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Contribuição ao “Encontro Estadual de Preparação para a
                          Campanha da Fraternidade 2011”


                           Fraternidade e a vida no planeta.


                         O FUTURO DO PLANETA TERRA:
                    UMA QUESTÃO DE ÉTICA E EDUCAÇÃO


                                           Jorge Alberto Villwock
                                           Instituto do Meio Ambiente - PUCRS


INTRODUÇÃO


       A Terra se apresenta como um sistema dinâmico caracterizado por uma evolução
complexa, onde as interações entre litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera vêm
proporcionando o desenvolvimento de uma enorme variedade tanto de paisagens e formas
de relevo como de formas de vida que se abrigam em um amplo espectro de habitats. É em
meio a estas constantes transformações, as chamadas mudanças globais, que a espécie
humana surge, se desenvolve e passa a condição de agente modificador do planeta.


       Até recentemente, pensava-se que a atividade do homem causava mudanças
ambientais locais ou, no máximo, regionais. Hoje se reconhece que os efeitos dessa
atividade sobre a Terra são de tal envergadura que estamos todos envolvidos em um
experimento planetário não planejado e, portanto, difícil de controlar. Para entender e
eventualmente reverter algumas modificações ocasionadas pelo homem é preciso conhecer
como este sistema funciona e nele distinguir as mudanças decorrentes da evolução natural
do planeta daquelas induzidas pela atividade humana (Hidore, 1996).


       Mudanças climáticas decorrentes da alternância de períodos glaciais e interglaciais
têm afetado o gênero humano desde que ele surgiu no planeta há alguns milhões de anos.
Elas deslocaram áreas de caça e de coleta de frutos e motivaram migrações como a que
resultou na ocupação da América há aproximadamente 15 mil anos. A natureza mudando o
comportamento do homem.


       Com o passar dos tempos, o homem desenvolveu a agricultura e a pecuária,
melhorou suas condições de sobrevivência. Criou cidades, indústria, transporte, comércio,
tecnologia. Grande parte da tecnologia tem sido dirigida para modificar os ambientes
naturais. Remodela a superfície da terra, muda o curso dos rios, altera a flora e a fauna,
consome cada vez mais energia. Na pretensão de melhorar a natureza ele entra em choque
com os processos naturais e produz impacto ambiental. O homem mudando o
comportamento da natureza.


       O crescimento populacional, em parte decorrente desta melhora das condições de
vida e do desenvolvimento científico e tecnológico, faz crescer as grandes metrópoles,
estimula a migração do homem do campo para a cidade, produz fome, miséria e
insegurança. A disposição de resíduos, a agricultura e o pastoreio, incêndios florestais,
erosão do solo, assoreamento dos cursos e corpos de água, desertificação e salinização,
impactam a litosfera. O uso de herbicidas e pesticidas, o lançamento de esgotos cloacal,
pluvial e industrial, derrames de petróleo, promovem poluição dos rios e corpos de água,
impactam a hidrosfera. A produção de materiais particulados (poeiras), e de gases
decorrentes da queima de combustíveis fósseis (monóxido e dióxido de carbono, diversos
compostos de enxofre e nitrogênio), e de refrigeração (cloro-fluor-carbonos), impactam a
atmosfera. As modificações da superfície da terra, das águas e do ar ocasionam a perda de
habitats, promovem a extinção de espécies, impactam a biosfera.


       Estes impactos, decorrentes de todo este processo evolutivo, resultaram no estado de
grave degradação das condições ambientais atuais do planeta em que vivemos. Os danos à
biodiversidade que ameaçam a existência da própria espécie humana, têm sido motivo de
preocupação global. A humanidade se depara diante de enormes desafios para resgatar a
sustentabilitade do planeta e garantir a sua sobrevivência.
O despertar de consciências diante de tais fatos, a partir da segunda metade do
século passado, tem motivado ações no sentido de diminuir, parar e mesmo reverter os
processos de agressão ao meio ambiente decorrentes do desenvolvimento desenfreado e
sem sustentabilidade. As Conferências de Estocolmo e do Rio de Janeiro, e o Protocolo de
Kioto são alguns dos inúmeros exemplos de iniciativas de envergadura mundial
direcionadas à busca desta sustentabilidade.


       Sabe-se, entretanto, de que nada adiantarão esforços internacionais, nacionais ou
mesmo de menor abrangência, se eles não forem acompanhados de uma mudança de atitude
de cada indivíduo ou de um número cada vez maior de indivíduos, no sentido de respeitar e
proteger o meio em que vivemos, onde se processa, constantemente, o milagre da vida.


       As escolas, em todos os níveis, através de seus processos educacionais,
proporcionam educação, vivência e crescimento cultural para uma importante parcela da
comunidade. É através da educação que se forma cidadãos que passam a ser agentes
multiplicadores do conhecimento nos seus locais de atuação e de vida. Diante das atuais
circunstâncias é fundamental que se desperte, nestas mulheres e nestes homens, um
sentimento ético de respeito à vida e uma consciência ambiental. Este tem sido um dos
objetivos da “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento
Sustentável” promovida pela UNESCO, (UNESCO, 2005).


       É nesse sentido que este trabalho se propõe a contribuir com o Encontro Estadual de
Preparação para a Campanha da Fraternidade 2011. Dentre as várias ameaças que pairam
sobre a humanidade destacam-se as que envolvem segurança alimentar e as relacionadas
com as mudanças climáticas. São dois temas que exigem atenção urgente. A sua mitigação
dependerá de uma mudança de postura que só poderá ser alcançada através da ética e da
educação.




SEGURANÇA ALIMENTAR
O aumento da população trouxe maior necessidade de alimentos. A agricultura
tornou-se extensiva. Mecanização e tecnologias mais refinadas permitiram que áreas cada
vez maiores produzissem mais com um menor número de trabalhadores do campo. O êxodo
rural passou a ser uma constante e ao redor das grandes metrópoles criaram-se grandes
cinturões de miséria. As mesmas considerações podem ser feitas com relação à atividade
pecuária e com a pesca.


       Pressões econômicas levaram ao desenvolvimento de monoculturas e o aumento da
produtividade mediante o uso de fertilizantes e de pesticidas. Na produção animal o uso de
hormônios e de antibióticos. Perdas na biodiversidade e envenenamento generalizado.


       No final dos anos 40 e início dos 50, no século passado, grandes quantidades de
pesticidas foram empregados no combate aos mosquitos transmissores de doenças. O DDT
foi durante muito tempo a salvação das populações mais pobres dos países tropicais. A
eliminação de doenças proporcionou a drástica diminuição das taxas de mortalidade infantil
e aumentou mais ainda as taxas de crescimento populacional. Entretanto, nunca            a
superfície do planeta e os sistemas de vida, fruto de um processo evolutivo em andamento
há milhões de anos, foram tão injuriados e estiveram tão ameaçados.


       O livro, a “Primavera Silenciosa” (Carson, 1969), lançado em 1960, foi um grito de
alerta para o fato de que agentes químicos persistentes estavam contaminando a natureza e
se acumulando em nossos corpos. Alicerçada em observações detalhadas realizadas com
rigor científico, inúmeros casos de contaminação, de doença e de morte foram relatados
pela autora. Estavam alicerçadas algumas bases do movimento ecológico que a partir daí
vem tentando diminuir a velocidade do processo de destruição.


       A proibição de uso do DDT e de muitos outros pesticidas organoclorados não foi
suficiente para acabar com o problema. Ao contrário, novas substâncias danosas foram
usadas. Em 1996, outra contundente denúncia foi apresentada através do livro “O Futuro
Roubado” (Dumanoski, et al., 2002). O livro revisa um conjunto enorme e crescente de
evidências científicas que demonstram a relação entre os agentes químicos sintéticos,
venenosos, persistentes e acumulativos, com doenças degenerativas, vários tipos de câncer,
desenvolvimento sexual aberrante, problemas comportamentais e dificuldades reprodutivas.


       Em 2002, o excelente artigo publicado na revista National Geographic (Ackerman,
2002) discute o assunto “Comida” como um dos desafios à humanidade. A autora comenta
que à medida que essa indústria evolui, os cientistas e consumidores levantam mais
dúvidas. Logo a seguir, discute questões sobre o zelo pela segurança dos alimentos e os
benefícios e riscos dos avanços da engenharia genética.


       Com a tomada de consciência de problemas de tal envergadura algumas
providências estão sendo tomadas e nasce uma nova agricultura. A Agricultura Ecológica,
ou a Agricultura Orgânica. Um novo tipo de agronegócios, cuja importância cresce a cada
dia que passa. Alimentos agrícolas produzidos sem fertilizantes químicos, sem pesticidas,
sem agrotóxicos, vêm encontrando um mercado cada vez maior e sendo cotados a preços
mais elevados que os produtos comuns. Entretanto, é quem pode pagar mais que perde o
risco de ser envenenado. É preciso que estes produtos estejam ao alcance de todos.


       Apesar de tudo, o espectro da fome continua pairando sobre a humanidade. Os
países mais pobres, sobretudo os da África e os da Ásia, padecem de problemas decorrentes
da superpopulação, ao que se somam a seca e a desertificação produzidas pelas mudanças
climáticas globais.


MUDANÇAS CLIMÁTICAS


       Dentre todas as transformações globais induzidas ou aceleradas pela atividade
humana, a mais assustadora é, sem dúvida, o aquecimento global. O fenômeno é decorrente
do aumento da concentração de gases, em especial o dióxido de carbono e o metano, na
atmosfera, produzidos em quantidades crescentes a partir da Revolução Industrial. Estes
gases são responsáveis pelo chamado “Efeito Estufa”, mecanismo que impede a fuga, para
o espaço exterior, do calor emitido pela superfície do planeta, aquecida pelas radiações
solares. O aumento das temperaturas médias resultante desse processo vem alterando a
circulação das massas de ar produzindo as mudanças climáticas que já se fazem sentir e que
se afiguram assustadoras em um futuro próximo. O assunto foi tema de um relatório da
Organização Não-Governamental “Greenpeace”, em 1990, publicado no Brasil em 1992
(Legget, 1992).


       Em 1988, a Assembléia Geral das Nações Unidas criou o Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática (PIMC) (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC).
Desde então centenas de cientistas pertencentes a dezenas de países têm produzido
relatórios periódicos alertando as lideranças mundiais quanto à seriedade da mudança do
clima global, avisando que a humanidade terá sérios problemas, a menos que se reduzam
drasticamente as emissões dos gases de estufa. Estes relatórios estão disponíveis nos sites
www.ipcc.ch e www.mct.gov.br .


       Estes trabalhos têm mostrado que uma variação de temperatura de 1,5 a 4,5 C em
um século ou dois não tem precedentes na história recente do planeta. Um aumento de 2 C
seria suficiente para retornar às condições do Ótimo Climático de 6.000 anos atrás. Tal
aumento na temperatura média da Terra produziria um impacto significativo na sociedade
mundial. O estresse do ajuste seria fenomenal e afetaria todas as formas de vida no planeta.
Certamente afetaria a produção de alimentos. Desde que a agricultura começou a
temperatura não variou mais do que 1 C da média. As previsões são de que a temperatura
global continuará subindo e assim continuará pelo próximo século. Se isso acontecer,
muitas outras mudanças físicas e econômicas ocorrerão.


       Para mencionar, dentre os impactos principais do aquecimento global, os mais
significativos estariam relacionados com degelo das calotas polares e das geleiras de
montanhas e a conseqüente subida do nível do mar (30 a 110 cm nos próximos 100 anos)
produzindo inundações nas zonas costeiras do planeta onde vivem mais de 50% da sua
população. Além disso, as mudanças climáticas decorrentes afetariam, entre outros,
agricultura, florestas, biodiversidade, ciclo hidrológico, demanda de energia elétrica,
qualidade do ar e saúde humana.
Resultante das atividades do Painel Intergovernamental para as Mudanças
Climáticas e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática foi
discutido em 1997 o Protocolo de Quioto, instrumento que foi ratificado em 1999 entrando
em vigor em 2005. O Protocolo de Quioto é um tratado internacional com compromissos
objetivando a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de
acordo com a maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento global.
Nele se estabelece um roteiro pelo qual os países desenvolvidos deverão de reduzir a
quantidade de gases de efeito estufa em, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis
de 1990. Os países signatários terão que colocar em prática planos para reduzir a emissão
desses gases entre 2008 e 2012.


       Mais de 20 anos foram necessários para que a humanidade tomasse consciência de
que a crise ambiental é real e que os seus efeitos estão se fazendo sentir. O assunto hoje,
início de 2007, ocupa grandes espaços na mídia internacional.


       Nesse sentido, o livro de Al Gore, “Uma Verdade Inconveniente: o que Devemos
Saber (e Fazer) Sobre o Aquecimento Global” (Gore, 2006), também apresentado sob a
forma de um documentário cinematográfico, imperdível, apresenta dados incontestáveis
sobre a crise climática provocada pela ação do homem no planeta. Com base em pesquisas
realizadas por especialistas e instituições de renome, e compilando dados e exemplos no
mundo inteiro, Al Gore produz uma obra eficaz de alerta sobre o aquecimento global. Seu
documentário acaba de ser premiado pela Academia de Arte e Ciências Cinematográficas
dos Estados Unidos com o OSCAR 2007.


       Também em fevereiro de 2007, em Paris, foi aprovado formalmente o relatório
elaborado pelo Grupo de Trabalho I do Painel Intergovernamental sobre Mudança do
Clima. O documento, intitulado “Mudança do Clima 2007: a Base das Ciências Físicas –
Sumário para os Formuladores de Políticas”, que também está disponível nos sites
anteriormente citados, considera inequívocas as evidências de que o aquecimento global é
causado pelos humanos. O relatório descreve uma acelerada transição para um mundo mais
quente, esperando-se um aumento de 3°C, neste século, marcado por temperaturas mais
extremas, incluindo ondas de calor, novos padrões de ventos, tornando piores as secas em
algumas regiões e precipitações mais pesadas em outras, fundindo geleiras no Ártico e
elevando o nível médio global dos mares.


       No que diz respeito ao Brasil, o Ministério do Meio Ambiente acaba de divulgar,
(fevereiro de 2007) os resultados de oito projetos preliminares de pesquisa sobre Mudanças
Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira. Os estudos analisaram o perfil
evolutivo do clima no País e desenharam possíveis cenários do clima nos próximos 100
anos (2010 a 2100). Também foram avaliados os efeitos da elevação do nível do mar na
costa brasileira e identificados indicadores para aferir com maior sensibilidade as mudanças
climáticas.


       O relatório de um desses projetos, intitulado “Mudanças Climáticas Globais e seus
Efeitos sobre a Biodiversidade: Caracterização do Clima Atual e Definição das Alterações
Climáticas para o Território Brasileiro ao longo do Século XXI” ( Marengo, 2007), mostra
resultados preocupantes. Alguns pontos são dignos de menção. Dentre eles ressalta-se a
constatação de um aumento de temperatura média de aproximadamente 0,75°C no século
XX e uma estimativa de aumento de até 4°C no Brasil e de até 8°C na Amazônia, até 2100.
O aumento na quantidade e na intensidade de eventos extremos, tais como chuva intensa e
noites quentes no Sudeste do Brasil. A ocorrência do furacão Catarina, em março de 2005,
foi possivelmente o primeiro furacão do Atlântico do Sul uma vez que não há registros na
história brasileira de fenômeno tão intenso na costa sul do Brasil. Ainda, observou-se, na
costa brasileira, tendência de subida do nível médio do mar da ordem de 40 cm nos
próximos 100 anos. Cidades litorâneas e 25% da população brasileira, cerca de 42 milhões
de pessoas que vivem na zona costeira poderão ser afetadas por inundações e por erosão da
linha de costa.


       Como conseqüências gerais, considera-se que a mudança climática poderá alterar a
estrutura e o funcionamento dos ecossistemas. Pode haver perda de biodiversidade e de
recursos naturais. No que se refere à saúde humana, haverá, entre outros, aumento do risco
de incidência de doenças como malária, dengue, febre amarela e encefalite; aumento de
doenças respiratórias em decorrência de secas e incêndio de campos e florestas; aumento de
mortalidade de crianças e idosos, causado pelas ondas de calor, e agravamento da
desnutrição resultante da queda da produtividade agrária.




O FUTURO


       Ao optar pela permanência das tendências atuais, a humanidade certamente estará
caminhando para um futuro incerto e sua provável extinção. O desmatamento continuará
crescendo, a biodiversidade global continuará diminuindo, o sobrepastoreio aumentará em
escala mundial, aumentará a erosão do solo e o assoreamento dos cursos e corpos de água e
a degeneração ambiental assumirá formas ainda não conhecidas. O mundo perderá sua
sustentabilidade.


       É preciso tomar consciência desta realidade, mudar atitudes e assumir a
responsabilidade, individual e coletiva, de descontinuar e, se possível, reverter o processo
de degradação ambiental. É preciso lutar por um desenvolvimento sustentável,
estabelecendo um compromisso com o desenvolvimento dos países e a busca da
minimização das diferenças existentes no plano social, econômico e das dotações de
recursos naturais, de modo a satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer
o atendimento das necessidades das gerações futuras.


       Há um longo caminho a ser percorrido. Esta trajetória, certamente, passa pela ética e
pela educação, particularmente a ambiental. Nesse momento é bom lembrar que:


     Educação ambiental é querer um mundo diferente, com cidadania, paz, alegria,
     comida, educação, emprego, liberdade... É buscar ações de transformação para uma
     vida melhor no presente e no futuro. É olhar para a natureza com os olhos do
     coração e respeitar todas as formas de vida, considerando a inter-relação e
     interdependência entre todos os elementos presentes no meio ambiente (Crivelaro et
     al., 2001).
REFERÊNCIAS


ACKERMAN, J. Comida. National Geographic Brasil, maio de 2002. São Paulo: Editora
     Abril, 2002.p.58-100.
CARSON, R. Primavera Silenciosa (Silent Spring). 2ª ed. Tradução de Raul de Polillo.
     São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1969. 305p.
CRIVELLARO, C.V.L. et al. Ondas que te quero mar: Educação Ambiental para
    comunidades costeiras. Porto Alegre: Gestal, 2001.122p.
DUMANOSKI, D. & COLBORN, T. O Futuro Roubado. 2ª ed. Porto Alegre: Editora
     LPM, 2002. 354p.
GORE, A. Uma verdade inconveniente. São Paulo: Ed.Manole, 2006.326p.
HIDORE, J.J.    Global Environment Change: Its Nature and Impact. New Jersey,
  Prentice Hall, Inc, 1996. 263p.
LEGGET, J. (ed) Aquecimento Global: O relatório do Greenpeace. Rio de Janeiro.
  Fundação Getúlio Vargas, 1992. 516p.
MARENGO, J. A. Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Bidiversidade
     – Caracterização do Clima Atual e Definição das Alterações Climáticas para o
     Território Brasileiro ao longo do Século XXI. Brasília:MMA, 2007. 212p. (Série
     Biodiversidade, v. 26). Disponível no site www.mma.gov.br .
UNESCO       Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento
     Sustentável,   2005-2014:      documento     final   do    plano    internacional    de
     implementação. Brasília : UNESCO, OREALC, 2005. 120p.




Adaptação do texto publicado em:


Sardi,S.A.; Souza, D.G. e Carbonara,V. (Org.) Filosofia e Sociedade. Perspectivas para
     o Ensino de Filosofia. – Ijuí: Ed. Unijuí, 2007, 568 p. (Coleção filosofia e ensino; 11)
     pp.309-318.

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O futuro do planeta uma questão de ética e educação

  • 1. Contribuição ao “Encontro Estadual de Preparação para a Campanha da Fraternidade 2011” Fraternidade e a vida no planeta. O FUTURO DO PLANETA TERRA: UMA QUESTÃO DE ÉTICA E EDUCAÇÃO Jorge Alberto Villwock Instituto do Meio Ambiente - PUCRS INTRODUÇÃO A Terra se apresenta como um sistema dinâmico caracterizado por uma evolução complexa, onde as interações entre litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera vêm proporcionando o desenvolvimento de uma enorme variedade tanto de paisagens e formas de relevo como de formas de vida que se abrigam em um amplo espectro de habitats. É em meio a estas constantes transformações, as chamadas mudanças globais, que a espécie humana surge, se desenvolve e passa a condição de agente modificador do planeta. Até recentemente, pensava-se que a atividade do homem causava mudanças ambientais locais ou, no máximo, regionais. Hoje se reconhece que os efeitos dessa atividade sobre a Terra são de tal envergadura que estamos todos envolvidos em um experimento planetário não planejado e, portanto, difícil de controlar. Para entender e eventualmente reverter algumas modificações ocasionadas pelo homem é preciso conhecer como este sistema funciona e nele distinguir as mudanças decorrentes da evolução natural do planeta daquelas induzidas pela atividade humana (Hidore, 1996). Mudanças climáticas decorrentes da alternância de períodos glaciais e interglaciais têm afetado o gênero humano desde que ele surgiu no planeta há alguns milhões de anos. Elas deslocaram áreas de caça e de coleta de frutos e motivaram migrações como a que
  • 2. resultou na ocupação da América há aproximadamente 15 mil anos. A natureza mudando o comportamento do homem. Com o passar dos tempos, o homem desenvolveu a agricultura e a pecuária, melhorou suas condições de sobrevivência. Criou cidades, indústria, transporte, comércio, tecnologia. Grande parte da tecnologia tem sido dirigida para modificar os ambientes naturais. Remodela a superfície da terra, muda o curso dos rios, altera a flora e a fauna, consome cada vez mais energia. Na pretensão de melhorar a natureza ele entra em choque com os processos naturais e produz impacto ambiental. O homem mudando o comportamento da natureza. O crescimento populacional, em parte decorrente desta melhora das condições de vida e do desenvolvimento científico e tecnológico, faz crescer as grandes metrópoles, estimula a migração do homem do campo para a cidade, produz fome, miséria e insegurança. A disposição de resíduos, a agricultura e o pastoreio, incêndios florestais, erosão do solo, assoreamento dos cursos e corpos de água, desertificação e salinização, impactam a litosfera. O uso de herbicidas e pesticidas, o lançamento de esgotos cloacal, pluvial e industrial, derrames de petróleo, promovem poluição dos rios e corpos de água, impactam a hidrosfera. A produção de materiais particulados (poeiras), e de gases decorrentes da queima de combustíveis fósseis (monóxido e dióxido de carbono, diversos compostos de enxofre e nitrogênio), e de refrigeração (cloro-fluor-carbonos), impactam a atmosfera. As modificações da superfície da terra, das águas e do ar ocasionam a perda de habitats, promovem a extinção de espécies, impactam a biosfera. Estes impactos, decorrentes de todo este processo evolutivo, resultaram no estado de grave degradação das condições ambientais atuais do planeta em que vivemos. Os danos à biodiversidade que ameaçam a existência da própria espécie humana, têm sido motivo de preocupação global. A humanidade se depara diante de enormes desafios para resgatar a sustentabilitade do planeta e garantir a sua sobrevivência.
  • 3. O despertar de consciências diante de tais fatos, a partir da segunda metade do século passado, tem motivado ações no sentido de diminuir, parar e mesmo reverter os processos de agressão ao meio ambiente decorrentes do desenvolvimento desenfreado e sem sustentabilidade. As Conferências de Estocolmo e do Rio de Janeiro, e o Protocolo de Kioto são alguns dos inúmeros exemplos de iniciativas de envergadura mundial direcionadas à busca desta sustentabilidade. Sabe-se, entretanto, de que nada adiantarão esforços internacionais, nacionais ou mesmo de menor abrangência, se eles não forem acompanhados de uma mudança de atitude de cada indivíduo ou de um número cada vez maior de indivíduos, no sentido de respeitar e proteger o meio em que vivemos, onde se processa, constantemente, o milagre da vida. As escolas, em todos os níveis, através de seus processos educacionais, proporcionam educação, vivência e crescimento cultural para uma importante parcela da comunidade. É através da educação que se forma cidadãos que passam a ser agentes multiplicadores do conhecimento nos seus locais de atuação e de vida. Diante das atuais circunstâncias é fundamental que se desperte, nestas mulheres e nestes homens, um sentimento ético de respeito à vida e uma consciência ambiental. Este tem sido um dos objetivos da “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável” promovida pela UNESCO, (UNESCO, 2005). É nesse sentido que este trabalho se propõe a contribuir com o Encontro Estadual de Preparação para a Campanha da Fraternidade 2011. Dentre as várias ameaças que pairam sobre a humanidade destacam-se as que envolvem segurança alimentar e as relacionadas com as mudanças climáticas. São dois temas que exigem atenção urgente. A sua mitigação dependerá de uma mudança de postura que só poderá ser alcançada através da ética e da educação. SEGURANÇA ALIMENTAR
  • 4. O aumento da população trouxe maior necessidade de alimentos. A agricultura tornou-se extensiva. Mecanização e tecnologias mais refinadas permitiram que áreas cada vez maiores produzissem mais com um menor número de trabalhadores do campo. O êxodo rural passou a ser uma constante e ao redor das grandes metrópoles criaram-se grandes cinturões de miséria. As mesmas considerações podem ser feitas com relação à atividade pecuária e com a pesca. Pressões econômicas levaram ao desenvolvimento de monoculturas e o aumento da produtividade mediante o uso de fertilizantes e de pesticidas. Na produção animal o uso de hormônios e de antibióticos. Perdas na biodiversidade e envenenamento generalizado. No final dos anos 40 e início dos 50, no século passado, grandes quantidades de pesticidas foram empregados no combate aos mosquitos transmissores de doenças. O DDT foi durante muito tempo a salvação das populações mais pobres dos países tropicais. A eliminação de doenças proporcionou a drástica diminuição das taxas de mortalidade infantil e aumentou mais ainda as taxas de crescimento populacional. Entretanto, nunca a superfície do planeta e os sistemas de vida, fruto de um processo evolutivo em andamento há milhões de anos, foram tão injuriados e estiveram tão ameaçados. O livro, a “Primavera Silenciosa” (Carson, 1969), lançado em 1960, foi um grito de alerta para o fato de que agentes químicos persistentes estavam contaminando a natureza e se acumulando em nossos corpos. Alicerçada em observações detalhadas realizadas com rigor científico, inúmeros casos de contaminação, de doença e de morte foram relatados pela autora. Estavam alicerçadas algumas bases do movimento ecológico que a partir daí vem tentando diminuir a velocidade do processo de destruição. A proibição de uso do DDT e de muitos outros pesticidas organoclorados não foi suficiente para acabar com o problema. Ao contrário, novas substâncias danosas foram usadas. Em 1996, outra contundente denúncia foi apresentada através do livro “O Futuro Roubado” (Dumanoski, et al., 2002). O livro revisa um conjunto enorme e crescente de evidências científicas que demonstram a relação entre os agentes químicos sintéticos,
  • 5. venenosos, persistentes e acumulativos, com doenças degenerativas, vários tipos de câncer, desenvolvimento sexual aberrante, problemas comportamentais e dificuldades reprodutivas. Em 2002, o excelente artigo publicado na revista National Geographic (Ackerman, 2002) discute o assunto “Comida” como um dos desafios à humanidade. A autora comenta que à medida que essa indústria evolui, os cientistas e consumidores levantam mais dúvidas. Logo a seguir, discute questões sobre o zelo pela segurança dos alimentos e os benefícios e riscos dos avanços da engenharia genética. Com a tomada de consciência de problemas de tal envergadura algumas providências estão sendo tomadas e nasce uma nova agricultura. A Agricultura Ecológica, ou a Agricultura Orgânica. Um novo tipo de agronegócios, cuja importância cresce a cada dia que passa. Alimentos agrícolas produzidos sem fertilizantes químicos, sem pesticidas, sem agrotóxicos, vêm encontrando um mercado cada vez maior e sendo cotados a preços mais elevados que os produtos comuns. Entretanto, é quem pode pagar mais que perde o risco de ser envenenado. É preciso que estes produtos estejam ao alcance de todos. Apesar de tudo, o espectro da fome continua pairando sobre a humanidade. Os países mais pobres, sobretudo os da África e os da Ásia, padecem de problemas decorrentes da superpopulação, ao que se somam a seca e a desertificação produzidas pelas mudanças climáticas globais. MUDANÇAS CLIMÁTICAS Dentre todas as transformações globais induzidas ou aceleradas pela atividade humana, a mais assustadora é, sem dúvida, o aquecimento global. O fenômeno é decorrente do aumento da concentração de gases, em especial o dióxido de carbono e o metano, na atmosfera, produzidos em quantidades crescentes a partir da Revolução Industrial. Estes gases são responsáveis pelo chamado “Efeito Estufa”, mecanismo que impede a fuga, para o espaço exterior, do calor emitido pela superfície do planeta, aquecida pelas radiações solares. O aumento das temperaturas médias resultante desse processo vem alterando a
  • 6. circulação das massas de ar produzindo as mudanças climáticas que já se fazem sentir e que se afiguram assustadoras em um futuro próximo. O assunto foi tema de um relatório da Organização Não-Governamental “Greenpeace”, em 1990, publicado no Brasil em 1992 (Legget, 1992). Em 1988, a Assembléia Geral das Nações Unidas criou o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (PIMC) (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC). Desde então centenas de cientistas pertencentes a dezenas de países têm produzido relatórios periódicos alertando as lideranças mundiais quanto à seriedade da mudança do clima global, avisando que a humanidade terá sérios problemas, a menos que se reduzam drasticamente as emissões dos gases de estufa. Estes relatórios estão disponíveis nos sites www.ipcc.ch e www.mct.gov.br . Estes trabalhos têm mostrado que uma variação de temperatura de 1,5 a 4,5 C em um século ou dois não tem precedentes na história recente do planeta. Um aumento de 2 C seria suficiente para retornar às condições do Ótimo Climático de 6.000 anos atrás. Tal aumento na temperatura média da Terra produziria um impacto significativo na sociedade mundial. O estresse do ajuste seria fenomenal e afetaria todas as formas de vida no planeta. Certamente afetaria a produção de alimentos. Desde que a agricultura começou a temperatura não variou mais do que 1 C da média. As previsões são de que a temperatura global continuará subindo e assim continuará pelo próximo século. Se isso acontecer, muitas outras mudanças físicas e econômicas ocorrerão. Para mencionar, dentre os impactos principais do aquecimento global, os mais significativos estariam relacionados com degelo das calotas polares e das geleiras de montanhas e a conseqüente subida do nível do mar (30 a 110 cm nos próximos 100 anos) produzindo inundações nas zonas costeiras do planeta onde vivem mais de 50% da sua população. Além disso, as mudanças climáticas decorrentes afetariam, entre outros, agricultura, florestas, biodiversidade, ciclo hidrológico, demanda de energia elétrica, qualidade do ar e saúde humana.
  • 7. Resultante das atividades do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática foi discutido em 1997 o Protocolo de Quioto, instrumento que foi ratificado em 1999 entrando em vigor em 2005. O Protocolo de Quioto é um tratado internacional com compromissos objetivando a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento global. Nele se estabelece um roteiro pelo qual os países desenvolvidos deverão de reduzir a quantidade de gases de efeito estufa em, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990. Os países signatários terão que colocar em prática planos para reduzir a emissão desses gases entre 2008 e 2012. Mais de 20 anos foram necessários para que a humanidade tomasse consciência de que a crise ambiental é real e que os seus efeitos estão se fazendo sentir. O assunto hoje, início de 2007, ocupa grandes espaços na mídia internacional. Nesse sentido, o livro de Al Gore, “Uma Verdade Inconveniente: o que Devemos Saber (e Fazer) Sobre o Aquecimento Global” (Gore, 2006), também apresentado sob a forma de um documentário cinematográfico, imperdível, apresenta dados incontestáveis sobre a crise climática provocada pela ação do homem no planeta. Com base em pesquisas realizadas por especialistas e instituições de renome, e compilando dados e exemplos no mundo inteiro, Al Gore produz uma obra eficaz de alerta sobre o aquecimento global. Seu documentário acaba de ser premiado pela Academia de Arte e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos com o OSCAR 2007. Também em fevereiro de 2007, em Paris, foi aprovado formalmente o relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho I do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. O documento, intitulado “Mudança do Clima 2007: a Base das Ciências Físicas – Sumário para os Formuladores de Políticas”, que também está disponível nos sites anteriormente citados, considera inequívocas as evidências de que o aquecimento global é causado pelos humanos. O relatório descreve uma acelerada transição para um mundo mais quente, esperando-se um aumento de 3°C, neste século, marcado por temperaturas mais
  • 8. extremas, incluindo ondas de calor, novos padrões de ventos, tornando piores as secas em algumas regiões e precipitações mais pesadas em outras, fundindo geleiras no Ártico e elevando o nível médio global dos mares. No que diz respeito ao Brasil, o Ministério do Meio Ambiente acaba de divulgar, (fevereiro de 2007) os resultados de oito projetos preliminares de pesquisa sobre Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira. Os estudos analisaram o perfil evolutivo do clima no País e desenharam possíveis cenários do clima nos próximos 100 anos (2010 a 2100). Também foram avaliados os efeitos da elevação do nível do mar na costa brasileira e identificados indicadores para aferir com maior sensibilidade as mudanças climáticas. O relatório de um desses projetos, intitulado “Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Biodiversidade: Caracterização do Clima Atual e Definição das Alterações Climáticas para o Território Brasileiro ao longo do Século XXI” ( Marengo, 2007), mostra resultados preocupantes. Alguns pontos são dignos de menção. Dentre eles ressalta-se a constatação de um aumento de temperatura média de aproximadamente 0,75°C no século XX e uma estimativa de aumento de até 4°C no Brasil e de até 8°C na Amazônia, até 2100. O aumento na quantidade e na intensidade de eventos extremos, tais como chuva intensa e noites quentes no Sudeste do Brasil. A ocorrência do furacão Catarina, em março de 2005, foi possivelmente o primeiro furacão do Atlântico do Sul uma vez que não há registros na história brasileira de fenômeno tão intenso na costa sul do Brasil. Ainda, observou-se, na costa brasileira, tendência de subida do nível médio do mar da ordem de 40 cm nos próximos 100 anos. Cidades litorâneas e 25% da população brasileira, cerca de 42 milhões de pessoas que vivem na zona costeira poderão ser afetadas por inundações e por erosão da linha de costa. Como conseqüências gerais, considera-se que a mudança climática poderá alterar a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas. Pode haver perda de biodiversidade e de recursos naturais. No que se refere à saúde humana, haverá, entre outros, aumento do risco de incidência de doenças como malária, dengue, febre amarela e encefalite; aumento de
  • 9. doenças respiratórias em decorrência de secas e incêndio de campos e florestas; aumento de mortalidade de crianças e idosos, causado pelas ondas de calor, e agravamento da desnutrição resultante da queda da produtividade agrária. O FUTURO Ao optar pela permanência das tendências atuais, a humanidade certamente estará caminhando para um futuro incerto e sua provável extinção. O desmatamento continuará crescendo, a biodiversidade global continuará diminuindo, o sobrepastoreio aumentará em escala mundial, aumentará a erosão do solo e o assoreamento dos cursos e corpos de água e a degeneração ambiental assumirá formas ainda não conhecidas. O mundo perderá sua sustentabilidade. É preciso tomar consciência desta realidade, mudar atitudes e assumir a responsabilidade, individual e coletiva, de descontinuar e, se possível, reverter o processo de degradação ambiental. É preciso lutar por um desenvolvimento sustentável, estabelecendo um compromisso com o desenvolvimento dos países e a busca da minimização das diferenças existentes no plano social, econômico e das dotações de recursos naturais, de modo a satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras. Há um longo caminho a ser percorrido. Esta trajetória, certamente, passa pela ética e pela educação, particularmente a ambiental. Nesse momento é bom lembrar que: Educação ambiental é querer um mundo diferente, com cidadania, paz, alegria, comida, educação, emprego, liberdade... É buscar ações de transformação para uma vida melhor no presente e no futuro. É olhar para a natureza com os olhos do coração e respeitar todas as formas de vida, considerando a inter-relação e interdependência entre todos os elementos presentes no meio ambiente (Crivelaro et al., 2001).
  • 10. REFERÊNCIAS ACKERMAN, J. Comida. National Geographic Brasil, maio de 2002. São Paulo: Editora Abril, 2002.p.58-100. CARSON, R. Primavera Silenciosa (Silent Spring). 2ª ed. Tradução de Raul de Polillo. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1969. 305p. CRIVELLARO, C.V.L. et al. Ondas que te quero mar: Educação Ambiental para comunidades costeiras. Porto Alegre: Gestal, 2001.122p. DUMANOSKI, D. & COLBORN, T. O Futuro Roubado. 2ª ed. Porto Alegre: Editora LPM, 2002. 354p. GORE, A. Uma verdade inconveniente. São Paulo: Ed.Manole, 2006.326p. HIDORE, J.J. Global Environment Change: Its Nature and Impact. New Jersey, Prentice Hall, Inc, 1996. 263p. LEGGET, J. (ed) Aquecimento Global: O relatório do Greenpeace. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 1992. 516p. MARENGO, J. A. Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Bidiversidade – Caracterização do Clima Atual e Definição das Alterações Climáticas para o Território Brasileiro ao longo do Século XXI. Brasília:MMA, 2007. 212p. (Série Biodiversidade, v. 26). Disponível no site www.mma.gov.br . UNESCO Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do plano internacional de implementação. Brasília : UNESCO, OREALC, 2005. 120p. Adaptação do texto publicado em: Sardi,S.A.; Souza, D.G. e Carbonara,V. (Org.) Filosofia e Sociedade. Perspectivas para o Ensino de Filosofia. – Ijuí: Ed. Unijuí, 2007, 568 p. (Coleção filosofia e ensino; 11) pp.309-318.