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Gazeta de Alagoas




Stela Handa/Divulgação
                         B           | DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 |




        O TREMENDÃO
DO CHORO
                         A menos que você seja um amante
                         inveterado do choro, dificilmente irá
                         reconhecer esse nome: José Augus-
                         to Roberto da Silva, conhecido nas
                         rodas do gênero como Zé Barbeiro,
                         é considerado um dos grandes mes-
                         tres do estilo em atividade no País.
                         E se você não sabia disso, provavel-
                         mente não imagina que o bamba,
                         embora viva em São Paulo há mais
                         de 50 anos, é na verdade alagoa-
                         no. Para saber mais sobre a trajetó-
                         ria do músico natural de São Miguel
                         dos Campos que é uma referência
                         para virtuoses do porte de Yamandu
                         Costa e que já tocou com artistas do
                         gabarito de Elizeth Cardoso, Altami-
                         ro Carrilho e Zeca Pagodinho, a Ga-
                         zeta aproveitou a ida a São Paulo –
                         originalmente para cobrir as ativida-
                         des do Programa Rumos, do Institu-
                         to Itaú Cultural – para repassar a vida
                         e a obra do violonista. Neste domin-
                         go, você vai ficar por dentro dessa
                         história. Não dá para perder




    Zé Barbeiro e seu
    violão sete cordas
    na passagem de
    som para o show
                         LEIA NAS PÁGS.
    no teatro do Itaú
    Cultural: segundo
    disco à vista
                         B2, B3 E B5
B2        CADERNO B                                                    DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011                                                    Gazeta de Alagoas

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA B1

                                                                                                                                                                           Fotos: Stela Handa/Divulgação




Na barbearia de seu João, o
                                                                                                                                                        1




violão que ‘tocou’ o garoto
No começo, o jovem José Augusto Roberto da Silva não ligava muito para o instrumento.
Mas foi só a Jovem Guarda explodir nas paradas para o futuro mestre do choro logo querer
aprender umas notinhas. “Não tinha nada a ver com esse negócio de música... Eu queria era
fazer bonito para as meninas”, diverte-se Zé Barbeiro, ao lembrar do início de sua carreira

| CARLA CASTELLOTTI                   pertou interesse imediato por-                                              ceiro do famoso violonista. E aí
    Repórter                          que, até então, eu não tinha li-        Na adolescência,                    começou a frequentar a noite, ao
                                      gação com música. Isso só veio                                              passo que Macacão, que mora-
São Paulo, SP – “Esse lance de        a acontecer com o [surgimento           Zé Barbeiro se                      va em Osasco, costumava ir até
música acontece e a gente não         de] Roberto Carlos, época em que        viu arrebatado por                  a barbearia de seu pai, em Cara-
sabe explicar como”. É assim,         sempre tinha um garoto na esco-         sucessos do iê-                     picuíba, para passar novas lições
cheio de modéstia, que José Au-       la que tocava umas músicas de-                                              ao pupilo. “Macacão dizia que eu
gusto Roberto da Silva, violonis-     le e as mocinhas ficavam todas          iê-iê. Calhambeque                  tinha uma pegada e tanto”, con-
ta e compositor, inicia seu rela-     em volta. Como eu tinha um vio-         foi a primeira músi-                ta o instrumentista, orgulhoso.
to sobre como se interessou pela      lão na barbearia à minha dispo-         ca que aprendeu a                      “Ele (Macacão) me falou para
música. Desconhecido do gran-         sição, comecei a fuçar”, conta o                                            comprar discos. E como o cho-
de público, o alagoano de São         músico, que se diverte ao expli-        tocar no violão                     ro é um gênero de improviso,
Miguel dos Campos é hoje um           car que naquele momento “não                                                um jazz supernacional, o João
dos mais respeitados mestres do       tinha nada a ver com esse negó-                                             falava: ‘Estudar pra quê? Você
choro no Brasil. Autodidata no        cio de música... Eu queria era fa-    até porque ele achava que mú-         pega de ouvido isso aqui’. As-
violão sete cordas, Zé Barbeiro,      zer bonito para as meninas”.          sica era coisa de vagabundo e         sim, comecei a comprar discos
como ficou conhecido nas rodas           Sem maiores pretensões, no         dizia que eu tinha que estudar        que ouvia na barbearia, onde ti-
paulistanas, é referência para ar-    início de sua adolescência Zé Bar-    para ser um advogado, um dou-         nha uma vitrola portátil, e desde
tistas do gabarito do virtuose Ya-    beiro se viu arrebatado por su-       tor”, lembra.                         a hora que eu entrava eu já colo-
mandu Costa. Radicado em São          cessos da Jovem Guarda como              À revelia do pai, um vizinho       cava uma música. Meu pai fala-
Paulo desde 1954, foi com toda        Calhambeque, de Roberto e Eras-       a quem Zé dava aulas de guitar-       va: ‘Você não cansa dessa porca-
gentileza do mundo que o músi-        mo Carlos, música que inclusive       ra acabou comprando um instru-        ria?’. E eu só ouvia choro. Quan-
                                                                                                                                                        2
co recebeu a Gazeta em sua casa,      foi a primeira que ele conseguiu      mento extra para que o amigo          do eu não tinha cliente, além de
no Alto de Pinheiros, para um pa-     tirar no violão, apenas prestando     pudesse acompanhá-lo, forman-         ouvir eu ficava tocando, tentan-
po sobre sua vida e sua trajetória    atenção em como os clientes da        do assim um conjunto musical.         do aprender, e quando eu tinha
musical de mais de 40 anos.           barbearia a executavam. Bom de        Joel, o parceiro já falecido, foi     um cliente eu cortava o cabelo
   Filho de ‘seu’ João Roberto da     ouvido, Zé se guiava puramente        o responsável pela aquisição da       dele sem deixar de ouvir. Che-
Silva, um nordestino turrão e li-     pelo som, buscando reproduzir         primeira guitarra do mestre. E aí     guei até a furar disco”, diverte-se
nha dura que hoje conta 82 anos,      aquilo que ouvira inicialmente.       começaram a surgir os bailinhos       Zé, com seu humor natural.
e de dona Maria Sérgio dos San-          A partir de então, surgiu o        nos quais os guitarristas inician-       Apreciador da vida noturna,
tos, de 81, Zé Barbeiro cresceu e     gosto pelo iê-iê-iê. “Por volta de    tes tocavam nos fins de semana.       Zé Barbeiro se virava como podia
constituiu família em Carapicuí-      1965, uma irmã do meu pai tinha          Até que, no início da década       para acompanhar os músicos e
ba, cidade da Grande São Paulo        um namorado, e esse namorado          de 70, ao participar de um dos        descolar trabalho – em geral, sob
onde seu pai montou uma bar-          gostava de tocar guitarra. Essa       tantos festivais de música popu-      a indicação de Macacão. “Como o
bearia e na qual ensinou o ofício     minha tia foi até a casa do meu       lar realizados naquela época, Zé      último ônibus para Carapicuíba
aos filhos. Primogênito de seis ir-   pai apresentar o tal do namora-       Barbeiro foi escalado para acom-      saía à meia-noite, eu tinha que
mãos, quando menino Zé traba-         do. E como ele chegou na barbe-       panhar um cantor junto com o          ficar pouco tempo. Mas a noite
lhou de engraxate na barbearia        aria e me viu brincando com o vi-     bandolinista Milton da Silva e        acabou sendo muito influente na
do pai, mas o interesse pela mú-      olão, ele, que tinha duas guitar-     o bamba do violão sete cordas         minha vida. E eu perdi o medo e
sica logo o fez mudar de ativida-     ras, disse que ia levar os instru-    João Macacão. Foi aí que o mú-        ficava a noite inteira, só pegava
de. E olha que as coisas acontece-    mentos na casa do meu pai para        sico neófito, até então ‘apenas’      o ônibus às quatro e meia da ma-
ram meio que por acaso: um vio-       a gente tirar uns sucessos do Ro-     um guitarrista que curtia a fer-      nhã. Mas o detalhe é que meu pai
lão esquecido no estabelecimen-       berto Carlos. Aí ele ligou as du-     veção da Jovem Guarda, desco-         nunca admitiu que eu, por conta
to parecia estar à espera do garo-    as guitarras num amplificador,        briu o choro, ao ouvir as notas       da noite, deixasse de abrir a bar-
to, cuja veia musical – embora Zé     começou a solar e eu acompa-          tiradas por João Macacão de seu       bearia. Chegava em casa às cin-
afirme que a influência paterna       nhei... Logo ele falou: ‘Puxa, você   violão sete cordas. “Eu toco vi-      co e meia da manhã, ficava zan-
não foi decisiva – já era alimen-     acompanhou direitinho, hein?’.        olão sete cordas hoje porque vi       zando pela padaria, tomava café
tada pelas preferências sonoras       Naquele dia eu nem dormi direi-       o João Macacão tocando. Quan-         e já abria a barbearia às sete. Eu
do pai, um apreciador apaixona-       to”, rememora o músico.               do eu fui chegando ao camarim,        tinha uns 17 ou 18 anos, e essa
do do forró que arranhava notas          Ainda na adolescência, Zé Bar-     ouvi um som estranho... Era um        história foi indo até que o pesso-
num acordeão e sempre que pos-        beiro passou a trabalhar na ala       choro que eles estavam tocando.       al começou a me descobrir na ci-
sível reunia uma turma de mú-         do Controle de Qualidade da fá-       Era um violão estranho, de sete       dade. Tudo por conta do João Ma-
sicos para tirar um forrozinho        brica de guitarras Giannini. “Em      cordas, tinha um bordão bonito,       cacão”, reconhece.
tipicamente nordestino em sua         1966, a Jovem Guarda era uma          e aquilo me deu uma coisa as-            Não demorou para que Zé se
barbearia.                            febre. Naquela época, a tiragem       sim...”, fala, ao tentar definir as   tornasse integrante fixo do gru-
   “Lá pelos idos de 1962, 1963,      de guitarras era de mil instru-       sensações daquele momento.            po de choro do qual Macacão fa-
toda vez que eu estava engra-         mentos por dia. Todo mundo ti-           Foi assim que, com menos de        zia parte, o Amantes do Choro.
xando o sapato de algum clien-        nha uma guitarra, e eu não ti-        20 anos de idade, Zé Barbeiro         “Nessa época nós tocávamos em
te alguém ficava tocando algu-        nha uma porque não tinha co-          – apelido dado por João Maca-         São Miguel Paulista. Era longe,
ma coisa no violão que deixaram       mo pedir dinheiro ao meu pai          cão para distingui-lo entre tan-      mas eu topava tudo porque esta-
na barbearia. Aquilo não me des-      para comprar um instrumento,          tos outros ‘Zés’ – se tornou par-     va louco para tocar”, conta.

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                                                                                                                                                                  BASTIDORES
                                                                                                                                                                  Na foto do alto, o
                                                                                                                                                                  inseparável violão 7
                                                                                                                                                                  cordas do músico (1);
                                                                                                                                                                  Zé Barbeiro tirando
5                                                                                               6
                                                                                                                                                                  uns acordes na pas-
                                                                                                                                                                  sagem de som pa-
                                                                                                                                                                  ra o show que faria
                                                                                                                                                                  no Itaú Cultural (2);
                                                                                                                                                                  o mestre cercado pe-
                                                                                                                                                                  los músicos e dan-
                                                                                                                                                                  çarinos que o acom-
                                                                                                                                                                  panhariam na apre-
                                                                                                                                                                  sentação (3); Zé rece-
                                                                                                                                                                  bendo o ‘acabamen-
                                                                                                                                                                  to’ final antes de su-
                                                                                                                                                                  bir ao palco (4); o
                                                                                                                                                                  músico gravando um
                                                                                                                                                                  depoimento que fa-
                                                                                                                                                                  rá parte do DVD do
                                                                                                                                                                  show (5); o bamba
                                                                                                                                                                  em ação, segurando
                                                                                                                                                                  o ritmo para os pas-
                                                                                                                                                                  sos de gafieira da
                                                                                                                                                                  dupla dançante (6)
Gazeta de Alagoas                                                                                            DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011                                                      CADERNO B                         B3


| programe-se |

                                           e compositor Luiz de Assis, anuncia a       ›› GAZETA INDICA                                                                                            sar pelo Recife, onde a banda inglesa
MÚSICA                                     gravação de seu primeiro CD ao vivo:
                                                                                                                                                                                     Divulgação
                                                                                                                                                                                                   aporta no dia 03 de abril – a apresen-
                                           batizado de Chamado, o espetáculo é                                                                                                                     tação será no Parque de Exposições,
MIB. Batalhando há quase uma déca-         atração no dia 25 de março no Tea-                                                                                                                      no bairro do Prado. Anote na agenda.
da na noite de Maceió, a banda for-        tro Deodoro, a partir das 21h. A pro-                                                                                                                   ›› Parque de Exposições. Rua Gomes
mada por Matias Pires (vocal, guitarra     dução do show avisa que é possível                                                                                                                      Taborda, s/n, Prado, Recife-PE. No dia
e violão), Sidney Jaires (guitarra, vio-   fazer reservas de ingressos: basta en-                                                                                                                  03 de abril, a partir das 20h. Ingres-
lão e voz), Gustavo Cabús (guitarra,       viar um e-mail para o correio eletrô-                                                                                                                   sos: R$ 160 (inteira, pista), R$ 80 (meia-
violão e voz), Tony Soares (baixo) e       nico abia.arte@hotmail.com com a pa-                                                                                                                    entrada, pista) e R$ 300 (front stage).
Orris Brasileiro (bateria e voz) mostra    lavra “chamada” no campo assunto,                                                                                                                       Mais informações: (81) 4003-1212 e no
seu som neste domingo (13) na barra-       mais nome completo, e-mail e telefo-                                                                                                                    site www.ingressorapido.com.br.
ca de praia Lopana, a partir das 17h.      ne para contato no corpo do e-mail e
No repertório, releituras de sucessos      pronto, seu bilhete estará garantido.                                                                                                                   Roberta Sá & Trio Madeira Bra-
de artistas e grupos como Nando Reis,      ›› Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro,                                                                                                                    sil. O encontro da voz de Roberta Sá
Legião Urbana e Titãs, entre outros.       s/n, Centro. No dia 25 de março, a par-                                                                                                                 com o refinamento do Trio Madeira
Mais cedo, a partir do meio-dia, tem       tir das 21h. Ingressos: R$ 15 (preço                                                                                                                    Brasil numa reverência à obra do bai-
música eletrônica com o DJ Rodrigo         único). Pontos de venda: na bilheteria                                                                                                                  ano Roque Ferreira resultou no disco
Lima. Que tal agitar com a turma?          do teatro e no estande Viva Alagoas.                                                                                                                    Quando o Canto é Reza, cujo show
›› Lopana. Av. Sílvio Viana, barraca 27,   Mais informações: 9316-4063.                                                                                                                            é atração no dia 15 de abril no Tea-
Ponta Verde. Hoje (13), a partir das                                                                                                                                                               tro Gustavo Leite, abrindo a tempora-
17h. Mais informações: 3231-7484.          Seal. Três anos após sua última visi-                                                                                                                   da 2011 do Projeto MPB Petrobras em
                                           ta ao Brasil, o cantor britânico está de                                                                                                                Maceió. Com um belo painel de ritmos
Havana Dance Club. Instalada no            volta com o show de seu mais novo                                                                                                                       – maxixe, maracatu, ciranda, afoxé e
bairro histórico de Jaraguá, a mais ba-    álbum, Seal 6: Commitment. O artista                                                                                                                    samba de roda estão no menu –, em
dalada boate GLS de Maceió abre suas       vai cantar em São Paulo (17 de março,                                                                                                                   seu repertório a cantora traz clássicos
portas para mais uma maratona fes-         no Credicard Hall), no Rio de Janeiro                                                                                                                   como Água da Minha Sede e Mandin-
tiva neste domingo (13): a partir das      (19, no Credicard Hall), em Belo Hori-                                                                                                                  go, além de pérolas como Marejada,
21h30, tem swingueira com a banda          zonte (20, no Citibank Hall) e em Bra-                                                                                                                  Zambiapungo e Cocada. Na abertura
Badallada, MPB com Kel Monalisa e          sília (23, no Ginásio Nilson Nelson),                                                                                                                   da noite, o cantor Igbonan Rocha.
discotecagem com o DJ Washington.          chegando ao Nordeste para shows em              MÚSICA ›› Skank Com o show do CD/DVD Multishow Ao Vivo – Skank no Mineirão,                             ›› Teatro Gustavo Leite. Centro Cultu-
›› Havana Dance Club. Av. Com. Leão,       Fortaleza (26, no Siara Hall) e no Reci-        a banda é atração no próximo dia 18 em Arapiraca – e a apresentação é de graça                          ral e de Exposições. Rua Celso Piatti,
83, Jaraguá. Hoje (13), a partir das       fe, onde o músico encerrará sua excur-                                                                                                                  s/n, Jaraguá. No dia 15 de abril, a par-
21h30. Ingressos: de R$ 10 a R$ 40.        são – a apresentação será no próximo                                                                                                      Divulgação    tir das 20h. Ingressos: R$ 20 (inteira)
Mais informações: 8856-3057.               dia 27, no Chevrolet Hall.                                                                                                                              e R$ 10 (meia). Não há previsão para
                                           ›› Chevrolet Hall. Rua Agamenon Ma-                                                                                                                     o início das vendas. Mais informações:
Skank. Com o show de seu últi-             galhães, s/n, Complexo de Salgadinho,                                                                                                                   www.mpbpetrobras.com.br.
mo trabalho, o CD/DVD Multishow Ao         Olinda-PE. No dia 27 de março, a par-
Vivo – Skank no Mineirão, a banda mi-      tir das 21h. Ingressos: R$ 140 (intei-                                                                                                                  TEATRO
neira chega a Alagoas como a gran-         ra, pista) e R$ 70 (meia, pista); R$ 240
de atração do Viva Arapiraca, even-        (inteira, front stage) e R$ 120 (meia,                                                                                                                  Confissões de Adolescente. Espe-
to gratuito promovido pela prefeitura      front stage); R$ 2.000 (camarote 1°                                                                                                                     táculo que está entre os mais vistos
do município, localizado a 128km da        piso, para 10 pessoas) e R$ 1.800 (ca-                                                                                                                  do teatro brasileiro, a peça de auto-
capital, Maceió. Misturando composi-       marote 2° piso, 10 pessoas). Pontos de                                                                                                                  ria de Maria Mariana estreou há quase
ções recentes aos seus maiores hits,       venda: na bilheteria do Chevrolet Hall                                                                                                                  20 anos, fazendo história ao abordar o
em sua apresentação o grupo forma-         e no site www.ticketsforfun.com.br.                                                                                                                     universo adolescente de modo hones-
do por Samuel Rosa, Haroldo Ferreti,       Mais informações: (81) 3427-7500 e                                                                                                                      to e criativo. Tanto que, ao longo de
Henrique Portugal e Lelo Zanetti deve      www.chevrolethall.wcms.com.br.                                                                                                                          quase duas décadas, foi objeto de vá-
mostrar sucessos como Jackie Tequila,                                                                                                                                                              rias remontagens, passando por mu-
Te Ver, É uma Partida de Futebol e Res-    Iron Maiden. Um dos mais cultu-                                                                                                                         danças para se adaptar aos costumes
posta, além das inéditas De Repente,       ados grupos da história do heavy                                                                                                                        da adolescência atual. É o que o pú-
Fotos na Estante e Presença.               metal, o Iron anuncia seu retorno ao                                                                                                                    blico irá conferir nos dias 18, 19 e 20
›› Lago da Perucaba. Praça do Lago da      Brasil, dessa vez a bordo da turnê                                                                                                                      de março em Maceió, no Teatro Deo-
Perucaba, Arapiraca-AL. No dia 18 de       The Final Frontier. O primeiro show                                                                                                                     doro, quando a peça – agora com di-
março, a partir das 23h30. Aberto ao       acontece em São Paulo, no dia 26 de                                                                                                                     reção assinada por Matheus Souza –
público. Mais informações: (82) 9966-      março, no Estádio do Morumbi. Na                                                                                                                        terá apresentações na cidade.
2429 e www.arapiraca.al.gov.br.            sequência, Steve Harris e sua turma                                                                                                                     ›› Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro,
                                           rumam para Rio de Janeiro (27 de                                                                                                                        s/n, Centro. Nos dias 18 e 19 de março,
Luiz de Assis. E lá se vão 12 anos         março, no HSBC Arena), Brasília (28 de                                                                                                                  com sessões às 20h, e no dia 20, às
à frente da banda Vibrações, uma das       março) e Belém (1º de abril). A boa                                                                                                                     19h. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20
pioneiras do reggae em Alagoas. Dis-       notícia é que os fãs nordestinos tam-                                                                                                                   (meia-entrada). Ponto de venda: loja
posto a seguir numa carreira solo pa-      bém terão a oportunidade de conferir                                                                                                                    Levi’s (Maceió Shopping). Mais infor-
ralela, o vocalista do grupo, o cantor     o novo show, já que a turnê vai pas-
                                                                                           TEATRO ›› Confissões de Adolescente Grande sucesso do teatro brasileiro, a peça                         mações: 3325-2373 e 9641-5272.
                                                                                           ganhou nova remontagem e é atração nos dias 18, 19 e 20 de março no Deodoro

                                                               Contatos: lekemorone@gazetaweb.com | Avenida Aristeu de Andrade, 355, Farol - Maceió-AL - Cep.: 57051-090


CONTINUAÇÃO DA PÁGINA B1




Pelos caminhos da vida e da música
Das obrigações como pai de família ao gosto pela arte musical e pela noite, Zé Barbeiro conta como deixou sua paixão pelo choro falar mais alto
                                                                                                                                                                                                                           Leonardo Melo/Cortesia

| CARLA CASTELLOTTI                        aderi à música e resolvi fazer o           rogodó, um dos redutos da tur-
  Repórter                                 que eu gosto”.                             ma que aprecia a boa vida na me-
                                                                                      trópole que não dorme e onde
São Paulo, SP – Seguindo em                A REVIRAVOLTA                              Zé Barbeiro se apresentava ao la-
frente, após a descoberta da Jo-           Embora tenha mantido o apeli-              do do grupo Choro Rasgado. Com
vem Guarda e do choro Zé Bar-              do, o então barbeiro largou o ofí-         os músicos improvisando em ci-
beiro passou a caminhar no com-            cio que aprendeu com o pai e foi           ma de cada uma das canções que
passo da vida adulta: casou-se             viver exclusivamente de músi-              executavam, o bar instalado nu-
aos 24 anos, e da união com Car-           ca. Requisitado, o violonista per-         ma ruazinha pacata de Pinheiros
men Roberto da Silva nasceram              maneceu durante muito tempo                lotava com gente que ia ao lu-
os filhos Fabrício, que hoje é pro-        à sombra de artistas e grupos              gar para paquerar, dançar gafiei-
fessor de música e acompanha o             os quais acompanhava, o que,               ra e, claro, reverenciar o quinte-
pai tocando cavaquinho, e Isabe-           de toda forma, jamais o impediu            to afiado composto também por
la, estudante de Educação Física           de mostrar sua própria perso-              Roberta Valente (pandeiro), Ales-
e espécie de xodó do pai, para             nalidade musical. Contabilizan-            sandro Penezzi (violão), Rodrigo
quem ele compôs um frevo.                  do parcerias com nomes como                Y Castro (flauta) e Fabrício Rosil
    Pai de família que tinha a bar-        Elizeth Cardoso, Altamiro Carri-           (cavaquinho).
bearia como ofício e a música co-          lho, Zeca Pagodinho, Dona Inah                Tem sido assim, inclusive, que
mo paixão, durante muitos anos             e Batatinha, aos poucos Zé Bar-            Zé Barbeiro garante uma entra-
Zé Barbeiro viveu o dilema co-             beiro entrou para a seleta lis-            da fixa de dinheiro no orçamen-
mum à imensa maioria dos mú-               ta dos ‘monstros’ do violão sete           to. Ele toca às terças-feiras no Ó
sicos – afinal, sustentar a casa           cordas no Brasil.                          do Borogodó, às sextas no bar do
vivendo unicamente de música                  Atualmente o músico desfila             antigo caminhoneiro Cidão, que       No Ó do Borogodó, o barbeiro que largou o ofício para fazer o que mais gosta: tocar choro
parecia impossível. “Por gostar            com seus arranjos nas rodas de             fica na badalada Vila Madalena,
muito da noite – eu tocava à noi-          choro paulistanas, entre os ba-            e aos sábados participa de uma
te e continuava abrindo a barbe-           res de Pinheiros e da Vila Ma-             feijoada. Mas a diversão de tocar    parou para se preocupar com        vamente quando, viúvo, o músi-       lher que me queria. Às vezes a
aria de manhã –, enquanto era              dalena, bairros de notável tradi-          com os amigos e a emoção de vi-      isso, estando sempre satisfei-     co encontrou Karina Poli. Cerca      gente tem uns ‘arranca-rabos’,
casado e os filhos eram peque-             ção boêmia da capital paulista.            ver a noite não preenchiam por       to. Entre eventuais viagens ao     de 20 anos mais nova que o mes-      mas a gente vai levando. Ela es-
nos eu não tinha coragem de lar-           Aproveitando o convite do Ins-             completo as aspirações do com-       exterior como músico acompa-       tre, a moça não resistiu aos en-     tá me aturando ainda, porque ela
gar a música de vez ou de assu-            tituto Itaú Cultural para cobrir           positor, que às vésperas de com-     nhante, participações em diver-    cantos do experiente violonista e    acha que eu sou muito vagabun-
mir apenas ela. Mas a partir do            o lançamento de mais uma leva              pletar 60 anos e contabilizando      sas gravações e sem esquecer de    tornou-se não somente o ‘braço       do. Ela é meu braço direito e vo-
momento em que eles (os filhos)            de editais do Programa Rumos –             mais de 150 choros em seu reper-     suas tocadas na noite, o instru-   direito’ do músico, mas também       cê sabe, né, em volta de um vaga-
ficaram adultos, eu abandonei a            em cuja programação se desta-              tório autoral, ainda não havia re-   mentista levava a vida fazendo     sua mulher.                          bundo tem que ter alguém que
barbearia. Isso faz uns 15 anos,           cava o nome do nosso violonis-             gistrado sua obra em disco.          o que mais gostava, tocar cho-        “Eu fiquei viúvo, mas dei a       trabalhe”, diz, rindo, enquanto
foi lá em 1995, 1996, quando eu            ta –, a Gazeta esteve no Ó do Bo-             Zé Barbeiro, contudo, nunca       ro. Mas sua trajetória mudou no-   maior sorte de achar outra mu-       espera Karina retrucar.
                                                                                                                                                                                                      Graças à inscrição feita por
                                                                                                                                                                                                   Karina num edital da Fundação
                                                                                                                                                                                                   Nacional de Artes (Funarte), em
A PRIMEIRA VEZ DE ZÉ BARBEIRO                                                                                              PARA OUVIR                                                              2008 Zé foi selecionado pelo Pro-
                                                                                                                           TAMBÉM                                                                  jeto Pixinguinha. Com o prêmio,
Imprevisível do começo ao              pelos caminhos da composi-                                                          Disco: Baba de Calango (2006)                                           saía em 2009 seu primeiro re-
fim. Sendo você amante do              ção – hoje, são mais de 160                                                         Banda: Choro Rasgado                                                    gistro fonográfico, o elogiadíssi-
choro ou não, permanecer               choros de sua autoria. Segu-                                                        Gravadora: Maritaca                                                     mo Segura a Bucha!, álbum cu-
impassível à pegada veloz              ra a Bucha! é seu primei-                                                           Distribuição: Tratore                                                   jas faixas exibem sua pegada ve-
e sincopada de Zé Barbei-              ro álbum, resultado da sele-                                                        Preço: R$ 15, em média                                                  loz, sincopada e cheia de malícia,
ro neste disco é praticamen-           ção no Projeto Pixinguinha,                                                         Onde encontrar:                                                         marcas inconfundíveis de sua
te impossível. Considerado o           no qual foi contemplado em              SERVIÇO                                     www.tratore.com.br                                                      musicalidade. Antes, em 2006,
maior violonista de sete cor-          2008. Os títulos das músicas,           Disco: Segura a Bucha! (2009)               Sobre o álbum: o primeiro                                               com o grupo Choro Rasgado, o
das em atividade no País,              como Ponto de Tripa, Bafo de            Artista: Zé Barbeiro                        disco do grupo Choro            multi-instrumentista Alessandro         músico já havia lançado o álbum
Zé, que se tornou um nome              Bode e a própria Segura a               Gravadora: independente                     Rasgado é o registro do         Penezzi e o bamba das sete              Baba de Calango, no qual estão
bastante requisitado no uni-           Bucha!, dão uma dimensão da             Distribuição: Tratore                       “renascimento do gênero”,       cordas Zé Barbeiro dividem a            registradas sete de suas músi-
verso dos músicos acompa-              malandragem e da irreverên-             Preço: R$ 25, em média                      segundo observou o violonista   autoria das 14 músicas que              cas e outras sete do multi-instru-
nhantes, também enveredou              cia contidas no registro.               Onde encontrar: www.tratore.com.br          gaúcho Yamandu Costa. Aqui, o   compõem o trabalho.                     mentista Alessandro Penezzi.
Gazeta de Alagoas                                                                                        DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011                                                    CADERNO B                   B5

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA B1


A postos para o novo disco e de volta às origens
Gravado ao vivo, No Salão do Barbeiro está previsto para agosto; compositor deixou parentes assustados ao aparecer sem aviso
                                                      Leonardo Gola/Reprodução

                                                                                 | CARLA CASTELLOTTI                  go Y Castro (flauta), Fabrício Ro-   panhadas por pandeiro, clarine-
                                                                                  Repórter                            sil (cavaquinho) e Léo Rodrigues     te e flauta. Dono de uma “cabe-     BARBEIRO CURTE...
                                                                                                                      (pandeiro) –, Zé Barbeiro tam-       ça atual”, Zé foge o quanto po-     ÍCONES DO SAMBA
                                                                                 São Paulo, SP – Na fase de prepa-    bém pôde desfrutar da compa-         de do choro tradicional. Sempre     ›› Noel Rosa (1910-1937)
                                                                                 ração de seu segundo álbum, Zé       nhia do acordeonista Cléber Ro-      em busca de mudar o estigma         ›› Ataulfo Alves (1909-1969)
                                                                                 Barbeiro recebeu a notícia de que    drigues, do contrabaixista Edu       de ‘música de velho’ atribuído      ›› Dorival Caymmi
                                                                                 seu nome constava entre os 20        Malta, do baterista Giba Alves e     ao gênero, o compositor se in-         (1914-2008)
                                                                                 músicos contemplados no Pro-         de dois casais de dançarinos, que    teressa pela versão contemporâ-     ›› Paulinho da Viola
                                                                                 grama Rumos Música, do Itaú          se exibiram em elegantes passos      nea do estilo, com suas variações   ›› Paulo César Pinheiro
                                                                                 Cultural. A apresentação do vi-      de gafieira.                         e notas ‘quebradas’, elementos
                                                                                 olonista no teatro do instituto,         Antes do início do show, Zé      os quais, segundo Zé, o chorão      MESTRES DO MESTRE
                                                                                 então, viria a calhar, tornando-     Barbeiro levou o violão próxi-       mais antigo não aceitaria jamais.   ›› Ernesto Nazareth
                                                                                 se o caminho mais curto para         mo ao ouvido apurado, enquan-           A apresentação foi um suces-        (1863-1934)
                                                                                 a gravação de seu primeiro dis-      to dedilhava algumas notas em        so. Aplaudido de pé, Zé Barbeiro    ›› Pixinguinha (1897-1973)
                                                                                 co ao vivo. No Salão do Barbeiro,    busca da afinação perfeita. “To-     fez questão de dizer que não se     ›› Jacob do Bandolim
                                                                                 que tem lançamento previsto pa-      car errado não é defeito, tocar      inspirava em nada além de seus         (1918-1969)
                                                                                 ra agosto, vai mostrar o choro       desafinado sim”, dizia o músi-       amigos do peito e dos ‘causos’      ›› Radamés Gnattali
                                                                                 como celebração, explorando o        co, que parava pouco entre as        do dia-a-dia. Suas músicas reve-       (1906-1988)
                                                                                 viés jovem e dançante do gênero.     músicas, não raro para fazer al-     lam que, além de mestre do vi-      ›› Aníbal Sardinha
                                                                                    A Gazeta estava lá e acom-        gum de seus comentários espiri-      olão sete cordas, o bem-humo-          (1915-1955)
                                                                                 panhou não somente o show,           tuosos, lembrando sempre que a       rado Zé Barbeiro não desperdi-
                                                                                 mas toda a movimentação em           ‘patroa’ e produtora, Karina Po-     ça um bom trocadilho. Exem-         BAMBAS DAS 7 CORDAS
                                                                                 torno da apresentação realizada      li, achava que o malandro falava     plos disso são canções como Ko-     ›› Dino 7 Cordas
É na barbearia que Zé surge no encarte de Segura a Bucha!                        no último domingo de feverei-        “bobagem demais”.                    olongo, composta depois de uma         (1918-2006)
                                                                                 ro nas instalações do Itaú Cultu-        Entre ritmos como choro,         apresentação no Marrocos feita      ›› Raphael Rabello
                                                                                 ral, na avenida Paulista. No pal-    baião, xote, frevo, rumba e ga-      na companhia de Dona Inah, e           (1962-1995)
                                                                                 co, além de contar com sua trupe     fieira, Zé Barbeiro executou 14      Sessendentário, outra brincadei-    ›› Luizinho 7 Cordas
DE VOLTA ÀS RAÍZES                                                               de chorões – composta por Ale-       composições aceleradas que de-       ra do bamba que não perde a         ›› Rogério Caetano
Embora não seja assim tão ex-     familiares que permaneceram                    xandre Ribeiro (clarinete), Rodri-   ram trabalho para serem acom-        chance de fazer uma piada.          ›› Fernando César
pressiva, a ‘presença’ do Nor-    em Alagoas. A viagem levou
deste na música de Zé Barbeiro    o casal aos domínios da Usina
pode ser notada na versatili-     Sinimbu, no município de Je-
dade do músico. O legado do       quiá da Praia, no Litoral Sul,                 O CHORO EM CENA
pai, apaixonado por Luiz Gon-     entre as cidades de Teotônio                   Para quem ainda está se          espalhadas Brasil afora, ainda
zaga, está nas entrelinhas das    Vilela e São Miguel dos Cam-                   perguntando por que nunca        que essas ‘cenas’ não estabe-
composições do artista. Ape-      pos. A andança proporcionou                    ouviu falar de Zé Barbeiro ou    leçam contato entre si. Além
sar dessa ligação, o fato é que   a Zé conhecer a casa onde sua                  por que ele nunca aportou        do movimento do choro em
após sua ida para São Paulo,      mãe morou e os tios mater-                     em terras alagoanas com seu      Brasília, considerado o mais
em meados de 1954, aos dois       nos Eduardo Sérgio e Cícero                    show, Karina Poli, produtora     forte do País, o gênero surgi-
anos de idade, Zé Barbeiro só     Sérgio, além da tia Maria José.                do músico, diz que o circuito    do nos subúrbios do Rio de Ja-
voltou à terra natal em janei-    Ao falar sobre as reações as-                  do choro, de fato, é restrito.   neiro do século 19 continua a
ro de 2010, quando Zé e Ka-       sustadas dos parentes ao se                    Um contrassenso, claro, espe-    fazer apreciadores graças à ala
rina desembarcaram em solo        deparar com o sobrinho que                     cialmente porque o gênero é      que defende a tradição e aos
alagoano simplesmente para        vinha de tão longe, Zé con-                    tido como a primeira música      jovens músicos, alguns saídos
passear. Até que a curiosidade    tou que “tudo continua igual-                  urbana tipicamente nacional.     da academia, que percebem o
falou mais alto e o violonista    zinho, do jeito que meus pais                  Mas o fato é que o estilo boê-   quão importante é dar conti-
e compositor quis conhecer os     falavam para mim”.                             mio está bem vivo nas rodas      nuidade a essa expressão.

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O Tremendão do Choro: a história do violonista alagoano Zé Barbeiro

  • 1. Gazeta de Alagoas Stela Handa/Divulgação B | DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 | O TREMENDÃO DO CHORO A menos que você seja um amante inveterado do choro, dificilmente irá reconhecer esse nome: José Augus- to Roberto da Silva, conhecido nas rodas do gênero como Zé Barbeiro, é considerado um dos grandes mes- tres do estilo em atividade no País. E se você não sabia disso, provavel- mente não imagina que o bamba, embora viva em São Paulo há mais de 50 anos, é na verdade alagoa- no. Para saber mais sobre a trajetó- ria do músico natural de São Miguel dos Campos que é uma referência para virtuoses do porte de Yamandu Costa e que já tocou com artistas do gabarito de Elizeth Cardoso, Altami- ro Carrilho e Zeca Pagodinho, a Ga- zeta aproveitou a ida a São Paulo – originalmente para cobrir as ativida- des do Programa Rumos, do Institu- to Itaú Cultural – para repassar a vida e a obra do violonista. Neste domin- go, você vai ficar por dentro dessa história. Não dá para perder Zé Barbeiro e seu violão sete cordas na passagem de som para o show LEIA NAS PÁGS. no teatro do Itaú Cultural: segundo disco à vista B2, B3 E B5
  • 2. B2 CADERNO B DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 Gazeta de Alagoas CONTINUAÇÃO DA PÁGINA B1 Fotos: Stela Handa/Divulgação Na barbearia de seu João, o 1 violão que ‘tocou’ o garoto No começo, o jovem José Augusto Roberto da Silva não ligava muito para o instrumento. Mas foi só a Jovem Guarda explodir nas paradas para o futuro mestre do choro logo querer aprender umas notinhas. “Não tinha nada a ver com esse negócio de música... Eu queria era fazer bonito para as meninas”, diverte-se Zé Barbeiro, ao lembrar do início de sua carreira | CARLA CASTELLOTTI pertou interesse imediato por- ceiro do famoso violonista. E aí Repórter que, até então, eu não tinha li- Na adolescência, começou a frequentar a noite, ao gação com música. Isso só veio passo que Macacão, que mora- São Paulo, SP – “Esse lance de a acontecer com o [surgimento Zé Barbeiro se va em Osasco, costumava ir até música acontece e a gente não de] Roberto Carlos, época em que viu arrebatado por a barbearia de seu pai, em Cara- sabe explicar como”. É assim, sempre tinha um garoto na esco- sucessos do iê- picuíba, para passar novas lições cheio de modéstia, que José Au- la que tocava umas músicas de- ao pupilo. “Macacão dizia que eu gusto Roberto da Silva, violonis- le e as mocinhas ficavam todas iê-iê. Calhambeque tinha uma pegada e tanto”, con- ta e compositor, inicia seu rela- em volta. Como eu tinha um vio- foi a primeira músi- ta o instrumentista, orgulhoso. to sobre como se interessou pela lão na barbearia à minha dispo- ca que aprendeu a “Ele (Macacão) me falou para música. Desconhecido do gran- sição, comecei a fuçar”, conta o comprar discos. E como o cho- de público, o alagoano de São músico, que se diverte ao expli- tocar no violão ro é um gênero de improviso, Miguel dos Campos é hoje um car que naquele momento “não um jazz supernacional, o João dos mais respeitados mestres do tinha nada a ver com esse negó- falava: ‘Estudar pra quê? Você choro no Brasil. Autodidata no cio de música... Eu queria era fa- até porque ele achava que mú- pega de ouvido isso aqui’. As- violão sete cordas, Zé Barbeiro, zer bonito para as meninas”. sica era coisa de vagabundo e sim, comecei a comprar discos como ficou conhecido nas rodas Sem maiores pretensões, no dizia que eu tinha que estudar que ouvia na barbearia, onde ti- paulistanas, é referência para ar- início de sua adolescência Zé Bar- para ser um advogado, um dou- nha uma vitrola portátil, e desde tistas do gabarito do virtuose Ya- beiro se viu arrebatado por su- tor”, lembra. a hora que eu entrava eu já colo- mandu Costa. Radicado em São cessos da Jovem Guarda como À revelia do pai, um vizinho cava uma música. Meu pai fala- Paulo desde 1954, foi com toda Calhambeque, de Roberto e Eras- a quem Zé dava aulas de guitar- va: ‘Você não cansa dessa porca- gentileza do mundo que o músi- mo Carlos, música que inclusive ra acabou comprando um instru- ria?’. E eu só ouvia choro. Quan- 2 co recebeu a Gazeta em sua casa, foi a primeira que ele conseguiu mento extra para que o amigo do eu não tinha cliente, além de no Alto de Pinheiros, para um pa- tirar no violão, apenas prestando pudesse acompanhá-lo, forman- ouvir eu ficava tocando, tentan- po sobre sua vida e sua trajetória atenção em como os clientes da do assim um conjunto musical. do aprender, e quando eu tinha musical de mais de 40 anos. barbearia a executavam. Bom de Joel, o parceiro já falecido, foi um cliente eu cortava o cabelo Filho de ‘seu’ João Roberto da ouvido, Zé se guiava puramente o responsável pela aquisição da dele sem deixar de ouvir. Che- Silva, um nordestino turrão e li- pelo som, buscando reproduzir primeira guitarra do mestre. E aí guei até a furar disco”, diverte-se nha dura que hoje conta 82 anos, aquilo que ouvira inicialmente. começaram a surgir os bailinhos Zé, com seu humor natural. e de dona Maria Sérgio dos San- A partir de então, surgiu o nos quais os guitarristas inician- Apreciador da vida noturna, tos, de 81, Zé Barbeiro cresceu e gosto pelo iê-iê-iê. “Por volta de tes tocavam nos fins de semana. Zé Barbeiro se virava como podia constituiu família em Carapicuí- 1965, uma irmã do meu pai tinha Até que, no início da década para acompanhar os músicos e ba, cidade da Grande São Paulo um namorado, e esse namorado de 70, ao participar de um dos descolar trabalho – em geral, sob onde seu pai montou uma bar- gostava de tocar guitarra. Essa tantos festivais de música popu- a indicação de Macacão. “Como o bearia e na qual ensinou o ofício minha tia foi até a casa do meu lar realizados naquela época, Zé último ônibus para Carapicuíba aos filhos. Primogênito de seis ir- pai apresentar o tal do namora- Barbeiro foi escalado para acom- saía à meia-noite, eu tinha que mãos, quando menino Zé traba- do. E como ele chegou na barbe- panhar um cantor junto com o ficar pouco tempo. Mas a noite lhou de engraxate na barbearia aria e me viu brincando com o vi- bandolinista Milton da Silva e acabou sendo muito influente na do pai, mas o interesse pela mú- olão, ele, que tinha duas guitar- o bamba do violão sete cordas minha vida. E eu perdi o medo e sica logo o fez mudar de ativida- ras, disse que ia levar os instru- João Macacão. Foi aí que o mú- ficava a noite inteira, só pegava de. E olha que as coisas acontece- mentos na casa do meu pai para sico neófito, até então ‘apenas’ o ônibus às quatro e meia da ma- ram meio que por acaso: um vio- a gente tirar uns sucessos do Ro- um guitarrista que curtia a fer- nhã. Mas o detalhe é que meu pai lão esquecido no estabelecimen- berto Carlos. Aí ele ligou as du- veção da Jovem Guarda, desco- nunca admitiu que eu, por conta to parecia estar à espera do garo- as guitarras num amplificador, briu o choro, ao ouvir as notas da noite, deixasse de abrir a bar- to, cuja veia musical – embora Zé começou a solar e eu acompa- tiradas por João Macacão de seu bearia. Chegava em casa às cin- afirme que a influência paterna nhei... Logo ele falou: ‘Puxa, você violão sete cordas. “Eu toco vi- co e meia da manhã, ficava zan- não foi decisiva – já era alimen- acompanhou direitinho, hein?’. olão sete cordas hoje porque vi zando pela padaria, tomava café tada pelas preferências sonoras Naquele dia eu nem dormi direi- o João Macacão tocando. Quan- e já abria a barbearia às sete. Eu do pai, um apreciador apaixona- to”, rememora o músico. do eu fui chegando ao camarim, tinha uns 17 ou 18 anos, e essa do do forró que arranhava notas Ainda na adolescência, Zé Bar- ouvi um som estranho... Era um história foi indo até que o pesso- num acordeão e sempre que pos- beiro passou a trabalhar na ala choro que eles estavam tocando. al começou a me descobrir na ci- sível reunia uma turma de mú- do Controle de Qualidade da fá- Era um violão estranho, de sete dade. Tudo por conta do João Ma- sicos para tirar um forrozinho brica de guitarras Giannini. “Em cordas, tinha um bordão bonito, cacão”, reconhece. tipicamente nordestino em sua 1966, a Jovem Guarda era uma e aquilo me deu uma coisa as- Não demorou para que Zé se barbearia. febre. Naquela época, a tiragem sim...”, fala, ao tentar definir as tornasse integrante fixo do gru- “Lá pelos idos de 1962, 1963, de guitarras era de mil instru- sensações daquele momento. po de choro do qual Macacão fa- toda vez que eu estava engra- mentos por dia. Todo mundo ti- Foi assim que, com menos de zia parte, o Amantes do Choro. xando o sapato de algum clien- nha uma guitarra, e eu não ti- 20 anos de idade, Zé Barbeiro “Nessa época nós tocávamos em te alguém ficava tocando algu- nha uma porque não tinha co- – apelido dado por João Maca- São Miguel Paulista. Era longe, ma coisa no violão que deixaram mo pedir dinheiro ao meu pai cão para distingui-lo entre tan- mas eu topava tudo porque esta- na barbearia. Aquilo não me des- para comprar um instrumento, tos outros ‘Zés’ – se tornou par- va louco para tocar”, conta. 3 4 BASTIDORES Na foto do alto, o inseparável violão 7 cordas do músico (1); Zé Barbeiro tirando 5 6 uns acordes na pas- sagem de som pa- ra o show que faria no Itaú Cultural (2); o mestre cercado pe- los músicos e dan- çarinos que o acom- panhariam na apre- sentação (3); Zé rece- bendo o ‘acabamen- to’ final antes de su- bir ao palco (4); o músico gravando um depoimento que fa- rá parte do DVD do show (5); o bamba em ação, segurando o ritmo para os pas- sos de gafieira da dupla dançante (6)
  • 3. Gazeta de Alagoas DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 CADERNO B B3 | programe-se | e compositor Luiz de Assis, anuncia a ›› GAZETA INDICA sar pelo Recife, onde a banda inglesa MÚSICA gravação de seu primeiro CD ao vivo: Divulgação aporta no dia 03 de abril – a apresen- batizado de Chamado, o espetáculo é tação será no Parque de Exposições, MIB. Batalhando há quase uma déca- atração no dia 25 de março no Tea- no bairro do Prado. Anote na agenda. da na noite de Maceió, a banda for- tro Deodoro, a partir das 21h. A pro- ›› Parque de Exposições. Rua Gomes mada por Matias Pires (vocal, guitarra dução do show avisa que é possível Taborda, s/n, Prado, Recife-PE. No dia e violão), Sidney Jaires (guitarra, vio- fazer reservas de ingressos: basta en- 03 de abril, a partir das 20h. Ingres- lão e voz), Gustavo Cabús (guitarra, viar um e-mail para o correio eletrô- sos: R$ 160 (inteira, pista), R$ 80 (meia- violão e voz), Tony Soares (baixo) e nico abia.arte@hotmail.com com a pa- entrada, pista) e R$ 300 (front stage). Orris Brasileiro (bateria e voz) mostra lavra “chamada” no campo assunto, Mais informações: (81) 4003-1212 e no seu som neste domingo (13) na barra- mais nome completo, e-mail e telefo- site www.ingressorapido.com.br. ca de praia Lopana, a partir das 17h. ne para contato no corpo do e-mail e No repertório, releituras de sucessos pronto, seu bilhete estará garantido. Roberta Sá & Trio Madeira Bra- de artistas e grupos como Nando Reis, ›› Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro, sil. O encontro da voz de Roberta Sá Legião Urbana e Titãs, entre outros. s/n, Centro. No dia 25 de março, a par- com o refinamento do Trio Madeira Mais cedo, a partir do meio-dia, tem tir das 21h. Ingressos: R$ 15 (preço Brasil numa reverência à obra do bai- música eletrônica com o DJ Rodrigo único). Pontos de venda: na bilheteria ano Roque Ferreira resultou no disco Lima. Que tal agitar com a turma? do teatro e no estande Viva Alagoas. Quando o Canto é Reza, cujo show ›› Lopana. Av. Sílvio Viana, barraca 27, Mais informações: 9316-4063. é atração no dia 15 de abril no Tea- Ponta Verde. Hoje (13), a partir das tro Gustavo Leite, abrindo a tempora- 17h. Mais informações: 3231-7484. Seal. Três anos após sua última visi- da 2011 do Projeto MPB Petrobras em ta ao Brasil, o cantor britânico está de Maceió. Com um belo painel de ritmos Havana Dance Club. Instalada no volta com o show de seu mais novo – maxixe, maracatu, ciranda, afoxé e bairro histórico de Jaraguá, a mais ba- álbum, Seal 6: Commitment. O artista samba de roda estão no menu –, em dalada boate GLS de Maceió abre suas vai cantar em São Paulo (17 de março, seu repertório a cantora traz clássicos portas para mais uma maratona fes- no Credicard Hall), no Rio de Janeiro como Água da Minha Sede e Mandin- tiva neste domingo (13): a partir das (19, no Credicard Hall), em Belo Hori- go, além de pérolas como Marejada, 21h30, tem swingueira com a banda zonte (20, no Citibank Hall) e em Bra- Zambiapungo e Cocada. Na abertura Badallada, MPB com Kel Monalisa e sília (23, no Ginásio Nilson Nelson), da noite, o cantor Igbonan Rocha. discotecagem com o DJ Washington. chegando ao Nordeste para shows em MÚSICA ›› Skank Com o show do CD/DVD Multishow Ao Vivo – Skank no Mineirão, ›› Teatro Gustavo Leite. Centro Cultu- ›› Havana Dance Club. Av. Com. Leão, Fortaleza (26, no Siara Hall) e no Reci- a banda é atração no próximo dia 18 em Arapiraca – e a apresentação é de graça ral e de Exposições. Rua Celso Piatti, 83, Jaraguá. Hoje (13), a partir das fe, onde o músico encerrará sua excur- s/n, Jaraguá. No dia 15 de abril, a par- 21h30. Ingressos: de R$ 10 a R$ 40. são – a apresentação será no próximo Divulgação tir das 20h. Ingressos: R$ 20 (inteira) Mais informações: 8856-3057. dia 27, no Chevrolet Hall. e R$ 10 (meia). Não há previsão para ›› Chevrolet Hall. Rua Agamenon Ma- o início das vendas. Mais informações: Skank. Com o show de seu últi- galhães, s/n, Complexo de Salgadinho, www.mpbpetrobras.com.br. mo trabalho, o CD/DVD Multishow Ao Olinda-PE. No dia 27 de março, a par- Vivo – Skank no Mineirão, a banda mi- tir das 21h. Ingressos: R$ 140 (intei- TEATRO neira chega a Alagoas como a gran- ra, pista) e R$ 70 (meia, pista); R$ 240 de atração do Viva Arapiraca, even- (inteira, front stage) e R$ 120 (meia, Confissões de Adolescente. 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Um dos mais cultu- danças para se adaptar aos costumes posta, além das inéditas De Repente, ados grupos da história do heavy da adolescência atual. É o que o pú- Fotos na Estante e Presença. metal, o Iron anuncia seu retorno ao blico irá conferir nos dias 18, 19 e 20 ›› Lago da Perucaba. Praça do Lago da Brasil, dessa vez a bordo da turnê de março em Maceió, no Teatro Deo- Perucaba, Arapiraca-AL. No dia 18 de The Final Frontier. O primeiro show doro, quando a peça – agora com di- março, a partir das 23h30. Aberto ao acontece em São Paulo, no dia 26 de reção assinada por Matheus Souza – público. Mais informações: (82) 9966- março, no Estádio do Morumbi. Na terá apresentações na cidade. 2429 e www.arapiraca.al.gov.br. sequência, Steve Harris e sua turma ›› Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro, rumam para Rio de Janeiro (27 de s/n, Centro. Nos dias 18 e 19 de março, Luiz de Assis. E lá se vão 12 anos março, no HSBC Arena), Brasília (28 de com sessões às 20h, e no dia 20, às à frente da banda Vibrações, uma das março) e Belém (1º de abril). A boa 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 pioneiras do reggae em Alagoas. Dis- notícia é que os fãs nordestinos tam- (meia-entrada). Ponto de venda: loja posto a seguir numa carreira solo pa- bém terão a oportunidade de conferir Levi’s (Maceió Shopping). Mais infor- ralela, o vocalista do grupo, o cantor o novo show, já que a turnê vai pas- TEATRO ›› Confissões de Adolescente Grande sucesso do teatro brasileiro, a peça mações: 3325-2373 e 9641-5272. ganhou nova remontagem e é atração nos dias 18, 19 e 20 de março no Deodoro Contatos: lekemorone@gazetaweb.com | Avenida Aristeu de Andrade, 355, Farol - Maceió-AL - Cep.: 57051-090 CONTINUAÇÃO DA PÁGINA B1 Pelos caminhos da vida e da música Das obrigações como pai de família ao gosto pela arte musical e pela noite, Zé Barbeiro conta como deixou sua paixão pelo choro falar mais alto Leonardo Melo/Cortesia | CARLA CASTELLOTTI aderi à música e resolvi fazer o rogodó, um dos redutos da tur- Repórter que eu gosto”. ma que aprecia a boa vida na me- trópole que não dorme e onde São Paulo, SP – Seguindo em A REVIRAVOLTA Zé Barbeiro se apresentava ao la- frente, após a descoberta da Jo- Embora tenha mantido o apeli- do do grupo Choro Rasgado. Com vem Guarda e do choro Zé Bar- do, o então barbeiro largou o ofí- os músicos improvisando em ci- beiro passou a caminhar no com- cio que aprendeu com o pai e foi ma de cada uma das canções que passo da vida adulta: casou-se viver exclusivamente de músi- executavam, o bar instalado nu- aos 24 anos, e da união com Car- ca. Requisitado, o violonista per- ma ruazinha pacata de Pinheiros men Roberto da Silva nasceram maneceu durante muito tempo lotava com gente que ia ao lu- os filhos Fabrício, que hoje é pro- à sombra de artistas e grupos gar para paquerar, dançar gafiei- fessor de música e acompanha o os quais acompanhava, o que, ra e, claro, reverenciar o quinte- pai tocando cavaquinho, e Isabe- de toda forma, jamais o impediu to afiado composto também por la, estudante de Educação Física de mostrar sua própria perso- Roberta Valente (pandeiro), Ales- e espécie de xodó do pai, para nalidade musical. Contabilizan- sandro Penezzi (violão), Rodrigo quem ele compôs um frevo. do parcerias com nomes como Y Castro (flauta) e Fabrício Rosil Pai de família que tinha a bar- Elizeth Cardoso, Altamiro Carri- (cavaquinho). bearia como ofício e a música co- lho, Zeca Pagodinho, Dona Inah Tem sido assim, inclusive, que mo paixão, durante muitos anos e Batatinha, aos poucos Zé Bar- Zé Barbeiro garante uma entra- Zé Barbeiro viveu o dilema co- beiro entrou para a seleta lis- da fixa de dinheiro no orçamen- mum à imensa maioria dos mú- ta dos ‘monstros’ do violão sete to. Ele toca às terças-feiras no Ó sicos – afinal, sustentar a casa cordas no Brasil. do Borogodó, às sextas no bar do vivendo unicamente de música Atualmente o músico desfila antigo caminhoneiro Cidão, que No Ó do Borogodó, o barbeiro que largou o ofício para fazer o que mais gosta: tocar choro parecia impossível. “Por gostar com seus arranjos nas rodas de fica na badalada Vila Madalena, muito da noite – eu tocava à noi- choro paulistanas, entre os ba- e aos sábados participa de uma te e continuava abrindo a barbe- res de Pinheiros e da Vila Ma- feijoada. Mas a diversão de tocar parou para se preocupar com vamente quando, viúvo, o músi- lher que me queria. Às vezes a aria de manhã –, enquanto era dalena, bairros de notável tradi- com os amigos e a emoção de vi- isso, estando sempre satisfei- co encontrou Karina Poli. Cerca gente tem uns ‘arranca-rabos’, casado e os filhos eram peque- ção boêmia da capital paulista. ver a noite não preenchiam por to. Entre eventuais viagens ao de 20 anos mais nova que o mes- mas a gente vai levando. Ela es- nos eu não tinha coragem de lar- Aproveitando o convite do Ins- completo as aspirações do com- exterior como músico acompa- tre, a moça não resistiu aos en- tá me aturando ainda, porque ela gar a música de vez ou de assu- tituto Itaú Cultural para cobrir positor, que às vésperas de com- nhante, participações em diver- cantos do experiente violonista e acha que eu sou muito vagabun- mir apenas ela. Mas a partir do o lançamento de mais uma leva pletar 60 anos e contabilizando sas gravações e sem esquecer de tornou-se não somente o ‘braço do. Ela é meu braço direito e vo- momento em que eles (os filhos) de editais do Programa Rumos – mais de 150 choros em seu reper- suas tocadas na noite, o instru- direito’ do músico, mas também cê sabe, né, em volta de um vaga- ficaram adultos, eu abandonei a em cuja programação se desta- tório autoral, ainda não havia re- mentista levava a vida fazendo sua mulher. bundo tem que ter alguém que barbearia. Isso faz uns 15 anos, cava o nome do nosso violonis- gistrado sua obra em disco. o que mais gostava, tocar cho- “Eu fiquei viúvo, mas dei a trabalhe”, diz, rindo, enquanto foi lá em 1995, 1996, quando eu ta –, a Gazeta esteve no Ó do Bo- Zé Barbeiro, contudo, nunca ro. Mas sua trajetória mudou no- maior sorte de achar outra mu- espera Karina retrucar. Graças à inscrição feita por Karina num edital da Fundação Nacional de Artes (Funarte), em A PRIMEIRA VEZ DE ZÉ BARBEIRO PARA OUVIR 2008 Zé foi selecionado pelo Pro- TAMBÉM jeto Pixinguinha. Com o prêmio, Imprevisível do começo ao pelos caminhos da composi- Disco: Baba de Calango (2006) saía em 2009 seu primeiro re- fim. Sendo você amante do ção – hoje, são mais de 160 Banda: Choro Rasgado gistro fonográfico, o elogiadíssi- choro ou não, permanecer choros de sua autoria. Segu- Gravadora: Maritaca mo Segura a Bucha!, álbum cu- impassível à pegada veloz ra a Bucha! é seu primei- Distribuição: Tratore jas faixas exibem sua pegada ve- e sincopada de Zé Barbei- ro álbum, resultado da sele- Preço: R$ 15, em média loz, sincopada e cheia de malícia, ro neste disco é praticamen- ção no Projeto Pixinguinha, Onde encontrar: marcas inconfundíveis de sua te impossível. Considerado o no qual foi contemplado em SERVIÇO www.tratore.com.br musicalidade. Antes, em 2006, maior violonista de sete cor- 2008. Os títulos das músicas, Disco: Segura a Bucha! (2009) Sobre o álbum: o primeiro com o grupo Choro Rasgado, o das em atividade no País, como Ponto de Tripa, Bafo de Artista: Zé Barbeiro disco do grupo Choro multi-instrumentista Alessandro músico já havia lançado o álbum Zé, que se tornou um nome Bode e a própria Segura a Gravadora: independente Rasgado é o registro do Penezzi e o bamba das sete Baba de Calango, no qual estão bastante requisitado no uni- Bucha!, dão uma dimensão da Distribuição: Tratore “renascimento do gênero”, cordas Zé Barbeiro dividem a registradas sete de suas músi- verso dos músicos acompa- malandragem e da irreverên- Preço: R$ 25, em média segundo observou o violonista autoria das 14 músicas que cas e outras sete do multi-instru- nhantes, também enveredou cia contidas no registro. Onde encontrar: www.tratore.com.br gaúcho Yamandu Costa. Aqui, o compõem o trabalho. mentista Alessandro Penezzi.
  • 4. Gazeta de Alagoas DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 CADERNO B B5 CONTINUAÇÃO DA PÁGINA B1 A postos para o novo disco e de volta às origens Gravado ao vivo, No Salão do Barbeiro está previsto para agosto; compositor deixou parentes assustados ao aparecer sem aviso Leonardo Gola/Reprodução | CARLA CASTELLOTTI go Y Castro (flauta), Fabrício Ro- panhadas por pandeiro, clarine- Repórter sil (cavaquinho) e Léo Rodrigues te e flauta. Dono de uma “cabe- BARBEIRO CURTE... (pandeiro) –, Zé Barbeiro tam- ça atual”, Zé foge o quanto po- ÍCONES DO SAMBA São Paulo, SP – Na fase de prepa- bém pôde desfrutar da compa- de do choro tradicional. Sempre ›› Noel Rosa (1910-1937) ração de seu segundo álbum, Zé nhia do acordeonista Cléber Ro- em busca de mudar o estigma ›› Ataulfo Alves (1909-1969) Barbeiro recebeu a notícia de que drigues, do contrabaixista Edu de ‘música de velho’ atribuído ›› Dorival Caymmi seu nome constava entre os 20 Malta, do baterista Giba Alves e ao gênero, o compositor se in- (1914-2008) músicos contemplados no Pro- de dois casais de dançarinos, que teressa pela versão contemporâ- ›› Paulinho da Viola grama Rumos Música, do Itaú se exibiram em elegantes passos nea do estilo, com suas variações ›› Paulo César Pinheiro Cultural. A apresentação do vi- de gafieira. e notas ‘quebradas’, elementos olonista no teatro do instituto, Antes do início do show, Zé os quais, segundo Zé, o chorão MESTRES DO MESTRE então, viria a calhar, tornando- Barbeiro levou o violão próxi- mais antigo não aceitaria jamais. ›› Ernesto Nazareth se o caminho mais curto para mo ao ouvido apurado, enquan- A apresentação foi um suces- (1863-1934) a gravação de seu primeiro dis- to dedilhava algumas notas em so. Aplaudido de pé, Zé Barbeiro ›› Pixinguinha (1897-1973) co ao vivo. No Salão do Barbeiro, busca da afinação perfeita. “To- fez questão de dizer que não se ›› Jacob do Bandolim que tem lançamento previsto pa- car errado não é defeito, tocar inspirava em nada além de seus (1918-1969) ra agosto, vai mostrar o choro desafinado sim”, dizia o músi- amigos do peito e dos ‘causos’ ›› Radamés Gnattali como celebração, explorando o co, que parava pouco entre as do dia-a-dia. Suas músicas reve- (1906-1988) viés jovem e dançante do gênero. músicas, não raro para fazer al- lam que, além de mestre do vi- ›› Aníbal Sardinha A Gazeta estava lá e acom- gum de seus comentários espiri- olão sete cordas, o bem-humo- (1915-1955) panhou não somente o show, tuosos, lembrando sempre que a rado Zé Barbeiro não desperdi- mas toda a movimentação em ‘patroa’ e produtora, Karina Po- ça um bom trocadilho. Exem- BAMBAS DAS 7 CORDAS torno da apresentação realizada li, achava que o malandro falava plos disso são canções como Ko- ›› Dino 7 Cordas É na barbearia que Zé surge no encarte de Segura a Bucha! no último domingo de feverei- “bobagem demais”. olongo, composta depois de uma (1918-2006) ro nas instalações do Itaú Cultu- Entre ritmos como choro, apresentação no Marrocos feita ›› Raphael Rabello ral, na avenida Paulista. No pal- baião, xote, frevo, rumba e ga- na companhia de Dona Inah, e (1962-1995) co, além de contar com sua trupe fieira, Zé Barbeiro executou 14 Sessendentário, outra brincadei- ›› Luizinho 7 Cordas DE VOLTA ÀS RAÍZES de chorões – composta por Ale- composições aceleradas que de- ra do bamba que não perde a ›› Rogério Caetano Embora não seja assim tão ex- familiares que permaneceram xandre Ribeiro (clarinete), Rodri- ram trabalho para serem acom- chance de fazer uma piada. ›› Fernando César pressiva, a ‘presença’ do Nor- em Alagoas. A viagem levou deste na música de Zé Barbeiro o casal aos domínios da Usina pode ser notada na versatili- Sinimbu, no município de Je- dade do músico. O legado do quiá da Praia, no Litoral Sul, O CHORO EM CENA pai, apaixonado por Luiz Gon- entre as cidades de Teotônio Para quem ainda está se espalhadas Brasil afora, ainda zaga, está nas entrelinhas das Vilela e São Miguel dos Cam- perguntando por que nunca que essas ‘cenas’ não estabe- composições do artista. Ape- pos. A andança proporcionou ouviu falar de Zé Barbeiro ou leçam contato entre si. Além sar dessa ligação, o fato é que a Zé conhecer a casa onde sua por que ele nunca aportou do movimento do choro em após sua ida para São Paulo, mãe morou e os tios mater- em terras alagoanas com seu Brasília, considerado o mais em meados de 1954, aos dois nos Eduardo Sérgio e Cícero show, Karina Poli, produtora forte do País, o gênero surgi- anos de idade, Zé Barbeiro só Sérgio, além da tia Maria José. do músico, diz que o circuito do nos subúrbios do Rio de Ja- voltou à terra natal em janei- Ao falar sobre as reações as- do choro, de fato, é restrito. neiro do século 19 continua a ro de 2010, quando Zé e Ka- sustadas dos parentes ao se Um contrassenso, claro, espe- fazer apreciadores graças à ala rina desembarcaram em solo deparar com o sobrinho que cialmente porque o gênero é que defende a tradição e aos alagoano simplesmente para vinha de tão longe, Zé con- tido como a primeira música jovens músicos, alguns saídos passear. Até que a curiosidade tou que “tudo continua igual- urbana tipicamente nacional. da academia, que percebem o falou mais alto e o violonista zinho, do jeito que meus pais Mas o fato é que o estilo boê- quão importante é dar conti- e compositor quis conhecer os falavam para mim”. mio está bem vivo nas rodas nuidade a essa expressão.