O documento apresenta a trajetória do músico alagoano Zé Barbeiro, considerado um dos grandes mestres do choro no Brasil. Ele cresceu em Carapicuíba, São Paulo, onde seu pai tinha uma barbearia, e se interessou pela música após ouvir sucessos da Jovem Guarda. Anos depois, ao conhecer o violonista João Macacão, descobriu seu talento para o choro, gênero que passou a se dedicar.
O Tremendão do Choro: a história do violonista alagoano Zé Barbeiro
1. Gazeta de Alagoas
Stela Handa/Divulgação
B | DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 |
O TREMENDÃO
DO CHORO
A menos que você seja um amante
inveterado do choro, dificilmente irá
reconhecer esse nome: José Augus-
to Roberto da Silva, conhecido nas
rodas do gênero como Zé Barbeiro,
é considerado um dos grandes mes-
tres do estilo em atividade no País.
E se você não sabia disso, provavel-
mente não imagina que o bamba,
embora viva em São Paulo há mais
de 50 anos, é na verdade alagoa-
no. Para saber mais sobre a trajetó-
ria do músico natural de São Miguel
dos Campos que é uma referência
para virtuoses do porte de Yamandu
Costa e que já tocou com artistas do
gabarito de Elizeth Cardoso, Altami-
ro Carrilho e Zeca Pagodinho, a Ga-
zeta aproveitou a ida a São Paulo –
originalmente para cobrir as ativida-
des do Programa Rumos, do Institu-
to Itaú Cultural – para repassar a vida
e a obra do violonista. Neste domin-
go, você vai ficar por dentro dessa
história. Não dá para perder
Zé Barbeiro e seu
violão sete cordas
na passagem de
som para o show
LEIA NAS PÁGS.
no teatro do Itaú
Cultural: segundo
disco à vista
B2, B3 E B5
2. B2 CADERNO B DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 Gazeta de Alagoas
CONTINUAÇÃO DA PÁGINA B1
Fotos: Stela Handa/Divulgação
Na barbearia de seu João, o
1
violão que ‘tocou’ o garoto
No começo, o jovem José Augusto Roberto da Silva não ligava muito para o instrumento.
Mas foi só a Jovem Guarda explodir nas paradas para o futuro mestre do choro logo querer
aprender umas notinhas. “Não tinha nada a ver com esse negócio de música... Eu queria era
fazer bonito para as meninas”, diverte-se Zé Barbeiro, ao lembrar do início de sua carreira
| CARLA CASTELLOTTI pertou interesse imediato por- ceiro do famoso violonista. E aí
Repórter que, até então, eu não tinha li- Na adolescência, começou a frequentar a noite, ao
gação com música. Isso só veio passo que Macacão, que mora-
São Paulo, SP – “Esse lance de a acontecer com o [surgimento Zé Barbeiro se va em Osasco, costumava ir até
música acontece e a gente não de] Roberto Carlos, época em que viu arrebatado por a barbearia de seu pai, em Cara-
sabe explicar como”. É assim, sempre tinha um garoto na esco- sucessos do iê- picuíba, para passar novas lições
cheio de modéstia, que José Au- la que tocava umas músicas de- ao pupilo. “Macacão dizia que eu
gusto Roberto da Silva, violonis- le e as mocinhas ficavam todas iê-iê. Calhambeque tinha uma pegada e tanto”, con-
ta e compositor, inicia seu rela- em volta. Como eu tinha um vio- foi a primeira músi- ta o instrumentista, orgulhoso.
to sobre como se interessou pela lão na barbearia à minha dispo- ca que aprendeu a “Ele (Macacão) me falou para
música. Desconhecido do gran- sição, comecei a fuçar”, conta o comprar discos. E como o cho-
de público, o alagoano de São músico, que se diverte ao expli- tocar no violão ro é um gênero de improviso,
Miguel dos Campos é hoje um car que naquele momento “não um jazz supernacional, o João
dos mais respeitados mestres do tinha nada a ver com esse negó- falava: ‘Estudar pra quê? Você
choro no Brasil. Autodidata no cio de música... Eu queria era fa- até porque ele achava que mú- pega de ouvido isso aqui’. As-
violão sete cordas, Zé Barbeiro, zer bonito para as meninas”. sica era coisa de vagabundo e sim, comecei a comprar discos
como ficou conhecido nas rodas Sem maiores pretensões, no dizia que eu tinha que estudar que ouvia na barbearia, onde ti-
paulistanas, é referência para ar- início de sua adolescência Zé Bar- para ser um advogado, um dou- nha uma vitrola portátil, e desde
tistas do gabarito do virtuose Ya- beiro se viu arrebatado por su- tor”, lembra. a hora que eu entrava eu já colo-
mandu Costa. Radicado em São cessos da Jovem Guarda como À revelia do pai, um vizinho cava uma música. Meu pai fala-
Paulo desde 1954, foi com toda Calhambeque, de Roberto e Eras- a quem Zé dava aulas de guitar- va: ‘Você não cansa dessa porca-
gentileza do mundo que o músi- mo Carlos, música que inclusive ra acabou comprando um instru- ria?’. E eu só ouvia choro. Quan-
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co recebeu a Gazeta em sua casa, foi a primeira que ele conseguiu mento extra para que o amigo do eu não tinha cliente, além de
no Alto de Pinheiros, para um pa- tirar no violão, apenas prestando pudesse acompanhá-lo, forman- ouvir eu ficava tocando, tentan-
po sobre sua vida e sua trajetória atenção em como os clientes da do assim um conjunto musical. do aprender, e quando eu tinha
musical de mais de 40 anos. barbearia a executavam. Bom de Joel, o parceiro já falecido, foi um cliente eu cortava o cabelo
Filho de ‘seu’ João Roberto da ouvido, Zé se guiava puramente o responsável pela aquisição da dele sem deixar de ouvir. Che-
Silva, um nordestino turrão e li- pelo som, buscando reproduzir primeira guitarra do mestre. E aí guei até a furar disco”, diverte-se
nha dura que hoje conta 82 anos, aquilo que ouvira inicialmente. começaram a surgir os bailinhos Zé, com seu humor natural.
e de dona Maria Sérgio dos San- A partir de então, surgiu o nos quais os guitarristas inician- Apreciador da vida noturna,
tos, de 81, Zé Barbeiro cresceu e gosto pelo iê-iê-iê. “Por volta de tes tocavam nos fins de semana. Zé Barbeiro se virava como podia
constituiu família em Carapicuí- 1965, uma irmã do meu pai tinha Até que, no início da década para acompanhar os músicos e
ba, cidade da Grande São Paulo um namorado, e esse namorado de 70, ao participar de um dos descolar trabalho – em geral, sob
onde seu pai montou uma bar- gostava de tocar guitarra. Essa tantos festivais de música popu- a indicação de Macacão. “Como o
bearia e na qual ensinou o ofício minha tia foi até a casa do meu lar realizados naquela época, Zé último ônibus para Carapicuíba
aos filhos. Primogênito de seis ir- pai apresentar o tal do namora- Barbeiro foi escalado para acom- saía à meia-noite, eu tinha que
mãos, quando menino Zé traba- do. E como ele chegou na barbe- panhar um cantor junto com o ficar pouco tempo. Mas a noite
lhou de engraxate na barbearia aria e me viu brincando com o vi- bandolinista Milton da Silva e acabou sendo muito influente na
do pai, mas o interesse pela mú- olão, ele, que tinha duas guitar- o bamba do violão sete cordas minha vida. E eu perdi o medo e
sica logo o fez mudar de ativida- ras, disse que ia levar os instru- João Macacão. Foi aí que o mú- ficava a noite inteira, só pegava
de. E olha que as coisas acontece- mentos na casa do meu pai para sico neófito, até então ‘apenas’ o ônibus às quatro e meia da ma-
ram meio que por acaso: um vio- a gente tirar uns sucessos do Ro- um guitarrista que curtia a fer- nhã. Mas o detalhe é que meu pai
lão esquecido no estabelecimen- berto Carlos. Aí ele ligou as du- veção da Jovem Guarda, desco- nunca admitiu que eu, por conta
to parecia estar à espera do garo- as guitarras num amplificador, briu o choro, ao ouvir as notas da noite, deixasse de abrir a bar-
to, cuja veia musical – embora Zé começou a solar e eu acompa- tiradas por João Macacão de seu bearia. Chegava em casa às cin-
afirme que a influência paterna nhei... Logo ele falou: ‘Puxa, você violão sete cordas. “Eu toco vi- co e meia da manhã, ficava zan-
não foi decisiva – já era alimen- acompanhou direitinho, hein?’. olão sete cordas hoje porque vi zando pela padaria, tomava café
tada pelas preferências sonoras Naquele dia eu nem dormi direi- o João Macacão tocando. Quan- e já abria a barbearia às sete. Eu
do pai, um apreciador apaixona- to”, rememora o músico. do eu fui chegando ao camarim, tinha uns 17 ou 18 anos, e essa
do do forró que arranhava notas Ainda na adolescência, Zé Bar- ouvi um som estranho... Era um história foi indo até que o pesso-
num acordeão e sempre que pos- beiro passou a trabalhar na ala choro que eles estavam tocando. al começou a me descobrir na ci-
sível reunia uma turma de mú- do Controle de Qualidade da fá- Era um violão estranho, de sete dade. Tudo por conta do João Ma-
sicos para tirar um forrozinho brica de guitarras Giannini. “Em cordas, tinha um bordão bonito, cacão”, reconhece.
tipicamente nordestino em sua 1966, a Jovem Guarda era uma e aquilo me deu uma coisa as- Não demorou para que Zé se
barbearia. febre. Naquela época, a tiragem sim...”, fala, ao tentar definir as tornasse integrante fixo do gru-
“Lá pelos idos de 1962, 1963, de guitarras era de mil instru- sensações daquele momento. po de choro do qual Macacão fa-
toda vez que eu estava engra- mentos por dia. Todo mundo ti- Foi assim que, com menos de zia parte, o Amantes do Choro.
xando o sapato de algum clien- nha uma guitarra, e eu não ti- 20 anos de idade, Zé Barbeiro “Nessa época nós tocávamos em
te alguém ficava tocando algu- nha uma porque não tinha co- – apelido dado por João Maca- São Miguel Paulista. Era longe,
ma coisa no violão que deixaram mo pedir dinheiro ao meu pai cão para distingui-lo entre tan- mas eu topava tudo porque esta-
na barbearia. Aquilo não me des- para comprar um instrumento, tos outros ‘Zés’ – se tornou par- va louco para tocar”, conta.
3 4
BASTIDORES
Na foto do alto, o
inseparável violão 7
cordas do músico (1);
Zé Barbeiro tirando
5 6
uns acordes na pas-
sagem de som pa-
ra o show que faria
no Itaú Cultural (2);
o mestre cercado pe-
los músicos e dan-
çarinos que o acom-
panhariam na apre-
sentação (3); Zé rece-
bendo o ‘acabamen-
to’ final antes de su-
bir ao palco (4); o
músico gravando um
depoimento que fa-
rá parte do DVD do
show (5); o bamba
em ação, segurando
o ritmo para os pas-
sos de gafieira da
dupla dançante (6)
3. Gazeta de Alagoas DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 CADERNO B B3
| programe-se |
e compositor Luiz de Assis, anuncia a ›› GAZETA INDICA sar pelo Recife, onde a banda inglesa
MÚSICA gravação de seu primeiro CD ao vivo:
Divulgação
aporta no dia 03 de abril – a apresen-
batizado de Chamado, o espetáculo é tação será no Parque de Exposições,
MIB. Batalhando há quase uma déca- atração no dia 25 de março no Tea- no bairro do Prado. Anote na agenda.
da na noite de Maceió, a banda for- tro Deodoro, a partir das 21h. A pro- ›› Parque de Exposições. Rua Gomes
mada por Matias Pires (vocal, guitarra dução do show avisa que é possível Taborda, s/n, Prado, Recife-PE. No dia
e violão), Sidney Jaires (guitarra, vio- fazer reservas de ingressos: basta en- 03 de abril, a partir das 20h. Ingres-
lão e voz), Gustavo Cabús (guitarra, viar um e-mail para o correio eletrô- sos: R$ 160 (inteira, pista), R$ 80 (meia-
violão e voz), Tony Soares (baixo) e nico abia.arte@hotmail.com com a pa- entrada, pista) e R$ 300 (front stage).
Orris Brasileiro (bateria e voz) mostra lavra “chamada” no campo assunto, Mais informações: (81) 4003-1212 e no
seu som neste domingo (13) na barra- mais nome completo, e-mail e telefo- site www.ingressorapido.com.br.
ca de praia Lopana, a partir das 17h. ne para contato no corpo do e-mail e
No repertório, releituras de sucessos pronto, seu bilhete estará garantido. Roberta Sá & Trio Madeira Bra-
de artistas e grupos como Nando Reis, ›› Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro, sil. O encontro da voz de Roberta Sá
Legião Urbana e Titãs, entre outros. s/n, Centro. No dia 25 de março, a par- com o refinamento do Trio Madeira
Mais cedo, a partir do meio-dia, tem tir das 21h. Ingressos: R$ 15 (preço Brasil numa reverência à obra do bai-
música eletrônica com o DJ Rodrigo único). Pontos de venda: na bilheteria ano Roque Ferreira resultou no disco
Lima. Que tal agitar com a turma? do teatro e no estande Viva Alagoas. Quando o Canto é Reza, cujo show
›› Lopana. Av. Sílvio Viana, barraca 27, Mais informações: 9316-4063. é atração no dia 15 de abril no Tea-
Ponta Verde. Hoje (13), a partir das tro Gustavo Leite, abrindo a tempora-
17h. Mais informações: 3231-7484. Seal. Três anos após sua última visi- da 2011 do Projeto MPB Petrobras em
ta ao Brasil, o cantor britânico está de Maceió. Com um belo painel de ritmos
Havana Dance Club. Instalada no volta com o show de seu mais novo – maxixe, maracatu, ciranda, afoxé e
bairro histórico de Jaraguá, a mais ba- álbum, Seal 6: Commitment. O artista samba de roda estão no menu –, em
dalada boate GLS de Maceió abre suas vai cantar em São Paulo (17 de março, seu repertório a cantora traz clássicos
portas para mais uma maratona fes- no Credicard Hall), no Rio de Janeiro como Água da Minha Sede e Mandin-
tiva neste domingo (13): a partir das (19, no Credicard Hall), em Belo Hori- go, além de pérolas como Marejada,
21h30, tem swingueira com a banda zonte (20, no Citibank Hall) e em Bra- Zambiapungo e Cocada. Na abertura
Badallada, MPB com Kel Monalisa e sília (23, no Ginásio Nilson Nelson), da noite, o cantor Igbonan Rocha.
discotecagem com o DJ Washington. chegando ao Nordeste para shows em MÚSICA ›› Skank Com o show do CD/DVD Multishow Ao Vivo – Skank no Mineirão, ›› Teatro Gustavo Leite. Centro Cultu-
›› Havana Dance Club. Av. Com. Leão, Fortaleza (26, no Siara Hall) e no Reci- a banda é atração no próximo dia 18 em Arapiraca – e a apresentação é de graça ral e de Exposições. Rua Celso Piatti,
83, Jaraguá. Hoje (13), a partir das fe, onde o músico encerrará sua excur- s/n, Jaraguá. No dia 15 de abril, a par-
21h30. Ingressos: de R$ 10 a R$ 40. são – a apresentação será no próximo Divulgação tir das 20h. Ingressos: R$ 20 (inteira)
Mais informações: 8856-3057. dia 27, no Chevrolet Hall. e R$ 10 (meia). Não há previsão para
›› Chevrolet Hall. Rua Agamenon Ma- o início das vendas. Mais informações:
Skank. Com o show de seu últi- galhães, s/n, Complexo de Salgadinho, www.mpbpetrobras.com.br.
mo trabalho, o CD/DVD Multishow Ao Olinda-PE. No dia 27 de março, a par-
Vivo – Skank no Mineirão, a banda mi- tir das 21h. Ingressos: R$ 140 (intei- TEATRO
neira chega a Alagoas como a gran- ra, pista) e R$ 70 (meia, pista); R$ 240
de atração do Viva Arapiraca, even- (inteira, front stage) e R$ 120 (meia, Confissões de Adolescente. Espe-
to gratuito promovido pela prefeitura front stage); R$ 2.000 (camarote 1° táculo que está entre os mais vistos
do município, localizado a 128km da piso, para 10 pessoas) e R$ 1.800 (ca- do teatro brasileiro, a peça de auto-
capital, Maceió. Misturando composi- marote 2° piso, 10 pessoas). Pontos de ria de Maria Mariana estreou há quase
ções recentes aos seus maiores hits, venda: na bilheteria do Chevrolet Hall 20 anos, fazendo história ao abordar o
em sua apresentação o grupo forma- e no site www.ticketsforfun.com.br. universo adolescente de modo hones-
do por Samuel Rosa, Haroldo Ferreti, Mais informações: (81) 3427-7500 e to e criativo. Tanto que, ao longo de
Henrique Portugal e Lelo Zanetti deve www.chevrolethall.wcms.com.br. quase duas décadas, foi objeto de vá-
mostrar sucessos como Jackie Tequila, rias remontagens, passando por mu-
Te Ver, É uma Partida de Futebol e Res- Iron Maiden. Um dos mais cultu- danças para se adaptar aos costumes
posta, além das inéditas De Repente, ados grupos da história do heavy da adolescência atual. É o que o pú-
Fotos na Estante e Presença. metal, o Iron anuncia seu retorno ao blico irá conferir nos dias 18, 19 e 20
›› Lago da Perucaba. Praça do Lago da Brasil, dessa vez a bordo da turnê de março em Maceió, no Teatro Deo-
Perucaba, Arapiraca-AL. No dia 18 de The Final Frontier. O primeiro show doro, quando a peça – agora com di-
março, a partir das 23h30. Aberto ao acontece em São Paulo, no dia 26 de reção assinada por Matheus Souza –
público. Mais informações: (82) 9966- março, no Estádio do Morumbi. Na terá apresentações na cidade.
2429 e www.arapiraca.al.gov.br. sequência, Steve Harris e sua turma ›› Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro,
rumam para Rio de Janeiro (27 de s/n, Centro. Nos dias 18 e 19 de março,
Luiz de Assis. E lá se vão 12 anos março, no HSBC Arena), Brasília (28 de com sessões às 20h, e no dia 20, às
à frente da banda Vibrações, uma das março) e Belém (1º de abril). A boa 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20
pioneiras do reggae em Alagoas. Dis- notícia é que os fãs nordestinos tam- (meia-entrada). Ponto de venda: loja
posto a seguir numa carreira solo pa- bém terão a oportunidade de conferir Levi’s (Maceió Shopping). Mais infor-
ralela, o vocalista do grupo, o cantor o novo show, já que a turnê vai pas-
TEATRO ›› Confissões de Adolescente Grande sucesso do teatro brasileiro, a peça mações: 3325-2373 e 9641-5272.
ganhou nova remontagem e é atração nos dias 18, 19 e 20 de março no Deodoro
Contatos: lekemorone@gazetaweb.com | Avenida Aristeu de Andrade, 355, Farol - Maceió-AL - Cep.: 57051-090
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Pelos caminhos da vida e da música
Das obrigações como pai de família ao gosto pela arte musical e pela noite, Zé Barbeiro conta como deixou sua paixão pelo choro falar mais alto
Leonardo Melo/Cortesia
| CARLA CASTELLOTTI aderi à música e resolvi fazer o rogodó, um dos redutos da tur-
Repórter que eu gosto”. ma que aprecia a boa vida na me-
trópole que não dorme e onde
São Paulo, SP – Seguindo em A REVIRAVOLTA Zé Barbeiro se apresentava ao la-
frente, após a descoberta da Jo- Embora tenha mantido o apeli- do do grupo Choro Rasgado. Com
vem Guarda e do choro Zé Bar- do, o então barbeiro largou o ofí- os músicos improvisando em ci-
beiro passou a caminhar no com- cio que aprendeu com o pai e foi ma de cada uma das canções que
passo da vida adulta: casou-se viver exclusivamente de músi- executavam, o bar instalado nu-
aos 24 anos, e da união com Car- ca. Requisitado, o violonista per- ma ruazinha pacata de Pinheiros
men Roberto da Silva nasceram maneceu durante muito tempo lotava com gente que ia ao lu-
os filhos Fabrício, que hoje é pro- à sombra de artistas e grupos gar para paquerar, dançar gafiei-
fessor de música e acompanha o os quais acompanhava, o que, ra e, claro, reverenciar o quinte-
pai tocando cavaquinho, e Isabe- de toda forma, jamais o impediu to afiado composto também por
la, estudante de Educação Física de mostrar sua própria perso- Roberta Valente (pandeiro), Ales-
e espécie de xodó do pai, para nalidade musical. Contabilizan- sandro Penezzi (violão), Rodrigo
quem ele compôs um frevo. do parcerias com nomes como Y Castro (flauta) e Fabrício Rosil
Pai de família que tinha a bar- Elizeth Cardoso, Altamiro Carri- (cavaquinho).
bearia como ofício e a música co- lho, Zeca Pagodinho, Dona Inah Tem sido assim, inclusive, que
mo paixão, durante muitos anos e Batatinha, aos poucos Zé Bar- Zé Barbeiro garante uma entra-
Zé Barbeiro viveu o dilema co- beiro entrou para a seleta lis- da fixa de dinheiro no orçamen-
mum à imensa maioria dos mú- ta dos ‘monstros’ do violão sete to. Ele toca às terças-feiras no Ó
sicos – afinal, sustentar a casa cordas no Brasil. do Borogodó, às sextas no bar do
vivendo unicamente de música Atualmente o músico desfila antigo caminhoneiro Cidão, que No Ó do Borogodó, o barbeiro que largou o ofício para fazer o que mais gosta: tocar choro
parecia impossível. “Por gostar com seus arranjos nas rodas de fica na badalada Vila Madalena,
muito da noite – eu tocava à noi- choro paulistanas, entre os ba- e aos sábados participa de uma
te e continuava abrindo a barbe- res de Pinheiros e da Vila Ma- feijoada. Mas a diversão de tocar parou para se preocupar com vamente quando, viúvo, o músi- lher que me queria. Às vezes a
aria de manhã –, enquanto era dalena, bairros de notável tradi- com os amigos e a emoção de vi- isso, estando sempre satisfei- co encontrou Karina Poli. Cerca gente tem uns ‘arranca-rabos’,
casado e os filhos eram peque- ção boêmia da capital paulista. ver a noite não preenchiam por to. Entre eventuais viagens ao de 20 anos mais nova que o mes- mas a gente vai levando. Ela es-
nos eu não tinha coragem de lar- Aproveitando o convite do Ins- completo as aspirações do com- exterior como músico acompa- tre, a moça não resistiu aos en- tá me aturando ainda, porque ela
gar a música de vez ou de assu- tituto Itaú Cultural para cobrir positor, que às vésperas de com- nhante, participações em diver- cantos do experiente violonista e acha que eu sou muito vagabun-
mir apenas ela. Mas a partir do o lançamento de mais uma leva pletar 60 anos e contabilizando sas gravações e sem esquecer de tornou-se não somente o ‘braço do. Ela é meu braço direito e vo-
momento em que eles (os filhos) de editais do Programa Rumos – mais de 150 choros em seu reper- suas tocadas na noite, o instru- direito’ do músico, mas também cê sabe, né, em volta de um vaga-
ficaram adultos, eu abandonei a em cuja programação se desta- tório autoral, ainda não havia re- mentista levava a vida fazendo sua mulher. bundo tem que ter alguém que
barbearia. Isso faz uns 15 anos, cava o nome do nosso violonis- gistrado sua obra em disco. o que mais gostava, tocar cho- “Eu fiquei viúvo, mas dei a trabalhe”, diz, rindo, enquanto
foi lá em 1995, 1996, quando eu ta –, a Gazeta esteve no Ó do Bo- Zé Barbeiro, contudo, nunca ro. Mas sua trajetória mudou no- maior sorte de achar outra mu- espera Karina retrucar.
Graças à inscrição feita por
Karina num edital da Fundação
Nacional de Artes (Funarte), em
A PRIMEIRA VEZ DE ZÉ BARBEIRO PARA OUVIR 2008 Zé foi selecionado pelo Pro-
TAMBÉM jeto Pixinguinha. Com o prêmio,
Imprevisível do começo ao pelos caminhos da composi- Disco: Baba de Calango (2006) saía em 2009 seu primeiro re-
fim. Sendo você amante do ção – hoje, são mais de 160 Banda: Choro Rasgado gistro fonográfico, o elogiadíssi-
choro ou não, permanecer choros de sua autoria. Segu- Gravadora: Maritaca mo Segura a Bucha!, álbum cu-
impassível à pegada veloz ra a Bucha! é seu primei- Distribuição: Tratore jas faixas exibem sua pegada ve-
e sincopada de Zé Barbei- ro álbum, resultado da sele- Preço: R$ 15, em média loz, sincopada e cheia de malícia,
ro neste disco é praticamen- ção no Projeto Pixinguinha, Onde encontrar: marcas inconfundíveis de sua
te impossível. Considerado o no qual foi contemplado em SERVIÇO www.tratore.com.br musicalidade. Antes, em 2006,
maior violonista de sete cor- 2008. Os títulos das músicas, Disco: Segura a Bucha! (2009) Sobre o álbum: o primeiro com o grupo Choro Rasgado, o
das em atividade no País, como Ponto de Tripa, Bafo de Artista: Zé Barbeiro disco do grupo Choro multi-instrumentista Alessandro músico já havia lançado o álbum
Zé, que se tornou um nome Bode e a própria Segura a Gravadora: independente Rasgado é o registro do Penezzi e o bamba das sete Baba de Calango, no qual estão
bastante requisitado no uni- Bucha!, dão uma dimensão da Distribuição: Tratore “renascimento do gênero”, cordas Zé Barbeiro dividem a registradas sete de suas músi-
verso dos músicos acompa- malandragem e da irreverên- Preço: R$ 25, em média segundo observou o violonista autoria das 14 músicas que cas e outras sete do multi-instru-
nhantes, também enveredou cia contidas no registro. Onde encontrar: www.tratore.com.br gaúcho Yamandu Costa. Aqui, o compõem o trabalho. mentista Alessandro Penezzi.
4. Gazeta de Alagoas DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2011 CADERNO B B5
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A postos para o novo disco e de volta às origens
Gravado ao vivo, No Salão do Barbeiro está previsto para agosto; compositor deixou parentes assustados ao aparecer sem aviso
Leonardo Gola/Reprodução
| CARLA CASTELLOTTI go Y Castro (flauta), Fabrício Ro- panhadas por pandeiro, clarine-
Repórter sil (cavaquinho) e Léo Rodrigues te e flauta. Dono de uma “cabe- BARBEIRO CURTE...
(pandeiro) –, Zé Barbeiro tam- ça atual”, Zé foge o quanto po- ÍCONES DO SAMBA
São Paulo, SP – Na fase de prepa- bém pôde desfrutar da compa- de do choro tradicional. Sempre ›› Noel Rosa (1910-1937)
ração de seu segundo álbum, Zé nhia do acordeonista Cléber Ro- em busca de mudar o estigma ›› Ataulfo Alves (1909-1969)
Barbeiro recebeu a notícia de que drigues, do contrabaixista Edu de ‘música de velho’ atribuído ›› Dorival Caymmi
seu nome constava entre os 20 Malta, do baterista Giba Alves e ao gênero, o compositor se in- (1914-2008)
músicos contemplados no Pro- de dois casais de dançarinos, que teressa pela versão contemporâ- ›› Paulinho da Viola
grama Rumos Música, do Itaú se exibiram em elegantes passos nea do estilo, com suas variações ›› Paulo César Pinheiro
Cultural. A apresentação do vi- de gafieira. e notas ‘quebradas’, elementos
olonista no teatro do instituto, Antes do início do show, Zé os quais, segundo Zé, o chorão MESTRES DO MESTRE
então, viria a calhar, tornando- Barbeiro levou o violão próxi- mais antigo não aceitaria jamais. ›› Ernesto Nazareth
se o caminho mais curto para mo ao ouvido apurado, enquan- A apresentação foi um suces- (1863-1934)
a gravação de seu primeiro dis- to dedilhava algumas notas em so. Aplaudido de pé, Zé Barbeiro ›› Pixinguinha (1897-1973)
co ao vivo. No Salão do Barbeiro, busca da afinação perfeita. “To- fez questão de dizer que não se ›› Jacob do Bandolim
que tem lançamento previsto pa- car errado não é defeito, tocar inspirava em nada além de seus (1918-1969)
ra agosto, vai mostrar o choro desafinado sim”, dizia o músi- amigos do peito e dos ‘causos’ ›› Radamés Gnattali
como celebração, explorando o co, que parava pouco entre as do dia-a-dia. Suas músicas reve- (1906-1988)
viés jovem e dançante do gênero. músicas, não raro para fazer al- lam que, além de mestre do vi- ›› Aníbal Sardinha
A Gazeta estava lá e acom- gum de seus comentários espiri- olão sete cordas, o bem-humo- (1915-1955)
panhou não somente o show, tuosos, lembrando sempre que a rado Zé Barbeiro não desperdi-
mas toda a movimentação em ‘patroa’ e produtora, Karina Po- ça um bom trocadilho. Exem- BAMBAS DAS 7 CORDAS
torno da apresentação realizada li, achava que o malandro falava plos disso são canções como Ko- ›› Dino 7 Cordas
É na barbearia que Zé surge no encarte de Segura a Bucha! no último domingo de feverei- “bobagem demais”. olongo, composta depois de uma (1918-2006)
ro nas instalações do Itaú Cultu- Entre ritmos como choro, apresentação no Marrocos feita ›› Raphael Rabello
ral, na avenida Paulista. No pal- baião, xote, frevo, rumba e ga- na companhia de Dona Inah, e (1962-1995)
co, além de contar com sua trupe fieira, Zé Barbeiro executou 14 Sessendentário, outra brincadei- ›› Luizinho 7 Cordas
DE VOLTA ÀS RAÍZES de chorões – composta por Ale- composições aceleradas que de- ra do bamba que não perde a ›› Rogério Caetano
Embora não seja assim tão ex- familiares que permaneceram xandre Ribeiro (clarinete), Rodri- ram trabalho para serem acom- chance de fazer uma piada. ›› Fernando César
pressiva, a ‘presença’ do Nor- em Alagoas. A viagem levou
deste na música de Zé Barbeiro o casal aos domínios da Usina
pode ser notada na versatili- Sinimbu, no município de Je-
dade do músico. O legado do quiá da Praia, no Litoral Sul, O CHORO EM CENA
pai, apaixonado por Luiz Gon- entre as cidades de Teotônio Para quem ainda está se espalhadas Brasil afora, ainda
zaga, está nas entrelinhas das Vilela e São Miguel dos Cam- perguntando por que nunca que essas ‘cenas’ não estabe-
composições do artista. Ape- pos. A andança proporcionou ouviu falar de Zé Barbeiro ou leçam contato entre si. Além
sar dessa ligação, o fato é que a Zé conhecer a casa onde sua por que ele nunca aportou do movimento do choro em
após sua ida para São Paulo, mãe morou e os tios mater- em terras alagoanas com seu Brasília, considerado o mais
em meados de 1954, aos dois nos Eduardo Sérgio e Cícero show, Karina Poli, produtora forte do País, o gênero surgi-
anos de idade, Zé Barbeiro só Sérgio, além da tia Maria José. do músico, diz que o circuito do nos subúrbios do Rio de Ja-
voltou à terra natal em janei- Ao falar sobre as reações as- do choro, de fato, é restrito. neiro do século 19 continua a
ro de 2010, quando Zé e Ka- sustadas dos parentes ao se Um contrassenso, claro, espe- fazer apreciadores graças à ala
rina desembarcaram em solo deparar com o sobrinho que cialmente porque o gênero é que defende a tradição e aos
alagoano simplesmente para vinha de tão longe, Zé con- tido como a primeira música jovens músicos, alguns saídos
passear. Até que a curiosidade tou que “tudo continua igual- urbana tipicamente nacional. da academia, que percebem o
falou mais alto e o violonista zinho, do jeito que meus pais Mas o fato é que o estilo boê- quão importante é dar conti-
e compositor quis conhecer os falavam para mim”. mio está bem vivo nas rodas nuidade a essa expressão.