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             17/04/2012
Sei que me vês                      As portas que se fecham e eu na minha
Quando os teus olhos me ignoram     A tua sombra é o lugar onde me deito
Quando por dentro eu sei que        Vamos fazer o que ainda não foi feito
choram                              E eu sou mais do que te invento
Sabes de mim                        Tu és um mundo com mundos por dentro
Eu sou aquele que se esconde        E temos tanto pra contar
Sabe de ti, sem saber onde          Vem nesta noite
Vamos fazer o que ainda não foi     Fomos tão longe a vida toda
feito                               Somos um beijo que demora
Trago-te em mim                     Porque amanhã é sempre tarde demais
Mesmo que chova no verão            Tens uma estrada
Queres dizer sim, mas dizes não     Tenho uma mão cheia de nada
Vamos fazer o que ainda não foi     Somos um todo imperfeito
feito                               Tu és inteira e eu desfeito
E eu sou mais do que te invento     Vamos fazer o que ainda não foi feito
Tu és um mundo com mundos por       E eu sou mais do que te invento
dentro                              Tu és um mundo com mundos por dentro
E temos tanto pra contar            E temos tanto pra contar
Vem nesta noite                     Vem nesta noite
Fomos tão longe a vida toda         Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora           Somos um beijo que demora
Porque amanhã é sempre tarde        Porque amanhã é sempre tarde demais
demais                              Vem nesta noite
E eu sei que dói                    Fomos tão longe a vida toda
Sei como foi andares tão só por     Somos um beijo que demora
essa rua                            Porque amanhã é sempre tarde demais
As vozes que te chamam e tu na      Porque amanhã é sempre tarde demais
tua                                 Porque amanhã é sempre tarde demais
Esse teu corpo é o teu porto, é o   Porque amanhã é sempre tarde demais
teu jeito
Vamos fazer o que ainda não foi
feito                                http://www.youtube.com/watch?v=14_-_N2xJ3I
Sabes quem sou, para onde vou
A vida é curva, não uma linha
                                                Pedro Abrunhosa
Redação

Uma senhora pediu-me
um poema de amor.
Não de amor por ela,
mas «de amor, de amor».
À parte aquelas
trivialidades «minha rosa, lua do meu céu interior»
que podia eu dizer
para ela, a não destinatária,
que não fosse por ela?
Sem objeto, o poema
é uma redação
dos 100 Modelos
de Cartas de Amor.
                   Alexandre O’Neill
O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? –
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!

                                  Alexandre O´Neill
Quantas vezes me fechei para chorar
na casa de banho da casa de minha avó
lavava os olhos com shampoo
e chorava
chorava por causa do shampoo
depois acabaram os shampoos
que faziam arder os olhos
no more tears disse Johnson & Johnson
as mães são filhas das filhas
e as filhas são mães das mães
uma mãe lava a cabeça da outra
e todas têm cabelos de crianças loiras
para chorar não podemos usar mais shampoo
e eu gostava de chorar a fio
e chorava
sem um desgosto sem uma dor sem um lenço
sem uma lágrima
fechada à chave na casa de banho          Adília Lopes
da casa da minha avó
onde além de mim só estava eu
também me fechava no guarda-vestidos
mas um guarda-vestidos não se pode fechar
por dentro
nunca ninguém viu um vestido a chorar
Body Art?

Com os remédios
engordo 30 kg
o carteiro pergunta-me
para quando
é o menino
nos transportes públicos
as pessoas levantam-se
para me dar o lugar
sento-me sempre

Emagreço 21 Kg
as colegas                 No metro um rapaz
da Faculdade de Letras     e um velho
perguntam-me               discutem
se é menino                se eu estou grávida
ou menina                  o rapaz quer-me
                           dar o lugar
                           Detesto
                           o sofrimento

                                                 Adília Lopes
Toda a gente que tem as mãos frias
Poema Pial
             Deve metê-las dentro das pias.
             Pia número UM
             Para quem mexe as orelhas em jejum.
             Pia número DOIS,
             Para quem bebe bifes de bois.
             Pia número TRÊS,
             Para quem espirra só meia vez.
             Pia número QUATRO,
             Para quem manda as ventas ao teatro.
             Pia número CINCO,
             Para quem come a chave do trinco.
             Pia número SEIS,
             Para quem se penteia com bolos-reis
             Pia número SETE,
             Para quem canta até que o telhado se derrete.
             Pia número OITO,
             Para quem parte nozes quando é afoito.
             Pia número NOVE,
             Para quem se parece com uma couve.
             Pia número DEZ,
             Para quem cola selos nas unhas dos pés.
             E, como as mãos já não estão frias,
             Tampa nas pias!
Pia, pia, pia
O mocho,
Que pertencia
A um coxo.
Zangou-se o coxo
Um dia,
E meteu o mocho
Na pia, pia, pia...
Dizem que finjo ou minto
 Autopsicografia

O poeta é um fingidor.         Dizem que finjo ou minto
Finge tão completamente        Tudo que escrevo. Não.
Que chega a fingir que é dor   Eu simplesmente sinto
A dor que deveras sente.       Com a imaginação.
                               Não uso o coração.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,        Tudo o que sonho ou passo,
Não as duas que ele teve,      O que me falha ou finda,
Mas só a que eles não têm.     É como que um terraço
                               Sobre outra coisa ainda.
E assim nas calhas de roda     Essa coisa é que é linda.
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda          Por isso escrevo em meio
que se chama o coração.        Do que não está de pé,
                               Livre do meu enleio,
                               Sério do que não é.
                               Sentir? Sinta quem lê!
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.



                                           Fernando Pessoa
http://cvc.instituto-camoes.pt/desafios/10/desafios10.html




                                                       Bocage
As amoras

O meu país sabe às amoras bravas no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é
azul.

                                       Eugénio de Andrade
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer

É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                           Luís de Camões
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2241

http://www.ruadapoesia.com/content/view/52/39/

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Aler+poesia

  • 1. Aula aLeR+ 17/04/2012
  • 2. Sei que me vês As portas que se fecham e eu na minha Quando os teus olhos me ignoram A tua sombra é o lugar onde me deito Quando por dentro eu sei que Vamos fazer o que ainda não foi feito choram E eu sou mais do que te invento Sabes de mim Tu és um mundo com mundos por dentro Eu sou aquele que se esconde E temos tanto pra contar Sabe de ti, sem saber onde Vem nesta noite Vamos fazer o que ainda não foi Fomos tão longe a vida toda feito Somos um beijo que demora Trago-te em mim Porque amanhã é sempre tarde demais Mesmo que chova no verão Tens uma estrada Queres dizer sim, mas dizes não Tenho uma mão cheia de nada Vamos fazer o que ainda não foi Somos um todo imperfeito feito Tu és inteira e eu desfeito E eu sou mais do que te invento Vamos fazer o que ainda não foi feito Tu és um mundo com mundos por E eu sou mais do que te invento dentro Tu és um mundo com mundos por dentro E temos tanto pra contar E temos tanto pra contar Vem nesta noite Vem nesta noite Fomos tão longe a vida toda Fomos tão longe a vida toda Somos um beijo que demora Somos um beijo que demora Porque amanhã é sempre tarde Porque amanhã é sempre tarde demais demais Vem nesta noite E eu sei que dói Fomos tão longe a vida toda Sei como foi andares tão só por Somos um beijo que demora essa rua Porque amanhã é sempre tarde demais As vozes que te chamam e tu na Porque amanhã é sempre tarde demais tua Porque amanhã é sempre tarde demais Esse teu corpo é o teu porto, é o Porque amanhã é sempre tarde demais teu jeito Vamos fazer o que ainda não foi feito http://www.youtube.com/watch?v=14_-_N2xJ3I Sabes quem sou, para onde vou A vida é curva, não uma linha Pedro Abrunhosa
  • 3. Redação Uma senhora pediu-me um poema de amor. Não de amor por ela, mas «de amor, de amor». À parte aquelas trivialidades «minha rosa, lua do meu céu interior» que podia eu dizer para ela, a não destinatária, que não fosse por ela? Sem objeto, o poema é uma redação dos 100 Modelos de Cartas de Amor. Alexandre O’Neill
  • 4. O amor é o amor - e depois?! Vamos ficar os dois a imaginar, a imaginar?.. O meu peito contra o teu peito, cortando o mar, cortando o ar. Num leito há todo o espaço para amar! Na nossa carne estamos sem destino, sem medo, sem pudor, e trocamos - somos um? somos dois? – espírito e calor! O amor é o amor - e depois?! Alexandre O´Neill
  • 5. Quantas vezes me fechei para chorar na casa de banho da casa de minha avó lavava os olhos com shampoo e chorava chorava por causa do shampoo depois acabaram os shampoos que faziam arder os olhos no more tears disse Johnson & Johnson as mães são filhas das filhas e as filhas são mães das mães uma mãe lava a cabeça da outra e todas têm cabelos de crianças loiras para chorar não podemos usar mais shampoo e eu gostava de chorar a fio e chorava sem um desgosto sem uma dor sem um lenço sem uma lágrima fechada à chave na casa de banho Adília Lopes da casa da minha avó onde além de mim só estava eu também me fechava no guarda-vestidos mas um guarda-vestidos não se pode fechar por dentro nunca ninguém viu um vestido a chorar
  • 6. Body Art? Com os remédios engordo 30 kg o carteiro pergunta-me para quando é o menino nos transportes públicos as pessoas levantam-se para me dar o lugar sento-me sempre Emagreço 21 Kg as colegas No metro um rapaz da Faculdade de Letras e um velho perguntam-me discutem se é menino se eu estou grávida ou menina o rapaz quer-me dar o lugar Detesto o sofrimento Adília Lopes
  • 7. Toda a gente que tem as mãos frias Poema Pial Deve metê-las dentro das pias. Pia número UM Para quem mexe as orelhas em jejum. Pia número DOIS, Para quem bebe bifes de bois. Pia número TRÊS, Para quem espirra só meia vez. Pia número QUATRO, Para quem manda as ventas ao teatro. Pia número CINCO, Para quem come a chave do trinco. Pia número SEIS, Para quem se penteia com bolos-reis Pia número SETE, Para quem canta até que o telhado se derrete. Pia número OITO, Para quem parte nozes quando é afoito. Pia número NOVE, Para quem se parece com uma couve. Pia número DEZ, Para quem cola selos nas unhas dos pés. E, como as mãos já não estão frias, Tampa nas pias!
  • 8. Pia, pia, pia O mocho, Que pertencia A um coxo. Zangou-se o coxo Um dia, E meteu o mocho Na pia, pia, pia...
  • 9. Dizem que finjo ou minto Autopsicografia O poeta é um fingidor. Dizem que finjo ou minto Finge tão completamente Tudo que escrevo. Não. Que chega a fingir que é dor Eu simplesmente sinto A dor que deveras sente. Com a imaginação. Não uso o coração. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Tudo o que sonho ou passo, Não as duas que ele teve, O que me falha ou finda, Mas só a que eles não têm. É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. E assim nas calhas de roda Essa coisa é que é linda. Gira a entreter a razão, Esse comboio de corda Por isso escrevo em meio que se chama o coração. Do que não está de pé, Livre do meu enleio, Sério do que não é. Sentir? Sinta quem lê!
  • 10. Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fernando Pessoa
  • 12. As amoras O meu país sabe às amoras bravas no verão. Ninguém ignora que não é grande, nem inteligente, nem elegante o meu país, mas tem esta voz doce de quem acorda cedo para cantar nas silvas. Raramente falei do meu país, talvez nem goste dele, mas quando um amigo me traz amoras bravas os seus muros parecem-me brancos, reparo que também no meu país o céu é azul. Eugénio de Andrade
  • 13. Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer É um não querer mais que bem querer É solitário andar por entre a gente É nunca contentar-se de contente É cuidar que se ganha em se perder É querer estar preso por vontade É servir a quem vence, o vencedor É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís de Camões