O documento descreve a evolução das cidades romanas desde as cidades-estado etruscas, passando pelas cidades romanas com traçado regular em grade (castrum), até o apogeu da cidade de Roma no Império Romano, marcado por grandes obras públicas e arquitetura monumental. O planejamento urbano romano se baseava em um traçado ortogonal de vias e zonamento funcional, com adaptações aos territórios conquistados, influenciando o desenho de cidades posteriores.
1. Cidade romana
As bases da civilização romana encontravam-se no POVO ETRUSCO, surgido
no século IX a.C., na costa tirrênica, e depois expandido para o interior entre
os séculos VII e VI a.C. através de cidades de traçado irregular e cercadas de
muralhas, depois modificadas pelos romanos.
Na Etrúria, existiam muitas cidades-estado
(Volterra, Arezzo, Cordona, Chiusi, Perugia, etc.), governadas de modo
aristocrático e unidas por uma liga religiosa. Porém, a partir do século V a.C.
a influência grega foi decisiva.
2. As novas cidades romanas eram
chamadas de
CASTRUM e eram traçadas a partir de
duas grandes vias – a Cardo Maximus e a
Decumanus Maximus – que se cortavam
em ângulo reto junto ao forum.
A disposição regular e ortogonal das
Modelo de Castrum castra
originou-se dos acampamentos romanos,
que se desenvolviam em forma
quadrada, cujas vias principais partiam da
tenda do general.
3. Cidade-colônia de Bostra
(atual Baedecker)
Dando maior flexibilidade ao modelo
grego, os romanos deram grande
importância à
orientação no planejamento urbano,
atentando para a salubridade, a higiene
ea
exposição ao sol, aos ventos e à
umidade do terreno, além do respeito à
topografia.
Havia preocupações com a drenagem, a
insolação adequada (cômodos para o
sul, o sol de inverno), o abastecimento
de água pro
aquedutos e a pavimentação em pedra
das vias.
Cidade-colônia de Aosta
4.
5. Centuriatio em Ímola (Itália) Cidadecolônia de Trier
Analogamente, os traçados retilíneos também serviam como referência para a
divisão racional do território cultivável do Império, estabelecendo-se parcelas
quadradas de 50 he. (anturiae), que eram atribuídas aos colonos romanos ou latinos
enviados aos territórios de conquista.
6. Cidade vitruviana
Vitrúvio concebia a CIDADE
IDEAL como aquela dotada de
planta octogonal e rodeada de
muralhas, por motivos não
somente defensivos, como
também meteorológicos, já que
visava protegê-la dos ventos
predominantes.
Suas idéias, perdidas na era
medieval, mas resgatadas no
Renascimento, influenciaram a
UTOPIA URBANA, com plantas
circulares e poligonais dentro
das quais se situavam
quarteirões em trama ou
dispostos em linhas radiais.
Roma ideal (gravura de 1527)
7. Roma nasceu
estrategicamente à
margem
direita do rio Tibre (Tevere)
em uma região com várias
colinas – destacando-se os
setes montes: Caelius,
Cispius, Oppius, Aventinus,
Palatinus, Quirinalis e
Viminalis –, que garantiram
seu desenvolvimento
progressivo e seguro, além
de um sistema eficaz de
muros, aquedutos e
Roma republicana grandes obras públicas.
Rio Tibre e as Sete Colinas
8. Arco de Tito
(81 dC, Roma)
O desenvolvimento
histórico de Roma foi
marcado pela construção
de grandes estruturas
urbanas, como diversos
fóruns, templos, teatros,
anfiteatros e termas.
Durante toda a era
republicana, de 508 a 44
a.C., Roma foi embelezada
com novos edifícios e
estruturas majestosas,
voltadas a cortejos
triunfais e festividades.
Ruínas das
Termas de Caracala
(216 dC, Roma)
10. Pantheon
(118-125 dC, Roma)
No primeiro século do
Império, ROMA cresceu de
400.000 para 1.200.000
habitantes (Séc. II d.C.). O
reinado de Augusto,
fundador do sistema
imperial,
estabeleceu um padrão de
embelezamento da capital
que acabou sendo seguido
pelos imperadores
subseqüentes, que fizeram
uma série de reformas
voltadas ao luxo e à
grandiloqüência da cidade.
Coliseum
(78-80 dC, Roma)
Capacidade para 55.000 pessoas
Interior
(Altura e diâmetro do domo = 43,3 m)
11. Mercado de Trajano
(Roma)
Nesse período, Roma atinge
seu máximo poderio, o que
acaba se refletindo em seu
aspecto físico e territorial.
Paralelamente às construções
públicas, desenvolve-se a
construção de moradias:
DOMUS (casas individuais
As
térreas ou assobradadas,
agrupadas em torno do atrium
e do peristilum)
Tabernae INSULAE (casas coletivas
As
de vários andares, surgidas no
século IV a.C., formadas por
um térreo comercial, tabernae,
com apartamentos superiores,
cenacula).
Insulae
12. Roma atual
No início da era cristã,
ROMA crescia
congestionada e a rede
viária tornou-se
insuficiente. Surgiram
problemas de moradia,
limpeza e abastecimento.
decadência do IMPÉRIO
A
ROMANO, iniciada após o
reinado de Marco Aurélio
(121-180 d.C.) conduziu ao
seu colapso e progressivo
desprestígio, cuja
população diminuiu até
25.000 pessoas em plena
Idade Média.
Roma atual
Roma imperial
Roma imperial
13. Conclusão
O desenho em retícula regular de vias paralelas, com porções
delimitadoras iguais ou semelhantes de solo para a distribuição de
moradias, consistiu no sistema-base de colonização dos antigos
gregos e romanos.
Além dessa divisão racional do espaço, o ZONEAMENTO
FUNCIONAL foi outra característica que marcou a organização das
cidades-colônia clássicas, destacando-se o local de concentração das
atividades urbanas públicas (ágora grega, depois forum romano).
14. Planta da cidade-colônia
de Herculaneum
(Itália)
Na Roma antiga, a
GRELHA GEOMÉTRICA
orientada constituiu-se
como um esquema
presidido por uma razão
ordenadora no interior do
qual tudo era disposto e
medido: os lugares
institucionais civis e
religiosos (forum), os
edifícios públicos (teatros
e termas) e as habitações
(domus e insulae)
Forum principal
de Pompéia
(Itália)
15. Apesar desse esquema urbano reticulado, sua flexibilidade
permitiu, na época imperial, o processo de romanização
sistemática dos centros urbanos pré-existentes à conquista,
sobretudo nas cidades gregas e helenísticas em que já existiam
implantações consolidadas.
16. Cidade-colônia
de Palmira
A idéia de cidade que
o mundo clássico
transmitirá para as
culturas seguintes
seria, portanto, a de
uma urbe onde os ixos Sabrahta
estruturais tomam
forma na composição,
estes destacados por
pórticos e por uma
arquitetura articulada,
que valoriza aspectos
cenográfico-espaciais.
Leptis Magna
17. Bibliografia
BENÉVOLO, L. Diseño de la ciudad. 3a. ed. Barcelona: Gustavo
Gilli, v. I, 1982.
_____. História da cidade. São Paulo: Perspectiva, 2001. 730p.
GOITIA, F. C. Breve história do urbanismo. 5a. ed. Lisboa:
Presença, 2003.
MUMFORD, L. A cidade na história: suas origens, transformações e
perspectivas. 5a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
NORBERG-SCHULZ, C. Arquitectura occidental. Barcelona: Gustavo
Gilli, 1983.
PEVSNER, N. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo: Martins
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