As unidades de cuidados intensivos geram grandes quantidades de dados que podem levar a erros. Sistemas de informação clínica podem documentar e armazenar esses dados facilmente, melhorando a qualidade dos cuidados através da redução de erros e tempo de documentação, e ajudando a implementar boas práticas. Vários estudos indicam que sistemas de informação clínica melhoram resultados para pacientes criticamente doentes.
Futuro del Software: Impacto en las organizaciones y en los profesionales
Sistemas e Tecnologias de Informação na Saúde e Qualidade Assistencial nas UCI
1. SISTEMAS E
TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO NA SAÚDE
E QUALIDADE
ASSISTENCIAL NAS UCI
Álvaro Rocha
amrocha@ufp.edu.pt
GIMED - Grupo de I&D em Informática Médica
Universidade Fernando Pessoa
Centro VI Jornadas do Doente Crítico, 19
Hospitalar
Lisboa Norte Janeiro 2012
2. Contexto
2
As UCI são ambientes ricos em dados;
Podem ser medidas de forma contínua
diversas variáveis fisiológicas (frequência
cardíaca, pressão arterial, saturação de O2 e
CO2, temperaturas, etc.).
Além disso, há um número adicional de itens de
dados discretos lançados esporadicamente:
resultados de laboratório, medicamentos,
configurações de equipamentos, observações
de pacientes, etc.
3. Erros…
3
Erros podem ocorrer sobretudo
devido ao enorme volume de
dados;
O relatório do IOM “To Err is
Human" indica que 17,7% dos erros
que ocorrem nas UCI levam à morte
ou invalidez dos pacientes e 46%
levam a eventos adversos.
Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS, Eds. (1999), To
Err is Human: Building a Safer Health System,
Institute of Medicine. National Academy Press,
Washington, DC, 1999.
4. Ambição das UCI
4
Cuidados
rápidos e de
alta qualidade
com o menor
número de
erros possível
são requeridos
para cuidar de
pacientes em
5. Porquê Sistemas de Informação Clínica
(SIC)?
5
A grande quantidade de
informação gerada durante
os cuidados intensivos
pode ser documentada e
armazenada facilmente
usando SIC;
Vários estudos
demonstram que os SIC
são clinicamente úteis,
melhorando a qualidade
6. Bosman.R., Rood.E., Oudemans-van Straaten.H., Van der Spoel.J.,
Johannus Wester.J., Durk Zandstra.D. (2003), Intensive care
information system reduces documentation time of the nurses
after cardiothoracic surgery, Intensive Care Med., 29:83-90.
6
Estudo do efeito de um SIC de cuidados intensivos na
atividade de enfermagem de uma UCI com 18 camas
médico-cirúrgicas de um hospital universitário
Holandês.
O uso do sistema de informação após cirurgia
cardiotorácica alterou a atividade de enfermagem,
pela redução do tempo de documentação, desde
os iniciais 20,5% em papel para 14,4% com o sistema
de informação, correspondendo a 29 minutos por
turno de 8 horas de enfermagem, ficando este
tempo disponível para prestação de cuidados aos
pacientes.
7. Saarinen, K.; Aho, M. (2005), Does the implementation of a clinical
information system decrease the time intensive care nurses
spend on documentation of care? Acta Anaesthesiologica
Scandinavica, 49(1):62-65.
7
Este estudo comparou o tempo de trabalho de enfermagem
antes e depois da implementação de um SIC numa UCI
polivalente de um grande hospital central Finlandês.
O tempo total gasto pelos enfermeiros na documentação dos
cuidados de enfermagem aumentou 3,6%, o que representa
cerca de 15 minutos por turno de 8h/enfermeiro. As atividades
de cuidados intensivos de enfermagem aumentaram 3,7% (14
minutos). E o tempo total gasto no atendimento ao paciente
aumentou 5,5% (21 minutos).
Não obstante, a implementação do SIC também mostrou a
melhoria da qualidade de cuidados de saúde na UCI, pela
redução de erros de medicação e de erros de documentação.
8. Shulman.R., Bellingan.G. and Singer.M. (2004), Medication errors:
comparison of electronic and handwritten prescribing in the ICU,
Critical Care, 8(Suppl 1):338.
8
Este estudo comparou a taxa de erros de
medicação com prescrição manual e com
prescrição eletrónica, em UCI geral de 22
camas de Hospital Universitário de Londres
(UK).
A introdução do sistema de informação
clínica, com respetiva facilidade de
prescrição eletrónica, reduziu
significativamente os erros de
medicação: de 6,7% para 4,7%
9. Hammond.J.,Johnson.H.M.,Varas.R.,Ward.C.G. (1991), A Qualitative
Comparison of Paper Flowsheets vs A Computer-Based Clinical
Information System, CHEST, 99(1):155-157.
9
Neste estudo, realizado na UCI de Hospital
Universitário de Miami (USA) com 5 camas, foi
efetuada uma comparação qualitativa de
registos de atividades de enfermagem em
papel e em SIC.
Constatou-se que os erros ocorreram pelo
menos uma vez em 25% dos registos de
atividades manuscritos para cada turno de
enfermagem de12h e que esses erros podem
ser eliminados com o uso de SIC.
10. Amarasingham.R., Pronovost.P.J., Diener-West.M., Goeschel.C.,
Dorman.T., M Thiemann.D.R., and R. Powe.R.N. (2007), Measuring
Clinical Information Technology in the ICU Setting: Application in
a Quality Improvement Collaborative, J Am Med Inform
10
Assoc.,14:288-294.
Este estudo, realizado com a colaboração de
19 Diretores Clínicos de UCIs de hospitais de
Michigan (USA), pretendeu avaliar o nível de
automação e usabilidade de SIC de UCI e
correlacionar os valores obtidos com resultados
clínicos;
Os resultados mostraram que a presença de
mais sofisticados SIC na UCI estava associada
com maiores reduções na taxa de infeção
após cateter.
11. Ballermann M, Shaw NT, Mayes DC, Gibney RT (2011), Critical care
providers refer to information tools less during communication
tasks after a critical care clinical information system introduction,
Studies in Health Technology and Informatics, 164:37-41.
11
Estudo realizado na Universidade de
Alberta, Canada, em 2 UCI (1 geral, de
hospital universitário; e 1 pediátrica, de
hospital de crianças);
Após a introdução do SIC diminuiu o
tempo e o volume de comunicação
verbal entre os profissionais de saúde
nas mudanças de turnos.
12. Daniela Couto Carvalho Barra, Grace Teresinha Marcon Dal Sasso,
Marisa MonticelliI (2009), Processo de enfermagem informatizado
em unidade de terapia intensiva: uma prática educativa com
enfermeiros, Revista Eletrónica de Enfermagem, 11(3):579-89
12
Estudo realizado pela Universidade
Federal de Santa Catarina, Brasil, com os
enfermeiros da UCI do Hospital
Universitário de Florianópolis;
Os resultados evidenciaram que o
processo de enfermagem informatizado
em terapia intensiva contribuiu para a
melhoria da prática de enfermagem.
13. Emmy Rood, Robert Jan Bosman, Johan Ids van der Spoel, Paul Taylor
and Durk Freark Zandstra (2005), Use of a Computerized Guideline for
Glucose Regulation in the Intensive Care Unit Improved Both
Guideline Adherence and Glucose Regulation, J Am Med Inform Assoc.
2005 Mar-Apr; 12(2): 172–180.
13
Estudo realizado na UCI de Hospital
Universitário de Amesterdão, Holanda, com o
objetivo de aferir o impacte de uma guideline
informatizada na regulação da glucose dos
pacientes.
A guideline informatizada ajudou
significativamente na implementação e
adesão a uma guideline para a gestão da
glicose num ambiente de cuidados críticos e
subsequentemente melhorou a regulação da
glucose nos pacientes.
14. McCambridge M, Jones K, Paxton H, Baker K, Sussman EJ, Etchason J.
(2010), Association of health information technology and
teleintensivist coverage with decreased mortality and ventilator
use in critically ill patients, Archives of Internal Medicine. 2010 Apr
14
12;170(7):648-53.
Estudo realizado na UCI de um Hospital
Universitário dos USA com 727 camas, visando
avaliar o efeito da implementação de um pacote
de TI (EMR, telemedicina, etc.) nos cuidados
intensivos, nomeadamente na mortalidade, no
uso do ventilador e no tempo de internamento.
Os resultados indicaram uma mortalidade
significativamente menor (-29,5%) e um
menor uso do ventilador em doentes críticos.
15. Notas finais (1)
15
Os estudos analisados mostram que os SIC têm
potencial para resolver vários problemas das UCI:
Facilitam a comunicação entre profissionais de
saúde;
Diminuem a frequência de erros (de
medicamentos, de documentação, etc.);
Ajudam a reduzir problemas (mortalidade,
infeções, etc.);
Podem diminuir o tempo despendido com
documentação;
16. Notas finais (2)
16
Ajudam na implementação
de boas práticas (e.g:
guidelines);
Facilitam e melhoram a
tomada de decisão;
Contribuem, pois, para o
aumento da qualidade
assistencial e
subsequentes ganhos em
saúde.
17. SISTEMAS E
TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO NA SAÚDE
E QUALIDADE
ASSISTENCIAL NAS UCI
Álvaro Rocha
amrocha@ufp.edu.pt
GIMED - Grupo de I&D em Informática Médica
Universidade Fernando Pessoa
Centro VI Jornadas do Doente Crítico, 19
Hospitalar
Lisboa Norte Janeiro 2012