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MICHEL DE MONTAIGNE (1533-1592)
 ÁREA ÉTICA
 ABORDAGEM HUMANISMO
 Ramo da filosofia que trata de questões
sobre como devemos viver e, portanto,
sobre a natureza de certo e errado, bem
e mal, dever, obrigação e outros
conceitos.
 Abordagem filosófica baseada na
suposição de que a humanidade é a
coisa mais importante que existe e que
não pode haver conhecimento de um
mundo sobrenatural – caso ele exista.
 Século IV a.C. Aristóteles, em sua
Ética a Nicômaco, argumenta que, para
ser virtuosa, uma pessoa deve ser
sociável e cultivar relacionamentos
verdadeiros. Só um homem bestial ou
um deus podem ficar sozinhos
 Final do século XVIII O Clérigo
evangélico anglicano Richard Cecil
afirma que “A solidão nos mostra o que
devemos ser; a sociedade nos mostra o
que somos”.
 Final do século XIX Nietzsche
descreve a solidão como necessária para
a auto-investigação, afirmando que só
ela pode libertar os seres humanos da
tentação de seguir irrefletidamente a
massa.
A tranquilidade depende
do desprendimento em
relação à opinião dos
outros.
Se buscamos fama – que é
glória aos olhos alheios
– devemos buscar sua
opinião favorável.
Se buscamos fama, não
alcançamos o
desprendimento.
A fama e a tranquilidade
nunca podem ser
companheiras.
 Montaigne dedicou-se a um tema que
tem sido popular desde os tempos
antigos: os perigos intelectuais e morais
de se viver entre os outros e o valor da
solidão.
 Montaigne não salientou a importância
da solidão física, mas, mais
exatamente, o desenvolvimento da
capacidade de resistir à tentação de
aquiescer indiferentemente às opiniões
e ações da massa.
 Ele relacionou nosso desejo pela
aprovação de colega com o de estar
demasiadamente ligado à riqueza e à
posse.
 Ambas as paixões que nos diminuem,
afirmou Montaigne, mas ele não
concluiu que devemos renunciar a elas:
apenas devemos cultivar o
desprendimento.
 Ao fazer isso, podemos desfrutá-las – e
até mesmo nos beneficiarmos –, mas
não nos tornaremos emocionalmente
escravizados por elas ou ficaremos
devastados se as perdermos.
 Da solidão considera como nosso
desejo de aprovação pela massa está
ligado à busca pela glória ou fama.
 Ao contrário de pensadores como
Maquiavel, que via a glória como um
objetivo digno, Montaigne acreditava
que o empenho constante pela fama é a
maior barreira à paz de espírito ou
tranquilidade.
 Ele dizia, sobre aqueles que apresentam
a glória como um objetivo desejável,
que “só têm seus braços e pernas
destacados da multidão; suas almas,
suas vontades, estão mais
comprometidas com ela do que nunca”.
 Montaigne não se preocupava se
alcançamos ou não a glória. Seu ponto
principal é que devemos nos livrar do
desejo de glória aos olhos das outras
pessoas –
 Que não devemos sempre pensar na
aprovação e na admiração alheias como
sendo valiosas.
 Ele foi além ao recomendar que, em vez
de procurar a aprovação daqueles à
nossa volta, devemos imaginar que
algum ser verdadeiramente notável e
nobre está sempre conosco, observando
nossos pensamentos mais íntimos:
 Um ser em cuja presença até os loucos
esconderiam seus defeitos. Ao fazer
isso, aprendemos a pensar clara e
objetivamente, nos comportando de
maneira mais séria e racional.
 Montaigne afirma que preocupar-se
demasiadamente com a opinião dos
outros pode nos corromper, porque
acabamos imitando aqueles que são
maus ou ficando tão consumidos pelo
ódio contra eles que perdemos a razão.
 Montaigne retomou seu ataque contra
a busca pela glória em textos
posteriores, mostrando que a aquisição
da glória é tão recorrentemente uma
questão de sorte que faz pouco sentido
considerá-la com tal reverência.
 “Muitas vezes vi [a sorte] sair à frente
do mérito, e frequentemente muito à
frente”, ele escreveu.
 Montaigne também disse que encorajar
homens de Estado e líderes políticos a
valorizar a glória acima de todas as
coisas, como Maquiavel fez, apenas os
ensina a nunca se esforçar...
 ... a menos que um público que
manifeste aprovação esteja disponível,
pronto e ávido para testemunhar a
extraordinária natureza de seus
poderes e realizações.
“
O contágio é muito
perigoso nas multidões.
Ou você imita o perverso
ou o odeia.
Michel de Montaigne
”
 Montaigne sentiu os resultados da
violência da massa irracional durante as
Guerras Religiosas na França (1562-98),
incluindo as atrocidades do Massacre do
Dia de São Bartolomeu, em 1572
 Michel Eyquem
de Montaigne
nasceu e cresceu
no château da sua
rica família, perto
de Bordeaux.
 No entanto, foi
enviado para viver com
uma família pobre de
camponeses até a
idade de três anos,
para se familiarizar
com a vida dos
trabalhadores comuns.
 Recebeu toda a sua
educação em casa e,
até os seis anos, só
lhe foi permitido
falar em latim: o
francês era, de fato,
sua segunda língua.
 A partir de 1557 Montaigne passou
treze anos como membro do
parlamento local, mas renunciou em
1571, ao herdar as propriedades da
família.
 Publicou o primeiro volume dos
Ensaios em 1580, escrevendo mais dois
volumes antes da morte, em 1592.
 Em 1580, iniciou uma extensa viagem
pela Europa, em parte para encontrar a
cura para cálculos renais. Retornou à
política em 1581, quando foi eleito
prefeito de Bourdeaux, cargo que
manteve até 1585.
 1569 Apologia de
Raymond Sebond
 1580-81 Diário de
viagem
 1580, 1588, 1595
Ensaios (3 volumes)

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Michel de montaigne

  • 1. MICHEL DE MONTAIGNE (1533-1592)
  • 2.  ÁREA ÉTICA  ABORDAGEM HUMANISMO
  • 3.  Ramo da filosofia que trata de questões sobre como devemos viver e, portanto, sobre a natureza de certo e errado, bem e mal, dever, obrigação e outros conceitos.
  • 4.  Abordagem filosófica baseada na suposição de que a humanidade é a coisa mais importante que existe e que não pode haver conhecimento de um mundo sobrenatural – caso ele exista.
  • 5.  Século IV a.C. Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco, argumenta que, para ser virtuosa, uma pessoa deve ser sociável e cultivar relacionamentos verdadeiros. Só um homem bestial ou um deus podem ficar sozinhos
  • 6.  Final do século XVIII O Clérigo evangélico anglicano Richard Cecil afirma que “A solidão nos mostra o que devemos ser; a sociedade nos mostra o que somos”.
  • 7.  Final do século XIX Nietzsche descreve a solidão como necessária para a auto-investigação, afirmando que só ela pode libertar os seres humanos da tentação de seguir irrefletidamente a massa.
  • 8. A tranquilidade depende do desprendimento em relação à opinião dos outros. Se buscamos fama – que é glória aos olhos alheios – devemos buscar sua opinião favorável. Se buscamos fama, não alcançamos o desprendimento. A fama e a tranquilidade nunca podem ser companheiras.
  • 9.  Montaigne dedicou-se a um tema que tem sido popular desde os tempos antigos: os perigos intelectuais e morais de se viver entre os outros e o valor da solidão.
  • 10.  Montaigne não salientou a importância da solidão física, mas, mais exatamente, o desenvolvimento da capacidade de resistir à tentação de aquiescer indiferentemente às opiniões e ações da massa.
  • 11.  Ele relacionou nosso desejo pela aprovação de colega com o de estar demasiadamente ligado à riqueza e à posse.
  • 12.  Ambas as paixões que nos diminuem, afirmou Montaigne, mas ele não concluiu que devemos renunciar a elas: apenas devemos cultivar o desprendimento.
  • 13.  Ao fazer isso, podemos desfrutá-las – e até mesmo nos beneficiarmos –, mas não nos tornaremos emocionalmente escravizados por elas ou ficaremos devastados se as perdermos.
  • 14.  Da solidão considera como nosso desejo de aprovação pela massa está ligado à busca pela glória ou fama.
  • 15.  Ao contrário de pensadores como Maquiavel, que via a glória como um objetivo digno, Montaigne acreditava que o empenho constante pela fama é a maior barreira à paz de espírito ou tranquilidade.
  • 16.  Ele dizia, sobre aqueles que apresentam a glória como um objetivo desejável, que “só têm seus braços e pernas destacados da multidão; suas almas, suas vontades, estão mais comprometidas com ela do que nunca”.
  • 17.  Montaigne não se preocupava se alcançamos ou não a glória. Seu ponto principal é que devemos nos livrar do desejo de glória aos olhos das outras pessoas –
  • 18.  Que não devemos sempre pensar na aprovação e na admiração alheias como sendo valiosas.
  • 19.  Ele foi além ao recomendar que, em vez de procurar a aprovação daqueles à nossa volta, devemos imaginar que algum ser verdadeiramente notável e nobre está sempre conosco, observando nossos pensamentos mais íntimos:
  • 20.  Um ser em cuja presença até os loucos esconderiam seus defeitos. Ao fazer isso, aprendemos a pensar clara e objetivamente, nos comportando de maneira mais séria e racional.
  • 21.  Montaigne afirma que preocupar-se demasiadamente com a opinião dos outros pode nos corromper, porque acabamos imitando aqueles que são maus ou ficando tão consumidos pelo ódio contra eles que perdemos a razão.
  • 22.  Montaigne retomou seu ataque contra a busca pela glória em textos posteriores, mostrando que a aquisição da glória é tão recorrentemente uma questão de sorte que faz pouco sentido considerá-la com tal reverência.
  • 23.  “Muitas vezes vi [a sorte] sair à frente do mérito, e frequentemente muito à frente”, ele escreveu.
  • 24.  Montaigne também disse que encorajar homens de Estado e líderes políticos a valorizar a glória acima de todas as coisas, como Maquiavel fez, apenas os ensina a nunca se esforçar...
  • 25.  ... a menos que um público que manifeste aprovação esteja disponível, pronto e ávido para testemunhar a extraordinária natureza de seus poderes e realizações.
  • 26. “ O contágio é muito perigoso nas multidões. Ou você imita o perverso ou o odeia. Michel de Montaigne ”
  • 27.  Montaigne sentiu os resultados da violência da massa irracional durante as Guerras Religiosas na França (1562-98), incluindo as atrocidades do Massacre do Dia de São Bartolomeu, em 1572
  • 28.
  • 29.
  • 30.  Michel Eyquem de Montaigne nasceu e cresceu no château da sua rica família, perto de Bordeaux.
  • 31.
  • 32.  No entanto, foi enviado para viver com uma família pobre de camponeses até a idade de três anos, para se familiarizar com a vida dos trabalhadores comuns.
  • 33.  Recebeu toda a sua educação em casa e, até os seis anos, só lhe foi permitido falar em latim: o francês era, de fato, sua segunda língua.
  • 34.  A partir de 1557 Montaigne passou treze anos como membro do parlamento local, mas renunciou em 1571, ao herdar as propriedades da família.
  • 35.  Publicou o primeiro volume dos Ensaios em 1580, escrevendo mais dois volumes antes da morte, em 1592.
  • 36.  Em 1580, iniciou uma extensa viagem pela Europa, em parte para encontrar a cura para cálculos renais. Retornou à política em 1581, quando foi eleito prefeito de Bourdeaux, cargo que manteve até 1585.
  • 37.  1569 Apologia de Raymond Sebond  1580-81 Diário de viagem  1580, 1588, 1595 Ensaios (3 volumes)