ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
Qual é a função dos historiadores
1. Qual é a função dos
historiadores?
André Augusto da Fonseca
andreaugfonseca@gmail.com
andreaugfonseca.blogspot.com
2. Comecemos com a função da própria
consciência histórica
A História estuda... a história!
Processo histórico e historiografia
Todos os povos fazem história e tem algum tipo de consciência histórica.
Mas nem todos produziram historiografia.
Aqui estudam-se os processos históricos e reflete-se sobre as condições
de produção e comunicação do conhecimento histórico.
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3. Comecemos com a função da própria
consciência histórica (Jörn Rüsen)
A consciência histórica é um fenômeno do mundo vital – é uma
forma da consciência humana relacionada imediatamente com
a vida humana prática (Rüsen, p. 56-57).
Consciência histórica é a “suma das operações mentais com as
quais os homens interpretam sua experiência da evolução
temporal de seu mundo e de si mesmos, de forma tal que
possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo”
(p. 57).
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4. Comecemos com a função da própria
consciência histórica (Jörn Rüsen)
A cada momento o homem, com os objetivos que
busca na ação, “se transpõe sempre para além do que
ele e seu mundo são a cada momento”.
Esse “superávit intencional do agir humano para além
de suas circunstâncias e condições foi denominado
espírito”.
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5. Comecemos com a função da própria
consciência histórica (Jörn Rüsen)
Essa é a carência estrutural do homem: a satisfação de
determinadas carências é também a produção de novas
carências.
E isso ocorre também nas relações que todos nós
estruturamos com o TEMPO, principalmente quando
temos que lidar com as transformações temporais (p.
58).
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6. Comecemos com a função da própria
consciência histórica (Jörn Rüsen)
Todas as pessoas procuram interpretar as experiências
de “mudança de si e de seu mundo ao longo do tempo,
a fim de poder agir nesse decurso temporal” e realizar
suas intenções.
O homem projeta suas intenções e seus ideais no
tempo: imagina uma “era dourada”; sabe que tem de
morrer e sonha com sua imortalidade.
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7. Por que escolhemos esta carreira?
É uma profissão intelectual. Não serve para quem tem
preguiça intelectual, para quem não gosta de ler, de
pensar.
A História é uma disciplina que, por estudar os homens
em sociedade ao longo do tempo (Bloch), é construída
sobre a empatia humana.
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8. Por que escolhemos esta carreira?
“[...] o bom historiador se parece com o ogro da lenda.
Onde fareja carne humana, sabe que ali está sua caça”
(BLOCH, 2001, p. 54).
Bloch, Ginzburg, Gorender, G. Levi, o que eles tem em
comum?
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9. Por que escolhemos esta carreira?
Nós nos emocionamos com as aventuras, lutas,
desventuras, sonhos, projetos de pessoas de carne e
osso que viveram antes de nós.
Encantamo-nos com o raciocínio e a perspicácia de
outros historiadores(as) que utilizam os vestígios
deixados pelas pessoas do passado como pistas para
reconstruir uma realidade desaparecida, mas que
interessa aos homens e mulheres de hoje. 5/8/2016 9
11. Como esta formação te transforma?
O bom historiador está lastreado para evitar conclusões
apressadas e generalizações equivocadas.
Por isso, geralmente, é ele que objeta, educadamente,
contra afirmações preconceituosas e contra
falsificações históricas.
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12. Como esta formação te transforma?
Homens e mulheres com uma boa formação histórica rejeitam afirmações
absurdas, mesmo que tenham se tornado senso comum, como a ideia de que
“somente nos últimos anos algumas pessoa malvadas começaram a dividir o
Brasil entre ricos e pobres, brancos e negros etc.
Quem estuda um pouco de História sabe que o nosso país SEMPRE foi dividido
em grupos extremamente desiguais. Uma suposta “harmonia social” no passado
nunca existiu. Basta lembrar o que foi a Cabanagem, ou refletir sobre o que foi o
tráfico negreiro e como o Brasil veio a ser o último país soberano a abolir a
escravidão. As divisões sociais são gritantes há séculos. A diferença está no grau
e na frequência com que a desigualdade é contestada.
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13. Como esta formação te transforma?
Bons historiadores (homens e mulheres) não ficam limitados ao
seu “campinho”. Valorizam e exercitam a erudição e a abertura
intelectual. Os melhores historiadores marxistas leem e
dialogam com as demais correntes teórico-metodológicas.
Todo pesquisador sério de qualquer tradição científica
reconhece a importância dos trabalhos das demais linhas.
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14. Como esta formação te transforma?
Historiadores(as) geralmente são aqueles que pigarreiam
quando, em uma roda de conversa, em um grupo nas redes
sociais, alguém começa a dizer barbaridades ou propagar
boatos inverossímeis, e pondera que não faz qualquer sentido
dizer que as guerras civis e a fome na África acontece pela
“maldição de Cam”.
Em pleno século XXI, ainda queimam-se livros e mulheres
acusadas de feitiçaria.
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15. Como esta formação te transforma?
Em pleno 2016, pagamos as consequências pelo amplo
desconhecimento da história do mundo e do nosso país. Sobre
o antigo regime, sobre o império, sobre a ditadura, sobre a
história de Roraima.
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16. E o ensino de História?
“Subdesenvolvimento não se improvisa. É uma obra de séculos”
(Nelson Rodrigues).
Precarização da formação, da profissão e das condições de
trabalho: soluções emergenciais que duram 60 anos?
Um projeto educacional que fracassou ou o projeto é mesmo o
próprio fracasso?
Quem repensa currículo, metodologia e avaliação?
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17. E o ensino de História?
Por que abandonamos a gestão democrática?
Militarizar escolas: professores deveriam patrulhar as ruas e
fazer investigações policiais?
Todos “defendem mais educação, saúde e segurança”. Discurso
vazio. Defender educação é escolher lado. Há movimentos de
professores, de pais, de estudantes. Há propostas contra e a
favor da escola pública.
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18. Referências
BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício do historiador.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
RÜSEN, Jörn. Razão Histórica: teoria da História – fundamentos
da ciência histórica. Brasília: UNB, 2001.
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