2. Módulo V
2
Antibióticos
Módulo V: Antibióticos
Caro(a) colega farmacêutico(a)
Medicamentos que revolucionaram a história da medicina, protegendo o homem do ataque de bactérias
antes mortais, os antibióticos são, hoje, um instrumento indispensável na guerra mundial contra as
doenças infecciosas bacterianas.
Milhões de infecções potencialmente fatais foram curadas por intermédio do uso dessa terapia. Contudo,
esses agentes encontram-se entre os mais empregados de maneira errada e abusiva, resultando em
microorganismos resistentes que tornam necessário o emprego, cada vez maior, de novas drogas.
Desejamos a você uma boa leitura!
Equipe Ao Farmacêutico
3. Módulo V
3
Antibióticos
1. INTRODUÇÃO
Bactérias são microorganismos unicelulares de estrutura simples presentes em diversos locais incluindo
pele, boca, vias respiratórias, intestino e órgãos genitais. Raramente provocam infecções, a não ser
que ocorra um enfraquecimento nas defesas do organismo. A maioria dessas infecções é causada por
bactérias patogênicas que invadem o organismo e se multiplicam, utilizam toxinas, enzimas, fatores de
virulência, os quais afetam as células e provocam doenças, para invadir e se manterem no organismo.
Só podem ser vistas através de microscópio e medem cerca de 0,5 a 1,0 micra (1/1000 mm). Em geral,
são compostas por:
Parede celular: Estrutura rígida, constituída basicamente por açúcares e lipídios. É essencial para o
desenvolvimento e a divisão bacteriana.
Membrana citoplasmática: Trata-se de uma membrana semipermeável que regula a entrada de
elementos nutritivos para o interior da célula e a saída de produtos do metabolismo.
Citoplasma: É o material contido no interior da membrana onde estão localizadas as enzimas, os
ribossomos e o DNA.
Flagelos: São apêndices filiformes, extremamente delgados, que se sobressaem através da parede
celular e conferem mobilidade às bactérias. Nem todas apresentam flagelos.
Fímbrias: São apêndices filamentosos diferentes dos flagelos, menores e mais numerosos. Sua função
está relacionada à aderência, permitindo a fixação da bactéria nos tecidos.
Esporos: São estruturas de resistência.
Cápsula: Formação que envolve as células e impede que a bactéria seja ingerida pelos leucócitos.
Núcleo: Não é denso e se mostra como uma área clara sem forma, próxima ao meio da célula.
4. Módulo V
4
Antibióticos
1.1 Estrutura bacteriana
Quanto ao formato, as bactérias podem ter forma esférica (cocos), cilíndrica (bacilos), helicoidal
(espiroquetas) ou em forma de “vírgula” (vibrião), podem ou não apresentar flagelos e podem estar
associadas duas a duas, formando pares, cadeias simples ou ramificadas ou formando cachos.
diplococos: colônia formada por dois cocos.
estreptococos: colônia formada por vários cocos em fileira.
tétrades: colônia formada por quatro cocos.
estafilococos: colônia formada por vários cocos arranjados de modo semelhante a um cacho de uva.
sarcinas: colônia formada por vários cocos em arranjos cúbicos.
diplobacilos: colônia formada por dois bacilos.
estreptobacilos: colônia formada por vários bacilos em fileira.
5. Módulo V
5
Antibióticos
A denominação gram-negativo e gram-positivo deve-se ao tipo de coloração usada, no caso a coloração
de Gram. As bactérias gram-positivas se coram de azul-violeta por essa técnica, enquanto que as
bactérias gram-negativas se coram de rosa avermelhado pela fucsina.
As bactérias gram-positivas possuem maior quantidade de peptideoglicano, um composto polimérico
que forma uma estrutura rígida ao redor da membrana citoplasmática. Apesar disso, a parede das
células gram-negativas é quimicamente mais complexa. As paredes dos microorganismos grampositivos possuem menor quantidade de aminoácido. Um constituinte da parede celular da bactéria
gram-negativa, o lipopolissacarídeo determina a toxicidade, a antigenicidade e a patogenicidade desses
microorganismos.
1.2 Quais são os sintomas de uma infecção?
O corpo humano apresenta mecanismos de defesa contra a invasão de microorganismos e os sinais de
uma infecção estão relacionados a esse mecanismo, que pode variar dependendo da região acometida. Em
geral, a pessoa com infecção apresenta febre, dor, náuseas, enjôo, mal-estar e inflamações purulentas.
6. Módulo V
6
Antibióticos
1.3 Quais são as doenças causadas por bactérias?
Doença
Sífilis
Furúnculos, infecções de ferida
Difteria
Pneumonia
Meningite
Cólera
Gonorréia
Endocardite
Tétano
Bactéria
Treponema (espiroquetas)
Staphylococos (cocos gram-positivos)
Corinebacterium (bastonetes gram-positivos)
Pneumococos (cocos gram-positivos)
Neisseria meningitidis (cocos gram-negativos)
Vibrio cholerae (bastonetes gram-negativos)
Neisseria gonorrhoeae (cocos gram-negativos)
Enterococcus (cocos gram-positivos)
Clostridium (bastonete gram-positivo)
2. O QUE SÃO ANTIBACTERIANOS?
Os antibacterianos são agentes com toxicidade seletiva contra microorganismos invasores externos
(bactérias). O antibacteriano ideal é aquele que interfere na função vital da bactéria sem comprometer
as células do hospedeiro. Além disso, deve ter boa distribuição pelos tecidos e líquidos orgânicos, não
sofrer destruição por enzimas, não causar alergia, irritação ou ser tóxico ao hospedeiro e, sobretudo, não
induzir o desenvolvimento de bactérias resistentes.
3. COMO SURGIRAM?
O primeiro antibiótico descoberto pelo homem foi a penicilina. Isto ocorreu por mero acaso por
Alexander Fleming, bacteriologista inglês, no ano de 1928. Ele já vinha a algum tempo pesquisando
substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias em ferimentos infectados, pesquisa
justificada pela experiência adquirida na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), na qual muitos soldados
morreram em conseqüência de infecção em ferimentos profundos e mal tratados por falta de medicação
adequada.
Fleming havia tirado férias no mês de agosto de 1928 e esqueceu em seu laboratório algumas placas
com culturas de estafilococos sobre a mesa, em lugar de guardá-las na geladeira ou inutilizá-las. Após
um mês, quando retornou ao trabalho, observou que algumas das placas estavam contaminadas com
mofo. Colocou-as em uma bandeja para limpeza e esterilização com Lisol. Apanhou novamente as placas
para explicar alguns detalhes a um colega sobre as culturas de estafilococos que estava realizando,
quando notou que havia, em uma das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante, o
que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância que causava a lise das bactérias.
7. Módulo V
7
Antibióticos
O fungo foi identificado como pertencente ao gênero Penicilium, de onde deriva o nome dado à penicilina,
substância por ele produzida. A descoberta de Fleming, de início, não despertou interesse até a eclosão
da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A partir dessa situação, com a finalidade de evitar as baixas
desnecessárias dos soldados, foram então ampliadas as pesquisas a respeito da penicilina.
Em 1940, Sir Howard Florey e Ernst Chain, da Universidade de Oxford, retomaram as pesquisas de
Fleming e conseguiram produzir penicilina para fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma
nova época notável para a medicina, denominada a era dos antibióticos.
O antibiótico isolado mostrou-se ativo contra bactérias gram-positivas e, ainda que impuro, mostrou-se
eficaz e desprovido de toxicidade no tratamento de infecções animais de experimentação. A oportunidade
para sua primeira utilização em infecções humanas ocorreu em 12 de fevereiro de 1941, quando foi
injetada em um policial de Londres com septicemia estafilocócica. Em um dia o paciente apresentou
acentuada melhora, não tendo reações adversas ao medicamento.
Apesar do acaso, se Fleming não tivesse a mente preparada e avançada, não teria valorizado ou mesmo
notado o halo transparente em torno do fungo e descoberto a penicilina.
A descoberta da penicilina foi considerada um milagre médico porque ajudou a erradicar muitas das
doenças causadas por bactérias. Isto significava que doenças mortais, tais como a tuberculose, a
pneumonia, a sífilis e o tétano, poderiam ser tratadas. Pouco tempo depois, foram descobertos outros
antibióticos.
4. COMO SÃO CLASSIFICADOS?
As inúmeras classes existentes atualmente são classificadas de acordo com sua potência, que depende
da concentração do fármaco que chega ao microorganismo, bem como a sensibilidade deste:
Bactericida: inativa e destrói os microorganismos. São exemplos de drogas bactericidas:
aminoglicosídeos, quinolonas, penicilinas, cefalosporinas.
Bacteriostática: controla o crescimento bacteriano ao inibir sua multiplicação. Portanto, apenas impedem
seu crescimento, não permitindo a evolução do estado infeccioso. A eliminação do microorganismo
depende da imunidade do paciente. São exemplos de drogas bacteriostáticas: sulfonamidas, trimetropim,
cloranfenicol, tetraciclinas, nitrofurantoína.
5. PENICILINAS
Primeira classe de antibióticos a ser descoberta e a ser usada com sucesso. É exemplificada por: penicilina
G (benzilpenicilina), penicilina V, ampicilina, amoxicilina, oxacilina, carbenicilina.
8. Módulo V
8
Antibióticos
5.1 Qual seu mecanismo de ação?
Estes antibióticos possuem um anel B-lactâmico (anel ativo) em sua estrutura química, que interfere com
a síntese do peptidioglicano da parede celular bacteriana. Após a sua fixação em sítios de ligação na
bactéria, os antibióticos B-lactâmicos inibem a enzima de transpeptidação que forma ligações cruzadas
das cadeias peptídicas ligadas ao arcabouço do peptidioglicano.
O evento bactericida final consiste na ativação do sistema autolítico na parede celular, levando à lise da
bactéria e posterior morte.
5.2 Quais os efeitos indesejados?
As penicilinas são relativamente desprovidas de efeitos tóxicos diretos. Os efeitos adversos consistem em
reações de hipersensibilidade, causadas pelos produtos de degradação da penicilina, que se combinam
com a proteína do hospedeiro, tornando-se antigênicos. É comum a ocorrência de erupções cutâneas e
febre; muito raramente foram relatados alguns casos de choque anafilático agudo. A sua introdução por
injeção no organismo é conhecida por ser dolorosa.
Também podem alterar a microbiota bacteriana no intestino, principalmente as de amplo espectro
quando administradas por via oral. Este efeito pode estar associado a distúrbios gastrointestinais e, em
alguns casos, a superinfecção por microorganismos não sensíveis à penicilina. Altas doses de penicilina
podem ocasionar neutropenia, leucopenia e trombocitopenia.
5.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as penicilinas?
anticoncepcionais orais: possível diminuição do efeito contraceptivo. Deve ser administrado com
precaução. Seria conveniente utilizar método contraceptivo alternativo.
anticoagulantes orais: redução do efeito do anticoagulante, pois ocorre um aumento da metabolização
dos mesmos.
beta-bloqueadores: há risco de taquicardia, já que ocorre redução da absorção gastrintestinal destes
medicamentos. Deve ser administrado com precaução.
antiinflamatórios não-esteroidais (AINE): ocorre possível aumento dos efeitos tóxicos de ambos os
fármacos pelo mecanismo de competição por sítios de união em proteínas plasmáticas. Recomenda-se
a observação do paciente após a administração com cautela.
antibióticos macrolídeos: essa interação produz um antagonismo do efeito bactericida das penicilinas
pela ação bacteriostática dos macrolídeos. É recomendado administrar a penicilina algumas horas antes
da administração do antibiótico macrolídeo.
9. Módulo V
9
Antibióticos
6. QUINOLONAS
As quinolonas incluem os agentes de amplo espectro ciprofloxacina, levofloxacina, ofloxacina,
norfloxacina, acrosoxacina e pefloxacina, bem como os fármacos de menor espectro utilizados nas
infecções do trato urinário, a cinoxacina e o ácido nalidíxico. Tem excelente distribuição nos vários
tecidos e fluidos corporais. São excretadas pelo fígado e em pacientes com insuficiência renal ocorre
aumento da meia-vida.
São indicadas para o tratamento das infecções por bacilos aeróbicos gram-negativos incluindo Escherichia
coli, Klebsiella pneumoniae, espécies de Enterobacter, espécies de Salmonella e Shigella, Campylobacter
e Pseudomonas aeruginosa, porém as outras pseudomonas são resistentes às quinolonas.
Apresentam efeito prolongado e meias-vidas relativamente longas, permitindo intervalos de dose de 12
horas, o que favorece a adesão ao tratamento.
6.1 Qual seu mecanismo de ação?
Elas inibem a topoisomerase II, uma DNA-girase, impedindo o enrolamento das fitas de DNA para
formar a dupla-hélice da bactéria. Com a inibição da duplicação e da transcrição do DNA não há síntese
protéica. Portanto, têm efeito bactericida.
6.2 Quais os efeitos indesejados?
As quinolonas podem causar náusea e desconforto abdominal. Também foram descritos danos à
cartilagem articular em crianças com a utilização de fluorquinolona. É contra-indicada em pacientes
jovens em crescimento e gestantes.
6.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as quinolonas?
alimentos: presentes no trato gastrointestinal, retardam a absorção das quinolonas.
cloranfenicol: ocorre reação de antagonismo quando associados, deve-se evitar a administração
conjunta.
glimepirida: com norfloxacina, por um mecanismo ainda desconhecido, faz com que o paciente possa
apresentar o risco de uma crise hipoglicêmica.
antiácidos: quando administrados concomitantemente, provocam diminuição do efeito terapêutico da
quinolona, pois provocam redução da absorção gastrointestinal. Devem ser administrados respeitandose o intervalo de 2 a 3 horas entre um fármaco e outro.
hidantoínas: com levofloxacino ocorre possível redução da eficácia anticonvulsivante. Devem ser
administrados com precaução e monitorar a concentração das hidantoínas.
10. Módulo V
10
Antibióticos
7. CEFALOSPORINAS
A primeira cefalosporina foi descoberta em 1954, a partir do fungo Cephalosporium acremonium. São
classificadas de acordo com sua ordem cronológica de produção, ou seja, em primeira, segunda, terceira
e quarta gerações e também com base no espectro de atividade contra bacilos gram-negativos, que vai
aumentando da primeira para a quarta geração.
Cefalosporinas de 1ª geração possuem boa atividade sobre cocos gram-positivos, já os enterococos
apresentam resistência. Sua atividade sobre os bacilos gram-negativos está restrita a Escherichia coli,
Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae.
Cefalosporinas de 2ª geração podem ser subdivididas em dois tipos:
cefuroxima: é ativa sobre Haemophilus
semelhantes às de 1ª geração.
influenzae.
Apresenta atividade sobre cocos gram-positivos
cefamicina: age sobre bactérias gram-negativas e apresenta menor atividade sobre os gram-positivos.
Porém, a característica mais relevante é a superior atividade contra microorganismos anaeróbios,
principalmente bacteróides.
Cefalosporinas de 3ª geração possuem atividade acentuada sobre bacilos aeróbios gram-negativos.
Poucas cefalosporinas dessa geração são ativas contra Pseudomonas aeruginosa. Os medicamentos
dessa classe são drogas importantes no tratamento da meningite bacteriana, e também são úteis no
tratamento de infecções graves como pneumonia hospitalar por bacilos gram-negativos aeróbios.
Cefalosporinas de 4ª geração reúnem as vantagens da 1ª e 3ª geração e apresentam boa atividade
tanto sobre microorganismos gram-positivos quanto negativos. Todas as cefalosporinas são estáveis
na presença da lactamase e possuem uma atividade contra bacilos gram-negativos aeróbios superior
àquela das aminopenicilinas.
Classificação das cefalosporinas e alguns exemplos:
Primeira geração
Segunda geração
Terceira geração
Quarta geração
cefadroxila, cefalexina, cefalotina, cefazolina
cefaclor, cefuroxima, cefoxitina
ceftriaxona, ceftazidima
cefepima, cefpiroma
11. Módulo V
11
Antibióticos
7.1 Qual seu mecanismo de ação?
O mecanismo de ação dessa classe de medicamentos é o mesmo que o das penicilinas e das
cefalosporinas,que além de estimularem a produção de autolisinas bacterianas, interferem na
síntese da parede celular de peptideoglicano via inibição de enzimas envolvidas no processo de
transpeptidação.
7.2 Quais os efeitos indesejados?
Os efeitos adversos que podem ser observados com o uso de medicamentos pertencentes à classe das
cefalosporinas são: reações de hipersensibilidade semelhantes àquelas que ocorrem com a penicilina
como rash cutâneo, urticária (rara), prurido, anafilaxia (rara), eosinofilia, trombocitose, confusão
mental, convulsões (geralmente com doses altas em pacientes com insuficiência renal), alterações
discretas das provas de função hepática e diarréia.
7.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as cefalosporinas?
alimentos: retardam um pouco a absorção da cefalosporina, por isso deve-se dar preferência pela
administração longe das refeições.
probenicida: pode aumentar a meia-vida das cefalosporinas, bloqueando a secreção tubular destas
drogas.
aminoglicosídeos: potenciação da nefrotoxicidade dos aminoglicosídeos, ocorrendo efeito tóxico
aditivo. Portanto, deve-se evitar a administração conjunta.
diuréticos: potenciação da nefrotoxicidade. Acredita-se que a ação tóxica ocorra em razão de um
aumento da concentração de renina ou de cefalosporina no interior das células renais. Recomenda-se
evitar a administração conjunta. Se isto não for possível, deve-se dar preferência às cefalosporinas
menos nefrotóxicas.
anticoagulantes orais: risco de hemorragia por potenciação do efeito anticoagulante. O paciente
deve ser monitorado e, se necessário, o médico deve reajustar a dose do anticoagulante oral.
8. MACROLÍDEOS
Os macrolídeos são antibióticos que se caracterizam pela presença de um anel lactâmico, mas não
beta- lactâmico. São pertencentes a esse grupo a eritromicina, claritromicina, azitromicina e roxitromicina.
Atuam contra gram-positivos, gram-negativos e anaeróbios. Por apresentar concentração intracelular
em várias células, como polimorfonucleares e macrófagos, podem tratar infecções provocadas por
patógenos intracelulares.
12. Módulo V
12
Antibióticos
8.1 Qual seu mecanismo de ação?
Todos os macrolídeos têm mecanismo de ação semelhante, com atividade bacteriostática pela inibição
da síntese protéica bacteriana. Ligam-se à porção 50S do ribossomo e inibem a síntese protéica. Podem
atuar como bacteriostáticos e bactericidas, de acordo com sua concentração, densidade populacional
bacteriana e a fase de crescimento. Costumam apresentar maior atividade em pH alcalino.
8.2 Quais os efeitos indesejados?
Foram relatados alguns efeitos indesejados relacionados ao uso dos antibióticos macrolídeos,
principalmente gastrointestinais, que são os mais freqüentes. Também podem ocorrer tromboflebite após
administração intravenosa.
8.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com os macrolídeos?
anticoagulantes orais: risco de hemorragia por inibição da metabolização dos anticoagulantes. O
paciente deve ser monitorado, e se necessário, o médico deve reajustar a dose do anticoagulante oral.
penicilinas: o efeito bacteriostático do macrolídeo inibe a ação bacteriostática das penicilinas ocorre
antagonismo de efeito.
cefalosporinas: pode ocorrer antagonismo do efeito antimicrobiano. A associação deve ser feita com
precaução.
estradiol: risco de icterícia e prurido, inibe citocromo P450.
ácido retinóico: se associados ocorre aumento dos níveis séricos do ácido retinóico e toxicidade por
inibição das enzimas responsáveis pelo metabolismo hepático.
terfenadina: redução do efeito terapêutico, inibe a metabolização hepática.
9. AMINOGLICOSÍDEOS
Os aminoglicosídeos são fármacos bactericidas amplamente utilizados contra bactérias gram-negativas,
em suspeita de sepse, bacteremia ou endocardite. São obtidos de várias espécies de Streptomyces.
Entre os representantes desse grupo destacam-se a neomicina, gentamicina, tobramicina, amicacina,
estreptomicina.
9.1 Qual seu mecanismo de ação?
Após penetrar na célula, o medicamento liga-se à subunidade 30S do ribossomo bacteriano e interfere
no complexo de iniciação da formação de peptídeo. Induzem a uma leitura equivocada do código-molde
de RNA mensageiro, ocasionando a incorporação de um aminoácido incorreto no peptídeo e causando
a ruptura de polissomas em monossomas não funcionais.
13. Módulo V
13
Antibióticos
9.2 Quais os efeitos indesejados?
Apresentam potencial ototóxico e nefrotóxico e podem acumular-se em pacientes com comprometimento
renal. Nesse caso, deve ser feito ajuste posológico.
9.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com os aminoglicosídeos?
cefalosporinas: o uso concomitante pode potencializar os efeitos nefrotóxicos através de efeito tóxico
aditivo. A administração deve ser feita com precaução.
amicacina: pode potencializar os efeitos ototóxicos e nefrotóxicos, não devem ser administrados
concomitantemente.
anticoagulantes orais: risco de hemorragia por inibição da metabolização dos anticoagulantes. O
paciente deve ser monitorado e, se necessário, o médico deve reajustar a dose do anticoagulante oral.
antieméticos: podem mascarar os feitos ototóxicos dos aminoglicosídeos.
diclofenaco: possibilidade de aumento do efeito nefrotóxico, deve ser administrado com precaução.
9.4 Oral e tópico
Entre os aminoglicosídeos de uso tópico destaca-se a neomicina e entre os de uso oral a gentamicina,
tobramicina, amicacina, estreptomicina, entre outros.
10. SULFONAMIDAS
As sulfonamidas constituem um dos grupos mais utilizados, em razão do baixo custo e da relativa
eficácia em algumas doenças bacterianas comuns. São análogos estruturais do ácido p-aminobenzóico
(PABA) e apresentam ação bacteriostática. Possuem espectro de ação contra bactérias gram-positivas
e negativas e alguns protozoários. Dentre os exemplos de sulfonamidas destacam-se a sulfadiazina,
sulfadimidina, sulfametopirazina e sulfametoxazol.
10.1 Qual seu mecanismo de ação?
Os microorganismos sensíveis exigem a presença de PABA extracelular para a síntese de ácido fólico.
As sulfonamidas podem entrar no lugar do PABA, competindo pela enzima diidropteroato sintetase
e formando análogos não funcionais do ácido fólico. Em conseqüência, não ocorre crescimento dos
microorganismos.
14. Módulo V
14
Antibióticos
10.2 Quais os efeitos indesejados?
Apresenta como efeitos indesejáveis náuseas, vômitos, cefaléia e depressão mental. Os efeitos adversos
graves que exigem interrupção do tratamento são hepatite, reações de hipersensibilidade, depressão da
medula óssea e cristalúria.
10.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as sulfonamidas?
etanol: pode ocorrer aumento da toxicidade do álcool.
difenil-hidantoína: a associação pode provocar aumento das concentrações séricas de difenilhidantoína, há risco de intoxicação.
hipoglicemiantes orais: risco de hipoglicemia, as sulfoniluréias apresentam estrutura semelhante a
alguns antibióticos e pode ter efeito hipoglicemiante.
ácido retinóico: potencializam o efeito de fotossensibilização por atuar em sinergia.
salicilatos: aumentam a toxicidade das sulfas, deslocam o fármaco de seu sítio de ligação nas proteínas
plasmáticas.
11. TETRACICLINAS
Apresentam amplo espectro de ação antimicrobiana, atuam sobre gram-positivas, negativas, clamídias,
riquétsias e alguns protozoários. As tetraciclinas apresentam estrutura policíclica, caráter anfótero (ácido
e básico) e possuem propriedades quelantes complexando-se com íons bi e trivalentes como ferro, cálcio
magnésio e alumínio. Essas propriedades fazem com que as tetraciclinas de via oral sejam incompatíveis
com alimentos. As substâncias mais importantes do grupo das tetraciclinas são clortetraciclina,
oxitetraciclina e doxiciclina.
11.1 Qual seu mecanismo de ação?
As tetraciclinas agem inibindo a síntese de proteína dos microorganismos através da ligação aos
ribossomos, impedindo a fixação do RNA transportador ao RNA mensageiro. Com essa ação, as
tetraciclinas impedem o crescimento dos microorganismos atuando como bacteriostáticas.
11.2 Quais os efeitos indesejados?
Seu uso crônico pode causar danos à flora do trato gastrointestinal. Essas drogas costumam ser irritantes
aos tecidos, podendo causar dor e irritação intramuscular, além de irritação gástrica. O tratamento, em
longo prazo, pode provocar danos ao esmalte e manchas nos dentes. Não é aconselhável o uso em
gestantes e pacientes em fase de crescimento, pois podem levar a deformidades ósseas no feto e nos
jovens.
15. Módulo V
15
Antibióticos
11.3 Quais as interações possíveis de ocorrer com as tetraciclinas?
alimentos: interferem na absorção das tetraciclinas. O cálcio presente no leite e seus derivados causam
a formação de quelatos e precipitados com as tetraciclinas.
antiácidos: diminuição de efeito das tetraciclinas administradas por via oral.
antidepressivos tricíclicos: pode ocorrer hemossiderose localizada, evitar administração.
contraceptivos: possível diminuição do efeito contraceptivo. Administrar com precaução e fazer uso
de outro método contraceptivo.
etanol: diminuição do efeito do antibiótico.
diclofenaco colestiramina: possível redução da absorção das tetraciclinas. A colestiramina pode se
comportar como resina que seqüestra fármacos na luz do trato gastrointestinal.
Locais de ação dos diferentes tipos de agentes antibacterianos:
16. Módulo V
16
Antibióticos
12. DICAS DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA
Para que o tratamento com os antimicrobianos surta efeito, devem ser tomadas algumas medidas.
Seguem abaixo sugestões para se obter melhores resultados:
• Armazenar o medicamento ao abrigo da luz, umidade e temperaturas elevadas.
• Orientar o paciente a medir cuidadosamente a dose de antibiótico sob a forma líquida.
• Seguir a posologia da prescrição médica e sempre tomar a medicação nos horários corretos.
• O paciente deve ser informado a não interromper o tratamento antes do final.
• Evitar a automedicação, orientar sempre que o paciente procure um médico.
17. Módulo V
17
Antibióticos
13. RESISTÊNCIA
A resistência microbiana aos antibióticos vem aumentando rapidamente em todo o mundo e, em
particular, no ambiente hospitalar. O uso indiscriminado e equivocado de antibióticos facilita o
surgimento de bactérias e outros microorganismos cada vez mais resistentes, reduzindo a eficácia dos
medicamentos. Internações mais longas, o uso de antibióticos mais caros e mais tóxicos são algumas das
conseqüências do uso inadequado dessas drogas, o que, além de dificultar e encarecer os tratamentos,
pode até impossibilitá-los.
A resistência pode ocorrer de duas maneiras, através de forma natural ou inata, quando a bactéria
já possui um mecanismo de defesa para determinado antibiótico, e adquirida, quando o antibiótico
seleciona as bactérias mais resistentes e possibilita seu crescimento e desenvolvimento. Essa seleção
acontece porque em uma população de microorganismos existem diferenças genéticas que conferem
características diferentes a cada um deles, assim, as bactérias mais sensíveis são eliminadas pelo
antibiótico e aquelas resistentes se desenvolvem e transferem essa informação às suas células-filhas. O
que também pode ocorrer é uma bactéria tornar-se resistente à determinada concentração de antibiótico
e sobreviver à concentração atingida no sangue e, no entanto, ser destruída por essa mesma droga ao se
localizar, por exemplo, nas vias urinárias, onde a concentração é mais elevada.
É muito importante que o paciente procure um médico quando apresentar uma infecção, para que,
assim, seja diagnosticado a origem e o tipo de bactéria presente para então utilizar o antibiótico mais
adequado e evitar o surgimento de bactérias resistentes.
Mecanismos de resistência bacteriana
1. Resistência natural
2. Resistência adquirida
Conseqüências bioquímicas da resistência estão apresentadas no quadro abaixo:
Mecanismos bioquímicos de resistência bacteriana
Inibição enzimática
Perda da permeabilidade da membrana
Exclusão ativa do antimicrobiano
Alteração no sítio de ligação ribossômico
Alteração de receptores de membrana
Superprodução de enzimas-alvo
18. Módulo V
18
Antibióticos
Referências:
Fuchs, F.D.; Wannmacher, L. “Farmacologia Clínica - Fundamentos da Terapêutica Racional”. Guanabara
Koogan: 2ª edição, 1998.
Goodman, A.G. et al. “As Bases Farmacológicas da Terapêutica”. Guanabara Koogan: 8ª edição, 1991.
Rang, H.P.; Dale, M.M. et al. “Farmacologia”. Elsevier: tradução da 5 ª edição americana, 2004.
www.anvisa.gov.br: acesso em 28/03/08
Elaborado por:
Juliana Miranda Papine
CRF-SP 44203
Francine C. Siqueira César
Estagiária