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AS PERSEGUIÇÕES DE PLÍNIO, GOVERNADOR DA BITÍNIA<br />Antenor de Andrade<br />Caio Plínio ( conhecido como o Jovem, o Moço, o Novo, o Segundo.<br />2540038100Jurista, político, e administrador imperial na Bitínia (111-112). Era sobrinho-neto de Plínio, o Velho. Escreveu sobre a pavorosa erupção do ‘Vesúvio no ano 79 d,C. Suas narrações sobre o acontecimento no qual Pompégdsia desapareceu em cinzas, são o principal documento sobre a  erupção. Hoje, as erupções semelhantes denominam-se erupções plinianas.<br />No ano de 93 foi nomeado pretor e posteriormente cônsul e governador da Bitínia em 111.<br />Entre outros assuntos Plinio descreveu sobre o cristianismo, oferecendo-nos um dos primeiros documentos  sobre a igreja primitiva. Em  uma das Cartas ao Imperador Trajano de quem era muito amigo escrevia:<br />22860001384300...[os cristãos] têm como hábito reunir-se em um dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus; eles mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime, nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto, despedem-se e se encontram novamente para a refeição... (Plínio, Epístola 97).<br />,[object Object],Tudo indica que os dois primeiros séculos do Cristianismo foram relativamente tranquilos. Não foi publicado nenhum edito imperial contra os discípulos de Cristo. Quando havia algum problema entre eles e algum funcionário governamental, consultava-se o Imperador.<br />O fundamento jurídico das perseguições baseava-se nos rescritos que a partir de Nero, orientava as autoridades a tomarem severas providências contra os adeptos da nova fé.<br />Plínio, o Moço, em 112, solicita instruções a Trajano. Escolhido governador da província da Bitínia, ainda inexperiente e impressionado pelas inúmeras denúncias que chegavam contra os Cristãos pede orientações ao Imperador, em Roma: «É preciso punir só o nome de Cristão, mesmo que não haja delitos, ou  os delitos que o nome implica?». <br />Plínio chegou a torturar duas escravas acusadas de serem diaconisas. O relato afirma que nenhum Cristão, nem as duas senhoras cometeram nada que se possa dizer que eram delitos de dissolução dos costumes ou infanticídio, crimes de que eram acusadas pelo povo. Plínio continua a relatar que aquela gente se reunia para cantar «um hino a Cristo como a um deus…. Fazem juramentos (…) de não cometerem nem furtos, nem brigas, nem adultérios, de não faltarem à palabra dada, de não negarem pagamento».<br />2743200156845Sua conclusão É que entre os discípulos do tal Cristo não acontecia nenhuma das monstruosidades de que são acusados, mas tratava-se de  «uma superstição malvada e desenfreada». O governador da Bitínia acha essa atitude  tão louca que condena à morte alguns que se recusaram a sacrificar diante da imagem do Imperador e dos deuses de Roma. Aderir ao Cristianismo era para Plínio um crime que devia ser castigado com a morte.<br />
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