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Falando de Axé
    “TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS -
              CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”.
ANO 1 — Edição 06                        Novembro de 2011

        Òrìsà do Mês
         Egúngún, O           Falando de
     Ancestral que vence
           a Morte           Axé com Mãe
       (Esquecimento)
                              Elis Peralta




    Umbanda completou
     seus 103 anos de
    Fundação em 2011       Zumbi dos Palmares, o maior
                           Ícone da resistência negra ao
    Nação Jèjí no Brasil       escravismo no Brasil
1
EDITORIAL
                            Saudações amigos leitores, cá estamos
                       nós, com mais uma edição da Falando de
                       Axé, Novembro de 2011, que está um
                       pouco atrasadinha, mas prontinha para a
                       apreciação de vocês. Gostaríamos de
                       comunicar à todos, que estamos
                       diminuído as cores da revista, já que a
                       mesma não é impressa, ficará melhor para
                       àqueles que desejarem imprimi-la para ler,
                       pois, os pedidos são muitos.
    "Olódùmarè               Nossa equipe tem se esforçado
    (Meu Deus), aju-   bastante, para que a cada edição, a revista
    da-me a dizer a    esteja melhor e do agrado de todos vocês.
    palavra da ver-    Por isso, contaremos sempre, com as
    dade na cara dos   críticas e sugestões de vocês, amigos
    fortes, e a não    leitores.
    mentir para ob-
    ter o aplauso           Esperamos que gostem desta nova
    dos débeis." -     edição e uma Ótima Leitura à todos.
    Mahatma
    Gandhi                            Hérick Lechinski - O Editor




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Ìbà Olódùmarè Elédà mi - Saudações a Olódùmarè, O
                         meu Criador.
    Ilè Ògéré Ìbà - Terra, cujo poder se espalha por todo o
                            Universo,
                           Saudações.
     Mo júbà Èsù Alágbára Irúnmalè - Eu respeitosamente
                saúdo Èsù, o Poderoso Venerável.
               Ìbà gbogbo - Saudações a Todos!!!


               ÍNDICE
    Consciência Negra                     Pág. 04
    Quem são os Bantus? Parte II          Pág. 05
    Criação do Mundo segundo a Tradição Bantu
                                          Pág. 08
    Cultura Vòdún, a Nação Jèjí no Brasil Pág. 13
    Òrìsà do Mês: Egúngún, o Ancestral que vence
    a Morte (esquecimento)                Pág. 16
    Odù do Mês: Òyékú méjì, o Odù da Morte
                                          Pág. 21
    Folha do Mês: Tètèrègún, a Folha da Vida e da
    Morte                                 Pág. 24
    Existe Ògán raspado e Ìyàwó pode tocar
    atabaques?                            Pág. 26
    Para onde caminha a Umbanda?          Pág. 29
    Entrevista do Mês: Mãe Elis Peralta   Pág. 30
    A Umbanda completou seus 103 anos de
    Fundação em 2011                      Pág. 35
    Livro do Mês: A Umbanda às suas ordens
                                          Pág. 36
    Santo do Mês: Nossa Senhora do Rocio, a
    Mãe padroeira do Paraná
                                          Pág. 37
    Personalidades Negras: Zumbi do Palmares
                                          Pág. 42
    Contatos                              Pág. 47

3
Consciência Negra




    Consciência e com ciência...

    Consciência negra não é coisa só para negros, mas sim para todos, ne-
    gros, brancos e de todas as cores, pois, antes de tudo somos iguais.
    Iguais, semelhantes, esta é a consciência que todos devemos ter.

    A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro
    no calendário escolar, o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei
    também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-
    Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas
    sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos ne-
    gros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da socieda-
    de nacional.

    Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir
    para o resgate das contribuição dos povos negros nas áreas social, eco-
    nômica e política ao longo da história do país.

    A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695,
    Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada
    na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que
    culminou com o início da destruição do quilombo Palmares.

    Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é u-
    ma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura
    histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importân-
    cia na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.

    Porém, hoje as estatísticas sobre os brasileiros ainda espelham desigual-
    dades entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Há muito o
    que melhorar.
4
                                                              Fonte: IBGE Teen
QUEM SÃO OS                         no Brasil de que os negros estavam u-
                                              sando os santos católicos à maneira de

            BANTUS?                           feitiços, tal como usavam suas próprias
                                              divindades, acrescidos do fato de que
            Parte II                          em África, brancos católicos acabavam
                                              recorrendo aos poderes e saberes dos
                                              sacerdotes tradicionais. Os casamentos
                                              de nativos, ou casamentos mistos, eram
                                              celebrados na igreja de acordo com os
                                              ritos católicos, só que ao som de tambo-
                                              res e embalados por crenças nativas. Os
                                              enterros e velórios recebiam tanto a
                                              benção do padre católico quanto os e-
                                              xorcismos e oferendas do sacerdote da
                                              terra. A aceitação do catolicismo por
                                              parte dos africanos bantu sempre foi
           POVO BAKONGO
                                              tranqüila na África ou no Brasil, mas
           O s        b a k o n g o s sempre de acordo com suas conveniên-
    e ambundos apresentam uma caracte- cias e decisões.
    rística que é peculiar a todos os povos
    bantu, que é a extrema capacidade de             No congo, relatam os cronistas, os
    assimilação e adaptação às condições, santos católicos eram levados em pro-
    valores e crenças locais. São capazes de cissão e louvados ao lado dos Minkissi o
    elaborar sucessivas releituras daqueles que causava nos padres Capuchinhos
    elementos religiosos que lhes são estra- profunda repugnância e revolta. As ir-
    nhos, recriando sempre e em cada cir- mandades religiosas brasileiras são a
    cunstância um novo discurso de sua vi- clara demonstração dessa maneira pe-
    vência e prática cotidiana, acrescidos culiar de como os povos bantu encaram
    dos elementos até então exógenos a sua a questão da religiosidade. No pensa-
    cultura.                                  mento mais profundo bantu impera a lei
                                              do nguzu ou do móoio, força vital que
           Quando do contato com os portu- perpassa todos os elementos animados
    gueses, sobretudo na esfera da religiosi- ou inanimados assim como todos os se-
    dade adaptaram-se perfeitamente ao res humanos, não humanos e celestiais.
    catolicismo português, aceitando as no- Tudo possui nguzu e sem ele não há vi-
    vas divindades e seus atributos, cultuan- da, não há movimento, não há realiza-
    do os santos católicos ao lado de suas ção. O nguzu diminui ou aumenta de a-
    próprias divindades.                      cordo com o procedimento do indivíduo
                                              e sem ele o homem torna-se um morto-
           Debalde clamavam as autoridades vivo. Uma estátua ou um ídolo podem
5   eclesiásticas portuguesas em África ou tornar-se vivos e atuantes de acordo
com o nguzu que recebe das mãos da-         no outro lado do mundo, e com esses
    quele que o confeccionou ou daquele         conhecimentos, ele, o manicongo, tor-
    que através de seu próprio nguzu elabo-     nar-se-ia um monarca muito poderoso.
    rou elementos para a sua vivificação. Tu-   Por sua vez, o rei português sonhava em
    do que existe pode receber mais nguzu e     solidificar em África alianças que garan-
    tornar-se mais potente e ao contrário,      tissem sua passagem tranqüila para as
    pode também na mesma medida perder          Índias, essa sim, alvo da cobiça comerci-
    nguzo, tornar-se impotente e findar-se.     al portuguesa. A aliança entre os dois
    Segundo a lógica bantu, Kalunga, aquele     monarcas teve como conseqüência a
    que se criou a si mesmo, ou Nzambi Am-      cristianização do congo, num primeiro
    pungo, o grande criador, é a fonte de to-   momento, e a implantação do escravis-
    da a potência e dele emana nguzu conti-     mo comercial e da dominação portugue-
    nuamente, por isso sua criação é eficien-   s a          e m         Á f r i c a .
    te,     presente      e     contínua.
                                                       Os bakongos, hoje, ocupam as pro-
          Os bakongos foram o primeiro po-      víncias angolanas de Cabinda, Uíge e Zai-
    vo a ter contato com os portugueses, em     re, onde nesta última se localiza a antiga
    1483, através do navegador Diogo Cão        capital do reino do Congo. É a terceira
    que aportou na foz do Rio Zaire. O nave-    maior população de Angola e suas pro-
    gador foi acolhido pelo Mani de Soyo,       vinciais situam-se a noroeste do país.
    dignitário de uma província do noroeste     São agricultores e sua principal fonte de
    do Reino do Congo na época em que go-       alimentação está no plantio da mandio-
    vernava o Reino o manicongo Nzinga a        ca, que consomem crua, cozida ou em
    Nkuwa, que reinava da capital Mbanza        forma de farinha. É um povo que se or-
    Kongo, a alguns quilômetros terra aden-     ganiza em clãs e tem na Kanda, o clã por
    tro. O contato com os congoleses foi a-     descendência matrilinear, seu maior es-
    mistoso e Diogo Cão levou alguns bakon-     teio e apoio. Há um provérbio congolês
    gos consigo para o reino, cujo monarca      que diz: Alguém apanhado fora do clã e
    representava e também deixou alguns         como um gafanhoto sem asas.
    homens em terra do manicongo. Quan-         Na esfera religiosa, grande parte é cristã
    do retornou em 1485 os quatro bakon-        desde o século XVI por influência portu-
    gos que haviam passado dois anos em         guesa, mas continuam a professar sua
    Portugal fizeram relatos muito positivos    religião tradicional. De acordo com suas
    ao Rei sobre os novos instrumentos de       concepções religiosas cada pessoa com-
    guerra que conheceram, as novidades         põe-se de quatro elementos: o corpo
    que viram, o que impressionou vivamen-      (nitu), duas almas, uma espiritual e ou-
    te o Rei. Essas informações convenceram     tra sensível ( moio e mfumu kutu ) e um
    o Manicongo a enviar uma embaixada          nome (Zina). O deus criador é Nzambi
    ao rei português, D.João II com o objeti-   Ampugo, mas raramente se dirigem dire-
    vo de aprender com os portugueses tu-       tamente a ele e sim por intermédio dos
    do aquilo que seus súditos haviam visto     antepassados, os bakulus ou os Minkissi.
6
CRENÇAS BAKONGO                        coisas, pois, segundo ele, o bom comple-
                                                 menta o ruim, o falso complementa o
                                                 verdadeiro, e assim por diante. Tudo po-
                                                 de ser feito pelo homem, todas as ações
                                                 são possíveis e factíveis, apenas ao ho-
                                                 mem não é dado conhecer o segredo da
                                                 vida, o nó feito por Nzambi ao fechar o
                                                 saco da criação. Quando o homem des-
                                                 cobrir e compartilhar esse segredo com
                                                 Nzambi o saco da criação se autodestrui-
                                                 rá porque o segredo da vida foi desven-
                                                 dado e esse só Nzambi pode saber.

                                                       Como todos vivem no mesmo saco
                                                 da existência a comunidade é composta
                                                 não apenas dos homens vivos, mas tam-
                                                 bém dos homens mortos (os antepassa-
                                                 dos) e daqueles que estão para nascer.
                                                 Nenhuma atitude mais séria, ou uma a-
                                                 ção mais objetiva são tomadas na comu-
           Para os bakongos Nzambi Ampun-        nidade sem antes se consultar o ante-
    go é o deus criador que se criou a si        passado, ou um Nkissi. Daí que a figura
    mesmo ou é o incriado. Como primeiro         do Nganga, o sacerdote é muito impor-
    ato de criação, Nzambi criou um grande       tante entre esse povo.
    saco colocando nele todas as coisas ne-
    cessárias a sobrevivência do homem.
    Depositou ali o ar, a terra, a água, o fo-
    go, os animais úteis e perigosos ao ho-
    mem, as plantas comestíveis e veneno-
    sas, a maldade e a bondade, ou seja, tu-
    do que fosse necessário para o homem
    viver em harmonia. Criou também as di-
    vindades, boas e más, as atitudes, a saú-
    de e a doença. Feito isso, Nzambi deu
    um nó na boca do saco, selando com es-
    se nó o segredo da vida, pertencente a-
    penas a Nzambi e a ninguém mais.

          Para o homem bakongo, viver bem
    é viver de acordo com as leis da nature-            Por Profº. Dr. Sérgio Paulo Adolfo
    za, buscando a harmonia entre todas as                              (Tata Kiundudulu)
7
Criação do Mundo segundo a
                  Tradição Bantu




           Segundo a história tradicional contada pêlos mais idosos e categorizados Nganga
    (sacerdotes) de tribo bantu (Angola), que todos os povos negros descenderiam dos Bungu e estes
    diretamente       do       Nzambi        (Deus      Supremo       da      mitologia    bantu).

           Eis a história tal qual foi contada, da criação do Mundo e a ascendência divina destes
    povos. Nzambi, a quem também chamam Ndala Karitanga (Deus criador de si próprio), Nzambi
    ia Kalunga (Deus Supremo e Infinito) e Nzambi Ampungu (Deus Poderoso), depois de ter criado
    o Mundo e tudo quanto nele existe , criou uma mulher para que fosse sua esposa e para que,
    por seu intermédio, pudesse ter descendência humana, a fim de que esta povoasse a Terra e do-
    minasse todos os animais selvagens, por ele criado.

           Disse a sua esposa que passaria a chamar-se Ná Kalunga, em virtude da filha que iria
    dar a luz, se chamar Kalunga.

           Com efeito, tal como Nzambi tinha anunciado, passados nove meses, nasceu sua filha. Esta
    foi crescendo como qualquer criança normal, junto de seus divinos pais, na Sanzala dia Nzambi
    (aldeia de Deus). Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou Ná Kalunga, sua es-
    posa, que tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que após três
    meses retornaria.

           Esta resolução não agradou à divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acom-
    panhasse. Porém Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto
    que, além de seu marido, era também seu Deus.
    Contrariada, mas impotente para obrigar Nzambi a desistir do seu intento, limitou-se a deixar ir
    à filha com o pai, enquanto ela ficou a chorar amargamente.
8
Logo que anoiteceu, Nzambi, instantaneamente, construiu uma Kuabata (palhoça), na qual
    instalou uma só cama. Ao ver único leito, a filha recusou-se a dormir com o pai e saiu, a cho-
    rar da cabana.

           Ao ver a recusa da filha e não podendo convencê-la de outra forma, disse-lhe que se não
    viesse imediatamente para junto dele, seria devorada pelas feras que infestavam a floresta.

           Transitada de medo pelo que acabava de ouvir, Kalunga entrou novamente na cabana,
    deitou-se junto de seu pai e com ele dormiu não só naquela noite, mas durante todo o tempo
    que durou a viagem. Finda esta, regressaram a casa e, Ná Kalunga, tal como tinha previsto, veri-
    ficou que a filha estava grávida do próprio pai. Enraivecida pelo fato e pelo desgosto, no meio
    das maiores blasfêmias, enforcou-se numa árvore, perante os olhos atônitos da filha e de Nzam-
    bi, que nada fez para evitar tal suicídio.

           Desgostoso pela atitude da mulher, que não compreendeu os seus desígnios para povoar o
    Mundo que ele tinha criado, mostrando ser indigna de continuar a ser esposa daquele que lhe
    tinha dado o ser, em vez de lhe dar vida, novamente, a amaldiçoou e transformou-a num espíri-
    to maligno, a quem deu o nome de Mulungi Mujimo (ventre ruim da primeira mãe que existiu
    na Terra).

           A partir dessa altura, Nzambi passou então a viver maritalmente com sua filha Kalunga,
    a qual depois da morte da mãe passou a chamar-se também Ndala Karitanga e a ser a segunda
    divindade.

          Algum tempo depois da morte de sua mãe, durante um sonho, teve uma visão que deixou
    apavorada. Viu a mãe com a cabeça apoiada nas mãos, a olhá-la com rancor e a insultá-la, di-
    zendo que ainda ia devorá-la, enquanto ela envergonhada, pedia perdão a mãe e dizia que de
    nada era culpada, posto que, seu pai a tal a tinha obrigado. No meio desta aflição, acordou e
    contou ao pai o pesadelo.

            Este a sossegou, dizendo-lhe que nada receasse daquela que tinha sido sua mãe e que
    agora era espírito mal, pois nenhum mal lhe poderia fazer, mas apenas lhe pedir comida. Portan-
    to, disse Nzambi, vamos dar-lhe.

           Levantaram-se ambos e Nzambi preparou um pequeno montículo de terra, junto da porta
    casa simulando uma sepultura. Disse ele então a filha, que fosse buscar carne e outra comida e
    a pusesse sobre aquela sepultura, proferindo, ao mesmo tempo, as seguintes palavras: Mam’é
    nzanga ua-ku-kurila. Halapuila kanda uiza kuri yami nawa: ny ngu-na-ku mono nawa, ngu n’eza
    ny ku ku cheha (minha mãe acabo de vir chorar-te; agora, não voltes a ter comigo outra vez,
    porque se volto a ver-te, venho matar-te). Nzambi (aldeia de Deus).
9
Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou Ná Kalunga, sua esposa, que
 tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que após três meses retor-
 naria.

       Esta resolução não agradou à divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acom-
 panhasse. Porém Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto
 que,       além      de       seu       marido,      era       também        seu        Deus.

       Chegado que foi o tempo, Kalunga deu à luz um filho ao qual Nzambi deu também, o no-
 me de Ndala Karitanga, passando este a ser a terceira divindade.

        Logo que o seu filho-neto cresceu e atingiu a adolescência, Nzambi ordenou-lhe que ca-
 sasse com sua mãe Kalunga, para que esta concebesse dele muitos filhos de ambos os sexos, a
 fim de povoarem a Terra e dominarem todos os animais.

        Cumprindo as ordens de Nzambi, sua filha e seu filho-neto casaram e tiveram um filho e
 uma filha. Quando estes chegaram à maioridade, Nzambi ordenou, então, que o primeiro casasse
 com sua mãe e a filha casasse com seu pai, dizendo que já não se justificava a primeira união
 que ele tinha ordenado, informando-os, ainda que depois daquelas uniões, as seguintes se fizes-
 sem sós entre primos. Por fim, depois de lhes ter ensinado tudo o que deveriam fazer, para a
 que sua descendência crescesse e multiplicasse, para que lutasse contra as doenças e os
10
feitiços que um dos descendentes do sexo feminino, viria a possuir, porque ele lhes lega-
 ria.

         Disse, também, que viriam outros descendentes divinos e que após deixarem a vida ter-
 rena, cada um dentro de sua atribuição, iria supervisionar o mundo que ele havia criado.

        Nzambi despediu-se de todos, chamando depois, o seu cão, que sempre o acompanhava,
 dirigiu-se para à Sanzala Kasembe diá Nzambi (Aldeia Encantada de Deus), e dali subiu para o
 espaço, levando consigo o cão.

         Naquela altura as rochas estavam moles, por terem sido formadas a pouco tempo. Ainda
 hoje se podem observar as pegadas esculpidas, numa rocha ali existente, especialmente do pé
 direito de Nzambi, assim como da pata dianteira do seu cão, estas pegadas existem também em
 diversas outras rochas espalhadas por toda a África, incluindo Angola.(vide pré - história da
 Lunda do autor).

        Foi, pois, dali, que o Nzambi subiu à TCHEUNDA TCHA NZAMBI (aldeia de deus), ou céu
 como nós lhe chamamos, onde se conserva, através dos séculos, para recompensar os bons e cas-
 tigar os maus.

        A pergunta feita a diferentes sacerdotes bantu, como é e quem foi que criou Nzambi, e-
 les responderam que, sendo ele Ndala Karitanga, se deve ter criado a si mesmo e que tudo o
 mais é mistério que jamais alguém conseguiu ou conseguirá desvendar.

       A resumida lenda que acabamos de expor, foi contada por dois velhos naturais da região
 do Sombo, conselho de Camissombo. Um chamava-se Tchinjamba Sá Fuca e o outro Sá Hongo,
 ambos já falecidos. O primeiro morreu no Luaco, o segundo faleceu na sua terra natal com cer-
 ca de 90 anos em 1994.




11
Comprovação feita pela Seção de Arqueologia e pré-história do Museu do Dundo-Angola,
 de que são originais e não forjadas por mãos humanas. Segundo as indicações dos nativos, a
 Sanzala Kasembe diá Nzambi, situa-se entre os rios Luembe e Kasai, junto da nascente do
 Mbanze. Dão-lhe estes nomes, por estar perto do Meue (estrangulamento) do Kasai.

        Neste ponto, o rio tem apenas cerca de quatro metros de largura. Segundo a tradição oral,
 foi junto à nascente do Mbanze que se estabeleceram, primeiramente, os chefes e autoridades
 divinas, Ndumba ua Tembu, Muambumba, Muaxisenge e outros, quando fugiram à soberania do
 Muatianvua.
 Foi naquele mesmo ponto que mais tarde, reuniram-se novamente, e ali planearam a separação e
 distribuição       de        terras      que        cada       um         deveria       ocupar.

            Lenda é a narração escrita ou oral de caráter maravilhoso, na qual os fatos históri-
             cos são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação poética *.

             Nzambi s.m. – Deus Criador. Autor da existência e de suas características domi-
             nantes - o bem e mal.

       Conquanto seja o Ente supremo, não rege diretamente os destinos do Universo. No tocante
 ao nosso planeta, serve-se de intermediários a entidade espiritual. Em face das atribuições de
 que se revestem, assumem o caráter de semideuses. Por efeito desse privilégio, é a elas, pois, a
 quem os crentes se dirigem em suas emergências. Decorrentemente, a quem prestam culto.

        Enquanto as entidades espirituais permanecem nas profundezas do globo. Nzambi paira
 em toda parte, sem lugar determinado. Pelo alheamento a que votou os problemas mundanos, só
 são invocados em última instância. Tal como noutros povos, também existem sinônimos para de-
 signá-lo,          Kalunga,             Lumbi             lua            Suku,           etc.

        Kalungangombe, o juiz dos mortos, tem o poder de suprimir a existência. Mas, se Nzambi
 não concordar com a decisão, o mortal continuará subsistindo. Portanto, intervém quando neces-
 sário.




           Do Livro: Crenças, Adivinhação e Medicina Tradicionais dos TCHOKWE do
                                                                   Norte de Angola

                                                     Por Tata Mungangaiami, Curitiba–PR.
12
CULTURA VÒDÚN, A NAÇÃO JÈJÍ NO
                BRASIL




        Como costume da maioria dos povos no mundo, o culto aos antepassados
 é um elo com o passado que dá sentido e justifica o presente e faz projetar o fu-
 turo. Esse tipo de culto é movido pela admiração, saudade e também utilizado
 como um oráculo de orientação e aconselhamento. A terminologia ´´Vòdún´´ é
 designada para explicar os fenômenos da natureza e como deificação de ances-
 tral. Este é um costume dos Povos que habitam o Benin, Togo, Gana e Nigéria.
 Fazendo um recorte étnico poderíamos falar que tal nome ´´Vòdún´´ é usual
 dos Povos Fòn, Gún, Ajá (antigo Èwé), Bariba e Somba.

      Falando sobre Vòdún, podemos dizer que um grande raio que cai sobre u-
 ma árvore pode ser chamado de Vòdún e como um ancestral que teve uma gran-
 de relevância aos olhos de um povo também pode ser elevado ao status de
 Vòdún.

       Em sua pátria-raiz, o Benin, o Culto aos Vòdún é de extrema importância
 para constituição familiar, fazendo um tipo de organograma de importâncias e or-
 ganizando a questão hierárquica dentro da chamada ´´ Hε̆nnù´´ ou família. O
 culto também é importante como resgate e manutenção das tradições mais re-
 motas das famílias tradicionais do Benin e assim mantendo-se vivo o elo com o
 passado.
13
O Culto preserva muito a questão familiar tendo em seu mais velho o cha-
 mado ´´Hε̆nnùgán´´ ou também conhecido como ´´Dàá´´ o Grande Patriarca.
 Entrando no âmbito religioso e apoiado nos costumes familiares a religião Vòdún
 ´´Vòdúnsínsɛ́n´´ é organizada por clãs como as famílias no Benin são organiza-
 das e com o mesmo cunho orgranomático onde os Vòdún são divididos por clãs.
 E cada clã tem o seu fundador chamado de Akɔ̀ Vòdún que é a liderança e o
 mais respeitado, ele também recebendo o nome de Gbenúgán, Akɔ̀ nɔ̀ , Akɔ̀ sú ou
 Dàdá/Dàá. Existem outras variáveis de nomenclaturas para tal cargo dependendo
 do costume de cada povo ou família. Também é atribuído a cada Vòdún um do-
 mínio de algum fenômeno da natureza ou costume como a caça, pesca, guerra,
 agricultura e afins. O que nós conhecemos como Culto Vòdún com tais divisões e
 organização foi fruto do pensamento de um revolucionário que viveu entre os
 séc. X e XI com o nome de Yegú Tennú Gesu, filho do Rei Tenú Gesú da cidade
 de Tàdó que mais tarde o jovem Yegú seria conhecido como Agàsú (O Bastardo),
 Ajáhutɔ́ (O matador de Ajá), Kpɔ̀ ví (O filho da pantera), Kpɔ̀ sú (A Pantera-
 macho), Dàdáxó (O grandioso Patriarca) e como Kɔ̀ kpon (O rei fundador da ter-
 ra). Ele foi o fundador da cidade do Allada e seus filhos fundaram muitas cidades
 e como principais a cidade do Dànxomɛ̀, Glènxwé, Ajácɛ́ ou Hògbònú (Porto No-
 vo).

       O culto tem uma divisão básica entre dois elementos: Àyì (Terra) e Jí (Céu)
 e assim temos os Àyìvòdún que seriam os Vòdún ligados aos elementos e fenô-
 menos da Terra que é encabeçado por Sàkpàtá e os Jívòdùn que seriam os
 Vòdún ligados aos elementos e fenômenos do céu que é encabeçado por
 Xɛbyosò. Dentro desta divisão existem subdivisões e classificações como exem-
 plo:
       Àyìvòdún: Vòdún da terra
       Zùnvòdún: Vòdún da floresta.
       Atínhùnvé: Vòdún que habita o interior das árvores. Não seria: àtín-
 mɛ̀vòdún ou Àtínvòdún
       Sòvòdún: Vòdún do trovão e raio.
       Tɔ̀ vòdún: Vòdún das águas
       Hε̆nnùvòdún: Vòdún de ancestrais reais.

        Em relação às práticas religiosas existem tanto no Benin quanto no Brasil
 cerimônias públicas e privadas. Isto é uma característica do Culto Vòdún e a par-
 ticipação da comunidade é de extrema importância, pois as festas públicas são
 realizadas para o contato dos ancestrais com os seus descendentes, assim acon-
 tecendo uma troca importantíssima entre o passado e o presente. No Benin os
 cultos mais importantes são dos Hε̆nnùvòdún por estar mais próximo a uma rea-
 lidade atual, porém existem os cultos tradicionais que podemos destacar três:
 Xɛbyosò, Sàkpàtá e Dàn. No Brasil a herança dos cultos reais pouco ficou, mas
 dos três principais Vòdún, sim!
14
Em suma, podemos dizer que o Culto Vòdún é basicamente uma forma de
 cultuar ancestrais e fenômenos da natureza. Estes dois misturam-se quando o
 culto é praticado assim como, exemplo: Sògbó é um Vòdún ancestral ligado ao
 poder do raio.

       No Brasil, algumas formas de Culto chegaram como O Kerebetãn de
 Zòmádonù (Tradição dos Mina/Dànxomé - Maranhão), Os Tambores do Egito e
 Turquia (Tradição Ewe, Fanti, Ashanti e Ajá – Maranhão), Zo godo Bogun Male
 Hundó (Tradição dos Maxí/Bariba - Bahia), Xwe Sejá Hùn De (Tradição dos Maxí/
 Bariba - Bahia), Xwe Kpo Zenhen (Tradição dos Aja/Ayizo – Bahia), Xwe Kpo e Ji
 (Tradição dos Maxí/Savalú - Bahia), Casa Amarela (Tradição dos Fòn/Dànxomé –
 Pernambuco), Xwé Kpɔ̀ Dàgbá (Tradição dos Màxí/Alàdá – Rio de Janeiro) e
 também em algumas casas no Sul do Brasil dentro do costume do rito Batuque.

      Em relação à relevância do nome do Culto no Brasil temos O Kerebetãn
 (Xwélegbetan) de Zomadonu com os Cultos Reais, Os Tambores com os Vòdún
 Togolêses e Ganêses, Zo Godo Bogun Male Hundó com o culto aos Sòvòdún,
 Xwe Se Já Hùn De com os cultos a Dàn e Sàkpàtá, Xwé Kpɔ̀ Dàgbá com o culto a
 Sakpatá, Gú, Dàn, Atòlú e Jɔ̀ .




                                                  Por Ralph Mesquita
                              (Doté Vodùnnò Zodaáví Fasóví Xebyososí)
15
ÒRÌSÀ DO MÊS
     Egúngún, o Ancestral que vence a
          Morte (Esquecimento)




       Egúngún, o que é?
       Um culto?
       Uma atividade folclórica?
       Uma divindade?
       Um conjunto de divindades?
       A representação dos mortos?
       Em fim... O que é e para que é que serve Egúngún?
       Você quer descobrir?
       Se você amigo leitor, deseja realmente entender um pouco mais sobre isso, viaje
 comigo nesta leitura e desvende alguns dos vários mistérios que envolvem essa Divin-
 dade: EGÚNGÚN.

        Egúngún é uma palavra só, que representa muitas coisas, primeiramente é preci-
 so entender que Egúngún é o culto aos ancestrais veneráveis do sexo masculino, note
 que a palavra venerável designa pessoas veneráveis, ou seja, não é qualquer ancestral.
 Na visão tradicionalista yorùbá, um homem, para se tornar um ancestral venerável, pre-
 cisa concluir algumas etapas na vida material e espiritual. Algumas delas são: Ser inici-
 ado, especialmente em Ifá, que é o grande revelador do destino humano. Ter cumprido
 as determinações de Ifá, ter sido um devoto ou sacerdote de òrìsà sério e comprometi-
 do, ter após seu falecimento, sido submetido aos rituais de ajéjé (rituais fúnebres). No
 campo material ele necessita de algumas coisas como, ter adquirido casa própria,
 constituído família (ter muitos filhos), ter atingido idade avançada (mais de 60 anos de
 idade), ter uma influência social e familiar muito grande. Esses são alguns dos requisi-
 tos necessários para que um homem, após seu falecimento, seja considerado pela
16
Awòrìsà) a comunidade, a iniciação em qual-
                                                quer òrìsà, tem como objetivo principal tor-
                                                nar aquela pessoa um membro do culto da-
                                                quela determinada divindade. No Brasil, tal-
                                                vez pelo egoísmo de nosso povo, foi aglo-
                                                merado, num mesmo sacerdote, várias fun-
                                                ções, que faz com que o mesmo, indepen-
                                                dente de ser iniciado ou não em determina-
                                                do òrìsà, inicie outras pessoas, não conde-
                                                no isso, porém isso foge do principio de
                                                que, só podemos dar aquilo que temos. Sen-
                                                do assim, só posso dar o àse de Òsun para
                                                alguém, se eu tiver este àse, se não, o máxi-
                                                mo que posso fazer é indicar alguém de
                                                confiança que o tenha. Na Nigéria é assim
                                                que funciona, uma pessoa pode perfeita-
                                                mente, ser iniciada em quantas divindades
                                                quiser e PUDER, para isso existe Ifá, para
                                                mostrar a necessidade daquele determinado
                                                Orí (cabeça).

                                                  Logo, qualquer culto tem seu grupo
                                            de devotos e sacerdotes, que podem adorar
       sociedade yorùbá, um ancestral vene- outras divindades, sem problema, mas, sa-
rável, ou seja, um homem digno de culto, bendo que cada culto e cada divindade tem
um membro da sociedade Egúngún.             sua forma e suas particularidades.

      Ora, eu disse sociedade egúngún cer-
to? Certo! Pois é isso que egúngún é, uma
sociedade que representa os ancestrais
masculinos dignos de culto.

       Além disso, a palavra egúngún repre-
senta um òrìsà, ou seja, uma divindade que
lidera e representa essa sociedade. Muitos
dizem que egúngún não é òrìsà, o que é um
grande equivoco, pois, na visão yorùbá, tu-
do aquilo que é cultuado para trazer benefí-
cios aos seres humanos, é considerado
òrìsà. Assim como, tudo aquilo que é APE-
NAS (veja, APENAS) apaziguado para não
prejudicar o homem é considerado um ajó-
gun.

      Sendo, egúngún um òrìsà, porque ra-
zão seu culto é diferente das demais divin-
dades? Eu digo! Pelo simples fato de que
nenhum culto é igual ao outro! Ifá é òrìsà,
porém possui um culto e símbolos diferen-
tes das demais divindades, assim como
Ògún, Òsàlá, Òsun e muitas outras divinda-
des. Todas possuem suas particularidades,
logo, é preciso entender que a iniciação visa
muito mais que fazer uma festa no domingo
e apresentar o Ìyàwó (Adósù, Elégùn,
17
Voltando à Egúngún, bem, já sabemos que além de tudo, egúngún é um òrìsà com
um culto diferenciado, mas é uma divindade que auxilia o ser humano em seu
desenvolvimento material, mental e espiritual, agora nos resta saber pra que serve essa
energia, certo?

      Bem, egúngún pode ser saudado, evocado e reverenciado por vários motivos,
alguns deles são:

       Òkànràn méjì: Mostra a necessidade de se cultuar egúngún para que o ancestral
não fique em esquecimento e para que a vida de seus descendentes seja de alegria e
felicidade.
       Òfún méjì: Mostra a necessidade de agradar egúngún para evitar que o espirito de
uma criança abortada (propositalmente) retorne na forma de Àbíkú.
       Òwónrín méjì: Mostra a necessidade de cultuar egúngún para que a pessoa volte a
dormir bem, pois pode estar sendo vítima de algum ègún (espirito maléfico).

       Lembrando que, Egúngún representa a divindade e o culto, em quanto Égún
representa um determinado ancestral venerável, já a palavra Ègún representa qualquer
espírito que esteja perdido e que se alimenta da energia vital das pessoas, causando à
elas insônia e outros tipos de problemas.

       Egúngún também é muito cultuado para que a pessoa tenha longevidade, saúde e
resistência. É usado também para solucionar problemas na família, ou seja, o espirito
continua orientando os descendentes nos assuntos familiares. Egúngún também pode
quebrar com certas negatividades que perseguem uma mesma família por 7 gerações, ou
seja, se aquela família sofre muito com mudanças por 7 gerações, o problema pode estar
em algum erro cometido por algum ancestral, que só será solucionado através do culto de
egúngún.

18
Elas podem descobrir o awo de
                                                 Ìgúnnukò
                                                      Elas podem assistir Agemo
                                                      Porém, elas não podem descobrir o
                                                 awo de Orò.”(...)

                                                        Awo é uma palavra que possui vá-
                                                 rios sentidos, nesse seria segredo.

                                                       Ìgúnnukò e Agemo são outros tipos
                                                 de culto aos ancestrais.

                                                       Para Egúngún podemos oferecer de
                                                 tudo, uma comida que algum ancestral
                                                 nosso gostava, bebidas e etc...

                                                       Porém, as oferendas prediletas do
                                                 Òrìsà Egúngún são: Èko (akassa), Àkàrà
                                                 (acarajé), Obì, Orógbó, Otí (Gyn) e Àgbò
                                                 (carneiro).
       Por último, desejo falar sobre a polê-        Lembremos que, a religião dos ori-
 mica: MULHER X EGÚNGÚN, PODE OU xás é uma religião INICIÁTICA, ou seja, pa-
 NÃO PODE?                                    ra fazer certas coisas é necessário ter INI-
                                              CIAÇÃO, pois só através dela que se ad-
       SIM, PODE! O porquê, eu explico:       quiri o axé para colocar em prática certos
       Mulheres também possuem pai, avô, conhecimentos e até se aprofundar mais. E
 bisavô e etc... Certo? Certo! Logo, o que as no que se diz respeito à Egúngún, isso de-
 impediria de terem contato com o culto de ve ser levado muito a sério, há uma orin
 egúngún? Nada!                               (cântico) que explica bem isso:
       Na Nigéria, algumas mulheres, por
 orientação de Ifá, precisam cultuar egún-
 gún e são iniciadas neste culto, esta são as
 Ìyá-agan.

        Elas possuem uma responsabilidade
 igual a dos Òjè e Olójè, a diferença é que
 as mulheres não podem vestir a roupa, is-
 so a tarefa para os homens.

       No Brasil este interdito foi criado por
 algum motivo, que realmente desconheço,
 talvez pelo fato de terem associado aqui,
 egúngún à uma outra energia que repre-
 senta os ancestrais masculinos, esta cha-
 mada de Orò, que de fato, as mulheres não
 podem ter nenhum tipo de envolvimento.

       Há uma cantiga de Orò que a tradu-
 ção seria mais ou menos assim:

      “A mulher pode descobrir o awo de
 Gèlèdè
      Elas podem descobrir o awo de E-
 gúngún,
19
“Bàbá ímàlè
      Mo le o,
      Bàbá ímàlè
      Ogberi to l’oun fé seré awo
      Bàbá ímàlè le o!” (...)

      “O pai dos imalé
      É bravo!
      O pai dos imalé
      Com o não iniciado que quer descobrir o awo (segredo)” (...)

      Ousar a praticar atos que você nunca viu, ou a evocar e alimentar energias que vo-
cê desconhece, é um risco muito grande!
      Tudo tem seu tempo e sua hora, por isso, tenha Súùrú (paciência).

      Eu Zarcel Carnielli (Ilésire) espero que este texto tenha lhe ajudado a desvendar um
pouco, dos muitos mistérios criado em torno desta energia, agradeço ao amigo Hérick Le-
chiski pelo espaço e ao meu amigo e sacerdote Bàbá Olójè Àpésì (Rasaki Sàlámì Sàláwu),
que me ajudou e muito a escrever essa matéria.
      Desejo à todos que o Àse de Egúngún os acompanhe por toda a vida!

      Ire o!




                                                               Por Zarcel Carnielli
                                               (Bàbá Ilésire Òsàlásínà Omigbàmi)




        Ilé Àÿç Àpésì Ôlöõjê
     Templo de Culto Tradicional
                Iorubá
            São Paulo - SP

     Bàbálöòrìsà e Ôlöõjê Rasaki
         Tel: 11 6448-9094
20
ODÙ DO MÊS                          Quando a Morte (Ikú) veio à
                                    Terra (Àiyé) pela primeira vez,
                                    venho através deste signo (Odù).
                                    Por isso Õyêkú rege tudo que
                                    esteja ligado a Ikú.

                                        Rege o Ajéjé (culto fúnebre)
                                    e tudo que estiver ligado ao
                                    mesmo. Regendo também as al-
                                    mas desencarnadas.

                                         Sob a regência deste Odù,
                                    vieram ao Mundo os peixes, o
                                    couro do Crocodilo, o focinho do
                                    Hipopótamo, o chifre do Rinoce-
                                    ronte e todos os animais e aves
     Õyêkú méjì                     Noturnas.

     O Odù da Morte                     Foi através deste Odù, que
                                    os seres humanos aprenderam
                                    a comer peixes.
      Õyêkú méjì, Èjì Õyê ou Èjì
 Ôlögbôn é o segundo (2º) Odù            Este Odù possui domínio
 na ordem de Ifá, fala no           sobre as nodosidades das Árvo-
 Mërìndínlógún Ifá (Jogo de bú-     res e também sobre os nós das
 zios) com treze (13) búzios a-     cordas.
 bertos e três (3) búzios fecha-
 dos. É um odù de natureza fe-          É um signo bastante peri-
 minina, ligado ao elemento á-      goso, rege a Madrugada.
 gua, regente do Oeste.

      Õyêkú méjì (Èjì Ôlögbôn) é    - Àwon Òrìÿà que falam neste
 o oposto (complemento) de Èjì      Odù = Ìyámi Odù (Odùlogboje),
 Ogbè (Èjì Onílê), enquanto Èjì     Nàná Bùkúù, Sõnpõnná, Egúngún,
 ogbè é a Luz, Õyêkú méjì é as      Ômôlú, Ôlökun, Yèmôja, Abíkú.
 Trevas. Enquanto um é a vida, o
 outro é a morte, Ogbè rege o       - Suas cores = O Negro (dúdú).
 Dia, Õyêkú rege a Noite. Ogbè
 rege o Sol (Òòrùn), Õyêkú rege a   -  Suas    folhas    =    Tëtë
 Lua (Òÿùpá).                       (Amarunthus viridis – Caruru),
21
Ewé egbo, Ôsàn, Wëwë, Etípönlá (Boerhaavia diffusa – Erva tos-
 tão), Àgbáyun.

 - Corpo Humano = Rege o maxilar superior.

 - Os filhos deste Odù = As pessoas nascida sob este odù
 (signo) são pessoas bastante negativas, mesquinhas, que só pen-
 sam em si. Velhos, ranzinzas. São perturbadas por ègún (espíritos
 perdidos) e devem cultuar Egúngún (Ancestrais) para obterem re-
 alizações. Devem tomar cuidado com acidentes e mortes prema-
 turas. Devem estar sempre bem amparados espiritualmente.
 Quando assim estão, serão pessoas prósperas, porém pão-duras.
 Alguns filhos deste odù, geralmente são Abíkú. Geralmente pos-
 suem problemas de sangue.

 - Èwò’s deste Odù = As pessoas que nascem neste odù, não de-
 vem comer ave de rapina (qualquer uma), não devem usar perfu-
 mes fortes, roupas vermelhas, não podem beber vinho de palma,
 não devem cultivar plantas e flores espinhosas e nem oferecê-las
 em oferendas às Divindades (Irúnmôlê), não podem destruir for-
 migueiros, devem evitar utilizar-se de amuletos e o principal, to-
 car em coisas mortas (animais, pessoas, etc.).

                      Odù em Ire – Positivo

 Este Odù em Ire fala de Vida Longa, mudanças favoráveis, fim de
 situação difícil e sofrimento, o recebimento de conselhos que de-
 vem ser seguidos. Prosperidade. Vitória sobre Inimigos, descobri-
 mento de pessoa falsa (falso amigo). Fidelidade amorosa. Fim de
 brigas amorosas. Manter sempre a calma para atingir realizações.
 Boa Intuição. Tudo que for realizado a noite terá sucesso. Bên-
 çãos de Egúngún.




22
Odù em Ibi – Negativo

 Este Odù em Ibi fala de Morte prematura, doenças, principalmen-
 te de sangue, no maxilar superior e bexiga, depressão. Fim de si-
 tuações agradáveis, notícias desagradáveis chegando, cansaço,
 esgotamento. Evitar tomar decisões. Vitória dos Inimigos, traição
 e vingança por parte dos inimigos. Falta de dinheiro, desempre-
 go, caminhos fechados. Problemas emocionais, rompimento amo-
 roso sem volta. Doenças em casas. Problemas com abortos
 (Abíkú). Pessoa sofrendo perturbações psíquicas, obsessões, pes-
 soa vê fantasmas. Problemas com Ègún e Egúngún, não vestir
 roupa preta e nem sair após as 00h00min.




                                               Por Hérick Lechinski
23
                                                 (Ejòtolà T’Òsùmàrè)
FOLHA DO MÊS
       Tètèrègún – A Folha da
          Vida e da Morte
                                            É da regência de Obàtálá e Bàbá Egúngún.

                                            Uma das folhas mais utilizadas dentro da
                                            Liturgia do Culto a Òrìsà no Brasil
                                            (Candomblé) e na Nigéria (Èsìn yorùbá).
                                            Folha de grande importância e fundamen-
                                            to, e isso se dão ao fato, de Tètèrègún ser
                                            capaz de proporcionar a Vida ou a Morte
                                            a alguém.

                                            A mesma é utilizada em Iniciações
                                            (Igbèrè), na sacralização de elementos ri-
                                            tualísticos, em magias e medicinas =
                                            Oògùn, etc.

                                           No Brasil, é uma das oito (8) principais fo-
                                           lhas (ewé) que fazem parte da composi-
                                           ção do Àgbo (mistura vegetal) que banha
                                           o Iniciado (Ìyàwó) no período de reclusão
 Nome Yorùbá = Tètèrègún, Tètè Egún, para seu Orixá. Representando a Morte
 Tètèègúndò.                               (para a vida profana) e a Vida (nascimento
 Nome Bantu = Mueki Rizanga.               para a vida religiosa). É também capaz de
 Nomes Populares = Cana-do-brejo, Cana- provocar o transe em omo Obàtálá (filhos
 de-macaco, Cana-do-mato, Sanguelavô, de Oxalá), omo Sàngó (filhos de Xangô) e
 Sangolovô, Ubacaia.                       omo Ògún (filhos de Ògún).
 Nome Científico = Costus spicatus.
                                           É uma das principais folhas de Obàtálá
 Tètèrègún é uma folha nativa do Brasil, é (Oxalá), sendo utilizada em quase todos
 encontrada em todo o território nacional os ritos que se utilizam de folhas, para o
 e também e outros continentes.            Grande Rei do Pano Branco.

 Folha Gún (de exitação), Masculina, ligada Medicinalmente a Cana-do-brejo é utiliza-
 ao elemento Ar.                            da no combate a solitárias, vermes e prin-
                                            cipalmente nos casos de cálculos renais.
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“Têtêrêgún òjò do m’pá
       Têtêrêgún òjò wo bi wá”

     Têtêrêgún é como a chuva que mata.
      Têtêrêgún é como a chuva que dá
                  vida.

                 Por Hérick Lechinski
                   (Ejòtolà T’Òsùmàrè)
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25
Existe Ògán Raspado e Ìyàwó Pode Tocar
               Atabaques?




      Para responder essas perguntas, precisamos discorrer um pouco sobre o que é
 Ìyàwó e o que seria Ògán.

       Há uma grande polêmica acerca do tema em título. Hoje, sobretudo no Sudeste,
 há uma grande discussão em relação se aqueles que foram iniciados na Religião dos
 Òrìsàs, Raspados, “Adoxados”, contudo não são manifestados por Òrìsà (rodantes), seri-
 am ou não Ògáns. Nesse aspecto, afirmo de forma indubitável, com toda a segurança
 que não, ou seja, Ògáns Não São Raspados! Face ao exposto, surge a indagação: Àqueles
 que são raspados, “adoxados”, entretanto não são manifestados por Òrìsà, seriam o que,
 então? Respondo categoricamente: Ìyàwó – Iniciado na Religião do Culto aos Òrìsàs -
 Candomblé!

        Hoje, infelizmente, pela falta de cultura e, sobretudo, pela falta de interesse à
 busca da informação correta, muitos crêem que o “ato de tocar atabaques” está corre-
 lacionado ao tipo de iniciação, o que é uma inverdade. Nesse sentido, não há óbices re-
 ligiosos fundamentados que interditem um Ìyàwó homem que não manifeste Òrìsà, em
 tocar atabaques. Aqui, posso mencionar uma lista de Grandes Tocadores, todos não
 Ògáns, que são respeitados pela sua arte musical, inclusive por Ògáns e, chamados por
 muitos de Ògáns.

       O fato da confusão generalizada em acreditar que um Ìyàwó Raspado que não é
 manifestado por Òrìsà seja Ògán e não Ìyàwó em grande parte, deve-se aos próprios sa-
 cerdotes, vejamos:
26
O indivíduo que entra em uma Casa de Candomblé, antes mesmo de ser suspenso,
 confirmado, ou iniciado, mas que não é manifestado por Òrìsà é chamado pelo sacerdo-
 te como? Ògán! Seus “irmãos”, o chamam de qual forma? Ògán! Como ele se autodeno-
 mina? Ògán! Quando esse indivíduo (“Ògán”) adentra oficialmente na religião, se ao
 invés de ser confirmado como ògán, ele for raspado e adoxado, ele está sendo iniciado
 como Ìyàwó? Portanto é Ìyàwó - e não Ògán. Não obstante, todos, inclusive seu Sacer-
 dote continuarão (via de regra é isso que ocorre) a chamá-lo de Ògán e não Ìyàwó! Ali-
 ás, se perguntarmos aos Sacerdotes, uma definição sobre Ògán, a maioria será breve e
 dirão erroneamente: Ògán é o indivíduo homem que não é manifestado por Òrìsà, sem
 discorrer sobre os pormenores com acuro.

        Desta forma, observa-se que esse erro comum, decorre do processo de aprendiza-
 gem do noviço na religião. No exemplo supracitado, o correto, independente de manifes-
 tar ou não, o noviço deverá ser considerado “Àbían”. O fato do Àbían não manifestar
 Òrìsà, a priori não lhe concede a posição de Ògán. Esse “status”, além de indevido, gera
 as inevitáveis dúvidas sobre o tema em questão, principalmente no futuro da vida reli-
 giosa desse noviço.

       Ante a afirmativa acima; o que seria um Ògán?
       À luz do Candomblé Tradicional Baiano, Ògán é o indivíduo (Homem) que não é
 manifestado por Òrìsà, mas que é CONFIRMADO (E NÃO INICIADO). A princípio, esse
 Ògán, em suma, é “apontado” (escolhido) por um Òrìsà em alguma determinada festa,
 ou mesmo função dentro do Ilé Òrìsà. Na ocasião, esse Ògán é “suspenso”, por outros
 desta confraria. Daí, o advento do termo “Ògán Suspenso”. Deste momento, à diante, es-
 se indivíduo passa a executar tarefas no Ilé Òrìsà, sem cunho religioso.

        Posteriormente, a Ìyálòrìsà/Bàbálòrìsà, determinará que esse Ògán (suspenso),
 deverá ser Confirmado (leia-se confirmado e não iniciado) – geralmente para o Òrìsà
 que o suspendeu. Daí a razão de na Bahia, por exemplo, um Ògán ser do Òrìsà Ògún
 (ele é filho de Ògún), mas ser chamado de Ògán de Omolú (pois, muito embora o Òrìsà
 dele ser Ògún, ele fora suspenso e, posteriormente confirmado para ser Ògán do Omolú
 de “beltrana”). O processo de Confirmação de um Ògán diverge demasiadamente do
 processo de iniciação (Ìyàwó).

       Não posso aprofundar no tema, por tratar-se de Awo (segredo que não compete
 àqueles que não são iniciados). Mas um Ògán Confirmado, não saí à sala no “Arole Ko-
 murajo” (cantiga destinada à Ìyàwó). Há um conjunto de cânticos e rituais específicos
 para a Confirmação de um Ògán (que reitero, não se trata do “Arole Komurajo”). Caso
 esse Ògán, por exemplo, seja confirmado Alabê, há ainda, outra seqüência especifica de
 cantigas; o mesmo ocorre para alguns outros títulos.

        Quando pensamos em iniciação no culto aos Òrìsàs na África, não são encontra-
 dos indícios/relatos de alguma iniciação com o “modus” da Confirmação de Ògán no
 Brasil. Em verdade, esse tema é muito mais polêmico que parece. Quando pensamos em
 Confirmação de ògán, temos que entender que esse indivíduo não está sendo iniciado
 em todas as etapas que a religião apregoa, dessa forma,
27
jamais o Ògán poderá proceder a iniciação de um Ìyàwó.

        Mas se na África, berço da cultura dos Òrìsàs não há esse processo, qual teria si-
 do a razão do aparecimento deste no Brasil? Vejo como um fato histórico, liderado pe-
 las Ìyálòrìsàs de outrora, à busca da manutenção da hegemonia da mulher nos cargos
 de liderança nas comunidades Nàgó.

        Quando da fundação das mais tradicionais Casas de Candomblé da Bahia, todas,
 sem exceção, tiveram o apoio religioso de homens (iniciados – porém não rodantes), e-
 xemplifico: Bangbose Obitiko, Okarinde, Oje Lade, Oba Sanya, dentre outros. Entretanto,
 após a fundação dessas casas, para que não houvesse a concorrência masculina no sa-
 cerdócio, as Ìyálòrìsàs começaram a não iniciar homens (quer seja rodante, quer não).
 Contudo, a figura masculina permanecia essencial para o bom andamento da casa. Nes-
 se sentido, como manter o homem na casa de Candomblé, com funções distintas, sem
 que esse se tornar-se Sacerdote futuramente e, por conseqüência, concorrente do poder
 supra-sumo da mulher? Criando a figura do Ògán (ou seja, realizando alguns rituais
 para que os homens não rodantes – pudessem ser partícipes de algumas atividades na
 casa).

        Nessa busca contumaz, as mulheres do Candomblé da Bahia, cercearam da religi-
 ão os homens rodantes (uma espécie de apartheid), configurando status e poder aos
 Ògáns, figuras criadas pelas mesmas, - mas que não lhe ameaçavam na supremacia do
 Candomblé. À eles eram concedidas funções como Tocar Atabaques e Cantar. Razão pela
 qual, erroneamente, crê-se que somente os Ògáns podem tocar atabaques.

       Diante disso, o que posso afirmar é que, se não rodante e homem – independente
 de Ògán ou Ìyàwó, ele pode tocar sim atabaques. O que digo, mas por concepção religi-
 osa minha, sem embasamento teológico algum, é que a privação em tocar atabaques
 deve ocorrer àqueles que são manifestados por Òrìsà. Essa óptica deve-se única e exclu-
 sivamente há eminente possibilidade de um Ìyàwó que manifeste Òrìsà, poder entrar em
 transe, durante a execução do toque. O mesmo emprega-se às mulheres, também, sem
 fundamentação teológica.

      Por fim, apesar de distintos, não vejo como macular, o iniciado não rodante, de-
 nominar-se Ògán, sobretudo pelo vício de linguagem, fato que ocorre mesmo comigo.
 No entanto, é importante que todos saibam que são distintos, com funções distintas,
 com processos iniciatórios distintos!

       Espero, com a explanação acima, tirar um pouco da dúvida de muitos sobre a
 questão!




                                                         Por Carlos Vinícius Santana
28
                                                                    (Òpotún Vinícius)
Para onde caminha                                       Não temos dúvidas de algumas falhas, desentendi-
                                                          mentos, obscuridades, segredos invioláveis, imper-

     a Umbanda?                                           feições superficiais, porém, passíveis de correções
                                                          e aprimoramento com o tempo. O Catolicismo foi
                                                          assim; o Protestantismo sofreu perseguições, o Kar-
                                                          decismo teve críticas e ceticismo. Mas o povo e o
                                                          tempo tudo mudam.

                                                          Adaptando a Umbanda e seus rituais à organiza-
                                                          ção do Catolicismo, à dedicação do Protestantismo
                                                          e à filosofia do Kardecismo, teremos uma Religião
                                                          quase perfeita. Quase perfeita, porque perfeição só
                                                          em Deus.

                                                          Conciliaremos também o Atavismo a adoração te-
                                                          merosa que guardamos, desde tempos remotíssimos,
                                                          às coisas misteriosas ou respeito a um Ser Supre-
                                                          mo que nos criou e que passa de geração, através
                                                          do inconsciente coletivo, porém de modo mais ra-
                                                          cional. Existe no subconsciente de cada um. Faz
                                                          parte da humanidade e levará séculos para desa-
                                                          parecer.

                                                          A Umbanda Brasileira, como é praticada, é única
 Hoje, com seus 103 anos de Fundação, a Umbanda           no Mundo. Não existe similar, nem mesmo na Áfri-
 (Brasileira) se alastra por todo o País (Brasil), der-   ca – Uma de suas Raízes – Pois lá não há tupis
 ramando-se até pelos países vizinhos. Argentina,         e nem baianos. Uma coisa é certa: Ela (a Umban-
 Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai e Venezuela já      da) permanecerá inapagável no seio do povo, por-
 possuem Tendas Umbandistas.                              que a sua tônica principal é a Caridade pura e
                                                          desinteressada. Está concorde aos ensinamentos
 Qual o futuro dessa religião que já preocupou au-        milenares de Jesus Cristo (sincretizado com Oxalá),
 toridades eclesiásticas, dirigentes religiosos, pasto-   cujos princípios e fundamentos, eternos e imutá-
 res, sociólogos, psicólogos e até adeptos do Ocultis-    veis, constituem a base do Espiritualismo, da qual
 mo?                                                      nossa Umbanda faz parte.

 Tornar-se-á a Religião oficial do Brasil?
 Estagnar-se-á?
 Irá para o esquecimento?                                   Texto de J. Edson Orphanake (Livro
 Ou continuará se alastrando por todo o Globo ter-
 restre?                                                          ―A Umbanda às suas Ordens)
                                                              Readaptado por Hérick Lechinski
 Malgrado o combate que ainda lhe fazem, ela con-
 tinua crescendo assustadora e solenemente.
                                                                            (Ejòtolà T’Òsùmàrè)
29
ENTREVISTA DO MÊS

     Falando de
      Axé com
      Mãe Elis
       Peralta
 Falando de Axé                              cer pessoas que foram muito generosas em
 Mãe Elis, você poderia nos falar como e     me passar aprendizados, e me direcionar
 quando você conheceu a Umbanda e o que      nessa maravilhosa religião que é a Umban-
 lhe levou a escolher a mesma como Religi-   da.
 ão?
                                               Falando de Axé
 Mãe Elis                                      O que é Umbanda e o que esta magnífica
 Tenho uma história muito “peculiar” em re- Religião Brasileira representa para você?
 lação à Umbanda. Desde nova, freqüentava
 um Centro de Umbanda no qual meu Pai era Mãe Elis
 médium, porém, confesso, ia obrigada, de- Umbanda representa pra mim o sentido da
 testava e não me sentia bem, conforme fui força grandiosa da natureza, é a maleabili-
 crescendo, minha aversão também, chegan- dade das Águas, a firmeza e transformação
 do ao ponto de por volta dos meus 14 anos, da Terra, o ímpeto do Fogo, o dinamismo
 tomar cinco tranqüilizantes para não ter que do Ar, é a união desses elementos que se
 ir numa gira com meus pais. Muita água traduzem também por Orixás, que se conso-
 passou por debaixo da ponte, mas de certa lida em nossa Doutrina em nosso Pentagra-
 forma, minha vida sempre se entrelaçava ma Umbandista que é a manifestação do es-
 com a Umbanda e eu cada vez “correndo” pírito em prol da Caridade e da Evolução
 mais dela. Até que num belo dia, numa as- espiritual, através dos ensinamentos de nos-
 sistência, sentadinha, temerosa, ressabiada e sos Mentores e do Pai maior. É o som do
 indo porque andava “sentindo-me” muito atabaque, o conselho amoroso do Preto-
 mal fisicamente, Mª Cigana pela 1ª vez em Velho, a seriedade do Caboclo, a faceirice
 minha vida me fez sentir a força de sua in- das moças, a firmeza do Exú, o jogo de cin-
 corporação, daí por diante enveredei por um tura da Malandragem e a felicidade das Cri-
 longo caminho, iniciei numa casa de Can- anças (erês)...
 domblé, que tocava Umbanda também, a- É também a oportunidade dada a nós que
 prendi, conheci vários universos dentre es- escolhemos e fomos escolhidos de propagar
 sas maravilhosas religiões, fui de a simplicidade e força de nossa religião. É
 “Umbanda         Traçada”,       “Omolokô”, ter orgulho, porque em nossa Doutrina fala-
 “Umbanda Branca”, tive a honra de conhe- mos com o “Alto” e com o “Embaixo”,
30
lidamos com dores, sorrimos, transforma-        Malandros, Ciganos, Baianos, Marinheiros,
 mos, abraçamos, sem distinção de cor, raça,     Cangaceiros...
 credo, saber, condição material, espiritual e   Outra mudança fundamental e que realmen-
 até opção sexual, sabemos que perante a e-      te nesse centenário se torna o divisor de Á-
 les todos somos um... Umbanda (Uma Ban-         guas para uma estrutura complexa, firme e
 da)...                                          cada vez mais forte, é a busca do aprendiza-
                                                 do, é o entendimento, que assim como o
                                                 mundo, evolui, precisamos mostrar que nos-
                                                 sa religião é tão forte justamente por ser
                                                 fundamentada na força e ensinamentos da
                                                 própria Natureza.

                                                 Falando de Axé
                                                 O que você poderia nos falar sobre o com-
                                                 pletar dos 103 anos de Fundação da Um-
                                                 banda, neste ano?

                                              Mãe Elis
                                              Podemos dizer que somos vitoriosos...
                                              Porque completar 103 anos de uma religião
                                              completamente descriminada, em que pode-
                                              mos constatar absurdos vindos, não somente
                                              de outras religiões que esquecem o sentido
                                              principal do livre-arbítrio, fraternidade, a-
                                              mor ao próximo e de um Pai maior que é
                                              UNO a todos, temos também adeptos de
                                              nossa própria Umbanda (que se intitulam
                                              umbandistas...) que transformam nossa reli-
                                              gião em algo muito longe do que foi e é
                                              passado por nossos Guias espirituais.
 Falando de Axé                               Mas graças a Lei Divina, paralelo a tudo is-
 Como você descreve a Umbanda de hoje, so, existe um movimento cada vez maior
 será que possui diferença em relação à Um- vindo de todas as esferas, espirituais e car-
 banda de antes?                              nais de desmistificar, ensinar e realmente
                                              fundamentar nossa religião, por isso pode-
 Mãe Elis                                     mos dizer que nesse momento ela se encon-
 A Umbanda é uma religião tão vasta justa- tra em processo de crescimento estrutural.
 mente por essa capacidade mutável que pos-
 sui, capacidade de agregar as mais diferen- Falando de Axé
 tes visões, doutrinas e principalmente opor- Para você, qual é a Importância das Crian-
 tunidade de aprender com os ensinamentos ças e dos Jovens dentro da Religião Umban-
 daqueles que são muitas vezes mal vistos dista?
 pela “sociedade”. Exemplos dessa diferença
 da nossa “Umbanda de antes”, podemos ver Mãe Elis
 em entidades que vieram somar a nossa reli- Assim como para qualquer religião ou o
 gião e que antes eram desconhecidas, tais próprio mundo, eles são o futuro...
 como:                                        Temos que descortinar a nós primeiramente
31
e depois aos nossos filhos, eles têm que te-   de estruturar os médiuns de minha casa, atu-
 rem orgulho e entendimento, para ao serem      almente somos por volta de 50, tenho mé-
 questionados sobre sua religião, poderem       diuns comigo há 3 anos, que é o tempo que
 dizer livremente: Sou Umbandista, sem          nossa Casa foi fundada - 15/11/2008, exata-
 medo de retaliações, chacotas ou descrimi-     mente no centenário da Umbanda, mas des-
 nações. A mediunidade não pode ser vista       de de seu início visei o desenvolvimento
 como um fardo, tem que ser explicada pois      mediúnico, trabalhando de portas fechadas,
 é uma faculdade inerente a todos nós e de-     ou em pontos da Natureza, até por falta de
 senvolvê-la cria em nós uma energia alta-      local para trabalho, neste ano em 23/04/11
 mente positiva e Divina.                       abrimos nossa Tenda à Público numa belís-
 Em todas as religiões, vemos Pais que le-      sima Homenagem ao grande Sr. Ogum.
 vam seus filhos e ensinam desde novos o        Trabalhamos desde então com muito desen-
 caminho de sua Fé e a vivência se dá por       volvimento, Giras de atendimento ao públi-
 osmose, porque na nossa que é tão bela não     co, e como converso muito com eles, temos
 o fazemos também?                              que fundamentar nossa casa, poderíamos
 Afinal, ensinamos a ter Fé, praticamos a       dizer que eles são os funcionários de uma
 Caridade, valorizamos muito a ajuda ao ir-     grande empresa e que precisam estar bem
 mão, nossa religião não é para ser escondida   capacitados para poder crescer cada vez
 e sim propagada e somente através de nos-      mais. Já estamos em andamento com proje-
 sas crianças e do ensinamento de nossa         tos de ensino para nossas Crianças e Jovens,
 Doutrina, atingiremos esse ideal.              Tratamento Holístico para os que necessita-
                                                rem e muito por vir daqui pra frente.
 Falando de Axé
 O que justifica pra você, a Umbanda ser u- Falando de Axé
 ma religião tão descriminada?                 De acordo com a sua vivência, o que você
                                               acredita que falta, para que nossa religião
 Mãe Elis                                      seja mais respeitada e menos descriminada
 A falta de conhecimento, de divulgação, de por todos?
 clareza sobre a verdade de nossa doutrina.
 A vaidade de alguns que intitulam que seu
 guia pratica o mal, que castiga, que sua casa
 é “forte” porque faz “trabalhos pesados”...
 Casas que cobram, trabalham com amarra-
 ções, prometem milagres e comercializam a
 fé, e para todos esses casos recorrem ao no-
 me de Umbanda. Transformando a grande
 oportunidade do ato da incorporação num
 verdadeiro circo de horrores...

 Falando de Axé
 Em seu Templo de Umbanda, é realizado
 algum projeto social?
 Se sim, por quê?
 Se não, por quê?

 Mãe Elis
 Nesse momento ainda não. Estou em fase
32
Mãe Elis                                      é diferente de mim...), é dona de uma sabe-
 Cabe a nós, médiuns de Umbanda, mudar         doria ímpar, que me faz ouvir, que me mos-
 essa imagem negativa cultuada ao longo do     trou ao longo desse caminho a minha mis-
 tempo. Entender que “Levar ao mundo in-       são e a deles (meus guias) junto a mim e a
 teiro a Bandeira de Oxalá” está muito mais    essas “crianças”, seus “fiotos” como ela ca-
 do que palavras de nosso hino... Está em      rinhosamente os chama. Mas tem muito
 mostrar a verdadeira face da Umbanda, que     mais, tem a seriedade de DªJupira, a firmeza
 é uma religião que prega as mesmas verda-     de seu Giramundo, a esperteza de Mariazi-
 des e busca a mesma paz de espírito que to-   nha, o desprendimento de seu Caveira, a le-
 das as outras religiões. Umbanda é dedica-    veza de Mª Cigana e o ensinamento e talvez
 ção, disciplina, doação, respeito, reforma    a maior lição de vida espiritual que já tive
 íntima, é a conscientização sobre o Bem e o   que se chama Mª Navalha (um dia em outra
 Mal. Umbanda não é milagre, mas mereci-       prosa eu conto...).
 mento. É estudo e consciência e não como-
 dismo ou achismo. É respeito à natureza,      Falando de Axé
 pois Umbanda é natureza.                      Para finalizar essa nossa maravilhosa con-
                                               versa, qual é a Mensagem que a senhora
 Falando de Axé                                deixa para os Umbandistas?
 Mãe Elis, você poderia nos falar o que Mãe
 Oxum, seu Orixá de Cabeça e Vovó Cam- Mãe Elis
 binda representam em sua vida?             Orgulhem-se de serem Umbandistas, tragam
                                            no Peito, na Alma, na Fé. Estudem, pois, só
                                            assim daremos base e traremos respeito a
                                            nossa religião. E acima de tudo pratiquem a
                                            Umbanda, sejam umbandistas 24 horas ao
                                            dia e não somente no momento de adentrar
                                            em sua Tenda. Deixo a todos um ponto feito
                                            pela médium e intérprete Rosana Pinheiro
                                            no qual o transformei em hino da T.U.E.A -
                                            Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda, que
                                            acho perfeito como mensagem a todos os
                                            Umbandistas...

                                               “ESTAVA NA BEIRA DE UM CAMINHO,
                                                CHORANDO, SOFRENDO SOZINHO,
                                               DE REPENTE UMA LUZ ME APARECEU,
                                                    ESSA LUZ VEIO DE OXALÁ,
                                                     ESSA LUZ VEIO DE DEUS.
                                                 ESSA LUZ ME APONTOU UM NOVO
                                                           CAMINHO,
 Mãe Elis
                                                  HOJE SOU FILHO DE UMBANDA,
 Nossa!                                            NUNCA MAIS ESTOU SOZINHO.
 Simplesmente assim: TUDO!                                  É, É, É, É,
 Oxum é minha Vida, meu Caminho, minha            UMBANDA É PRA QUEM TEM FÉ,
 Luz, minha Srª Amada, Querida, que me a-              PRA QUEM TEM FÉ
 calenta, me repreende, me direciona e me                   É, É, É, É,
 dá sentido...                                       UMBANDA É CARIDADE,
 Minha “Velha” é a calma em pessoa (como            UMBANDA É FELICIDADE.”
33
T.U.E.A - Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda
 Cascadura - Rio de Janeiro/RJ. Tel. 21 3471-2114
34
     http://www.estradacigana.blogspot.com/
Umbanda completou seus 103 anos de
            Fundação em 2011




 A Umbanda completou (15/11/2011) seus 103 anos, desde que o Caboclo das 7 Encruzilhadas
 anunciou o seu início. Foram 103 anos difíceis de perseguições, incompreensões e todo o tipo de
 preconceito que se possa imaginar. Não foram anos fáceis e os anos que vem pela frente não serão
 menos difíceis do que os que passaram, isso porque o preconceito ainda é grande e muitos ainda
 vêem a Umbanda apenas como forma de trazer a pessoa amada em 7 dias ou qualquer outro tipo
 de “amarrações” que anunciam por aí, sujando o nome da nossa religião.

 Mas nós resistimos e resistiremos a qualquer tipo de preconceito porque o verdadeiro umbandista
 trás dentro de si a esperança das crianças, a firmeza dos caboclos, a sabedoria dos pretos velhos, a
 coragem do povo baiano, a capacidade de adaptação do povo cigano e o jogo de cintura dos nossos
 compadres e comadres.

 O verdadeiro umbandista não vai ao terreiro à procura de trazer a pessoa amada em 7 dias, não
 vai ao terreiro à procura de amarrações e nem à procura de riquezas materiais. O verdadeiro
 umbandista está sempre à procura de outro tipo de riqueza, a riqueza espiritual, a riqueza da
 sabedoria em lidar com as questões difíceis do dia-a-dia, a paciência de aguardar o que não está
 em tempo, a firmeza e a coragem para enfrentar de frente todas as intempéries da vida, a
 capacidade de mudar quando a mudança é realmente necessária e a alegria de receber apenas o
 que lhe é designado.

 O verdadeiro umbandista sabe como agir ou sabe a quem recorrer quando lhe falta a sabedoria
 para lidar com as questões mais difíceis, quando lhe falta coragem para encarar de frente o que
 deve ser encarado, quando lhe falta o olhar da simplicidade para enxergar o verdadeiro motivo
 das coisas e quando lhe falta o jogo de cintura para lidar com os inimigos mais traiçoeiros que
 aparecem.

 Sim, estamos aqui pacientemente firmes levando a nossa mensagem para todos os que desejam
 ouvi-la, senti-la e vivê-la. Somos e sempre devemos ser a mão que acolhe sem pré julgamentos, sem
 o olhar de reprovação e apenas com a bondade no coração e na alma.

 Parabéns, Umbanda, por seus 103 anos e por todos os outros que ainda virão. Obrigado,
 Umbanda, por fazer de nós pessoas ainda melhores.



35
       http://www.saravaumbanda.com/textos/103-anos-de-umbanda
Altera a Lei no 9.394, de 20
                                      de dezembro de 1996,
                                  modificada pela Lei . 10.639,
                                  de 9 de janeiro de 2003, que
                                    estabelece as diretrizes e
                                  bases da educação nacional,
                                     para incluir no currículo
                                   oficial da rede de ensino a
                                  obrigatoriedade da temática
                                    “História e Cultura Afro-
                                      Brasileira e Indígena”.




                   Livro do Mês
                                 Ao apresentarmos esta obra, não foi o
                           nosso intuito fazermos Umbanda. Quando
                           nascemos, ela já existia. Nem ensiná-la em suas
                           práticas a pais de santo, babá e tatás. Mas,
                           formularmos pequeno e humilde estudo, até
                           mesmo superficial, de sua existência, visando
                           mostrar virtudes, princípios e fundamentos,
                           além de falhas (não dos guias e protetores, mas
                           de dirigentes e praticantes), que sirvam para
                           orientar futuros interessados em dar-lhes bases
                           estruturais definitivas.

                                  Vintes e poucos anos de estudos e
                           pesquisas não foram suficientes para
                           penetrarmos “in totum” a Umbanda. Mesmo

     A Umbanda             porque sua profundidade é infinita como a
                           espiritualidade, da qual faz parte...

       às suas                   Mas, se nosso pequeno estudo puder,
                           ainda que insuficientemente, contribuir para
       Ordens              melhorar a compreensão de irmãos carentes de
                           entendimento de pontos que lhes pareçam
     J. Edson Orphanake    obscuros, no emaranhado religioso Umbandista,
        Tríade Editorial   já nos damos por satisfeitos.
                                                               O Autor.
36
SANTO DO MÊS
                                               Nossa Senhora do
                                                 Rocio, A Mãe
                                                 Padroeira do
                                                    Paraná

                                                  15 de Novembro
       A Falando de Axé esse mês, através da coluna Santo do Mês, homenageia Nossa
 Senhora do Rocio, a Santa Padroeira do Paraná, sincretizada com a Orixá Oxum e algu-
 mas vezes com a Orixá Iemanjá, em alguns Templos de Umbanda do Paraná, uma ma-
 neira que o Idealizador desta Revista, Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè) encontrou
 para homenagear a Santa Padroeira de seu Estado (Paraná), que tem sua festa come-
 morativa realizada todo dia 15 de Novembro na Cidade de Paranaguá, cidade onde o
 mesmo nasceu e reside. Vamos agora conhecer um pouco de Nossa Senhora do Rocio.

       O culto à Virgem do Rocio teve inicio no séc. XVII, logo após a elevação do pe-
 lourinho em Paranaguá, em 1648. Quando, em 1686, os habitantes desta Vila, às margens
 de sua baia, foram assolados por uma peste, essa gente recorreu aos favores de Maria,
 Mãe de Jesus, invocada neste título, para que os livrasse desta terrível lamúria. Desde aí,
 esta Virgem vem sendo o socorro das aflições dos devotos católicos paranaenses. Rocio
 era o perímetro das Vilas, onde terminava a povoação, o arruamento, e começava a se
 condensar orvalho matutino. Rocio quer dizer orvalho, em português arcaico Nossa Se-
 nhora do Rocio é Nossa Senhora do Orvalho Matutino, Nossa Senhora do Amanhecer.

       O Paraná amanheceu no rocio de Paranaguá

        As festas do Rocio fizeram-se famosas pelos fandangos caboclos, com violas, rabe-
 cas, e tambores de madeira tiradas das árvores das ilhas e dos manguezais da baía de
 Paranaguá. Na gravura da Impressora Paranaense (casa fundada pelo Barão do Sêrro
 Azul), o pintor paranaense Arthur Nísio - na época do Centenário do Paraná (1953) - i-
 dealizou a Virgem, orvalhando com sua bênção, seu santuário e a baía, antes das modi-
 ficações que o afastaram do mar.

      O Papa Paulo VI em 1977 declarou Nossa Senhora do Rocio como a padroeira do
 Paraná, sendo a iniciativa ratificada pelo governador Jaime Canet.
37
A proclamação como Rainha do Paranaguá

       Foi durante a 24ª Assembléia dos Bispos do Paraná, que Dom Bernardo José Nol-
 ker comunicou a realização de uma aspiração do Episcopado e do povo do Paraná:
 Nossa Senhora do Rocio fora proclamada Padroeira Perpétua do Estado do Paraná. No
 dia 11 de março de 1977. A petição havia sido feita por dois Arcebispos e 22 bispos do
 Estado do Paraná, além dos pedidos formais do governador do Estado, Poder Legislativo
 e Judiciário. A concessão feita ao estado do Paraná, pelo que se sabe, é a única, não
 constando que outros Estados a tenham conseguido ou solicitado.

       O Decreto

        Decreto, Protocolo CD 768/77 da Sagrada Congregação para os sacramentos e o
 culto Divino, declara em nome do Papa Paulo VI, Nossa Senhora do Rosário do Rocio
 eleita Padroeira do Paraná, junto a Deus. O Protocolo fez-se acompanhar de Breve Apos-
 tólico (carta) com data de 30 de julho de 1977, assinada pelo Cardeal João Villot, Secre-
 tário de Estado do Vaticano, declarando Nossa Senhora do Rocio Padroeira do Paraná
 para o presente e futuro, "ad aeternum". Dom Bernardo José Nolker, Bispo da Diocese
 de Paranaguá, onde está o Santuário da padroeira, entende que o privilégio que o Papa
 concedeu servirá para intensificar a devoção a Nossa Senhora.

       D. João Francisco Braga, primeiro Arcebispo do Paraná, há mais de cinqüenta a-
 nos. Assim se expressava: "Que a província Eclesiástica de Maria tenha o seu Santuário,
 de Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá".

       Histórico

       A referência histórica mais antiga é de 1686, quando da epidemia chamada
 "Peste da Bicha", em Paranaguá, narrada por Vieira dos Santos, quando a cidade conta-
 va com apenas 38 anos de fundação e a devoção à Virgem do Rocio já havia conquista-
 do a população que a cultuava num modesto oratório doméstico, próximo à praia, onde
 fora encontrada por pescadores. Em fases sucessivas de acontecimentos, esta devoção
 tem longa história até o estágio atual. Entre outras seguem-se algumas datas marcan-
 tes. Em 1939 a imagem de Nossa Senhora deixou seu Santuário em Paranaguá, para ser
 transportada à Curitiba, em viagem triunfal, a fim de presidir os atos que marcaram o
 Jubileu da Congregação Mariana da Catedral.

        Em 1948, pelo Jubileu Episcopal de D. Ático Eusébio da Rocha, Arcebispo Metropo-
 litano, realizou-se o 1º Congresso Mariano do Paraná, que antes do atual decreto tinha
 um sentido apenas popular.

      Em 1953, pela terceira vez a imagem esteve em Curitiba para presidir o
 Congresso Eucarístico Nacional, na oportunidade, o Paraná comemorava o seu 1º
 Centenário da Emancipação Política. Nessa ocasião, a imagem peregrinou tam-
 bém durante 105 dias, pelo interior do Estado.
38
Começaram então a chegar às mãos do arcebispo Metropolitano, Dom Manoel da
 Silveira Delboux, inúmeros pedidos para solicitar ao Papa que declarasse N. Sra. do Ro-
 cio Padroeira do Estado do Paraná , o que hoje tornou-se realidade. Perante o privilé-
 gio agora concedido e em face da atual renovação da igreja, no sentido de atualizar-se.
 D. Bernardo afirmou: "Não é coincidência mais esta conquista mariana, onde os Reden-
 toristas têm um importante papel. Nosso Fundador, S. Afonso de Ligório foi grande de-
 voto de Maria e deixou esta herança espiritual a seus filhos que a levam através dos
 séculos. Sob nosso cuidados estão o Santuário de Aparecida, em Aparecida/SP; a igreja
 do Perpétuo Socorro em Curitiba recebendo mais de 30 mil fiéis por semana. E, agora,
 em Paranaguá, o Santuário de N. Sra. do Rocio, Padroeira do Paraná. Os Redentoristas
 teriam então nesse momento a missão de fortalecer a devoção mariana, porque os bra-
 sileiros são devotos de Maria desde as origens de nossa história, a partir da catequese
 de Anchieta.

       Atualidades

        Todo o ano, de 06 a 15 de Novembro, realiza-se na histórica cidade de Paranaguá,
 litoral do Paraná - Brasil, a Festa de Nossa Senhora do Rocio, Padroeira do Estado.

        O dia da Festa, 15 de Novembro, é marcado por inúmeras celebrações, para as
 quais acorrem milhares de fiéis romeiros de varias cidades do Paraná, além da incon-
 tável presença de devotos da Diocese de Paranaguá, onde se localiza o Santuário da Pa-
 droeira.

        "A devoção a Nossa Senhora do Rocio tem raízes profundas na vida do povo do
 litoral do Paraná, pois data dos meados do século XVII, pouco tempo após a elevação
 de Paranaguá à Vila, em 1648" (Pe. Karl Eugene Esker, Jornal "Voz Vicentina do Para-
 ná").




39
Segundo nos relata o historiador paranaense Vieira dos Santos, já em 1686 os ha-
 bitantes da então Vila de Paranaguá "haviam recorrido aos favores da Virgem do Rocio
 para que os livrasse da terrível peste que assolava o litoral, nessa época". Antes dessa
 data, sabemos somente que um pescador chamado Pai Berê achou a imagem que é de
 Nossa Senhora do Rosário, em estilo barroco. Uma lenda diz que ele retirou a imagem
 da margem da baía na rede, enquanto pescava. Outra diz que a encontrou num campo
 de rosas loucas, no barranco à beira da baía. Por um tempo ficou num oratório na ca-
 sa de Pai Berê, onde se tornou objeto da devoção dos pescadores, sendo batizada com o
 nome de Nossa Senhora do Rocio.

       "O culto à imagem se difundiu, aumentando a fé e a esperança em Nossa Senho-
 ra do Rosário do Rocio, atraindo devotos não somente das redondezas, mas também da
 Vila"
       (Waldomiro Ferreira de Freitas, Aspecto Histórico e Turístico de Paranaguá).

       Milagres atribuídos a Nossa Senhora do Rocio

       Através dos anos, a devoção cresceu até o milagre que deu fim a peste, em 1686,
 milagre que se repetiu ao longo dos séculos em inúmeras ocasiões em que a Santa do
 Rocio atendeu aos seus devotos com curas individuais e coletivas, como nos casos da
 Peste Bubônica, em 1901 e da Gripe espanhola, em 1918.

        Há ainda inúmeros registros do socorro da Virgem do Rocio prestado aos mari-
 nheiros em violentas tempestades e tragédias no mar, os quais se tornaram seus devo-
 tos e a homenagearam com procissões e comoventes romarias pelas ruas da cidade, ru-
 mo ao Santuário. É o caso do navio "Raul Soares", no dia 26 de junho de 1931; do navi-
 o "Philadélphia", em julho de 1931; e do navio "Maria M", no dia 08 de agosto de 1932.




40
Oração à Nossa Senhora do Rocio, A Padroeira do Paraná
                         (15 de Novembro)




            Virgem Gloriosa do Rocio, Mãe e Rainha de teus filhos todos, eis-nos aqui para
     te louvar, te bendizer e agradecer por tudo que somos, por tudo que temos, por tudo
     que fomos chamados a ser.
            Humildemente pedimos, ó Mãe bondosa, o teu olhar misericordioso sobre todos
     os nossos momentos de desamor, sobre todos os nossos pecados.
            Imploramos aos teus pés, Mãe querida do Rocio, aquela chuva de graças sobre
     graças para nossa Pátria, as nossas famílias, os nossos filhos, os idosos, os doentes e
     aflitos, os deprimidos e os excluídos.
            Fortalece as nossas comunidades, faze crescer o Reino da Paz,
            da justiça, do amor, do perdão e da misericórdia.
            Virgem Senhora do Rocio, Santa Mãe querida, abençoa - nos, protege-nos, leva-
     nos ao encontro eterno com teu Filho Jesus.
            Amém.
            Assim seja!



                              Fonte: http://www.cot.org.br/igreja/ns-rocio.php
41
PERSONALINADES NEGRAS
                                          Zumbi dos Palmares, o
                                       maior ícone da resistência
                                        negra ao escravismo no
                                                 Brasil

                                         Zumbi, símbolo da resistência
                                                    negra

       Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data transfor-
 mada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em
 1978 – não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máxi-
 mo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20
 de novembro de 1695. O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por
 cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas.
 Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tor-
 nasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não
 pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.

       Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragi-
 dos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do ma-
 caco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilom-
 bola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Pal-
 mares.

       Alguns anos após a sua fundação, o Quilombo dos Palmares foi invadido
 por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram de-
 golados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a
 Antônio Melo, um padre da vila de Recife. O menino, batizado pelo padre com o
 nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e
 escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12
 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitu-
 de do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.
42
Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se confor-
 mava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito ven-
 do seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públi-
 cas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em bus-
 ca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares. Após caminhar cerca de 132
 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos qui-
 lombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com
 os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em in-
 teligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma
 espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.

       Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz
 com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela
 liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares
 pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zum-
 bi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos,
 então terra de Pernambuco.

       Contudo, em 20 de novembro de 1695, Zumbi foi traído por um de seus prin-
 cipais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do
 esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zum-
 bi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife,
 onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.

       “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tra-
 dução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para
 o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior íco-
 ne da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram
 passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgu-
 lho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.




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Falando de Axé: Consciência Negra e Cultura dos Bantus

  • 1. Falando de Axé “TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CULTOS AFRICANOS - CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA”. ANO 1 — Edição 06 Novembro de 2011 Òrìsà do Mês Egúngún, O Falando de Ancestral que vence a Morte Axé com Mãe (Esquecimento) Elis Peralta Umbanda completou seus 103 anos de Fundação em 2011 Zumbi dos Palmares, o maior Ícone da resistência negra ao Nação Jèjí no Brasil escravismo no Brasil 1
  • 2. EDITORIAL Saudações amigos leitores, cá estamos nós, com mais uma edição da Falando de Axé, Novembro de 2011, que está um pouco atrasadinha, mas prontinha para a apreciação de vocês. Gostaríamos de comunicar à todos, que estamos diminuído as cores da revista, já que a mesma não é impressa, ficará melhor para àqueles que desejarem imprimi-la para ler, pois, os pedidos são muitos. "Olódùmarè Nossa equipe tem se esforçado (Meu Deus), aju- bastante, para que a cada edição, a revista da-me a dizer a esteja melhor e do agrado de todos vocês. palavra da ver- Por isso, contaremos sempre, com as dade na cara dos críticas e sugestões de vocês, amigos fortes, e a não leitores. mentir para ob- ter o aplauso Esperamos que gostem desta nova dos débeis." - edição e uma Ótima Leitura à todos. Mahatma Gandhi Hérick Lechinski - O Editor 2
  • 3. Ìbà Olódùmarè Elédà mi - Saudações a Olódùmarè, O meu Criador. Ilè Ògéré Ìbà - Terra, cujo poder se espalha por todo o Universo, Saudações. Mo júbà Èsù Alágbára Irúnmalè - Eu respeitosamente saúdo Èsù, o Poderoso Venerável. Ìbà gbogbo - Saudações a Todos!!! ÍNDICE Consciência Negra Pág. 04 Quem são os Bantus? Parte II Pág. 05 Criação do Mundo segundo a Tradição Bantu Pág. 08 Cultura Vòdún, a Nação Jèjí no Brasil Pág. 13 Òrìsà do Mês: Egúngún, o Ancestral que vence a Morte (esquecimento) Pág. 16 Odù do Mês: Òyékú méjì, o Odù da Morte Pág. 21 Folha do Mês: Tètèrègún, a Folha da Vida e da Morte Pág. 24 Existe Ògán raspado e Ìyàwó pode tocar atabaques? Pág. 26 Para onde caminha a Umbanda? Pág. 29 Entrevista do Mês: Mãe Elis Peralta Pág. 30 A Umbanda completou seus 103 anos de Fundação em 2011 Pág. 35 Livro do Mês: A Umbanda às suas ordens Pág. 36 Santo do Mês: Nossa Senhora do Rocio, a Mãe padroeira do Paraná Pág. 37 Personalidades Negras: Zumbi do Palmares Pág. 42 Contatos Pág. 47 3
  • 4. Consciência Negra Consciência e com ciência... Consciência negra não é coisa só para negros, mas sim para todos, ne- gros, brancos e de todas as cores, pois, antes de tudo somos iguais. Iguais, semelhantes, esta é a consciência que todos devemos ter. A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro- Brasileira. Com isso, professores devem inserir em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e dos africanos, luta dos ne- gros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da socieda- de nacional. Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir para o resgate das contribuição dos povos negros nas áreas social, eco- nômica e política ao longo da história do país. A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares. Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é u- ma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importân- cia na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888. Porém, hoje as estatísticas sobre os brasileiros ainda espelham desigual- dades entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Há muito o que melhorar. 4 Fonte: IBGE Teen
  • 5. QUEM SÃO OS no Brasil de que os negros estavam u- sando os santos católicos à maneira de BANTUS? feitiços, tal como usavam suas próprias divindades, acrescidos do fato de que Parte II em África, brancos católicos acabavam recorrendo aos poderes e saberes dos sacerdotes tradicionais. Os casamentos de nativos, ou casamentos mistos, eram celebrados na igreja de acordo com os ritos católicos, só que ao som de tambo- res e embalados por crenças nativas. Os enterros e velórios recebiam tanto a benção do padre católico quanto os e- xorcismos e oferendas do sacerdote da terra. A aceitação do catolicismo por parte dos africanos bantu sempre foi POVO BAKONGO tranqüila na África ou no Brasil, mas O s b a k o n g o s sempre de acordo com suas conveniên- e ambundos apresentam uma caracte- cias e decisões. rística que é peculiar a todos os povos bantu, que é a extrema capacidade de No congo, relatam os cronistas, os assimilação e adaptação às condições, santos católicos eram levados em pro- valores e crenças locais. São capazes de cissão e louvados ao lado dos Minkissi o elaborar sucessivas releituras daqueles que causava nos padres Capuchinhos elementos religiosos que lhes são estra- profunda repugnância e revolta. As ir- nhos, recriando sempre e em cada cir- mandades religiosas brasileiras são a cunstância um novo discurso de sua vi- clara demonstração dessa maneira pe- vência e prática cotidiana, acrescidos culiar de como os povos bantu encaram dos elementos até então exógenos a sua a questão da religiosidade. No pensa- cultura. mento mais profundo bantu impera a lei do nguzu ou do móoio, força vital que Quando do contato com os portu- perpassa todos os elementos animados gueses, sobretudo na esfera da religiosi- ou inanimados assim como todos os se- dade adaptaram-se perfeitamente ao res humanos, não humanos e celestiais. catolicismo português, aceitando as no- Tudo possui nguzu e sem ele não há vi- vas divindades e seus atributos, cultuan- da, não há movimento, não há realiza- do os santos católicos ao lado de suas ção. O nguzu diminui ou aumenta de a- próprias divindades. cordo com o procedimento do indivíduo e sem ele o homem torna-se um morto- Debalde clamavam as autoridades vivo. Uma estátua ou um ídolo podem 5 eclesiásticas portuguesas em África ou tornar-se vivos e atuantes de acordo
  • 6. com o nguzu que recebe das mãos da- no outro lado do mundo, e com esses quele que o confeccionou ou daquele conhecimentos, ele, o manicongo, tor- que através de seu próprio nguzu elabo- nar-se-ia um monarca muito poderoso. rou elementos para a sua vivificação. Tu- Por sua vez, o rei português sonhava em do que existe pode receber mais nguzu e solidificar em África alianças que garan- tornar-se mais potente e ao contrário, tissem sua passagem tranqüila para as pode também na mesma medida perder Índias, essa sim, alvo da cobiça comerci- nguzo, tornar-se impotente e findar-se. al portuguesa. A aliança entre os dois Segundo a lógica bantu, Kalunga, aquele monarcas teve como conseqüência a que se criou a si mesmo, ou Nzambi Am- cristianização do congo, num primeiro pungo, o grande criador, é a fonte de to- momento, e a implantação do escravis- da a potência e dele emana nguzu conti- mo comercial e da dominação portugue- nuamente, por isso sua criação é eficien- s a e m Á f r i c a . te, presente e contínua. Os bakongos, hoje, ocupam as pro- Os bakongos foram o primeiro po- víncias angolanas de Cabinda, Uíge e Zai- vo a ter contato com os portugueses, em re, onde nesta última se localiza a antiga 1483, através do navegador Diogo Cão capital do reino do Congo. É a terceira que aportou na foz do Rio Zaire. O nave- maior população de Angola e suas pro- gador foi acolhido pelo Mani de Soyo, vinciais situam-se a noroeste do país. dignitário de uma província do noroeste São agricultores e sua principal fonte de do Reino do Congo na época em que go- alimentação está no plantio da mandio- vernava o Reino o manicongo Nzinga a ca, que consomem crua, cozida ou em Nkuwa, que reinava da capital Mbanza forma de farinha. É um povo que se or- Kongo, a alguns quilômetros terra aden- ganiza em clãs e tem na Kanda, o clã por tro. O contato com os congoleses foi a- descendência matrilinear, seu maior es- mistoso e Diogo Cão levou alguns bakon- teio e apoio. Há um provérbio congolês gos consigo para o reino, cujo monarca que diz: Alguém apanhado fora do clã e representava e também deixou alguns como um gafanhoto sem asas. homens em terra do manicongo. Quan- Na esfera religiosa, grande parte é cristã do retornou em 1485 os quatro bakon- desde o século XVI por influência portu- gos que haviam passado dois anos em guesa, mas continuam a professar sua Portugal fizeram relatos muito positivos religião tradicional. De acordo com suas ao Rei sobre os novos instrumentos de concepções religiosas cada pessoa com- guerra que conheceram, as novidades põe-se de quatro elementos: o corpo que viram, o que impressionou vivamen- (nitu), duas almas, uma espiritual e ou- te o Rei. Essas informações convenceram tra sensível ( moio e mfumu kutu ) e um o Manicongo a enviar uma embaixada nome (Zina). O deus criador é Nzambi ao rei português, D.João II com o objeti- Ampugo, mas raramente se dirigem dire- vo de aprender com os portugueses tu- tamente a ele e sim por intermédio dos do aquilo que seus súditos haviam visto antepassados, os bakulus ou os Minkissi. 6
  • 7. CRENÇAS BAKONGO coisas, pois, segundo ele, o bom comple- menta o ruim, o falso complementa o verdadeiro, e assim por diante. Tudo po- de ser feito pelo homem, todas as ações são possíveis e factíveis, apenas ao ho- mem não é dado conhecer o segredo da vida, o nó feito por Nzambi ao fechar o saco da criação. Quando o homem des- cobrir e compartilhar esse segredo com Nzambi o saco da criação se autodestrui- rá porque o segredo da vida foi desven- dado e esse só Nzambi pode saber. Como todos vivem no mesmo saco da existência a comunidade é composta não apenas dos homens vivos, mas tam- bém dos homens mortos (os antepassa- dos) e daqueles que estão para nascer. Nenhuma atitude mais séria, ou uma a- ção mais objetiva são tomadas na comu- Para os bakongos Nzambi Ampun- nidade sem antes se consultar o ante- go é o deus criador que se criou a si passado, ou um Nkissi. Daí que a figura mesmo ou é o incriado. Como primeiro do Nganga, o sacerdote é muito impor- ato de criação, Nzambi criou um grande tante entre esse povo. saco colocando nele todas as coisas ne- cessárias a sobrevivência do homem. Depositou ali o ar, a terra, a água, o fo- go, os animais úteis e perigosos ao ho- mem, as plantas comestíveis e veneno- sas, a maldade e a bondade, ou seja, tu- do que fosse necessário para o homem viver em harmonia. Criou também as di- vindades, boas e más, as atitudes, a saú- de e a doença. Feito isso, Nzambi deu um nó na boca do saco, selando com es- se nó o segredo da vida, pertencente a- penas a Nzambi e a ninguém mais. Para o homem bakongo, viver bem é viver de acordo com as leis da nature- Por Profº. Dr. Sérgio Paulo Adolfo za, buscando a harmonia entre todas as (Tata Kiundudulu) 7
  • 8. Criação do Mundo segundo a Tradição Bantu Segundo a história tradicional contada pêlos mais idosos e categorizados Nganga (sacerdotes) de tribo bantu (Angola), que todos os povos negros descenderiam dos Bungu e estes diretamente do Nzambi (Deus Supremo da mitologia bantu). Eis a história tal qual foi contada, da criação do Mundo e a ascendência divina destes povos. Nzambi, a quem também chamam Ndala Karitanga (Deus criador de si próprio), Nzambi ia Kalunga (Deus Supremo e Infinito) e Nzambi Ampungu (Deus Poderoso), depois de ter criado o Mundo e tudo quanto nele existe , criou uma mulher para que fosse sua esposa e para que, por seu intermédio, pudesse ter descendência humana, a fim de que esta povoasse a Terra e do- minasse todos os animais selvagens, por ele criado. Disse a sua esposa que passaria a chamar-se Ná Kalunga, em virtude da filha que iria dar a luz, se chamar Kalunga. Com efeito, tal como Nzambi tinha anunciado, passados nove meses, nasceu sua filha. Esta foi crescendo como qualquer criança normal, junto de seus divinos pais, na Sanzala dia Nzambi (aldeia de Deus). Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou Ná Kalunga, sua es- posa, que tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que após três meses retornaria. Esta resolução não agradou à divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acom- panhasse. Porém Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto que, além de seu marido, era também seu Deus. Contrariada, mas impotente para obrigar Nzambi a desistir do seu intento, limitou-se a deixar ir à filha com o pai, enquanto ela ficou a chorar amargamente. 8
  • 9. Logo que anoiteceu, Nzambi, instantaneamente, construiu uma Kuabata (palhoça), na qual instalou uma só cama. Ao ver único leito, a filha recusou-se a dormir com o pai e saiu, a cho- rar da cabana. Ao ver a recusa da filha e não podendo convencê-la de outra forma, disse-lhe que se não viesse imediatamente para junto dele, seria devorada pelas feras que infestavam a floresta. Transitada de medo pelo que acabava de ouvir, Kalunga entrou novamente na cabana, deitou-se junto de seu pai e com ele dormiu não só naquela noite, mas durante todo o tempo que durou a viagem. Finda esta, regressaram a casa e, Ná Kalunga, tal como tinha previsto, veri- ficou que a filha estava grávida do próprio pai. Enraivecida pelo fato e pelo desgosto, no meio das maiores blasfêmias, enforcou-se numa árvore, perante os olhos atônitos da filha e de Nzam- bi, que nada fez para evitar tal suicídio. Desgostoso pela atitude da mulher, que não compreendeu os seus desígnios para povoar o Mundo que ele tinha criado, mostrando ser indigna de continuar a ser esposa daquele que lhe tinha dado o ser, em vez de lhe dar vida, novamente, a amaldiçoou e transformou-a num espíri- to maligno, a quem deu o nome de Mulungi Mujimo (ventre ruim da primeira mãe que existiu na Terra). A partir dessa altura, Nzambi passou então a viver maritalmente com sua filha Kalunga, a qual depois da morte da mãe passou a chamar-se também Ndala Karitanga e a ser a segunda divindade. Algum tempo depois da morte de sua mãe, durante um sonho, teve uma visão que deixou apavorada. Viu a mãe com a cabeça apoiada nas mãos, a olhá-la com rancor e a insultá-la, di- zendo que ainda ia devorá-la, enquanto ela envergonhada, pedia perdão a mãe e dizia que de nada era culpada, posto que, seu pai a tal a tinha obrigado. No meio desta aflição, acordou e contou ao pai o pesadelo. Este a sossegou, dizendo-lhe que nada receasse daquela que tinha sido sua mãe e que agora era espírito mal, pois nenhum mal lhe poderia fazer, mas apenas lhe pedir comida. Portan- to, disse Nzambi, vamos dar-lhe. Levantaram-se ambos e Nzambi preparou um pequeno montículo de terra, junto da porta casa simulando uma sepultura. Disse ele então a filha, que fosse buscar carne e outra comida e a pusesse sobre aquela sepultura, proferindo, ao mesmo tempo, as seguintes palavras: Mam’é nzanga ua-ku-kurila. Halapuila kanda uiza kuri yami nawa: ny ngu-na-ku mono nawa, ngu n’eza ny ku ku cheha (minha mãe acabo de vir chorar-te; agora, não voltes a ter comigo outra vez, porque se volto a ver-te, venho matar-te). Nzambi (aldeia de Deus). 9
  • 10. Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou Ná Kalunga, sua esposa, que tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que após três meses retor- naria. Esta resolução não agradou à divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acom- panhasse. Porém Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto que, além de seu marido, era também seu Deus. Chegado que foi o tempo, Kalunga deu à luz um filho ao qual Nzambi deu também, o no- me de Ndala Karitanga, passando este a ser a terceira divindade. Logo que o seu filho-neto cresceu e atingiu a adolescência, Nzambi ordenou-lhe que ca- sasse com sua mãe Kalunga, para que esta concebesse dele muitos filhos de ambos os sexos, a fim de povoarem a Terra e dominarem todos os animais. Cumprindo as ordens de Nzambi, sua filha e seu filho-neto casaram e tiveram um filho e uma filha. Quando estes chegaram à maioridade, Nzambi ordenou, então, que o primeiro casasse com sua mãe e a filha casasse com seu pai, dizendo que já não se justificava a primeira união que ele tinha ordenado, informando-os, ainda que depois daquelas uniões, as seguintes se fizes- sem sós entre primos. Por fim, depois de lhes ter ensinado tudo o que deveriam fazer, para a que sua descendência crescesse e multiplicasse, para que lutasse contra as doenças e os 10
  • 11. feitiços que um dos descendentes do sexo feminino, viria a possuir, porque ele lhes lega- ria. Disse, também, que viriam outros descendentes divinos e que após deixarem a vida ter- rena, cada um dentro de sua atribuição, iria supervisionar o mundo que ele havia criado. Nzambi despediu-se de todos, chamando depois, o seu cão, que sempre o acompanhava, dirigiu-se para à Sanzala Kasembe diá Nzambi (Aldeia Encantada de Deus), e dali subiu para o espaço, levando consigo o cão. Naquela altura as rochas estavam moles, por terem sido formadas a pouco tempo. Ainda hoje se podem observar as pegadas esculpidas, numa rocha ali existente, especialmente do pé direito de Nzambi, assim como da pata dianteira do seu cão, estas pegadas existem também em diversas outras rochas espalhadas por toda a África, incluindo Angola.(vide pré - história da Lunda do autor). Foi, pois, dali, que o Nzambi subiu à TCHEUNDA TCHA NZAMBI (aldeia de deus), ou céu como nós lhe chamamos, onde se conserva, através dos séculos, para recompensar os bons e cas- tigar os maus. A pergunta feita a diferentes sacerdotes bantu, como é e quem foi que criou Nzambi, e- les responderam que, sendo ele Ndala Karitanga, se deve ter criado a si mesmo e que tudo o mais é mistério que jamais alguém conseguiu ou conseguirá desvendar. A resumida lenda que acabamos de expor, foi contada por dois velhos naturais da região do Sombo, conselho de Camissombo. Um chamava-se Tchinjamba Sá Fuca e o outro Sá Hongo, ambos já falecidos. O primeiro morreu no Luaco, o segundo faleceu na sua terra natal com cer- ca de 90 anos em 1994. 11
  • 12. Comprovação feita pela Seção de Arqueologia e pré-história do Museu do Dundo-Angola, de que são originais e não forjadas por mãos humanas. Segundo as indicações dos nativos, a Sanzala Kasembe diá Nzambi, situa-se entre os rios Luembe e Kasai, junto da nascente do Mbanze. Dão-lhe estes nomes, por estar perto do Meue (estrangulamento) do Kasai. Neste ponto, o rio tem apenas cerca de quatro metros de largura. Segundo a tradição oral, foi junto à nascente do Mbanze que se estabeleceram, primeiramente, os chefes e autoridades divinas, Ndumba ua Tembu, Muambumba, Muaxisenge e outros, quando fugiram à soberania do Muatianvua. Foi naquele mesmo ponto que mais tarde, reuniram-se novamente, e ali planearam a separação e distribuição de terras que cada um deveria ocupar.  Lenda é a narração escrita ou oral de caráter maravilhoso, na qual os fatos históri- cos são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação poética *.  Nzambi s.m. – Deus Criador. Autor da existência e de suas características domi- nantes - o bem e mal. Conquanto seja o Ente supremo, não rege diretamente os destinos do Universo. No tocante ao nosso planeta, serve-se de intermediários a entidade espiritual. Em face das atribuições de que se revestem, assumem o caráter de semideuses. Por efeito desse privilégio, é a elas, pois, a quem os crentes se dirigem em suas emergências. Decorrentemente, a quem prestam culto. Enquanto as entidades espirituais permanecem nas profundezas do globo. Nzambi paira em toda parte, sem lugar determinado. Pelo alheamento a que votou os problemas mundanos, só são invocados em última instância. Tal como noutros povos, também existem sinônimos para de- signá-lo, Kalunga, Lumbi lua Suku, etc. Kalungangombe, o juiz dos mortos, tem o poder de suprimir a existência. Mas, se Nzambi não concordar com a decisão, o mortal continuará subsistindo. Portanto, intervém quando neces- sário. Do Livro: Crenças, Adivinhação e Medicina Tradicionais dos TCHOKWE do Norte de Angola Por Tata Mungangaiami, Curitiba–PR. 12
  • 13. CULTURA VÒDÚN, A NAÇÃO JÈJÍ NO BRASIL Como costume da maioria dos povos no mundo, o culto aos antepassados é um elo com o passado que dá sentido e justifica o presente e faz projetar o fu- turo. Esse tipo de culto é movido pela admiração, saudade e também utilizado como um oráculo de orientação e aconselhamento. A terminologia ´´Vòdún´´ é designada para explicar os fenômenos da natureza e como deificação de ances- tral. Este é um costume dos Povos que habitam o Benin, Togo, Gana e Nigéria. Fazendo um recorte étnico poderíamos falar que tal nome ´´Vòdún´´ é usual dos Povos Fòn, Gún, Ajá (antigo Èwé), Bariba e Somba. Falando sobre Vòdún, podemos dizer que um grande raio que cai sobre u- ma árvore pode ser chamado de Vòdún e como um ancestral que teve uma gran- de relevância aos olhos de um povo também pode ser elevado ao status de Vòdún. Em sua pátria-raiz, o Benin, o Culto aos Vòdún é de extrema importância para constituição familiar, fazendo um tipo de organograma de importâncias e or- ganizando a questão hierárquica dentro da chamada ´´ Hε̆nnù´´ ou família. O culto também é importante como resgate e manutenção das tradições mais re- motas das famílias tradicionais do Benin e assim mantendo-se vivo o elo com o passado. 13
  • 14. O Culto preserva muito a questão familiar tendo em seu mais velho o cha- mado ´´Hε̆nnùgán´´ ou também conhecido como ´´Dàá´´ o Grande Patriarca. Entrando no âmbito religioso e apoiado nos costumes familiares a religião Vòdún ´´Vòdúnsínsɛ́n´´ é organizada por clãs como as famílias no Benin são organiza- das e com o mesmo cunho orgranomático onde os Vòdún são divididos por clãs. E cada clã tem o seu fundador chamado de Akɔ̀ Vòdún que é a liderança e o mais respeitado, ele também recebendo o nome de Gbenúgán, Akɔ̀ nɔ̀ , Akɔ̀ sú ou Dàdá/Dàá. Existem outras variáveis de nomenclaturas para tal cargo dependendo do costume de cada povo ou família. Também é atribuído a cada Vòdún um do- mínio de algum fenômeno da natureza ou costume como a caça, pesca, guerra, agricultura e afins. O que nós conhecemos como Culto Vòdún com tais divisões e organização foi fruto do pensamento de um revolucionário que viveu entre os séc. X e XI com o nome de Yegú Tennú Gesu, filho do Rei Tenú Gesú da cidade de Tàdó que mais tarde o jovem Yegú seria conhecido como Agàsú (O Bastardo), Ajáhutɔ́ (O matador de Ajá), Kpɔ̀ ví (O filho da pantera), Kpɔ̀ sú (A Pantera- macho), Dàdáxó (O grandioso Patriarca) e como Kɔ̀ kpon (O rei fundador da ter- ra). Ele foi o fundador da cidade do Allada e seus filhos fundaram muitas cidades e como principais a cidade do Dànxomɛ̀, Glènxwé, Ajácɛ́ ou Hògbònú (Porto No- vo). O culto tem uma divisão básica entre dois elementos: Àyì (Terra) e Jí (Céu) e assim temos os Àyìvòdún que seriam os Vòdún ligados aos elementos e fenô- menos da Terra que é encabeçado por Sàkpàtá e os Jívòdùn que seriam os Vòdún ligados aos elementos e fenômenos do céu que é encabeçado por Xɛbyosò. Dentro desta divisão existem subdivisões e classificações como exem- plo: Àyìvòdún: Vòdún da terra Zùnvòdún: Vòdún da floresta. Atínhùnvé: Vòdún que habita o interior das árvores. Não seria: àtín- mɛ̀vòdún ou Àtínvòdún Sòvòdún: Vòdún do trovão e raio. Tɔ̀ vòdún: Vòdún das águas Hε̆nnùvòdún: Vòdún de ancestrais reais. Em relação às práticas religiosas existem tanto no Benin quanto no Brasil cerimônias públicas e privadas. Isto é uma característica do Culto Vòdún e a par- ticipação da comunidade é de extrema importância, pois as festas públicas são realizadas para o contato dos ancestrais com os seus descendentes, assim acon- tecendo uma troca importantíssima entre o passado e o presente. No Benin os cultos mais importantes são dos Hε̆nnùvòdún por estar mais próximo a uma rea- lidade atual, porém existem os cultos tradicionais que podemos destacar três: Xɛbyosò, Sàkpàtá e Dàn. No Brasil a herança dos cultos reais pouco ficou, mas dos três principais Vòdún, sim! 14
  • 15. Em suma, podemos dizer que o Culto Vòdún é basicamente uma forma de cultuar ancestrais e fenômenos da natureza. Estes dois misturam-se quando o culto é praticado assim como, exemplo: Sògbó é um Vòdún ancestral ligado ao poder do raio. No Brasil, algumas formas de Culto chegaram como O Kerebetãn de Zòmádonù (Tradição dos Mina/Dànxomé - Maranhão), Os Tambores do Egito e Turquia (Tradição Ewe, Fanti, Ashanti e Ajá – Maranhão), Zo godo Bogun Male Hundó (Tradição dos Maxí/Bariba - Bahia), Xwe Sejá Hùn De (Tradição dos Maxí/ Bariba - Bahia), Xwe Kpo Zenhen (Tradição dos Aja/Ayizo – Bahia), Xwe Kpo e Ji (Tradição dos Maxí/Savalú - Bahia), Casa Amarela (Tradição dos Fòn/Dànxomé – Pernambuco), Xwé Kpɔ̀ Dàgbá (Tradição dos Màxí/Alàdá – Rio de Janeiro) e também em algumas casas no Sul do Brasil dentro do costume do rito Batuque. Em relação à relevância do nome do Culto no Brasil temos O Kerebetãn (Xwélegbetan) de Zomadonu com os Cultos Reais, Os Tambores com os Vòdún Togolêses e Ganêses, Zo Godo Bogun Male Hundó com o culto aos Sòvòdún, Xwe Se Já Hùn De com os cultos a Dàn e Sàkpàtá, Xwé Kpɔ̀ Dàgbá com o culto a Sakpatá, Gú, Dàn, Atòlú e Jɔ̀ . Por Ralph Mesquita (Doté Vodùnnò Zodaáví Fasóví Xebyososí) 15
  • 16. ÒRÌSÀ DO MÊS Egúngún, o Ancestral que vence a Morte (Esquecimento) Egúngún, o que é? Um culto? Uma atividade folclórica? Uma divindade? Um conjunto de divindades? A representação dos mortos? Em fim... O que é e para que é que serve Egúngún? Você quer descobrir? Se você amigo leitor, deseja realmente entender um pouco mais sobre isso, viaje comigo nesta leitura e desvende alguns dos vários mistérios que envolvem essa Divin- dade: EGÚNGÚN. Egúngún é uma palavra só, que representa muitas coisas, primeiramente é preci- so entender que Egúngún é o culto aos ancestrais veneráveis do sexo masculino, note que a palavra venerável designa pessoas veneráveis, ou seja, não é qualquer ancestral. Na visão tradicionalista yorùbá, um homem, para se tornar um ancestral venerável, pre- cisa concluir algumas etapas na vida material e espiritual. Algumas delas são: Ser inici- ado, especialmente em Ifá, que é o grande revelador do destino humano. Ter cumprido as determinações de Ifá, ter sido um devoto ou sacerdote de òrìsà sério e comprometi- do, ter após seu falecimento, sido submetido aos rituais de ajéjé (rituais fúnebres). No campo material ele necessita de algumas coisas como, ter adquirido casa própria, constituído família (ter muitos filhos), ter atingido idade avançada (mais de 60 anos de idade), ter uma influência social e familiar muito grande. Esses são alguns dos requisi- tos necessários para que um homem, após seu falecimento, seja considerado pela 16
  • 17. Awòrìsà) a comunidade, a iniciação em qual- quer òrìsà, tem como objetivo principal tor- nar aquela pessoa um membro do culto da- quela determinada divindade. No Brasil, tal- vez pelo egoísmo de nosso povo, foi aglo- merado, num mesmo sacerdote, várias fun- ções, que faz com que o mesmo, indepen- dente de ser iniciado ou não em determina- do òrìsà, inicie outras pessoas, não conde- no isso, porém isso foge do principio de que, só podemos dar aquilo que temos. Sen- do assim, só posso dar o àse de Òsun para alguém, se eu tiver este àse, se não, o máxi- mo que posso fazer é indicar alguém de confiança que o tenha. Na Nigéria é assim que funciona, uma pessoa pode perfeita- mente, ser iniciada em quantas divindades quiser e PUDER, para isso existe Ifá, para mostrar a necessidade daquele determinado Orí (cabeça). Logo, qualquer culto tem seu grupo de devotos e sacerdotes, que podem adorar sociedade yorùbá, um ancestral vene- outras divindades, sem problema, mas, sa- rável, ou seja, um homem digno de culto, bendo que cada culto e cada divindade tem um membro da sociedade Egúngún. sua forma e suas particularidades. Ora, eu disse sociedade egúngún cer- to? Certo! Pois é isso que egúngún é, uma sociedade que representa os ancestrais masculinos dignos de culto. Além disso, a palavra egúngún repre- senta um òrìsà, ou seja, uma divindade que lidera e representa essa sociedade. Muitos dizem que egúngún não é òrìsà, o que é um grande equivoco, pois, na visão yorùbá, tu- do aquilo que é cultuado para trazer benefí- cios aos seres humanos, é considerado òrìsà. Assim como, tudo aquilo que é APE- NAS (veja, APENAS) apaziguado para não prejudicar o homem é considerado um ajó- gun. Sendo, egúngún um òrìsà, porque ra- zão seu culto é diferente das demais divin- dades? Eu digo! Pelo simples fato de que nenhum culto é igual ao outro! Ifá é òrìsà, porém possui um culto e símbolos diferen- tes das demais divindades, assim como Ògún, Òsàlá, Òsun e muitas outras divinda- des. Todas possuem suas particularidades, logo, é preciso entender que a iniciação visa muito mais que fazer uma festa no domingo e apresentar o Ìyàwó (Adósù, Elégùn, 17
  • 18. Voltando à Egúngún, bem, já sabemos que além de tudo, egúngún é um òrìsà com um culto diferenciado, mas é uma divindade que auxilia o ser humano em seu desenvolvimento material, mental e espiritual, agora nos resta saber pra que serve essa energia, certo? Bem, egúngún pode ser saudado, evocado e reverenciado por vários motivos, alguns deles são: Òkànràn méjì: Mostra a necessidade de se cultuar egúngún para que o ancestral não fique em esquecimento e para que a vida de seus descendentes seja de alegria e felicidade. Òfún méjì: Mostra a necessidade de agradar egúngún para evitar que o espirito de uma criança abortada (propositalmente) retorne na forma de Àbíkú. Òwónrín méjì: Mostra a necessidade de cultuar egúngún para que a pessoa volte a dormir bem, pois pode estar sendo vítima de algum ègún (espirito maléfico). Lembrando que, Egúngún representa a divindade e o culto, em quanto Égún representa um determinado ancestral venerável, já a palavra Ègún representa qualquer espírito que esteja perdido e que se alimenta da energia vital das pessoas, causando à elas insônia e outros tipos de problemas. Egúngún também é muito cultuado para que a pessoa tenha longevidade, saúde e resistência. É usado também para solucionar problemas na família, ou seja, o espirito continua orientando os descendentes nos assuntos familiares. Egúngún também pode quebrar com certas negatividades que perseguem uma mesma família por 7 gerações, ou seja, se aquela família sofre muito com mudanças por 7 gerações, o problema pode estar em algum erro cometido por algum ancestral, que só será solucionado através do culto de egúngún. 18
  • 19. Elas podem descobrir o awo de Ìgúnnukò Elas podem assistir Agemo Porém, elas não podem descobrir o awo de Orò.”(...) Awo é uma palavra que possui vá- rios sentidos, nesse seria segredo. Ìgúnnukò e Agemo são outros tipos de culto aos ancestrais. Para Egúngún podemos oferecer de tudo, uma comida que algum ancestral nosso gostava, bebidas e etc... Porém, as oferendas prediletas do Òrìsà Egúngún são: Èko (akassa), Àkàrà (acarajé), Obì, Orógbó, Otí (Gyn) e Àgbò (carneiro). Por último, desejo falar sobre a polê- Lembremos que, a religião dos ori- mica: MULHER X EGÚNGÚN, PODE OU xás é uma religião INICIÁTICA, ou seja, pa- NÃO PODE? ra fazer certas coisas é necessário ter INI- CIAÇÃO, pois só através dela que se ad- SIM, PODE! O porquê, eu explico: quiri o axé para colocar em prática certos Mulheres também possuem pai, avô, conhecimentos e até se aprofundar mais. E bisavô e etc... Certo? Certo! Logo, o que as no que se diz respeito à Egúngún, isso de- impediria de terem contato com o culto de ve ser levado muito a sério, há uma orin egúngún? Nada! (cântico) que explica bem isso: Na Nigéria, algumas mulheres, por orientação de Ifá, precisam cultuar egún- gún e são iniciadas neste culto, esta são as Ìyá-agan. Elas possuem uma responsabilidade igual a dos Òjè e Olójè, a diferença é que as mulheres não podem vestir a roupa, is- so a tarefa para os homens. No Brasil este interdito foi criado por algum motivo, que realmente desconheço, talvez pelo fato de terem associado aqui, egúngún à uma outra energia que repre- senta os ancestrais masculinos, esta cha- mada de Orò, que de fato, as mulheres não podem ter nenhum tipo de envolvimento. Há uma cantiga de Orò que a tradu- ção seria mais ou menos assim: “A mulher pode descobrir o awo de Gèlèdè Elas podem descobrir o awo de E- gúngún, 19
  • 20. “Bàbá ímàlè Mo le o, Bàbá ímàlè Ogberi to l’oun fé seré awo Bàbá ímàlè le o!” (...) “O pai dos imalé É bravo! O pai dos imalé Com o não iniciado que quer descobrir o awo (segredo)” (...) Ousar a praticar atos que você nunca viu, ou a evocar e alimentar energias que vo- cê desconhece, é um risco muito grande! Tudo tem seu tempo e sua hora, por isso, tenha Súùrú (paciência). Eu Zarcel Carnielli (Ilésire) espero que este texto tenha lhe ajudado a desvendar um pouco, dos muitos mistérios criado em torno desta energia, agradeço ao amigo Hérick Le- chiski pelo espaço e ao meu amigo e sacerdote Bàbá Olójè Àpésì (Rasaki Sàlámì Sàláwu), que me ajudou e muito a escrever essa matéria. Desejo à todos que o Àse de Egúngún os acompanhe por toda a vida! Ire o! Por Zarcel Carnielli (Bàbá Ilésire Òsàlásínà Omigbàmi) Ilé Àÿç Àpésì Ôlöõjê Templo de Culto Tradicional Iorubá São Paulo - SP Bàbálöòrìsà e Ôlöõjê Rasaki Tel: 11 6448-9094 20
  • 21. ODÙ DO MÊS Quando a Morte (Ikú) veio à Terra (Àiyé) pela primeira vez, venho através deste signo (Odù). Por isso Õyêkú rege tudo que esteja ligado a Ikú. Rege o Ajéjé (culto fúnebre) e tudo que estiver ligado ao mesmo. Regendo também as al- mas desencarnadas. Sob a regência deste Odù, vieram ao Mundo os peixes, o couro do Crocodilo, o focinho do Hipopótamo, o chifre do Rinoce- ronte e todos os animais e aves Õyêkú méjì Noturnas. O Odù da Morte Foi através deste Odù, que os seres humanos aprenderam a comer peixes. Õyêkú méjì, Èjì Õyê ou Èjì Ôlögbôn é o segundo (2º) Odù Este Odù possui domínio na ordem de Ifá, fala no sobre as nodosidades das Árvo- Mërìndínlógún Ifá (Jogo de bú- res e também sobre os nós das zios) com treze (13) búzios a- cordas. bertos e três (3) búzios fecha- dos. É um odù de natureza fe- É um signo bastante peri- minina, ligado ao elemento á- goso, rege a Madrugada. gua, regente do Oeste. Õyêkú méjì (Èjì Ôlögbôn) é - Àwon Òrìÿà que falam neste o oposto (complemento) de Èjì Odù = Ìyámi Odù (Odùlogboje), Ogbè (Èjì Onílê), enquanto Èjì Nàná Bùkúù, Sõnpõnná, Egúngún, ogbè é a Luz, Õyêkú méjì é as Ômôlú, Ôlökun, Yèmôja, Abíkú. Trevas. Enquanto um é a vida, o outro é a morte, Ogbè rege o - Suas cores = O Negro (dúdú). Dia, Õyêkú rege a Noite. Ogbè rege o Sol (Òòrùn), Õyêkú rege a - Suas folhas = Tëtë Lua (Òÿùpá). (Amarunthus viridis – Caruru), 21
  • 22. Ewé egbo, Ôsàn, Wëwë, Etípönlá (Boerhaavia diffusa – Erva tos- tão), Àgbáyun. - Corpo Humano = Rege o maxilar superior. - Os filhos deste Odù = As pessoas nascida sob este odù (signo) são pessoas bastante negativas, mesquinhas, que só pen- sam em si. Velhos, ranzinzas. São perturbadas por ègún (espíritos perdidos) e devem cultuar Egúngún (Ancestrais) para obterem re- alizações. Devem tomar cuidado com acidentes e mortes prema- turas. Devem estar sempre bem amparados espiritualmente. Quando assim estão, serão pessoas prósperas, porém pão-duras. Alguns filhos deste odù, geralmente são Abíkú. Geralmente pos- suem problemas de sangue. - Èwò’s deste Odù = As pessoas que nascem neste odù, não de- vem comer ave de rapina (qualquer uma), não devem usar perfu- mes fortes, roupas vermelhas, não podem beber vinho de palma, não devem cultivar plantas e flores espinhosas e nem oferecê-las em oferendas às Divindades (Irúnmôlê), não podem destruir for- migueiros, devem evitar utilizar-se de amuletos e o principal, to- car em coisas mortas (animais, pessoas, etc.). Odù em Ire – Positivo Este Odù em Ire fala de Vida Longa, mudanças favoráveis, fim de situação difícil e sofrimento, o recebimento de conselhos que de- vem ser seguidos. Prosperidade. Vitória sobre Inimigos, descobri- mento de pessoa falsa (falso amigo). Fidelidade amorosa. Fim de brigas amorosas. Manter sempre a calma para atingir realizações. Boa Intuição. Tudo que for realizado a noite terá sucesso. Bên- çãos de Egúngún. 22
  • 23. Odù em Ibi – Negativo Este Odù em Ibi fala de Morte prematura, doenças, principalmen- te de sangue, no maxilar superior e bexiga, depressão. Fim de si- tuações agradáveis, notícias desagradáveis chegando, cansaço, esgotamento. Evitar tomar decisões. Vitória dos Inimigos, traição e vingança por parte dos inimigos. Falta de dinheiro, desempre- go, caminhos fechados. Problemas emocionais, rompimento amo- roso sem volta. Doenças em casas. Problemas com abortos (Abíkú). Pessoa sofrendo perturbações psíquicas, obsessões, pes- soa vê fantasmas. Problemas com Ègún e Egúngún, não vestir roupa preta e nem sair após as 00h00min. Por Hérick Lechinski 23 (Ejòtolà T’Òsùmàrè)
  • 24. FOLHA DO MÊS Tètèrègún – A Folha da Vida e da Morte É da regência de Obàtálá e Bàbá Egúngún. Uma das folhas mais utilizadas dentro da Liturgia do Culto a Òrìsà no Brasil (Candomblé) e na Nigéria (Èsìn yorùbá). Folha de grande importância e fundamen- to, e isso se dão ao fato, de Tètèrègún ser capaz de proporcionar a Vida ou a Morte a alguém. A mesma é utilizada em Iniciações (Igbèrè), na sacralização de elementos ri- tualísticos, em magias e medicinas = Oògùn, etc. No Brasil, é uma das oito (8) principais fo- lhas (ewé) que fazem parte da composi- ção do Àgbo (mistura vegetal) que banha o Iniciado (Ìyàwó) no período de reclusão Nome Yorùbá = Tètèrègún, Tètè Egún, para seu Orixá. Representando a Morte Tètèègúndò. (para a vida profana) e a Vida (nascimento Nome Bantu = Mueki Rizanga. para a vida religiosa). É também capaz de Nomes Populares = Cana-do-brejo, Cana- provocar o transe em omo Obàtálá (filhos de-macaco, Cana-do-mato, Sanguelavô, de Oxalá), omo Sàngó (filhos de Xangô) e Sangolovô, Ubacaia. omo Ògún (filhos de Ògún). Nome Científico = Costus spicatus. É uma das principais folhas de Obàtálá Tètèrègún é uma folha nativa do Brasil, é (Oxalá), sendo utilizada em quase todos encontrada em todo o território nacional os ritos que se utilizam de folhas, para o e também e outros continentes. Grande Rei do Pano Branco. Folha Gún (de exitação), Masculina, ligada Medicinalmente a Cana-do-brejo é utiliza- ao elemento Ar. da no combate a solitárias, vermes e prin- cipalmente nos casos de cálculos renais. 24
  • 25. “Têtêrêgún òjò do m’pá Têtêrêgún òjò wo bi wá” Têtêrêgún é como a chuva que mata. Têtêrêgún é como a chuva que dá vida. Por Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè) ————————————————————————- 25
  • 26. Existe Ògán Raspado e Ìyàwó Pode Tocar Atabaques? Para responder essas perguntas, precisamos discorrer um pouco sobre o que é Ìyàwó e o que seria Ògán. Há uma grande polêmica acerca do tema em título. Hoje, sobretudo no Sudeste, há uma grande discussão em relação se aqueles que foram iniciados na Religião dos Òrìsàs, Raspados, “Adoxados”, contudo não são manifestados por Òrìsà (rodantes), seri- am ou não Ògáns. Nesse aspecto, afirmo de forma indubitável, com toda a segurança que não, ou seja, Ògáns Não São Raspados! Face ao exposto, surge a indagação: Àqueles que são raspados, “adoxados”, entretanto não são manifestados por Òrìsà, seriam o que, então? Respondo categoricamente: Ìyàwó – Iniciado na Religião do Culto aos Òrìsàs - Candomblé! Hoje, infelizmente, pela falta de cultura e, sobretudo, pela falta de interesse à busca da informação correta, muitos crêem que o “ato de tocar atabaques” está corre- lacionado ao tipo de iniciação, o que é uma inverdade. Nesse sentido, não há óbices re- ligiosos fundamentados que interditem um Ìyàwó homem que não manifeste Òrìsà, em tocar atabaques. Aqui, posso mencionar uma lista de Grandes Tocadores, todos não Ògáns, que são respeitados pela sua arte musical, inclusive por Ògáns e, chamados por muitos de Ògáns. O fato da confusão generalizada em acreditar que um Ìyàwó Raspado que não é manifestado por Òrìsà seja Ògán e não Ìyàwó em grande parte, deve-se aos próprios sa- cerdotes, vejamos: 26
  • 27. O indivíduo que entra em uma Casa de Candomblé, antes mesmo de ser suspenso, confirmado, ou iniciado, mas que não é manifestado por Òrìsà é chamado pelo sacerdo- te como? Ògán! Seus “irmãos”, o chamam de qual forma? Ògán! Como ele se autodeno- mina? Ògán! Quando esse indivíduo (“Ògán”) adentra oficialmente na religião, se ao invés de ser confirmado como ògán, ele for raspado e adoxado, ele está sendo iniciado como Ìyàwó? Portanto é Ìyàwó - e não Ògán. Não obstante, todos, inclusive seu Sacer- dote continuarão (via de regra é isso que ocorre) a chamá-lo de Ògán e não Ìyàwó! Ali- ás, se perguntarmos aos Sacerdotes, uma definição sobre Ògán, a maioria será breve e dirão erroneamente: Ògán é o indivíduo homem que não é manifestado por Òrìsà, sem discorrer sobre os pormenores com acuro. Desta forma, observa-se que esse erro comum, decorre do processo de aprendiza- gem do noviço na religião. No exemplo supracitado, o correto, independente de manifes- tar ou não, o noviço deverá ser considerado “Àbían”. O fato do Àbían não manifestar Òrìsà, a priori não lhe concede a posição de Ògán. Esse “status”, além de indevido, gera as inevitáveis dúvidas sobre o tema em questão, principalmente no futuro da vida reli- giosa desse noviço. Ante a afirmativa acima; o que seria um Ògán? À luz do Candomblé Tradicional Baiano, Ògán é o indivíduo (Homem) que não é manifestado por Òrìsà, mas que é CONFIRMADO (E NÃO INICIADO). A princípio, esse Ògán, em suma, é “apontado” (escolhido) por um Òrìsà em alguma determinada festa, ou mesmo função dentro do Ilé Òrìsà. Na ocasião, esse Ògán é “suspenso”, por outros desta confraria. Daí, o advento do termo “Ògán Suspenso”. Deste momento, à diante, es- se indivíduo passa a executar tarefas no Ilé Òrìsà, sem cunho religioso. Posteriormente, a Ìyálòrìsà/Bàbálòrìsà, determinará que esse Ògán (suspenso), deverá ser Confirmado (leia-se confirmado e não iniciado) – geralmente para o Òrìsà que o suspendeu. Daí a razão de na Bahia, por exemplo, um Ògán ser do Òrìsà Ògún (ele é filho de Ògún), mas ser chamado de Ògán de Omolú (pois, muito embora o Òrìsà dele ser Ògún, ele fora suspenso e, posteriormente confirmado para ser Ògán do Omolú de “beltrana”). O processo de Confirmação de um Ògán diverge demasiadamente do processo de iniciação (Ìyàwó). Não posso aprofundar no tema, por tratar-se de Awo (segredo que não compete àqueles que não são iniciados). Mas um Ògán Confirmado, não saí à sala no “Arole Ko- murajo” (cantiga destinada à Ìyàwó). Há um conjunto de cânticos e rituais específicos para a Confirmação de um Ògán (que reitero, não se trata do “Arole Komurajo”). Caso esse Ògán, por exemplo, seja confirmado Alabê, há ainda, outra seqüência especifica de cantigas; o mesmo ocorre para alguns outros títulos. Quando pensamos em iniciação no culto aos Òrìsàs na África, não são encontra- dos indícios/relatos de alguma iniciação com o “modus” da Confirmação de Ògán no Brasil. Em verdade, esse tema é muito mais polêmico que parece. Quando pensamos em Confirmação de ògán, temos que entender que esse indivíduo não está sendo iniciado em todas as etapas que a religião apregoa, dessa forma, 27
  • 28. jamais o Ògán poderá proceder a iniciação de um Ìyàwó. Mas se na África, berço da cultura dos Òrìsàs não há esse processo, qual teria si- do a razão do aparecimento deste no Brasil? Vejo como um fato histórico, liderado pe- las Ìyálòrìsàs de outrora, à busca da manutenção da hegemonia da mulher nos cargos de liderança nas comunidades Nàgó. Quando da fundação das mais tradicionais Casas de Candomblé da Bahia, todas, sem exceção, tiveram o apoio religioso de homens (iniciados – porém não rodantes), e- xemplifico: Bangbose Obitiko, Okarinde, Oje Lade, Oba Sanya, dentre outros. Entretanto, após a fundação dessas casas, para que não houvesse a concorrência masculina no sa- cerdócio, as Ìyálòrìsàs começaram a não iniciar homens (quer seja rodante, quer não). Contudo, a figura masculina permanecia essencial para o bom andamento da casa. Nes- se sentido, como manter o homem na casa de Candomblé, com funções distintas, sem que esse se tornar-se Sacerdote futuramente e, por conseqüência, concorrente do poder supra-sumo da mulher? Criando a figura do Ògán (ou seja, realizando alguns rituais para que os homens não rodantes – pudessem ser partícipes de algumas atividades na casa). Nessa busca contumaz, as mulheres do Candomblé da Bahia, cercearam da religi- ão os homens rodantes (uma espécie de apartheid), configurando status e poder aos Ògáns, figuras criadas pelas mesmas, - mas que não lhe ameaçavam na supremacia do Candomblé. À eles eram concedidas funções como Tocar Atabaques e Cantar. Razão pela qual, erroneamente, crê-se que somente os Ògáns podem tocar atabaques. Diante disso, o que posso afirmar é que, se não rodante e homem – independente de Ògán ou Ìyàwó, ele pode tocar sim atabaques. O que digo, mas por concepção religi- osa minha, sem embasamento teológico algum, é que a privação em tocar atabaques deve ocorrer àqueles que são manifestados por Òrìsà. Essa óptica deve-se única e exclu- sivamente há eminente possibilidade de um Ìyàwó que manifeste Òrìsà, poder entrar em transe, durante a execução do toque. O mesmo emprega-se às mulheres, também, sem fundamentação teológica. Por fim, apesar de distintos, não vejo como macular, o iniciado não rodante, de- nominar-se Ògán, sobretudo pelo vício de linguagem, fato que ocorre mesmo comigo. No entanto, é importante que todos saibam que são distintos, com funções distintas, com processos iniciatórios distintos! Espero, com a explanação acima, tirar um pouco da dúvida de muitos sobre a questão! Por Carlos Vinícius Santana 28 (Òpotún Vinícius)
  • 29. Para onde caminha Não temos dúvidas de algumas falhas, desentendi- mentos, obscuridades, segredos invioláveis, imper- a Umbanda? feições superficiais, porém, passíveis de correções e aprimoramento com o tempo. O Catolicismo foi assim; o Protestantismo sofreu perseguições, o Kar- decismo teve críticas e ceticismo. Mas o povo e o tempo tudo mudam. Adaptando a Umbanda e seus rituais à organiza- ção do Catolicismo, à dedicação do Protestantismo e à filosofia do Kardecismo, teremos uma Religião quase perfeita. Quase perfeita, porque perfeição só em Deus. Conciliaremos também o Atavismo a adoração te- merosa que guardamos, desde tempos remotíssimos, às coisas misteriosas ou respeito a um Ser Supre- mo que nos criou e que passa de geração, através do inconsciente coletivo, porém de modo mais ra- cional. Existe no subconsciente de cada um. Faz parte da humanidade e levará séculos para desa- parecer. A Umbanda Brasileira, como é praticada, é única Hoje, com seus 103 anos de Fundação, a Umbanda no Mundo. Não existe similar, nem mesmo na Áfri- (Brasileira) se alastra por todo o País (Brasil), der- ca – Uma de suas Raízes – Pois lá não há tupis ramando-se até pelos países vizinhos. Argentina, e nem baianos. Uma coisa é certa: Ela (a Umban- Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai e Venezuela já da) permanecerá inapagável no seio do povo, por- possuem Tendas Umbandistas. que a sua tônica principal é a Caridade pura e desinteressada. Está concorde aos ensinamentos Qual o futuro dessa religião que já preocupou au- milenares de Jesus Cristo (sincretizado com Oxalá), toridades eclesiásticas, dirigentes religiosos, pasto- cujos princípios e fundamentos, eternos e imutá- res, sociólogos, psicólogos e até adeptos do Ocultis- veis, constituem a base do Espiritualismo, da qual mo? nossa Umbanda faz parte. Tornar-se-á a Religião oficial do Brasil? Estagnar-se-á? Irá para o esquecimento? Texto de J. Edson Orphanake (Livro Ou continuará se alastrando por todo o Globo ter- restre? ―A Umbanda às suas Ordens) Readaptado por Hérick Lechinski Malgrado o combate que ainda lhe fazem, ela con- tinua crescendo assustadora e solenemente. (Ejòtolà T’Òsùmàrè) 29
  • 30. ENTREVISTA DO MÊS Falando de Axé com Mãe Elis Peralta Falando de Axé cer pessoas que foram muito generosas em Mãe Elis, você poderia nos falar como e me passar aprendizados, e me direcionar quando você conheceu a Umbanda e o que nessa maravilhosa religião que é a Umban- lhe levou a escolher a mesma como Religi- da. ão? Falando de Axé Mãe Elis O que é Umbanda e o que esta magnífica Tenho uma história muito “peculiar” em re- Religião Brasileira representa para você? lação à Umbanda. Desde nova, freqüentava um Centro de Umbanda no qual meu Pai era Mãe Elis médium, porém, confesso, ia obrigada, de- Umbanda representa pra mim o sentido da testava e não me sentia bem, conforme fui força grandiosa da natureza, é a maleabili- crescendo, minha aversão também, chegan- dade das Águas, a firmeza e transformação do ao ponto de por volta dos meus 14 anos, da Terra, o ímpeto do Fogo, o dinamismo tomar cinco tranqüilizantes para não ter que do Ar, é a união desses elementos que se ir numa gira com meus pais. Muita água traduzem também por Orixás, que se conso- passou por debaixo da ponte, mas de certa lida em nossa Doutrina em nosso Pentagra- forma, minha vida sempre se entrelaçava ma Umbandista que é a manifestação do es- com a Umbanda e eu cada vez “correndo” pírito em prol da Caridade e da Evolução mais dela. Até que num belo dia, numa as- espiritual, através dos ensinamentos de nos- sistência, sentadinha, temerosa, ressabiada e sos Mentores e do Pai maior. É o som do indo porque andava “sentindo-me” muito atabaque, o conselho amoroso do Preto- mal fisicamente, Mª Cigana pela 1ª vez em Velho, a seriedade do Caboclo, a faceirice minha vida me fez sentir a força de sua in- das moças, a firmeza do Exú, o jogo de cin- corporação, daí por diante enveredei por um tura da Malandragem e a felicidade das Cri- longo caminho, iniciei numa casa de Can- anças (erês)... domblé, que tocava Umbanda também, a- É também a oportunidade dada a nós que prendi, conheci vários universos dentre es- escolhemos e fomos escolhidos de propagar sas maravilhosas religiões, fui de a simplicidade e força de nossa religião. É “Umbanda Traçada”, “Omolokô”, ter orgulho, porque em nossa Doutrina fala- “Umbanda Branca”, tive a honra de conhe- mos com o “Alto” e com o “Embaixo”, 30
  • 31. lidamos com dores, sorrimos, transforma- Malandros, Ciganos, Baianos, Marinheiros, mos, abraçamos, sem distinção de cor, raça, Cangaceiros... credo, saber, condição material, espiritual e Outra mudança fundamental e que realmen- até opção sexual, sabemos que perante a e- te nesse centenário se torna o divisor de Á- les todos somos um... Umbanda (Uma Ban- guas para uma estrutura complexa, firme e da)... cada vez mais forte, é a busca do aprendiza- do, é o entendimento, que assim como o mundo, evolui, precisamos mostrar que nos- sa religião é tão forte justamente por ser fundamentada na força e ensinamentos da própria Natureza. Falando de Axé O que você poderia nos falar sobre o com- pletar dos 103 anos de Fundação da Um- banda, neste ano? Mãe Elis Podemos dizer que somos vitoriosos... Porque completar 103 anos de uma religião completamente descriminada, em que pode- mos constatar absurdos vindos, não somente de outras religiões que esquecem o sentido principal do livre-arbítrio, fraternidade, a- mor ao próximo e de um Pai maior que é UNO a todos, temos também adeptos de nossa própria Umbanda (que se intitulam umbandistas...) que transformam nossa reli- gião em algo muito longe do que foi e é passado por nossos Guias espirituais. Falando de Axé Mas graças a Lei Divina, paralelo a tudo is- Como você descreve a Umbanda de hoje, so, existe um movimento cada vez maior será que possui diferença em relação à Um- vindo de todas as esferas, espirituais e car- banda de antes? nais de desmistificar, ensinar e realmente fundamentar nossa religião, por isso pode- Mãe Elis mos dizer que nesse momento ela se encon- A Umbanda é uma religião tão vasta justa- tra em processo de crescimento estrutural. mente por essa capacidade mutável que pos- sui, capacidade de agregar as mais diferen- Falando de Axé tes visões, doutrinas e principalmente opor- Para você, qual é a Importância das Crian- tunidade de aprender com os ensinamentos ças e dos Jovens dentro da Religião Umban- daqueles que são muitas vezes mal vistos dista? pela “sociedade”. Exemplos dessa diferença da nossa “Umbanda de antes”, podemos ver Mãe Elis em entidades que vieram somar a nossa reli- Assim como para qualquer religião ou o gião e que antes eram desconhecidas, tais próprio mundo, eles são o futuro... como: Temos que descortinar a nós primeiramente 31
  • 32. e depois aos nossos filhos, eles têm que te- de estruturar os médiuns de minha casa, atu- rem orgulho e entendimento, para ao serem almente somos por volta de 50, tenho mé- questionados sobre sua religião, poderem diuns comigo há 3 anos, que é o tempo que dizer livremente: Sou Umbandista, sem nossa Casa foi fundada - 15/11/2008, exata- medo de retaliações, chacotas ou descrimi- mente no centenário da Umbanda, mas des- nações. A mediunidade não pode ser vista de de seu início visei o desenvolvimento como um fardo, tem que ser explicada pois mediúnico, trabalhando de portas fechadas, é uma faculdade inerente a todos nós e de- ou em pontos da Natureza, até por falta de senvolvê-la cria em nós uma energia alta- local para trabalho, neste ano em 23/04/11 mente positiva e Divina. abrimos nossa Tenda à Público numa belís- Em todas as religiões, vemos Pais que le- sima Homenagem ao grande Sr. Ogum. vam seus filhos e ensinam desde novos o Trabalhamos desde então com muito desen- caminho de sua Fé e a vivência se dá por volvimento, Giras de atendimento ao públi- osmose, porque na nossa que é tão bela não co, e como converso muito com eles, temos o fazemos também? que fundamentar nossa casa, poderíamos Afinal, ensinamos a ter Fé, praticamos a dizer que eles são os funcionários de uma Caridade, valorizamos muito a ajuda ao ir- grande empresa e que precisam estar bem mão, nossa religião não é para ser escondida capacitados para poder crescer cada vez e sim propagada e somente através de nos- mais. Já estamos em andamento com proje- sas crianças e do ensinamento de nossa tos de ensino para nossas Crianças e Jovens, Doutrina, atingiremos esse ideal. Tratamento Holístico para os que necessita- rem e muito por vir daqui pra frente. Falando de Axé O que justifica pra você, a Umbanda ser u- Falando de Axé ma religião tão descriminada? De acordo com a sua vivência, o que você acredita que falta, para que nossa religião Mãe Elis seja mais respeitada e menos descriminada A falta de conhecimento, de divulgação, de por todos? clareza sobre a verdade de nossa doutrina. A vaidade de alguns que intitulam que seu guia pratica o mal, que castiga, que sua casa é “forte” porque faz “trabalhos pesados”... Casas que cobram, trabalham com amarra- ções, prometem milagres e comercializam a fé, e para todos esses casos recorrem ao no- me de Umbanda. Transformando a grande oportunidade do ato da incorporação num verdadeiro circo de horrores... Falando de Axé Em seu Templo de Umbanda, é realizado algum projeto social? Se sim, por quê? Se não, por quê? Mãe Elis Nesse momento ainda não. Estou em fase 32
  • 33. Mãe Elis é diferente de mim...), é dona de uma sabe- Cabe a nós, médiuns de Umbanda, mudar doria ímpar, que me faz ouvir, que me mos- essa imagem negativa cultuada ao longo do trou ao longo desse caminho a minha mis- tempo. Entender que “Levar ao mundo in- são e a deles (meus guias) junto a mim e a teiro a Bandeira de Oxalá” está muito mais essas “crianças”, seus “fiotos” como ela ca- do que palavras de nosso hino... Está em rinhosamente os chama. Mas tem muito mostrar a verdadeira face da Umbanda, que mais, tem a seriedade de DªJupira, a firmeza é uma religião que prega as mesmas verda- de seu Giramundo, a esperteza de Mariazi- des e busca a mesma paz de espírito que to- nha, o desprendimento de seu Caveira, a le- das as outras religiões. Umbanda é dedica- veza de Mª Cigana e o ensinamento e talvez ção, disciplina, doação, respeito, reforma a maior lição de vida espiritual que já tive íntima, é a conscientização sobre o Bem e o que se chama Mª Navalha (um dia em outra Mal. Umbanda não é milagre, mas mereci- prosa eu conto...). mento. É estudo e consciência e não como- dismo ou achismo. É respeito à natureza, Falando de Axé pois Umbanda é natureza. Para finalizar essa nossa maravilhosa con- versa, qual é a Mensagem que a senhora Falando de Axé deixa para os Umbandistas? Mãe Elis, você poderia nos falar o que Mãe Oxum, seu Orixá de Cabeça e Vovó Cam- Mãe Elis binda representam em sua vida? Orgulhem-se de serem Umbandistas, tragam no Peito, na Alma, na Fé. Estudem, pois, só assim daremos base e traremos respeito a nossa religião. E acima de tudo pratiquem a Umbanda, sejam umbandistas 24 horas ao dia e não somente no momento de adentrar em sua Tenda. Deixo a todos um ponto feito pela médium e intérprete Rosana Pinheiro no qual o transformei em hino da T.U.E.A - Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda, que acho perfeito como mensagem a todos os Umbandistas... “ESTAVA NA BEIRA DE UM CAMINHO, CHORANDO, SOFRENDO SOZINHO, DE REPENTE UMA LUZ ME APARECEU, ESSA LUZ VEIO DE OXALÁ, ESSA LUZ VEIO DE DEUS. ESSA LUZ ME APONTOU UM NOVO CAMINHO, Mãe Elis HOJE SOU FILHO DE UMBANDA, Nossa! NUNCA MAIS ESTOU SOZINHO. Simplesmente assim: TUDO! É, É, É, É, Oxum é minha Vida, meu Caminho, minha UMBANDA É PRA QUEM TEM FÉ, Luz, minha Srª Amada, Querida, que me a- PRA QUEM TEM FÉ calenta, me repreende, me direciona e me É, É, É, É, dá sentido... UMBANDA É CARIDADE, Minha “Velha” é a calma em pessoa (como UMBANDA É FELICIDADE.” 33
  • 34. T.U.E.A - Tenda de Umbanda Estrela de Aruanda Cascadura - Rio de Janeiro/RJ. Tel. 21 3471-2114 34 http://www.estradacigana.blogspot.com/
  • 35. Umbanda completou seus 103 anos de Fundação em 2011 A Umbanda completou (15/11/2011) seus 103 anos, desde que o Caboclo das 7 Encruzilhadas anunciou o seu início. Foram 103 anos difíceis de perseguições, incompreensões e todo o tipo de preconceito que se possa imaginar. Não foram anos fáceis e os anos que vem pela frente não serão menos difíceis do que os que passaram, isso porque o preconceito ainda é grande e muitos ainda vêem a Umbanda apenas como forma de trazer a pessoa amada em 7 dias ou qualquer outro tipo de “amarrações” que anunciam por aí, sujando o nome da nossa religião. Mas nós resistimos e resistiremos a qualquer tipo de preconceito porque o verdadeiro umbandista trás dentro de si a esperança das crianças, a firmeza dos caboclos, a sabedoria dos pretos velhos, a coragem do povo baiano, a capacidade de adaptação do povo cigano e o jogo de cintura dos nossos compadres e comadres. O verdadeiro umbandista não vai ao terreiro à procura de trazer a pessoa amada em 7 dias, não vai ao terreiro à procura de amarrações e nem à procura de riquezas materiais. O verdadeiro umbandista está sempre à procura de outro tipo de riqueza, a riqueza espiritual, a riqueza da sabedoria em lidar com as questões difíceis do dia-a-dia, a paciência de aguardar o que não está em tempo, a firmeza e a coragem para enfrentar de frente todas as intempéries da vida, a capacidade de mudar quando a mudança é realmente necessária e a alegria de receber apenas o que lhe é designado. O verdadeiro umbandista sabe como agir ou sabe a quem recorrer quando lhe falta a sabedoria para lidar com as questões mais difíceis, quando lhe falta coragem para encarar de frente o que deve ser encarado, quando lhe falta o olhar da simplicidade para enxergar o verdadeiro motivo das coisas e quando lhe falta o jogo de cintura para lidar com os inimigos mais traiçoeiros que aparecem. Sim, estamos aqui pacientemente firmes levando a nossa mensagem para todos os que desejam ouvi-la, senti-la e vivê-la. Somos e sempre devemos ser a mão que acolhe sem pré julgamentos, sem o olhar de reprovação e apenas com a bondade no coração e na alma. Parabéns, Umbanda, por seus 103 anos e por todos os outros que ainda virão. Obrigado, Umbanda, por fazer de nós pessoas ainda melhores. 35 http://www.saravaumbanda.com/textos/103-anos-de-umbanda
  • 36. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei . 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro- Brasileira e Indígena”. Livro do Mês Ao apresentarmos esta obra, não foi o nosso intuito fazermos Umbanda. Quando nascemos, ela já existia. Nem ensiná-la em suas práticas a pais de santo, babá e tatás. Mas, formularmos pequeno e humilde estudo, até mesmo superficial, de sua existência, visando mostrar virtudes, princípios e fundamentos, além de falhas (não dos guias e protetores, mas de dirigentes e praticantes), que sirvam para orientar futuros interessados em dar-lhes bases estruturais definitivas. Vintes e poucos anos de estudos e pesquisas não foram suficientes para penetrarmos “in totum” a Umbanda. Mesmo A Umbanda porque sua profundidade é infinita como a espiritualidade, da qual faz parte... às suas Mas, se nosso pequeno estudo puder, ainda que insuficientemente, contribuir para Ordens melhorar a compreensão de irmãos carentes de entendimento de pontos que lhes pareçam J. Edson Orphanake obscuros, no emaranhado religioso Umbandista, Tríade Editorial já nos damos por satisfeitos. O Autor. 36
  • 37. SANTO DO MÊS Nossa Senhora do Rocio, A Mãe Padroeira do Paraná 15 de Novembro A Falando de Axé esse mês, através da coluna Santo do Mês, homenageia Nossa Senhora do Rocio, a Santa Padroeira do Paraná, sincretizada com a Orixá Oxum e algu- mas vezes com a Orixá Iemanjá, em alguns Templos de Umbanda do Paraná, uma ma- neira que o Idealizador desta Revista, Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè) encontrou para homenagear a Santa Padroeira de seu Estado (Paraná), que tem sua festa come- morativa realizada todo dia 15 de Novembro na Cidade de Paranaguá, cidade onde o mesmo nasceu e reside. Vamos agora conhecer um pouco de Nossa Senhora do Rocio. O culto à Virgem do Rocio teve inicio no séc. XVII, logo após a elevação do pe- lourinho em Paranaguá, em 1648. Quando, em 1686, os habitantes desta Vila, às margens de sua baia, foram assolados por uma peste, essa gente recorreu aos favores de Maria, Mãe de Jesus, invocada neste título, para que os livrasse desta terrível lamúria. Desde aí, esta Virgem vem sendo o socorro das aflições dos devotos católicos paranaenses. Rocio era o perímetro das Vilas, onde terminava a povoação, o arruamento, e começava a se condensar orvalho matutino. Rocio quer dizer orvalho, em português arcaico Nossa Se- nhora do Rocio é Nossa Senhora do Orvalho Matutino, Nossa Senhora do Amanhecer. O Paraná amanheceu no rocio de Paranaguá As festas do Rocio fizeram-se famosas pelos fandangos caboclos, com violas, rabe- cas, e tambores de madeira tiradas das árvores das ilhas e dos manguezais da baía de Paranaguá. Na gravura da Impressora Paranaense (casa fundada pelo Barão do Sêrro Azul), o pintor paranaense Arthur Nísio - na época do Centenário do Paraná (1953) - i- dealizou a Virgem, orvalhando com sua bênção, seu santuário e a baía, antes das modi- ficações que o afastaram do mar. O Papa Paulo VI em 1977 declarou Nossa Senhora do Rocio como a padroeira do Paraná, sendo a iniciativa ratificada pelo governador Jaime Canet. 37
  • 38. A proclamação como Rainha do Paranaguá Foi durante a 24ª Assembléia dos Bispos do Paraná, que Dom Bernardo José Nol- ker comunicou a realização de uma aspiração do Episcopado e do povo do Paraná: Nossa Senhora do Rocio fora proclamada Padroeira Perpétua do Estado do Paraná. No dia 11 de março de 1977. A petição havia sido feita por dois Arcebispos e 22 bispos do Estado do Paraná, além dos pedidos formais do governador do Estado, Poder Legislativo e Judiciário. A concessão feita ao estado do Paraná, pelo que se sabe, é a única, não constando que outros Estados a tenham conseguido ou solicitado. O Decreto Decreto, Protocolo CD 768/77 da Sagrada Congregação para os sacramentos e o culto Divino, declara em nome do Papa Paulo VI, Nossa Senhora do Rosário do Rocio eleita Padroeira do Paraná, junto a Deus. O Protocolo fez-se acompanhar de Breve Apos- tólico (carta) com data de 30 de julho de 1977, assinada pelo Cardeal João Villot, Secre- tário de Estado do Vaticano, declarando Nossa Senhora do Rocio Padroeira do Paraná para o presente e futuro, "ad aeternum". Dom Bernardo José Nolker, Bispo da Diocese de Paranaguá, onde está o Santuário da padroeira, entende que o privilégio que o Papa concedeu servirá para intensificar a devoção a Nossa Senhora. D. João Francisco Braga, primeiro Arcebispo do Paraná, há mais de cinqüenta a- nos. Assim se expressava: "Que a província Eclesiástica de Maria tenha o seu Santuário, de Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá". Histórico A referência histórica mais antiga é de 1686, quando da epidemia chamada "Peste da Bicha", em Paranaguá, narrada por Vieira dos Santos, quando a cidade conta- va com apenas 38 anos de fundação e a devoção à Virgem do Rocio já havia conquista- do a população que a cultuava num modesto oratório doméstico, próximo à praia, onde fora encontrada por pescadores. Em fases sucessivas de acontecimentos, esta devoção tem longa história até o estágio atual. Entre outras seguem-se algumas datas marcan- tes. Em 1939 a imagem de Nossa Senhora deixou seu Santuário em Paranaguá, para ser transportada à Curitiba, em viagem triunfal, a fim de presidir os atos que marcaram o Jubileu da Congregação Mariana da Catedral. Em 1948, pelo Jubileu Episcopal de D. Ático Eusébio da Rocha, Arcebispo Metropo- litano, realizou-se o 1º Congresso Mariano do Paraná, que antes do atual decreto tinha um sentido apenas popular. Em 1953, pela terceira vez a imagem esteve em Curitiba para presidir o Congresso Eucarístico Nacional, na oportunidade, o Paraná comemorava o seu 1º Centenário da Emancipação Política. Nessa ocasião, a imagem peregrinou tam- bém durante 105 dias, pelo interior do Estado. 38
  • 39. Começaram então a chegar às mãos do arcebispo Metropolitano, Dom Manoel da Silveira Delboux, inúmeros pedidos para solicitar ao Papa que declarasse N. Sra. do Ro- cio Padroeira do Estado do Paraná , o que hoje tornou-se realidade. Perante o privilé- gio agora concedido e em face da atual renovação da igreja, no sentido de atualizar-se. D. Bernardo afirmou: "Não é coincidência mais esta conquista mariana, onde os Reden- toristas têm um importante papel. Nosso Fundador, S. Afonso de Ligório foi grande de- voto de Maria e deixou esta herança espiritual a seus filhos que a levam através dos séculos. Sob nosso cuidados estão o Santuário de Aparecida, em Aparecida/SP; a igreja do Perpétuo Socorro em Curitiba recebendo mais de 30 mil fiéis por semana. E, agora, em Paranaguá, o Santuário de N. Sra. do Rocio, Padroeira do Paraná. Os Redentoristas teriam então nesse momento a missão de fortalecer a devoção mariana, porque os bra- sileiros são devotos de Maria desde as origens de nossa história, a partir da catequese de Anchieta. Atualidades Todo o ano, de 06 a 15 de Novembro, realiza-se na histórica cidade de Paranaguá, litoral do Paraná - Brasil, a Festa de Nossa Senhora do Rocio, Padroeira do Estado. O dia da Festa, 15 de Novembro, é marcado por inúmeras celebrações, para as quais acorrem milhares de fiéis romeiros de varias cidades do Paraná, além da incon- tável presença de devotos da Diocese de Paranaguá, onde se localiza o Santuário da Pa- droeira. "A devoção a Nossa Senhora do Rocio tem raízes profundas na vida do povo do litoral do Paraná, pois data dos meados do século XVII, pouco tempo após a elevação de Paranaguá à Vila, em 1648" (Pe. Karl Eugene Esker, Jornal "Voz Vicentina do Para- ná"). 39
  • 40. Segundo nos relata o historiador paranaense Vieira dos Santos, já em 1686 os ha- bitantes da então Vila de Paranaguá "haviam recorrido aos favores da Virgem do Rocio para que os livrasse da terrível peste que assolava o litoral, nessa época". Antes dessa data, sabemos somente que um pescador chamado Pai Berê achou a imagem que é de Nossa Senhora do Rosário, em estilo barroco. Uma lenda diz que ele retirou a imagem da margem da baía na rede, enquanto pescava. Outra diz que a encontrou num campo de rosas loucas, no barranco à beira da baía. Por um tempo ficou num oratório na ca- sa de Pai Berê, onde se tornou objeto da devoção dos pescadores, sendo batizada com o nome de Nossa Senhora do Rocio. "O culto à imagem se difundiu, aumentando a fé e a esperança em Nossa Senho- ra do Rosário do Rocio, atraindo devotos não somente das redondezas, mas também da Vila" (Waldomiro Ferreira de Freitas, Aspecto Histórico e Turístico de Paranaguá). Milagres atribuídos a Nossa Senhora do Rocio Através dos anos, a devoção cresceu até o milagre que deu fim a peste, em 1686, milagre que se repetiu ao longo dos séculos em inúmeras ocasiões em que a Santa do Rocio atendeu aos seus devotos com curas individuais e coletivas, como nos casos da Peste Bubônica, em 1901 e da Gripe espanhola, em 1918. Há ainda inúmeros registros do socorro da Virgem do Rocio prestado aos mari- nheiros em violentas tempestades e tragédias no mar, os quais se tornaram seus devo- tos e a homenagearam com procissões e comoventes romarias pelas ruas da cidade, ru- mo ao Santuário. É o caso do navio "Raul Soares", no dia 26 de junho de 1931; do navi- o "Philadélphia", em julho de 1931; e do navio "Maria M", no dia 08 de agosto de 1932. 40
  • 41. Oração à Nossa Senhora do Rocio, A Padroeira do Paraná (15 de Novembro) Virgem Gloriosa do Rocio, Mãe e Rainha de teus filhos todos, eis-nos aqui para te louvar, te bendizer e agradecer por tudo que somos, por tudo que temos, por tudo que fomos chamados a ser. Humildemente pedimos, ó Mãe bondosa, o teu olhar misericordioso sobre todos os nossos momentos de desamor, sobre todos os nossos pecados. Imploramos aos teus pés, Mãe querida do Rocio, aquela chuva de graças sobre graças para nossa Pátria, as nossas famílias, os nossos filhos, os idosos, os doentes e aflitos, os deprimidos e os excluídos. Fortalece as nossas comunidades, faze crescer o Reino da Paz, da justiça, do amor, do perdão e da misericórdia. Virgem Senhora do Rocio, Santa Mãe querida, abençoa - nos, protege-nos, leva- nos ao encontro eterno com teu Filho Jesus. Amém. Assim seja! Fonte: http://www.cot.org.br/igreja/ns-rocio.php 41
  • 42. PERSONALINADES NEGRAS Zumbi dos Palmares, o maior ícone da resistência negra ao escravismo no Brasil Zumbi, símbolo da resistência negra Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data transfor- mada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 – não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máxi- mo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695. O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tor- nasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras. Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragi- dos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do ma- caco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilom- bola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Pal- mares. Alguns anos após a sua fundação, o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram de- golados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife. O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitu- de do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo. 42
  • 43. Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se confor- mava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito ven- do seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públi- cas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em bus- ca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares. Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos qui- lombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em in- teligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje. Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zum- bi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco. Contudo, em 20 de novembro de 1695, Zumbi foi traído por um de seus prin- cipais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zum- bi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição. “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tra- dução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior íco- ne da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgu- lho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade. 43
  • 44. A Revista Falando de Axé está fazendo uma promo- ção de divulgação, faça suas divulgações na Revista, nos próximos meses: Janeiro, Fevereiro e Março. GRATUITAMENTE!!! É só entrar em contato conosco, mandando sua di- vulgação pelo e-mail: falandodeaxe@live.com Ou nos contatando pelos telefones: 41 8469-1985 (OI) – 41 9805-9770(TIM), Hérick Lechinski. Aguardamos seu contato... 44
  • 45. Em Janeiro de 2012 - AGUARDEM... 45
  • 46. Em Janeiro de 2012 - AGUARDEM... 46
  • 47. Contatos Revista E-mail: falandodeaxé@live.com Orkut: Revista Online — Falando de Axé http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?origin=is&uid=10758619178602102938 Facebook: Revista Online Falando de Axé http://www.facebook.com/profile.php?id=100003101992675 Editor: Hérick Lechinski (Ejòtolà T’Òsùmàrè) E-mail: ejotola@hotmail.com Orkut: Awòrìsà Ejòtolà http://www.orkut.com.br/Main#Profile?rl=ls&uid=1113546347591436131 Facebook: Hérick Lechinski (Awòrìsà Ejòtolà) http://www.facebook.com/Hericklechinski MSN: ejotola@hotmail.com Fone: 041 8469-1985 ou 041 9805-9770 Co-Editor: Wemerson Elias T’Sàngó E-mail: wemerson@awure.com.br MSN: oba_sango@hotmail.com Fone: 034 9179-7335 Agradecimentos aos nossos Colaboradores. Qualquer sugestão, crítica ou reclamação, entre em contato conosco... Axé!!! 47