O documento resume as principais arboviroses de interesse à saúde pública, Dengue e Febre Amarela. Detalha os agentes causadores, vetores, modos de transmissão, sintomas e medidas de prevenção e controle para ambas as doenças.
4. 1- Definição:
Doença febril e aguda, de etiologia viral e evolução benigna ou grave
dependendo da forma em que se apresenta :Dengue Clássica(DC) e
Febre Hemorrágica da Dengue(FHD) ou Síndrome do Choque da
Dengue(SCD).
Considerada atualmente como a mais importante arbovirose e um
sério problema em saúde pública a nível mundial,em especial nos
países tropicais.
2-Agente Etiológico:
-Arbovírus do gênero Flavivírus , pertencente à família Flavoviridae.
-São conhecidos quatro sorotipos: 1,2,3 e 4.
5. 3-Vetores e Hospedeiros:
-Mosquitos do gênero Aedes ,sendo a espécie Aedes aegypti a
principal responsável pela transmissão da Dengue nas Américas.
-No Brasil, a espécie Aedes albopictus ainda não tem comprovada
sua
participação na transmissão,embora seja um importante vetor na
Ásia.
4-Modo de Transmissão:
A transmissão se faz pela picada do mosquito fêmea que após um
repasto de sangue infectado ,estará apta a transmitir o vírus após um
período de 8 a 12 dias de incubação.
7. 5-Período de Incubação:
-Varia de 3 a 15 dias ,em média 5 a 6 dias.
6-Período de Transmissibilidade:
-A transmissão ocorre enquanto houver viremia, que começa 1 dia
antes do aparecimento da febre e vai até o sexto dia da doença.
7-Suscetibilidade e Imunidade:
-Suscetibilidade ao vírus da Dengue é universal.
-Imunidade é permanente para um mesmo sorotipo(imunidade
homóloga),podendo ocorrer temporariamente a imunidade
cruzada(heteróloga).
8. ∗A resposta imunológica à infecção da Dengue pode ser:
-Primária: Ocorre em pessoas não expostas ao flavivírus
anteriormente e o título de Ac se eleva lentamente.
-Secundária: Ocorre em pessoas com infecção aguda por Dengue mas
que tiveram infecção prévia por flavivírus e o título de
Ac se eleva rapidamente em níveis bastante elevados.
∗A suscetibilidade em relação à Febre Hemorrágica da Dengue(FHD) não está
totalmente esclarecida. O que existem são teorias que tentam explicar a
ocorrência da FHD:
-Relaciona o aparecimento da FHD à virulência da cepa infectante ;as
formas mais graves estariam relacionadas às cepas extremamente
virulentas.
9. -Teoria de Halstead: relacionada à infecções seguidas e por diferentes
sorotipos, num período de 3 meses a 5 anos . A resposta imunológica
na segunda infecção é exarcebada resultando em uma forma mais
grave.
-Teoria cubana,onde autores defendem 1 hipótese integral de
multicausalidade onde vários fatores de risco estão aliados à Teoria
de Halstead e da virulência da cepa. A interação entre esses fatores
de risco promoveria condições para a ocorrência da FHD.
8-Aspectos Clínicos:
-Dengue Clássica (DC) :
Febre alta(39°C a 40° C) e de início abrupto,cefaléia,mialgia
10. prostração, artralgia ,anorexia ,astenia , dor retroorbital, náuseas, vômitos,
hexantema, prurido cutâneo, dor abdominal generalizada(crianças), petéquias,
epistaxe, gengivorragia, sangramento GI, hematúria, metrorragia.
∗A doença dura em média 5 a 7 dias.Após o desaparecimento da
febre ocorre a remissão dos sintomas ,podendo ainda persistir a fadiga.
-Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) :
Sintomas iniciais semelhantes aos da DC ,porém com rápida
evolução para manifestações hemorrágicas.
Casos típicos de FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos
hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência respiratória.
Nos casos graves de FHD,o choque geralmente ocorre entre o 3° e o
7° dia da doença.
11. 9-Diagnóstico diferencial:
-DC: gripe ,rubéola, sarampo e outras infecções virais , bacterianas e
hexantemáticas.
-FHD: leptospiroses, febre amarela, malária, hepatite infecciosa,
influenza e outras febres hemorrágicas transmitidas por
mosquitos e carrapatos.
10-Medidas de Controle:
-Manejo Ambiental: mudanças no ambiente que impeçam ou
minimizem a propagação do vetor.
12. -Controle Químico:
∗Tratamento focal : eliminação de larvas.
∗Tratamento Peri-focal : em pontos estratégicos de difícil
acesso e por UBV(ultra baixo volume ou “fumacê”) para
combater a forma alada.
Observação:
O controle químico deve ter o uso restrito às epidemias
como forma complementar de interromper a transmissão da
Dengue ou quando houver infestação predial acima de 5%
em áreas com circulação comprovada de vírus.
-Melhoria de saneamento básico;
13. -Participação comunitária no sentido de evitar a infestação domiciliar
do A. aegypti (saneamento domiciliar).
-Educação em saúde.
16. 1-Definição:
Doença febril aguda e de curta duração ( no máximo 12 dias) e de
gravidade variável. Epidemiologicamente pode se apresentar em duas
formas distintas : Febre Amarela Urbana ( FAU) e Febre Amarela
Silvestre ( FAS).
2- Agente Etiológico:
-Arbovírus do gênero Flavivírus e família Flavoviridae .É um RNA
vírus,também denominado de “vírus amarílico”.
3- Vetores / Reservatórios e Hospedeiros:
∗FAS:
-Mosquito do gênero Haemagogus janthinomys ,principal
reservatório no Brasil.
17. -Hospedeiros naturais: primatas não humanos.
-Hospedeiro acidental: ser humano.
∗FAU:
-Mosquito Aedes aegypti é o principal vetor e reservatório.
-Ser Humano: hospedeiro.
4-Modo de Transmissão:
∗ FAS :
Macaco infectado → H. janthinomys → Macaco sadio
18. ∗ FAU :
Humano infectado → A. aegypti → Humano sadio
19. 5-Periodo de Incubação:
Varia de 3 a 6 dias, após picada do mosquito infectado.
6-Transmissibilidade:
O sangue dos doentes torna-se infectante 24h a 48h antes do
aparecimento dos sintomas e até 3 a 5 dias após . No mosquito A.
aegypti este período é de 9 a 12 dias e após,se mantem infectado por toda a
vida.
7-Aspectos Clínicos:
-Quadro típico:
-Evolução bifásica(período de infecção e intoxicação)
-Febre alta e pulso lento(Sinal de Faget)
20. -Calafrio, cefaléia intensa, mialgias, prostração, náuseas e
vômitos.Estes sintomas duram em média 3 dias ,havendo
remissão após , podendo evoluir para a cura ou forma grave.
-Forma grave:
-Aumento da febre, diarréia com aspecto de “borra de café”,
reaparecimento de vômitos, insuficiência hepática e
renal, icterícia ,manifestações hemorrágicas,(hematemese,
melena, epistaxe .etc) ,hematúria ,albuminúria , prostração
intensa ,comprometimento sensorial(obnobulação mental e
torpor) com evolução para o coma.
8-Diagnóstico Diferencial:
21. -Formas leves e moderadas: com viroses.
-Formas clássicas e fulminantes:hepatites graves fulminantes,
leptospiroses, malária por Plasmodium falciparum ,FHD e septicemias.
9-Medidas de Prevenção e Controle:
A re- emergência da Febre Amarela fora da região Amazônica, a
partir de 2007 fez com que as autoridades sanitárias reavaliassem o
Programa de Vigilância , Prevenção e Controle da Febre
Amarela, introduzindo inovações ao Programa,como:
-Definição de 3 períodos epidemiológicos:
22. -Período de Baixa Ocorrência: entre SE 20 a 37
∗Desenvolvimento de atividade de atualização e capacitação
de profissionais da saúde para o aprimoramento das
vigilâncias epidemiológica, ambiental, zoonoses e vetores e
laboratórios de saúde pública
∗Imunização;
∗Controle do vetor urbano;
∗Análise da situação epidemiológica: avaliar, planejar ,
adequar e preparar o sistema de vigilância para o próximo
período sazonal de transmissão.
23. -Período Pré-sazonal: entre SE 38 e 51
∗Acompanhamento de casos notificados articulado entre
Municípios, Estados e União.
∗Integração da rede de saúde: laboratórios de saúde
pública, Vig. Ambiental, controle de vetores(PNCD) ,
comunicação em Saúde e Vig. Epidemiológica.
∗Objetivo : criar condições prévias para a identificação da
circulação viral e desencadear as medidas de controle e
prevenção nos diversos setores da rede de saúde no contexto
do SUS.
24. - Período Sazonal: entre a SE 52 e 19 do ano seguinte.
∗Acompanhamento de casos suspeitos de FA.
∗Notificação de morte de macacos durante
epizootias(Port.2472/2010).
∗Para ambas as situações, a notificação deverá ser realizada
em até 24h e a investigação após 24h da notificação.
-Vigilância de casos humanos suspeitos:
Tem como objetivo a rápida notificação e início da investigação para
que as ações de vigilância , controle e prevenção sejam
oportunamente articuladas entre Municípios, Estados e União.
Uma alternativa de ampliar a vigilância é o acompanhamento do
movimento de entrada de amostras nos laboratórios de Saúde Pública
25. assim como a emissão dos resultados.
-Vigilância das epizootias em primatas não humanos - Definições a
serem consideradas:
∗Morte de macaco: rumor de morte de macaco
com histórico consistente, registrado em formulário
padronizado(SINAN) assim como os eventos
(investigação entomológica , inquérito sorológico
em primatas remanescentes , busca ativa de casos
suspeitos e etc.) não foi capaz de atribuir causa
etiológica.
∗Epizootia de primata em investigação:
26. Morte de macaco constatada pela investigação local com
coleta de amostras (macacos ou vetores) para o diagnóstico
laboratorial.
∗Epizootia confirmada para febre amarela:
-Por Laboratório : epizootia de primata em
investigação, cujo resultado laboratorial foi
conclusivo para a FA em pelo menos 1 animal.
-Por vínculo epidemiológico: epizootia de primata
em investigação ,associada a detecção viral
local(em vetores , outros primatas, ou caso humano
confirmado) em área e tempo compatíveis ,
avaliando caso a caso.
27. ∗Epizootia descartada para febre amarela :
Epizootia de primata em investigação com resultado
laboratorial conclusivo , negativo para febre amarela.
28. ∗Outras Medidas de Prevenção e Controle:
-Imunização
-Vigilância Entomológica:
∗Monitoramento entomológico
∗Investigação entomológica - Deve ser prioritária quando:
→Ocorre surto de doença sem causa conhecida e com
suspeita de FA.
29. →Surto de grande magnitude, com perfil de transmissão
epidêmico.
→Epizootia de grande magnitude com perfil de transmissão
epizoótico.
→Caso humano suspeito sem coleta de amostras para
diagnóstico laboratorial.
→Morte de macaco sem coleta de amostra direta(do animal)
para diagnóstico.
∗Mais informações sobre Febre Amarela nos sites oficiais:
http://www.saude.gov.br/svs
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1952