A crise econômica de 1929 nos Estados Unidos foi causada por uma superprodução que não era escoada no mercado, levando a uma corrida irracional na Bolsa de Valores. Isso resultou em uma Quinta-Feira Negra com a falência de muitos investidores e empresas, gerando um grande desemprego e problemas sociais como a pobreza e o aumento do ódio e suicídios. Os Estados Unidos implementaram um programa de obras públicas e benefícios sociais para lidar com a crise, enquanto a Europa optou por medidas mais ra
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Um olhar à crise de 1929
1. “UmOlharàCrisede1929” -ONossoTempo
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O Começo do Fim (salvo seja)
Antes de iniciar qualquer relato
conclusivo, há que indicar o porquê de
toda a situação de crise. Como e porque
razão se iniciou esta situação de crise?
Certo será que, dez anos depois, quem
passou por tal trauma pela certa não
esqueceu as suas consequências. Mas ter-
se-á você, que lê este artigo pensando no
que sofreu há já uma década atrás,
lembrado de como tudo isto aconteceu?
Superprodução. Faz-lhe lembrar
alguma coisa? Se não, não questionamos
o seu esquecimento. Quem não quereria
deitar para trás das costas tal conceito?
No entanto, a minha explicação será
inevitável e aconselho-o a saltar esta
descrição pois se a sua
sensibilidade não lhe
permite encarar
realidades duras, há que
evitar ataques
cardíacos. A crise de
superprodução surgiu
numa era dourada dos
Estados Unidos da
América. E, à primeira vista, as razões que
a causaram até nem pareciam ser más de
todo. Bons anos agrícolas. Que sociedade
agrícola não gostaria de ouvir esta
expressão? Desenvolvimento de novas
indústrias. Melhor não poderia ser! No
entanto, estas realidades tão cor-de-rosa
transformar-se-iam em puros pesadelos…
O problema que à partida
ninguém nota e que se esconde, tapado
entre mantos invisíveis, no meio destas
boas notícias é o aumento da produção. E
agora vem o “velho do Restelo” reclamar
comigo e perguntar-me: “Então mas os
Estados Unidos não estavam numa era
dourada? Se assim fosse a produção devia
desaparecernum ápice!” Caro velhinhodo
Restelo, lamento mas isso não tenho
forma de explicar. O que é certo e sabido
é que a produção lá continuava e não era
escoada no mercado.
E agora a Bolsa. E perguntam-se
vocês, leitores, porque razão saltei tão
repentinamente de um assunto para o
outro. Parecendo que não, estes assuntos
estão interligados. A corrida à Bolsa foi
algo completamente irreal. Fácil e rápido.
Se associa estas palavras apenas aos
portugueses, está a cometer um erro: os
americanos também padecem de tal mal.
Eram estas as palavras-chave na Bolsa de
Valores. E o que é que era fácil e rápido?
O dinheiro, o papelinho que move o
mundo. Toda esta situação mascarava a
crise de superprodução. Mas era também
um engano fatal para os
investidores. Com a
grande compra de
acções, a aposta e
investimento na
empresa era enorme
mas o escoamento da
produção da mesma não
correspondia com o
primeiro indicador, o que não se
adivinhava muito bom.
E a corrida começava agora no
sentido contrário. Em vez de se comprar,
vende-se. Era este o raciocínio dos
grandes investidores na Bolsa que não
poupavam esforços na flexibilidade de se
livrarem de tudo o que tinham adquirido.
Nem todos tiveram essa sorte, o
que se revelou um verdadeiro azar na
QUINTA-FEIRA NEGRA, o dia que ninguém
quer relembrar. Milhões de acções foram
colocadas à venda muito abaixo do seu
real preço. E onde estavam os
compradores nesta altura? Boa pergunta.
O começo da crise de 1929
revelou-se um acontecimento
um tanto inesperado, numa
sociedade habituada a ser “o
novo centro do mundo".
2. “UmOlharàCrisede1929” -ONossoTempo
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A crise de 1929, no seu
auge e desenrolar, foi
um dos mais horríveis
acontecimentos que
quer pela sua
dimensão económica
quer pela sua
dimensão social nos
levam a adoptá-la para
o nosso suplemento.
Crise: dimensão socioeconómica
O Crash na Bolsa de Nova Iorque
pode ser considerado como o motor
principal da crise financeira.Comecemos a
enumerar as consequências do Crash, de
forma hierárquica. Os investidores da
Bolsa que não conseguiramvender as suas
acções antes da Quinta-Feira Negra
caíram na miséria, mas para poder ser
analisada a consequência desta causa há
que voltar um pouco atrás no tempo.
Alguns dos compradores de acções
recorreram a empréstimos e créditos
bancários e estando na miséria não
conseguiram saldar as suas dívidas.
A falência de
bancos seria então a
consequência da
miséria dos
investidoresda bolsa.
É aqui que começa
o grande ciclo de
crise.
Algumas
empresas
dependentes do
crédito bancário
viram-se em situação de falência gerando
um grande número de desempregados.
Esta situação veio piorar ainda mais a
crise de superprodução. Sem qualquer
fonte de rendimento os desempregados
não adquiriam os produtos que cada vez
mais se acumulavam, tentando as
empresas, numa tentativa frustrada,
baixar os preços dos produtos que
continuavam altos demais para as posses
dos indivíduos em questão. Entrou-se
então numa situação de deflação.
Este sector da sociedade, os
desempregados, foi o grande sofredor da
crise. Passaram a viver na miséria, em
barracas, nas ruas, alimentando-se do lixo
que apodrecia nos contentores, como
despojo de uma classe que tentava a todo
o custo segurar as pontas do seu
rendimento económico.
Os problemas sociais foram
também inevitáveis. Com uma situação
decadente tão rapidamente gerada, a
mentalidade da população começou a
mudar sendo o ódio, o racismo e os
suicídios consequências incontroláveis.
“SOCIEDADE” passou a um conceito vago,
sem a certa certeza se a palavra se
referiria a um povo unido, se a um povo
que se influencia à mais pequena
advertência
Estamos hoje
fora da situação de
crise que assomou o
mundo. Bem fora e
esperemos que a
situação não volte.
Resta agora analisá-la
por fora, após uma
análise mais interna
descrita por nós, “O
Nosso Tempo”.
Comecemos então
pelas medidas tomadas por alguns dos
países assomados por esta situação
aterradora.
Os Estados Unidos da América,
como primeiros afectados, foram também
os primeiros a estabelecer medidas.
Basicamente, Franklin Roosevelt, “o herói
dos tempos turbulentos” como o
decidimos intitular, estabeleceu um
programa de combate à crise
essencialmente baseado num programa
de obras públicas de forma a combater o
desemprego, entre medidas como os
benefícios sociais e no trabalho para os
cidadãos e o estabelecimentode níveis de
3. “UmOlharàCrisede1929” -ONossoTempo
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produção na indústria e na agricultura. A
Europa optou por um caminho mais
radical e rígido: o fascismo. Tenham vocês
leitores em conta que grande parte deste
texto será cortado com um lápis azul e
não chegará aos vossos olhos, podendo
julgar a integridade do nosso suplemento
relacionado com a crise de 1929.
Mas passemos agora a opiniões da
nossa redacção. Ninguém quer esta crise
de volta, ninguém a quer voltar a ver,
sentir e viver a situação em que nos
encontrámos e que consideramos aqui,
nestas páginas, como passada. Será esta a
nossa opinião, da redacção que através
destas pequenas três páginas fez um
apanhado daquilo que foi o antes, o
durante e o depois da crise de 1929.
O passado, aí pertence. Mas o
nosso receio pelo futuro é ainda mais
incerto que todos os apanhados daquilo
que já passou que todos os jornais
mundiais poderão fazer. Esperar-nos-á
uma realidade ainda mais devastadora e
aterradora que a crise de 1929? Só o
tempo o dirá, só o tempo o determinará.
Miguel Coelho, Inês Pereira, Rita Luís e
Telma Carrilho