SlideShare a Scribd company logo
1 of 11
Download to read offline
Câncer de pulmão: aspectos de imagem na TC 
Gustavo de Souza Portes Meirelles1 
1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP 
1 – Introdução 
O carcinoma pulmonar era uma neoplasia considerada rara até o início do século XX. O aumento do 
tabagismo promoveu um aumento gradativo da sua incidência, fazendo com que atualmente esta seja a 
neoplasia maligna mais comum no mundo e a maior causa global de mortalidade por câncer, superando a 
soma de todos os óbitos por carcinomas de mama, cólon e próstata. 
No Brasil, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), os números não são muito 
diferentes. O carcinoma pulmonar é a neoplasia mais incidente, sendo a primeira causa de óbito por câncer 
em homens e a segunda em mulheres. Nos últimos 25 anos observou-se um aumento de 57% nas mortes 
por este tumor. A sobrevida em cinco anos é de apenas 10% a 15%, visto que muitos casos, ao diagnóstico, 
não são passíveis de tratamento cirúrgico, que continua sendo a forma mais eficaz de terapia, 
proporcionando ao paciente a única esperança de cura. 
O tabagismo é o principal fator causal no desenvolvimento do carcinoma pulmonar, com cerca de 80% a 
90% das mortes diretamente associadas a este hábito. Os não tabagistas são acometidos em até 25% dos 
casos, em parte devido ao tabagismo passivo. 
Os tumores primários são classificados com base nas áreas mais diferenciadas e graduados baseando-se 
nas regiões de menor diferenciação histológica. Dos tipos histológicos, quatro são os mais freqüentes, 
correspondendo a mais de 95% das neoplasias pulmonares primárias. São eles: adenocarcinoma, 
carcinoma de células escamosas, carcinoma indiferenciado de grandes células e o carcinoma de pequenas 
células. A combinação dos diferentes padrões histológicos pode ocorrer na mesma neoplasia, sendo o 
carcinoma adenoescamoso (misto entre adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas) a mais 
freqüente. 
Existe uma variedade de tumores primários incomuns que esporadicamente acometem o pulmão, 
perfazendo um total menor que 1% das neoplasias pulmonares. Este amplo espectro de tumores primários 
pode ter origem mesenquimal, epitelial, linforreticular e vascular. 
A radiografia do tórax permite uma avaliação rápida e de baixo custo, constituindo a modalidade inicial de 
investigação. Infelizmente, alguns carcinomas centrais endobrônquicos ou mesmo nódulos de pequenas 
dimensões podem não ser detectados por este método, que também deixa a desejar na avaliação do 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 1
componente tecidual do tumor e no estadiamento do mesmo. A tomografia computadorizada (TC) facilita 
significativamente a avaliação diagnóstica, proporcionando caracterização mais precisa das dimensões, 
contornos, extensão, localização e componente tecidual da lesão suspeita. Além disto, a TC tem papel 
fundamental no estadiamento e na programação de eventual biópsia e/ou cirurgia. Em casos selecionados, 
a ressonância magnética (RM) desempenha importante papel complementar, principalmente na avaliação 
de invasão de estruturas mediastinais, da parede torácica e de estruturas nervosas, além dos tumores do 
sulco superior e lesões extratorácicas, sendo também método alternativo em pacientes alérgicos ao meio de 
contraste iodado. 
2 – Principais subtipos de câncer de pulmão 
2.1 – Adenocarcinoma 
O adenocarcinoma é responsável por cerca de 37% a 50% de todos os carcinomas pulmonares. 
Representa o padrão histológico que mais acomete o sexo feminino e os não tabagistas. Embora menos 
associado ao tabagismo, a maioria dos pacientes (80%) tem história de uso do tabaco. Esta neoplasia 
mantém relação com doenças pulmonares que produzem fibrose difusa ou focal, incluindo tuberculose, 
infarto pulmonar, pneumonia intersticial crônica, esclerodermia, bronquiectasias e faveolamento, sendo 
também associada a cicatrizes pulmonares. 
No estudo radiológico convencional manifesta-se como nódulo ou massa com densidade de partes moles, 
na maior parte dos casos periférica (figura 1). A maioria dos tumores afeta os lobos superiores, exibindo 
padrão expansivo que destrói e desloca o parênquima pulmonar e as estruturas adjacentes. Seus contornos 
podem ser lisos, lobulados ou imprecisos, mas na maior parte das vezes são espiculados. Bordas 
imprecisas podem estar associadas à invasão do parênquima adjacente. 
Figura 1. Massa periférica no pulmão direito, com contornos irregulares (seta). Adenocarcinoma. 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 2
A TC permite melhor caracterização da lesão, com avaliação da sua extensão e relação com estruturas 
adjacentes (figura 2). Os cortes axiais de alta resolução podem demonstrar sinais de linfangite 
carcinomatosa associada, que consiste na disseminação linfática do tumor. O estudo tomográfico permite 
também demonstrar invasão da pleura e da parede torácica, embora a ausência de envolvimento 
extrapulmonar visível na TC não exclua esta possibilidade. 
Figura 2. TC demonstrando massa espiculada no pulmão direito (seta). Adenocarcinoma. 
O adenocarcinoma já foi relatado associado a bolhas pulmonares preexistentes e pode se manifestar como 
espessamento de suas paredes, nódulo parietal, alterações nos diâmetros da bolha e até mesmo 
pneumotórax espontâneo. 
2.2 – Adenocarcinoma bronquioloalveolar 
O carcinoma bronquioloalveolar (CBA) representa um subtipo de adenocarcinoma, responsável por 2% a 
6% das neoplasias pulmonares. Tipicamente localiza-se na periferia brônquica, respeitando o interstício 
pulmonar, o qual dá suporte para o crescimento tumoral. O CBA focal pode progredir para o envolvimento 
pulmonar difuso, por meio de disseminação broncogênica. Na TC manifesta-se com diferentes aspectos, 
dentre eles: nódulo solitário ou massa, em cerca de 43% dos casos (figura 3); consolidação, geralmente 
com broncogramas aéreos, em 30% (figura 4); ou como anormalidade difusa caracterizada por nódulos ou 
opacidades mal definidas, em cerca de 27% (figura 5). 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 3
Figura 3. Carcinoma bronquioloalveolar apresentando-se na forma de nódulo 
solitário, espiculado, no pulmão esquerdo (seta). 
Figura 4. Consolidação periférica (seta), com aerobroncogramas, no pulmão 
direito. Carcinoma bronquioloalveolar. 
Figura 5. Opacidades em vidro fosco bilaterais difusas, associadas a 
brônquios de calibre aumentado (setas). Carcinoma bronquioloalveolar. 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 4
Os nódulos solitários têm uma aparência espiculada e, em 50% a 60% dos casos, contêm imagens com 
aspecto de bolhas ou broncogramas aéreos. Na TC de alta resolução (TCAR) podem se associar as 
opacidades em vidro fosco marginais ou focais (figura 6). Pacientes com envolvimento pulmonar difuso 
podem exibir consolidações esparsas, por vezes associadas a broncogramas aéreos ou espaços císticos, 
vidro fosco difuso ou multifocal com ou sem espessamento septal, nódulos centrolobulares do espaço aéreo 
ou pequenos nódulos difusos simulando metástases hematogênicas. 
Figura 6. Carcinoma bronquioloalveolar. Nódulo espiculado no lobo 
superior direito (seta), com vidro fosco marginal. 
Cavitação, apesar de infreqüente nos adenocarcinomas, pode ser vista no CBA, que é o segundo tumor 
pulmonar que mais apresenta cavitação central, depois do carcinoma escamoso. 
2.3 – Carcinoma de células escamosas (espinocelular) 
O carcinoma escamoso responde por cerca de 30% a 40% dos carcinomas pulmonares. Este tipo 
histológico está muito associado ao tabagismo e a outros agentes tóxicos (níquel e asbesto, por exemplo). 
Demonstra a menor taxa de crescimento dentre os tumores pulmonares malignos. As metástases à 
distância não são usuais ao diagnóstico, estando presentes em menos de 20% dos casos. A disseminação 
se faz principalmente por contigüidade para os linfonodos adjacentes. 
Nos métodos de imagem comumente exibe localização central, mantendo relação com o brônquio principal, 
lobar ou segmentar em até dois terços dos casos (figura 7). 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 5
Figura 7. Carcinoma de células escamosas. Formação expansiva central, na 
região do hilo direito (setas), com hipotransparência pulmonar ipsilateral. 
O acometimento brônquico pode ser demonstrado na TC por meio de irregularidade e/ou espessamento de 
suas paredes ou massa polipóide obstruindo ou estenosando sua luz, com subseqüente invasão nodal 
adjacente ou mesmo do parênquima pulmonar (figura 8). 
Figura 8. Carcinoma de células escamosas. Massa central estenosando o brônquio 
principal direito (seta) e promovendo atelectasia distal. 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 6
Necrose central é um achado comum, resultando em cavitação em 10% dos casos, que tem paredes 
espessas e irregulares (figura 9). 
Figura 9. Carcinoma escamoso com necrose. A. Cavidade de paredes espessas no pulmão direito (seta). 
B. TC demonstrando cavidade com contornos irregulares (seta) e massa polipóide interna. 
Obstrução brônquica resulta em pneumonia pós-obstrutiva, atelectasias lobares ou completas. Devido à 
presença da massa central o lobo acometido é incapaz de colabar por completo, produzindo um contorno 
lobulado na periferia do parênquima pulmonar atelectasiado (sinal radiográfico denominado de “S de 
Golden“). Aproximadamente um terço dos casos são periféricos. 
A TC pode ajudar a diferenciar o tumor primário do parênquima pulmonar consolidado ou atelectasiado 
baseando-se nas diferentes atenuações destas estruturas após a infusão endovenosa do meio de contraste 
iodado. 
O carcinoma escamoso é o tipo histológico que mais freqüentemente manifesta-se como tumor de Pancoast 
(tumor do sulco superior). Esta apresentação responde por apenas 1% dos carcinomas pulmonares. A RM é 
superior à TC na avaliação, principalmente por meio de cortes sagitais e coronais, melhor caracterizando as 
estruturas vasculares, plexo braquial, corpos vertebrais, costelas e o canal vertebral (figura 10). 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 7
Figura 10. RM demonstrando formação expansiva lobulada no sulco 
superior esquerdo (seta), invadindo pleura e estruturas do plexo braquial. 
2.4 – Carcinoma indiferenciado de grandes células 
Representa menos de 5% de todos os carcinomas pulmonares. São tumores também muito relacionados ao 
tabagismo e apresentam rápido crescimento com tendência a metástases precoces. Um subtipo do 
carcinoma indiferenciado de grandes células é composto por células gigantes pleomórficas de formas 
bizarras, multinucleadas em até 40%. Este tipo histológico apresenta comportamento agressivo e 
prognóstico muito ruim. 
Os carcinomas de células indiferenciadas usualmente são volumosos e heterogêneos, com grandes áreas 
de necrose. Tendem a localizar-se na periferia pulmonar. Quando centrais demonstram envolvimento 
brônquico em metade dos casos. A apresentação radiológica clássica é de uma volumosa massa periférica 
heterogênea com focos hipoatenuantes que não realçam pelo meio de contraste endovenoso, compatíveis 
com necrose (figura 11). O achado de metástases e invasão da parede torácica ao diagnóstico não é 
incomum. 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 8
Figura 11. Carcinoma pulmonar de grandes células. A TC de tórax (A e B) demonstra massa cavitada no lobo inferior 
direito, com metástases linfonodais no hilo homolateral e no mediastino. A RM de crânio (C) demonstra metástase 
isolada no cerebelo, confirmada no PET com FDG (D), com posterior fusão das imagens com a RM (PET/RM). 
2.5 – Carcinoma de pequenas células 
O carcinoma de pequenas células responde por aproximadamente 15% dos carcinomas broncogênicos. 
São associados ao tabagismo e apresentam crescimento rápido, com metástases precoces e difusas. 
Embora usado por alguns como sinônimo, o carcinoma “oat cell” é considerado um subtipo histológico, 
caracterizado por pequenas células uniformes com núcleo hipercromático de pequenas dimensões, nucléolo 
ausente e citoplasma escasso. Os tumores carcinóides, juntamente com o carcinoma de pequenas células, 
são considerados neoplasias neuroendócrinas pulmonares, pelo fato de conterem grânulos neuro-secretores 
que podem causar síndrome hormonal pela secreção ectópica destes hormônios. 
O padrão radiológico clássico é o de lesão expansiva hilar ou perihilar freqüentemente associada a 
alargamento mediastinal (figura 12). A massa pode ser causada por linfonodomegalia hilar, tumor primário 
ou a combinação de ambos, sendo que o tumor primário por vezes não é identificado. Raramente 
manifesta-se como nódulo pulmonar solitário. 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 9
Figura 12. Alargamento mediastinal bilateral na radiografia simples (setas). 
Carcinoma de pequenas células. 
A TC evidencia com propriedade o envolvimento linfonodal, principalmente na avaliação da doença no 
mediastino anterior, região subcarinal e pericárdica (figura 13). Caracteriza achados associados importantes 
para o estadiamento: acometimento de grandes vasos e brônquios, derrames pleurais, invasão mediastinal 
direta, doença metastática e principalmente lesões pulmonares ocultas ao estudo convencional, além de 
melhor caracterizar o componente tecidual da lesão. Embora compressão brônquica extrínseca possa 
ocorrer, lesões endobrônquicas são raras. 
Figura 13. Carcinoma de pequenas células. Massa central envolvendoa artéria pulmonar 
direita (seta), associada a derrame pleural ipsilateral(asterisco). O comprometimento 
mediastinal ocasionando a síndrome daveia cava superior pela compressão tumoral, 
trombose ou invasão diretaocorre principalmente por este tipo tumoral. 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 10
3 – Leitura recomendada 
Aronchick JM. Lung cancer: epidemiology and risk factors. Semin Roentgenol 1990; 25:5-11. 
Erasmus JF, Connoly FE, McAdams HP, Roggli VL. Solitary pulmonary nodules: part 1. Morphologic 
evaluation for differentiation of benign and malignant lesions. Radiographics 2000;20:43-58. 
Fraser RG, Paré JAP, Paré PD, Fraser RS, Genereux GP. Neoplastic disease of the lung. In: Fraser RG, 
Paré JAP, Paré PD, Fraser RS, Genereux GP,eds. Diagnosis of diseases of the chest. 3rd ed. 
Philadelphia,Pa: Saunders,1989;1327-1699. 
Gimenéz A, Franquet T, Prats R, Estrada P, Villalba J, Bagué S. Unusual primary lung tumors:a radiologic-pathologic 
overview. Radiographics 2002;22:601-619. 
Greenlee RT, Murray T, Bolden S et al. Cancer statistics, 2000. CA J Clin 2000;50:7-33. 
Haque AK. Pathology of carcinoma of lung: an update on current concepts. J Thorac Imaging1991;7:9-20. 
Insituto Nacional do Câncer (INCA). Estimativas do CA no Brasil para 2003. Disponível em 
http://www.inca.gov.br 
Naidich DP, Müller NL, Webb WR, Krinsky GA, Zerhouni EA, Siegelman SS. Lung cancer. In: Naidich DP, 
Müller NL, Webb WR, Krinsky GA, Zerhouni EA, Siegelman SS. Computed Tomography and Magnetic 
Resonance of the Thorax. 3rd. ed. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1999; 343-380. 
National Cancer Institute. Estatísticas do CA de pulmão nos EUA. Disponível em 
http://seer.cancer.gov/canques 
Rosado-de-Christenson ML, Templeton PA, Moran CA. Bronchogenic carcinoma: radiologic-pathologic 
correlation. Radiographics 1994;14:429-446. 
Tsutsui M, Araki Y,Shirakusa T, Inutsuka S. Characteristic radiographic features of pulmonary carcinoma 
associated with large bulla. Ann Thorac Surg 1988;46:679-683. 
Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 11

More Related Content

What's hot

1. pneumonias (06 jan2015)
1. pneumonias (06 jan2015)1. pneumonias (06 jan2015)
1. pneumonias (06 jan2015)Mônica Firmida
 
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)Hemilly Rayanne
 
TC de alta resolução do Pulmão
TC de alta resolução do PulmãoTC de alta resolução do Pulmão
TC de alta resolução do PulmãoFlávia Salame
 
TC de tórax janela de mediastino
TC de tórax  janela de mediastinoTC de tórax  janela de mediastino
TC de tórax janela de mediastinoFlávia Salame
 
Sarcoma de Kaposi
Sarcoma de KaposiSarcoma de Kaposi
Sarcoma de KaposiOncoguia
 
Patologias do tórax
Patologias do tóraxPatologias do tórax
Patologias do tóraxDébora Souto
 
Efeitos Biológicos da Radiação Ionizante
Efeitos Biológicos da Radiação IonizanteEfeitos Biológicos da Radiação Ionizante
Efeitos Biológicos da Radiação IonizanteVanessa Farias
 
Câncer de pulmão (1)
Câncer de pulmão (1)Câncer de pulmão (1)
Câncer de pulmão (1)Lu Bernardes
 
Exames radiológicos II
Exames radiológicos IIExames radiológicos II
Exames radiológicos IIresenfe2013
 
Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...
Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...
Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...Alexandre Naime Barbosa
 

What's hot (20)

Pneumonia
PneumoniaPneumonia
Pneumonia
 
1. pneumonias (06 jan2015)
1. pneumonias (06 jan2015)1. pneumonias (06 jan2015)
1. pneumonias (06 jan2015)
 
Anatomia Radiológica
Anatomia RadiológicaAnatomia Radiológica
Anatomia Radiológica
 
Slide apendicectomia.
Slide apendicectomia.Slide apendicectomia.
Slide apendicectomia.
 
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
Imunopatologia da Esquistossomose (slide final)
 
TC de alta resolução do Pulmão
TC de alta resolução do PulmãoTC de alta resolução do Pulmão
TC de alta resolução do Pulmão
 
Pneumotorax e pneumonia
Pneumotorax e pneumoniaPneumotorax e pneumonia
Pneumotorax e pneumonia
 
Câncer de Intestino
Câncer de IntestinoCâncer de Intestino
Câncer de Intestino
 
TC de tórax janela de mediastino
TC de tórax  janela de mediastinoTC de tórax  janela de mediastino
TC de tórax janela de mediastino
 
Sarcoma de Kaposi
Sarcoma de KaposiSarcoma de Kaposi
Sarcoma de Kaposi
 
Apendicite aguda
Apendicite agudaApendicite aguda
Apendicite aguda
 
Dpoc pronto
Dpoc prontoDpoc pronto
Dpoc pronto
 
Patologias do tórax
Patologias do tóraxPatologias do tórax
Patologias do tórax
 
Lesões mamárias benignas - aspecto histopatológico
Lesões mamárias benignas - aspecto histopatológicoLesões mamárias benignas - aspecto histopatológico
Lesões mamárias benignas - aspecto histopatológico
 
Efeitos Biológicos da Radiação Ionizante
Efeitos Biológicos da Radiação IonizanteEfeitos Biológicos da Radiação Ionizante
Efeitos Biológicos da Radiação Ionizante
 
Câncer de pulmão (1)
Câncer de pulmão (1)Câncer de pulmão (1)
Câncer de pulmão (1)
 
Câncer de esôfago
Câncer de esôfagoCâncer de esôfago
Câncer de esôfago
 
Pneumonia
Pneumonia Pneumonia
Pneumonia
 
Exames radiológicos II
Exames radiológicos IIExames radiológicos II
Exames radiológicos II
 
Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...
Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...
Pneumonias Conceito Classificações Fisiopatologia Manifestações Clínicas Diag...
 

Similar to Câncer de pulmão: principais subtipos na TC

TC tórax: metástases pulmonares
TC tórax: metástases pulmonaresTC tórax: metástases pulmonares
TC tórax: metástases pulmonaresarbarretto
 
Tc tórax: tuberculose pulmonar
Tc tórax: tuberculose pulmonarTc tórax: tuberculose pulmonar
Tc tórax: tuberculose pulmonararbarretto
 
TC tórax: alterações pleurais
TC tórax: alterações pleuraisTC tórax: alterações pleurais
TC tórax: alterações pleuraisarbarretto
 
Síndromes Respiratórias PL 03
Síndromes Respiratórias PL 03Síndromes Respiratórias PL 03
Síndromes Respiratórias PL 03rdgomlk
 
Lesoes mediastino
Lesoes mediastinoLesoes mediastino
Lesoes mediastinocrisvbarros
 
Lesoes mediastino
Lesoes mediastinoLesoes mediastino
Lesoes mediastinocrisvbarros
 
Cistos e cavidades pulmonares
Cistos e cavidades pulmonaresCistos e cavidades pulmonares
Cistos e cavidades pulmonaresFlávia Salame
 
TC tórax: estadiamento de câncer de pulmão
TC tórax: estadiamento de câncer de pulmãoTC tórax: estadiamento de câncer de pulmão
TC tórax: estadiamento de câncer de pulmãoarbarretto
 
Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonaresClínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonaresLucas Nicola
 
TC tórax: tumores do mediastino
TC tórax: tumores do mediastinoTC tórax: tumores do mediastino
TC tórax: tumores do mediastinoarbarretto
 
TC tórax: alterações congênitas
TC tórax: alterações congênitasTC tórax: alterações congênitas
TC tórax: alterações congênitasarbarretto
 
Aula 3: Nódulos e Massas Pulmonares
Aula 3: Nódulos e Massas PulmonaresAula 3: Nódulos e Massas Pulmonares
Aula 3: Nódulos e Massas PulmonaresFlávia Salame
 
Tc pulmão parte i 03.11.11
Tc pulmão parte i 03.11.11Tc pulmão parte i 03.11.11
Tc pulmão parte i 03.11.11Norberto Werle
 
TC tórax: nódulo pulmonar solitário
TC tórax: nódulo pulmonar solitárioTC tórax: nódulo pulmonar solitário
TC tórax: nódulo pulmonar solitárioarbarretto
 

Similar to Câncer de pulmão: principais subtipos na TC (20)

TC tórax: metástases pulmonares
TC tórax: metástases pulmonaresTC tórax: metástases pulmonares
TC tórax: metástases pulmonares
 
Tc tórax: tuberculose pulmonar
Tc tórax: tuberculose pulmonarTc tórax: tuberculose pulmonar
Tc tórax: tuberculose pulmonar
 
TC tórax: alterações pleurais
TC tórax: alterações pleuraisTC tórax: alterações pleurais
TC tórax: alterações pleurais
 
6847360 pleura4
6847360 pleura46847360 pleura4
6847360 pleura4
 
Síndromes Respiratórias PL 03
Síndromes Respiratórias PL 03Síndromes Respiratórias PL 03
Síndromes Respiratórias PL 03
 
Lesoes mediastino
Lesoes mediastinoLesoes mediastino
Lesoes mediastino
 
Lesoes mediastino
Lesoes mediastinoLesoes mediastino
Lesoes mediastino
 
Cistos e cavidades pulmonares
Cistos e cavidades pulmonaresCistos e cavidades pulmonares
Cistos e cavidades pulmonares
 
TC tórax: estadiamento de câncer de pulmão
TC tórax: estadiamento de câncer de pulmãoTC tórax: estadiamento de câncer de pulmão
TC tórax: estadiamento de câncer de pulmão
 
1501
15011501
1501
 
Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonaresClínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonares
 
1405
14051405
1405
 
TC tórax: tumores do mediastino
TC tórax: tumores do mediastinoTC tórax: tumores do mediastino
TC tórax: tumores do mediastino
 
TC tórax: alterações congênitas
TC tórax: alterações congênitasTC tórax: alterações congênitas
TC tórax: alterações congênitas
 
Aula 3: Nódulos e Massas Pulmonares
Aula 3: Nódulos e Massas PulmonaresAula 3: Nódulos e Massas Pulmonares
Aula 3: Nódulos e Massas Pulmonares
 
Nódulo Pulmonar Solitário
Nódulo Pulmonar SolitárioNódulo Pulmonar Solitário
Nódulo Pulmonar Solitário
 
Tc pulmão parte i 03.11.11
Tc pulmão parte i 03.11.11Tc pulmão parte i 03.11.11
Tc pulmão parte i 03.11.11
 
1408
14081408
1408
 
Artigotcccapulmão
ArtigotcccapulmãoArtigotcccapulmão
Artigotcccapulmão
 
TC tórax: nódulo pulmonar solitário
TC tórax: nódulo pulmonar solitárioTC tórax: nódulo pulmonar solitário
TC tórax: nódulo pulmonar solitário
 

More from arbarretto

TC tórax: emergências aórticas
TC tórax: emergências aórticasTC tórax: emergências aórticas
TC tórax: emergências aórticasarbarretto
 
TC tórax: TEP
TC tórax: TEPTC tórax: TEP
TC tórax: TEParbarretto
 
TC tórax: Infecções pulmonares
TC tórax: Infecções pulmonaresTC tórax: Infecções pulmonares
TC tórax: Infecções pulmonaresarbarretto
 
TC de tórax normal
TC de tórax normalTC de tórax normal
TC de tórax normalarbarretto
 
Aula 1 - tomografia de tórax de alta resolução
Aula 1 - tomografia de tórax de alta resoluçãoAula 1 - tomografia de tórax de alta resolução
Aula 1 - tomografia de tórax de alta resoluçãoarbarretto
 
Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009
Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009
Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009arbarretto
 

More from arbarretto (19)

TC tórax: emergências aórticas
TC tórax: emergências aórticasTC tórax: emergências aórticas
TC tórax: emergências aórticas
 
TC tórax: TEP
TC tórax: TEPTC tórax: TEP
TC tórax: TEP
 
TC tórax: Infecções pulmonares
TC tórax: Infecções pulmonaresTC tórax: Infecções pulmonares
TC tórax: Infecções pulmonares
 
TC de tórax normal
TC de tórax normalTC de tórax normal
TC de tórax normal
 
Aula 3 - TCAR
Aula 3 - TCARAula 3 - TCAR
Aula 3 - TCAR
 
Aula 2 - TCAR
Aula 2 - TCARAula 2 - TCAR
Aula 2 - TCAR
 
Aula 1 - tomografia de tórax de alta resolução
Aula 1 - tomografia de tórax de alta resoluçãoAula 1 - tomografia de tórax de alta resolução
Aula 1 - tomografia de tórax de alta resolução
 
Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009
Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009
Diretrizes Brasileiras para PAC em Adultos Imunocompetentes - 2009
 
Asma 2012
Asma 2012Asma 2012
Asma 2012
 
1412
14121412
1412
 
1410
14101410
1410
 
1409
14091409
1409
 
1407
14071407
1407
 
1406
14061406
1406
 
1404
14041404
1404
 
1403
14031403
1403
 
1402
14021402
1402
 
1401
14011401
1401
 
1411
14111411
1411
 

Recently uploaded

HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.pptHIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.pptAlberto205764
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivProfessorThialesDias
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfMedTechBiz
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdfMichele Carvalho
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannRegiane Spielmann
 

Recently uploaded (8)

HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.pptHIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 

Câncer de pulmão: principais subtipos na TC

  • 1. Câncer de pulmão: aspectos de imagem na TC Gustavo de Souza Portes Meirelles1 1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP 1 – Introdução O carcinoma pulmonar era uma neoplasia considerada rara até o início do século XX. O aumento do tabagismo promoveu um aumento gradativo da sua incidência, fazendo com que atualmente esta seja a neoplasia maligna mais comum no mundo e a maior causa global de mortalidade por câncer, superando a soma de todos os óbitos por carcinomas de mama, cólon e próstata. No Brasil, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), os números não são muito diferentes. O carcinoma pulmonar é a neoplasia mais incidente, sendo a primeira causa de óbito por câncer em homens e a segunda em mulheres. Nos últimos 25 anos observou-se um aumento de 57% nas mortes por este tumor. A sobrevida em cinco anos é de apenas 10% a 15%, visto que muitos casos, ao diagnóstico, não são passíveis de tratamento cirúrgico, que continua sendo a forma mais eficaz de terapia, proporcionando ao paciente a única esperança de cura. O tabagismo é o principal fator causal no desenvolvimento do carcinoma pulmonar, com cerca de 80% a 90% das mortes diretamente associadas a este hábito. Os não tabagistas são acometidos em até 25% dos casos, em parte devido ao tabagismo passivo. Os tumores primários são classificados com base nas áreas mais diferenciadas e graduados baseando-se nas regiões de menor diferenciação histológica. Dos tipos histológicos, quatro são os mais freqüentes, correspondendo a mais de 95% das neoplasias pulmonares primárias. São eles: adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas, carcinoma indiferenciado de grandes células e o carcinoma de pequenas células. A combinação dos diferentes padrões histológicos pode ocorrer na mesma neoplasia, sendo o carcinoma adenoescamoso (misto entre adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas) a mais freqüente. Existe uma variedade de tumores primários incomuns que esporadicamente acometem o pulmão, perfazendo um total menor que 1% das neoplasias pulmonares. Este amplo espectro de tumores primários pode ter origem mesenquimal, epitelial, linforreticular e vascular. A radiografia do tórax permite uma avaliação rápida e de baixo custo, constituindo a modalidade inicial de investigação. Infelizmente, alguns carcinomas centrais endobrônquicos ou mesmo nódulos de pequenas dimensões podem não ser detectados por este método, que também deixa a desejar na avaliação do Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 1
  • 2. componente tecidual do tumor e no estadiamento do mesmo. A tomografia computadorizada (TC) facilita significativamente a avaliação diagnóstica, proporcionando caracterização mais precisa das dimensões, contornos, extensão, localização e componente tecidual da lesão suspeita. Além disto, a TC tem papel fundamental no estadiamento e na programação de eventual biópsia e/ou cirurgia. Em casos selecionados, a ressonância magnética (RM) desempenha importante papel complementar, principalmente na avaliação de invasão de estruturas mediastinais, da parede torácica e de estruturas nervosas, além dos tumores do sulco superior e lesões extratorácicas, sendo também método alternativo em pacientes alérgicos ao meio de contraste iodado. 2 – Principais subtipos de câncer de pulmão 2.1 – Adenocarcinoma O adenocarcinoma é responsável por cerca de 37% a 50% de todos os carcinomas pulmonares. Representa o padrão histológico que mais acomete o sexo feminino e os não tabagistas. Embora menos associado ao tabagismo, a maioria dos pacientes (80%) tem história de uso do tabaco. Esta neoplasia mantém relação com doenças pulmonares que produzem fibrose difusa ou focal, incluindo tuberculose, infarto pulmonar, pneumonia intersticial crônica, esclerodermia, bronquiectasias e faveolamento, sendo também associada a cicatrizes pulmonares. No estudo radiológico convencional manifesta-se como nódulo ou massa com densidade de partes moles, na maior parte dos casos periférica (figura 1). A maioria dos tumores afeta os lobos superiores, exibindo padrão expansivo que destrói e desloca o parênquima pulmonar e as estruturas adjacentes. Seus contornos podem ser lisos, lobulados ou imprecisos, mas na maior parte das vezes são espiculados. Bordas imprecisas podem estar associadas à invasão do parênquima adjacente. Figura 1. Massa periférica no pulmão direito, com contornos irregulares (seta). Adenocarcinoma. Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 2
  • 3. A TC permite melhor caracterização da lesão, com avaliação da sua extensão e relação com estruturas adjacentes (figura 2). Os cortes axiais de alta resolução podem demonstrar sinais de linfangite carcinomatosa associada, que consiste na disseminação linfática do tumor. O estudo tomográfico permite também demonstrar invasão da pleura e da parede torácica, embora a ausência de envolvimento extrapulmonar visível na TC não exclua esta possibilidade. Figura 2. TC demonstrando massa espiculada no pulmão direito (seta). Adenocarcinoma. O adenocarcinoma já foi relatado associado a bolhas pulmonares preexistentes e pode se manifestar como espessamento de suas paredes, nódulo parietal, alterações nos diâmetros da bolha e até mesmo pneumotórax espontâneo. 2.2 – Adenocarcinoma bronquioloalveolar O carcinoma bronquioloalveolar (CBA) representa um subtipo de adenocarcinoma, responsável por 2% a 6% das neoplasias pulmonares. Tipicamente localiza-se na periferia brônquica, respeitando o interstício pulmonar, o qual dá suporte para o crescimento tumoral. O CBA focal pode progredir para o envolvimento pulmonar difuso, por meio de disseminação broncogênica. Na TC manifesta-se com diferentes aspectos, dentre eles: nódulo solitário ou massa, em cerca de 43% dos casos (figura 3); consolidação, geralmente com broncogramas aéreos, em 30% (figura 4); ou como anormalidade difusa caracterizada por nódulos ou opacidades mal definidas, em cerca de 27% (figura 5). Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 3
  • 4. Figura 3. Carcinoma bronquioloalveolar apresentando-se na forma de nódulo solitário, espiculado, no pulmão esquerdo (seta). Figura 4. Consolidação periférica (seta), com aerobroncogramas, no pulmão direito. Carcinoma bronquioloalveolar. Figura 5. Opacidades em vidro fosco bilaterais difusas, associadas a brônquios de calibre aumentado (setas). Carcinoma bronquioloalveolar. Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 4
  • 5. Os nódulos solitários têm uma aparência espiculada e, em 50% a 60% dos casos, contêm imagens com aspecto de bolhas ou broncogramas aéreos. Na TC de alta resolução (TCAR) podem se associar as opacidades em vidro fosco marginais ou focais (figura 6). Pacientes com envolvimento pulmonar difuso podem exibir consolidações esparsas, por vezes associadas a broncogramas aéreos ou espaços císticos, vidro fosco difuso ou multifocal com ou sem espessamento septal, nódulos centrolobulares do espaço aéreo ou pequenos nódulos difusos simulando metástases hematogênicas. Figura 6. Carcinoma bronquioloalveolar. Nódulo espiculado no lobo superior direito (seta), com vidro fosco marginal. Cavitação, apesar de infreqüente nos adenocarcinomas, pode ser vista no CBA, que é o segundo tumor pulmonar que mais apresenta cavitação central, depois do carcinoma escamoso. 2.3 – Carcinoma de células escamosas (espinocelular) O carcinoma escamoso responde por cerca de 30% a 40% dos carcinomas pulmonares. Este tipo histológico está muito associado ao tabagismo e a outros agentes tóxicos (níquel e asbesto, por exemplo). Demonstra a menor taxa de crescimento dentre os tumores pulmonares malignos. As metástases à distância não são usuais ao diagnóstico, estando presentes em menos de 20% dos casos. A disseminação se faz principalmente por contigüidade para os linfonodos adjacentes. Nos métodos de imagem comumente exibe localização central, mantendo relação com o brônquio principal, lobar ou segmentar em até dois terços dos casos (figura 7). Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 5
  • 6. Figura 7. Carcinoma de células escamosas. Formação expansiva central, na região do hilo direito (setas), com hipotransparência pulmonar ipsilateral. O acometimento brônquico pode ser demonstrado na TC por meio de irregularidade e/ou espessamento de suas paredes ou massa polipóide obstruindo ou estenosando sua luz, com subseqüente invasão nodal adjacente ou mesmo do parênquima pulmonar (figura 8). Figura 8. Carcinoma de células escamosas. Massa central estenosando o brônquio principal direito (seta) e promovendo atelectasia distal. Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 6
  • 7. Necrose central é um achado comum, resultando em cavitação em 10% dos casos, que tem paredes espessas e irregulares (figura 9). Figura 9. Carcinoma escamoso com necrose. A. Cavidade de paredes espessas no pulmão direito (seta). B. TC demonstrando cavidade com contornos irregulares (seta) e massa polipóide interna. Obstrução brônquica resulta em pneumonia pós-obstrutiva, atelectasias lobares ou completas. Devido à presença da massa central o lobo acometido é incapaz de colabar por completo, produzindo um contorno lobulado na periferia do parênquima pulmonar atelectasiado (sinal radiográfico denominado de “S de Golden“). Aproximadamente um terço dos casos são periféricos. A TC pode ajudar a diferenciar o tumor primário do parênquima pulmonar consolidado ou atelectasiado baseando-se nas diferentes atenuações destas estruturas após a infusão endovenosa do meio de contraste iodado. O carcinoma escamoso é o tipo histológico que mais freqüentemente manifesta-se como tumor de Pancoast (tumor do sulco superior). Esta apresentação responde por apenas 1% dos carcinomas pulmonares. A RM é superior à TC na avaliação, principalmente por meio de cortes sagitais e coronais, melhor caracterizando as estruturas vasculares, plexo braquial, corpos vertebrais, costelas e o canal vertebral (figura 10). Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 7
  • 8. Figura 10. RM demonstrando formação expansiva lobulada no sulco superior esquerdo (seta), invadindo pleura e estruturas do plexo braquial. 2.4 – Carcinoma indiferenciado de grandes células Representa menos de 5% de todos os carcinomas pulmonares. São tumores também muito relacionados ao tabagismo e apresentam rápido crescimento com tendência a metástases precoces. Um subtipo do carcinoma indiferenciado de grandes células é composto por células gigantes pleomórficas de formas bizarras, multinucleadas em até 40%. Este tipo histológico apresenta comportamento agressivo e prognóstico muito ruim. Os carcinomas de células indiferenciadas usualmente são volumosos e heterogêneos, com grandes áreas de necrose. Tendem a localizar-se na periferia pulmonar. Quando centrais demonstram envolvimento brônquico em metade dos casos. A apresentação radiológica clássica é de uma volumosa massa periférica heterogênea com focos hipoatenuantes que não realçam pelo meio de contraste endovenoso, compatíveis com necrose (figura 11). O achado de metástases e invasão da parede torácica ao diagnóstico não é incomum. Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 8
  • 9. Figura 11. Carcinoma pulmonar de grandes células. A TC de tórax (A e B) demonstra massa cavitada no lobo inferior direito, com metástases linfonodais no hilo homolateral e no mediastino. A RM de crânio (C) demonstra metástase isolada no cerebelo, confirmada no PET com FDG (D), com posterior fusão das imagens com a RM (PET/RM). 2.5 – Carcinoma de pequenas células O carcinoma de pequenas células responde por aproximadamente 15% dos carcinomas broncogênicos. São associados ao tabagismo e apresentam crescimento rápido, com metástases precoces e difusas. Embora usado por alguns como sinônimo, o carcinoma “oat cell” é considerado um subtipo histológico, caracterizado por pequenas células uniformes com núcleo hipercromático de pequenas dimensões, nucléolo ausente e citoplasma escasso. Os tumores carcinóides, juntamente com o carcinoma de pequenas células, são considerados neoplasias neuroendócrinas pulmonares, pelo fato de conterem grânulos neuro-secretores que podem causar síndrome hormonal pela secreção ectópica destes hormônios. O padrão radiológico clássico é o de lesão expansiva hilar ou perihilar freqüentemente associada a alargamento mediastinal (figura 12). A massa pode ser causada por linfonodomegalia hilar, tumor primário ou a combinação de ambos, sendo que o tumor primário por vezes não é identificado. Raramente manifesta-se como nódulo pulmonar solitário. Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 9
  • 10. Figura 12. Alargamento mediastinal bilateral na radiografia simples (setas). Carcinoma de pequenas células. A TC evidencia com propriedade o envolvimento linfonodal, principalmente na avaliação da doença no mediastino anterior, região subcarinal e pericárdica (figura 13). Caracteriza achados associados importantes para o estadiamento: acometimento de grandes vasos e brônquios, derrames pleurais, invasão mediastinal direta, doença metastática e principalmente lesões pulmonares ocultas ao estudo convencional, além de melhor caracterizar o componente tecidual da lesão. Embora compressão brônquica extrínseca possa ocorrer, lesões endobrônquicas são raras. Figura 13. Carcinoma de pequenas células. Massa central envolvendoa artéria pulmonar direita (seta), associada a derrame pleural ipsilateral(asterisco). O comprometimento mediastinal ocasionando a síndrome daveia cava superior pela compressão tumoral, trombose ou invasão diretaocorre principalmente por este tipo tumoral. Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 10
  • 11. 3 – Leitura recomendada Aronchick JM. Lung cancer: epidemiology and risk factors. Semin Roentgenol 1990; 25:5-11. Erasmus JF, Connoly FE, McAdams HP, Roggli VL. Solitary pulmonary nodules: part 1. Morphologic evaluation for differentiation of benign and malignant lesions. Radiographics 2000;20:43-58. Fraser RG, Paré JAP, Paré PD, Fraser RS, Genereux GP. Neoplastic disease of the lung. In: Fraser RG, Paré JAP, Paré PD, Fraser RS, Genereux GP,eds. Diagnosis of diseases of the chest. 3rd ed. Philadelphia,Pa: Saunders,1989;1327-1699. Gimenéz A, Franquet T, Prats R, Estrada P, Villalba J, Bagué S. Unusual primary lung tumors:a radiologic-pathologic overview. Radiographics 2002;22:601-619. Greenlee RT, Murray T, Bolden S et al. Cancer statistics, 2000. CA J Clin 2000;50:7-33. Haque AK. Pathology of carcinoma of lung: an update on current concepts. J Thorac Imaging1991;7:9-20. Insituto Nacional do Câncer (INCA). Estimativas do CA no Brasil para 2003. Disponível em http://www.inca.gov.br Naidich DP, Müller NL, Webb WR, Krinsky GA, Zerhouni EA, Siegelman SS. Lung cancer. In: Naidich DP, Müller NL, Webb WR, Krinsky GA, Zerhouni EA, Siegelman SS. Computed Tomography and Magnetic Resonance of the Thorax. 3rd. ed. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1999; 343-380. National Cancer Institute. Estatísticas do CA de pulmão nos EUA. Disponível em http://seer.cancer.gov/canques Rosado-de-Christenson ML, Templeton PA, Moran CA. Bronchogenic carcinoma: radiologic-pathologic correlation. Radiographics 1994;14:429-446. Tsutsui M, Araki Y,Shirakusa T, Inutsuka S. Characteristic radiographic features of pulmonary carcinoma associated with large bulla. Ann Thorac Surg 1988;46:679-683. Curso Pneumo Atual de Tomografia computadorizada do tórax – aula 05 11