança.
        Também a arte foi sempre sensível a estas preocupações universais, tendo desde
muito cedo descoberto esta unidade primordial, esta unidade diádica, que é a relação mãe-
criança. E descobriu essa realidade não apenas na sua componente biológica, no valor de
sobrevivência biológica que essa vinculação precoce tem para a espécie humana, mas
fundamentalmente na sua componente psico-afectiva, simbólica, representativa, social,
interactiva. Descobriu que a díade mãe-criança, assim designada por envolver a relação
entre dois participantes, no caso a mãe e a criança, afinal remete mais para a ideia de
totalidade, de unidade, de um, do que para a ideia de dualidade ou de dois. Ou, se
quisermos, coloca-nos no centro desse paradoxo que é a unidade diádica mãe-criança.
        E que dizer, de facto, dessa sequência magistral de vinte e seis desenhos de 1948,
com o tema Maternidade,que Almada Negreiros desenhou num só dia, em Bicesse?! Não
nos remeterão, esses desenhos, para uma plena e autêntica alquimia da metamorfose e da
transformação, do desenvolvimento, onde a presença inaugural da mãe, a presença
inaugural do amor materno, se supera e transmuta em Viagem, em voo, em distância e
ausência?! Se transmuta em alteridade, na permanente construção e reconstrução de uma
nova identidade?!
        Na intuição do artista, esta relação entre sistema de vinculação e sistema de
comportamentos exploratórios, nas Confidencias de A Invenção do Dia Claro, expressa-se
da seguinte forma:

          “[...] Mãe! Dá-me um cavallo! Eu já sou o pallope! [...]
           [...] Mãe!
           Estou a lembrar-me! Tu já fôste a menina loira! Eu já fui o menino
          verdadeiro a quem tu davas de mamar! [...]
          Lembro-me exactamente! Quando tu me beijavas, o sol não doía tanto na
          minha pelle! [...] “

        Mas não é esta, precisamente, a ideia de Brazelton, esse nome incontornável da
pediatria do desenvolvimento, quando afirma que a desvinculação, o voo, portanto, e o
galope, é o fim último da vinculação?!
        O sentimento que vivenciamos ao contemplar obras como “Mãe e Filho” de
Montserrat Gudiol, “Maternidade” de Vasco Pereira da Conceição ou “Maternidade” de
Almada Negreiros, não é um sentimento de fusão, de plenitude, de unidade, de totalidade?

∗∗
  Manoel da Silva Leitão, Arte com vida ou Vida com arte (...) em a qual se encontrahum Regimento de
Partidas, citado por Teresa Joaquim, 1983.
Como nos ensinou Carl Jung, as estruturas psicológicas e psico-sociais de unidade e
totalidade são muitas vezes representadas na forma do círculo ou da esfera. Exemplos
típicos são os célebres mandalas tibetanos. As obras de Vasco Pereira da Conceição e
Almada Negreiros,anteriormente referidas, expressam essa noção de unidade, facto que nos
parece ter a ver com a sua estrutura claramente mandálica.
        Esta intuição para o grande arquétipo da unidade primordial mãe-criança parece
também ser apanágio das grandes construções mitológicas. A ideia de que o recém-nascido
é um ser altamente competente e biologicamente pré-preparado para a interacção social é
uma das ideias-força das modernas teorias do desenvolvimento. A mitologia parece ter
pressentido esta verdade. Hércules criança é já um herói dotado de grandes poderes e
capacidades. Uma estatueta em bronze que nos foi legada pela cultura grega representa
Hércules-criança matando duas serpentes, símbolo da sua capacidade de dominar e
controlar o mundo.
        Sim, a mitologia entende a criança como um herói dotado de grandes competências.
Sim, a criança já faz parte do panteão dos heróis mitológicos, a criança já é um homem-
deus, um herói armado que utiliza as suas armas, as suas competências, para se transcender,
para se superar.
        O homem é um ser que tem em si o dom de se transcender, de se superar, de se
renovar permanentemente. Os chamados símbolos de transcendência representam os
esforços do homem nesse processo de permanentemente se ultrapassar. Zaratustra, o
profeta de Nietzsche, diz-nos:

         “A grandeza do homem está em ser uma ponte e não um final; o que
         podemos amar no Homem, é ser ele transição e naufrágio”

        O que é dizer que o homem é um mundo de possibilidades, um infinito de
potencialidades.
       O psiquismo da transcendência expressa-se através de processos imagéticos
diversos, dos quais gostariamos de referir uma das suas manifestações: o esforço do homem
para se libertar das forças telúricas e gravíticas, ou seja, a simbologia do voo, das asas, da
subida, da verticalidade, da elevação, tão marcadamente presente nos deuses e nos heróis
das diversas mitologias.
       Mas antes de voltarmos à mitologia deixemo-nos envolver pelo psiqismo
ascendente de Nietzsche, tão explicitamente presente nesta passagem do Assim Falava
Zaratustra:

            “Aprendi a andar e desde então corro sem esforço. Aprendi a voar;
            desde então já não espero que me empurrem para mudar de sítio.
            Vede como me sinto leve; vede, voo; vede, sobrevoo-me; vede, há em
            mim um deus que dança”

        Este imaginário aéreo também está presente na obra de Almada. Nos vinte e seis
desenhos alusivos à Maternidade e anteriormente referidos, uma das transformações mais
óbvias, de Maternidade/1 a Maternidade/26, é a epifania da ave, a progressiva metamorfose
da criança em pássaro, em voo, clara sugestão a um gesto de transcendência e superação, a
um esforço de libertação do peso da gravidade. Dinâmica de voo que leva à transmutação
em ave, dinâmica de gallope que leva a criança a pedir à mãe um cavallo.
        Da mesma forma que Nietzsche e Almada, os deuses e os heróis mitológicos
também voavam, também tinham asas. Veja-se, o caso de Dédalo e de Ícaro que voavam
para o infinito; veja-se como Perseu, com o capacete mágico e as sandálias voadoras vence
a Medusa e liberta Andromeda; veja-se Mercúrio voando com os seus atributos típicos.
        A competência para o voo é já, para a mitologia, apanágio da própria criança. É, na
linguagem de Almada, a sua natureza ou estrutura de gallope, de ave.
        Eros, criança, é representado com asas, da mesma forma que o deus brincalhão
Cupido; num célebre quadro do pintor renascentista Montegna, Minerva ajudada por
crianças aladas, expulsa os Vícios do Jardim da Virtude.
        Se a mitologia já sabia que a criança tinha asas, não sejamos nós a cortar as asas ao
sonho de infinito, de transcendência, de superação, que já habita na criança. O voo não é
património do homem adulto, de Zaratustra ou de Nietzsche; na criança também já há um
deus que dança, que sonha, que voa; a criança já é um ser altamente competente,
responsivo, geneticamente preparado para a interacção social, capaz de proporcionar à mãe
experiências contingentes, capaz de influenciar o comportamento da mãe, capaz de se
transcender, dotada de asas que lhe permitem voar. Sim, na criança já habita um sonho de
infinito, de superação, de transcendência. Sim, a criança já é uma ponte.
        Era este dinamismo, esta actividade, que os antigos viam na criança, no homem, na
natureza, que os levava a afirmar que tudo está cheio de deuses, que o mundo é animado,
pleno de possibilidades e de promessas, que no interior das mais pequenas coisas há um
espírito que as anima.
        Depois de o pensamento primitivo, a mitologia, a arte, terem descoberto o poder e a
competência que há na criança, depois de terem descoberto o infinito que há no homem, a
ciência descobre a sua finitude.
        É o Empirismo, as Luzes, a aridez tão característica dos positivismos, a invenção
desse homem mecânico que é o homem newtoniano. É a negação do pensamento clássico e
renascentista do homem, pensamento simultaneamente épico e romântico, pensamento
onde o homem podia conviver com o maravilhoso, com os deuses, pensamento que
assentava na unidade e tensão dialéctica entre o homem e a natureza, pensamento onde o
homem podia descobrir a própria grandeza da sua subjectividade e ver, como faziam os
pré-socráticos, que tudo está cheio de deuses. É afinal a negação duma visão poética do
mundo e sua substituição por um pensamento que separa o homem da natureza e se limita a
ver, na natureza, uma gigantesca roda hidráulica dominada por uma mecânica passiva , no
homem, um organismo inactivo de que é paradigma a concepção da percepção passiva de
John Locke.
        A criança é vista como um ser passivo, imaturo, incompetente, uma tábua rasa; a
criança já não é o deus-herói da mitologia mas um herói desarmado, um ser incompetente,
um organismo passivo.
        Mas que competências a mitologia antecipara já na criança, que competências a arte
previra na díade, que a ciência mais tarde negava? Quais os seus poderes? Quais as suas
armas?
        Foi preciso esperar, entre outros, por homens como Spitz, Bowlby, Ainsworth, Bell,
Papousek, Brazelton, para a ciência redescobrir que a criança é um ser competente,
interactivamente competente, para descobrir que a arte e a mitologia tinham razão.
Como afirmamos logo no início deste texto, é habitual dizer-se que a intervenção
precoce é um fenómeno recente; mas, poderemos dizer agora, um fenómeno recente que,
tendo esquecido o pensamento primitivo, a mitologia, a arte, começou por ser racionalista,
cartesiano, definição fria e calculista de objectivos, de metodologias, de estratégias. Todo
um conjunto de concepções e de formas de intervenção que esqueceram - e quantas e
quantas vezes continuam a esquecer – a criança e a família, ou pelo menos as reduziam a
meros objectos passivos que sofriam ou se submetiam à superioridade e poder dos
especialistas.
        Esta posição, que quase poderiamos chamar de medieval, poderia ser ilustrada pela
gravura do século XV, intitulada “Lógica perturbada pela Natureza”, o que é dizer, razão
perturbada pelo sentimento.
        Muitas vezes, quando uma determinada faceta da realidade é vista como
perturbadora, nega-se, afasta-se, sub-valoriza-se. Sim, podemos claramente dizer que, nos
seus primórdios, a intervenção precoce pecava por ser uma abordagem eminentemente
racional, épica, numa palavra, finita.
        No entanto, não é esta dicotomia entre razão e emoção, entre pensamento e
sentimento, entre planear e agir, que encontramos quando observamos os comportamentos
interactivos da díade, quando observamos os procedimentos comunicativos que, no
contexto da família, mãe e criança estabelecem entre si.
        O que encontramos é um padrão comunicativo que, manifestando-se de forma
diversificada em cada díade, poderia ser descrito como diálogo e conversação; diálogo e
conversação onde, numa unidade maravilhosa se fundem razão e emoção, pensamento e
intuição, racionalidade que engloba sempre um fundo de irracionalidade; diálogo onde se
unem poder e impotência, conhecimento e enigma, objectividade e subjectividade, finito e
infinito.
        É neste sentido que nos atrevemos a dizer que a Razão Materna, a Razão da Díade,
é uma Razão Romântica, se entendermos por Romantismo não uma evocação piegas e
sentimental do passado, se entendermos o Romantismo não por oposição ao Clássico, ao
Épico, mas se o entendermos como uma concepção do homem e do mundo moderno que
assenta na unidade do finito e do infinito, do poder e da inpotência, da razão e do
sentimento. Era também esta a visão renascentista, visão que via o mundo, no dizer de
Nicola Cusano, como limitação ilimitada.
        Permitam-me, a este propósito, referir Rafael Argullol:

        “Toda a arte verdadeiramente trágica implica uma consideração
        heróica do homem. A compreensão do limitado da condição humana
        torna-se resignação ou nihilismo se não está acompanhada pela vontade
        heróica do ilimitado. O Eu Romântico possui à saciedade esta vontade e
        aquela compreensão: a sua arte, a sua poesia, nutre-se da contradição
        entre uma e outra.”

       Também a comunicação precoce mãe-criança se nutre deste confronto entre poder e
impotência, deste confronto entre a vontade heróica do ilimitado e o reconhecimento das
limitações humanas, entre a procura activa de experiências sincrónicas e funcionais e a
aceitação de que ocorrem rupturas e disfuncionalidades no processo interactivo. Mãe e
criança estruturam as relações diádicas não a partir dum poder ilusório e ilimitado mas a
partir duma competência permanentemente conquistada e reconstruida, a partir dum poder
permanentemente confrontado com as suas próprias limitações. A mãe transborda de
alegria face ao seu poder quando toma decisões rápidas, fáceis e apropriadas, põe termo a
comportamentos não desejáveis da criança (choro...), ou desencadeia comportamentos
desejáveis (sorriso, vocalizações...); a mãe estremece face às suas limitações quando as
decisões são demoradas, difíceis e inadequadas, quando não consegue pôr termo a um
comportamento não desejável da criança (choro...), ou não consegue desencadear um
comportamento desejável (sorriso, vocalizações, contacto visual...).
        No primeiro caso os sentimentos de competência da mãe (e da criança) são
reforçados; a mãe vive sentimentos de eficácia, de competência; a mãe sente-se boa mãe; a
mãe sente-se divina. No segundo caso a mãe vivencia sentimentos de ineficácia e
incompetência; a mãe estremece, sente-se finita.
        Dizer que mãe e criança são a expressão de um poder infinito é dizer que cada uma,
com as suas características próprias e a sua individualidade, sincronizam os seus
comportamentos interactivos, num processo harmonioso de regulação mútua, onde cada
elemento da díade manifesta grande sensibilidade na construção de experiências
contingentes, de interacções positivas e funcionais.
        É esta a vertente positiva, divina, infinita, da interacção mãe-criança. No entanto a
comunicação mãe-criança não está permanentemente bem regulada, não se reduz
exclusivamente a experiências contingentes.
        Tronick e Gianino (1989) verificaram que, no decurso do primeiro ano de vida, o
processo interactivo mãe-criança não está, 35% das vezes, bem regulado. Na relação
diádica mãe-criança, nomeadamente nas situações que envolvem crianças deficientes, mãe
e criança podem ter dificuldades acrescidas em responder às tentativas de interacção social
do outro e em iniciar contactos sociais, não proporcionando assim os necessários sinais
reguladores. Esta situação pode resultar em processos interactivos menos bem regulados e
potencialmente geradores de sentimentos mútuos de incompetência.
        É esta a vertente negativa, nocturna, da finitude e da impotência, da descida aos
infernos. Mas como referimos atrás, a Razão da Díade assenta na unidade e na contradição
entre Finito e Infinito, no aceitar e no transcender as limitações. Foi este mecanismo
profundo que permitiu a Tronick e a Gianino constactar que nos contactos interactivos
subsequentes a situações disfuncionais e de ruptura a díade consegue repor, um elevado
número de vezes, a coordenação, a sincronia, a reciprocidade. Foi este mecanismo
profundo que permitiu a Brazelton (1989) observar, nas situações laboratoriais de still face
condition, a forma como a criança, através do uso de comportamentos interactivos diversos,
procura retirar a mãe da situação não responsiva de still face.
        Este repor o processo interactivo, esta necessidade profunda de mãe e criança
sincronizarem e regularem mutuamente os comportamentos, de permanentemente
construirem e reconstruirem o sentido da vida, é afinal, e voltemos à linguagem metafórica,
o mistério da permanente renovação da vida e da natureza, do drama vegetal, da vida que
recusa morrer, o mistério da incompetência que se transforma em competência, o mistério
do Finito que se transforma na Infinita dádiva de vida.
        Reconhecendo a complexidade de toda esta dinâmica transaccional, vários
investigadores têm reconhecido que a intervenção precoce, nas suas diversas vertentes,
educativa, médica e social, pode influenciar positivamente o desenvolvimento da criança, a
qualidade de vida da família, nomeadamente facilitando a emergência de sentimentos de
competência, na mãe, na criança, na família (o que nos remeteria para conceitos como os de
empowerment, enabling...).
        Mas a Razão Romântica das díades poderia ser apreendida de muitas outras formas.
É que as mães, sem deixarem de pensar, sem recusarem a razão, sem recusarem mesmo ser
directivas e impositivas, sem recusarem o real (as competências e limitações dos seus
filhos), não abdicam da sensibilidade, da fantasia, do sonho, da intuição. Ou seja, a
capacidade de tanto as mães das crianças normais como as mães das crianças com
deficiência adaptarem os seus comportamentos, com igual sensibilidade, à competência
comunicativa dos seus filhos, não está apenas relacionada com mecanismos lógicos e
racionais, mas fundamentalmente com comportamentos intuitivos, com o que Papousek e
Papousek (1987) chamam intuitive parenting behavior, com o que neste texto temos vindo
a designar por Razão Romântica, por Razão da Díade.
        Não, a mãe não recusa nem a directividade nem a sensibilidade. Os dados da nossa
investigação (Leitão, 1994) confirmam, no seguimento dos trabalhos de Crawley e Spiker
(1983), que directividade e sensibilidade não são obrigatoriamente dimensões antagónicas.
No decurso do segundo ano de vida, quer no caso das crianças normais quer no caso das
crianças com trissomia 21, o número de comportamentos maternos com função reguladora
(turns performativos) é muito superior ao número de comportamentos não reguladores,
(Quadro nº1) revelando claramente o domínio que, na área específica da imposição de
comportamentos, as mães exercem.


  QUADRO Nº1 - TURNS PERFORMATIVOS E NÃO PERFORMATIVOS EMITIDOS PELAS MÃES




        Se parássemos por aqui cairiamos no erro de dizer que as mães são impositivas,
directivas, controladoras. Mas continuemos um pouco mais. Os dados por nós igualmente
encontrados no mesmo estudo, dizem-nos que uma grande percentagem dos
comportamentos maternos são síncronos, funcionais, contingentes. Se os primeiros dados
nos ensinam que as mães são directivas, os segundos (Quadro nº 2) recordam-nos que essa
directividade deve ser entendida no quadro de uma alta sensibilidade das mães em
proporcionar experiências contingentes e sincrónicas aos seus filhos.
QUADRO Nº2 - "TURNS" SÍNCRONOS E ASSINCRONOS DAS MÃES




        Deve ainda registar-se a alta eficácia manifestada nos comportamentos reguladores
das mães (Quadro nº 3), eficácia que, embora dependente dos contextos interactivos em que
ocorrem esses comportamentos reguladores, atinjem, nomeadamente em relação ao tipo de
comportamentos reguladores mais utilizados, valores extremamente elevados. No caso das
interacções das mães com os seus filho normais, verificamos que 74.7% dos
comportamentos reguladores das mães são eficazes, ou seja, os seus filhos reagem de
acordo com as expectativas das mães, sendo esse valor, no caso das interacções entre as
mães e os seus filhos com trissomia 21, de 66.7%.
        Mas estes valores médios, como se observa no Quadro nº 3, oscilam em função do
contexto interactivo em que ocorrem os comportamentos performativos das mães. Assim,
no caso dos comportamentos reguladores maternos que mantêm uma relação de
contingência com a actividade actual da criança, a probabilidade de esse comportamento
performativo ser cumprido eleva-se para 87.9% no grupo normal e 83.9% no grupo com
trissomia 21. No caso dos comportamentos maternos, com função performativa, que
interropem uma actividade estruturada da criança (comportamentos reguladores aqui
designados por Performativos Tipo 2ª da Mãe), procurando desviar a atenção da criança
para um novo tópico, a probabilidade de essa ordem ser obedecida é bem mais reduzida,
baixando para 40.4% no grupo normal e para 32.4% no grupo das crianças com trissomia
21.∗


    QUADRO Nº3 - EFICÁCIA DOS DIFERENTES TIPOS DE TURNS PERFORMATIVOS DAS MÃES




∗
  Para uma compreensão mais aprofundada desta temática, nomeadamente no que respeita à eficácia dos
comportamentos reguladores em função dos contextos em que ocorrem, consultar os estudos do autor
referidos na bibliografia.
1 - P. Síncronos da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança              2 - Performativos da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança

     3 - P. Tipo 1 e 2B da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança          4 - P. Assíncronos da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança

                                           5 - P. Tipo 2A da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança




        Para terminar rapidamente com a frieza dos números, importa apenas referir a alta
sensibilidade das mães (Quadro nº4), registada nas elevadíssimas percentagens, próximas
dos 100%, de solicitações da criança que são seguidas de comportamentos síncronos das
mães.


  QUADRO Nº4 - EVOLUÇÃO DOS TURNS PERFORMATIVOS DAS CRIANÇAS SEGUIDOS DE
                                  TURNS SÍNCRONOS DAS MÃES




        Parece assim confirmar-se que directividade e sincronia não são dimensões
antagónicas, que directividade e controlo não implicam necessariamente uma falta de
sincronia com a criança.
        Refira-se ainda que este padrão interactivo é característico, como os dados
anteriores documentam, quer das díades que integram crianças normais quer das díades que
integram crianças com trissomia 21. Assim, para repor uma verdade que parece andar
muito arredada dos nossos manuais de psicologia, para reparar uma das injustiças
cometidas em relação às mães das crianças com deficiência, importa assentuar que, e
voltemos ao pensamento metefórico, a Razão Romântica, a Razão da Díade, também vive,
também palpita, nas relações diádicas que as mães das crianças com deficiência
estabelecem com os seus filhos. O que é claramente consistente com as ideias mais recentes
que que os indivíduos são considerados, potencialmente, capazes e competentes, e que as
dificuldades na activação ou actualização dessas competências parecem situar-se mais ao
nível dos sistemas sociais de apoio, que muitas vezes não oferecem as oportunidades para
que essas competências actuem ou se manifetem. O que mais uma vez nos remeteria para
conceitos tão importantes com os de scaffolding, suporte social formal e informal,
percepção do suporte social, autonomy support, supportive interactions, supportive
mothers, supportive families, supportive teachers.
        Mas, da mesma forma que a mãe não recusa nem a directividade nem a
sensibilidade, também o facto de aderir ao real não a leva a abdicar do imaginário.
        Também nesta aceitação mútua do real e do imaginário se reconhece a Razão
Romântica da Díade.
        Mãe e criança adaptam e regulam mutuamente os seus comportamentos adequando
o conteúdo das suas intervenções e o momento em que o fazem, aos comportamentos e às
competências reais das crianças. Sabe-se que as modificações do comportamento materno
resultam de uma acomodação dos procedimentos comunicativos da mãe ao nível das
competências comunicativas da criança. Sabe-se que com a idade da criança a mãe vai
progressivamente substituindo os comportamentos reguladores de tipo proximal pelos
comportamentos de tipo distal. Sabe-se que, quando se dirige a crianças com idade mais
baixa, a mãe utiliza uma linguagem mais simplificada e redundante, caracterizada por
diferentes padrões de entoação, um vocabulário menos variado e mais concreto, centrado
preferentemente no “aqui e agora”, nos objectos presentes no campo visual e de preensão
da criança.
        É certo que a investigação tem fornecido fortes evidências sobre a grande
sensibilidade em as mães adequarem os seus comportamentos às características e
necessidades actuais dos seus filhos, às suas reais competências. No entanto outros autores
têm chamado a atenção para o facto de ser o significado que a mãe atribui aos
comportamentos do bébé, e não a sua simples ocorrência, que determina a que tipo de
comportamentos a mãe reage e de que forma o faz. Ou seja, os comportamentos maternos
são modificados pelos comportamentos da criança e pela interpretação e significado que as
mães lhe atribuem.
        No momento do nascimento, quando o bébé imaginário se torna uma realidade, as
fantasias, os receios e as expectativas que a mãe foi construindo durante a gravidez
actualizam-se, iniciando-se um novo processo interactivo entre a mãe e a criança. As
atitudes e expectativas da mãe (os seus modelos internos), da mesma forma que as
características e predisposições genéticas da criança, desempenham um papel central na
determinação das relações diádicas.
        A maternidade e o contacto precoce com o bébé vêm actualizar as expectativas
gerais e os modelos internos que desde muito cedo, e ao longo da sua história pessoal, toda
a mulher construiu sobre a sua competência como mãe.
        Desta forma, o impacto dos sistemas sociais de apoio na modificação dos
comportamentos da díade parece estar ligado aos modelos internos dos pais. Mas, como
algumas investigações também reconhecem, o que possibilita a modificação dos modelos
internos é, em grande parte, o comportamento da criança.
Algumas investigações têm também chamado a atenção para o facto de as mães
atribuirem, muitas vezes, aos comportamentos da criança, um significado comunicativo que
por vezes não têm (como no caso do sorriso endógeno).
        Sim, as mães adaptam os seus comportamentos às reais competências da criança,
mas não abdicam de interpretar, de dar sentido e significado, em suma, de sonhar.
        Mas se o processo interactivo funciona como um sistema mutuamente regulado, no
qual ambos os elementos da díade modificam, adaptam e interpretam mutuamente os seus
comportamentos, as crianças deficientes podem não proporcionar informações
suficientemente claras que permitam aos pais determinar os interesses, necessidades e
desejos dos seus filhos, tornando assim difícil a tarefa de interpretar e prever os seus
comportamentos.
        De qualquer forma a interacção mãe-criança envolve sempre processos simbólicos,
interpretativos, hermenêuticos.
        Hölderlin, um dos grandes vultos da poesia romântica dizia:

            “O homem é um deus quando sonha e um mendigo quando pensa”

Para a Razão Romântica o homem é simultaneamente um deus e um mendigo, Finito e
Infinito, sonho e realidade, razão e emoção. A Razão Romântica é a Razão da Díade. Mãe e
criança encaram o real mas não abdicam de sonhar; são simultâneamente racionais e
irracionais; reconhecem simultâneamente as suas limitações e a sua infinitude e fazem
dessas limitações um caminho para a transcendência, para o símbolo, para o
desenvolvimento.
        Nós, professores, não passamos muitas vezes de simples mendigos agarrados à
lógica cartesiana, bem armados de técnicas, de estratégias, de planeamentos, de objectivos
claramente definidos, de curriculos mais ou menos estruturados. Sem negar a nossa
condição de mendigos não recusemos também a intuição, o sonho, a poesia, o Infinito.
Sejamos, como Hölderlin, deuses que sonham, dando à criança a possibilidade de também
sonhar, de também ser um deus, de voar para o mundo das representações, do imaginário,
do símbolo; e partilhemos com ela esses mundos, esses sonhos, esses símbolos, pois sonhar
também é viver.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARGULLOL, R. (1990). El Héroe y el Único. Barcelona: Destinolibro.
BRAZELTON, T.B. (1989). The importance of early intervention, in G. Gomes-Pedro
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BRAZELTON, T.B. (1992). Tornar-se Família - O crescimento da vinculação antes e
depois do nascimento. Lisboa: Terramar.
CARNEIRO, A (1945) O Parto, in Lima, F.C.P., Arquivos de Medicina Popular, II.
CRAWLEY, S.B. & SPIKER, D. (1983). Mother-infant interaction involving two-year-olds
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JOAQUIM, T. (1983). Dar à Luz – Ensaio sobre as práticas e crenças da gravidez, parto e
pós-parto em Portugal. Lisboa: Dom Quixote.
LEITÃO, F.(1994). Interacção mãe-criança e actividade simbólica.Lisboa: S.N.R.
LEITÃO,     F.(2002).Directividade    e   Sensibilidae:   Dimensões      Obrigatoriamente
Incompatíveis?. Gymnasium, 1, 13 – 21.
NEGREIROS, ALMADA (1993). A Invenção do Dia Claro. Sintra: Colares Editora.
NIETZSCHE, F. (1972). Assim falava Zaratustra. Lisboa: Ed. Presença.
PAPOUSEK, H. & PAPOUSEK, M. (1987). Intuitive parenting: a dialectic counterpart of
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RICOEUR, P. (s.d.). O Conflito das Interpretações. Porto: Rés Editora.
TRONICK, E. & GIANINO, A. (1989). The transmition of maternal disturbancy to the
infants, in G. Gomes-Pedro (Ed.), Biopsychology of early parent-infant communication.
Lisboa: F.C.G.

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ComunicaçãO Precoce MãE CriançA

  • 1. COMUNICAÇÃO PRECOCE MÃE-CRIANÇA∗ FRANCISCO ALBERTO RAMOS LEITÃO Professor Associado da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias RESUMO Na sua riqueza e fragilidade os símbolos, como nos recorda Paul Ricoeur, não definem ou diferenciam mas “dão que pensar”. São um desafio e um convite a novas descobertas, a novas e mais aprofundadas formas de reflexão e compreensão. São iniciativas, presenças ou potencialidades, para novos processos de conhecimento e interpretação. Os símbolos da grande mãe, da mãe-terra, da mãe do mundo, das grandes deusas- mães, já que toda a vida, toda a vida humana, procede da “mãe” e desta recebe o alimento – mãe nutrix – são a expressão milenar da veneração ao mistério da vida. Por isso, o mundo na sua totalidade assume a figura de mãe, de mãe do mundo que dá à luz e alimenta todos os seres vivos Com estes símbolos, com o símbolo da grande mãe do mundo, o homem descobre esse profundo sentimento de pertença a um mundo onde se sente tão em casa como a criança no colo materno. Com o presente texto não pretendemos fazer o percurso que leva das imagens, aos conceitos, na senda desse “pensamento puro”, depurado e desvinculado de imagens, com que alguns ainda sonham. Procuramos antes pôr em confronto, num fraterno abraço, mundos tão próximos e tão distantes como os das grandes deusas-mãe, da sacralidade feminina, da Razão Materna, da contingência interactiva, do suporte social, do “autonomy support”, ou ainda os de “supportive interactions”, “supportive parents”, “supportive families”, na expectativa de nessa convergência proporcionar ao leitor uma visão do homem e do mundo, da criança e do desenvolvimento, da intervenção precoce, mais viva e rica que a oferecida por cada um desses símbolos ou conceitos separadamente. A intervenção precoce não deixou de ser entendida, afinal, como uma centração, nomeadamente na criança, para passar a ser equacionada na base de uma multiplicidade de consonâncias no contexto de redes de relações interactivas e comunicativas recíprocas? Neste caminho, o de uma comunhão ecológica cada vez mais globalizada, os antigos e novos símbolos (a hipótese de Gaia, não é ela própria um retorno a toda esta simbólica, numa altura em que a terra mãe asfixia sob o peso de tanta poluição?!), não poderão fecundar o presente e o futuro, poi de novo nos “dão que pensar”? ∗ Artigo publicado na Revista Inclusão, nº 6 /2005, publicada pelo Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho.
  • 2. É habitual dizer-se que a intervenção precoce, quer na sua expressão teórica quer na sua vertente interventiva, é um fenómeno recente. É habitual dizer-se que as modernas teorias da socialização, que se fundamentam na bidireccionalidade e na regulação mútua dos comportamentos, são um avanço científico recente. É habitual dizer-se que os modelos de intervenção centrados na interacção e na família, são um avanço recente em relação às posições mais tradicionais que vêm a intervenção precoce a partir da óptica da estimulação, a partir de modelos centrados na criança, nomeadamente nos seus skills. Mas, para melhor precisarmos o nosso entendimento a respeito da intervenção precoce, da interacção mãe-criança, dos modelos de intervenção centrados na família, e, por extensão, da pedagogia e da educação, convém recuar no tempo, ir muito para além dos anos setenta e dos Programas Head Start, e mergulhar nalguns aspectos do nosso passado histórico-cultural mais longínquo. A sacralidade feminina era já conhecida nos primórdios da humanidade. As Vénus primitivas representavam essa sacralidade, representavam os poderes mágico-religiosos das deusas-mães. A descoberta da agricultura e as homologias que o pensamento primitivo estabelece entre o ciclo biológico feminino e os ciclos agro-lunares, aumentam o poder das deusas-mães. A sacralidade da vida sexual, a sacralidade feminina, confundem-se com o maravilhoso da fecundidade e da fertilidade. Era o mistério da renovação, do nascimento, o enigma da criação, que os nossos antepassados mitificavam na natureza e na mulher, no drama vegetal e na maternidade. Encontram-se vestígios do culto das grandes-deusas, do arquétipo da Grande-Mãe, em todos os continentes. É universalmente conhecida a escultura pré-histórica designada por “Vénus de Willendorf”. No continente americano foi encontrada uma deusa-mãe do Antigo oru e em Portugal, na Toca do Pai Lopes, perto de Setúbal, foi também encontrada uma Vénus do Paleolítico. No Egipto, um baixo relevo do século V A.C. representa Nout, deusa egípcia do Céu e mãe protectora. Universalmente conhecida é também Ísis, a mãe, a deusa de tantos atributos, tantas vezes representada a amamentar o seu filho orus. Também o pensamento religioso
  • 3. ocidental tem as suas Mães Protectoras, de que a Madona do século XV pintada por Piero della Francesca é um exemplo. Ao longo de todo o período medieval, época em que os perigos espreitavam tão fortemente a maternidade, onde a morte acompanhava de tão perto a vida, onde portanto as mães recorriam mais às crenças mágico-religiosas para invocar protecção para os seus filhos, reencontramos os grandes mitos da deusa-mãe. Uma ilustração do manuscrito intitulado “Philosofia Reformata” representa, à boa maneira da alquimia, a mãe, a terra mãe, como matéria prima, como matriz que alimenta e protege o filho dos filósofos. Excelente símbolo da mãe nutrix geradora de culturas, de possibilidades, de transcendência. A Terra, como prima matéria, alimenta o filho dos filósofos (Milio: Philosphia reformata, 1622) De formas muito diversas encontramos, neste longo período histórico, grandes preocupações com a maternidade e o desenvolvimento. Desde os cuidados com o sono e os berços, às formas de enfaixar os bebés, passando pelos utensílios a utilizar na alimentação e pela atenção com que era seguida a aquisição da bipedia e o desenvolvimento da actividade simbólica e representativa, as iluminuras vão mostrando os cuidados com que era rodeada a mãe e a criança, a importância que era atribuída à maternidade. Chama igualmente a nossa atenção a forma e a insistência com que as ilustrações retratam certas práticas culturais ligadas ao nascimento e à maternidade, nomeadamente as preocupações que rodeiam o primeiro banho do bebé e a atenção que é dada à alimentação da mãe. Repare-se no calor humano que certas gravuras deixam transparecer, na permanente presença das figuras femininas que rodeiam a mãe, na preocupação que parece existir em manter juntos mãe e bébé. O valor, sagrado ou profano, que sempre foi atribuido à maternidade e ao nascimento, também ficou registado na sabedoria oral dos diferentes povos. Nestes ditados populares portugueses está bem patente a atenção com que a mãe e a criança eram rodeadas: “Quinze dias na cama, Quinze dias no lar, Depois a mulher vai trabalhar”. ∗ ∗ Alexandre Carneiro, O Parto, pág. 33.
  • 4. “A que pariu este infante Necessita de comer cada instante”. ∗∗ Todos os povos têm as suas crenças e as suas práticas sobre a gravidez, os riscos que envolve e os rituais que procuram anular esses riscos, os cuidados a proporcionar à mãe e ao recém-nascido; sobre a alimentação da mãe e do bébé e os rituais de aleitamento e desmame; sobre o sono, os berços, o embalar; o vestuário; os jogos e os brinquedos; sobre o papel do pai e da mãe. Em suma, sobre as condições sociais e familiares que envolvem as relações diádicas mãe-criança. Também a arte foi sempre sensível a estas preocupações universais, tendo desde muito cedo descoberto esta unidade primordial, esta unidade diádica, que é a relação mãe- criança. E descobriu essa realidade não apenas na sua componente biológica, no valor de sobrevivência biológica que essa vinculação precoce tem para a espécie humana, mas fundamentalmente na sua componente psico-afectiva, simbólica, representativa, social, interactiva. Descobriu que a díade mãe-criança, assim designada por envolver a relação entre dois participantes, no caso a mãe e a criança, afinal remete mais para a ideia de totalidade, de unidade, de um, do que para a ideia de dualidade ou de dois. Ou, se quisermos, coloca-nos no centro desse paradoxo que é a unidade diádica mãe-criança. E que dizer, de facto, dessa sequência magistral de vinte e seis desenhos de 1948, com o tema Maternidade,que Almada Negreiros desenhou num só dia, em Bicesse?! Não nos remeterão, esses desenhos, para uma plena e autêntica alquimia da metamorfose e da transformação, do desenvolvimento, onde a presença inaugural da mãe, a presença inaugural do amor materno, se supera e transmuta em Viagem, em voo, em distância e ausência?! Se transmuta em alteridade, na permanente construção e reconstrução de uma nova identidade?! Na intuição do artista, esta relação entre sistema de vinculação e sistema de comportamentos exploratórios, nas Confidencias de A Invenção do Dia Claro, expressa-se da seguinte forma: “[...] Mãe! Dá-me um cavallo! Eu já sou o pallope! [...] [...] Mãe! Estou a lembrar-me! Tu já fôste a menina loira! Eu já fui o menino verdadeiro a quem tu davas de mamar! [...] Lembro-me exactamente! Quando tu me beijavas, o sol não doía tanto na minha pelle! [...] “ Mas não é esta, precisamente, a ideia de Brazelton, esse nome incontornável da pediatria do desenvolvimento, quando afirma que a desvinculação, o voo, portanto, e o galope, é o fim último da vinculação?! O sentimento que vivenciamos ao contemplar obras como “Mãe e Filho” de Montserrat Gudiol, “Maternidade” de Vasco Pereira da Conceição ou “Maternidade” de Almada Negreiros, não é um sentimento de fusão, de plenitude, de unidade, de totalidade? ∗∗ Manoel da Silva Leitão, Arte com vida ou Vida com arte (...) em a qual se encontrahum Regimento de Partidas, citado por Teresa Joaquim, 1983.
  • 5. Como nos ensinou Carl Jung, as estruturas psicológicas e psico-sociais de unidade e totalidade são muitas vezes representadas na forma do círculo ou da esfera. Exemplos típicos são os célebres mandalas tibetanos. As obras de Vasco Pereira da Conceição e Almada Negreiros,anteriormente referidas, expressam essa noção de unidade, facto que nos parece ter a ver com a sua estrutura claramente mandálica. Esta intuição para o grande arquétipo da unidade primordial mãe-criança parece também ser apanágio das grandes construções mitológicas. A ideia de que o recém-nascido é um ser altamente competente e biologicamente pré-preparado para a interacção social é uma das ideias-força das modernas teorias do desenvolvimento. A mitologia parece ter pressentido esta verdade. Hércules criança é já um herói dotado de grandes poderes e capacidades. Uma estatueta em bronze que nos foi legada pela cultura grega representa Hércules-criança matando duas serpentes, símbolo da sua capacidade de dominar e controlar o mundo. Sim, a mitologia entende a criança como um herói dotado de grandes competências. Sim, a criança já faz parte do panteão dos heróis mitológicos, a criança já é um homem- deus, um herói armado que utiliza as suas armas, as suas competências, para se transcender, para se superar. O homem é um ser que tem em si o dom de se transcender, de se superar, de se renovar permanentemente. Os chamados símbolos de transcendência representam os esforços do homem nesse processo de permanentemente se ultrapassar. Zaratustra, o profeta de Nietzsche, diz-nos: “A grandeza do homem está em ser uma ponte e não um final; o que podemos amar no Homem, é ser ele transição e naufrágio” O que é dizer que o homem é um mundo de possibilidades, um infinito de potencialidades. O psiquismo da transcendência expressa-se através de processos imagéticos diversos, dos quais gostariamos de referir uma das suas manifestações: o esforço do homem para se libertar das forças telúricas e gravíticas, ou seja, a simbologia do voo, das asas, da subida, da verticalidade, da elevação, tão marcadamente presente nos deuses e nos heróis das diversas mitologias. Mas antes de voltarmos à mitologia deixemo-nos envolver pelo psiqismo ascendente de Nietzsche, tão explicitamente presente nesta passagem do Assim Falava Zaratustra: “Aprendi a andar e desde então corro sem esforço. Aprendi a voar; desde então já não espero que me empurrem para mudar de sítio. Vede como me sinto leve; vede, voo; vede, sobrevoo-me; vede, há em mim um deus que dança” Este imaginário aéreo também está presente na obra de Almada. Nos vinte e seis desenhos alusivos à Maternidade e anteriormente referidos, uma das transformações mais óbvias, de Maternidade/1 a Maternidade/26, é a epifania da ave, a progressiva metamorfose da criança em pássaro, em voo, clara sugestão a um gesto de transcendência e superação, a
  • 6. um esforço de libertação do peso da gravidade. Dinâmica de voo que leva à transmutação em ave, dinâmica de gallope que leva a criança a pedir à mãe um cavallo. Da mesma forma que Nietzsche e Almada, os deuses e os heróis mitológicos também voavam, também tinham asas. Veja-se, o caso de Dédalo e de Ícaro que voavam para o infinito; veja-se como Perseu, com o capacete mágico e as sandálias voadoras vence a Medusa e liberta Andromeda; veja-se Mercúrio voando com os seus atributos típicos. A competência para o voo é já, para a mitologia, apanágio da própria criança. É, na linguagem de Almada, a sua natureza ou estrutura de gallope, de ave. Eros, criança, é representado com asas, da mesma forma que o deus brincalhão Cupido; num célebre quadro do pintor renascentista Montegna, Minerva ajudada por crianças aladas, expulsa os Vícios do Jardim da Virtude. Se a mitologia já sabia que a criança tinha asas, não sejamos nós a cortar as asas ao sonho de infinito, de transcendência, de superação, que já habita na criança. O voo não é património do homem adulto, de Zaratustra ou de Nietzsche; na criança também já há um deus que dança, que sonha, que voa; a criança já é um ser altamente competente, responsivo, geneticamente preparado para a interacção social, capaz de proporcionar à mãe experiências contingentes, capaz de influenciar o comportamento da mãe, capaz de se transcender, dotada de asas que lhe permitem voar. Sim, na criança já habita um sonho de infinito, de superação, de transcendência. Sim, a criança já é uma ponte. Era este dinamismo, esta actividade, que os antigos viam na criança, no homem, na natureza, que os levava a afirmar que tudo está cheio de deuses, que o mundo é animado, pleno de possibilidades e de promessas, que no interior das mais pequenas coisas há um espírito que as anima. Depois de o pensamento primitivo, a mitologia, a arte, terem descoberto o poder e a competência que há na criança, depois de terem descoberto o infinito que há no homem, a ciência descobre a sua finitude. É o Empirismo, as Luzes, a aridez tão característica dos positivismos, a invenção desse homem mecânico que é o homem newtoniano. É a negação do pensamento clássico e renascentista do homem, pensamento simultaneamente épico e romântico, pensamento onde o homem podia conviver com o maravilhoso, com os deuses, pensamento que assentava na unidade e tensão dialéctica entre o homem e a natureza, pensamento onde o homem podia descobrir a própria grandeza da sua subjectividade e ver, como faziam os pré-socráticos, que tudo está cheio de deuses. É afinal a negação duma visão poética do mundo e sua substituição por um pensamento que separa o homem da natureza e se limita a ver, na natureza, uma gigantesca roda hidráulica dominada por uma mecânica passiva , no homem, um organismo inactivo de que é paradigma a concepção da percepção passiva de John Locke. A criança é vista como um ser passivo, imaturo, incompetente, uma tábua rasa; a criança já não é o deus-herói da mitologia mas um herói desarmado, um ser incompetente, um organismo passivo. Mas que competências a mitologia antecipara já na criança, que competências a arte previra na díade, que a ciência mais tarde negava? Quais os seus poderes? Quais as suas armas? Foi preciso esperar, entre outros, por homens como Spitz, Bowlby, Ainsworth, Bell, Papousek, Brazelton, para a ciência redescobrir que a criança é um ser competente, interactivamente competente, para descobrir que a arte e a mitologia tinham razão.
  • 7. Como afirmamos logo no início deste texto, é habitual dizer-se que a intervenção precoce é um fenómeno recente; mas, poderemos dizer agora, um fenómeno recente que, tendo esquecido o pensamento primitivo, a mitologia, a arte, começou por ser racionalista, cartesiano, definição fria e calculista de objectivos, de metodologias, de estratégias. Todo um conjunto de concepções e de formas de intervenção que esqueceram - e quantas e quantas vezes continuam a esquecer – a criança e a família, ou pelo menos as reduziam a meros objectos passivos que sofriam ou se submetiam à superioridade e poder dos especialistas. Esta posição, que quase poderiamos chamar de medieval, poderia ser ilustrada pela gravura do século XV, intitulada “Lógica perturbada pela Natureza”, o que é dizer, razão perturbada pelo sentimento. Muitas vezes, quando uma determinada faceta da realidade é vista como perturbadora, nega-se, afasta-se, sub-valoriza-se. Sim, podemos claramente dizer que, nos seus primórdios, a intervenção precoce pecava por ser uma abordagem eminentemente racional, épica, numa palavra, finita. No entanto, não é esta dicotomia entre razão e emoção, entre pensamento e sentimento, entre planear e agir, que encontramos quando observamos os comportamentos interactivos da díade, quando observamos os procedimentos comunicativos que, no contexto da família, mãe e criança estabelecem entre si. O que encontramos é um padrão comunicativo que, manifestando-se de forma diversificada em cada díade, poderia ser descrito como diálogo e conversação; diálogo e conversação onde, numa unidade maravilhosa se fundem razão e emoção, pensamento e intuição, racionalidade que engloba sempre um fundo de irracionalidade; diálogo onde se unem poder e impotência, conhecimento e enigma, objectividade e subjectividade, finito e infinito. É neste sentido que nos atrevemos a dizer que a Razão Materna, a Razão da Díade, é uma Razão Romântica, se entendermos por Romantismo não uma evocação piegas e sentimental do passado, se entendermos o Romantismo não por oposição ao Clássico, ao Épico, mas se o entendermos como uma concepção do homem e do mundo moderno que assenta na unidade do finito e do infinito, do poder e da inpotência, da razão e do sentimento. Era também esta a visão renascentista, visão que via o mundo, no dizer de Nicola Cusano, como limitação ilimitada. Permitam-me, a este propósito, referir Rafael Argullol: “Toda a arte verdadeiramente trágica implica uma consideração heróica do homem. A compreensão do limitado da condição humana torna-se resignação ou nihilismo se não está acompanhada pela vontade heróica do ilimitado. O Eu Romântico possui à saciedade esta vontade e aquela compreensão: a sua arte, a sua poesia, nutre-se da contradição entre uma e outra.” Também a comunicação precoce mãe-criança se nutre deste confronto entre poder e impotência, deste confronto entre a vontade heróica do ilimitado e o reconhecimento das limitações humanas, entre a procura activa de experiências sincrónicas e funcionais e a aceitação de que ocorrem rupturas e disfuncionalidades no processo interactivo. Mãe e criança estruturam as relações diádicas não a partir dum poder ilusório e ilimitado mas a
  • 8. partir duma competência permanentemente conquistada e reconstruida, a partir dum poder permanentemente confrontado com as suas próprias limitações. A mãe transborda de alegria face ao seu poder quando toma decisões rápidas, fáceis e apropriadas, põe termo a comportamentos não desejáveis da criança (choro...), ou desencadeia comportamentos desejáveis (sorriso, vocalizações...); a mãe estremece face às suas limitações quando as decisões são demoradas, difíceis e inadequadas, quando não consegue pôr termo a um comportamento não desejável da criança (choro...), ou não consegue desencadear um comportamento desejável (sorriso, vocalizações, contacto visual...). No primeiro caso os sentimentos de competência da mãe (e da criança) são reforçados; a mãe vive sentimentos de eficácia, de competência; a mãe sente-se boa mãe; a mãe sente-se divina. No segundo caso a mãe vivencia sentimentos de ineficácia e incompetência; a mãe estremece, sente-se finita. Dizer que mãe e criança são a expressão de um poder infinito é dizer que cada uma, com as suas características próprias e a sua individualidade, sincronizam os seus comportamentos interactivos, num processo harmonioso de regulação mútua, onde cada elemento da díade manifesta grande sensibilidade na construção de experiências contingentes, de interacções positivas e funcionais. É esta a vertente positiva, divina, infinita, da interacção mãe-criança. No entanto a comunicação mãe-criança não está permanentemente bem regulada, não se reduz exclusivamente a experiências contingentes. Tronick e Gianino (1989) verificaram que, no decurso do primeiro ano de vida, o processo interactivo mãe-criança não está, 35% das vezes, bem regulado. Na relação diádica mãe-criança, nomeadamente nas situações que envolvem crianças deficientes, mãe e criança podem ter dificuldades acrescidas em responder às tentativas de interacção social do outro e em iniciar contactos sociais, não proporcionando assim os necessários sinais reguladores. Esta situação pode resultar em processos interactivos menos bem regulados e potencialmente geradores de sentimentos mútuos de incompetência. É esta a vertente negativa, nocturna, da finitude e da impotência, da descida aos infernos. Mas como referimos atrás, a Razão da Díade assenta na unidade e na contradição entre Finito e Infinito, no aceitar e no transcender as limitações. Foi este mecanismo profundo que permitiu a Tronick e a Gianino constactar que nos contactos interactivos subsequentes a situações disfuncionais e de ruptura a díade consegue repor, um elevado número de vezes, a coordenação, a sincronia, a reciprocidade. Foi este mecanismo profundo que permitiu a Brazelton (1989) observar, nas situações laboratoriais de still face condition, a forma como a criança, através do uso de comportamentos interactivos diversos, procura retirar a mãe da situação não responsiva de still face. Este repor o processo interactivo, esta necessidade profunda de mãe e criança sincronizarem e regularem mutuamente os comportamentos, de permanentemente construirem e reconstruirem o sentido da vida, é afinal, e voltemos à linguagem metafórica, o mistério da permanente renovação da vida e da natureza, do drama vegetal, da vida que recusa morrer, o mistério da incompetência que se transforma em competência, o mistério do Finito que se transforma na Infinita dádiva de vida. Reconhecendo a complexidade de toda esta dinâmica transaccional, vários investigadores têm reconhecido que a intervenção precoce, nas suas diversas vertentes, educativa, médica e social, pode influenciar positivamente o desenvolvimento da criança, a qualidade de vida da família, nomeadamente facilitando a emergência de sentimentos de
  • 9. competência, na mãe, na criança, na família (o que nos remeteria para conceitos como os de empowerment, enabling...). Mas a Razão Romântica das díades poderia ser apreendida de muitas outras formas. É que as mães, sem deixarem de pensar, sem recusarem a razão, sem recusarem mesmo ser directivas e impositivas, sem recusarem o real (as competências e limitações dos seus filhos), não abdicam da sensibilidade, da fantasia, do sonho, da intuição. Ou seja, a capacidade de tanto as mães das crianças normais como as mães das crianças com deficiência adaptarem os seus comportamentos, com igual sensibilidade, à competência comunicativa dos seus filhos, não está apenas relacionada com mecanismos lógicos e racionais, mas fundamentalmente com comportamentos intuitivos, com o que Papousek e Papousek (1987) chamam intuitive parenting behavior, com o que neste texto temos vindo a designar por Razão Romântica, por Razão da Díade. Não, a mãe não recusa nem a directividade nem a sensibilidade. Os dados da nossa investigação (Leitão, 1994) confirmam, no seguimento dos trabalhos de Crawley e Spiker (1983), que directividade e sensibilidade não são obrigatoriamente dimensões antagónicas. No decurso do segundo ano de vida, quer no caso das crianças normais quer no caso das crianças com trissomia 21, o número de comportamentos maternos com função reguladora (turns performativos) é muito superior ao número de comportamentos não reguladores, (Quadro nº1) revelando claramente o domínio que, na área específica da imposição de comportamentos, as mães exercem. QUADRO Nº1 - TURNS PERFORMATIVOS E NÃO PERFORMATIVOS EMITIDOS PELAS MÃES Se parássemos por aqui cairiamos no erro de dizer que as mães são impositivas, directivas, controladoras. Mas continuemos um pouco mais. Os dados por nós igualmente encontrados no mesmo estudo, dizem-nos que uma grande percentagem dos comportamentos maternos são síncronos, funcionais, contingentes. Se os primeiros dados nos ensinam que as mães são directivas, os segundos (Quadro nº 2) recordam-nos que essa directividade deve ser entendida no quadro de uma alta sensibilidade das mães em proporcionar experiências contingentes e sincrónicas aos seus filhos.
  • 10. QUADRO Nº2 - "TURNS" SÍNCRONOS E ASSINCRONOS DAS MÃES Deve ainda registar-se a alta eficácia manifestada nos comportamentos reguladores das mães (Quadro nº 3), eficácia que, embora dependente dos contextos interactivos em que ocorrem esses comportamentos reguladores, atinjem, nomeadamente em relação ao tipo de comportamentos reguladores mais utilizados, valores extremamente elevados. No caso das interacções das mães com os seus filho normais, verificamos que 74.7% dos comportamentos reguladores das mães são eficazes, ou seja, os seus filhos reagem de acordo com as expectativas das mães, sendo esse valor, no caso das interacções entre as mães e os seus filhos com trissomia 21, de 66.7%. Mas estes valores médios, como se observa no Quadro nº 3, oscilam em função do contexto interactivo em que ocorrem os comportamentos performativos das mães. Assim, no caso dos comportamentos reguladores maternos que mantêm uma relação de contingência com a actividade actual da criança, a probabilidade de esse comportamento performativo ser cumprido eleva-se para 87.9% no grupo normal e 83.9% no grupo com trissomia 21. No caso dos comportamentos maternos, com função performativa, que interropem uma actividade estruturada da criança (comportamentos reguladores aqui designados por Performativos Tipo 2ª da Mãe), procurando desviar a atenção da criança para um novo tópico, a probabilidade de essa ordem ser obedecida é bem mais reduzida, baixando para 40.4% no grupo normal e para 32.4% no grupo das crianças com trissomia 21.∗ QUADRO Nº3 - EFICÁCIA DOS DIFERENTES TIPOS DE TURNS PERFORMATIVOS DAS MÃES ∗ Para uma compreensão mais aprofundada desta temática, nomeadamente no que respeita à eficácia dos comportamentos reguladores em função dos contextos em que ocorrem, consultar os estudos do autor referidos na bibliografia.
  • 11. 1 - P. Síncronos da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança 2 - Performativos da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança 3 - P. Tipo 1 e 2B da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança 4 - P. Assíncronos da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança 5 - P. Tipo 2A da Mãe seguidos de T. Síncronos da Criança Para terminar rapidamente com a frieza dos números, importa apenas referir a alta sensibilidade das mães (Quadro nº4), registada nas elevadíssimas percentagens, próximas dos 100%, de solicitações da criança que são seguidas de comportamentos síncronos das mães. QUADRO Nº4 - EVOLUÇÃO DOS TURNS PERFORMATIVOS DAS CRIANÇAS SEGUIDOS DE TURNS SÍNCRONOS DAS MÃES Parece assim confirmar-se que directividade e sincronia não são dimensões antagónicas, que directividade e controlo não implicam necessariamente uma falta de sincronia com a criança. Refira-se ainda que este padrão interactivo é característico, como os dados anteriores documentam, quer das díades que integram crianças normais quer das díades que integram crianças com trissomia 21. Assim, para repor uma verdade que parece andar muito arredada dos nossos manuais de psicologia, para reparar uma das injustiças cometidas em relação às mães das crianças com deficiência, importa assentuar que, e
  • 12. voltemos ao pensamento metefórico, a Razão Romântica, a Razão da Díade, também vive, também palpita, nas relações diádicas que as mães das crianças com deficiência estabelecem com os seus filhos. O que é claramente consistente com as ideias mais recentes que que os indivíduos são considerados, potencialmente, capazes e competentes, e que as dificuldades na activação ou actualização dessas competências parecem situar-se mais ao nível dos sistemas sociais de apoio, que muitas vezes não oferecem as oportunidades para que essas competências actuem ou se manifetem. O que mais uma vez nos remeteria para conceitos tão importantes com os de scaffolding, suporte social formal e informal, percepção do suporte social, autonomy support, supportive interactions, supportive mothers, supportive families, supportive teachers. Mas, da mesma forma que a mãe não recusa nem a directividade nem a sensibilidade, também o facto de aderir ao real não a leva a abdicar do imaginário. Também nesta aceitação mútua do real e do imaginário se reconhece a Razão Romântica da Díade. Mãe e criança adaptam e regulam mutuamente os seus comportamentos adequando o conteúdo das suas intervenções e o momento em que o fazem, aos comportamentos e às competências reais das crianças. Sabe-se que as modificações do comportamento materno resultam de uma acomodação dos procedimentos comunicativos da mãe ao nível das competências comunicativas da criança. Sabe-se que com a idade da criança a mãe vai progressivamente substituindo os comportamentos reguladores de tipo proximal pelos comportamentos de tipo distal. Sabe-se que, quando se dirige a crianças com idade mais baixa, a mãe utiliza uma linguagem mais simplificada e redundante, caracterizada por diferentes padrões de entoação, um vocabulário menos variado e mais concreto, centrado preferentemente no “aqui e agora”, nos objectos presentes no campo visual e de preensão da criança. É certo que a investigação tem fornecido fortes evidências sobre a grande sensibilidade em as mães adequarem os seus comportamentos às características e necessidades actuais dos seus filhos, às suas reais competências. No entanto outros autores têm chamado a atenção para o facto de ser o significado que a mãe atribui aos comportamentos do bébé, e não a sua simples ocorrência, que determina a que tipo de comportamentos a mãe reage e de que forma o faz. Ou seja, os comportamentos maternos são modificados pelos comportamentos da criança e pela interpretação e significado que as mães lhe atribuem. No momento do nascimento, quando o bébé imaginário se torna uma realidade, as fantasias, os receios e as expectativas que a mãe foi construindo durante a gravidez actualizam-se, iniciando-se um novo processo interactivo entre a mãe e a criança. As atitudes e expectativas da mãe (os seus modelos internos), da mesma forma que as características e predisposições genéticas da criança, desempenham um papel central na determinação das relações diádicas. A maternidade e o contacto precoce com o bébé vêm actualizar as expectativas gerais e os modelos internos que desde muito cedo, e ao longo da sua história pessoal, toda a mulher construiu sobre a sua competência como mãe. Desta forma, o impacto dos sistemas sociais de apoio na modificação dos comportamentos da díade parece estar ligado aos modelos internos dos pais. Mas, como algumas investigações também reconhecem, o que possibilita a modificação dos modelos internos é, em grande parte, o comportamento da criança.
  • 13. Algumas investigações têm também chamado a atenção para o facto de as mães atribuirem, muitas vezes, aos comportamentos da criança, um significado comunicativo que por vezes não têm (como no caso do sorriso endógeno). Sim, as mães adaptam os seus comportamentos às reais competências da criança, mas não abdicam de interpretar, de dar sentido e significado, em suma, de sonhar. Mas se o processo interactivo funciona como um sistema mutuamente regulado, no qual ambos os elementos da díade modificam, adaptam e interpretam mutuamente os seus comportamentos, as crianças deficientes podem não proporcionar informações suficientemente claras que permitam aos pais determinar os interesses, necessidades e desejos dos seus filhos, tornando assim difícil a tarefa de interpretar e prever os seus comportamentos. De qualquer forma a interacção mãe-criança envolve sempre processos simbólicos, interpretativos, hermenêuticos. Hölderlin, um dos grandes vultos da poesia romântica dizia: “O homem é um deus quando sonha e um mendigo quando pensa” Para a Razão Romântica o homem é simultaneamente um deus e um mendigo, Finito e Infinito, sonho e realidade, razão e emoção. A Razão Romântica é a Razão da Díade. Mãe e criança encaram o real mas não abdicam de sonhar; são simultâneamente racionais e irracionais; reconhecem simultâneamente as suas limitações e a sua infinitude e fazem dessas limitações um caminho para a transcendência, para o símbolo, para o desenvolvimento. Nós, professores, não passamos muitas vezes de simples mendigos agarrados à lógica cartesiana, bem armados de técnicas, de estratégias, de planeamentos, de objectivos claramente definidos, de curriculos mais ou menos estruturados. Sem negar a nossa condição de mendigos não recusemos também a intuição, o sonho, a poesia, o Infinito. Sejamos, como Hölderlin, deuses que sonham, dando à criança a possibilidade de também sonhar, de também ser um deus, de voar para o mundo das representações, do imaginário, do símbolo; e partilhemos com ela esses mundos, esses sonhos, esses símbolos, pois sonhar também é viver. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARGULLOL, R. (1990). El Héroe y el Único. Barcelona: Destinolibro. BRAZELTON, T.B. (1989). The importance of early intervention, in G. Gomes-Pedro (Ed.), Biopsychology of early parent-infant communication (15-30). Lisboa: F.C.G. BRAZELTON, T.B. (1992). Tornar-se Família - O crescimento da vinculação antes e depois do nascimento. Lisboa: Terramar. CARNEIRO, A (1945) O Parto, in Lima, F.C.P., Arquivos de Medicina Popular, II. CRAWLEY, S.B. & SPIKER, D. (1983). Mother-infant interaction involving two-year-olds with Down syndrome: a look at individual differences. Child Development, 54, 1312-1323.
  • 14. JOAQUIM, T. (1983). Dar à Luz – Ensaio sobre as práticas e crenças da gravidez, parto e pós-parto em Portugal. Lisboa: Dom Quixote. LEITÃO, F.(1994). Interacção mãe-criança e actividade simbólica.Lisboa: S.N.R. LEITÃO, F.(2002).Directividade e Sensibilidae: Dimensões Obrigatoriamente Incompatíveis?. Gymnasium, 1, 13 – 21. NEGREIROS, ALMADA (1993). A Invenção do Dia Claro. Sintra: Colares Editora. NIETZSCHE, F. (1972). Assim falava Zaratustra. Lisboa: Ed. Presença. PAPOUSEK, H. & PAPOUSEK, M. (1987). Intuitive parenting: a dialectic counterpart of the infants integrative competence, in Joy Doniger Osofsky (Ed.), Handbook of infant development. New York: John Wiley e Sons, Inc. RICOEUR, P. (s.d.). O Conflito das Interpretações. Porto: Rés Editora. TRONICK, E. & GIANINO, A. (1989). The transmition of maternal disturbancy to the infants, in G. Gomes-Pedro (Ed.), Biopsychology of early parent-infant communication. Lisboa: F.C.G.