O documento discute como vários autores abordam a identidade cultural do povo brasileiro, citando Da Matta, Veloso, Ortiz, Gilberto Freire e outros. As perspectivas incluem a miscigenação, a importância da cultura e da sociedade na definição da identidade, e como fatores como língua, religião e características étnicas moldaram a identidade do brasileiro.
2. Portos de passagem
Veloso
Da Matta
Ortiz
Veloso e Madeira
Antonio Houais
Gilberto Freire
Vannucchi
Rega
Silvio Romero
Sergio Buarque de
Holanda
Paulo Prado
Cassiano Ricardo
outros
3. Veloso
Trata da miscigenação do branco, do índio e do
negro por meio de raízes históricas étnicas,
interdisciplinarmente com a vida social. Na visão do
autor, ainda que historicamente, a mistura de raças
devesse ter gerado um povo triste, isto não
aconteceu, ao contrário, a mistura do índio, triste, do
negro, banzo e do português, do fado, gerou um
povo alegre, que contrasta, portanto, com suas
origens e realidade étnico-cultural.
4. Da Matta
O homem se distingue dos outros animais
por ter a capacidade de se identificar,
justificar, singularizar e saber quem ele é.
Assim sendo, esse antropólogo trata da
questão da identidade, a partir de quem
somos, como somos e por que somos.
5. Relação do homem com a sociedade
Para da Matta, a identidade cultural é algo muito
importante, uma vez que é responsável para definir
o homem em relação a si mesmo e em relação à
sociedade: conhecer a si mesmo, saber como as
pessoas se associam por atributos sociais, com os
quais se identificam e com os quais forma uma
história. Portanto, é em relação ao social, que o
indivíduo se identifica e se faz identificar.
6. O modo de ser e de fazer de uma determinada
sociedade é uma memória social, pois há relação
com um tempo já vivido e em relação a cada
momento lembrado que, popularmente, é designado
tradição, todavia, cientificamente, Cultura.
Para tal teórico, a cultura não só é uma tradição
mantida no grupo social, como, sobretudo, um estilo,
em relação a outros grupos sociais, que define
socialmente o modo de ser e de fazer as coisas.
7. As diferenças culturais, por exemplo, têm fatores
comuns, relativos à natureza humana, tais como:
moradia, alimento, manifestações artísticas, rituais e
diversões.
No entanto, há diferença na forma de realizar e de
transformar o que se é e o que se faz,
considerando-se que cada um é ser social; mas, ao
mesmo tempo, o ser social é particular em relação a
outro ser social.
Por isso, a identidade de um grupo social é o que
marca e revela o que é próprio de cada grupo social.
8. Ortiz
Postula que a identidade é uma unidade
abstrata e, por isso, não pode ser
compreendida nos eventos que são
particulares, ou seja, não se situa na
concretude do presente, mas se desvenda,
enquanto virtualidade, ao vincular as formas
sociais que a sustentam.
9. De acordo ainda com Ortiz, há uma diferença entre
os grupos sociais que é particular de cada grupo.
Postula, também, que há uma memória nacional,
relativa a todos os grupos da Nação, decorrente da
cultura nacional.
Esta não se constitui na dimensão dos valores de
cada grupo social, mas sim de um discurso instituído
pelo Poder, para integrar valores concretos de
diferentes grupos sociais, em uma totalidade mais
ampla, de forma a manter a sociedade nacional
como um todo.
10. Para o autor, os intelectuais e os artistas são
mediadores da construção social, porque
esses deslocam as manifestações concretas
de sua esfera particular e as articulam a uma
totalidade transcendentes, sendo esta a
esfera particular.
11. Veloso e Madeira
Consideram que a identidade brasileira surge da comunicação
entre grupos altamente diferentes, quanto à etnia e à língua.
Entretanto, devido ao trabalho e à sobrevivência, foi
necessário um fluxo de comunicação entre os grupos, branco,
negro, índio e imigrantes. Esses fluxos propiciaram
identificações entre tais grupos e marcaram diferenças.
Progressivamente em sua interação com o Outro, os
brasileiros se identificaram como semelhantes entre si e
diferentes dos europeus; todavia, suas representações foram
condicionadas, de acordo com o ponto de vista do europeu.
Para as autoras, do ponto de vista antropológico, o
conhecimento do que somos decorre do que vivemos e com o
quem nos identificamos.
12. Antonio Houais
Humanista que se ateve ao estudo da língua falada no Brasil,
assegura que o brasileiro tem uma identidade própria ao usar a língua
portuguesa, que o diferencia dos demais países lusófonos, uma vez
que as políticas, a história e as culturas típicas de cada país são
responsáveis para formar universos de práticas sociais próprias, que
são diferentes uma das outras.
Nesse sentido, para tal estudioso, a língua tem história e esta decorre
da incorporação de conteúdos lingüísticos ao longo dos tempos,
entretanto, cada conteúdo pode ser mutável, pois os fenômenos que
ocorrem em um tempo e espaço podem ser entendidos de formas
diferentes em um outro tempo e espaço.
Dessa forma, para se entender a Cultura e a sua relação com o uso
da língua, é necessário considerar que a natureza dos fatos exerça e
receba influências culturais do vivido pelos grupos sociais e que isso
esteja presente no uso da língua.
13. Gilberto Freire
Tal sociólogo define a cultura pela reação dela com a natureza
humana; segundo a qual decorre da interação que os membros de
grupo social têm pelos atos de trabalho, de fala; de forma a
diferenciar-se como um grupo em relação aos outros e, ao mesmo
tempo, pela interação social de grupos diferentes.
O autor postula que a interação comunicativa é a base da cultura, isto
é, a linguagem, a construção de regras e normas sociais e de um
processo produtivo, a capacidade de modificação do meio ambiente
decorrem da capacidade de comunicação com o outro.
O sociólogo defende também que, especificamente no Brasil, a
religião tornou-se um ponto de encontro e de união de duas culturas, a
do senhor-branco e o do escravo-negro, embora sempre tenha havido
uma barreira, intransponível, entre negros e brancos. Todavia, a
religião é o ponto de convergência entre esses grupos.
14. Vannucchi
Considera a cultura brasileira como um fenômeno histórico
enraizado em âmbito social, econômico e político, que se
desenvolve e repercute no cotidiano de todos os brasileiros.
Neste caso, para o antropólogo, a cultura brasileira é
diferenciada pelas influências do meio, pelas diversas
atividades econômicas, pela criatividade nativa e pela
incorporação de outros contextos culturais estrangeiros.
Nesse sentido, embora todas as sociedades realizem coisas
parecidas no cotidiano, o que as identifica social e
culturalmente é o modo de ser e de fazer estas coisas, logo,
cada sociedade apresenta uma identidade própria, ou seja,
como os seus membros realizam ações, tanto coletivas como
individuais.
15. Rega
O homem é tanto produtor como produto da
cultura, de forma a se tornar um documento
vivo da história da humanidade.
16. Silvio Romero
A identidade cultural do brasileiro resulta das
características da formação étnica do nosso
povo
17. Sergio Buarque de Holanda (1995)
A identidade cultural do brasileiro decorre do
caráter e/ou índole do povo; assim sendo,
situa as raízes culturais do brasileiro na
cordialidade
18. Paulo Prado/Cassiano Ricardo e
outros
Paulo Prado (1996 ), na tristeza
Cassiano Ricardo (1994) na bondade;
Outros autores situam a identidade cultural do brasileiro nos
hábitos, costumes, manifestações artísticas, religiosidade e até
em festas populares como carnaval;
Outros, ainda, identificam culturalmente o brasileiro por suas
crenças, por exemplo, o compadrismo, o descompromisso, o
paternalismo governamental, os preconceitos raciais, o
sincretismo religioso, a valorização do estrangeiro e a rejeição
do que é nacional.