O documento discute a anestesia em gestantes dependentes de crack. A dependência química afeta milhões de pessoas no mundo e no Brasil, onde o consumo de crack está entre os maiores. O crack causa danos físicos e psíquicos graves e complicações durante a gravidez. A anestesia para cesariana em gestantes dependentes requer cuidados especiais devido aos riscos cardiovasculares e de agitação. Orientação verbal é a melhor abordagem, com medicação preventiva se necessário.
PSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.ppt
Anestesia gestante crack
1. Anestesia e gestante
dependente de crack
Andressa Cabral Moulin
Residência médica de anestesiologia do Hospital Meridional
Orientada pela professora Dra Maria Lúcia Góes
2. Gestante dependente de crack
A dependência química e suas consequências vêm ganhando
notoriedade
Segundo OMS existem 230 milhões de usuários no mundo
Corresponde 1:20 adultos
15 a 24 anos
3. Gestante dependente de crack
Há menos de 2 leitos para cada 100mil destinados ao
tratamento desses pacientes
No Brasil não dispomos de dados sobre o uso de substâncias
ilícitas na gestação
O Brasil é um dos maiores mercados mundiais de crack,
ficando apenas atrás dos EUA
4. Gestante dependente de crack
Nosso consumo corresponde a 20% do consumo mundial
Segundo o cid-10, a síndrome da dependência química é
definida como um conjunto de sintomas comportamentais,
fisiológicos e cognitivo em que o uso de uma ou mais
substâncias atinge uma importância maior do que os outros
comportamentos já apresentados na vida do indivíduo.
5. Gestante dependente de crack
A característica principal da síndrome é o
impulso incontrolável de consumir determinada
substancia psicoativa.
Deve ser considerada uma doença crônica e
recidivante.
6. CracK
É uma cocaína comercializada ilegalmente na
forma de pedras
Trata-se de uma mercadoria barata e acessível,
com efeitos 10x mais intensos do que a coca
O pulmão oferece uma extensa área de absorção
7. CracK
Inicio de ação 6 a 8 seg
Duração apenas de 3 a 5 min, seguindo a um desejo
incoercível da repetição do uso
É um estimulante do SNC
8. Mecanismo de ação
Provoca inibição da reptação pré-sinaptica de
dopamina, serotonina e noradrenalina,
principalmente na área que corresponde a
recompensa ( mesolímbico, mesocortical e suas
projeções pré frontais)
9. Mecanismo de ação
Dopanima: principal neurotransmissor do sistema de
recompensa. Relaciona-se aos sintomas esquizofreniformes
como delírios e alucinações
Noradrenalina: euforia, sensação de alerta, hostilidade,
impulsividade
Serotonina: prazer e é o reforçador do uso
Glutamato: recorrência do uso
10. Farmacodinâmica:
Físicos:
Aumenta FC em 15%
Aumenta PA em 34%
Sudorese
Midríase
Hipertermia
Aumenta FR
Aumenta tremores extremidades
Espasmos musculares
12. Farmacodinâmica:
A queda do nível sérico da droga:
Disforia
Irritabilidade
Hostilidade
Impulsividade
Hostilidade
13. Complicações do uso
Vias aéreas:
Podem ocorrer lesões das vias aéreas por queimadura ou
necrose do nariz, base da língua, epiglote pela intensa
vasoconstricção
Por seu efeito anestésico local, torna a lesão pouco
perceptível pelo usuário
Há escarro preto pelas impurezas carbonáceas
14. Complicações do uso
Pulmão:
pode haver infarto por vasoconstricção; hemoptíase;
aumento da camada média das artérias e arteríolas
pulmonares, levando ao cor pulmonale
80% dos pacientes vão a óbito por EAP
Ocorre ainda o pulmão de crack: É uma síndrome pulmonar
relacionada ao uso agudo, onde ocorre tosse, hemoptíase,
dor, febre, infiltrado pulmonar difuso semelhante a SARA e
que culmina em falência respiratória
Derrame pleural, pneumotórax, tuberculose
15. Complicações do uso
Trato digestivo:
Perfuração gástrica por vasoconstricção intensa nos “mulas”
Obstrução intestinal pela ingestão de vários pacotes da droga
de uma vez e necrose hepatocelular aguda
16. Complicações do uso
Rins:
Isquemia intensa e a hipertermia, juntamente com a
rabdomiólise podem desencadear IRA E IRC.
Sistema neurológico:
Cefaléia , avc, transtornos do movimento, tiques,
atetose, coréia, hemorragia subaracnóide
Coração:
IAM, arritmias cardíacas, endocardite, issecção aórtica
17. Crack e Gestação
• A gestação aumenta a toxicidade pela
coca;
• O perfil das usuárias de crack é semelhante ao da
população geral: usuárias de várias drogas, cuja porta
de entrada foi o tabaco e a maconha, seguidos de
coca e crack. Quanto mais jovem, maior a chance
adicção.
18. Crack e Gestação
Perfil psicológico característico
A utilização de crack na gestação precoce pode
determinar abortamentos e malformações
cardíacas, do trato urogenital e do SNC
Com a progressão do uso pode ocasionar DPP, parto
prematuro, DHEG
19. Crack e Gestação
A placenta não protege o feto da droga. Suas características
bioquímicas permitem a embebição do concepto por longo
tempo, mesmo após cessado o uso.
No feto pode ocorrer também isquemia cerebral, baixo peso
ao nascer, déficit pôndero- estatural tardio
20. Anestesia
Que anestesia usar na cesárea?
Geral ou bloqueio de condução?
• A maioria tem preferência pelo bloqueio
• Deve-se contar com agitação psicomotora.
• É possível que haja necessidade de
contenção química
21. Anestesia
A coca pode ocasior trombocitopenia, mas não oferece
riscos ao bloqueio
A hipotensão pode ser incurável pelas alterações
cardiovasculares. O tratamento deve ser feito com
metaraminol, pois efedrina pode ocasionar
taquiarritimias.
A coca pode levar alterações de sensibilidade por
modificações em receptores opióides e a paciente
referir dor, apesar de bloqueio adequado
22. Anestesia
Na anestesia geral deve-se evitar alguns
medicamentos: como Etomidato pelas mioclonias a
ele associadas; Halotano pelas bradiarritmias;
Cetamina pelos delírios e alucinações.
A literatura carece de dados em relação a melhor
anestesia a ser feita
23. Orientação verbal
É o tratamento mais efetivo
O medico deve ter atitude calma e direta
Tratar a paciente com dignidade
Esclarecer que atos agressivos não serão tolerados e que a
equipe está preparada para contê-los
Assegurar a paciente que você pretende ajudá-la
24. Intervenção medicamentosa preventiva
Podem ser usados:
Haloperidol 2,5mg a 5 mg VO
Olanzapina 5 a 10mg VO
Risperidona 2mg VO
Em relação aos riscos teratogênico, todas são classificadas
como classe C
25. Intervenção medicamentosa
preventiva
Quando episódio de agitação não puder ser evitado, procede
a administração por via IM e/ou restrição física.
A intervenção via parenteral deve ser a última opção
terapêutica, mantendo o objetivo de tranquilizar e não
sedação ou sono profundo
26. Intervenção medicamentosa preventiva
Os neurolépticos de baixa potencia (como clopromazina
25mg a 100mg IM) não devem ser usados como primeira
opção, por aumentar os riscos de crises convulsivas e
piorar arritmias cardíacas preexistentes
E... em último caso restrição física
27. Conclusões:
Longe de ser apenas um problema médico, o atendimento à
gestante dependente química passa por esferas variadas,
como social, judicial, econômica e de infraestrutura da rede
pública.
28. • A gestante a que nos referimos está em uma
situação de vulnerabilidade social, é poliusuária e
dependente química, o que torna o binômio mãe-
feto um desafio a medicina e a anestesiologia.
CONCLUSÕES