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freqüência. Mas também ocorre quando as metodologias são
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dependem de um agente de desenvolvimento (com este ou
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Em geral há dificuldade de custear o trabalho dos agentes de
desenvolvimento pelo período que seria realmente
necessário (que não se pode saber qual é de antemão e que
varia de localidade para localidade). Por outro lado, os
formatos das metodologias impõem níveis de exigência que
em geral não se coadunam com a natureza do trabalho
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primeira década do presente século e só no final dessa
década foram tiradas as primeiras inferências práticas do
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Antes de meados da década de 2000 havia pouquíssimo
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redes). Algumas metodologias que surgiram a partir da
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relativo sucesso. Mas não deram conta de resolvê-los
totalmente, nem adequadamente.
Problemas teóricos
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As metodologias de indução do desenvolvimento local foram
pensadas originalmente como programas para ser aplicados
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Ora, organizações hierárquicas dificilmente podem articular e
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comunitário que se articula no local, a qual deve ter
autonomia para introduzir qualquer tipo de modificação que
julgar conveniente (o que, se bem que estivesse previsto em
princípio por boa parte das metodologias, nunca foi
totalmente digerido pelas instituições hierárquicas que as
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Problemas teóricos
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pensadas como programas stricto sensu, programas
proprietários. Os passos metodológicos fundamentais – aliás,
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Redes são ambientes de interação, não de participação. Se o
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metabolismo da rede comunitária, então ele não pode ser
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não um processo planejado top down (e mesmo quando é
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reuniões, com data e hora marcada, em vez de estimular a
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determinado momento (o momento em que esse passo das
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Problemas teóricos
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comunidade.
Problemas teóricos
Necessidades em vez ativos e de desejos




O público ativo (que na verdade deveria ser o sujeito,
composto pelos agentes endógenos) do desenvolvimento
local, acabou sendo formado mais com base nas necessidades
das pessoas envolvidas do que nos seus ativos e nos seus
sonhos ou desejos. De sorte que esses participantes
voluntários locais se confundiam, em grande parte, com o
público-alvo da assistência social e com os beneficiários dos
programas de transferência de renda.
Problemas teóricos
Clusterização da pobreza




Os fóruns de desenvolvimento local acabaram sendo
compostos por pobres, não raro mantendo-os confinados em
seus clusters de pobreza, sem muitos atalhos, sem muitas
conexões para fora.
Problemas teóricos
Visão ultrapassada da pobreza




O processo induzido que leva a aglomeração de pobres é
contraditório com uma estratégia de superação da pobreza
baseada em redes, segundo a qual a pobreza deve ser
encarada como insuficiência de conexões – ou atalhos para
fora dos ambientes em que se clusteriza – antes de ser
tomada como insuficiência de renda; ou seja, como se diz, “o
pobre é pobre porque seus amigos são pobres”.
Problemas teóricos
Falta de liberdade dos agentes endógenos




Pessoas pobres, consumidas pelo trabalho, têm pouco tempo
livre e pouca disposição para empregá-lo em atividades
voluntárias. O pouco tempo que lhes resta – aos que
trabalham fora, em geral os homens – é dedicado ao
descanso, à convivência familiar e ao lazer. Esse é um dos
motivos das reuniões contarem com uma maioria de donas
de casa: mesmo tendo que cuidar dos filhos e das tarefas
domésticas, elas permanecem mais tempo na localidade.
Problemas teóricos
Falta de diversidade sócio-econômica e cultural




Não comparecem em número significativo estudantes
universitários, professores, profissionais liberais, empresários,
técnicos e executivos governamentais, dirigentes de ONGs,
ciberativistas e jovens empreendedores, o que dificulta a
realização autônoma de certas tarefas técnicas bem como o
emprego de tecnologias interativas de informação e
comunicação que hoje são vitais nesses processos (como uma
plataforma digital).
Reinventando o processo
Não adianta insistir nesse tipo de metodologia




A natureza dos problemas apontados revela que não basta
produzir mais uma versão ou uma atualização das
metodologias de indução ou promoção do desenvolvimento
local. Faz-se necessário reinventá-las. Isso deve ser feito a
partir de um pressuposto básico e de novos fundamentos.
Reinventando o processo
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O pressuposto básico é o processo de comunitarização que
acompanha a glocalização atualmente em curso.
Reinventando o processo
Fundamento: novas dinâmicas sociais interativas




Os novos fundamentos dizem respeito às novas dinâmicas
sociais interativas que estão emergindo na transição da
sociedade hierárquica para uma sociedade em rede.
Dez medidas para reinventar o processo
Auto-organização comunitária




Deixar de ser uma metodologia de indução e passar a ser um
processo capaz de apostar na auto-organização comunitária,
ensejando a precipitação da nova fenomenologia das redes
distribuídas, de uma nova dinâmica de inovação social que
possa ser interpretada como desenvolvimento.
Dez medidas para reinventar o processo
Nada de roteiro imposto




Deixar de ser um roteiro imposto de ações seqüenciadas ou
de passos previamente desenhados para obtenção de
resultados previsíveis, esperados ou desejados.
Dez medidas para reinventar o processo
Nada de programa de oferta




Eliminar as características de um programa de oferta e, para
tanto, desestimular a formação de comunidades compostas
por pessoas com pouca diversidade econômica, social e
cultural e incentivar o empreendedorismo individual e
coletivo e o fund raising em rede lançando mão de novos
processos mais compatíveis com as dinâmicas de rede (como
o crowdfunding).
Dez medidas para reinventar o processo
Tirar a reunião do centro da atividade




Desestimular as reuniões formais para discutir qualquer
assunto, substituindo-as por processos coletivos e dialógicos
e, sobretudo interativos, de criação, de invenção e de
realização de atividades comuns compartilhadas.
Dez medidas para reinventar o processo
Estimular o lúdico




Estimular as atividades lúdicas, as brincadeiras, as festas e
outras formas de celebração da convivência, incentivando a
presença de crianças e idosos em todas as atividades.
Dez medidas para reinventar o processo
Abrir mão do comando-e-controle e do rankismo




Abolir, até onde for possível, quaisquer formas e mecanismos
de comando-e-controle, inclusive aquelas disfarçadas como
sistemas de monitoramento e avaliação. E também não
aceitar rankings e comparações entre experiências de
desenvolvimento local, assim como afastar a inútil e
contraproducente idéia de best practices.
Dez medidas para reinventar o processo
Todos os agentes devem ser voluntários




Ser aplicada por agentes de desenvolvimento voluntários da
própria localidade, que – ao invés de serem ensinados em
salas de aula, por professores – constituam inicialmente uma
comunidade de aprendizagem em rede sobre netweaving.
Dez medidas para reinventar o processo
Software livre




Nunca ser um programa proprietário de uma instituição
hierárquica mas um software livre que possa ser
reprogramado e rodado em localidades que reúnam certas
características, por iniciativa de qualquer comunidade de
aprendizagem (composta para começar por, pelo menos, três
pessoas). O papel das instituições interessadas em promover
tal processo deve ser apenas o de transferir a tecnologia
social (ou a metodologia).
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Estimular a interação e a conexão dentro e fora




Estimular a conexão e a interação entre as diversas
comunidades de vizinhança, de aprendizagem, de projeto e
de prática que se formaram dentro de um mesmo ambiente
territorial e entre diversos ambientes territoriais (situados em
qualquer lugar do país e do mundo).
Dez medidas para reinventar o processo
Nada de trabalho ou pena: diversão, jogo!




Não ser mais um trabalho, a execução de uma rotina imposta
heteronomamente, mas uma diversão, um jogo, um creative
social game ao qual as pessoas aderem por que acham
bacana, interessante e útil (mas não como uma tábua de
salvação ou uma liturgia a que tenham que se submeter,
como se tivessem que pagar um preço para obter alguma
coisa, ainda que seja para aumentar sua qualidade de vida ou
conquistar melhorias para sua localidade).
Reinventando o processo
Tomar como base as redes sociais distribuídas




A introdução dessas mudanças desconstitui completamente o
que até agora se chamou de metodologia (de promoção ou
indução) do desenvolvimento local. Reinventa essas
metodologias em quaisquer de suas versões ou adaptações,
mas reinventa também todas as metodologias assemelhadas
ou voltadas ao mesmo objetivo. Aliás, nenhuma dessas
metodologias – no Brasil ou em outros países – foram ou são
baseadas em redes sociais distribuídas.
Bases para um novo processo
Pessoas, não instituições




O processo é baseado em pessoas e não em instituições
internas ou externas à localidade. Redes sociais acontecem
quando pessoas interagem. Interação é, basicamente,
adaptação, imitação e cooperação.
Bases para um novo processo
Viver a convivência




As pessoas constituem uma comunidade quando vivem sua
convivência de modo a gerar uma identidade.
Bases para um novo processo
Constituir comunidades livres




O processo visa a constituir comunidades (no plural) dentro
da localidade. Essas comunidades de vizinhança poderão ser
de aprendizagem, de projeto ou de prática. Sua formação é
livre, não orientada (a não ser para a realização de uma
agenda-meio contendo instrumentos e ferramentas de auto-
aprendizagem e de auto-desenvolvimento).
Bases para um novo processo
O desejo




Pessoas podem se conectar para aprender qualquer coisa que
julguem útil ou que estejam a fim de aprender (como inglês
ou permacultura).
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Outra vez o desejo




Pessoas podem se conectar para elaborar ou executar um
projeto (como a montagem de um telecentro ou a construção
de uma horta comunitária). Ou para iniciar um negócio.
Bases para um novo processo
Ainda o desejo




Pessoas podem se conectar para desenvolver conjuntamente
uma atividade, temporária ou permanente (como limpar um
córrego, promover festas ou administrar um centro
comunitário ou fundar uma empresa).
Bases para um novo processo
Sempre o desejo




E – não menos importante – pessoas podem se conectar para,
simplesmente, desfrutar a vida e se comprazer na convivência
com outras pessoas...
Brincar, cantar, tocar instrumentos e dançar, comer e beber,
namorar, celebrar e comemorar (festejar), aprender, se
divertir, jogar, compartilhar histórias e experiências, dar e
receber presentes, colaborar e ajudar, co-criar, compartilhar
uma mística ou espiritualidade.
Bases para um novo processo
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Pessoas têm desejos. Abrem então comunidades para
aglomerar outras pessoas que têm os mesmos desejos (ou
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Por que não um social game?
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 desenvolvimento da sua localidade
transformando-a em seu próprio país
Parece
tão óbvio,
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Na #CICI2011

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Dia 20/05/11 às 15h | Auditório Mario de Mari

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Um balanço do desenvolvimento local

  • 1. Augusto de Franco E uma nova proposta! Um balanço das metodologias de indução do desenvolvimento local
  • 2. Existe algum problema com as metodologias de desenvolvimento local? Ao longo das últimas décadas foram detectados diversos problemas práticos e teóricos com as metodologias de indução os promoção do desenvolvimento local.
  • 3. A origem dos problemas Dessintonia com a sociedade-em-rede De modo geral, essas tecnologias ou metodologias, em todas as suas versões e denominações, revelaram-se, em grande parte, em dessintonia com os conhecimentos, que só ficaram disponíveis nas duas últimas décadas, sobre a sociedade em rede que está emergindo e sobre a fenomenologia da interação social.
  • 4. Problemas práticos Descontinuidade institucional Quando tais metodologias são aplicadas por organizações cujos titulares têm um mandato, a troca desses dirigentes em geral causa incontornável descontinuidade nos processos. Em instituições governamentais isso acontece com mais freqüência. Mas também ocorre quando as metodologias são aplicadas por outras organizações empresariais e sociais (cujos dirigentes são eleitos).
  • 5. Problemas práticos Descontinuidade operacional Para ser aplicadas em uma localidade as metodologias dependem de um agente de desenvolvimento (com este ou qualquer outro nome) que deve ser capacitado, em geral, fora da localidade. Em muitos casos, quando tal agente abandona a localidade após o processo de implantação, a experiência costuma ser descontinuada.
  • 6. Problemas práticos Descontinuidade financeira Em geral há dificuldade de custear o trabalho dos agentes de desenvolvimento pelo período que seria realmente necessário (que não se pode saber qual é de antemão e que varia de localidade para localidade). Por outro lado, os formatos das metodologias impõem níveis de exigência que em geral não se coadunam com a natureza do trabalho voluntário (e esse é um problema também de ordem teórica).
  • 7. Problema de fundo Insuficiência ou impotência da teoria Quando as metodologias de indução ou promoção do desenvolvimento local foram desenhadas, não havia suficiente clareza de que capital social nada mais é do que a rede social.
  • 8. Problema teórico de fundo Desconhecimento da fenomenologia das redes A nova ciência das redes, com o status que tem hoje (análise de redes sociais + redes como sistemas dinâmicos complexos + redes como estruturas que se desenvolvem), só surgiu na primeira década do presente século e só no final dessa década foram tiradas as primeiras inferências práticas do novo conhecimento da fenomenologia das redes.
  • 9. Problema teórico de fundo Desconhecimento de netweaving Antes de meados da década de 2000 havia pouquíssimo conhecimento sobre netweaving (articulação e animação de redes). Algumas metodologias que surgiram a partir da metade da primeira década deste século tentaram enfrentar os vários problemas decorrentes dessa contingência com relativo sucesso. Mas não deram conta de resolvê-los totalmente, nem adequadamente.
  • 10. Problemas teóricos Hierarquias não podem articular redes As metodologias de indução do desenvolvimento local foram pensadas originalmente como programas para ser aplicados por alguma instituição hierárquica (um governo, uma organização da sociedade, uma empresa, uma corporação). Ora, organizações hierárquicas dificilmente podem articular e animar redes.
  • 11. Problemas teóricos O sujeito é a rede, não a instituição O sujeito do desenvolvimento local não pode ser a instituição que aplica a metodologia e sim a rede do desenvolvimento comunitário que se articula no local, a qual deve ter autonomia para introduzir qualquer tipo de modificação que julgar conveniente (o que, se bem que estivesse previsto em princípio por boa parte das metodologias, nunca foi totalmente digerido pelas instituições hierárquicas que as aplicavam, que tendiam a se julgar meio donas do processo).
  • 12. Problemas teóricos Programas proprietários fechados As metodologias de indução do desenvolvimento local foram pensadas como programas stricto sensu, programas proprietários. Os passos metodológicos fundamentais – aliás, universalmente adotados pelas diversas das estratégias de desenvolvimento local – permaneceram mais ou menos os mesmos: visão de futuro participativa => diagnóstico participativo => plano participativo.
  • 13. Problemas teóricos Interação, não participação Redes são ambientes de interação, não de participação. Se o desenvolvimento é encarado como uma espécie de metabolismo da rede comunitária, então ele não pode ser emulado (nem simulado) por processos participativos. Seria necessário ensejar uma dinâmica interativa, com o aumento da distributividade e da conectividade das redes que se formam em cada localidade.
  • 14. Problemas teóricos Oligarquias participativas O desenvolvimento comunitário é uma dinâmica emergente e não um processo planejado top down (e mesmo quando é planejado por uma parcela de pessoas – as chamadas “lideranças” – da própria localidade, ele continua sendo um processo de escolha de caminhos compartilhado por poucas pessoas, que acabam se constituindo como uma espécie de oligarquia participativa e impondo, ainda que docemente, suas visões aos demais de cima para baixo).
  • 15. Problemas teóricos Reunionismo Como os processos foram desenhados com base na participação, eles estimularam o assembleísmo e o reunionismo: tudo sempre acabava em uma reunião...
  • 16. Problemas teóricos Deficit de interatividade As próprias metodologias viraram uma seqüência de reuniões, com data e hora marcada, em vez de estimular a conexão cotidiana das pessoas por todos os meios: visitas, conversas presenciais, encontros lúdicos em happy hours e festas, equipes de trabalho nas quais as pessoas vivem sua convivência, troca de e-mails, telefonemas, interação em plataformas interativas e... jogos!
  • 17. Problemas teóricos Deficit de netweaving Ocorre que reuniões são péssimos instrumentos de netweaving, sobretudo quando só acontecem se convocadas e conduzidas por agentes externos.
  • 18. Problemas teóricos Nunca há uma (única) visão de futuro Não se pode induzir uma localidade a adotar uma (única) visão de futuro. São sempre várias visões, mesmo dentro de cada uma das comunidades de projeto que se formam em uma localidade.
  • 19. Problemas teóricos Não há um (único) plano de desenvolvimento As visões de futuro variam com o tempo, não havendo um caminho único para um futuro desejado e compartilhado em determinado momento (o momento em que esse passo das metodologias é aplicado). Não pode haver, portanto, um plano como mapa do caminho para se alcançar tal futuro.
  • 20. Problemas teóricos Comunidade é cluster, não território A contigüidade territorial não gera necessariamente comunidade.
  • 21. Problemas teóricos Necessidades em vez ativos e de desejos O público ativo (que na verdade deveria ser o sujeito, composto pelos agentes endógenos) do desenvolvimento local, acabou sendo formado mais com base nas necessidades das pessoas envolvidas do que nos seus ativos e nos seus sonhos ou desejos. De sorte que esses participantes voluntários locais se confundiam, em grande parte, com o público-alvo da assistência social e com os beneficiários dos programas de transferência de renda.
  • 22. Problemas teóricos Clusterização da pobreza Os fóruns de desenvolvimento local acabaram sendo compostos por pobres, não raro mantendo-os confinados em seus clusters de pobreza, sem muitos atalhos, sem muitas conexões para fora.
  • 23. Problemas teóricos Visão ultrapassada da pobreza O processo induzido que leva a aglomeração de pobres é contraditório com uma estratégia de superação da pobreza baseada em redes, segundo a qual a pobreza deve ser encarada como insuficiência de conexões – ou atalhos para fora dos ambientes em que se clusteriza – antes de ser tomada como insuficiência de renda; ou seja, como se diz, “o pobre é pobre porque seus amigos são pobres”.
  • 24. Problemas teóricos Falta de liberdade dos agentes endógenos Pessoas pobres, consumidas pelo trabalho, têm pouco tempo livre e pouca disposição para empregá-lo em atividades voluntárias. O pouco tempo que lhes resta – aos que trabalham fora, em geral os homens – é dedicado ao descanso, à convivência familiar e ao lazer. Esse é um dos motivos das reuniões contarem com uma maioria de donas de casa: mesmo tendo que cuidar dos filhos e das tarefas domésticas, elas permanecem mais tempo na localidade.
  • 25. Problemas teóricos Falta de diversidade sócio-econômica e cultural Não comparecem em número significativo estudantes universitários, professores, profissionais liberais, empresários, técnicos e executivos governamentais, dirigentes de ONGs, ciberativistas e jovens empreendedores, o que dificulta a realização autônoma de certas tarefas técnicas bem como o emprego de tecnologias interativas de informação e comunicação que hoje são vitais nesses processos (como uma plataforma digital).
  • 26. Reinventando o processo Não adianta insistir nesse tipo de metodologia A natureza dos problemas apontados revela que não basta produzir mais uma versão ou uma atualização das metodologias de indução ou promoção do desenvolvimento local. Faz-se necessário reinventá-las. Isso deve ser feito a partir de um pressuposto básico e de novos fundamentos.
  • 27. Reinventando o processo A comunitarização é o pressuposto básico O pressuposto básico é o processo de comunitarização que acompanha a glocalização atualmente em curso.
  • 28. Reinventando o processo Fundamento: novas dinâmicas sociais interativas Os novos fundamentos dizem respeito às novas dinâmicas sociais interativas que estão emergindo na transição da sociedade hierárquica para uma sociedade em rede.
  • 29. Dez medidas para reinventar o processo Auto-organização comunitária Deixar de ser uma metodologia de indução e passar a ser um processo capaz de apostar na auto-organização comunitária, ensejando a precipitação da nova fenomenologia das redes distribuídas, de uma nova dinâmica de inovação social que possa ser interpretada como desenvolvimento.
  • 30. Dez medidas para reinventar o processo Nada de roteiro imposto Deixar de ser um roteiro imposto de ações seqüenciadas ou de passos previamente desenhados para obtenção de resultados previsíveis, esperados ou desejados.
  • 31. Dez medidas para reinventar o processo Nada de programa de oferta Eliminar as características de um programa de oferta e, para tanto, desestimular a formação de comunidades compostas por pessoas com pouca diversidade econômica, social e cultural e incentivar o empreendedorismo individual e coletivo e o fund raising em rede lançando mão de novos processos mais compatíveis com as dinâmicas de rede (como o crowdfunding).
  • 32. Dez medidas para reinventar o processo Tirar a reunião do centro da atividade Desestimular as reuniões formais para discutir qualquer assunto, substituindo-as por processos coletivos e dialógicos e, sobretudo interativos, de criação, de invenção e de realização de atividades comuns compartilhadas.
  • 33. Dez medidas para reinventar o processo Estimular o lúdico Estimular as atividades lúdicas, as brincadeiras, as festas e outras formas de celebração da convivência, incentivando a presença de crianças e idosos em todas as atividades.
  • 34. Dez medidas para reinventar o processo Abrir mão do comando-e-controle e do rankismo Abolir, até onde for possível, quaisquer formas e mecanismos de comando-e-controle, inclusive aquelas disfarçadas como sistemas de monitoramento e avaliação. E também não aceitar rankings e comparações entre experiências de desenvolvimento local, assim como afastar a inútil e contraproducente idéia de best practices.
  • 35. Dez medidas para reinventar o processo Todos os agentes devem ser voluntários Ser aplicada por agentes de desenvolvimento voluntários da própria localidade, que – ao invés de serem ensinados em salas de aula, por professores – constituam inicialmente uma comunidade de aprendizagem em rede sobre netweaving.
  • 36. Dez medidas para reinventar o processo Software livre Nunca ser um programa proprietário de uma instituição hierárquica mas um software livre que possa ser reprogramado e rodado em localidades que reúnam certas características, por iniciativa de qualquer comunidade de aprendizagem (composta para começar por, pelo menos, três pessoas). O papel das instituições interessadas em promover tal processo deve ser apenas o de transferir a tecnologia social (ou a metodologia).
  • 37. Dez medidas para reinventar o processo Estimular a interação e a conexão dentro e fora Estimular a conexão e a interação entre as diversas comunidades de vizinhança, de aprendizagem, de projeto e de prática que se formaram dentro de um mesmo ambiente territorial e entre diversos ambientes territoriais (situados em qualquer lugar do país e do mundo).
  • 38. Dez medidas para reinventar o processo Nada de trabalho ou pena: diversão, jogo! Não ser mais um trabalho, a execução de uma rotina imposta heteronomamente, mas uma diversão, um jogo, um creative social game ao qual as pessoas aderem por que acham bacana, interessante e útil (mas não como uma tábua de salvação ou uma liturgia a que tenham que se submeter, como se tivessem que pagar um preço para obter alguma coisa, ainda que seja para aumentar sua qualidade de vida ou conquistar melhorias para sua localidade).
  • 39. Reinventando o processo Tomar como base as redes sociais distribuídas A introdução dessas mudanças desconstitui completamente o que até agora se chamou de metodologia (de promoção ou indução) do desenvolvimento local. Reinventa essas metodologias em quaisquer de suas versões ou adaptações, mas reinventa também todas as metodologias assemelhadas ou voltadas ao mesmo objetivo. Aliás, nenhuma dessas metodologias – no Brasil ou em outros países – foram ou são baseadas em redes sociais distribuídas.
  • 40. Bases para um novo processo Pessoas, não instituições O processo é baseado em pessoas e não em instituições internas ou externas à localidade. Redes sociais acontecem quando pessoas interagem. Interação é, basicamente, adaptação, imitação e cooperação.
  • 41. Bases para um novo processo Viver a convivência As pessoas constituem uma comunidade quando vivem sua convivência de modo a gerar uma identidade.
  • 42. Bases para um novo processo Constituir comunidades livres O processo visa a constituir comunidades (no plural) dentro da localidade. Essas comunidades de vizinhança poderão ser de aprendizagem, de projeto ou de prática. Sua formação é livre, não orientada (a não ser para a realização de uma agenda-meio contendo instrumentos e ferramentas de auto- aprendizagem e de auto-desenvolvimento).
  • 43. Bases para um novo processo O desejo Pessoas podem se conectar para aprender qualquer coisa que julguem útil ou que estejam a fim de aprender (como inglês ou permacultura).
  • 44. Bases para um novo processo Outra vez o desejo Pessoas podem se conectar para elaborar ou executar um projeto (como a montagem de um telecentro ou a construção de uma horta comunitária). Ou para iniciar um negócio.
  • 45. Bases para um novo processo Ainda o desejo Pessoas podem se conectar para desenvolver conjuntamente uma atividade, temporária ou permanente (como limpar um córrego, promover festas ou administrar um centro comunitário ou fundar uma empresa).
  • 46. Bases para um novo processo Sempre o desejo E – não menos importante – pessoas podem se conectar para, simplesmente, desfrutar a vida e se comprazer na convivência com outras pessoas... Brincar, cantar, tocar instrumentos e dançar, comer e beber, namorar, celebrar e comemorar (festejar), aprender, se divertir, jogar, compartilhar histórias e experiências, dar e receber presentes, colaborar e ajudar, co-criar, compartilhar uma mística ou espiritualidade.
  • 47. Bases para um novo processo Inicialmente e finalmente... o desejo! Pessoas têm desejos. Abrem então comunidades para aglomerar outras pessoas que têm os mesmos desejos (ou desejos congruentes). Isso é tudo.
  • 48. Como poderia ser o novo processo? Por que não um social game?
  • 49. Um social game para promover o desenvolvimento da sua localidade transformando-a em seu próprio país
  • 51. Na #CICI2011 Não perca o lançamento Dia 20/05/11 às 15h | Auditório Mario de Mari