3. Clovis Graciano nasceu em Araras (SP) em 1907 e faleceu na cidade de São Paulo no ano de 1988 . Pintor, desenhista, cenógrafo, gravador, ilustrador de grande importância para a arte plástica brasileira.
4. Em 1927 empregou-se na Estrada de Ferro Sorocabana no interior do estado de São Paulo, passando a pintar postes, tabuletas, letreiros e avisos para as estações ferroviárias. No ano de 1934 muda-se para São Paulo, passando a partir daí a dividir seu tempo entre o emprego e a arte. E inicia seus estudos de arte com o pintor Waldemar da Costa.
5. Em 1937, integra o Grupo Santa Helena. Freqüenta o curso de desenho da Escola Paulista de Belas Artes, até 1938. No ano de 1939 torna-se presidente da Família Artística Paulista – FAP. Através da qual participa dos Salões do Sindicato dos Artistas Plásticos.
6. Em 1941 realiza sua primeira exposição individual. Foi sócio-fundador do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP em 1948. Viaja para a Europa no ano seguinte, com o prêmio recebido no Salão Nacional de Belas Artes.
7. Permanece dois anos em Paris, onde estuda pintura mural e gravura. Técnica que a partir dos anos 1950, dedicou maior atenção. Fez ilustrações para obras literárias, de Dorival Caymmi e Jorge Amado .
8. Em 1971-72, assume o cargo de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo. De 1976 a 1978, exerce a função de adido cultural em Paris. Ao longo de sua carreira permanece fiel ao figurativismo, com o predomínio de temas sociais.
9. Grupo Santa Helena O Grupo Santa Helena surge da união espontânea de alguns artistas utilizam salas como ateliê no Palacete Santa Helena, antigo edifício na Praça da Sé, em São Paulo, a partir de meados de 1934.
10. Em datas diversas, compunham o grupo Francisco Rebolo, Mario Zanini, Manoel Martins, FulvioPennacchi, Bonadei, Alfredo Volpi, Humberto Rosa e Rizzotti e Clovis Graciano.
11. O ambiente criado nas salas de trabalho era de troca mútua, dividindo-se os conhecimentos técnicos de pintura e as sessões de modelo vivo, decidindo sobre a remessa de obras aos salões e organizando as famosas excursões de fim de semana aos subúrbios da cidade para execução da pintura ao ar livre.
12. Os artistas do Santa Helena eram a ala moderada do Modernismo paulista. Seu mérito maior foi ter revelado alguns dos mais importantes pintores brasileiros do século XX.
13. Família Artística Paulista (FAP) A agremiação Família Artística Paulista, fundada e dirigida por Rossi Osir e Waldemar da Costa, contava com a participação de diversos artistas, como Volpi, Anita Malfatti, Pennacchi, Candido Portinari, Nelson Nóbrega, Ernesto de Fiori e Clovis Graciano.
14. A FAP realiza três grandes exposições, as obras de Clovis Graciano já são apresentadas na primeira edição do evento.
15. Por ocasião do segundo salão, o escritor e crítico Mário de Andrade tenta definir os contornos de uma "escola paulista", marcada por uma espécie de modernismo de tom moderado e situada num lugar intermediário entre as experimentações da década de 1920 e a arte acadêmica, ainda viva no ambiente artístico paulistano.
16. Em artigo posterior sobre Clovis Graciano (1944), Mário enfatiza como as origens sociais do grupo influenciam sua produção. O que caracteriza esses artistas, diz ele, "é seu proletarismo. Isso lhe determina a psicologia coletiva e, conseqüentemente, sua expressão"
17. Mário de Andrade chama a atenção, para a formação desses “artistas operários”, em escolas profissionalizantes da época, entre elas o Liceu de Artes e Ofícios. Totalmente à margem dos círculos de vanguarda. Sem dúvida, a produção plástica dos anos de 1930 se distância da experimentação dos anos 1920.
18. "A geração que despontou na década de 30 foi decerto mais conservadora; tinha, porém, maior consciência de que os problemas da arte se resolviam em primeiro lugar no campo da arte, no embate concreto com suas tradições e suas técnicas.”
19. Um pouco de Clovis Graciano no Arquidiocesano Resgate e restauro da obra “Crucificação de Cristo”
20. Em outubro de 2008 a equipe do Memorial se deparou com uma feliz surpresa. Esquecido atrás de um armário estava uma tela. Abaixo de uma consistente camada de poeira a obra de arte revelava uma cena religiosa de traços belos e singulares. A existência de rasgos, respingos de tinta látex, fungos e oxidação eram testemunhos de que o tempo coloca a arte e o conhecimento em risco.
21. Obra a qual foi dada o nome “Crucificação de Cristo” é assinada por Clovis Graciano.
22. Através das assinaturas existentes atrás da tela, foi possível identificar sua origem. A obra foi adquirida na década de 60, pelos membros da Associação de Antigos Alunos do Arquidiocesano. Destacam-se entre as informações, as datas de estudo dos ex-alunos do colégio, e nome de figuras que foram muito marcantes na trajetória da instituição, como Nilo Vergueiro.
23. O restauro mostrou-se como melhor alternativa perante o desejo de garantir para as futuras gerações a existência dessa obra de arte. Entretanto não se trata de um intervenção simples.
24. Toda restauração é realizado de forma minuciosa e delicada. Processo que vai além de refazer o que se perdeu. O restaurador resgata a vibração de cores e traços de tempos atrás, sendo comedido nas intervenções e ao mesmo tempo, totalmente fiel as escolhas feitas pelo artista.
25. A tela foi entregue a Florence White de Vera, restauradora experiente e muito familiarizada com arte contemporânea. Florence registrou todo o processo que hoje nos possibilita usufruir de toda a beleza da obra de Clovis Graciano. As etapas do restauro serão mostradas nessa apresentação.
26. 1ª etapa: diagnóstico do estado da obra Documentação fotográfica da obra e do verso onde constam assinaturas de ex-alunos do colégio. Desmontagem da tela de seu chassi original e descarte do mesmo por estar infestado por cupins.
27. Exame da pintura com luz ultravioleta que nos mostrou alterações intensas do verniz e que a obra não tinha tido nenhuma outra restauração anterior. A análise visual, com luz reversa, identificou a intensidade de fungos sobre a policromia.
28. 2º etapa : Higienização da obra A primeira limpeza foi efetuada com “biocida” diluído em água destilada, aplicada para a retirada dos fungos superficiais. Nos dois locais onde haviam rasgos foram feitas as suturas das fibras e, pelo verso, aplicados dois pequenos remendos com material especifico de restauração e tela de poliéster transparente.
29. Nos locais onde haviam desprendimento de policromia foi aplicado pontualmente o adesivo especial para fixação local. Nesta etapa a tela foi levada à mesa térmica com vácuo para planificação do suporte.
30. Com o suporte planificado foi feita a limpeza do verso da tela em duas etapas: A primeira, mecânica, com trincha e aspiração para retirada das sujidade superficial. A segunda, com isopo e benzina, respeitando os limites de todas as assinaturas com o objetivo de, limpando o entorno, realçar as assinaturas já esmaecidas.
31. A obra foi volteada com a pintura para cima e foi feita a extração do verniz após testes com solventes, que apontaram qual era eficiente sem colocar em risco a integridade da policromia.
32. 3ª etapa : reconstituição e reforço das estruturas: Com a obra limpa, tanto na frente como no verso, nela toda foi aplicada um produto para proteger a policromia das etapas posteriores do trabalho. Foi encomendada a confecção de um chassi adequado para a sustentação da obra, com tratamento anti cupim. A nova tela para o reentelamento, transparente para permitir a visualização das assinaturas do verso e dar sustentação ao suporte original da obra.
33. Em todas as áreas onde havia perdas de policromia foi feito o nivelamento. A seguir, sobre os nivelamentos, foram feitas as reintegrações cromáticas com pigmentos para restauro. A etapa seguinte foi a aplicação de verniz. A obra pronta foi montada em sua nova moldura e recebeu no verso elementos de fixação.
34. A obra restaurada pode ser admirada por todos durante essa semana na Biblioteca Central.